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Teoria das RI (Passos)

rodrigopassos@marilia.unesp.br
Aula 08/03/2018

MARIUTTI, Eduardo Barros. Política Internacional, Relações Internacionais e


economia política internacional: condições de diálogo. Texto para Discussão,
Campinas: Instituto de Economia da Unicamp, v. 218, 2013, p. 1-49.

 A área temática das RI: a Política Internacional e a Economia Política


Internacional;
 Um estudo em relação “a definição dos termos mais gerais em que os
problemas e as análises concernentes à dinâmica do sistema internacional têm
sido tratados por tradições que, no limite, são distintas”;
 Eixo do estudo: o processo de construção das RI como área do conhecimento
com pretensões científicas;
 Relações Internacionais na perspectiva de seus adeptos: as RI podem
constituir uma disciplina autônoma (como a Sociologia, por exemplo, que
“lutou” contra a História, a Filosofia e a Economia Política Clássica para poder
definir seu método e seu objeto), ou, pelo contrário, ela está irremediavelmente
atada à Política Internacional, ou então, sob outro ponto de vista (claramente
minoritário), à Economia Política Internacional?
 O objeto das RI: o sistema internacional (com Estados e instituições
interestatais, além de ONGs, empresas transacionais, etc.) ANÁRQUICO –
mas para consolidar-se como ciência as RI deveriam “tender para a
especialização, a uma clara delimitação do objeto e a criação de um método
específico” a partir de problemas encontrados em uma tensão social;
 É como se o objeto e o método encaixassem perfeitamente na área de
conhecimento científico;
 Breve retrospecto da constituição das Relações Internacionais como
disciplina acadêmica: primeira cátedra de Política Internacional foi criada em
1919, na Universidade de Gales em Aberystwyth (Cátedra Woodrow Wilson) –
influenciada pela I Grande Guerra;
 As RI emergem de “uma crise particular na sociedade moderna, no caso, uma
crise na relação entre os Estados”
 A Primeira Guerra Mundial estimulou e renovou o interesse pelo tema das
relações entre os Estados – e no começo a grande questão era: como evitar
um novo conflito mundial?;
 Já a Segunda Guerra Mundial mudou o queima quengaral, tendo dois eixos de
estudo: a polarização entre o Capitalismo e o Comunismo e as consequências
políticas e estratégicas da tecnologia nuclear – a representação simplificada do
sistema internacional
 Teoria das RI – as principais correntes: a dicotomia imutabilidade-
mutabilidade;
 Realismo: as interpretações baseadas na ideia de que o caráter conflitivo das
relações internacionais é inexpugnável pois, essencialmente, a realidade social
não comporta transformações substanciais. Bases filosóficas: elementos que
a sustentam – “1) A história é uma seqüência de relações de causa e efeito,
que pode ser analisada pela razão, mas não pode ser dirigida pela imaginação;
2) A teoria não cria a prática: é sempre a prática que cria a teoria; 3) Os
princípios éticos são estabelecidos em função da política: o poder gera a moral
e os padrões morais vigentes em uma dada circunstância sempre são impostos
por quem detém – ou passou a deter - o poder, com o objetivo (consciente ou
não) de facilitar a sua dominação.” o conflito de interesses é uma constante
nos assuntos humanos, e não há como superar esta condição. Os atributos e
a dinâmica do sistema internacional: ordenação sistemática anárquica – não
há instituição poderosa o suficiente para regular a relação desigual de força
entre os Estados (mas a única ordem possível é o equilíbrio de poder, que
mantém a dinâmica do sistema anárquico). Faz-se uma tipologia dos sistemas
internacionais, sendo eles pluri ou bipolares.
 “No outro extremo situam-se as interpretações baseadas na ideia de que a
transformação para melhor do homem e da sociedade é possível e desejável.
Na sua forma mais radical, o progresso humano (não somente técnico, mais
sobretudo ético) é concebido como inexorável, ou ao menos, desejável e
possível (isto é, depende da vontade humana traduzida em um projeto político
exequível).” O denominador comum do idealismo: a transformação: “pela
ação do próprio homem, a realidade social pode ser transformada em um
sentido qualitativamente superior, onde a exploração, o crime e as guerras
poderiam ser erradicadas. [...] a causa dos conflitos internacionais é a
configuração do sistema internacional, isto é, o fato dele ser composto por
Estados soberanos, preocupados primordialmente com a preservação da sua
segurança.” Os sentidos da transformação: a mudança do sistema ou de
suas unidades: “uma forma de poder baseada no consenso seria criada para
administrá-lo, sem eliminar a sua heterogeneidade” PENSAMENTO LIBERAL –
não acima dos Estados, mas “subjacente” a eles, garantindo a
interdependência dos mesmos e evitando guerras. COMO KANT DISSE – os
Estados tendem, por decisão própria, adotar a forma democrática de governo e
em suas relações com o mundo (transformação interna) – tudo leva à paz. “O
sentido da transformação é do interior dos Estados para o conjunto (o Sistema
Internacional). Isto é: o conjunto se altera porque as suas unidades sofreram
uma metamorfose.” O primado da Ética: eliminar todas as formas de
dominação e consolidar o potencial humano – a justiça substantiva na correção
das ações humanas visando valores morais;
 A sociedade internacional: fora do panorama de estudo tratado até agora, o
autor coloca que houve outras formas de conceber a sociedade internacional,
sendo elas: as relações transnacionais que se irradiam pelo sistema
internacional, explorando a porosidade das fronteiras e a criação de normas
compartilhadas, que se fundam na conexão entre a estrutura interna das
sociedades e o ambiente internacional.
 A Escola Inglesa: uma síntese entre o Realismo e Idealismo? –
combinação entre princípios normativos (de inspiração idealista) com a defesa
da soberania estatal (um princípio “realista”). A sociedade pode ser
transformada pela ação política. “A proposta política racionalista envolve a
consolidação e o aprimoramento desta zona de interesses comuns,
consubstanciada em uma “cultura diplomática” que garantiria um nível
qualitativamente superior de ordem no Sistema Internacional.”
 O que é uma sociedade internacional para os racionalistas? “Os ‘povos
civilizados’ julgam estar um degrau acima dos bárbaros e semi-civilizados que
os cercam. Este senso de superioridade facilita a comunicação e a interação
entre os membros de uma mesma civilização e, portanto, favorece a
constituição de uma Sociedade Internacional.” – problemática(S): as diferenças
entre Oriente e Ocidente impediriam a formação de uma sociedade
internacional;
 Hedley Bull: a diferença entre sistema internacional (é formado quando dois ou
mais Estados estabelecem relações tais que, para agir, cada um leva em
consideração a posição e o comportamento dos demais. Assim, todas as
unidades políticas agem como partes de um todo mais vasto) e sociedade
internacional (sociedade de Estados que além das relações de troca possuem
normas e instituições comuns – tudo isto garantiria a criação de uma sociedade
internacional);
 A falsa promessa: o primado das relações interestatais: compilado de
autores
 A Sociedade Internacional como produto do adensamento das relações
transnacionais: Uma segunda forma de conceber a sociedade internacional
pressupõe um deslocamento de eixo: das relações interestatais para as
relações transnacionais – muitos liberais adotam isto, mas fora criticado por
Norman Angell (a guerra não é a melhor forma de promover o desenvolvimento
econômico – a luta pela Paz deve ser travada no plano das idéias); além disto,
“há uma rede de comunicação direta entre os grupos de cidadãos de Estados
diferentes que acentua a porosidade das fronteiras políticas e situa as
questões de conflito na dimensão transnacional. Por fim, o poder militar é fútil
pois não gera a prosperidade para o indivíduo e para o povo conquistador
como um todo”;
 A Sociedade Internacional como homogeneidade: a sobreposição de
relações interestatais e transnacionais. Sociedade transnacional se fortalece
com a abertura comercial, ultrapassa fronteiras, estimula negociações,
aumenta a comunicação. “Todo sistema internacional pode a desenvolver
sociedades transnacionais em seu interior, as quais possibilitam a
homogeneização: em alguns casos, é uma questão de tempo. Esta não é,
entretanto, uma tendência geral.”
 Síntese dos grandes debates teóricos na disciplina relações
internacionais: predomínio do realismo durante a Guerra Fria com Vinte Anos
de Crise; o debate entre “tradicionalistas”/”clássicos” e os
“modernos”/”behavioristas”/”científicos“(decompor as partes constituintes –
atores – e considerar variáveis dependentes e independentes; métodos da
microeconomia) que se desenrolou na década de 1960; de 60 a 70 – a teoria
da dependência de Bull e as críticas pós-modernas; realismo estrutural (o
poder é essencial, o objetivo final do Estado é ser hegemônico no sistema) e
realismo defensivo (preservar o poder); movimento de criação de novos
objetos; debate entre realismo, liberalismo e marxismo;
 A Economia Política Internacional: “A primeira vista – e levando em conta o
papel ativo de Kindleberger na formulação e implementação do Plano Marshall,
enquanto ocupou cargos no Departamento de Estado entre 1945 e 48 – a
tendência dominante foi rotular esta variante da Teoria da Estabilidade
Hegemônica como “benigna”101,isto é, fundada no pressuposto de que o país
líder, mesmo sendo capaz de exercer uma forte influência na estruturação do
sistema (que, portanto, tende a assumir uma forma compatível com seus
interesses), acaba por arcar com a maior parte dos custos de gestão.” – daí
decorrem várias críticas;
 “Uma teria crítica deve ser capaz de identificar as possibilidades imanentes de
transformação social emancipatória.”
 Interdisciplinaridade? Dois polos se formam – seguir as ciências da natureza,
os positivistas?, ou meios chamados de ‘tradicionais’ históricos, os críticos?;
análises de conjuntura

Anotações em aula 08/03

 Prova é um texto organizado com introdução, desenvolvimento e conclusão;


 Anacronismo: uso deslocado de um conceito/noção/formulação de seu
contexto histórico e original
 Exemplos:
o Brasil é descoberto em 22/04/1500; a rigor: o Brasil é um Estado
soberano independente desde 07/09/1822)
o (Estado na Grécia Antiga, em Roma Antiga, na Antiguidade, na Idade
Média porque as sociedades de outros períodos históricos não tem a
ver com o que entendemos como “Estado”)
 O Estado aparece primeiramente em Maquiavel
 Os debates teóricos em RI são uma periodização/convenção anacrônicas em
que se desconsidera várias contribuições e discussões teóricos num contexto
histórico específico
 Desconsideram-se outras contribuições teóricas
 Primeiro debate teórico das RI (anos 1930): Realismo (Carr) x Idealismo
(Angell)
 Segundo debate teórico (pós 1945): Realismo (Morgenthau) x Behavorismo
(vários autores, com matematização, tratamento estatístico e uso de métodos
das ciências naturais);
 Terceiro debate teórico (pós 1979): publicações de Theory of International
Politics de Kenneth Waltz; neorrealismo/realismo estrutural Waltz x seus
críticos;
 O Estado: ente soberano/independente. Desdobra-se disso que:
o Dentro de seu território o Estado tem poder absoluto sobre sua
população através de leis, governantes, instituições, etc.
o Fora de seu território nenhum Estado possui superioridade em relação
a outro; todos são igualmente soberanos e independentes, iguais
juridicamente.
 Do poder soberano de um Estado decorre que: não há um poder mundial
(polícia mundial, tribunal mundial acima dos Estados (“anarquia”)
 Outro conceito de poder está nesta formulação: “Os EUA são o Estado mais
poderoso do planeta” –> neste raciocínio o conceito de poder não é o de
soberania. Aqui, trata-se do poder nas diferentes dimensões (econômica,
militar, social, etc.)
 Principais vertentes teóricas em RI
o Realismo: é um rótulo que explica pouco e tem finalidades didáticas. O
realismo de um autor ou de um contexto jamais será igual ao outro.
Existem vários REALISMOS. Com muitas ressalvas pode-se fazer uma
caracterização geral do realismo:
1) Autonomia da política: a busca, aumento, manutenção do poder é
autônoma das questões morais, econômicas, religiosas, etc. O
Estado e seus governantes agem dentro dessa lógica. Importa, em
primeiro plano, o poder em função de interesses;
2) Os principais agentes/atores no plano internacional são os
Estados. MAS NÃO SÃO OS ÚNICOS. Tucídides, um autor
classificado como realista, narra o conflito entre a polis Esparta e a
polis Atenas. Maquiavel, outro autor considerado realista, aborda o
Estado, cidades, príncipes. Já Hobbes, outro autor catalogado como
realista, aborda o Estado como uma associação de indivíduos.
Morgenthau, outro autor realista, considera a possibilidade de um
dia os Estados serem substituídos por blocos, empresas;
3) Considera a dinâmica das relações internacionais menos
susceptíveis a mudanças, transformações. Esta dinâmica seria a
anarquia. Ou seja, não havendo um poder superior aos Estados
soberanos, há sempre o risco e a possibilidade da violência, da
guerra.
4) Não existe realismo puro, extremado. Todo autor cataloga de como
realista tem elementos idealistas em menor ênfase. Como em:
a. Maquiavel em “A Arte da Guerra” presa ao modelo militar da
antiguidade, classifica armas de fogo como inúteis;
b. Maquiavel em “O Príncipe”: a proposição de uma unificação
da península italiana é totalmente deslocada da realidade
histórica de sua época, PRESO NESSA CIDADE DE
CRISTÃOS
c. , ao modelo militar de Roma Antiga, propõe como melhor
exército a milícia de cidadãos, ignoram completamente os
exércitos de mercenários bem sucedidas na sua época;
d. Hobbes em “Leviatã”: explicar o poder em termos de
“beleza” não é exatamente uma noção realista.
 Portanto, todo autor realista tem um elemento, mínimo que seja, normativo,
ético, moral oposto ao realismo.
 Idealismo (também chamado por vezes de liberalismo, utopismo e até mesmo
revolucionismo): fazendo uma caracterização desta vertente, temos:
1. Uma maior propensão à transformação da
dinâmica das relações internacionais que é,
em certas vezes, revolucionária. Por isso,
algumas vezes, o idealismo é chamado de
revolucionismo.
2. Uma ênfase maior a agentes, atores não
estatais.
3. Uma ênfase, uma importância maior nos
aspectos normativos, morais, éticos.
4. Não há idealismo puro e extremado. Ele
contempla elementos realistas com menor
ênfase. Vejamos:
a) Utopia, de Thomas Morus, uma obra sempre lembrada como clássica do
idealismo nas RI descreve uma sociedade fictícia justa e igualitária que não prescinda
escravidão dos povos derrotados em guerras.
b) Kant aborda em seus textos uma visão pessimista sobre a competitividade e a
natureza antissocial dos homens e dos Estados. A história da humanidade evolui,
depois de muitas guerras e conflitos para uma paz perpétua de Estados moderados
(repúblicas) que se toleram, sem abolir certa competitividade e desconfiança.
c) Morgenthau simboliza uma espécie de idealismo pessimista. Ele, considerado o
maior expoente do realismo, especula sobre uma conjuntura futura de um Estado
mundial. O exemplo destoa do idealismo.

Texto para a aula 15/03


Norman Angell, o primeiro debate e o idealismo ou liberalismo Texto obrigatório:
ANGELL, Norman. A Grande Ilusão, In: _____________: A Grande Ilusão,
Brasília: UnB, 2001, p. 21-35

 Exposição dos fatos políticos predominantes na Europa, contra a prosperidade


que a guerra traria, sendo:

1. Impossibilidade física: nenhuma nação pode destruir a outra de forma


permanente por conta do comércio e a respectiva dependência do mesmo;
2. Interdependência econômica: internacionalização atual da indústria;
3. Impossibilidade de impor tributos e cobrança de indenizações;
4. Há muito prejuízo nas duas partes;
5. Não há como destruir a competição comercial entre os países;
6. “A riqueza, o bem-estar e a prosperidade das nações não dependem de modo
algum do seu poder político.”;
7. Questão colonial: não se executa qualquer postura política com perspectiva de
ação violenta em relação a estas colônias. Conquistar as colônias de uma
nação não causa perda econômica de nenhuma maneira a metrópole, pois
esta economizaria com a defesa de sua colônia o que antes gastaria para
mantê-la (Angell também acredita na independência destas colônias).

 Políticas adotadas na Inglaterra e na Alemanha;


 Sete preposições resumidas em uma: “em nosso dias, a única conduta
possível para o conquistador é deixar a riqueza de um território em mãos
dos seus habitantes; por conseguinte, há uma ilusão de ótica, uma falácia
lógica, na ideia hoje alimentada na Europa de que uma nação aumenta a
sua riqueza ao expandir o seu território, porque, ao anexar-se uma
província ou um Estado anexam-se também seus habitantes, que são
únicos e verdadeiros proprietários da riqueza correspondente, e o
conquistador nada ganha.”
 “Quanto mais se protege militarmente a riqueza de uma nação, menos segura
ela parece.”
 Especialista que: acham primordial a construção e manutenção de um exército
para a consolidação do poder (expansivo e comercial) de um território
(fundamento do direito é a força nas RI) x
 “A riqueza não precisa ser defendida porque não pode ser confiscada”

Aula 15/03

 Objetivo: abordagem de Norman Angell – jornalista britânico;


 Breve retomada – realismo x idealismo;
 Ausência de mudança x mudança;
 Estado é ator principal x vários atores;
 Ênfase na autonomia política x ênfase nos aspectos normativos;
 Ambos não são extremos e puros. Muitos limites no uso de tais rótulos;
 Norman Angell e o liberalismo / idealismo;
 A tese central de A Grande Ilusão é a irracionalidade econômica da guerra
para os indivíduos de diferentes países. A destruição de um país na guerra é
prejudicial aos indivíduos e seus interesses econômicos. Isto vale para os dois
lados: vencidos e vencedores;
 Nesta linha de argumento aparece sutilmente uma linha argumentativa
recorrente no liberalismo: a tendência à harmonização dos interesses dos
indivíduos, mesmo que haja uma divisão de funções, uma especialização de
indivíduos de diferentes Estados. Aqui, fica claro também que para o
liberalismo – não no sentido das RI, mas sim em seu sentido mais amplo, em
outros campos de conhecimento também), a ontologia (o ser, a unidade de
análise e de ação mais importante) remete ao indivíduo. Por assim dizer, estes
seriam uma espécie de ‘eco’ às formulações de Adam Smith e sua “mão
invisível”, ou seja, o mercado automaticamente harmonizaria tudo em
conformidade com os interesses da sociedade;
 Todo este quadro caracteriza uma dependência mútua benéfica entre os
indivíduos, ou, em uma palavra, uma interdependência;
 Além disso, seria uma interdependência simétrica – tendência de
homogeneização das condições ou características que os envolvem;
 Tais condições que cercariam as condições econômicas destes indivíduos
remeteria a uma homogeneização. Alguns temas atuais, como uma certa
abordagem da globalização remeteria a esta perspectiva;
 Entre os entusiastas da globalização, aparecem argumentos muito
semelhantes ao de Angell:

a) Maior foco e importância do indivíduo e não do Estado;


b) Como consequência da formulação anterior, um comércio e uma economia
livre;
c) Uma tendência e uma harmonização das condições econômicas e de todos
os interesses.

 Como todo e qualquer não possui uma caracterização extremada épura, o


liberalismo de Angell possui elementos inclinados a um certo realismo em
menor ênfase:
a) Apesar de argumentar a irracionalidade econômica das guerras, elas não
deixarão de existir;
b) Angell faz uso de uma noção bastante comum em autores considerados
realistas: o equilíbrio de poder entre Estados. Tal noção aparece em A
Grande Ilusão;
c) Angell, em escritos posteriores ao livro “A Grande Ilusão”, faz uso do termo
“anarquia”, formulação recorrente entre os autores realistas para tratar da
ausência de autoridade acima dos Estados, tal como Thomas Hobbes
abordou (embora Hobbes não tenha usado tal termo e sim “guerra de todos
contra todos” e “estado natural”);

 Alguns dos limites dos argumentos de Angell:


1) A análise de vários fluxos econômicos em escala internacional não aponta para
uma interdependência simétrica, homogênea entre os Estados;
2) Como consequência óbvia da informação anterior é evidente que não há uma
harmonização automática e uma divisão igualitária de ganhos no âmbito
internacional;
3) É praticamente impossível analisar um mundo em que se considere só
indivíduos e não Estados. Isto fica muito evidente nos grandes momentos de
crise econômica, quando os Estados intervêm e tentam minimizar tais crises;
4) As séries estatísticas da economia internacional não sugerem um declínio ou
uma obsolescência do Estado em favor dos indivíduos. Outro dado que
corrobora isto é o contínuo e crescente endividamento interno e externo dos
Estados, bem como o aumento contínuo e crescente de suas respectivas
cargas tributárias.

CARR, Edward H. A harmonia de interesses; A crítica do realismo, In:


____________ Vinte anos de crise (1991-1939), Brasília: UnB, 2001, p. 57-115

A síntese utópica

 Sociedades só existem por conta de regras de conduta;


 “Os que defendem a primazia da ética sobre a política sustentam ser um
dever do indivíduo submeter-se pelo bem da comunidade como um todo
(fim racional) / os que sustentam a primazia da política sobre a ética
defenderão que o governante governa porque é mais forte, e os súditos
se submetem porque são mais fracos (razoabilidade do poder).”
 Harmonia de interesses = “ao visar seu interesse próprio, o indivíduo visa o
da comunidade e, promovendo o interesse da comunidade, promove o seu
próprio interesse.”

O paraíso do “laissez-faire”

 Escola do laissez-faire da economia política de Adam Smith que popularizou a


doutrina da harmonia de interesses;
 Podia-se “confiar no indivíduo”, sem controle externo (estatal), a fim de
promover o bem da comunidade (rsssssssssss);
 Sociedade= aqueles que vivem de rendas da terra, de salário e de lucros –
harmonia a partir da mão invisível;
 Expansão da prosperidade:
1) Atenuou a competição por mercados entre produtores (acessibilidade de
mercados);
2) Adiou a questão das classes;
3) Criou uma sensação de confiança no bem-estar presente e futuro,
acreditando-se que o mundo estavam em “ordem”.
 O interesse comum dos indivíduos estendeu-se para o interesse comum das
nações, pautadas na crença de que o comércio universal livre refletia-se no
interesse econômico máximo de cada nação;
 Mazzini = divisão de trabalho entre as nações – especialização primando os
interesses comuns;
 Autores acreditavam que o nacionalismo promoveria a harmonia entre as
nações e, consequentemente, a paz entre elas;

O Darwinismo na política

 “A competição na esfera econômica implicava exatamente o que Darwin


proclamou como a lei biológica da natureza – a sobrevivência do mais forte às
expensas do mais fraco.”
 Laissez-faire = campo aberto à exploração, e o botim ao mais forte;
 Marcação de justificativa colonial, hierarquização dos povos, europeus vistos
como “civilizados” e capazes de assumir o poder;
 Uma “doutrina do progresso através da eliminação das nações inaptas” –
marcada pelo autor como no auge do imperialismo;
 “Biológica ou economicamente, só seria possível manter a doutrina da
harmonia de interesses se fosse deixado de lado o interesse do fraco, que
devia ser encostado na parede, ou se se apelasse para o próximo mundo para
reajusta o equilíbrio deste mundo.”

A Harmonia Internacional

 Doutrina do laissez-faire depois da crise de 29 nos EUA foi aceita;


 O Estado cria harmonia se não esta não existe naturalmente;
 Mas “fazer da harmonização de interesses o objetivo da ação política não é o
mesmo que postular que a natural harmonia de interesses existe.”

O interesse comum na paz

 Todos teriam interesse pela paz e a nação que deseja perturba-la é irracional e
imoral;
 “O interesse comum na paz mascara o fato de que algumas nações desejam
manter o status quo sem terem de lutar por ele, e outras, mudar o status quo
sem precisarem lutar para isso.”
A harmonia econômica internacional
 “Nas relações econômicas, estabeleceu-se o pressuposto da harmonia geral
de interesses com uma segurança ainda maior” – laissez-faire;
 Toda potência fez uso das “tendências de autossuficiência”;
 “O laissez-faire, tanto nas relações comerciais internacionais, quanto nas entre
capital e trabalho, é o paraíso do economicamente forte. O controle estatal,
seja sob a forma de legislação protetora, ou de tarifas protecionistas, é a arma
de legítima defesa invocada pelo economicamente fraco. O choque de
interesses é real e inevitável e a natureza do problema é totalmente distorcida
por uma tentativa de esconder isto.”
A harmonia quebrada

 Manteve-se perto de uma realidade harmoniosa até 1914;


 A partir das disputas coloniais;

A crítica realista
Os fundamentos do realismo

 Maquiavel – primeiro importante realista político – a história é uma sequência


de causa e efeito; a teoria não a prática, mas sim a prática é quem cria a teoria
e a política não é uma função da ética, mas sim a ética o é da política;
 Realismo se torna mais ‘progressista’ do que o ideário utópico;
 Realismo mais dinâmico e relativizado;
 “A história cria direitos, e portanto, o direito. A doutrina da sobrevivência do
mais apto prova que o sobrevivente era, de fato, o mais apto a sobreviver.”

Aula 22/03
Objetivo: Abordagem sobre Edward Carr
Breve retomada: pontos centrais de Angell
1) Irracionalidade econômica da guerra;
2) Liberal não preso e não estimado;
3) Interdependência assimétrica;
4) Foco no indivíduo;

Carr e a política eficiente como meio-termo entre utopismo e realismo

Sua tese central no livro “Vinte anos de crise”: os equívocos da política de orientação
excessivamente liberal e utopista dos Estados da Liga das Nações levaram à Segunda
Guerra Mundial. Na obra não há uma defesa explicita do realismo, seria equivocado
sustentarmos uma linha de argumento segundo qual o excesso de realismo seria
equivocado? Não, seria correto. Carr considera o excesso de realismo e utopismo
equivocado, para ele, tanto o excesso de utopismo quanto o de realismo levam a
políticas equivocadas, ineficientes. A política eficiente é marcada por um meio
termo entre utopismo e realismo.
Vários fatos relevantes exemplificam o traço excessivamente utopista do
período 1919-1939:
A) A ausência dos EUA a principal potência na Liga das Nações;
B) A inefetividade da Liga em função de não ser custeada pelos Estados e sim por
milionários que defendiam as ideias liberais. Este ponto trouxe sérios limites para a
Liga quando os recursos se tornaram mais escassos;
C) A enorme tolerância com as posturas agressoras e expansionistas da
Alemanha, Itália e do Japão;
D) A incapacidade de congregar todos os Estados: Brasil, Alemanha e Japão, por
exemplo, se retiraram da Liga. O Brasil pleiteava ser membro permanente no
Conselho Superior da Liga e, não atendido, retirou-se da organização;
E) A forma excessivamente tolerante como esse tratou as violações de não
intervenção da Alemanha e da Itália na Guerra Civil espanhola em favor do General
Franco;
F) O credo excessivo, sem base efetiva, no banimento e prevenção das guerras a
partir do Direito Internacional;
G) Etc.
É difícil encontrar um autor que demonstre a atenção com a complexidade
histórica no campo da teorização em RI tal como Carr.
Em suma, existe um enorme descompasso entre as ideias hegemônicas liberais
e utopistas e as condições históricas de 1919 – 1939 porque:
1) O comércio liberalizado antes de 1919 não mais existia: os Estados se
fecharam e criaram inúmeras medidas protecionistas;
2) Foi um período de forte crise econômica em que os Estados interviram,
tomando, portanto, medidas contrárias ao ideário liberal;
3) No contexto de crise, nacionalismo e temor à URSS, várias ideias autoritárias e
antiliberais ganham força como o nazismo e o fascismo.

Ao longo do livro “Vinte Anos de Crise”, realismo e utopismo são discutidos


através da associação dos seguintes pares de ideias:
1) Determinismo (associado ao realismo): contingências, obrigações postas pelo
meio (por exemplo, pela geografia do país) da qual não se pode escapar;
Livre vontade (associado ao utopismo): refere-se à possibilidade de livres
escolhas, de opções, margens de manobras alheias ao meio, à coletividade;
2) Burocrata (associado ao realismo): uma postura mecânica, esquemática, fixa,
sem desviar da realidade;
Intelectual (associada ao utopismo): aquele que pensa, sistematiza novas
ideias para guiar a ação;
Também são associadas respectivamente a realismo e utopismo:
1) Política e ética;
2) Direita e esquerda;
3) Prática e teoria.
Enfim, a perspectiva realista e a perspectiva utópica se compatibilizam como
meio termo até nos pensadores clássicos.
Ex.: a proposição utópica da unificação italiana por Maquiavel, a proposição
utópica da revolução por Marx.
Em linhas gerais, o realismo não pode ser extremado congruente: ele deve vislumbrar
a possibilidade de novas ideias e novas diretrizes de ação que abram espaço,
inclusive, para ética, moral e legitimidade. Por sua vez, o utopismo deve ter uma dose
pragmática, efetiva, realista. Só o livre pensar e os preceitos não garantem uma
necessária conexão com a realidade.
A tese central de “Vinte Anos de Crise” em torno da política eficiente como meio
termo entre utopismo e realiso desmentem sua catalogação trivial como
“realista”.
Também desmentem essa linha de argumento no restante de sua obra:
1) A defesa de um mecanismo coletivo de segurança internacional no livro
“Nationalism and After”, ponto que poderia ser classificado como uma
proposição idealista;
2) Em outros escritos, Carr se pronunciou contra o colonialismo e o poder do
homem branco, ponto também passível de ser catalogado como utópico.
O legado de “Vinte Anos de Crise” para o campo disciplinar/de conhecimento das RI
se relaciona com a sutileza do subtítulo do livro: “um estudo sobre a política
internacional” (a partir do original em inglês “a study on international politics”).
A sugestão e o encaminhamento de Carr são do ponto de vista epistemológico
(referente ao tipo de teoria e de conhecimento científico que se produz), uma
delimitação das RI no campo da Ciência Política. Vejamos:
1) Carr sustenta que a Política Internacional é um campo pouco desenvolvido,
que estaria, como ciência, “na infância”;
2) Por isso, seus fundamentos devem ser remetidos à Ciência Política;
3) O que fundamenta a Ciência Política é a ausência do Estado para defesa da
sociedade. Essa lógica não existiria no plano internacional: não existiria uma
autoridade acima dos Estados, constituindo, portanto, o cerne da política
internacional.

Em outras palavras, um raciocínio semelhante àquele de Hobbes e que outros autores


chamaram de anarquia.
Todo este raciocínio, junto com a arquitetura de vários conceitos focados na Ciência
Política (por exemplo, o poder militar, o poder econômico, o poder da propaganda,
conceitos que são apêndices da política) contribuíram para deixar um legado que situa
a abordagem dominante das RI predominantemente no campo da Ciência Política.

Uma Teoria Realista da Política Internacional – Morgenthau, cap. I


 A teoria deve ser submetida a um teste empírico e outro teórico;
 Teoria que vê a retidão inerente e a maleabilidade infinita da natureza humana
– “idealização” – trabalhar contra essas forças;
 Teoria que vê forças inerentes à natureza humana – trabalhar com essas
forças – realização do mal menor do que a busca pelo bem absoluto –
equilíbrio de poderes;
 Seis princípios do realismo político:
o Leis objetivas que se deitam na natureza humana – teoria racional
que reflita estas leis, mesmo de modo imperfeito e desiquilibrado –
verificar os fatos e depois dar sentido a eles por meio da razão;
o Interesses definidos em termos de poder – “quando a mente humana
defronta a realidade costuma ser desencaminhada por um deste quatro
corriqueiros fenômenos mentais: a obsolescência, em face de uma
nova realidade social; as interpretações demonológicas; a recusa de
enfrentar um estado de coisas ameaçador e a crença na infinita
maleabilidade de uma realidade.” – “a complexidade do conflito político
exclui soluções tão simples.” – “o realismo político contém tanto um
elemento teórico como um normativo”
o Levar em consideração questões ambientais / contexto político e
cultural da política externa;
o Prudência é a maior virtude da política – “tanto o indivíduo como o
Estado têm de julgar a ação política segundo princípios morais, tais
como o da liberdade.”;
o Separar a verdade da idolatria (questão moral) – “em política, a
moderação tem necessariamente de refletir a moderação no julgamento
moral.”;
o Autonomia da esfera política – foco no poder e suas relações,
desdobramentos, etc.

Aula 05/04
Objetivo: Abordagem de Hans Morgenthau
Breve retomada tese central de Carr:

 Política eficiente é meio-termo entre realismo e utopismo, o que não ocorreu


em 1919-1939 e nas ações da Liga das Nações, fortemente pautada pelo
utopismo.
Hans Morgenthau
Um autor de origem judaico-alemã que se naturalizou norte-americano. Desde
a sua vinda para os EUA, via com grande desconfiança o que seus conterrâneos
que deixaram a Alemanha diziam sobre os nazistas e o que os nazistas diziam
sobre os judeus. Veremos o sentido disto no meio com suas funções mais tarde.
Tomando como o autor que melhor simboliza a perspectiva realista,
Morgenthau não é lido com a atenção e o rigor necessário, mesmo que consideremos
suas elaborações partam sempre de um conjunto mais ou menos restrito das mesmas
elaborações gerais. O sentido de sua teorização é uma teoria geral das relações
internacionais, sempre pautada por alguns conceitos e noções centrais:
1) Objetividade: uma formulação ligada do que existe, independentemente de
nossas preferências, juízos de valor ou subjetividade. Trata-se de ponto ligado
às questões de interesse e poder como algo dado, inerente. Aqui entra o
descrédito de Morgenthau sobre aquilo que ouvia sobre os nazistas.
Em outras palavras, democracia, liberalismo, socialismo, nazismo, etc.
como traços associados a Estados, estadistas, diplomatas, soldados ou
governantes não são elementos objetivos. Distinguir entre o perfil de Obama ou
de Trump também não é um elemento objetivo. O que é objetivo é avaliar as
ações políticas e termos de interesse e de poder. O resto é secundário. É por
isso que Morgenthau ouvia com desconfiança as considerações sobre o
nazismo na Alemanha. Para ele, o nazismo seria apenas o pretexto para
questões de interesse e de poder da Alemanha.
Morgenthau estaria se referindo a um ponto observável, constatável de forma
generalizada (independentemente de qualquer subjetividade), algo que pode
ser rotulado na ciência como positivismo.
Há outras consequências deste aspecto teórico para a análise: as questões
internas dos Estados (por não serem objetivas) são, na maioria das vezes,
secundárias ou irrelevantes, na ótica deste realismo.

(Falar dos nazistas não é uma questão objetiva – observar e tomar conta do que
acontece diz respeito a interesse e poder – tudo remete a interesse e poder,
que trazem consequências à forma de análise das RI)

Vários autores realistas concordam com esta premissa. Isto leva a uma
segunda característica da teorização de Morgenthau:
2) Racionalidade: uma teorização da política foca naqueles elementos racionais.
A título de exemplo, elementos irracionais não poderiam ser consideradas
objetivas.
3) Equilíbrio de poder: antes de mais nada, o equilíbrio é uma lei da política em
geral. Por exemplo, nas disputas eleitorais, as alianças entre os partidos
buscam equilibrar-se, nas democracias, as instituições e poderes buscam
também o equilíbrio na política internacional de um sistema internacional
bipolar (como a Guerra Fria), além do equilíbrio entre EUA e URSS, o equilíbrio
regional derivado de tal disputa: Coreia do Norte e Coreia do Sul, Vietnã do
Norte e Vietnã do Sul, Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental.

A concepção de história de Morgenthau seria essencialmente repetitiva, cíclica com a


sucessão de ciclo de um precário equilíbrio de poder (as dimensões de poder de um
Estado econômicas, militares, geográficas, etc.), sua quebra e a formação de um novo
e precário equilíbrio. O fato de Morgenthau exemplificar isto com distintos períodos da
história mostra esta concepção repetitiva.
Ademais, outros pontos importantes de sua teorização que desmentem as
generalizações feitas a partir dos rótulos:
a) Morgenthau admite a possibilidade futura de substituição do Estado por
outras unidades políticas: blocos, empresas, etc. Isso desmente uma
generalização encontrada em textos e manuais de que o realismo
considera somente o Estado como agente na política internacional.

b) Em outras passagens de seu “Política entre as nações”, ele discute sobre o


papel da diplomacia e especula sobre uma eventual conjuntura futura na qual
haveria um Estado mundial. Estes elementos atestam que Morgenthau não
é um realista puro. Ou seja, ele tem elementos idealistas de menor ênfase na
sua teorização.
Um breve esboço crítico ao aparato técnico de Morgenthau:
1. O objetivo de Morgenthau é focar na política internacional na ótica da
autonomia dessa mesma política, ou seja interessa, independentemente de
qualquer questão econômica, jurídica, moral, as questões de poder e interesse.
A dificuldade que se observa é enorme amplitude e vaqueza das noções
de interesse e poder. Qualquer ação pode ser explicada em termos de
interesse. Uma mínima influência pode caracterizar poder.
2. Outro ponto crítico remete à racionalidade e ao equilíbrio de poder. Como
uma teoria geral, tudo é enquadrado em termos de racionalidade e de ciclos de
equilíbrio de poder e sua ruptura. Essas linhas de raciocínio são, muitas vezes,
anacrônicas (descontextualizadas ou desconectadas do seu sentido original ou
factual) ou mesmo ex post facto (relato de aspectos que combinam com a
teoria, aspectos que não combinam são ignorados – narrados posteriormente à
sua ocorrência de forma seletiva).
Por exemplo, é muito comum a narrativa do equilíbrio de poder ou o equilíbrio
do terror nuclear na Guerra Fria entre EUA e URSS. Uma análise mais rigorosa
a não sustenta isso: sempre houve superioridade econômica, científica e militar
dos EUA.
A comparação de diferentes períodos históricos com vastos equilíbrios e
os conceitos de interesse e de poder também é muito superficial.
A narrativa de uma vitória num conflito em termos de racionalidade esbarra no
lado derrotado. Afinal, ele tinha/previa a intenção/resultado de ser derrotado?
Temas para avaliações:
1) O campo disciplinar das RI, realismo e idealismo;
2) O primeiro debate;
3) O segundo debate;
4) Aron;
5) O debate Aron-Morgenthau;
6) A escola inglesa.
Para as provas referentes às aulas o conteúdo é das aulas e conteúdo sistematizado,
plano: texto sobre o assunto tratado – delimitação do que será trabalhado; primeiro
parágrafo explicando o que será abordado; desenvolvimento com conceitos definidos,
sem pontos vagos – todos os termos e conceitos abordados devem ser explicados;
conclusão – resumo do que foi trabalhado.
Na prova sobre os textos a discussão se dará em pontos não tratados em aula.

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