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Curso de Pós-Graduação Nutrição em Doenças Crônicas e

Aterosclerose

Semiologia Nutricional :
Avaliação e Exame Físico

Nut. Carolina Guerini de Souza

Instituto de Educação e Pesquisa


Hospital Moinhos de Vento
Semiologia

Parte da medicina relacionada ao estudo de sinais e


sintomas, muito importante para o diagnóstico clínico
(subjetivo)

Sinais – observação do profissional (mancha


na pele, unhas quebradiça, cabelo ressecado)

Sintoma – descrito pelo paciente (náusea,


empachamento, dor ao engolir)
Semiologia
Maneira de revelar sintomas → diagnóstico

Atenção ao que não se pode medir

“Ouvidoterapia”

Humanização da medicina

≠ entre intolerância alimentar e mitos/ medos


≠ entre dor torácica e somatização de emoções
≠ entre fome e ansiedade
Semiologia Nutricional
• Exame físico : inspeção, palpação

• Momento de identificação de sinais que podem levar a


sintomas não informados pelo paciente;

instrumento obrigatório do processo


de avaliação nutricional
Avaliação do estado nutricional

Anamnese
Avaliação antropométrica
Avaliação dietética
Avaliação bioquímica

DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

CONDUTA NUTRICIONAL
Avaliação do estado nutricional
Avaliação dos compartimentos 
corpóreos
Gordura essencial
Reserva de gordura
Gordura de reserva (subcutânea)

Visceral
Massa protéica
Somática
Avaliação do estado nutricional
• Exame físico direcionado (quadro clínico)
• Emagrecimento/ ganho de peso
• Alteração do apetite
• Aspectos fisionômicos
• Estado de humor
• Alteração dos diversos grupos musculares
• Formas do abdômen
• Evidências de perda de gordura
Avaliação do estado nutricional
Exame físico da cabeça aos pés :

Cabelo
Pele Tecido subcutâneo
Face Sistema músculo-esquelético
Olhos Tórax, dorso, membros, abdômen
Lábios
Boca
Língua
Unhas
Semiologia Nutricional
Fácies (agudo e crônico)

Fácies agudo

Exausto, cansado, não consegue manter olhos abertos por


muito tempo. Músculos orbiculares palpebrais são os
primeiros que se cansam.

Atenção para: alteração nível de consciência (coma),


doença neurológica, drogas sedativas ou trauma.
Semiologia Nutricional
Fácies (agudo e crônico)

Fácies Crônico

Paciente parece deprimido, triste, pouco diálogo.


Estado de humor comprometido. Depressão??

Muitas vezes o que esta motivando um paciente a se


comportar como deprimido é a desnutrição (avaliação
psicológica e nutricional).

Não administrar antidepressivo em quem precisa nutrir, ou


renutrir quem precisa de medicamento.
Semiologia Nutricional

Anemia

Coloração da pele (corado ou descorado)

Região palmoplantares, conjuntival e labial

Palidez anemia
Anemia
Avaliação Bioquímica
Hemoglobina e Hematócrito

Normal Reduzido Muito reduzido


Homens Hb(g/dl) >= 14,0 13,9-12,0 <12,0
Ht (%) >= 44 43 - 47 <37,0
Mulheres Hb(g/dl) >= 12,0 11,9-10,0 <10,0
Ht (%) >= 38 37-31 <31,0

Atenção para : desidratação, choque, sangramentos

Duarte e Castelanni, 2002


Avaliação Bioquímica

Hemograma

Eritrograma = Hb, Ht, VCM, HCM, CHCM, RDW

+
Leucograma = Monócitos, Linfócitos, Basófilos, Eosinófilos,
Neutrófilos

+
Plaquetas
Hemograma
Eritrograma

Hemoglobina : proteína carreadora de O2;


Hematócrito: volume de hemáceas/ volume total da amostra;
VCM (volume corposcular médio) : tamanho das hemáceas;
HCM (hemoglobina corposcular média): peso da hemoglobina;
CHCM (Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média): concentração
de hemoglobina dentro da hemácea;
RDW: índice que indica anisocitose (variação do VCM)
Hemograma
Leucograma

Monócitos: maior célula leucocitária; aumentado em infecções


virais, leucemias e pós‐quimioterapia;
Linfócitos: mais abundantes em crianças; aumentado em infecções
virais e leucemias;
Eosinófilos: aumentando em processos alérgicos e parasitoses;
Basófilos: menos abundante; aumentado em processos alérgicos;
Neutrófilos: célula leucocitária mais abundante; aumentado em
infecções bacterianas, podendo aumentar em infecções virais;
Hemograma
Pancitopenia

↓ de  eritrócitos, leucócitos e plaquetas

Hb < 10 g/dl
Leu < 3500 %
Plaq < 100.000
Tipos de Anemias

Anemia Ferropriva (Fe)

Anemia Megaloblástica (Ácido Fólico, B12)

Anemia Perniciosa (B12)

Anemia Falciforme

Anemia Hemolítica

Talassemia
Metabolismo do Ferro
• Absorvido pelas células da mucosa intestinal duodeno
• Transportado pela transferrina
• Armazenado na forma de ferritina (fígado)
• Ferro heme e Ferro não-heme : diferentes taxas de
absorção (15-35% x 1-5%), dependente das condições
intestinais (fatores redutores do ferro não heme)
Anemia Ferropriva

Heme = Fe++ ligado à uma porfirina

Principal causa : Deficiência de ingestão ou de absorção


Anemia Megaloblástica
• Produção de eritrócitos gigantes e imaturos → defeitos
na síntese de DNA (impede divisão celular);

• Provocado pela carência de vitamina B12 ou ácido fólico


= co- fatores para síntese de DNA e responsáveis pela
eritropoiese;

• Desequilíbrio no crescimento e divisão celular;


Anemia Megaloblástica
Causas :

Ingestão deficiente (vegetarianos, idosos);

Má absorção por problemas gástricos ou intestinais;

Diminuição do fator intrínseco (idosos) → anemia perniciosa


Anemia Falciforme
• Troca de uma base nitrogenada (adenina x timina)
trocando 1 aminoácido na cadeia da hemoglobina
(glutamato x valina);

• HbS x HbA1 : hemácias em forma de foice;

• Obstrução de capilares e do
fluxo sangüíneo;
Anemia Hemolítica
• Diminuição do tempo de sobrevida dos eritrócitos devido
destruição no baço ou na circulação;

• Causas : defeitos na membrana, alterações na


estabilidade da Hgb, alterações metabólicas no
eritrócito;

• Tratamento : depende do tipo de causa (suspender


agente causal, corticosteróides);
Talassemia
Redução ou ausência da síntese de uma cadeia de
hemoglobina

• HbA1: cuja globina é formada por duas cadeias alfa e duas


cadeias beta;

• HbA2: cuja globina é formada por duas cadeias alfa e duas


cadeias delta;

• HbF ou hemoglobina fetal: cuja globina é formada por duas


cadeias alfa e duas cadeias gama; apresenta-se na infância
e diminui com a idade até desaparecer por completo em um
indivíduo adulto. (após os 6 meses de idade, somente a
HbA1 e HbA2 estão presentes).
Semiologia Nutricional
Desidratação

Inúmeras causas: Ingestão menor que necessidade, perda


excessiva, vômitos, diarréia, fistula digestiva, sudorese e
poliúria.

Como investigar ??

Produção de salivação;
Brilho dos olhos;
Umidade das mucosas (gengival e conjuntival);
Turgor da dobra cutânea : quando solta a dobra se desfaz
lentamente = pele desidratada;
Desidratação
Icterícia
Coloração amarela da pele e das escleras

Alteração dos hepatócitos ou da vesícula biliar

Acúmulo de bilirrubina no sangue

Colúria

Acolia
Bilirrubina
Metabolizada no baço : 80% hemácias; 20% hemoproteínas;

Biliverdina → Bilirrubina ou Total (não-conjugada)

Fígado : + ácido glicurônico → Bilirrubina Direta (conjugada)

Bactéricas Intestinais

Urubilinogênio (reabsorção) Estercobilinogênio (fezes)


Semiologia Nutricional
Icterícia

Coloração amarelada da pele e esclerótica, causada por


maior concentração de bilirrubina.

Icterícia x estado nutricional: Geralmente implica


alterações na absorção de vitaminas lipossolúveis.

Função hepática alterada = metabolismo de


carboidratos, proteínas e lipídios ???
Icterícia

Urina escura (cor de coca-cola)

Inapetência

Náuseas

Vômitos

Exames Diagnósticos
Exame físico
Bilirrubina total e direta
Icterícia
Semiologia Nutricional

Musculatura temporal e bola gordurosa de Bichat

• Atrofia temporal → tem que ocorrer bilateralmente

•Atrofia unilateral = causa neurológica ???

• Atrofia bitemporal, nos mostra que o paciente parou de


mastigar ou deixou de usar a mastigação como fonte
principal de ingestão alimentar (dieta hipocalórica)

• 3 a 4 semanas já existe atrofia da musculatura.


Semiologia Nutricional
Bola gordurosa de Bichat (BGB)

Perda da bola gordurosa de Bichat → relacionada com


redução prolongada de reserva calórica (massa gorda)

1º = paciente atrofia a musculatura temporal


2º = consumo da BGB (fase mais tardia)

Sinal “asa quebrada” = perda de BGB + musculatura temporal


Musculatura temporal e bola
gordurosa de Bichat
Semiologia Nutricional

Cavidade oral

Língua magenta, glossite (complexo B), branca (falta


mastigação)

Queilite angular (Riboflavina e Vitamina C)

Monilíase ou “sapinho” (imunodeficiência),

Deficiência de zinco
Cavidade Oral

Glossite Magenta
Cavidade Oral

Queilite Angular
Deficiência de Zinco
Semiologia Nutricional
Exame físico da massa muscular
Semiologia Nutricional
Região do pescoço e clavícula → Supra/Infraclaviculares e da
fúrcula esternal : atrofia destas regiões indica que o paciente já
perdeu massa muscular há muito tempo (perda crônica)

Supraclavicular

Infraclavicular
Fúrcula
Esternal
Semiologia Nutricional
Exame físico da Massa muscular

Musculatura intercostal e paravertebral: reduz a sustentação


corporal = cifose

↓ capacidade de expansão ventilatória pulmonar = menor


utilização das bases do pulmão

Hipoventilação de bases de pulmão = pneumonia de base

Atrofia muscular = maior tempo no ventilador mecânico

Escaras ???
Musculatura Intercostal e Paracostal Musculatura Paravertebral
Grau I Grau II

Grau III Grau IV


Tratamento Nutricional
Semiologia Nutricional

Abdome: distendido, plano ou escavado

Abdome escavado significa que o paciente esta privado de


alimento há muito tempo

Perda de reserva calórica e baixa imunidade

Abdomen distendido: complicações intestinais, abdomen


agudo, ascite ???
Alterações Abdominais

Abdomen Escavado Ascite


Ascite
Acúmulo de líquidos na cavidade abdominal = Transudato

Distúrbios crônicos

Extravasamento de fluídos

Causas : hipertensão portal, diminuição da pressão oncótica,


insuficiência renal, alterações químicas e hormonais;

Sinais e sintomas : dor, desconforto e distensão abdominal,


dificuldade respiratória;
Hipertensão Portal

Pressão anormalmente elevada na veia porta (40mmHg);

Ligação com intestino, baço, pâncreas e vesícula biliar;

Causas : aumento do volume de sangue / aumento da


resistência ao fluxo sangüíneo (cirrose);

Surgimento de vasos colaterais (varizes esofágicas);


Alterações Abdominais

Ascite Distensão Abdominal


Distensão Abdominal
Retenção de gases (constipação, maus hábitos
alimentares, consumo de alimentos flatulentos);

Síndrome do intestino irritável;

Obstrução intestinal (fecaloma, tumores);

Abdomen agudo (quadro inflamatório);


Semiologia Nutricional
Edema

→ acúmulo anormal de líquido (solução aquosa +


proteínas plasmáticas) no espaço intersticial

Situações clínicas conhecidas:

Insuficiência cardíaca
2 ou mais fatores
Insuficiência Renal
associados
Insuficiência Hepática
TUDO JUNTO !!!
Paciente crítico (CTI)
Semiologia Nutricional
Edema

Pesquisa de edema por desnutrição protéica:

• Hipoproteinemia : < 5,0 g/l de proteínas totais


• Hipoalbulminemia : < 2,5 g/l de albumina

Pressão contínua sobre a face anterior da perna x osso

Depressão tecidual → demora até voltar ao normal

Sinal de Cacifo ou de Godet


Edema

Sinal de Cacifo ou de Godet


Edema
• Líquido corpóreo : 50% na célula, 40% no interstício, 5%, nos
vasos e os 5% nos ossos;
• Distribuição dos líquidos intersticial e vascular : mantida pela
hidrodinâmica entre esses dois meios, que mantêm uma troca
equilibrada dos líquidos;
• Movimento do líquido do sistema intravascular para o
interstício ocorredevido à ação da pressão hidrostática do
sangue;
• Saída do líquido do vaso ocorre na extremidade arterial da
rede vascular;
• Retorno do interstício para o vaso ocorre pela pressão
oncótica sanguínea, aumentada na porção venosa;
• Líquido residual → interstícios; drenado pelos vasos linfáticos,
retornando depois para o sistema vascular;
Edema

Hidrodinâmica entre os compartimentos intersticial e intravascular. Na porção


arteriolar, a pressão hidrostática é maior do que na porção venular, o que permite
a saída de líquido pela arteríola e a entrada deste pela vênula. O líquido restante é
drenado pela via linfática.
Edema

Situação em que há um desequilíbrio provocado pelo aumento da pressão


hidrostática, principalmente na porção arteriolar. A tendência é a maior saída de
líquido para o meio extravascular, provocando o acúmulo deste no interstício.
Edema

Outra situação de desequilíbrio hidrodinâmico, agora provocado pela


diminuição da pressão oncótica, principalmente da porção venular. Também
ocorre a saída de líquido, acumulando-se no interstício.
Edema

Em casos especiais, pode haver a obstrução da via linfática, sem alteração nas
pressões oncótica e hidrostática. O resultado também é o acúmulo de líquido
no interstício em decorrência da falta de drenagem.
Edema
1) Pressão hidrostática sanguínea: quando essa pressão
aumenta, ocorre saída excessiva de líquido do vaso,
situação comum em estados de hipertensão e drenagem
venosa defeituosa (por exemplo, em casos de varizes,
insuficiência cardíaca etc);
2) Pressão hidrostática intersticial: se diminuída essa força,
o líquido não retorna para o meio intravascular,
acumulando-se intersticialmente;
3) Pressão oncótica sanguínea: a redução da pressão
oncótica provoca o não deslocamento do líquido do meio
intersticial para o interior do vaso. Essa variação da
pressão oncótica é determinada pela diminuição da
quantidade de protéinas plasmáticas presentes no sangue;
Edema
4) Pressão oncótica intersticial: um aumento da quantidade
de proteínas no interstício provoca o aumento de sua
pressão oncótica, o que favorece a retenção de líquido
nesse local. Além disso, o aumento dessa força contribui
para a dificuldade de drenagem linfática na região;
5) Vasos linfáticos: se a função destes de drenagem dos
líquidos estiver comprometida, pode surgir o edema. Esse
quadro é observado, por exemplo, em casos de obstrução
das vias linfáticas (ex.elefantíase);
6) Acúmulo de sódio no interstício: ocorre quando há
ingestão de sódio maior do que sua excreção pelo rim; o
sódio em altas concentrações aumenta a pressão osmótica
do interstício, provocando maior saída de água do vaso.
Edema
Avaliação Bioquímica
Proteínas plasmáticas

Albumina (massa protéica visceral)

Pré‐ albumina Meia-vida curta

Transferrina

Marcadores
Proteína C reativa, interleucinas inflamatórios
Avaliação Bioquímica

Sódio : pode indicar desidratação ou hiperhidratação

Potássio : função renal; → cuidado com medicações

Uréia : função renal ; → cuidado com desidratação

Creatinina : marcador fisiológico do turnover protéico;
Avaliação Bioquímica
Função Imune
Contagem Total de Linfócitos

Leucócitos

Neutrófilos

Plaquetas

Duarte e Castelanni, 2002


Avaliação Bioquímica
Balanço Nitrogenado

Nitrogênio ingerido Nitrogênio excretado

BN= gramas de proteína ingeridas – (N urinário 24h+4)


6,25 Duarte e Castelanni, 2002
Balanço Hídrico
Medida de líquidos ingeridos e eliminados;
O equilíbrio entre o ganho e a perda líquida pode sofrer 
alteração, ocorrendo uma depleção ou retenção de fluídos; 

Procedimento

- Colocar registro de controle hídrico no leito do paciente;


- Registrar em impresso próprio da seguinte forma:
* Líquidos ingeridos em 24 h;
* Líquidos eliminados em 24h.
Medir diurese, vômito, diarréia, líquidos de drenagem, em ml ou
quantidades.
Ex - cruzes pequenas quantidades +, média ++, grandes
quantidades +++.
Avaliação Subjetiva

Perda ponderal
Empanchamento/ plenitude
Mudança de apetite
Disfagia/ Odinofagia
Alterações do TGI
Mastigação / Dentição
Xerostomia
Ageusia
Disgeusia
Psicológico
Mucosite / Monilíase
Visão/ Audição/ Fala
Interações medicamentosas
Capacidade Funcional
Capacidade Funcional
Banho :
Independente= assistência para lavar uma única parte do corpo
(dorso, membro deficiente) ou banhar‐se completamente.
Dependente= assistência em lavar mais de uma única parte do
corpo, assistência em entrar ou sair do chuveiro; não se banha
sozinho;
Vestir‐se :
Independente= pega roupas do armário e gavetas; veste as
roupas, adereços, aperta cintos;
Dependente= não se veste sozinho ou permanece
parcialmente vestido;

Schils et al., 2003


Capacidade Funcional
Higiene:
Independente= vai ao banheiro, transfere‐se para fora do vaso
sanitário, arruma roupas; limpa órgãos de excreção;
Dependente= usa comadre ou recebe assistência para chegar
e usar o banheiro;
Transferência :
Independente= move‐se para dentro e fora da cama; move‐se
para sentar e sair da cadeira;
Dependente= assistência para mover‐se para ou fora da
cama/cadeira; não faz uma ou mais transferências;

Schils et al., 2003


Capacidade Funcional
Continência:
Independente= miccão e defecação totalmente controladas;
Dependente= incontinência total ou parcial da defecação e da
micção; controle parcial ou total por enemas, cateteres ou uso
regular de comadre ou papagaio;
Alimentação :
Independente= pega alimentos no prato e leva‐o à boca (pré‐
corte de carnes ou preparação de alimentos excluído);
Dependente= assistência no ato da alimentação. Não come,
usa alimentação enteral ou parenteral;

Schils et al., 2003


Disfagia

Deglutição : conjunto de atos que garantem a passagem de 
alimentos líquidos e sólidos da boca até o estomâgo, passando 
pela faringe e o esôfago;

Disfagia:dificuldade para deglutição, a qual implica em 
progressão dificultosa do bolo alimentar da boca ao esôfago;
Fases da deglutição

Oral

Faríngea

Esofageana
Fases da deglutição
Oral : inicia‐se com a prova do alimento, sendo misturado com a
saliva, formando o bolo alimentar com tamanho e consistência
adequadas para impulsão para faringe e esôfago. Nesse momento a
língua tem atuação importante no sentido de deslocar o alimento
(sólido) em direção à superfície mastigatória dos dentes, além de
misturá‐lo com a saliva. Simultaneamente e de maneira coordenada
ocorre a elevação da língua em direção ao palato duro e contato do
palato mole contra a base da língua.Ainda de maneira voluntária
ocorre a elevação e impulsão posterior do bolo alimentar em
direção às amigdalas e à faringe, iniciando o reflexo da deglutição,
cujos receptores estão espalhados por toda cavidade.
Fases da deglutição

Faríngea: conforme o alimento se dirige à faringe ocorrem 
contrações do músculo constritor da faringe com elevação do 
palato mole fechando a nasofaringe, projeção da língua 
horizontalizando a epiglote sobre a glote, combinando com o 
relaxamento do músculo cricofaríngeo, também chamado de 
esfíncter esofágico superior.
Fases da deglutição
Esofageana : completamente autônoma, mediada pelo nervo vago
e gânglios simpáticos cervicais e torácicos, iniciando com a
passagem do alimento pelo esfíncter esofágico superior, sendo
então o bolo impulsionado pela musculatura esquelética do
esôfago cervical e torácico. Existem duas ondas peristálticas, a
primária inicia na faringe e vai por todo o esôfago e a secundária
que inicia no corpo do esôfago e continua até o estômago. O
término da passagem do bolo alimentar se dá na transição
esôfago‐gástrica, após a passagem pelo esfíncter esofagiano
inferior.
Fisiologia da Deglutição
Critérios diagnósticos para disfagia
Teste de deglutição de água :

• Escape oral anterior;
• Tempo de trânsito oral = <4s ou >4s;
• Refluxo nasal;
• Número de deglutições = ausente, única ou múltiplas;
• Elevação laríngea = ausente, <2 dedos ou > 2 dedos;
• Ausculta cervical ;
• Saturação de oxigênio;
• Qualidade vocal = “voz molhada” (e);
• Tosse;
Critérios diagnósticos para disfagia
Teste de deglutição :

• Engasgo;
• Cianose;
• Broncoespamo = presença ou ausência de sibilos;
• Alteração de frequência cardíaca;
• Alteração de frequência respiratória;
• Resíduo em cavidade oral após deglutição (sólidos);
• Tempo de trânsito oral (sólidos)= <17,5s ou > 17,5s;
Exames diagnósticos

• Esofagograma (raio‐X com contraste) : ingestão oral de líquido


radiopaco (bário), para verificação da forma, função da
deglutição na faringe e no esôfago;

• Manometria : utilização de um cateter com transdutores de


pressão alocados em vários pontos da faringe e esôfago,
sendo atualmente indicada apenas para diagnóstico de
acalásia e espasmo esofagiano;
Exames diagnósticos
• Videofluoroscopia da deglutição : considerada o padrão‐ouro para
avaliação da deglutição; é realizada com a presença de um
radiologista e um especialista da deglutição presentes em uma sala
de fluoroscopia onde o paciente recebe alimentos líquidos, pastosos
e sólidos radiopacos em volumes crescentes, sendo examinado em
posição lateral;

• Videoendoscopia da deglutição : realizada com equipamento de


nasofibrolaringoscopia, introduzido até a faringe, avaliando‐se num
momento inicial toda a anatomia do trato aerodigestivo superior e a
sensibilidade do mesmo. Após, são introduzidos e deglutidos
alimentos na consistência de líquidos, pastosos e sólidos em
volumes crescentes, sendo o exame gravado em fitas de vídeo.
Tipos de Disfagia

Orofaríngea : alterações na fase oral e faríngea da deglutição 
(líquidos). Principais causas : doenças neurológicas;

Esofágica : alterações (estenose) de causa mecânica no esôfago 
(sólidos). Principais causas: idade, tabagismo, etilismo, 
cânceres, radioterapia;
Considerações...

Assegurar‐se que o alimento está sendo deglutido;

Respeitar a fadiga e saciedade;

Evitar a conversação durante as refeições;

Alimentar o paciente quando bem acordado e sentado;

Encorajar o paciente a alimentar‐se sozinho.
Suporte Nutricional

SNE : 1º opção (desidratação);

Gastrostomia 

Jejunostomia 

Dieta em BI, infusão contínua (???)
Espessantes Orais

Novartis- Nestlé Nutrícia Novartis- Nestlé

±10g / 200ml
5g = 1 colher de sopa rasa

Fresenius- Kabi
Semiologia Cardiovascular
Sintomas mais freqüentes:

™ Dispnéia

™ Dor ou desconforto torácico

™ Cianose

™ Síncope ou tontura

™ Palpitações

™ Edema
Semiologia Cardiovascular
Sintomas mais freqüentes:

™ Dispnéia → mastigação e deglutição

™ Dor ou desconforto torácico → apetite, N/V

™ Cianose → TGI

™ Síncope ou tontura → apetite, N/V

™ Palpitações → apetite, N/V

™ Edema → composição da dieta (restrições)


Risco Nutricional
Peso corporal

Quantidade / Ingestão alimentar

Forma de se alimentar

Alterações do TGI – absorção e utilização de nutrientes

Capacidade funcional

Exame físico

Conduta, VET, macro e micronutrientes, consistência, fracionamento


DESTE MOMENTO
Risco Nutricional Aumentado
→ Desnutrição

Pós cirurgia cardíaca

Insuficiência cardíaca crônica
Hipercatabólicos
Cardiopatia Congênita Hipoventilatórios
Degenerativos
Cardiomiopatia Dilatada

AVC

Neurológicos
Hipercatabolismo
Risco Nutricional Aumentado
→ Obesidade

HAS

Cardiopatia Isquêmica Adiposidade
excessiva obstrutiva
Trombose
Inflamação
AVC Atrofia

Diabéticos

Neurológicos
Sinais e Sintomas ‐ Obeso

Acantose
Úlceras varicosas

Dermatite Seborreica
Sinais e Sintomas ‐ Obeso
Hiperqueratose (excesso de
queratina - espessamento da
pele);
Hiperpigmentação
(escurecimento);
Alopecia (queda de pelos).

Resistência à insulina Áreas mais atingidas:


pescoço, axilas, tronco,
Corticosteróides região inguinal e anogenital,
Anticoncepcionais orais submamária e umbilical
Sinais e Sintomas ‐ Obeso

Ulcerações subseqüentes à
varizes muito adiantadas

Má circulação

Aterosclerose em vasos
sangüíneos de MIs

Áreas mais atingidas:


Necrose em diabéticos membros inferiores
Sinais e Sintomas ‐ Obeso
Excesso de oleosidade

Pode envolver processo inflamatório do tecido

Áreas mais atingidas:


rosto e tórax
Sinais e Sintomas ‐ Obeso

Gordura Visceral
Distensão Abdominal
Avaliação de Caso
Dona Angelina é uma senhora aposentada de 71 anos, que recebe
um salário mínimo e interna na sua unidade de atendimento por AVC
isquêmico; pelo seu histórico, sabe-se que dona Angelina é
hipertensa, diabética e tem angina. Devido ao DM descompensado,
ela teve uma perda de peso importante nos últimos 3 meses, que os
familiares não sabem precisar quanto foi, apenas referem que “foi
muito”. Também não sabem qual o peso usual da paciente. Referem
que a mesma está sem comer direito há 1 semana por sentir dor na
língua. No início do exame você já constata que :
-A paciente é dependente e não tem como ser pesada e medida;
-Os familiares não sabem informar mais nada a respeito.
Descreva como o exame físico pode ajudá-lo na conduta nutricional
da paciente em : determinar o tipo da dieta (consistência, restrições,
suplementações) e avaliar seu estado nutricional.

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