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Disciplina: Filosofia – 11ºAno

O problema da origem do conhecimento

O Empirismo O Racionalismo

«O empirismo (de empeiria, que significa «A posição epistemológica que vê no


experiência) opõe à tese do racionalismo pensamento, na razão, a fonte principal do
(segundo a qual o pensamento, a razão, é a conhecimento humano, chama-se racionalismo
verdadeira fonte do conhecimento), a antítese (de ratio, que significa razão). Segundo ele, um
que diz: a única fonte do conhecimento humano conhecimento só merece na realidade este nome
é a experiência. Na opinião do empirismo, não quando é logicamente necessário e
há qualquer património a priori da razão. A universalmente válido. (…) Um conhecimento
consciência cognoscente não tira os seus desse tipo apresenta-se-nos, por exemplo,
conteúdos da razão; tira-os exclusivamente da quando formulamos o juízo “o todo é maior do
John Locke experiência. O espírito humano está por Descartes que a parte”, ou “todos os corpos são extensos”.
(1632-1704) natureza vazio; é uma tábua rasa, uma folha em (1596-1650) Em ambos os casos vemos com
branco onde a experiência escreve. Todos os evidência que tem de ser assim e que a razão se
nossos conceitos, incluindo os mais gerais e abstractos, procedem contradizia a si mesma se quisesse sustentar o
da experiência. contrário. (…)
Enquanto o racionalismo se deixa levar por uma ideia Daqui resulta, portanto, que os juízos fundados no
determinada, por uma ideia de conhecimento, o empirismo parte pensamento, os juízos que procedem da razão, possuem
dos factos concretos. Para justificar a sua posição, recorre à necessidade lógica e validade universal; os outros, pelo contrário,
evolução do pensamento e do conhecimento humanos. Esta não a possuem. Todo o verdadeiro conhecimento se funda deste
evolução prova, na opinião do empirismo, a alta importância da modo – assim conclui o racionalismo –, no pensamento. Este é, por
experiência na produção do conhecimento. A criança começa por conseguinte, a verdadeira fonte e base do conhecimento humano.
ter percepções concretas. Com base nessas percepções chega,
Uma forma determinada do conhecimento serviu
paulatinamente, a formar representações gerais e conceitos. Estes
evidentemente de modelo à interpretação racionalista do
nascem, por conseguinte, organicamente da experiência. (…) A
conhecimento. Não é difícil dizer qual é: é o conhecimento
experiência apresenta-se, pois, como a única fonte do
matemático. Este é, com efeito, um conhecimento
conhecimento.
predominantemente conceptual e dedutivo. O pensamento impera
Enquanto os racionalistas procedem da com absoluta independência de toda a experiência, seguindo
matemática a maior parte das vezes, a história somente as suas próprias leis.»
do empirismo revela que os seus defensores
procedem quase sempre das ciências naturais. Johannes Hessen, Teoria do Conhecimento
Isto é compreensível. Nas ciências naturais a
experiência representa o papel decisivo. Nelas
trata-se sobretudo de comprovar exactamente
os factos mediante uma cuidadosa
observação.» David Hume
(1711-1776)
Johannes Hessen, Teoria do Conhecimento
Disciplina: Filosofia – 11º Ano

O problema da origem do Conhecimento (Racionalismo versus Empirismo)

Racionalismo Empirismo

- O racionalismo considera que a Razão (pensamento) é a - O Empirismo, cujos principais representantes foram John
verdadeira fonte e base fundamentadora do Conhecimento; Locke (séc. XVII) e David Hume (séc. XVIII) considera que a
única fonte e fundamentação do conhecimento humano é a
Experiência;

- Os critérios para atingir a verdade devem ser de ordem - A consciência tira os seus conteúdos exclusivamente da
racional (os sentidos enganam-nos, uma vez que não nos dão Experiência (que nos fornece informações sensoriais), sendo
acesso à verdadeira natureza das coisas); posteriormente interpretados e organizados pela razão;

- Para René Descartes, filósofo racionalista do séc. XVII, - Segundo David Hume (1711 - 1776), há dois tipos de
fundador da Filosofia Moderna, a razão é propiciadora de perceções que se distinguem apenas pelo grau de vivacidade e
conhecimentos logicamente necessários e universalmente de força com que impressionam a mente: as impressões e as
válidos, ou seja, princípios evidentes alcançados pela nossa ideias. As impressões são as perceções físicas tal como os
intuição e a partir dos quais se deduzem outros igualmente nossos sentidos as percebem (apreensão imediata da realidade
evidentes; exterior – perceções fortes). As ideias são as representações tal
como se encontram armazenadas na memória, a partir de
sensações e impressões já vividas (perceções fracas e menos
vivas);

- O racionalismo cartesiano apresenta-se como um sistema que - Os empiristas em geral consideram que não existe um
parte do pressuposto de que existem ideias cuja natureza é património a priori da razão, ou seja, não existem noções
verdadeira e imutável e que residem na nossa razão antes de anteriores e independentes da experiência (negam a existência
qualquer experiência: as ideias inatas (ex: cogito ou eu de ideias inatas);
pensante, Deus);

- O nosso espírito pode atingir a verdade absoluta - Não existe apreensão real do objeto – não temos a certeza de
(conhecimento caracterizado pela universalidade e necessidade), que os nossos juízos concordem com a realidade –, logo a razão
conhecer a realidade tal como ela é (confiança ilimitada e humana não é capaz de atingir a essência da realidade (posição
dogmática na razão humana e nas suas faculdades); céptica quanto ao valor e limites do conhecimento);

- A forma que serviu de modelo à interpretação racionalista foi - A História do empirismo revela que os seus defensores provêm
a das ciências matemáticas, concretamente no que diz respeito frequentemente das ciências naturais, uma vez que nelas se
ao pensamento conceptual e lógico-dedutivo (o pensamento comprovam os factos mediante uma cuidadosa observação-
impera com absoluta independência de toda a experiência, experiência.
seguindo somente as suas leis).

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