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A PROFECIA DE ISAIAS

CAPÍTULOS 1-39

TEXTO, EXEGESE E EXPOSIÇÃO

VOLUME I

A. R. CRABTREE, A. B., D. B-, Th. D.

1.“ EDIÇÃO

1967
CASA P U B LIC A D O R A B A TIS TA
C a ixa Posta! 320 - Z C - O O
Rio de Jan eiro — Gb.
A P R O FE C IA DE I3A1AS 123

O Senhor espera do seu povo o fruto da justiça


com o o resultado da cultura divina. Quando os homens
desprezam o am or e o cuidado divinos, êles perdem a
proteção e as benéficas influências da graça de Deus.

H. Ais Contra os Perversos, 5:8-30

8. A i dos que a ju n ta m casa a casa,


e vão acrescentando cam po a cam po,
até chegar ao fim do lugar,
como os únicos m oradores no meio da terra.
9. A meus ouvidos ju ro u o S enhor dos E xército s:
Verdade iram ente m uitas casas ficarão desertas,
grandes e belas sem moradores.
10. Pois dez jeiras de vin h a darão um bato,
e um ôm er de semente dará apenas um a efa.

Ê possível que esta série de ais sofreu algum desar­


ranjo na transmissão. A palavra introdutória ai apare­
ce seis vêzes na discussão, mas com uma certa irregu­
laridade. O ai dos bêbedos é mencionado duas vêzes,
com pequena m odificação. Esta série de denúncias dos
aristocratas sociais inclui os ricos que se aproveitam
das condições sociais e econômicas para tomar posse
da terra, 8; os que seguem a bebedice, 11; os iníquos
agressivos, 18; os que justificam os seus pecados, 20;
os sábios aos seus próprios olhos, 21; os bêbedos e os
juizes corruptos, 22, 23.

Êstes vários grupos de pecadores não temem a Deus,


nem respeitam os homens. O profeta descreve em têr-
mos fortes, e condena severamente os pecados do egoís­
mo, do orgulho, da insensibilidade, da depravação m o­
ral e da apatia religiosa: pecados que êle e os profetas
contemporâneos denunciam repetidas vêzes. No perío­
do prolongado de prosperidade material no reinado de
124 A. R. CRABTREE

Jeroboão II, os governadores e os privilegiados oprimiam


cada vez mais severamente os pobres e os fracos, en­
quanto a religião, a justiça social e o espírito de frater­
nidade sofriam uma desastrosa decadência. Com o de­
clínio m oral e religioso da sociedade aumentavam-se as
form as cerimoniais, adaptadas dos cananeus, na osten­
tação elaborada, no sacrifício de animais e nas festas
sensuais do povo. Evidentemente, o povo não experi­
mentava mais a comunhão íntima com o Senhor dos
Exércitos, o Santo de Israel, o Deus do Concêrto do Si­
nai. A religião de Israel já se tornara apenas uma tra­
dição .

O fundo histórico dêsse capítulo talvez seja a últi­


ma parte do reinado de Jotão, ou na primeira parte do
reinado de Acaz. O castigo do povo infiel não será mais
um terremoto, mas por causa da falta de entendimento
o povo será levado cativo. Os nobres terão fom e, e a
multidão se secará de sêde, v. 13.

Com o o profeta tinha proclamado o dia do julga­


mento na Parábola da Vinha, êle declara repetidamente
que o dia de prestar contas está chegando quando os vá­
rios grupos de pecadores que tinham produzido os fru ­
tos amargos da apostasia e degradação hão de sofrer a
mesma ruína da vinha abandonada aos animais e às
feras.

No verso 8 o profeta especifica alguns dos pecados


indicados na Parábola da Vinha. Condena severamente
a avareza dos ricos, no seu desejo ardente de adquirir
dos vizinhos que sofriam fom e, mais, mais, e ainda
mais dos seus terrenos, até que não houvesse mais qual­
quer lugar para ser adquirido por rapacidade ou por
com pra.
A P R O FEC IA DE I8 A ÍA 8 125

A gravidade dessa avareza na economia do país foi


aumentada por várias circunstâncias. A terra da Pa­
lestina é reconhecida no Velho Testamento com o a pro­
priedade do Senhor, e o povo recebe a sua porção com o
herança divina. Os donos, então, têm a incumbência de
cuidar de seus terrenos com o herança recebida do Se­
nhor para as suas respectivas fam ílias. Para honrar essa
responsabilidade qualquer dono que ficasse obrigado a
vender o seu terreno por fôrça de razões econômicas
haveria de oferecê-lo primeiro ao parente mais achegado
(Rute 4:3-10). Quando Nabote inform ou ao rei Acabe
de que não lhe podia vender a vinha que desejava, o
rei, embora desapontado, respeitou o direito do dono.
Mas a sua espôsa Jezabel, uma estrangeira, insistiu em
que o marido exercesse a sua autoridade com o rei e to­
masse a vinha (I Reis 21:1-16).

No tempo de Isaías, devido ao declínio da justiça e


ao poder crescente dos ricos e avarentos, o direito do
proprietário pobre era desprezado, e violado sem escrú­
pulo. Na opressão da parte dos avarentos, muitos dos
donos mais pobres foram obrigados a vender os seus pe­
quenos terrenos, e alguns dêstes foram escravizados por
seus credores (A m . 2 :6 ). A propriedade de alguns po­
bres foi arrebatada no pagamento de dívidas (II Reis
4:1; Miq. 2 :2 ). Assim, diminuía o número dos donos de
terras, e êstes trabalhavam com o empregados ou escra­
vos dos ricos.

O Senhor dos Exércitos revelou ao profeta que ia


afligir aos avarentos opressores. Êste é o sentido das
palavras: “ Aos meus ouvidos jurou o Senhor” . Muitas
casas grandes e belas ficarão desertas e sem moradores
na devastação iminente da terra,
126 A. |J. CRABTREE

0 castigo divino da rapacidade dos ricos será de


acôrdo com os seus crimes. Os terrenos que arrebata­
ram dos vizinhos produzirão apenas a décima parte das
sementes que plantam.

11 a 13. Os pecados de bebedice e de mundanismo

11. A i dos que se levantam pela m anhã cedo,


para buscar a bebida forte,
e se dem oram até alta noite,
até que o v in h o os esquenta.

12. L ira s e harpas, ta m boris e flautas,


e v in h o há nos seus banquetes;
porém não consideram os feitos do Senhor,
nem olham para as obras das suas mãos.

13. P ortanto, 0 meu povo é levado cativo,


por falta de conhecim ento;
os seus nobres sofrem de fome,
e a sua m ultidão se seca de sêde.

Os profetas condenaram severamente o vício da em­


briaguez, e todos os m odos de gratificar os desejos peca­
minosos (Cp. Os. 7:5; Am. 6:6; Joel 3:3; Miq. 2:1, 2) . Os
bêbedos levantaram-se bem cedo de manhã e correram
para buscar a bebida forte. Esta palavra, usa-se
T ••

no sentido não sòmente do vinho forte, mas também se


refere a outras bebidas mais fortes, com o na frase “ vi­
nho e bebida forte” (Lev. 10:9; N úm . 6:3; Juizes 13:4,
7 ). Desde os tempos antigos os povos vêm fazendo be­
bidas fortes de frutos e cereais.

Nos seus banquetes celebrados em nom e da religião,


os apóstatas se entregavam à satisfação de seus desejos
carnais. Comiam, bebiam e se alegravam ao som de
música. Ficando embriagados, êles perdiam o senso
A P R O F E C IA DE IS A IA S 167

moral e se dedicavam a saciar os apetites pecam inosos.


A música fo i adaptada para estimular as emoções físi­
cas. Na sua falta de conhecimento, êles julgavam que
podiam agradar ao Deus de Israel com o seu paganis­
m o, se é que chegavam a pensar no Senhor. Mas anda­
vam tão preocupados com muitas coisas que nem consi­
deraram os feitos do Senhor, nem as obras carinhosas
que havia feito em seu favor.
Os seus nobres, sofrem, T lD , de fom e, e sua
T •• t

multidão seca-se, m , de sêde. Êstes são os sofrim en­


tos do povo já levado cativo pelos assírios. Mas alguns
pensam que o profeta está se referindo ao cativeiro vin­
douro. Não há certeza se o povo do reino do norte a
êsse tempo já fora levado cativo para a Assíria (Cp.
A m . 6 :7 ).

14. P ortanto, SHeol aum entou o seu apetite,


e abriu a bôca desm esuradam ente;
paro lá descem os nobres de Sião e o seu tu m u lto ,
a sua m ultidão e quem nesse meio se regozijava.
15. A plebe é abatida e o nobre rebaixado,
e os olhos dos arrogantes são hum ilhados.
16. Mas o S enhor dos E xércitos é exaltado em julgam en to,
e o Deus Santo se m ostra santo em ju stiça.
17. Então os cordeiros pastarão como no seu pasto,
e os gordos e os cordeirinhos se n u trirã o nas ruínas.

Os versículos 14 a 17 apresentam a ameaça de des­


truir repentinamente a cidade de Jerusalém. A palavra
“ portanto” , sem conexão direta com os versos anterio­
res, aparentemente indica que um versículo que introdu­
ziu o terceiro “ ai” fo i omitido na transmissão.
0 têrmo Sheol, sinônimo de Hades e cova, signifi­
cava, nesta época da história de Israel, uma grande ca­
12S A. R. CRABTREE

vidade nas profundezas da terra, habitada por todos os


mortos (Cp. Is. 14:9; 38:10; Os. 13:14; Jon. 2:2; Cant.
8:6; P rov. 1:12; 30:16) . A palavra não apresenta qual­
quer idéia de castigo, com o inferno, mas ÍSheol era
monstro terrível, devorador insaciável. Os seus habitan­
tes tinham uma vida vaga, e quase insensível na escuri­
dão, e sem conhecimento de Deus. Mais tarde, no tem­
po de Daniel, e no período interbíblico, ia se desenvol­
vendo uma diferença entre a condição dos iníquos e a
dos justos no Sheol (Cp. a discussão do assunto na Teo­
logia Bíblica do Velho Testamento do autor, pg. 267 e
s e g .). No grande castigo de Judá, muitos se destinaram
ao cativeiro. Mas Sheol aumentou o seu grande apetite,
e abriu a bôca além da medida, para receber os corta­
dos pela fom e, pela sêde e pela espada.
As multidões da plebe, juntamente com os homens
de autoridade e os ricos e tudo de que êstes se ufanavam,
juntamente com todos os meios que lhes forneceram
prazeres, serão destruídos. Nesta execução da justiça
divina, os judeus orgulhosos, arrogantes e hipócritas fi­
carão humilhados, enquanto Javé dos Exércitos é exal­
tado no julgamento dos pecadores, e mostra-se Santo no
exercício da justiça absoluta. Assim, o povo será cons­
trangido a reconhecer a divindade do Santo de Israel, na
execução da sua justiça que revela o seu verdadeiro ca­
ráter em tôda a sua glória.
O versículo 17 completa a ameaça do verso 13. Há
variações no sentido do hebraico e das versões do caldai-
co e do siríaco.
O verso 17 completa a ameaça do versículo 13, e
aparentemente seguiu originalmente logo após este. O
hebraico dêsse versículo é de difícil tradução, e há va­
riantes no sentido das versões do caldaico e do siríaco.
Êste ai é dos arrogantes que desafiavam o julgamento
do Senhor por seus pecados, e por suas palavras de blas­
A P R O FE C IA DE IS A I A S 129

fêm ia. A frase com o no seu pasto, D "D "D » e as ruínas


T I T t
ou os territórios não cultivados, d t i» n w n , são sinô-
• 1 T

nimos e significam a terra que tinha sido bem cultivada,


mas que já se tornara simplesmente um pasto para os
animais.

18. A i dos que puxam a iniqüidade com cordas de falsidade,


e o pecado como com tirantes de carro I
19. Que dize m : Apresse-se, avie-se a sua obra para que a vejam os;
aproxim e-se e venha o conselho do Santo de Israel,
para que o conheçamos.

Ai dos que puxam a iniqüidade, dos homens que


vão puxando os seus pecados, com o se fôssem um carro.
São os homens que se entregavam com entusiasmo e vi­
gor aus prazeres do pecado, crendo que Deus não os
castigaria. São os homens que não recebiam e não acre­
ditavam na mensagem dos profetas, com as ameaças da
retribuição divina. No entanto, estão fazendo inconscien­
temente tudo que é possível, nas suas atividades peca­
minosas e nas palavras de blasfêmia, para apressar a
vinda do julgamento da sua apostasia e infidelidade.
A segunda parte do verso indica que o pecado é um
fardo tão pesado para muitos judeus que esgotava a sua
energia (Cp. Jer. 9 :5 ). São os resultados ou as conse­
qüências do pecado que o pecador puxa com cordas de
falsidade: ódio, retribuição de inimigos, e em alguns ca­
sos a doença, o sofrimento e a m orte. Cordas de falsi­
dade, ou de vaidade, Jly , tem também o sentido de de-
T

cepção, e isto pode significar esquemas ou planos de en­


ganar e roubar.
Os pecadores do verso 19 afirm am que não tinham
observado quaisquer atividades de Deus, e na increduli­
130 A. R. CR ABTREE

dade êles desafiam o Senhor para que êle faça depressa


a sua obra a fim de que possam observá-la. Para êstes
apóstatas e infiéis não havia qualquer razão ou m otivo de
crer naquilo que os profetas diziam sôbre a justiça di­
vina no castigo do pecado. Esta é a mesma falta de fé
de outros judeus no tempo de Ezequiel, 8:12, 9:9, e de
muitas pessoas em tôdas as épocas da História. O pe­
cador sempre tem o desejo de fortalecer a sua incredu­
lidade a fim de negar ou desafiar a lei m oral. O con­
ceito do Deus justo é inconveniente para o pecador.

20. A i dos que ao m al cham am bem, e ao bem m a l;


que põem as tre vas por luz, e a luz por tre va s ;
e põem o am argo por doce, e o doce por am argo!
21. A i dos que são sábios aos próprios olhos,
<e prudentes diante de si mesmos !
22. A i dos que são heróis para beber vinho ,
e valentes para m is tu ra r a bebida fo rte ;
23. oa quais por suborno ju stifica m o ímpio,
e ao justo tira m o direito!

É notável com o os profetas falam ao povo da nos­


sa época moderna. Ai daqueles que pervertem e confun­
dem a distinção entre o mal e o bem . O profeta fala
das pessoas que justificam qualquer ato, por perverso
que seja, quando êste prom ova os seus interêsses, ou os
ajude na realização de seus planos. Para a satisfação
do egoísmo de tais pessoas, os princípios morais podem
ser aproveitados ou desprezados de acôrdo com a pró­
pria conveniência. Se a prática do mal é vantajosa é
muito bom ; se o bem é desvantajoso é muito m au. Tais
homens são depravados e criminosos.
Os sábios aos próprios olhos não são necessària-
mente os arrogantes e os altivos. São aquêles que ficam
perfeitamente satisfeitos com a certeza de que êles mes­
mos são capazes de satisfazer a tôdas as suas próprias
A P R O FE C IA DE ISA TA S 131

necessidades, sem o socorro que os fracos procuram na


religião. Os homens do verso 20, sem escrúpulo, con­
fundiram o bem e o mal a fim de satisfazer ao seu egoís­
m o. O grupo do verso 21 geralmente é dos que têm um
padrão m oral; mas julgam-se capazes de se orientarem
a si mesmos na vida sem qualquer direção de autori­
dade superior.
Os heróis para beber vinho, significa aquêles que
podiam beber muito sem ficar demasiadamente embria­
gados, todavia não deixavam de ficar embriagados, e a
embriaguez produzia nesses heróis o espírito temporá­
rio de genialidade e animação. Mas êstes homens en­
tregues ao vício de beber são heróis somente quando a
embriaguez os separa das obrigações duras e os deveres
difíceis da vida. Assim, êles perdem a capacidade de se
disciplinarem na vida m oral. São êstes que por subor­
no justificam o ím pio ou o perverso, e tiram do justo o
seu direito. Êstes homens desmoralizados eram justa­
mente aquêles escolhidos para manter a verdadeira jus­
tiça. A perversão da justiça é o princípio da destruição
de qualquer grupo social, religioso ou nacional.

24. Portanto, como a língua de fogo devora o restfllho,


e a palha cai na cham a,
assim a ra iz dêles será como podridão,
e a sua flo r se esvaecerá como pfl;
porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos Exército s,
e desprezaram a palavra do Santo de Israel.
25. P o r isso, se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo,
e estendeu a mão contra 6le, e o feriu , e os montes
tre m eram ,
e os seus cadáveres eram como m onturo no meio das ruas.
C om tudo isto não se aplacou a sua ira,
e ainda está estendida a sua mão.

Muitos comentaristas pensam que os versos 24 a 30


constituem uma parte do oráculo contra o reino seten-
132 A. R. CRABTREE

tríonal, o qual se apresenta em 9:8-21. Aparentemen­


te, o verso 24 não tem conexão com o anterior. Os jul­
gamentos pronunciados em 24 a 30 talvez se refiram aos
vários tipos condenados pelos ais, mas seguem mais lo­
gicamente 9:21. O reino setentrional estava chegando
ao fim da sua história. Samaria fo i sitiada e caiu em
722. Os dois reinos sofreram as conseqüências terríveis
da rebelião contra o Senhor.
O destino dos infiéis descreve-se no v. 24 em têrmos
figurados. Se êste verso se refere aos tipos de 8 a 21,
a declaração de que a sua raiz será com o podridão, e a
sua flor esvaecerá com o pó são figuras aptas. Êstes ím­
pios são com o a arvore que perdeu a sua vitalidade, e se
tornou sêca e murcha, pois a rai^ se apodreceu e a flor
é levada embora com o o pó perante o vento. Se a lín­
gua de fog o que devora o restolho significa o vento abra­
sador do deserto, não há discordância nas figuras de
fogo e de podridão, e a descrição é forte e efetiva. A
raiz e a flor é uma expressão figurativa que se encontra
freqüentemente no Velho Testamento, Is. 14:29; 37:31;
A m . 2:9; Os. 9:16; Mal. 4:1.
Todos os profetas reconhecem que o pecado mais
grave dos dois reinos foi a rejeição da Lei, a Torah, a
Revelação especial do Senhor dos Exércitos, e o desprê-
zo da Palavra do Senhor de Israel. Porquanto rejeita­
ram, m m , a Torah do Senhor, e desprezaram, m f t í í
T t : •

a Palavra do Deus de Israel. Esta rejeição da Torah e


da orientação divina é sempre o pecado dos pecados.
Por isso, acendeu a ira do Senhor. A ira do Senhor
é a manifestação da justiça divina contra tôdas as fo r­
mas da injustiça (Cp. Núm. 11:33; II Reis 23:26; Sal.
2:12; 56:7; Jó 10:11; Deut. 7:4; 11:17; Juí. 2:14 e ou­
tros) . A m ão do Senhor está estendida na ira e na con­
denação ,
190 A. R. CRABTREE

mudança é desnecessária. Cada um com e a carne de seu


braço. É possível que os homens loucos de fom e pudes­
sem com er a própria carne, mas um texto diz de seu pró­
xim o em vez de seu braço. A palavra próxim o concorda
melhor com o verso seguinte.
O verso 21 declara que Manassés e Efraim, vizinhos,
estavam lutando um contra o outro, e ao m esmo tempo
as duas tribos faziam guerra a Judá. No período de anar­
quia e confusão, a guerra civil, bem com o os inimigos de
fora, estavam devorando o povo do Reino de Israel.

10:1. Ai dos que fa ze m d ecretos iníquos,


dos que escrevem leis de opressão,
2. para n egarem ju s tiça a os pobres,
para a rrebatarem o direito a os a flitos do meu povo.
a fim de que v iú v a s sejam o seu desp ojo,
e ó rfã o s a sua prêsa.
3. Que fa re is no dia do ca stig o,
na d esola çã o que vem de longe ?
A quem recorrereis para ob ter socorro,
e onde deixa reis a vossa glória ?
4. Nada v os resta senão d o b r a r - v o s e n t r e o s prisioneiros,
ou ca ir entre os m ortos.
C om tu do isto a sua ira não se apartou,
m as ainda está esten dida a sua mão.

Êstes primeiros versos continuam a discussão do jul­


gamento de Efraim . A matéria desta estrofe não é tão
diferente do assunto das outras, com o dizem alguns. Fa­
la-se ainda dos pecados de Efraim, dando-se ênfase espe­
cial à injustiça e à opressão dos indefesos pelas autorida­
des. Os pecados de Israel mencionados na profecia de
Amós são semelhantes quanto à opressão e à injustiça
mencionadas nestes versículos. A frase “ os pobres do meu
pdvo” certamente não prova que o profeta estava falando
ao povo de Judá. Os pecados mencionados nesta estrofe
prevaleceram nos dois reinos, Israel e Judá,
A PROFECIA DE IÔA1AS 191

Oh que fazem decretos iníquos e escrevem (leis de)


tiiiiTHMÍio, são justamente as autoridades que legalizavam
nh NCtiN pecados de roubo e opressão, pelos decretos e do­
cumentos oficiais que preparavam para a sua própria
limlcvíío. Tão avarentos e insaciáveis eram os homens
i Im tfovôrno que instituíam leis para justificar legalmente
n roubo dos pobres, dos órfãos e das viúvas. O profeta
Amós declara que “ os juizes venderam o justo por di­
nheiro, e o necessitado por um par de sapatos” , 2:6.
Que fareis no dia do castigo, na desolação que vem
iki longe? Para êstes ladrões hipócritas vem o dia de con-
liis, quando êles, têm que responder ao Juízo Supremo.
Que fareis então? (Cp. Os. 9 :5 ). 0 dia de visitações é
o dia de prestar contas, o dia do castigo inevitável. A
desolação refere-se à invasão de Israel pelos assírios, a
tempestade que vem de longe. A vossa glória talvez se
refira sarcàsticamente aos bens que tinham roubado.
Há problemas difíceis no texto da primeira parte do
verso 4. Alguns pensam que haja uma referência aos
deuses, Beltis, Osíris, Mas não há qual-
. | . . —

quer evidência de que os israelitas adoravam êstes deu­


ses do Egito. Fala-se da tragédia da destruição do Rei­
no de Israel. Não há meio de escapar do dia do ajus­
te de contas. Algumas das vítimas se dobrarão entre os
prisioneiros, enquanto outras cairão mortas, e isto será o
fim desta nação, o resultado da sua infidelidade.

IV. Não Temas a Assíria, 10:5-12:6


5. Ai da A ssíria , a va ra da m inha ira,
o cetro nas suas m ãos é a m inha fú r ia !
6. E n vio-a co n tra uma n ação profa n a,
• con tra o pov o da m inha ira IHe dou ordans,
para lhe to m a r d e sp ojo e a rreb a ta r a prêsa,
e para os pisar aos pés, com o a lam a das ruas.

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