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1. Introdução
No mercado global e competitivo de hoje, as empresas estão reformulando suas estratégias para
aumentar suas vendas e diminuir seus custos.
Muitas grandes empresas bem- sucedidas possuem métodos padronizados e ferramentas projetadas
para melhorar seus produtos e explorar oportunidades que resultarão em ganhos financeiros
significativos.
Com isso, seus clientes estão reconhecendo seus produtos ou serviços como superiores em preços, em
entrega, desempenho e qualidade.
Seis Sigma é uma metodologia que dará o suporte necessário para que a empresa mantenha-se com
sucesso no mercado.
Seis Sigma é um programa que incrementa a qualidade por meio da melhoria contínua dos processos
envolvidos na produção de bem ou serviço e, tem por objetivo:
Para isso, a empresa deve focar nas necessidades dos clientes, no alinhamento de processos, no rigor
analítico e na execução dentro de prazos.
O porte de uma empresa pode ser classificado de diferentes formas: pelo número de funcionários, pelo
rendimento anual bruto, pelo tipo de produto, pela quantidade exportada.
Neste artigo, pretende-se discutir os fatores relevantes durante a implementação do método bem como
verificar algumas vantagens e desvantagens frente ao programa de qualidade Seis Sigma em pequenas
e médias empresas, através de revisão bibliográfica e de três casos reais estudados pelos autores.
2. Abordagem metodológica do presente trabalho
Basicamente, o método de pesquisa utilizado para o desenvolvimento deste artigo se apoia em duas
macro fases: revisão bibliográfica e pesquisa de campo individual através de estudo de múltiplos.
Para primeira parte do projeto, a revisão bibliográfica, além do estudo em livros, foi feita uma busca em
bancos de dados. A base de dados é composta por aproximadamente cem artigos, retirados das bases
http://www.usp.br/sibi, http://www.emeraldinsight.com, http://isiknowledge.com e http://proquest.uni.com.
Além disso, os professores Roberto Gilioli Rotondaro e Paulo Augusto C. Miguel fizeram seminários
sobre Seis Sigma e metodologia, respectivamente.
A segunda macro fase do método utilizado neste trabalho de pesquisa consistiu no planejamento da
pesquisa de campo com a elaboração de um questionário direcionado e dos critérios para a seleção dos
estudos de caso.
As empresas são, respectivamente, dos ramos de indústria química, código de barras e de engenharia
naval.
3. Definições Iniciais
Em termos tradicionais, o Seis Sigma focaliza a prevenção de defeitos, a redução dos tempos de ciclo e
a economia de custos.
Ao contrário dos cortes de custos descuidados, que reduzem valor e qualidade, o Seis Sigma identifica e
elimina custos do desperdício, ou seja, que não agregam valor aos clientes.
Em geral, esses custos são extremamente elevados em empresas que não o utilizam.
A nomenclatura Seis Sigma vem da Estatística. Sigma é uma letra grega (σ) definida como desvio
padrão, uma medida da dispersão dos dados observados em relação à média.
Adotando ambas as distâncias entre a média e o limite superior extremo (LSE) e o limite inferior extremo
(LSI) como seis sigma, temos que
Como esse processo é impossível de ser mantido na prática, considera-se uma descentralização de 1,5
sigma para cima e para baixo.
Assim, a taxa de dois em um bilhão será substituída por 3,4 falhas em um milhão, o que igualmente
representa um índice de 99,99966% de perfeição.
Também inclui-se a isso um modelo de melhoria do desempenho constituído por cinco passos:
definir,
medir,
analisar,
implementar a melhoria e
controlar
que corresponde a famosa sigla DMAIC, em inglês, que será melhor explanado em item posterior.
Posteriormente, esta estratégia recebeu contribuições importantes de organizações como GE, IBM,
Xerox, Texas Instruments e AlliedSignal.
Um nome que precisa ser citado é o nome do presidente executivo da GE, Jack Welch, pois suas
contribuições foram significativas não apenas para a empresa, mas principalmente para o futuro do Seis
Sigma no universo empresarial.
Atualmente, o programa Seis Sigma é adotado por inúmeras empresas de diversos países, sendo
considerado essencial para a competitividade.
A meta do Seis Sigma é chegar muito próximo de zero defeito, erro ou falha (99,99966% de
perfeição).
É esse índice que motiva as empresas a adotarem o programa, juntamente com dados históricos de
sucesso.
visualizam o problema,
tomam sua dimensão,
analisam as causas,
projetam e implantam uma melhoria
e posteriormente verificam se existem mais problemas para recomeçar o ciclo.
Definir (D):
Definir claramente qual o efeito indesejável de um processo que deve ser eliminado ou melhorado.
Medir (M):
Analisar (A):
As causas óbvias e não óbvias que influem no resultado do processo devem ser determinadas.
Melhorar (I):
Os dados estatísticos devem ser exprimidos em dados do processo, e a equipe deve modificar
tecnicamente os elementos do processo, atuando sobre as causas raízes.
Controlar (C):
São escolhidos profissionais da empresa, pois são eles quem mais conhecem a organização e os
detalhes dos processos.
Essa formação permite que os resultados sejam alcançados com maior rapidez e eficiência.
Os empregados da própria empresa serão divididos em diferentes categorias:
executivo líder,
campeão,
Master Black Belt,
Black Belts,
Green Belts,
White
Cada categoria recebe uma função e um treinamento totalmente diferente uma da outra.
O campeão é quem
lidera os executivos-chaves;
organiza e guia o começo e implementação do Seis Sigma;
define as pessoas que disseminarão os conhecimentos sobre o Seis Sigma na
O foco principal dos Black Belts está nos defeitos e sua ênfase no fornecedor.
Os Green Belts são treinados pelos Black Belts recebendo 80 horas de treinamento, seu foco principal
está nos custos e sua ênfase no consumidor.
Já os White Belts recebem dos Green Belts 40 horas de treinamento, seu foco são os valores e sua
ênfase está tanto no fornecedor quanto no consumidor.
4. Pesquisas de Campo
A companhia estudada é composta pelas divisões de fios esmaltados e química. O setor foco do
programa de qualidade em questão é o da divisão química, que produz esmaltes eletro isolantes para
transformadores.
A unidade compra a matéria-prima de fornecedores, a sintetiza e vendem o produto acabado para dois
tipos de clientes: cliente interno e clientes externos.
O processo de fabricação dos produtos é bastante simples. São produzidos na planta: resinas, vernizes
e esmaltes, sendo que resinas e vernizes são produzidos para estoque e esmaltes são produzidos
apenas sob encomenda.
O setor é composto por cinco diferentes reatores. Todas as vezes que o reator termina de executar sua
tarefa e a programação diz que deve ser alterado o produto em processo, então o mesmo tem que ser
lavado para receber novas matérias-primas.
Ou seja, o Gerente, como chefe do departamento, tem interesse pessoal no sucesso da implantação do
programa.
Para tanto, a E1 contou com a assistência dos autores deste projeto e, sendo assim, os custos com
consultoria e especialistas no assunto, se tornaram imensamente menores.
O processo de implantação do programa na corporação seguiu alguns passos tendo início pelo
treinamento de Seis Sigma dado pelo Professor da Universidade a dois colaboradores da unidade
selecionados por indicação, além do Gerente da Produção.
O professor Rotondaro sugeriu que o programa fosse implantado em uma pequena divisão do setor por
vez.
Dessa forma, as chances de sucesso seriam maiores e o “marketing” sobre o programa seria muito
maior e poderia servir como um bom exemplo para outros projetos ou mesmo setores da empresa.
Outro fator importante citado pelo professor Rotondaro seria o tempo de duração do projeto. Não poderia
ser muito longo, pois dessa forma, desencorajaria os operadores no meio do caminho.
A análise de indicadores 5W1H vinha demonstrando como causa sistemática que a disponibilidade de
reatores é diretamente afetada por operações de lavagem, que embora necessárias, são redutíveis a um
mínimo teórico, e não se encontravam sob o foco da administração do processo.
Dessa forma, definiu-se a CTQ como sendo a diminuição de tempo gasto com lavagem de reatores.
Através do Diagrama de Pareto confeccionado, pôde-se verificar que o primeiro motivo de parada de
equipamento se deve a falta de programação.
O segundo item, tempo empregado em lavagem de equipamentos, é responsável por cerca de 20% dos
tempos não produtivos da planta.
Em uma próxima etapa, em visita à empresa, foi possível conversar com dois integrantes da equipe Seis
Sigma da empresa: o engenheiro da produção e o programador da produção, ou seja, o principal
responsável pelas ordens de lavagem dos reatores.
Em outras palavras, mesmo o programador fazendo parte da equipe Seis Sigma e tendo total influência
sobre o processo estudado, ele não tinha conhecimento do papel que seu cargo exercia na empresa.
Essa pode ser levantada como uma das vantagens da implantação do programa em empresas de
pequeno e médio porte.
Em geral, neste tipo de organização, os treinamentos são feitos “on the job”.
E a introdução de uma metodologia formal traz para organização pontos que muitas vezes não são
levantados no dia-a-dia.
Foi possível perceber que a presença do líder envolvido em todas as etapas do projeto foi essencial para
a motivação do grupo escalado.
Além do herói, a equipe contou com o Engenheiro da Produção que além de conhecer muito bem os
processos de fabricação da planta, “vestiu a camisa” do projeto e se comprometeu com cada fase dando
o máximo de si e motivando os demais colaboradores da equipe Seis Sigma.
Logo no começo foi detectada uma possível razão para a não otimalidade do processo e foi então
tomada uma medida reparadora.
No caso da E1, certamente um dos maiores ganhos com o programa, além do atendimento da meta de
diminuir em 20% o tempo usado com lavagem dos reatores, foi um maior esclarecimento das funções
que cada colaborador exerce na companhia e como suas atitudes podem influenciar nos resultados
financeiros da empresa.
Foi nomeada por uma empresa capacitada, com sede em Bruxelas, Bélgica, como a Organização de
Numeração no Brasil.
Sendo assim, a E2 tem um perfil de produtos bastante particular, uma vez que o capital não é gerado
através de vendas ou de serviços puramente ditos.
Mas sim, de uma “mensalidade” que os clientes (no caso, os associados) pagam à empresa em troca de
ter os seus produtos inequivocamente identificados através dos códigos de barras gerados pela
empresa.
O organograma da empresa é composto por apenas três níveis hierárquicos: CEO, gerentes e o corpo
operacional.
Dessa forma, os incentivos não são feitos no sentido de promoção de cargo, mas sim naquilo que se
chama de “desafios horizontais”.
Atualmente a E2 conta com 60 funcionários sendo que 98% destes possuem 2º grau completo e 40% já
freqüentaram curso de pós-graduação. Além disso, a companhia possui um faturamento que gira entre
20 e 30 milhões de reais.
No âmbito da qualidade, a E2 conquistou a certificação ISO 9002 em 1996, quando a Fundação Carlos
Alberto Vanzolini avaliou e aprovou todas as atividades da entidade, demonstrando que a E2 opera
dentro de um modelo de gestão de qualidade reconhecido internacionalmente.
Em outubro de 2000 a E2 foi recertificada dentro do escopo “Administração e Difusão do Sistema EAN
no Brasil – Estruturas de Numeração, Códigos de Barras e Mensagens Eletrônicas de Negócios”.
Neste contexto, o CEO junto com o Staff Gerencial tiveram a iniciativa de melhorar ainda mais a
qualidade dos processos através do Seis Sigma.
É interessante ressaltar que o CEO havia sido a pouco contratado e veio da GE, empresa ícone no
sucesso do Seis Sigma.
Na verdade, o método Seis Sigma não é conhecido na empresa. Entretanto o conceito “Seis Sigma” é
praticamente 100% disseminado, faz parte da cultura da empresa e, além disso, é a alma dos chamados
Projetos de Variabilidade.
Entretanto a empresa optou por não adotar este tipo de definição nos projetos e, por isso, os programas
são nomeados de “Projetos de Variabilidade”).
Os sete funcionários foram escalados pelo Gerente. Mais tarde, os recrutamentos passaram a ser,
majoritariamente, por auto indicação.
Um dos problemas detectados pelo Gerente foi o excesso de estatística que o treinamento continha.
Sendo assim, o mesmo elaborou um novo tipo de treinamento para os outros funcionários da empresa.
Ou seja, as aulas passaram a serem práticas e os cálculos e gráficos passaram a ser feitos em
softwares de comum conhecimento como o MS Excel, em vez de utilizar o Minitab, como era feito
anteriormente.
Sendo assim, cada colaborador que havia participado do programa de treinamento já tinha um Projeto
de Variabilidade em andamento e passou aplicar em sua respectiva área.
A importante consequência deste tipo de treinamento prático pode ser mencionada como a rapidez e
eficiência dos resultados obtidos.
Com respostas rápidas às novas práticas, os funcionários foram contagiados por uma grande motivação
à implementação de outros Projetos de Variabilidade.
Hoje em dia, são mais de 50 projetos em vigor na empresa, sendo que parte deles já atingiu certo nível
de estabilização e, portanto, foram arquivados.
Segundo o Gerente, o CEO é 100% envolvido com os projetos que abrangem a área de qualidade, mas
não se deixa comprometer de modo a não deixar de lado outras funções que lhe são pertinentes.
Além disso, na E2 há um incentivo constante pela bonificação anual através do atendimento de metas.
Os ganhos com os projetos são revertidos em forma de bônus para os colaboradores da empresa.
Esta próxima etapa é caracterizada pelo incentivo à utilização de ferramentas da qualidade, que ainda
não são de conhecimento comum a todos na empresa.
Esse pode ser caracterizado como um ganho extra da implementação da metodologia na companhia.
Em relação aos clientes, o setor petrolífero conta com poucas empresas consumidoras, onde se
destacam as grandes oil companies nacionais e multinacionais.
Este mercado torna-se ainda mais peculiar quando é realçado o fato de existir um constante
desenvolvimento de novas tecnologias, o que necessita não só a atualização das técnicas de
engenharia utilizadas, mas também do modelo de gestão.
O produto desenvolvido pela E3 é, em todos os casos, customizado e flexível, pois também se modifica
em função da tecnologia disponível.
Diferentemente de outras áreas da engenharia, não podemos dizer que projetos conceituais são apenas
as horas-homem gastas pela equipe, pois sempre são agregados outros valores tangíveis e intangíveis.
Tais valores agregados são frutos não só dos desenvolvimentos internos feitos pela equipe, mas
também pela capacidade de gerenciamento que permite a integração de diferentes empresas e
instituições.
A complexidade deste processo gera, portanto, a necessidade de uma política de qualidade bem
definida, buscando organização, satisfação e retorno financeiro.
Atualmente a E3 conta com 18 colaboradores e um faturamento médio anual de R$400.000,00.
O interesse pela adoção de uma estratégia de gerenciamento da qualidade surgiu no primeiro contato
com a metodologia Seis Sigma.
Apesar do pouco tempo de atividade da empresa, já haviam sido percebidos inúmeros processos que
causavam variações nos resultados finais.
Para não correr o risco de que tais problemas tomassem proporções maiores e de difícil solução, a E3
incluiu em seu plano estratégico de 2005 a adoção do sistema Seis Sigma para identificar, padronizar e
controlar os processos de modo a prevenir possíveis falhas futuras e permitir uma expansão sustentável
dos seus negócios.
A primeira implantação do sistema Seis Sigma foi iniciada em fevereiro de 2005, com a participação fixa
dos dois sócios da empresa, uma funcionária, uma estagiária e um professor especializado no Seis
Sigma.
Decidiu-se iniciar a experiência pela área administrativa da empresa, por possuir menos processos, ser
menos complexa e envolver menos clientes internos e externos, tornando-se ideal para esta fase
experimental.
Foram seguidas metodicamente as fases tradicionais do DMAIC, além de uma fase inicial de
preparação.
Houve necessidade de utilização de um projeto curto para que a implementação trouxesse resultados
rapidamente.
Entretanto deve-se ter bastante cuidado com a seleção do projeto, pois os riscos podem ser elevados e
uma escolha sem sucesso pode levar a grandes prejuízos.
Conclui-se do Caso 3 que entre os pontos importantes e relevantes para o sucesso do programa podem
ser mencionados o alto envolvimento da gerência e a disposição do responsável pela aplicação do Seis
Sigma.
Segundo a estagiária que trabalha na empresa houve também dificuldades na avaliação do custo-
benefício do programa, pois não houve muitos parâmetros para identificar o tempo médio de
faturamento, a meta esperada e calcular os gastos e os retornos. Foi feita uma avaliação aproximada.
Além disso, foram encontradas algumas dificuldades na coleta dos dados, uma vez que não havia
histórico ou banco de dados com as informações requeridas de forma organizada.
Houve diversas adaptações feitas para possibilitar a implantação do Seis Sigma na E3.
Além disso, não houve utilização de treinamentos sofisticados e custosos e a designação de cargos
formais como Black Belts ou Green Belts.
4.4 Análise Cruzada dos Casos
A partir da aplicação dos questionários elaborados e direcionados a cada empresa, foi possível elaborar
uma tabela (vide TABELA 1) que se refere à análise cruzada dos três casos estudados.
A tabela tem como objetivo visualizar com maior clareza a comparação entre as principais características
dos três casos estudados.
É interessante perceber que algumas das diferenças apresentadas na comparação são devido ao fato
da implantação do programa na E2 ter sido começada a, aproximadamente, três anos.
Das três empresas estudadas, duas são de pequeno porte com 23 e 18 colaboradores respectivamente,
enquanto que a E2 possui 60 funcionários enquadrando-a assim como uma empresa de médio porte.
Percebe-se claramente que, pela quantidade de cargos e devido ao achatamento da hierarquia, a área
de qualidade recebe grande importância em todas as empresas.
Nos três casos, a área responsável pela qualidade responde à diretoria. Ou seja, a centralização do
poder de decisão com menor hierarquia surge como uma vantagem para as pequenas e médias
empresas.
Além disso, os programas Seis Sigmas foram todos implantados recentemente. Apenas a E2 deu inicio
às implantações em 2003.
Este fator influencia diretamente no número de projetos Seis Sigma que são desenvolvidos por ano em
cada companhia e também na quantidade de colaboradores treinados.
Seguindo o mesmo raciocínio, a E2 possui hoje em torno de 55 colaboradores treinados em Seis Sigma,
ou seja, quase 100% de todos os funcionários.
Isso é devido não só ao porte da empresa, mas principalmente pela forma como o método é
disseminado.
O programa prevê que o conhecimento seja passado a diante de forma exponencial, onde cada pessoa
treinada deve passar o seu conhecimento para outros que estejam abaixo na hierarquia Seis Sigma
(Black Belt, Green Belt, White Belt e assim por diante).
Já a E1 e a E3 possuem um grupo reduzido de treinados, pois até então apenas um projeto foi
implementado e uma equipe Seis Sigma foi designada.
Com relação aos investimentos em Seis Sigma, nenhum dos entrevistados soube precisar muito bem o
valor, porém todos estimaram que os gastos com os treinamentos e desenvolvimento não passariam de
R$ 10.000,00.
Como reflexão dessa política de investimento, pode-se dizer que a quantia investida em treinamentos e
projetos de melhoria em pequenas e médias empresas costuma ser relativamente baixa, pois em geral
envolvem processos mais simples, envolvendo um menor número de pessoas e treinamento
simplificado.
Entretanto, em nenhuma das empresas o retorno financeiro foi calculado com precisão.
Dessa forma, é possível concluir que existe uma tendência de se controlar o processo informalmente,
muitas vezes “mentalmente” e as informações acabam sendo registradas com base em lembranças e
anotações incertas.
Essa pode ser tida como uma das desvantagens das pequenas e médias empresas.
Como pode ser observado, apenas a E1 possui a nomenclatura Seis Sigma e a utiliza em seu dia-a-dia.
A opção por não utilizar essa designação pelas E2 e E3 é pela tentativa de desassociar o nome “Seis
Sigma” aos projetos em andamento.
Segundo os funcionários entrevistados, atrelar o nome ao projeto pode gerar um tipo de resistência da
parte dos envolvidos.
No que diz respeito às ferramentas utilizadas, pode-se relevar o fato de que nas três empresas
estudadas não utilizam ferramentas muito complexas. Apenas utilizam as básicas ferramentas da
qualidade.
A E1 utiliza o Minitab, pois conta na sua equipe Seis Sigma com um colaborador que possui
conhecimento atípico no assunto.
Além disso, é interessante ressaltar que a E2 possui no seu plano estratégico o aumento da
oportunidade do uso de ferramentas da qualidade avançadas, como o Minitab, por exemplo.
Este tipo de simplificação estatística ocorre, principalmente, devido à pequena quantidade de dados
disponíveis para análise e, também, pela simplicidade dos processos envolvidos.
5. Considerações finais
Para empresas de menor porte, é impossível esperar resultados com números gigantescos de redução
de custo como foi visto anteriormente nos exemplos de grandes empresas de sucesso.
Para Antony (2004), o custo inicial para institucionalização do Seis Sigma à cultura da corporação pode
ser um investimento significativo.
É importante mencionar que as pequenas empresas, devido a sua natureza, geralmente possuem
pequenas quantidades de dados para medição.
Entretanto, como vimos no Caso 3, muitas vezes pode ser essencial que simplificações gráficas sejam
feitas, mesmo que o nível de escolaridade dos colaboradores treinados seja alto, como no caso.
Tais simplificações podem não ser permanentes, mas apenas um pontapé inicial com o objetivo de
facilitar a compreensão inicial do método.
Assim como mencionado por Thomas & Barton (2006), essas empresas, em geral, não têm o
conhecimento teórico suficiente para enxergar o potencial do uso de ferramentas estatísticas.
Qualquer organização na implementação tem dificuldade para alocar os recursos necessários, já que
muitas não têm informação de qualidade disponível sobre seus processos.
Algumas vezes essa tarefa pode tomar maior parte do tempo do projeto.
Por outro lado, existem alguns pontos importantes a serem levados em consideração em PMEs para o
sucesso do Seis Sigma:
treinar e envolver as pessoas no início da implementação;
conduzir revisões mensais de desempenho;
manter todos informados sobre o programa e as atividades da organização;
mudar as métricas de acordo com os problemas que afetam o sucesso da empresa (GUPTA &
SCHULTZ, 2005).
De acordo com Wessel & Burcher (2004), existem sete fatores que devem ser apresentados pela
iniciativa Seis Sigma para garantir o sucesso do programa no contexto das PME’s.
O primeiro fator é que todo projeto deve contribuir diretamente para a lucratividade da empresa,
justificando seus investimentos e custos; estar alinhados com a estratégia da organização; e apresentar
resultados num período de 12 meses.
Assim como na E1, a E3 teve necessidade de escolha de um projeto curto que trouxesse com rapidez
resultados financeiros para a empresa.
A escolha de um projeto com curto prazo de retorno é essencial quando o projeto de Seis Sigma é o
primeiro a ser implementado na empresa.
Dessa forma, os envolvidos no programa se motivam com os resultados e o método se torna de mais
fácil aceitabilidade para futuros projetos na empresa.
O segundo fator mencionado por Wessel & Burcher (2004) pôde ser observado nos três casos
estudados.
As ferramentas de qualidade não foram passadas em sua totalidade, pois os processos não exigiam tal
nível de complexidade.
Além disso, o nível de escolaridade dos colaboradores envolvidos não permitia a introdução de
ferramentas extremamente complexas.
A introdução de ferramentas avançadas foi feita de modo gradativo na E2 e na E3. A E1 não alcançou
esta fase ainda.
Já o terceiro fator é justificado quando se percebe a presença de um líder a frente do programa e que
aliado a um nível de confiança razoável por parte dos colaboradores em relação ao líder, gera a
motivação necessária para que as oportunidades e benefícios do programa fiquem claros à equipe
envolvida.
Para concluir, os fatores identificados como importantes para o sucesso do programa em pequenas e
médias empresas foram o alto envolvimento e participação dos funcionários da empresa e interesse e
apoio da alta gerência.
Este alto envolvimento ocorre neste tipo de empresas, pois a quantidade de níveis hierárquicos, em
geral, é menor do que em empresas de grande porte.
Ou seja, as vantagens mais evidentes observadas são: existência de processos mais simples,
envolvendo um menor número de pessoas; estrutura da empresa mais achatada, permitindo uma
comunicação mais linear; treinamento simplificado.
O presente artigo foi apresentado no XIII SIMPEP Simpósio de Engenharia de Produção, realizado em
Bauru/SP em novembro de 2006. Acesse o artigo original pelo link:
http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/221.pdf
Sobre os autores:
Referências Bibliográficas
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WILLIAMSON, David; LYNCH-WOOD, Gary. Research and concepts A new paradigm for SME
environmental practice. The TQM Magazine, v. 13, nº 6, p. 424-432, 2001.
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23 de março de 2016 em PME, Seis Sigma. Tags:PME, Programas de Qualidade, PYME, Seis Sigma
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