para fortalecer o
compliance e a governança
corporativa nas empresas
Ana Paula P. Candeloro
ABRIL 2013
O grande benefício do referido projeto de lei projeta-se para muito além das
sanções que empresas corruptoras estarão sujeitas. Terá o mérito de introduzir,
no ordenamento legal brasileiro, outro conceito já largamente consolidado em
solo estrangeiro, principalmente nos Estados Unidos e Europa, qual seja: a
previsão da mitigação de penas para aquelas empresas que,
co
mprovadamente, tenham implantado efetivos mecanismos e procedimentos
internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades, além
da aplicação efetiva de código de ética no âmbito da pessoa jurídica. Tais
mecanismos são, na verdade, os elementos que compõem os “programas de
compliance”, os quais buscam não só garantir o cumprimento de leis e
regulamentos, mas também servir como incentivo à conduta empresarial ética e
de combate à corrupção.
Não obstante ainda não haver definição ou diretrizes sobre quais seriam os
elementos que deverão constar nos programas de compliance, para que as
empresas possam auferir os benefícios no caso de uma possível investigação por
parte das autoridades brasileiras, as expectativas são de que sejam adotados os
mecanismos já consolidados em outros países e também no Brasil. Neste último
caso, por subsidiárias de grandes corporações estrangeiras aqui estabelecidas,
pelas instituições financeiras, fortemente fiscalizadas pelos órgãos reguladores
nacionais, por empresas brasileiras afetadas por legislações internacionais ou que
tenham que se ajustar para fins de captação de recursos ou, simplesmente,
porque bravamente acreditam que, ao implementarem mecanismos de controles
internos, garantem maior vantagem competitiva aos seus negócios e agregam
valor à sua imagem.
Sendo este o cenário, a conclusão que tem sido repetida como mantra entre
especialistas da área é que não é mais uma questão se a empresa nacional deve
ou não orientar a condução de suas atividades tendo como base as premissas de
um sistema de controles internos adequado à natureza, tamanho e estratégia de
seus negócios. O tema é mais premente. Trata-se da decisão sobre quando
empresas ainda sem a estruturação adequada para enfrentar riscos de compliance
irão alterar seu modelo atual visando atingir um novo patamar de governança
corporativa e, assim, buscar assegurar a longevidade de seus negócios. A tomada
de consciência, por parte da alta administração, é o primeiro passo e, talvez, tão
difícil quanto necessária. O “tom que vem de cima” se caracteriza, portanto, como
o mais importante dos elementos que devem compor um efetivo programa de
compliance.
Com a superação desta fase inicial, a implantação de toda sua estrutura será uma
questão de planejamento. É importante ressaltar que a governança corporativa,
assim como os seus mecanismos, como o é o programa de compliance, é um
processo que deverá ser ajustado às características próprias de cada empresa.
Impossível seria criar um modelo único e universalmente melhor que oferecesse
soluções padronizadas a realidades práticas tão distintas. As respostas podem —
e devem — ser múltiplas e aperfeiçoadas continuamente, conforme as exigências
do contexto em que cada empresa se insere e sua aptidão para inovar e crescer.
adequados
o não está funcionando bem, tais como: pessoas com perfil inadequado, falta de
recursos, baixo nível de comprometimento da alta administração, canal de
comunicação interna deficiente, conflitos de interesse e ausência de
independência do profissional de compliance, etc. Liste e acompanhe todos os
fatores que podem comprometer a sua eficiência.
Tratados e leis internacionais que combatem a corrupção são cada vez mais
numerosos e temidos no mundo corporativo, em razão das severas penalidades e
de seu amplo raio de abrangência. É o caso do Foreign Corrupt Practices Act
(FCPA) americano e do UK Bribery Act, do Reino Unido.
Juízes federais americanos se utilizam das diretrizes legais para aplicar sanções e
avaliar graus de culpabilidade. Empresas que demonstrarem ter um eficiente
programa de compliance poderão ser contempladas com uma redução de até 95%
da pena imposta.