Ética, Cidadania e Realidade Brasileira- Unidade 1

AULA 1

- Tópicos a serem compreendidos:

 Compreender a diferença entre ética e moral e como esses conceitos contribuem para

a vida em sociedade

 Identificar que as ações têm um compromisso com o bem e com a justiça de uma

forma coletiva

Tópico 1: O que é ética?

 A ética não serve como base apenas nas relações entre indivíduos, mas, também,

como pilar das relações sociais entre os homens, uma vez que a ética é a base da

justiça e das leis que regulam a convivência de todos os indivíduos que vivem em

sociedade

 Ética é um modo de regular comportamentos do indivíduo, formados por si próprio,

através de valores para dar sentido às ações e às decisões

 A autonomia do indivíduo é algo paradoxal pois na medida que o indivíduo é livre,

lhe é imposto um encargo: que este procure encontrar um equilíbrio entre a sua

própria liberdade e a responsabilidade sobre os outros

 A ética busca aplicar o conhecimento sobre o ser para construir aquilo que deve ser

(Cotrim)

 A ética desempenha um papel de inicial de reflexão e julgamento individual

Tópico 2: O indivíduo e os aspectos da moral

 Objeto principal da moral: o estudo dos valores e suas variações

 A moral é tanto um conjunto de normas que determinam como devem ser o

comportamento quanto ações realizadas de acordo ou não com tais normas (Cordi)

 Para que exista a conduta moral é necessário(Chauí):

 1. Reconhecer que o simples fato do outro existir já nos torna sujeitos iguais

2. Ser responsável

3. Saber controlar e orientar nossas vontades e impulsos para que sempre ande

conforme nossa consciência

4. Ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e

ações

Tópico 3: Ética e Moral: Dois pilares da condição humana

 A moral é sempre normativa, deriva das regras de como proceder diante das

convenções da sociedade. Deriva dos valores e costumes criados pelos diferentes

grupos humanos, portanto a moral é a “matéria-prima” para que a ética seja aplicada

 Diferenças entre moral e ética:

Ética: disciplina que analisa os

Moral: não tem qualquer conteúdo
comportamentos e crenças, para
filosófico; é apenas o que as pessoas
determinar se são aceitáveis ou não; e
fazem e pensam; e valores criados por
considera a essência do ser, tem a ver
diferentes grupos humanos durante
com o que o indivíduo é, independente do
toda a sua vida.
que ele acredita.

 A moral é relativa e está sujeita às transformações da sociedade

 A ética nos conduz à reflexão sobre a responsabilidade do ato moral, que é um ato de

livre escolha

 A ética se fundamenta na natureza e na condição humana e nos direitos naturais dos

seres humanos pelo simples fato de serem humanos, já a moral, define-se pelo

conjunto do que é aceitável em uma determinada sociedade

  A ética e a moral são pilares para uma sociedade justa e igualitária

AULA 2

-Concepção Filosófica de Ética na Grécia

 Compreender que a ética vem se desenvolvendo durante toda a história da

humanidade, baseada nos pensamentos filosóficos de grandes pensadores

- Tópico 1: O Relativismo Político e Social dos Sofistas

 A principal finalidade dos ensinamentos de arte do discurso era introduzir o cidadão

na vida política

 Conhecidos como sofistas (não corresponde a uma escola filosófica, mas a uma

prática), inauguram uma radical inovação na problemática filosófica, retirando os

questionamentos do cosmo, das divindades, deslocando-os para o homem.

Inaugurando, assim, o período "humanista" da filosofia grega

 Entre as principais mudanças podemos apontar:

1. Crise da aristocracia

2. Crescimento do poder do povo

3. Fluxo de estrangeiros entre as cidades

4. Ampliação do comércio

5. Difusão das experiências dos viajantes

6. Crescimento do conhecimento

 Características do sofistas:

1. Oposição entre natureza e os costumes: apresentavam interesse pelos

problemas dos homens (tudo que é adquirido pela cultura é mutável) e da

natureza (tudo que é próprio da natureza humana não pode ser alterado)

2. Relativismo: tudo que se refere a vida prática pode ser alterado

3. Existência dos deuses: é relativa, a questionam

 4. Natureza da alma: a alma humana era passiva e poderia ser mudada através

conhecimento e experiências do exterior

5. Rejeitam questões metafisicas: priorizar a vida prática

6. Habilidade de argumentar: objetivo de convencer a maior parte da assembleia

7. Antilógica: ensinavam os jovens a defenderem uma posição e, depois, a

defenderem no oposto

-Tópico 2: Sócrates e Platão: Razão x Emoção

 Sócrates: a ausência de fundamentação da moral de forma objetiva gera instabilidade

social; os valores éticos poderiam ser ensinados; a natureza humana consiste em uma

essência do ser humano, que deveria fundamentar a moral; reconhecer-se como ser

limitado e em constante aprendizado; a alma - princípio que move o homem - é

constituída de três partes: razão, vontade e desejo; a ética para Sócrates estava

baseada no respeito às leis e, portanto, à coletividade.

 Platão: afirmava que para atingir uma vida ética, era imprescindível que os

indivíduos separassem a razão da emoção; somente afastando-se das vontades e

desejos era possível conhecer a essência das coisas, que se encontra no mundo das

ideias; considera que existem dois tipos de realidade: o mundo em que vivemos, o que

temos apenas um conhecimento aparente, e um mundo ideal, que são as essências

derivadas da própria existência; a ética platônica está diretamente ligada à política,

pois é na pólis (cidade estado) que acontece a vida mora; mito da caverna; o homem é

bom enquanto bom cidadão; o senso de justiça baseava-se na harmonia entre as três

virtudes - trabalhadores, guerreiros, governantes.

- Tópico 3: Aristóteles e a Busca pela Felicidade

 Fundamentou seus estudos no mundo concreto

 Havia a necessidade de harmonia entre a razão e os sentidos, prazer e razão; a

felicidade é a virtude, e virtude é o hábito em escolher o meio justo e a inibição

também

 A virtude, sob o ponto de vista de Aristóteles, é mediadora entre dois extremos, e

os extremos eram considerados vícios

 A atitude ética não surge dos julgamentos, mas é adquirida pela prática, exercício,

hábito e aprendizagem

 A origem do Estado ocorre de maneira instintiva; o homem busca a comunidade

para alcançar a felicidade

 Podemos resumir a ética dos antigos com três aspectos principais: o racionalismo,

o naturalismo e a ligação entre ética e política

1. Racionalismo: consiste em agir em conformidade com a razão

2. Naturalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a natureza do

mundo e com a natureza humana, que é uma parte do todo natural; O ser

está ligado ao que as coisas são, concluindo que o homem é um animal

racional. E o dever ser relacionado com as capacidades humanas, ou seja,

embora o homem seja um animal, possui capacidade para se tornar um ser

virtuoso, através da educação e da ética

3. Ligação entre ética e política: a conduta do indivíduo e os valores da

sociedade estão intrinsecamente ligados, pois somente na vida em

sociedade encontramos liberdade, justiça e felicidade; o objetivo principal

era a harmonia entre a conduta virtuosa do indivíduo e os valores

coletivos, que também deveriam ser virtuosos

AULA 3

Ética e Religião

 Finalidade do agir, livre arbítrio e liberdade

 Entender a chegada do cristianismo e sua influência nos princípios éticos

Tópico 1: A Finalidade do Agir- Fé e Caridade

 Durante todo o período medieval, todos os filósofos eram de alguma forma

relacionados com a religião (eram padres, bispos e etc.), portanto a vida ética deveria

ser pautada na relação espiritual e interior com Deus e pela caridade com o próximo

 A ética cristã se baseia no amor

 Os precursores da filosofia cristã buscavam conciliar a fé e a razão como instrumento

de análise e reflexão

 Santo Agostinho foi profundamente voltado para sua interioridade, pois acreditava

que somente nessa interioridade era possível realizar o encontro com Deus e nossa

verdadeira essência

 São Tomás de Aquino acreditava que a ética deve ser trabalhada no âmbito da

sociedade, representa uma aproximação entre fé e razão; o indivíduo não é um meio

para o Estado mas o Estado torna-se o meio para o indivíduo; para ele, o Estado

exerce uma função organizadora, espiritual, repressiva e econômica e por isso o

Estado sempre estará subordinado à Igreja

 As principais virtudes cristãs são a fé e a caridade

Tópico 2: Livre Arbítrio

 Livre arbítrio é a oportunidade ou possibilidade de tomar decisões por vontade própria

 A afirmação de que somos dotados de livre arbítrio em decorrência do “pecado

original”, leva-nos a concluir que o impulso espontâneo do homem - a vontade - nos

conduz ao mal, ou seja, ao pecado

 Para os filósofos clássicos a vontade era uma faculdade racional capaz de controlar

nossos desejos, possibilitando a vida moral, já o Cristianismo fundamenta que a

vontade do homem está corrompida pelo pecado

 O Cristianismo propõe que a virtude é a obrigação de seguir os mandamentos de

Deus; para cumprimento da lei divina, estabeleceu-se três virtudes essenciais: fé,

esperança e caridade.

 Virtudes quanto ao nosso comportamento exterior:

1. Sobriedade

2. Generosidade

3. Trabalho

4. Castidade

5. Paciência

6. Modéstia

 Pecados capitais:

1. Gula

2. Avareza

3. Preguiça

4. Luxúria

5. Ira

6. Orgulho

7. Inveja

 No Cristianismo, o ato moral é o cumprimento voluntário do dever de cumprir a lei

divina. Então podemos classificar a conduta em três grupos:

1. Condutas morais: condutas que estão de acordo com a lei divina

 2. Condutas imorais: condutas que são reprováveis, que estão elencadas ao sete

pecados capitais

3. Condutas amorais: condutas que não dizem respeito às leis morais

 Ideia de intenção, não são condenáveis somente suas ações mas também suas

intenções e sentimentos morais

Tópico 3: Liberdade?

 Na ética moderna, a negação do cristianismo e do passado será a chave para os

intelectuais apresentarem questionamentos sobre a origem do valor moral. Aqui, a

reflexão está centrada na autonomia humana

 Immanuel Kant: a autonomia da vontade é o princípio único de todas as leis morais e

dos deveres que estão em conformidade com elas; as regras morais são leis que a

razão natural cria através do conhecimento e das experiências; só por meio da

racionalidade o ser humano é capaz de entender as razões do dever; imperativo é um

mandamento da razão que serve para orientar nossa ação, há imperativo categórico e

imperativo hipotético

1. Imperativo Categórico: comanda uma ação como necessária em si mesma,

independente das circunstâncias: é necessário agir de determinada forma

2. Imperativo Hipotético: apresenta uma ação como meio para alcançar

determinado fim, não é uma regra da moralidade

 A ética, em Kant, baseia-se em:

1. Máxima: é a pergunta que um ser consciente deve se fazer para saber se deve

ou não agir de uma forma e não de outra

2. Lei: é a expressão do interesse universal, evidenciando que é possível pensar

em leis racionais válidas universalmente

 3. Ação: para ser uma escolha moral, a ação deve ser conforme a lei, isto é,

conforme o dever. No entanto, Kant entende que é possível agir somente por

dever, isto é, obedecer à lei a contragosto, forçado ou constrangido. Ainda

assim, a ação é moral. Essa distinção é importante, justamente para mostrar

que a lei, sendo racional, deve ter força para obrigar os indivíduos a obedecê-

la, sem o que nenhuma convivência seria possível

 Hegel: ética contextualista, pois apresenta como critério para avaliar se uma ação é

eticamente correta, a necessidade de observar o contexto em que o indivíduo está

agindo; os valores morais podem variar de acordo com as crenças, culturas e

costumes; a moralidade é o resultado da relação do indivíduo com o conjunto social

AULA 4

Ética e a Sociedade Globalizada

 Definir os aspectos ideológicos e culturais para exercício da cidadania, quais os

limites entre liberdade e responsabilidade, qual o papel do Estado para garantir a

cidadania

 Refletir sobre questões práticas que envolvem valores para a garantia de direitos

básicos

Tópico 1: Aspectos Ideológicos e Culturais para o Exercício da Cidadania

 Ética é uma reflexão filosófica sobre a moral, tem caráter teórico, é permanente

(universal), é princípio, é a ciência que estuda a moral

 Moral tem caráter prático (força normativa), é temporária (cultural), aspectos de

conduta específicos, está relacionada com hábitos e costumes

 A ética e a cidadania tem em comum a busca pela justiça e a necessidade de agir de

forma que beneficie o coletivo

  Cidadania é o conjunto de direitos e deveres exercidos por um indivíduo que vive em

sociedade, no que se refere ao seu poder e grau de intervenção no usufruto de seus

espaços e na sua posição em poder nele intervir e transformá-lo. O eixo da cidadania

está na noção de cuidado com a coletividade

 Historicamente, a origem do termo “cidadania” está ligado ao termo “política”

 O cidadão é aquele que cuida de seu ambiente, de sua cidade, ou seja, ser político no

sentido de adotar medidas que fazem bem para si e para o coletivo

 O conceito de cidadania é igual ao conceito de ética para Aristóteles; o bem coletivo

é o ponto em comum entre a ética e a cidadania

Tópico 2: Liberdade/Responsabilidade- Eu e o Outro

 Devemos ter posturas cidadãs, pois, antes de tudo, a cidadania é um ato de

inteligência

 Só o homem, como Aristóteles já havia assinalado, é, pela sua própria essência, um

ser ético, que tem consciência do bem e do mal, capaz das maiores crueldades e

vilanias, assim como gestos mais heroicos e sublimes

 O homem é um ser ético por natureza, no entanto, às vezes, somos tomados por

egoísmos, mas devemos ter a consciência de que estamos diretamente ligados ao meio

em que vivemos

Tópico 3: Público/Privado- O Papel do Estado

 Maquiavel buscou incessantemente diferenciar a ética política e pública da ética

privada e religiosa

 Podemos separar os pensadores em dois grupos:

1. O primeiro, é aquele dos que priorizam o futuro e a transformação social

através da política - filósofos gregos, o iluminista francês Rousseau e Marx

 2. O segundo grupo é o dos que se concentram na dimensão política do presente

e na verdade efetiva das coisas - Maquiavel, Hobbes e Max Weber

 Maquiavel apontou a necessidade do governante de abrir mão dos ideais pessoais e

até mesmo de ideais políticos como uma forma correta de agir, para que o governante

pudesse ter a capacidade de controlar seu povo e administrar o estado

 A dignidade está acima de qualquer preço e não pode ser comprada ou trocada por

coisa parecida, porque não tem o mesmo valor (Kant)