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Aula 1
13/10/2017
Objeto das finanças públicas —> as finanças públicas focam a atuação do Estado como
agente económico estudando a aquisição e a utilização de meios financeiros pelas coletividades
públicas dotadas de poder de império, máxime o Estado. O Estado é o agente económico e único
interveniente (contrariamente ao agregado familiar) que constitui no mercado uma unidade
estratégica, daí que se lhe chama de macro decisor irredutível. O estado é a única unidade
estratégica, é um conjunto indissolúvel e não um agregado como acontece com as famílias e com
as empresas. O Drº Teixeira Ribeiro separa as finanças públicas das finanças privadas de acordo
com 3 parâmetros:
A fonte de financiamento —> as empresas privadas financiam-se tendencialmente
recorrendo ao crédito ou aos seus sócios, esse financiamento é pago de acordo com os preços
cobrados, mediante a cobrança dos bens que vendem vão cobrando as dúvidas que vão
contraindo. O Estado financia-se pelo financiamento público sendo os impostos a principal fonte
de financiamento do estado e a cobrança de impostos encontra-se apenas ao alcance do estado
(enquanto entidade dotada de pode de império).
A determinação das despesas —> Nas finanças do estado (publicas) não são as
receitas que determinam as despesas. O estado observa as despesas que tem de fazer e depois
cobra os impostos nessa mesma medida. +As receitas tem de cobrir as despesas. Numa empresa
privada, após a venda espera-se que caia dinheiro para que só depois se possa proceder a novas
despesas. As empresas privadas terão de pautar as suas despesas pelas receitas que possam/
consigam obter. é uma lógica diferente da do estado.
O móbil da atividade —> o objetivo da atividade das empresas privadas é a
maximização do lucro. O lucro é a diferença entre as receitas que obtenho e os gastos produtivos.
Em relação ao Estado o móbil da atividade é a satisfação de necessidades, ele propõem-se
satisfazer necessidades e não obter o lucro.
O papel do Estado na economia não foi sempre entendido da mesma forma. Os autores
clássico-liberais - Smith, David Ricardo - entendem o estado como um intruso e a intervenção
do estado na economia era sempre vista como nefasta porque os autores clássicos consideravam
o estado um consumidor improdutivo e esbanjador. Retirava poder de compra ao particular para
que tivesse puder de compra para o que quisesse e por isso acreditavam que o estado deveria
estar arredado da economia e que deveria limitar-se a certas atividades como a justiça e a defesa
que não poderia ser realizadas por particulares. Acreditavam num funcionamento livre de
mercado acreditando na auto-regulação que de acordo com a leia da oferta da procura e dos
preços assegurava a máxima eficiência. Adam Smith - “a mão invisível garante o bem
comum”.
O estudo das finanças publicas convoca conhecimentos de varias outras áreas: direito
público (administrativo - principio da legalidade a subordinar toda a atuação administrativa),
contabilidade pública e ciência política. As finanças surgem como um corpo coeso de
conhecimentos - uma unidade epistemológica com uma ética própria agregando conhecimentos
de varias áreas (economia, contabilidade, direito).
Existe provisão publica de bens nos casos em que não é o mercado mas sim o Estado a
definir as características dos bens e as respectivas condições de acesso. Estamos perante bens
financiados total ou parcialmente por receitas públicas, receitas essas grandemente provenientes
de impostos (não são as únicas mas as principais). Os impostos vão obrigar os cidadão a
contribuir para o financiamento dos bens que satisfazem necessidades colectivas. Esse montante
é exigido unilateralmente e devemos notar que não se trata de preços mas sim de prestações
impostas ao cidadão e claro, o estado tem de se financiar para que detenha verbas para que
depois possa realizar a despesa que perspectivou e para a satisfação de necessidades coletivas
(necessidades dos indivíduos e não dele próprio enquanto estado.
Quais as necessidade e porque se justifica que o Estado intervenha nesse domínio que
deveria pertencer ao mercado? O que vem complementar este mecanismo privado de
fornecimento de bens? Para responder temos de saber:
Há casos em que tem de ser o Estado em todo ou em parte a cobrir as despesas. Os bens
produzidos pelo Estado e que satisfazem necessidades coletivas são os chamados bens
públicos.
Bens públicos propriamente ditou ou puros —> bens que satisfazem apenas necessidades
coletivas. A caracterização de um bem como publico depende de se verificarem 2 características
cumulativamente: não rivalidade ou irrivalidade no uso e não exclusão pelo preço. A não
rivalidade pode ser:
Absoluta —> software - se eu pagar pelo software e as demais pessoas também, o
facto de eu o usar não o vai esgotar. O custo marginal de mais 1 o usar é 0, não se esgota.
Parcial —> cinema - se eu pagar o bilhete posso assistir ao filme e isso não contende
com a visualização de outro espectador mas isto só até certo ponto porque uma sala de cinema
tem 80 lugares. Se eu sou a ultima a pagar o bilhete e há mais pessoas a quererem comprar, isto
contende exclui a visualização de quem também o quer ver. A oferta, o espaço, é limitado,
estamos perante uma .
Bens de mérito —> bens produzidos em ordem às preferencias não dos consumidores mas da
elite governante sendo que esta elite governante, o governo, age como intérprete das
necessidades coletivas, dos interesses comuns, numa atitude paternalista em relação à
comunidade. Tratam-se de situações em que os consumidores não são capazes de avaliar
corretamente os seus interesses. Exemplo: uso de cinto de segurança (intervenção do estado no
sentido de impor a conduta do uso de cinto sob pena de coima).
Aula 2
20/10/2017
Este é um caso particularmente fértil da intervenção do Estado. Fácil será perceber que
quando falamos de assimetria de informação falamos em duas partes que possuem informação ou
níveis de informação diferente sobre o bem ou serviço objeto da transacção como facilmente
percebemos que tem mais informação o bem do objeto que propriamente o comprador do mesmo.
Esta intervenção justificada pela assimetria de informação justifica muitas vezes uma intervenção
pública por meios não financeiros por exemplo as obrigações de rotularem dos produtos,
justamente porque esta rotularem dos produtos diminui a assimetria entre quem adquire o produto
e quem o produz. No campo do ambiente contratual também há diversos regimes que tem como
objetivo proteger a parte mais débil do negocio designadamente a possibilidade de denunciar o
contrato após a sua celebração. Em termos de intervenção do estado por mecanismos financeiros
podemos falar especificamente aqui da selecção adversa e este fenómeno existe quando não é
possível distinguir por exemplo os bons produtos, os clientes cuidadosos, dos maus produtos ou
dos clientes mesmo cuidadosos. Nestes casos como é difícil distinguir o bom do mau há maior
tendência em comprar “o gato por lebre”. Exemplo: mercado dos carros usados. Só o dono do
carro usado (vendedor) é que consegue precisar onde é que estão os problemas desse carro.
Andreia Filipa Santos 2017/2018
Mesmo que quem compre o carro contrate um mecânico para verificar se esta tudo bem com o
carro, por vezes são precisos dias ou meses para que os problemas se manifestem daí que não
raras vezes quando os consumidores querem adquirir um carro olham com desconfiança para
este mercado dos carros usados dando preferência por isso a adquirir carros novos ou ir a
concessionárias que embora pratiquem preços mais elevados, elevam também a expectativa de
qualidade por parte de quem compra esse carros. Outro exemplo de selecção adversa: seguros
de saúde. Quando alguém, contrata um seguro de saúde, a seguradora não sabe com exatidão o
grau de risco que o cliente comporta em si. Em rigor só ele próprio sabe o seu grau de risco, e
justamente porque só ele próprio sabe precisar os seus problemas de saúde e hábitos que tenha
e possa esconder da seguradora. Ao esconder estes riscos que cada pessoa comporta em si tem
naturalmente o objetivo de baixar o seguro. O meu objectivo é ter um seguro baixo à qual se
associa um risco baixo, mas por outro lado acontece que as seguradoras estão cientes de que
não conseguem avaliar estes riscos e há pessoas que não se vai denunciar por si, ficando a
mensalidade do cidadão de baixo risco acima daquilo que seria o ideal porque este vai pagar pelo
risco daqueles cidadãos que omitem o seu grau de risco. É um pouco a ideia de que “pela mentira
de uns pagam todos”. Por este facto é fácil perceber que os cidadãos que oferecem maior risco à
seguradora tem um incentivo muito maior para contratar um seguro que aquele cidadão que em
tese consegue até poupar sozinho o suficiente para consultar esporadicamente em sinistros que
para ele são verdadeiramente inesperados. Então, muitas das vezes, os seguros (de saúde) tem
capacidade de atrair os indivíduos que a seguradora menos quereria ou gostaria de atrair - os tais
grupos de risco não assumido. a seguradora não pretende isso porque passa a ter maiores riscos
de retorno financeiro na sua atividade e o indivíduo que está fora deste grupo de risco não
assumido passa a pagar mais pelo seguro ou simplesmente deixa de contratá-lo, deixando de
usufruir desta segurança adicional conferida pelo seguro.
Vale então dizer que a assimetria de informação, neste caso da selecção adversa, existe
desde o principio no sentido em que vem antes da contratação. Daí que se diga que esta
assimetria é um assimetria ex ante, no fundo, esta diferença de informações entre quem contrata
e a seguradora, existe antes sequer que seja contratado o seguro. Se forem os particulares a
prestar o serviço do seguro podem vedar o acesso àqueles que são os tais grupos de risco ou
elevar excessivamente o prémio ou ainda, designadamente, diminuir a cobertura dos riscos. Assim
o estado tem de intervir para garantir a qualidade dos serviços e a sua universalidade porque
como facilmente se percebe o mercado por si só não garante isso. Há outros exemplos de falhas
de mercado mas não falaremos deles.
Despesa pública
perturbações - exemplo dos subsídios que são concedidos a feridos de guerra. Os contribuintes
estão conscientes de que há muitos beneficiários desses subsídios e sabem que essa é uma
consequência do período que passou - Efeito de apreciação ou inspection effect - representa
um aspeto sucessivo às perturbações sociais do efeito deslocação. Mas esta teoria não foi inda
demonstrada porque nem sempre, como veremos, as perturbações sociais se manifestaram num
aumento da despesa pública mais do que proporcional à despesa privada.
a) Século XIX até 1870 - neste período vigora uma concepção liberal do estado mínimo.
Até aos meados anos 70 do Século XIX mantinha-se a defesa por parte do pensamento
económico e politico de um estado mínimo reduzido à defesa nacional, polícia e administração da
polícia. Em 1870 a despesa pública média (destes países analisados) ronda cerca dos 10% do
PIB, a maior parte das despesas neste período são despesas-compra, sendo as despesas em
defesa as mais representativas seguidas pela educação e construção de infra-estruturas. Este é
digamos o período 0 da análise destes autores.
b) Período entre 1870 e a 1ª Guerra Mundial - este período é liderado pelas ideias
dos autores clássicos e pela defesa acérrima da política de Laiz cest faire. neste período a
despesa pública tem um crescimento lento tal como podemos ver num dos quadros do artigo
correspondendo em 1913 a mais ou menos 13% do PIB. Destaca-se nesta fase a influência do
pensamento Marxista e a inserção por alguns financistas Alemães da redistribuição (a tal função
RobinWood do estado) entre as funções estaduais normais. Na Alemanha, no fim do século XIX,
observa-se a introdução do pagamento de pensões tendo sido este o primeiro sistema de
segurança social instituído. A corrida ao armamento prévia à 1ª guerra mundial leva ao
aumento considerava das despesas militares em alguns países como Alemanha, Áustria, França e
Reino Unido, ainda assim, a subida média da despesa pública é bastante ligeira se
considerarmos que se tratou de uma época marcada por obras publicas de fundo ligadas à
industrialização como por exemplo os caminhos de ferro. De acordo pelo observado pelos autores
neste período esta pouca expressão no aumento da despesa parece desmentir a lei de Wagner.
Com a grande depressão de 29 as suas ideias sobre despesa publica expansionista foram postas
em prática - A época do New Deal Americano e do aparecimento em alguns países de sistemas
rudimentares de segurança social como veremos nos quadros do artigo, em 1937 o nível médio
das despesas duplica em relação a 1913.
Aula 3
27/10/2017
gastar. O estado retira o dinheiro a quem o saberia gastar para gastar ele - retira poder de
consumo e investimento.
f) Período entre 80 e 96 - estes autores começaram iniciar uma serie de reformas que muitos
países da OCDE também seguiram. Neste período a despesa pública embora continue a crescer
o ritmo do aumento abranda.
g) Período de 96 até à atualidade - estes autores agrupam os países que servem de análise
à sua pesquisa e concluem que a despesa tende a diminuir de um modo geral, embora com
períodos de oscilação. O que os autores fazem é dividir por categorias os vários países que
analisam. Dividem de acordo com o timing em que conseguem atingir o propósito da diminuição
da despesa e os esforços que desenvolvem para alcançar tal propósito (ver as páginas 15 e
seguintes do artigo do info). Portugal faz parte de uma pequena categoria de países nos quais as
despesas primarias atingiram o seu limite em 2002. Desta categoria fazem também parte o Japão
e a Grécia e os autores chamam a esta categoria como não reformadores.
Período de 2005 a 2016 (não está contido no estudo dos autores mas também há um quadro no
infor) - verifica-se um decréscimo da despesa pública. O nível mais baixo de despesa pública foi
em Portugal atingido em 2007 e que ascendeu a 44,5%. Por sua vez, o nível mais elevado
ocorreu nos anos de 2010 e 2014 com valores idênticos de 51,8%.
Orçamento de estado
Regra da anualidade orçamental - o orçamento é feito numa base anual - 106º/1 CRP - esta
regra envolve uma dupla exigência: necessidade da votação por parte do parlamento ser anual e
que a execução seja igualmente anual pelo governo e administração pública. O período financeiro
referência coincide com o nosso ano civil. Quais as despesas e quais as receitas? Depende do
orçamento em causa porque existem 2 tipos de orçamentos:
montante resultante da divida que nasce para o estado nesse ano. Já no orçamento de ingerência
serão registados 10 milhões que é o valor que efetivamente se paga nesse ano.
O balanço não se trata de uma previsão espelha sim uma realidade em dado momento, espelha-
se o ativo e o passivo, a saúde financeira naquele determinado momento. As receitas e despesas
não equivalem ao ativo e ao passivo.
1- Relacionação das receitas com as despesas - o Estado tem de orçar as suas despesas
e receitas a fim de se assegurar que as receitas bastam para cobrir as despesas.
sabendo que não o poderão superar. O sumário de todas as despesas consiste no somatório do
que cada um dos serviços pode gastar. Os serviços tem e confinar as suas despesas aos créditos
que lhes fora atributos não os podendo ultrapassar e isto mostra que a previsão das receitas não
tem o mesmo significado da previsão das despesas. O orçamento das receitas é e deve ser uma
mera previsão o mais próxima da realidade possível, as cobranças são sempre incertas. O
orçamento da despesa prevê verbas cujo montante os serviços não podem ultrapassar. Daí se
dizer que se fixam as despesas e se prevêem as receitas. Quando estamos perante um
orçamento de exercício os créditos orçamentais são autorizações de contrair divida
durante um período financeiro e fazer pagamentos durante esse período financeiro e
períodos seguintes.
Quando estamos perante o orçamento de gerência os créditos orçamentais são
autorizações para fazer pagamentos durante o período e também, autorizações de contrair
dividas a pagar no próprio período.
Breves notas:
A lei do enquadramento orçamental de 2001 foi parcialmente revogada em agosto de 2015 - lei
91/2001 de 20 de Agosto.
12 de setembro de 2015 entrou em vigor a nova LEO que é a lei nº 151/2015 de 12 de Setembro.
Legislador confuso, no fundo vigoram atualmente partes de ambas as leis porque uma está
parcialmente atualizada. Artigo 8º da nova LEO diz-nos que artigos não estão em vigor na nova
LEO e que por isso temos de os ir ver à velha LEO. Artigo 7º/2 diz quais estão em vigor na antiga
LEO.
1- Regra da unidade - o orçamento serve para relacionar as receitas com as despesas pelo
que é conveniente que receitas e despesas estejas previstas no mesmo documento e se o
montante das receitas é suficiente para cobri-las. Alem disso, o orçamento expõe o plano
financeiro. Apreende-se melhor um plano quando ele consta de um só documento. Segundo esta
regras receitas e despesas do estado devem ser inscritas num único documento. A unidade do
orçamento é a unidade do documento de que ele consta. A razão de ser desta regra é que esta
permite uma maior transparência do orçamento e o cumprimento cabal da função de relacionação
das receitas com as despesas e da função de exposição do plano financeiro. Há também quem
considere que a possibilidade de haver uma visão do conjunto é fator de disciplina e rigor. O artigo
105º/3 CRP começa por dizer que o orçamento é unitário e por sua vez também no 9º/1 da nova
LEO encontramos o mesmo. Mas quais os segmentos de Estado que tem o seu orçamento
contido num orçamento de Estado? Quais os segmentos que não dispõem de um orçamento
separado? A resposta é dada no artigo 9º/1 nova LEO -“das entidades que compõe o sector da
administração central e o sub-setor da segurança social - estas duas entidades tem o seu
orçamento dentro do orçamento e estado. Quais as que ficam de fora? Resposta no 9º/2 - “Os
orçamentos das Regiões Autónomas e os Orçamentos das Autarquias Locais…” - e
compreendem todas as receitas e despesas das administres regional e local.
Andreia Filipa Santos 2017/2018
Notas:
1- Apuramos que entre nós existe uma pluralidade orçamental: o orçamento do estado é
restrito ao nível nacional da administração havendo orçamentos separados para as regiões
autónomas e para as autarquias locais.
2- Apesar desta pluralidade e para que não haja perda de transparência no sistema há a
obrigação de inscrever em cada um dos orçamentos existentes a totalidade das receitas e a
totalidade das despesas conforme resulta do artigo 9º/2 da nova LEO.
Aula 4
03/11/2017
Limites da especificação: uma das dificuldades que se coloca é saber qual o grau de
pormenorização necessário. Esta regra da especificação não deve ser levada às ultimas
consequências, impondo uma discriminação minuciosa sob pena de tolher demasiados serviços
impedindo-os de se adaptarem às circunstâncias. Exemplo: eis que de descriminam os gastos
em papel de carta, envelopes, tintas, lápis, se assim fosse, este grau de minuciosidade, o serviço
ficaria amarrado a cada uma destas verbas sem liberdade de movimentos. Se assim acontecesse
o que iria ocorrer acabando verba de lápis não havendo lápis mas ainda havendo verba em tinta?
Não se podia ir buscar para lápis o dinheiro da tinta. Apenas se se procedesse a uma revisão
orçamental poderia fazer-se isso. Ou seja, inscreve-se no orçamento qualquer serviço (despesas
para serviço de secretaria…). Não pode ser levado a extremo o grau de detalhe que impeça o
regular funcionamento de um serviço.
para uma finalidade pré definida para certos objetivos económicos como por exemplo o POPH.
Assim, um programa de despesas é um conjunto de verbas que se destinam à realização de
medidas articuladas e complementares que servem determinados objetivos de carácter plurianual.
Pode incluir vários orgãos, vários tipos de despesa e satisfazer várias funções do estado.
2- Os montantes dos reembolsos e restituições são arrecadados pelo estado mas como
tem de ser devolvidos aos contribuintes nem se pode dizer propriamente que tenham sido
cobrados e por isso ate podemos dizer que não são verdadeiras receitas porque nem chegam a
pertencer ao Estado.
4 - Regra da não consignação - Art. 16º nova LEO - Quando o estado cobra as receitas
que são incertas, fá-lo sem nenhuma finalidade especifica porque as receitas servem para cobrir a
globalidade das despesas, não havendo uma afectação caso a caso. Regra geral não se cria um
imposto sobre, por exemplo, produtos açucarados para pegar no produto desse imposto e
construir uma ponte. Isso à partida não acontece.
Segundo esta regra as receitas devem destinar-se à cobertura de todas as despesas não
devendo afectar-se certas receitas à cobertura de despesas em geral.
Qual a razão de ser desta regra? Caso houvesse consignação de receitas, a receita
consignada poderia não ser suficiente para cobrir a despesa correspondente e deste modo
poderia acontecer que a despesa prevista deixasse de puder realizar-se em todo ou parte por não
ser possível arrecadar receita suficiente para essa despesa. Exemplo: para a realização de
despesa relativa ao pagamento dos vencimentos dos funcionários de uma conservatória inscreve-
se no Orçamento de Estado para 2018 a dotação de 1000 e consigna-se a essa despesa a receita
advinda das taxas pagas pelos registos das hipotecas. No ano de 2018 quase não há hipotecas e
só se arrecadam 200 a título dessas taxas. Caso houvesse essa consignação parte dos
vencimentos dos funcionários das conservatórias não seriam pagos.
Quando é que há consignação de receitas? Só existe consignação de receitas quando o
estado afeta determinadas receitas à cobertura de determinadas despesas em termos tais que:
1- Essas receitas não poderão destinar-se à cobertura de quaisquer outras despesas
2- Essas despesas apenas se poderão efectuar na medida em que sejam arrecadadas
receitas suficientes para cobrir essas tais despesas
Exemplo: No orçamento de 2018 o Estado inscreve uma despesa relativa ao pagamento de
bolsas a atletas olímpicos no valor de 1000. Para financiamento da despesa prevista cria um novo
imposto: o imposto CR7 que é cobrado sempre que se compram bilhetes de futebol. Em 2018 a
cobrança do imposto CR7 acaba por render ao estado o montante total de 800:
Hipótese 1 - o Estado paga a totalidade dos 1000 em bolsas a atletas olímpicos;
Hipótese 2 - o Estado apenas paga o montante de 800 em bolsas aos atletas olímpicos
mas paga essas bolsas com outras receitas que não as do imposto CR7;
Hipótese 3 - o Estado apenas paga o montante de 800 e paga esse montante usando
exclusivamente as receitas provenientes do imposto CR7, imposto esse que não afeta à cobertura
de quaisquer outras despesas.
Hipótese 4 - no ano de 2018 o imposto CR7 rende ao Estado um montante de 1200. O
Estado usa 1000 para pagar a despesa das bolsas e só depois de assegurar a cobertura desses
1000 afeta os outros 200 e afeta à cobertura das outras despesas.
Apenas nas hipóteses 3 e 4 estamos perante hipóteses de consignação de receitas e
também apenas estas hipóteses ilustram a regra do duplo cabimento e segundo esta regra,
havendo consignação de receitas para pagamento de determinadas despesas, essas despesas
deverão caber em duas coisas:
2- No produto das receitas que lhe foram afectadas - segundo cabimento - previsto no
artigo 42º/9. Este segundo cabimento é o que está ilustrado na hipótese 3 porque embora no caso
houvesse autorização para gastar até ao montante de 1000 apenas se pode efectuar despesa até
ao montante da receita arrecadada que no nosso caso foram os 800.
O artigo 16º/2 da nova Leo funciona como excepções ao disposto no nº 1 do mesmo artigo.
O artigo 42º/9 da velha LEO diz-nos que a realização de qualquer despesa à qual esteja
consignada determinada receita fica também consignada à receita em igual montante o artigo
55º/4 da atual LEO dispõe a mesma coisa mas acrescenta algo mais. Importa distinguir entre
liquidação e cobrança. Liquidação é o imposto a cobrar pelo contribuinte. Cobrança é o
pagamento por parte do contribuinte.
1- Autonomia financeira
3- Distinção entre despesas correntes e de capital - Há quem entenda que devem existir dois
documentos orçamentais: um de orçamento corrente e outro de orçamento capital, veremos na
próxima semana. Em que se prevejam despesas em bens consumíveis e as receitas que provem
do rendimento - orçamento corrente e outro em que se prevejam as despesas em bens
duradouros e as receitas que provem do aforro - orçamento de capital.
Drº Teixeira Ribeiro diz que em relação a 2 e 3 teríamos 3 orçamentos mas que isto não
quer dizer que o estado quebraria a regra da unidade. O orçamento ordinário e extraordinário
podem fazer parte do mesmo documento tal como os orçamentos correntes e de capital. Em
suma, tem autonomia financeira tanto o orçamento ordinário e extraordinário , corrente e de
capital, são inteiramente compatíveis com a regra da unidade. Já quanto à consignação considera
o Drº Teixeira Ribeiro que há razões para que se possa consignar receitas mas não para a
multiplicidade orçamental. ler em casa regras e princípios do artigo 9º ao 19º da nova LEO.
Aula 5
10/11/2017
Equilibrio orçamental
A ideia é que não faz sentido que se prevejam despesas sem que se prevejam as receitas
bastantes para realizar essas mesmas despesas, então, a totalidade das receitas terá que ser
sempre suficiente para cobrir a totalidade das despesas. O orçamento apresenta-se sempre com
receitas iguais ou superiores às despesas, ié, equilibrar que é o ideal, o super habitário. Este
equilíbrio entre todas as despesas e todas as receitas é o que se designa por equilíbrio formal
do orçamento de estado, equilíbrio este que está sempre presente e que é constitucionalmente
imposto, basta que vejamos o artigo 105º/4 CRP mas também no artigo 9º da Velha LEO,
apesar de não estar em vigor dá-nos muita informação. Entende-se porem que não basta a
equivalência entre a totalidade das despesas e a totalidade das receitas (vistas de um modo
indiscriminado). É que a saúde das Finanças públicas implicará que determinadas despesas
devam ou não ser cobertas com determinadas receitas. Exemplo: orçamento de 2018 preveria
que todas as despesas do estado fossem cobertas com recurso a empréstimos. Formalmente
estaríamos perante uma situação de equilíbrio (a todas as despesas que o Estado incorre
arranjaríamos receitas para fazer face a essas despesas) no ponto de vista da sustentabilidade
isto seria desastroso. Estaríamos a fazer face a despesas com recurso a empréstimos, o estado
estaria a endividar-se para pagar a luz dos município os salários dos funcionários públicos… Mas
apesar do que acabámos de dizer se se fala de défice é porque este pode haver mesmo quando
as receitas são iguais ou superiores às despesas, é que o equilíbrio orçamental não se define pelo
equilíbrio entre todas as despesas e todas as receitas, mas sim pelo equilíbrio entre certo tipo ou
categoria de despesas e certo tipo ou categoria de receitas, então, o equilíbrio do orçamento
afere-se em termos materiais, enquanto equilíbrio entre determinadas categorias de despesas e
determinadas categorias de receitas. Mas que despesas e que receitas são essas? Depende
do critério de equilíbrio que estivermos a levar em consideração:
Receitas efectivas —> são receitas que aumentam o património financeiro do estado (ex:
receitas patrimoniais, taxas e impostos, especialmente os impostos)
Despesas efectivas —> são despesas que diminuem o património financeiro do estado (ex:
despesas com a aquisição de quaisquer bens inclusive os duradouros, ou aquisições de serviços -
ordenados dos funcionários públicos).
Receitas não efectivas —> são aquelas que não aumentam o património financeiro do Estado
(ex: empréstimos contraídos pelo estado. Quando entra esse milhão nos cofres do estado, se isto
fosse um balanço no ativo tínhamos esse milhão mas no passivo também, então em rigor este
valor está anulado logo não aumenta o seu património financeiro, já o contrário acontece com os
impostos).
Despesas não efectivas —> são despesas que não diminuem o património financeiro do Estado
(ex: reembolso do empréstimo) o milhão entrou mas o estado já sabia que ele teria de sair.
redução das despesas ao mínimo, o melhor orçamento seria o mais pequeno porque as
respectivas despesas do estado encontravam-se limitadas ao total dos tributos que se pudesse
arrecadar (essencialmente os impostos) e esta arrecadação de impostos, por sua vez,
encontrava-se limitada pela resistência dos próprios contribuintes, não só destes mas também
pela certeza de que a carga tributária tem sempre efeitos nefastos. A ideia é que o orçamento de
estado seja pequeno e equilibrado para que não sejam construídos empréstimos, e que o
pagamento desses empréstimos acabaria também por se repercutir nas gerações futuras,
passando-lhes o ónus do seu pagamento. Além disso, os capitais não são elásticos, não são
infinitos. O estado dirigindo-se ao mercado e contraindo um empréstimo vai fazer com que
diminua o capital disponível e vai pagar em principio altos juros, ora, o valor do credito à
disposição das famílias e das empresas (outros agentes económicos) será menor e tal como
sabemos que se a procura aumenta os juros sobem e por isso tanto empresas como famílias se
sentirão com o recurso de capitais ao mercado por parte do Estado. Por isso também se pode
dizer que quanto menos despesa publica fizer o estado (daí ter de ser um orçamento pequeno e
barato) menos impostos serão necessários cobrar e, consequentemente, menor é o valor que é
“retirado” ao particular e com menos dinheiro retirado sobra mais para consumir e aforrar (de
preferencia investindo-o). Falamos num orçamento pequeno e barato porque uma despesa
publica pequena implicava que o estado interviesse pouco e os clássicos queriam um estado
pouco intervertido que se limitasse às suas tarefas principais “policy, defense and arms”. Apesar
desta limitação referida (orçamento pequeno e barato) pior ainda seria um cenário de
desequilíbrio. Se houvesse défice, ou seja, se o valor arrecadado pelas taxas e impostos fosse
inferior ao valor das despesas públicas, o estado teria 2 alternativas:
b) A cobertura de despesas públicas com empréstimos nem sempre gera efeitos nocivos.
Em relação à emissão de notas este comportamento apenas será inflacionista se houver pleno
emprego, por outro lado, a contração de empréstimos por parte do estado apenas prejudicará o
investimento se for aplicado em consumo.
Receitas ordinárias—> receitas cobradas em determinado período financeiro e que com toda a
probabilidade voltarão a ser cobradas nos períodos seguintes (ex: taxas e impostos permanentes);
Despesas extraordinárias —> são despesas que presumivelmente não se repetirão todos os
períodos, não sendo previsível quando voltarão a surgir (ex: construção de uma certa estrada);
Receitas extraordinárias —> são receitas obtidas num determinado período financeiro e que não
se sabe quando voltarão a ser obtidas (ex: empréstimos).
Ao abrigo desta concepção de equilíbrio as despesas ordinárias devem ser cobradas com
receitas ordinárias e as despesas extraordinárias cobertas com receitas extraordinárias. Esta
concepção foi adoptada por razões de ordem pragmática porque era necessário realizar despesas
de importância inquestionável a que não se conseguiria fazer face apenas com os impostos. Esta
concepção encontra-se associada ao financiamento das redes rodoviárias e ferroviárias a meio do
século XIX. Nesta época de realização de grandes obras públicas impunha-se o respectivo
financiamento que não se conseguia com o recurso aos impostos. Foi então necessário que o
respectivo financiamento com o recurso ao crédito fosse acolhido nos quadros do equilíbrio
orçamental. Com o estado novo regressou-se a este critério que seria mantido ate 1977.
2- Esta regra permite o equilíbrio entre a utilidade usufruída por cada geração e a utilidade
custeada por si mesma. Entende-se que as despesas ordinárias (todos os anos se repetem)
esgotam a sua utilidade no período em que são realizadas (ex: os vencimentos pagos anualmente
aos funcionários públicos, apenas remuneram o trabalho que eles prestam nesse ano). Por outro
lado as despesas que não se repetem em todos os períodos financeiros (despesas
extraordinárias) oferecem uma utilidade duradoura, assim sendo, a construção da estrada também
aproveitará aos que viverem em anos posteriores. Deste modo, as despesas com utilidade
passageira deveriam ser custeadas com receita ordinária, ié, com taxas e impostos permanentes
e receitas patrimoniais, cobradas num ano e presumivelmente gerados com rendimento desses
ano. As despesas com utilidade duradoura poderiam ser pagas com empréstimos ou receitas
extraordinárias que gerariam encargos, designadamente juros, não só nesse período mas também
em períodos futuros e a este propósito é relevante falar no principio da equidade
intergeracional - artigo 10º da velha LEO (não está em vigor) e 13º da Nova LEO - Este
princípio é uma questão de justiça entre várias gerações. O ónus para as gerações futuras implica
que uma decisão financeira tenha impacto no futuro. A geração paga as despesas cuja utilidade
se limita a 1 ano e as gerações futuras pagarão as duradouras.
a) O critério não se sustenta à luz da sua própria lógica - Drº Teixeira Ribeiro diz que “ o que
determina o caracter permanente ou esporádico das despesas não é o facto destas
retomarem em espécie (ex: ponte, hospital, estrada) mas em género ou montante, ou seja,
mesmo que a despesa orçada num ano para realizar determinada obra ou parte dessa obra
não volte a surgir em anos subsequentes será muitas vezes presumível que o estado tenha de
prever de novo igual montante nos períodos subsequentes, para custear outras obras
públicas, aí descortinamos uma despesa permanente. Na verdade o estado, anualmente
prevê, a realização e determinado montante de despesas de um determinado género.
Estamos então em face de um montante ordinário de despesas extraordinárias, ou seja, de
uma despesa extraordinária recorrente, ié, de uma despesa extraordinária que no seu
montante se repete, trata-se aqui de uma despesa que não retorna em espécie mas em
género (ex: obra pública) que deveria ser coberta com receita ordinária. Elas também
constituem despesas permanentes.
orçamento ordinário, considerando-se uma despesa extraordinária, pode ser coberta com
recurso a receitas extraordinárias (empréstimos). Não é indiferente a concepção adoptada
para efeitos de averiguação de existência ou não de equilíbrio.
c) Não se demonstra que as despesas extraordinárias tenham todas uma utilidade duradoura. é
no mínimo discutível que as despesas com a guerra do ultramar (financiadas com
empréstimos) tenham gerado uma utilidade duradoura - Drº Teixeira Ribeiro - e não se
demonstra que as despesas que todos os anos se repetem tenham uma utilidade apenas
passageira Ex salário pago anualmente a uma prof primaria e o que advém dela ter ensinado
a ler e a escrever uma turma com durabilidade eterna. Esta é uma concepção facilitado da
concepção de empréstimos.
Despesas de capital —> aquelas que o estado faz em bens duradouros ou que
contribuem para a formação de aforro (exemplo: construção de uma estrada e reembolso de um
empréstimo). O orçamento das despesas de capital contem as seguintes rubricas: despesas com
bens duradouros, empréstimos a conceder pelo estado, reembolso dos empréstimos que o estado
contraiu e transferencias de capital a favor de entidades públicas ou privadas.
orçamento corrente, portanto o excesso das receitas será dirigido para pagamento das despesas
de capital. Esta situação é benéfica porque significa que o estado pode efetuar mais despesas de
capital do que aquelas que as receitas de capital permitiriam. Isto porque o superavit do
orçamento corrente foi canalizado para investimento já que as despesas de capital são aforro
destinado a investimento
Aula 6
17/11/2017
2- Esta concepção permite avaliar com clareza a acepção do estado sobre as duas grandes
variáveis macroeconomia: do consumo e do aforro. Se houver défice do orçamento corrente
significa então que as receitas correntes não são suficientes para cobrir as despesas correntes e
por isso as despesas correntes serão financiadas com um superavit do orçamento capital, ou seja,
ha receitas de capital que em principio se destinariam a despesas de capital a financiar o
consumo publico. ha portanto desaforro publico e aumento do consumo total e isto é uma situação
desvantajosa porque pagar-se-á com empréstimos despesas correntes o que implica o
pagamento de juros, juros esses a pagar no futuro sem que se formem no entanto novos bens
capitais que permitem a reprodução do capital. Pelo contrário se houver superavit do orçamento
corrente significa que as receitas correntes excedem as despesas correntes e isso significa que
ha receita que de outro modo seria destinada ao consumo privado que esta a ser afecta à
poupança publica, isto significa que há receita que esta a ser afecta à poupança publica de onde
se percebe que aumenta o aforro publico e por isso aumenta o aforro total, o que pode ser
aconselhável para arrefecer a economia nomeadamente numa situação de inflação;
CRÍTICAS:
1- O pressuposto de que o montante com que se pagam os impostos seria destinado pelos
contribuintes a consumo nem sempre se revela correcto. Pode tratar-se de um montante
aforrado ou que se destinaria ao aforro. É no entanto correcto afirmar-se que a maioria do
montante com que se pagam os impostos seria destinado a consumo - Critério sufragado pelo Drº
Teixeira Ribeiro - considera este critério o falho de racionalidade económica.
Considerando apenas o critério do orçamento efetivo e do orçamento corrente o Drº Teixeira
Ribeiro chama a atenção para:
b) O assegurar do equilíbrio do orçamento corrente evita que haja absorção do aforro privado
para ser gasto em consumo público. por sua vez o equilíbrio do orçamento efetivo (mais
exigente) é adequado para controlar processos inflacionistas uma vez que limita muito o
recurso ao crédito. Drº Teixeira ribeiro considera preferível a concepção do equilíbrio do
orçamento corrente porque a do orçamento efetivo limita demasiado o investimento publico
e assim o alcance da prossecução da agenda estadual cuja importância é mais duradoura:
a do desenvolvimento económico.
permite apurar a situação financeira do estado sem olhar para o passado, é que os juros da divida
são relativos a empréstimos de anos anteriores. Estes autores também concordam que este
critério para alem de uma finalidade política tem um importante efeito económico, o de confiança
dos agentes económicos ja que facilita a apresentação de orçamentos de estado equilibrados.
Para apurar este contributo ha que compreender que existe uma fatia grande de despesas cuja
realização não está na disponibilidade ou discricionaridade de cada executivo (despesas
obrigatórias constantes dos artigos 16º Velha LEO e 44º da nova LEO) e tratam-se de
compromissos resultantes de anos anteriores e muitas vezes alheios ao atual governo. É o caso
das despesas plurianuais, por exemplo, e o caso do pagamento de obrigações emitidas a 5 anos
(findos estes 5 anos é o governo que lá estiver que terá que pagar). Estas despesas tem um
grande peso no nosso orçamento, e sendo obrigatórias. O novo governo não tem liberdade para
optar por orçamentar ou não orçamentar essas responsabilidades inerentes a divida contraída por
governos passados. No fundo a ideia é a de que o governo herda a responsabilidade de
pagar. O equilíbrio do orçamento primário permite ao executivo demonstrar que relativamente à
despesas efectivas pelas quais é directamente responsável, conseguiu um equilíbrio orçamental.
Há então uma forte lógica política em que se permite perceber que se os juros da divida são
resultado de défices anteriores poder-se-à averiguar se cada governo gerou um novo défice.
Facilita-se a apresentação de orçamentos equilibrados, o que tem um efeito económico benéfico
de confiança dos agentes económicos.
Art. 23º (em vigor) Art. 27º (em vigor só a partir de Set. 2018)
Art. 25º (em vigor) Art. 28º (só em vigor a partir de Set. 2018)
Além das regras de direito interno, os estados membros terão de respeitar regras e
tratados comunitários e a UE está cada vez mais atenta ao nosso orçamento tanto na sua
elaboração como execução. Assim acontece porque até 1999 (data de inicio da 3ª fase da união
económica e monetária) os défices dos orçamentos de estado não eram grande preocupação para
os outros países, contudo a preocupação com o sucesso económico dos países da UE prende-se
com os efeitos de contágio entre as várias economias. Esta 3ª e ultima fase está em curso ainda
para alguns países e diz especificamente respeito à introdução do euro nos países da UE que
ainda não o tenham adoptado.
Os países da UE devem cumprir um conjunto de requisitos económicos e jurídicos antes
de poderem aderir à 3ª fase económica e monetária. Estes requisitos económicos são os
denominados critérios de convergência com vista a assegurar uma economia e situação
financeira estáveis na UE a fim de preservar a estabilidade da área do euro. No que respeita aos
requisitos jurídicos a ideia de que o direito nacional tem de se compatibilizar com normas e
tratados da UE. Assim que preenche todos os requisitos um país esta autorizado a participar desta
3ª fase e a adotar o euro como moeda única.
Andreia Filipa Santos 2017/2018
Como Portugal já adoptou o euro temos de ficar com a ideia de que existem 4 critérios
prévios que um país tem de preencher para que possa entra na zona euro e estão eles
previstos no artigo 140º TFUE que deve ser compatibilizado com o Protocolo nº 13 dos tratados
que se refere aos critérios de convergência:
Em 2012 foi aprovado o que commumente se designa por tratado orçamental - 126º/2
do TFUE - estes valores de referência a que se nos refere o artigo encontram-se especificados no
Protocolo nº 12 que no seu artigo 1º nos diz que os valores de referencia a que se refere o 2 do
126 são:
Daqui retiramos a existência de dois critérios: défice orçamental ( limite 3% do PIB) e divida
pública (não pode ultrapassar os 60% do PIB)
O sentido destes dois critérios é essencialmente inibir os governos dos estados membros de levar
a cabo políticas orçamentais particularmente desregradas que produziriam efeitos nefastos sobre
os demais estados membros. O nº3 do artigo 126º TFUE fala-nos do incumprimento dos estados
membros quanto a estes critérios acima enunciados. Vai analisar se o estado ultrapassou os
limites porque contraiu empréstimos para pagar despesas publicas de investimento e desta
análise pode o conselho sob proposta da comissão concluir que se não fosse para pagar aquelas
despesas o estado tinha ficado dentro daqueles limites e assim decidir que não existe défice
excessivo nos termos do nº 6 do 126º. “Investimento” no tratado remissão para o Protocolo 12
artigo 2º que define o que são as despesas de investimento. O nº3 do 126º não se fica por aqui.
Leitura dos números 4 e 5, 6, 8, 11, 12, 13 e 14 do 126º. Fazem-se recomendações ao EM. Muitas
vezes é questionado: um estado membro ultrapassa um dos critérios, tendencialmente o do
défice. A multa não é automática. O 126º elenco todo o procedimento logo a começar com as
recomendações e que vai por aí adiante. Um EM que não cumpra com os referido critérios não lhe
é automaticamente aplicada uma medida. Só depois de recomendação ignorada e continuação
em situação de incumprimento é que passa a haver a aplicação de uma medida já em situações
muito gravosas. Protocolo nº12 deve sempre ser articulado com o Artigo 126º TFUE. O artigo
2º vem definir certos conceitos do 126º e a primeira definição que dá é “orçamental” - é o que diz
respeito ao governo em geral. A definição de orçamental importa porque pesar de termos
percebido que em Portugal há uma pluralidade orçamental (artigo 9º nova LEO) para este efeito
há a consideração como que de um orçamento único, é que na contabilização comunitária são
incluídas as contas consolidadas de todos os níveis da administração, ou seja, há um
endividamento liquido estadual, soma-se o endividamento dos níveis de administração regional e
autárquico. Ora, o perímetro das entidades que interessam a UE avaliar vai para alem daquelas
que integram o orçamento de estado. A segunda definição é a de “défice” - empréstimos líquidos
contraídos tal como definidos no sistema europeu das contas económicas integradas” e o défice
corresponde então ao endividamento liquido. O endividamento liquido deve atender-se à diferença
entre receitas efectivas e despesas efectivas, o que nos permite perceber que nos textos de
direito comunitário se encontra consagrado expressamente o critério do défice efectivo do
orçamento. A manutenção do défice dentro de certos limites é um índice da estabilidade do país
patenteando uma gestão orçamental controlada e rigorosa. Por outro lado esta limitação
corresponde às concepções teóricas e politicamente dominantes de feição neo-liberal e assim
entende-se que a intervenção do estado deve ser reduzida ao mínimo. A terceira definição é
“investimento” - formação brutal de capital fixo. Define também “divida” - divida global bruta
consolidada pelos diferentes sectores do governo em geral. Nota acerca da divida: uma vez que
mais cedo ou mais tarde a divida teria que ser paga com receitas orçamentais, entende-se que o
facto desta ter um montante elevado condicionaria demasiado o comportamento orçamental futuro
do estado, ou seja, mais cedo ou mais tarde implica que o estado aumente os impostos ou
adquira mais divida para pagar os juros ou para extinguir a anterior uma vez que o aumento dos
impostos encontra um limite na resistência dos contribuintes, a existência de muita divida
acumulada implicará certamente, a prazo, um aumento do défice.
BCE deve atender ao todo da zona euro não podendo por exemplo intervir sobre as taxas de juro
no sentido mais favorável apenas para uma parte dos países e ainda amais porque o BCE tem
como objetivo principal da sua atuação a manutenção da estabilidade dos preços (127ºTFUE).
2 - Por outro lado, o critério adotado para aferir a existência de défice é o do equilíbrio
efectivo que é o mais restritivo em termos de investimento público, é que ainda hoje esse critério
assenta nos seus pressupostos iniciais: qualifica as despesas de investimento como despesa
efectiva ano permitindo o seu financiamento com empréstimos.
Aula 7
24/11/2017
Saldo estrutural
Atualmente encontra-se em vigor ainda o artigo 12º-C da velha LEO. Na nova LEO
encontra-se previsto no artigo 20º a noção de estado estrutural e tampem no artigo 3º do Tratado
orçamental.
O que é o saldo estrutural? Há quem o saiba calcular mas todos chegam a valores
diferentes, há quem chega a dizer que se trata de “magia negra” uma vez que é um mecanismo
muito relevante cujos resultados a que se chega são diferentes. O artigo 12º- C nº3 da velha
LEO define saldo estrutural “ corresponde ao saldo orçamental das administrações publicas
corrigidos os efeitos cíclicos…” os efeitos cíclicos significam a influencia da conjuntura
económica que como sabemos automaticamente influencia o saldo estrutural apurado. Por
exemplo num período de recessão os impostos recebidos tendem a diminuir e os subsídios de
desemprego pagos tendem a aumentar. já estas medidas extraordinárias e temporárias são
aquelas medidas, tal como on nome indica, que não podem ser utilizadas de forma recorrente. É o
caso, por exemplo em 2014 da resolução do BES mais tarde o BANIF. É o mesmo que dizer se
ao saldo global retirarmos ambas essas componentes vamos ter o valor do saldo estrutural. Se
esse valor for negativo temos um défice do saldo estrutural. Exemplo: se o saldo global for
igual a -7,2‰ PIB as medidas temporárias ou não recorrentes forem iguais a -3,6‰ do PIB e
a componente cíclica de -1,5‰ do PIB, de quanto será o saldo estrutural?
3 - O saldo estrutural não pode ser inferior ao objetivo de médio prazo constante no PEC, tendo
por objetivo traçar o limite de défice estrutural de o,5‰ do PIB a preço de mercado - 0,5‰ é o
objetivo, contudo vários países apresentam programas à comissão e ao conselho, programas de
estabilidade, os estados membros propõem-se aproximar desse objetivo de 0,5 de saldo negativo
até se aproximarem dos valores objetivos propostos.
12º- C /5—> se determinado pais tiver uma divida muito inferior a 60‰ não está no limbo, a sua
percentagem de défice pode ser um pouco maior, 1‰
É muito importante ler o artigo 3º do Tratado orçamental e também o artigo 8º que nos
faz perceber que o incumprimento desta exigência, a tal exigência do objetivo dos 0.5, pode levar
à aplicação de sanções no TJUE - Art.8º do Tratado Orçamental.
O procedimento orçamental, que esta todo na legislação, apenas será lecionado pela Drª
Matilde Lavouras nas aulas teóricas.
A vida do orçamento e a sua execução pautam-se pelo respeito de regras e princípios tanto na
sua elaboração como na sua execução.
públicos ser mantidos numa única entidade que é o tesouro, entidade que a nova LEO agora
chama de tesouraria central do estado.
(NOTA à parte: naqueles casos, daqueles serviços, que disponham de receitas consignadas,
além deste princípios todos de que estamos a falar estes têm também de responder à regra do
duplo cabimento. Quais são esses dois cabimentos? O 1º cabimento ou cabimento geral- tem de
caber no crédito/dotação orçamental, em relação a todas as despesas. O 2º cabimento- em
Andreia Filipa Santos 2017/2018
relação aos serviços com receias consignadas. No artigo 42º/9 Velha LEO. No cabimento é a
despesa que tem de caber.)
Notas:
As cativações são percentagem de despesa atribuída a um serviço, que pode ser gasta
opor um serviço, percentagem de dotação orçamental para um serviço, em que um ministro das
finanças pega num das percentagens e como que a põe numa gaveta, ideia de que para este
serviço se concedeu um credito de 1000. Figurativamente o ministro pega em 10‰ de 1000, ou
seja, 100 e mete-os na gaveta dizendo para tentarem gastar só 900 de modo a diminuir a despesa
“n\ao andando com tanto dinheiro no bolso, gasto menos.
Alterações orçamentais - previstas nos artigos 49º e seguintes da velha LEO. Estas
alterações podem decorrer de alguns motivos como por exemplo:
1- necessidade de realizar despesa não inscrita no orçamento;
2- necessidade de aumentar o montante de uma despesa já prevista;
3- necessidade de suprir a falta de receitas.
A alteração do orçamento pode ser levada a cabo pela AR e pelo governo, tal como definido nos
artigos 49º e ss. sendo certo que qualquer alteração orçamental que venha a ser introduzida não
deve implicar a alteração da igualdade entre receitas e despesas, ou seja, terá de existir sempre
igualdade entre receitas totais e despesas totais- acepção formal do OE.
NOTA: Artigo 167º/2 CRP que respeita a chamada LEI TRAVÃO—> estamos perante
uma limitação dos poderes parlamentares em matéria de aumento da despesa ou de diminuição
da receita fora do debate do orçamento. Lei travão por funcionar justamente como um travão, ao
aumento das despesas e diminuição da receita, porque o orçamento não pode ser desautorizado
por via legislativa porque pretende-se garantir a estabilidade da execução do orçamento e impedir
o desequilíbrio orçamental.
instancia efetiva, um problema também constitucional. Mas não podemos dizer que devido a este
provem o visto prévio não é o que é, ou que temos uma decisão administrativa. Não podemos por
causa dos problemas da lei descaracterizar aquela decisão. Não se pode dizer que uma decisão
unicamente jurisdicional feita por um tribunal que é estatutário e funciona normalmente é uma
decisão administrativa porque as decisões são verdadeiramente jurisdicionais. Há ainda o
problema da normatividade financeira. Há certos casos em que as normas que cabe ao TC
controlar são normas de boa administração. São coisas parecidas com recomendações. Com
base na lei como se controla se uma decisão é ou não eficiente? esse é um juízo que é
discricionário porque o que eu acho eficiente pode não ser o que outra pessoa acha. Quando o TC
se movo em áreas nas quais falta normatividade ao direito financeiro é mais difícil dizermos que
estamos puras decisões jurisdicionais, sentenças puras e simples e isto leva a outro problema que
é a falta de clareza normativa que leva à tal discricionaridade que apenas releva do ponto de vista
administrativo, não para o TC. Quando ha uma margem de apreciação há então o problema da
normatividade do direito financeiro. Tendo esta posição - posição jurisdicional do TC- que
consegue ser maioritária.
Surgem novos problemas: sobreposição de jurisdições - Exemplo prático: há um
concurso público que tem lá dentro um critério que diz que vou avaliar a experiência do
concorrente. Isto é proibido porque não se pode avaliar a experiência dos empreiteiros, só que
está ilegalidade pode ser controlada. Se este contrato de empreitada estiver sujeito a visto essa
apreciação será feita pelo TC e pode acontecer que o Tribunal Administrativo Fiscal dê uma
solução e o TC outra (um recusa o visto e o outro diz que houve ilegalidade). A legalidade
estritamente financeira está reservada pela CRP no artigo 214º e no artigo 1º do LOFTC. Entre a
jurisdição administrativa financeira e a administrativa fiscal há uma relação muito particular. são
entidades sujeitas a duas jurisdições por serem quem são.
O direito financeiro é direito administrativo financeiro - o que se aplica às entidades
públicas. Isto coloca problemas mas não descaracteriza o nosso sistema. o TC não pode ficar
subordinado aos tribunais administrativos fiscais. Do Tribunal de Contas não há recurso para os
tribunais administrativos fiscais. Acórdão de 18 de Junho de 2003 - supremo tribunal
administrativo disse que “as decisões do Tribunal de Contas no tocante à legalidade e
regularidade das despesas públicas são obrigatórias para todas as entidades públicas e
privadas prevalecendo sobre quaisquer outras entidades”, ié, são decisões jurisdicionais. A
recusa de visto pelo TC, ainda que possa sofrer de eventuais ilegalidades, por ser de competência
jurisdicional exclusiva desse tribunal, não pode ser questionada fora dos mecanismos legalmente
previstos nem que essas ilegalidades possam ser sanadas por outros tribunais. Não é legalmente
possível questionar em sede de administração, os casos de recusa de visto prévio - o supremo
tribunal administrativo não pode fazer nada. Irrepetibilidade do juízo do TC em relação ao visto
prévio. Os Doutores Gomes Canotilho e Vital Moreira dizem na CRP anotada que “a última
palavra no que consta a dizer o que é o direito segundo a medida jurídico-material do direito
financeiro é do Tribunal de Contas”.
O visto prévio tem como finalidade “verificar se os contratos respeitam as leis em vigor e
se os encargos tem cabimento orçamental” cabimento orçamental da despesa associada aquele
contrato/ato e ver se este se encontra de acordo com as leis em vigor em matéria financeira -
LOFTC.
Há duas formas de atos/contratos que estariam sujeitos a visto prévio e acabam por nao
ficar sujeitos:
Dispensa de visto prévio- Podem ficar dispensados de visto prévio- atos estariam
sujeitos mas em razão da despesa que lhe está associada não ficam nomeadamente porque a
despesa é a baixo de determinado montante - artigo 48º LOFTC remetendo para a Leio do
Orçamento de Estado. no caso da lei para op orçamento de estado de 2018 o valor é de
350.000€ e assim é há 4 ou 5 anos.
Isenção de visto prévio - Podem ficar isentos de visto prévio- o contrato não está sujeito
a visto prévio por ficar isento. A isenção de fiscalização prévia encontramos 3 tipos de contratos:
1. Estão isentados os contratos até 5 milhões de euros das entidades que não
se incluam no sector publico administrativo clássico (não são municípios, não são o próprio
Estado, não são freguesias, não são institutos públicos…) - 2º/1 LOFTC - Ficam isentos: As
raríssimas. A Ordem dos Advogados. A empresa municipal de aguas do municio de Barcelos.
2. Contratos de arrendamento, fornecimento de agua, gás e electricidade,
limpeza, segurança e instalações técnicas.
3. Contratos adicionais a contratos de empreitada de obra pública - quando se
esta a executar uma empreitada de obra publica podem surgir dois tipos de trabalhos que se
podem fazer mas não estavam previstos:
3.1. Contratos de trabalhos de suprimento de erros e omissões -
projectou-se fazer um prédio na alta de Coimbra para instalar a faculdade de psicologia.
Começou-se a furar e apareceram artefactos arqueológicos não previstos no projeto, ou então
encontra-se uma rocha - é preciso fazer um trabalho que não estava previsto no contrato inicial.
Esses trabalhos são adicionais e visam suprir uma omissão que não estava prevista no projeto
inicial. Este contrato adicional fica fora do visto prévio.
3.2. Trabalhos a mais, ié, coisas que não se previram. Projectou-se o
prédio para fazer 2 auditórios. No entanto durante a execução percebe-se que é necessário um 3º
auditório porque a faculdade de Psicologia tem muitos alunos - contrato adicional ao contrato de
empreitada não está sujeito ai visto prévio do tribunal de contas.
Regras do 45º/1:
1. Os contratos, enquanto aguardam visto, produzem efeitos jurídicos e podem ser
executados. Em principio a regra é esta.
2. Produzem efeitos jurídicos mas não podem produzir efeitos financeiros, ié, ao abrigo
deles não se podem fazer pagamentos enquanto não houver visto. Enquanto não houver visto não
há erário público para pagar. pode ser o contrato executado não podem é haver pagamentos.
3. Se o visto prévio for entretanto recusado mas já tiver sido começado a ser executado o
contrato perde os seus efeitos jurídicos.
4. Os trabalhos que já foram executados podem ser liquidados desde que estejam
em linha, desde que tenha sido executada a programação contratual prevista. Se o contrato
tiver sido executado de forma normal - no tempo de execução foi respeitado o cronograma do
trabalho - então esses trabalhos poderão ser pagos. Se as coisas não tiverem corrido
normalmente não serão pagos. Terá de ser pago porque de outro modo haveria enriquecimento
sem causa.
5. Contratos de valor superior a 950.000€ não tem sequer eficácia jurídica - 45º/4 LOFTC.
Visto funciona como uma condição. Contrato fica sujeito a uma condição - condição suspensiva do
contrato - enquanto não houver visto prévio o contrato não produz nenhum efeito.
6. Esta regra prevalece sobre a 5ª. Se estiver em causa um contrato urgente “se tiver sido
um contrato em que houve motivos de urgência imperiosa resultante de acontecimentos
imprevisíveis pela entidade adjudicante”, por exemplo: o fogo que consome imensas casas.
Verifica-se a urgência imperiosa e por isso os contratos não ficam na sua eficácia sujeitos a visto
prévio. Ou o contrato é de valor inferior a 950mil euros e pode ser executado mas não pode ser
pago ou então o contrato foi um contrato urgente e pode ser tanto executado como pago. Se for
de valor superior a 950 mil euros tem de se esperar pelo visto prévio do tribunal de contas para se
começar a fazer alguma coisa, não pode ser pago nem pode ser executado. Quando é que o TC
recusa o visto prévio a contrato? 44º/3 da LOFTC “O TC recusará o visto prévio a contrato quando
olhando para o parâmetro legal encontra lá uma nulidade, encargos sem cabimento orçamental,
violação directa de normas financeiras ou uma ilegalidade que altere ou possa alterar o
resultado financeiro daquele ato ou aquele contrato (colocam-se problemas).
Aula 9
15/12/2017
Estrutura do exame:
Será composto por 4 grupos:
1. Ou definição de conceitos ou distinção de conceitos - valoriza-se que o aluno não se limite
a justapor conceitos mas sim a distinguir e definir ambos. Respostas sucintas mas completas sem
divagações. Exemplo: principio da especificação;
2. e 3. Serão questões de desenvolvimento ou de um tema, ou o comentário a alguma afirmação/
expressão, transcrição ou elaboração de um caso prático simples em que a matéria esteja
desenvolvida;
4. Quadros - análise interpretativa.
Resolução dos exercícios entregues pela Drª Inês Serrano- exames de época
normal e recurso de 2017 (Anexo I)
1.
1.1 - Estamos perante o saldo global ou saldo efectivo em que está em causa a
diferença entre receitas efectivas e receitas efectivas- 9º/4 velha LEO. Agora teríamos de definir
receitas e despesas efectivas. Se o valor é negativo estamos perante uma situação de défice
(-7,2‰), ié, as despesas efectivas são superiores às receitas efectivas. Juridicamente qual é o
impacto de estarmos perante um défice de -7,2‰? O défice é um dos critérios de convergência de
Maastricht- artigo 126ªTFUE - de acordo com este artigo complementado com o Protocolo nº12 , o
défice tem o limite de -3%. Foi ultrapassado o limite do défice. Vamos ao artigo 126º e ao
Protocolo nº12. (Análise do artigo, limites, excepções e sanções). A nível económico qual é o
problema? Do ponto de vista da concepção formal, o orçamento tem de estar em equilíbrio, daí
que o problema seja o estado ser obrigado a contrair empréstimos para conseguir pagar as
despesas efectivas. Um empréstimo é uma receita não efectiva porque não aumenta o património
financeiro do estado. As despesas efectivas terão de ser cobertas com as receitas não efectivas
que são os empréstimos, então, do ponto de vista económico esse montante, os empréstimos,
corresponderá à necessidade liquida de financiamento e há que perceber qual o problema de se
recorrer aos empréstimos nesta concepção de orçamento efectivo: menor poupança
privada e quebra do investimento privado, isto sim tem impacto económico (há que
desenvolver mais).
somos remetidos para os artigos 72º- B, C e D da velha LEO, da nova 22º, 23º E 24º que ainda
nas estão em vigor. Do ponto de vista económico há que frisar a importância da desconsideração
para efeitos de cálculo do saldo estrutural destas medidas temporárias ou não recorrentes (0,2‰)
e desta componente cíclica (-0,3‰) para apurar o saldo estrutural que neste ano era de -2,3‰‰
do PIB. isto permite-nos perceber qual o panorama daquele país se esses efeitos ou medidas não
tivessem ocorrido.
2.
2.1 - Os dois critérios de convergência de Maastricht apresentados no quadro são o
critério da dívida e o critério do défice. Iríamos identificá-los no quadro portanto tanto um como
outro são valores relativos, são percentagens, logo, esses dois critérios estão nas ultimas duas
linhas do quadro: Rácio de capacidade ou necessidade liquida de financiamento no PIB -
correspondente ao défice. Estes 5,7‰ sendo uma ratio (uma divisão) no nomeado estariam o
-9.529,1 a dividir põe 168.398 vezes 100 = -5,7‰.
Já a rácio dívida bruta das administrações públicas (consolidada) no PIB corresponde ao critério
da divida. É o valor da divida. Chega-se ao 126,2‰ porque em 2012 a divida foi de 212,556,0.
Estes valores são só para nor percebermos como se chega aos valores, não temos de os explicar
no exame. Enquadramento legal: quando se fala em défice e divida surgem os critérios de
convergência então iríamos para o 140º referir que um deles ainda se mantém, um deles é de
manutenção e deste passamos logo para o 126º TFUE. Temos de perceber que o 126º funciona
não só para o défice como também para a divida relativo ao procedimento de défice e de divida
excessivo. Teríamos de explorar o artigo 126º: as regras, as excepções, as sanções.
Défice limite de 3‰, divida limite de 60‰ e défice da dívida do saldo estrutural igual 0,5‰.
O critério do défice apenas foi cumprido em 2016 e o da dívida nunca foi cumprindo tendo
excedido o dobro dos 60‰ permitidos. Para alem disso para a divida devemos falar do 10º-G da
velha LEO (corresponde ao 25º na nova LEO) e o 4º do Tratado Orçamental.
2.2 - Quando se fala em défice excessivo vamos logo para o artigo 126º. Exceção prevista
no 126º/3 “se um em não cumprir os requisitos dos critérios a comissão preparará um relatório e
este analisara se o défice orçamental excede as despesas publicas de investimento e tomará em
atenção também outras”. Remeter a palavra investimento para o Protocolo 12. Esta questão
queria dizer qual o relevo da despesa da administração publica em investimento para decidir se
estamos ou não perante défice excessivo. Tínhamos de manusear o tratado de forma a do 126º/3
chegarmos ao protocolo 12 que explica a parte do investimento. Se um EM não cumprir os
requisitos, a comissão prepara um relatório e neste relatório analisará se o défice orçamental
excede as despesas públicas de investimento e vai tomar em consideração isso e outros fatores
relevantes sendo que nos termos do nº6 do 126 é atribuído ao conselho o poder de decidir se
existe ou não défice excessivo depois de avaliada globalmente. Para analisar a situação de
incumprimento de um ou dos dois critério é relevante o conselho ate tar no facto de essa
ultrapassagem se puder ficar a dever a despesas públicas de investimento porque estas
contribuem sobremaneira para o desenvolvimento económico do pais o que é um factor muito
relevante até mesmo como mecanismo facilitador da coesão entre os EM’s. Para finalizar, a
conjugação destes preceitos, enseja a reflexão sobre a abertura do TFUE à concepção de
equilíbrio do orçamento corrente, concepção de acordo com a qual se permite financiar despesas
de investimento com recurso a empréstimos, ié, permite que as despesas de capital sejam
cobertas com receitas de capital, ié, com os empréstimos.
2.4 - Qual o relevo desta informação para o cálculo do saldo estrutural em 2015? Está aqui
em causa, muito provavelmente, uma medida extraordinária ou temporária, juntamente com um
efeito cíclico que pudesse ser observado deveriam ser retiradas ao saldo global. Começaríamos
por fazer uma definição de saldo estrutural, fundamentação legal etc. Se virmos os critérios dos
Andreia Filipa Santos 2017/2018
anos anteriores diz-nos que: Se a resolução do BANIF for considerada medida extraordinária e
temporária então não releva para o saldo estrutural. Podemos dizer não releva enquanto
desconsideração do saldo estrutural, dependente do português que usarmos.
Anexo I