Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Objetivos da aula:
o O que é “complicação”? Qual a Importância do tema?
o Conhecer as mecanismos fisiopatológicos, apresentação clínica e formas de tratamento das “complicações
crônicas”
o Macrovasculares: grandes vasos
o Doença Arterial - Coronária, artéria Cerebrais, vasos Periférica
o Microvasculares:
Nefropatia
Neuropatia
Retinopatia
o Existe a dermopatia e dano neuronal associado ao diabetes, mas não será abordado na aula.
o As complicações são divididas em macro e microvasculares.
o Conhecer as mecanismos fisiopatológicos, apresentação clínica e formas de tratamento das “complicações
agudas”, que são:
o Emergências hiperglicêmicas
o Cetoacidose diabética (CAD)
o Estado Hiperosmolar não cetótico (EHNC)
o Hipoglicemia
Complicações do DM:
O que é “Complicação”?
• “Particularidade ou característica do que é complicado”
• “Dificuldade”, “de entendimento difícil”
• “Agravamento observado durante a evolução de uma doença”
No mundo, em 2017, se estimava que tivesse 425 milhões diabéticas, com a Brasil é o quarto no ranking de numero de diabéticos
perspectiva de até em 2045 esse numero aumentar em 50%. mundial, só perde de China, índia e EUA.
América do sul e central: em torno de 26 milhões de diabéticos e em torno de 15 Adolescentes com diabetes tipo 1 o brasil está em
milhões no Brasil, com perspectiva de aumentar 62%. terceiro lugar.
am
o Doença progressiva.
Diagnóstico de diabetes: exame laboratorial, porque na
maioria das vezes é assintomático. Glicemia de jejum
maior ou igual a 126;Hb glicada maior ou igual a 6,5;
TOTG maior igual a 200; glicemia casual maior ou igual a
200 com presença de sintomas.
Complicações crônicas:
Microvasculares:
Microvasculares: Macrovasculares:
• Retinopatia Coronária
• Nefropatia Cerebral
• Neuropatia Periférica
Seleção de fatores de risco por importância para ocorrência de DAC (primeiro evento) em 2693 mulheres
diabéticas brancas: UKPDS
o Variáveis mais relacionadas a eventos carviovasculares: LDL, Segundo lugar HDL e só em terceiro lugar a HB
glicada.
o Tartar doença macrovascular: controle da glicemia, mas também controle agressivo da dislipidemia.
➢ Diabéticos: partículas de LDL-C são mais arterogênicas – paciente diabético tem um LDL mais
aterogênico, porque tem mais essa porção apoB- por isso tem que ter o controle da dislipidemia
mais intensivo, porque mesmo em LDL considerado normal, ela é mais aterogênica.
Estratificar o risco cardiovascular em pacientes diabéticos:
➢ Baixo risco: não precisa tratar dislipidemia, a menos que seja algo muito alto, LDL acima de 190.
➢ Muito alto risco: tratar muito intensa a dislipidemia.
Fatores de risco:
o História familiar prematura: menos que 45 anos em homens e menos que 55 anos em mulher
o
Diabetes continua sendo a razão mais comum para a progressão para doença renal terminal em muitas
partes do mundo.
Até 40% das pessoas com DM2 acabará evoluindo para algum grau de insuficiência renal
Arteríola eferente
Arteríola aferente Sistema renina
angiotensina aldosterona
Prostaglandinas
Oxido nítrico
Aumento da
filtração
FASES DA NEFROPATIA DIABÉTICA (muito bem caracterizado no
DM tipo 1)
Albuminuria pode ser classificada de acordo com a relação albumina-creatinina na urina ou com a excreção
de albumina na urina de 24 h , como se segue:
Como rastrear?
DM1, a partir de 5 anos de doença (é quando se começa a notar uma evolução da nefropatia);
DM2, no diagnóstico;
Relação albumina/creatinina em amostra isolada de urina
Proteinúria de 24h
Não atribuir toda disfunção renal em pacientes diabéticos a Nefropatia diabética (pode existir outras
condições clínicas que desenvolvam o quadro renal)
Diagnósticos diferenciais em casos de apresentação ou evolução atípicas
Íntima relação com outras microangiopatias
Não é necessário fazer biopsia renal para confirmar nefropatia diabética
Assintomáticos com perda progressiva da função renal (deve rastear também)
Síndrome nefrótica deve atender a esses requisitos:
Proteinúria >3,5 g/dL, hipoalbuminemia, dislipidemia, eventos trombóticos
Hipercalemia (evento mais tardio, com clearances mais baixos), mas o paciente diabético, devido a ativação
inadequada do sistema renina angiotensina aldosterona, vai ter mais hipercalemia
Como tratar?
Neuropatia diabética:
Complicação microvascular mais comum >70%, frequentemente não diagnosticada
Necessário busca ativa da presença dessa complicação
Condição desabilitante (dor crônica, deformidades, limitações)
Marcador de risco cardiovascular/ Elevada mortalidade
Pode ser dividida em Somática e autonômica :
Somática:
Sensorio-motora distal e simétrica – nervos periféricos; mais comum (2 pernas e 2 braços). Diversas
formas de apresentação.
Sensório motora proximal (bilateral)
Mononeurites
Por compressão
Autonômica – mais silenciosa; disfunção por desregulação do simpático e parassimpático
o Fibras finas (térmica e dolorosa) são as primeiras
acometidas na hiperglicemia, o paciente vai ter dor,
sensação de queimação etc. Pode ter característica de
halodinea. Não tem alteração de reflexo e nem déficit
motor
o Fibras grossas: alterações sensoriais\ de reflexo e motoras
(fraqueza, atrofia da musculatura do pé, deformidade dos
ossos)
o Proximal motora: perda de muita musculatura (amiotrofia
diabética) com dor lancinante
o Mononeurites: paralisia do VI par (estrabismo
convergente), neurite intercostal (dor de parede,
queimação, dormência, lancinante no trajeto intercostal)
o Por compressão: mais comuns – túnel do carpo, pé caído,
meralgia parestésica (compressão do cultaneo lateral da
coxa)
o PRINCIPAIS:
o Polineuropatia Diabética
o Deformidades (PNmotora, alteração biodinâmica, limitação da mobilidade articular)
o Trauma
o DAP
o Histórico de úlcera ou amputação
• OUTROS:
• Doença renal e cardiovascular
• Baixa condição sócio econômica
• Morar sozinho/pouco acesso a serviços de saúde
➢ Úlceras exclusivamente neuropáticas- cuidados adequados → 85% cicatrizam
➢ Úlcera em paciente com outras complicações +Infecção e/ou DAP – Amputação em 40% dos casos
➢ Sobrevida de 70% em 5 anos
Retinopatia:
Fatores locais
•Cirurgia de catarata
•Uveítes
•Doença oclusiva vascular (carotídea, oftálmica e ramos)
•Glaucoma
•Miopia
Fatores sistêmicos
•Tempo de evolução da Diabetes
•Controle glicêmico
•HAS
•Insulinoterapia (droga mais potente para baixar glicemia e retina não gosta de variação brusca de glicemia)
•Puberdade
•Gravidez
•Dislipidemia
Classificação: 3 estágios e normalmente seguem essa evolução
→Proliferativa
→parte de uma retinopatia não →Pré-proliferativa →Neovascularização com
proliferativa (simples, de fundo, →Exsudatos moles pequenos descolamentos
background) →Alt venosas tardias →Fibrose
→Venodilatação (ensalsichamento dos vasos) →Descolamento de retina por
→Microaneurismas →IRMA ( anomalias tração
→Exsudatos duros microvasculares intraretinianas →Hemorragia vítrea
→Área de má-perfusão capilar na →Atrofia óptica terminal
angiografia
→Edema retiniano
➔ Extensas hemorragias
Maculopatia diabética: pode ocorrer em qualquer fase da retinopatia diabética. É um edema na região da mácula
que faz o paciente perder a visão. Fazer o rastreio, não esperar o pct ter sintomas.
o < 10 anos de idade.
o Antes de qualquer
cirurgia oftalmológica
Tratamento:
Cetoacidose diabética:
Reflete profunda deficiência de insulina com utilização maciça de outros substratos (proteína, gordura)
como fonte de energia celular
O tempo todo o corpo produz acido graxo (alimento preferencial dos piócitos e neurônios), mas existem
mecanismos que impedem formação de corpos cetônicos a partir dessa produção de ácidos graxos. Mas
quando isso se torna em grande escala ai vai gerar coisas ruins.
Condição grave, felizmente com taxas de mortalidade em queda ➔ Diabético tipo I não tem insulina,
mas tem glucagon normalmente.
➔ Como não tem insulina, vai
começar a utilizar o estoque de
gordura através da lipólise, com
isso, são produzidos muitos
ácidos graxos livres e sua
utilização gera um subproduto->
corpos cetônicos → acidose.
➔ Proteólise: aumento da ureia,
grande perda da massa muscular,
frazqueza muscular
➔ Quadro: paciente emagrecido,
pela perda de massa muscular,
perda de tecido gorduroso, muito
desidratado, com hiperglicemia e
com acidose.
Fatores precipitantes:
Infecção
Trato respiratório e urinário (30 a 50%)
Omissão ou subutilização do uso da insulina
Diagnóstico recente
Uso de Bomba de Insulina (mal funcionamento)
Infarto miocárdio, embolia pulmonar, trauma, cirurgia
Drogas hiperglicemiantes: corticóide
Avaliação laboratorial
Avaliação da glicemia capilar e coleta de glicemia
Hemograma: elevação do hematócrito e leucocitose- pode estar elevado só pela cetoacidose (>
25000 sugere infecção)
Gasimetria arterial: pH < 7.3 e bicarbonato < 15
Ionograma: Na+ falsamente baixo (corrigir pela hiperglicemia: 1,6mEq para cada 100mg/dL de
glicose acima de 100. K+ normal ou elevado)
Cetonúria: presença de cetonas na urina; acetoacetato, acetona e -hidroxibutirato
Aumento de amilase e triglicerídeos
Outros exames: culturas, Rx de tórax, ECG
➔ As duas tem hiperglicemia, mas na
cetoacidose você entra nesse estado
mesmo sem a glicemia tão alta
➔ Bicarbonato não é consumido no
EHNC. Quando o organismo está
cheio de H+, ele joga fora o
bicarbonato
Objetivos:
Restaurar o volume circulatório e perfusão tissular
Identificar causa base
Reduzir a glicose sérica
Restabelecer os níveis de cetonas
Corrigir/evitar distúrbios hidroeletrolíticos
1. Restaurar a volemia
Diminui os hormônios contrareguladores (catecolaminas e cortisol) e reduz glicemia 15 a 90
mg/kg/h
Solução salina a 0,9% 15 a 20 ml/kg/h ou 1L/h
Solução hipotônica de acordo com valores de Na+
Solução glicose a 5%- Deve ser iniciada quando a glicemia chegar até 250 mg/dL. Deve ser mantida
até o inicio da dieta
Avaliação do grau de desidratação:
Cálculo da osmolaridade: diagnostico do estado hiperosmolar
2(Na)+glicose/18+ Ureia/2.8 ( >340mOsm/KgH2O)
• Cálculo do anion gap: diferença entre cátios e anions. Cetoacidose diabética tem anion
gap aumentada!! (questão de prova) náuseas e vômitos não tem anion gap aumenada
[Na-(Cl+HCO3)] VN=12+/-2mEq/L
2. Terapia com insulina: não deve vir antes da hidratação e nem antes de se checar o K+.
Insulina regular ou rápida ou cristalina
Preferencialmente por via endovenosa, em bomba de infusão contínua, em UTI, com reavaliação a
cada hora ( SF 0,9% 100ml + Insulina Regular 100UI=1UI/ml)
0,15UI /kg bolus IV ou IM
0,1 UI/Kg/h
Manter terapia até glicemia 250 mg/dL.
Associar SG5%Manter Glicemia entre 150-250 mg/dL
Só desligar a bomba após resolução da acidose, elevação do bicarbonato >15 e início de
insulina subcutânea
Preciso manter o nível basal de insulina.
3. Reposição de eletrólitos:
Potássio: íon predominantemente intracelular. Numa fase anterior de chegar na cetoacidose, K+ sai e H+
entra na célula. Mas o paciente perde potássio! Quando hidrata e dá insulina, o potássio volta para dentro
da célula. Se o paciente tiver com um potássio limítrofe, isso causa uma hipocalemia severa.
Checar o k+ antes de colocar insulina. Se ele tiver abaixo de 5,5 tem que começar também a reposição de
potássio.
Hipocalemia: principal causa de morte nas primeiras horas.
Há um deficit de K+ corporal total pela diurese osmótica e e cetonúria.
O principal mecanismo redutor do potássio é a reentrada insulino-dependente do potássio
para o compartimento intracelular.
Outros mecanismos são: resolução da acidemia e expansão volêmica.
Exige a presença de diurese
Não repor o K+ de imediato.
Exceto hipocalemia severa < 3,0.
Após reposição volêmica checar o valor do K+ (não precisa saber desses valores agora)
Adulto: Se > 5,5: Não repor
Se >3,3 <5,0: repor 20 a 30 mEq por litro de solução salina e checar a cada 1-2h
Se < 3,3: repor 40 mEq. NÃO INICIAR INSULINA
Crianças: Se maior 5,5: Não repor
Se 3,5-5,5: fazer 30-40 mEq
Se 2,5 a 3,5: fazer 40-50 mEq. <2,5: Parar insulina
Repor 2/3 de KCl e 1/3 de Fosfato
3. Reposição de eletrólitos:
Fosfato:
Déficit corporal global de fosfato
Repor quando o fosfato < 1,0 mg/dL
Depressão respiratória, disfunção cardíaca ou anemia
Outra forma de repor é junto com o K+.
Bicarbonato:
Reposição controversa – Acidose paradoxal
Só repõe se PH <6,9 ou hipotensa ou arritmia severa
Adulto: Se pH <6,9 repõe 100 mmol em 400 de H2O em 2h
Se ph 6,9-7,0 repõe 50 mmol em 200 de H2O
Criança: Se pH < 7,0 após hidratação, repõe 2 mEq/Kg
Complicações da terapia:
Hipoglicemia e hipocalemia
Edema pulmonar e Sobrecarga hídrica
Síndrome da angústia respiratória
Edema cerebral
Trombose vascular
Infecciosas: murcomicose (ambiente desfavorável)
Estado Hiperosmolar não cetótico
• Hiperglicemia severa (>600) com deficiência relativa de insulina (não utiliza tanto gordura e nem proteína
como fonte de energia) associada a desidratação intensa e hiperosmolaridade plasmática
• Não tem formação extensiva de corpos cetonicos- sem acidose
• Hiperglicemia, desidratação, pode ter distúrbio hidroeletrolítico, mas não tem acidose\cetonomia\cetunuria
importantes
• Comum no idoso alteração no limiar da sede – chega num estado de hiperglicemia muito severa
• Associado ao coma em 30%- Alteração do estado mental é o principal sintoma
• Maior mortalidade que CAD pelo perfil clínico do paciente
Fatores precipitantes:
Infecção : respiratória e urinária
Uso inadequado de hipoglicemiantes orais e/ou insulina
Complicações clínicas- IAM, AVC, TEP, Isquemia mesentérica
Uso de diurético e corticóides
Endocrinopatias: S. Cushing, acromegalia, tireotoxicose
Tratamento do EHNC:
Monitorização
Hidratação: mais vigorosa que na CAD
SF 1000 a 1500ml em 1h
Avaliar Na+: Baixo: Soro fisiológico
Alto: Soro hipotônico( Solução NaCl a 0,45%)
Insulina:
Iniciar se glicemia > 300 mg/dL
Bolus 0,15 UI /Kg EV
0,4 UI /kg ½ EV e ½ SC
Dobrar a dose se glicemia não cair 10 % ou 50-75 mg/dL
Associar soro glicosado quando glicose <300mg/dL
Hipoglicemia:
Complicação mais frequente do tratamento em diabéticos
Implicação: uma das principais causas de consultas a emergência, ↑ mortalidade, má aderência ao
tratamento;
Classificação
Assintomática
Sintomática leve – paciente pode corrigir
Sintomática grave – precisa de ajuda de terceiros
Coma
Causas:
Uso de hipoglicemiantes (sulfonilureias) e insulina
Omissão ou atraso da refeição
Dose excessiva/ dose de correção noturna - hospital
Erro na aplicação
Ingesta alcoólica
Pós exercício
Gastroparesia diabética
Insuficiência adrenal
Insuficiência renal
Sintomas:
o Pacientes que têm índices glicêmicos muito altos, podem ter percepção de sintomas adrenérgicos com
glicemias mais altas. Além disso, paciente que tem muita hipoglicemia passa a não perceber mais os
sintomas adrenérgicos, o mesmo acontece com paciente que possui neuropatia autonômica (não tem
sinais adrenérgicos), passam a ter somente sinais neurológicos.
Hipoglicemia noturna
Tratamento:
Prevenção:
Educação/Monitorização mais frequente (glicemia capilar ou interstício)
Diminuir alvo glicêmico - crianças, idosos (glicose muito baixa as custas de hipoglicemia não vale a
pena)
Evitar aplicação de insulina em locais de maior absorção antes exercícios
Uso de bracelete/pulseira sinalizadora
Pacientes com hipoglicemia, mas conscientes:
Bebida ou comida com glicose ( coca cola, suco laranja)
Acúcar em gel, mel
Pacientes torporosos ou comatosos
Não administrar por via oral (porque ele pode aspirar)
Glicose a 50%- 2 a 5 amp. EV
Ampola de glucagon- glucagen ® 1 amp. SC
Mel ou açúcar em gel na mucosa bucal