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MÓDULO DE BIOQUÍMICA I
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Conteúdos
Introdução .............................................................................................................................................. 3
1. Breve historial da Bioquímica. ........................................................................................................ 4
2. Métodos de estudo em Bioquímica. ............................................................................................ 5
3. Água. .............................................................................................................................................. 6
3.1 Sais minerais. ..................................................................................................................................... 7
Questões de discussão......................................................................................................................... 7
4. Química dos Aminoácidos. ............................................................................................................ 8
5. Química das Proteínas. ................................................................................................................. 10
5.1 Estrutura das proteínas. ............................................................................................................... 10
Questões de discussão....................................................................................................................... 13
7. Química dos Carbohidratos. ......................................................................................................... 13
7.1 Monossacarídeos e polissacarídeos. ............................................................................................. 13
7.4 Açúcares redutores. ..................................................................................................................... 16
7.5 Polissacarídeos. ............................................................................................................................ 16
Questões de discussão....................................................................................................................... 17
8. Química dos Lípidos. .................................................................................................................... 18
8.1 Classes de lípidos. ........................................................................................................................ 18
9. Química das Enzimas. .................................................................................................................. 21
10. Ácidos Nucleicos. ..................................................................................................................... 23
10.1 Estruturas do AND e ARN. ....................................................................................................... 24
Questões de discussão ................................................................................................................... 25
11. Reacções químicas e Bioenergética ............................................................................................... 25
11.1 Princípios de bioenergética. ............................................................................................... 26
11.2 Reações de oxirredução ............................................................................................................... 28
Questões de discussão....................................................................................................................... 30
12. Referências bibliográficas ............................................................................................................. 31
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Módulo de Bioquímica I Norberto José Palange, MSc Julho, 2018
Introdução
Caros estudantes,
A Bioquímica estuda as moléculas que compõem os seres vivos e como elas interagem para
perpetuar a vida. Por questões meramente didácticas, a bioquímica é dividida em bioquímica
estrutural e metabólica. A bioquímica estrutural estuda as substâncias químicas que compõem
os seres vivos, suas estruturas químicas e propriedades. A metabólica, por seu turno, trata dos
processos químicos que as substâncias estão sujeitas.
Este módulo traz, de forma mais simplificada possível, conteúdos fundamentais de
bioquímica estrutural, bem como exercícios para a consolidação dos conhecimentos
discutidos.
Praticamente toda a doença tem uma base bioquímica. Os processos bioquímicos podem
desencadear a dor ou aparecer como resposta a estímulos físicos, químicos e biológicos.
Assim, a compreensão das bases bioquímicas permite, em grande medida, a interpretação dos
fenómenos fisiológicos normais e patológicos num indivíduo. Este princípio constitui, por
exemplo, o suporte largamente usado pelos profissionais de saúde para o diagnóstico,
prognóstico, rastreio, tratamento e acompanhamento da evolução de patologias. Os conteúdos
e exercícios discutidos neste módulo permitirão aos estudantes o aprofundamento dos
conhecimentos relativos à bioquímica, o que poderá contribuir para a formação de
profissionais com competências neste domínio.
Espera-se que este material possa facilitar a compreensão das estruturas das substâncias
orgânicas como forma de prepará-lo para a bioquímica metabólica, e que este de motor para o
gosto desta extraordinária e insubstituível ciência.
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Por volta do século XVIII os cientistas já eram capazes de isolar substâncias como o ácido
láctico, ácido cítrico, acido tartárico, a glicerina, a ureia a partir de fontes de origem animal e
vegetal. Por esta razão, o químico Torbern Olof Bergman (1735-1784) definiu a química
orgânica como a química dos compostos existentes nos seres vivos e a inorgânica como a
química existente na matéria inanimada. Na mesma época, Antoine Laurent de Lavoisier
(1743-1794) conseguiu analisar vários compostos orgânicos e constatou que todos continham o
elemento químico carbono.
Em 1807, Jöns Jakob Berzelius lançou a ideia que somente os seres vivos possuíam uma "forca
vital" capaz de produzir compostos orgânicos, ou seja, que as substâncias orgânicas não
poderiam, de forma alguma, ser obtidas artificialmente no laboratório. Essa ideia ficou então
conhecida como teoria de força vital ou vitalismo. Esta teoria perdurou por longos anos até que
em 1828 o cientista Friedrich Wöhler conseguiu produzir, em laboratório, a ureia, um
composto orgânico derivado do metabolismo de proteínas, encontrado na urina de animais. A
ureia foi obtida a partir do aquecimento do cianato de amônio (uma substância inorgânica),
segundo a equação seguinte:
Esta síntese serviu de ponto de partida para revolucionar a história da química. A partir de
então, várias sínteses de compostos orgânicos foram realizadas pelos cientistas. A título de
exemplo, em 1845, Adolphe Wilhelm Hermann Kolbe (1818-1884) conseguiu realizar a
primeira síntese de um composto orgânico (o ácido acético) a partir de seus elementos.
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Na realidade, a intenção de Wöhler não era sintetizar a ureia, mas obter apenas o cianato de
amônio. Para isso, ele misturou cianato de chumbo (Pb(CNO)2) com o hidróxido de amônia
(NH4OH) e submeteu a mistura ao aquecimento. Através desse processo foi obtido o cianato
de amônio, que continuou sendo aquecido, produzindo a ureia. Wöhler notou, então, que a
substância obtida era bem diferente e, ao analisá-la, constatou que se tratava de um composto
já conhecido como ureia, que fora previamente isolado na urina humana.
Após a síntese de Wöhler, os cientistas passaram a acreditar que toda substância química, seja
ela orgânica ou inorgânica, poderia ser produzida artificialmente. Dessa forma, vários outros
compostos orgânicos foram sintetizados, fazendo com que a teoria da força vital caísse por
terra definitivamente. A partir daí, Friedrich August Kekulé (1829-1896) propôs que a
Química Orgânica seria a química que estuda os compostos de carbono.
A teoria da força vital criou, de alguma forma, umas espécies de barreira no desenvolvimento
da Química. A partir do momento que se comprovou que os compostos orgânicos não eram
produzidos apenas por organismos vivos, o número de substâncias sintetizadas cresceu de
maneira exponencial, fazendo da Química Orgânica e, assim, a Bioquímica ramos largamente
estudados (Feltre, 2004).
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3. Água.
A água é uma molécula constituída por átomos de hidrogénio e de oxigénio ligados de forma
covalente e é um componente extremamente essencial para os seres vivos. Muitas reações
ocorrem em meio aquoso e como tal a água é considerada solvente universal. A água atua
como meio, reagente ou como produto das reações que ocorrem nos sistemas orgânicos. Tal
facto deve-se à sua estrutura química. As moléculas de água têm polaridade, o que significa
que tem distribuição desigual da nuvem electrónica. Cada molécula de água pode ligar quatro
outras moléculas de água, pois os dois átomos de hidrogénio actuam como pontos dadores de
electrões e, o par de electrões não emparelhado do oxigénio, como pontos receptores de
electrões, formando assim as pontes de hidrogénio. As moléculas de água são coesas, altos
valores de tensão superficial, alto valor de calor específico, alto calor de mudança de fase e
tem uma constante dieléctrica elevada. O somatório destas características confere à água um
diferencial perante outras moléculas como o metano (CH4), amónia (NH3), o acido
fluorídrico (HF).
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Nelson e Cox (2014).
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Entretanto, devido ao seu carácter polar, a água não é capaz de solvatar todas as substâncias.
As substâncias polares ou iónicas dissolvem-se melhor em água (substancias hidrofílicas) e as
apolares muito pouco se dissolvem (substancias hidrofóbicas). Existem substâncias
anfipáticas que possuem propriedades intermediárias.
Questões de discussão
1. No início do século XIX, o químico sueco Jöns Jakob Berzelius afirmou que somente
os seres vivos eram capazes de produzir os compostos orgânicos, ou seja, que tais
substâncias químicas não poderiam, de forma alguma, ser obtidas artificialmente.
a. Qual foi a implicação da queda da teoria descrita para o estabelecimento da
bioquímica?
2. Estabeleça uma diferença entre surgimento, estabelecimento e desenvolvimento da
bioquímica.
3. Estabeleça a diferença entre bioelementos primários e secundários.
4. Em que consiste o método de aproximação reducionista?
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São conhecidos mais de 600 aminoácidos, mas apenas 20 entram na constituição das
proteínas, os ditos aminoácidos proteicos (Campos, 2005). Os restantes aminoácidos, não
proteicos, resultam da modificação metabólica dos 20 aminoácidos mais comuns (Nelson &
Cox, 2006).
Alguns aminoácidos podem ser produzidos pelo organismo – aminoácidos não essenciais,
outros não podem ser produzidos – os essenciais.
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meio, ou seja, encontram-se desprotonados, com carga global [-1]. O pH no qual a carga
global é nula [0] chama-se ponto isoeléctrico, pI ou pH isoeléctrico (Campos, 2005; Nelson &
Cox, 2006).
Figura 1: aminoácidos presentes nas proteínas agrupados de acordo com a polaridade do grupo
R.
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A estrutura terciária, por seu turno, é o enrolamento relativamente mais acentuado da cadeia.
Nesta, os aminoácidos muito distantes na estrutura primária podem estar próximos um do
outro por meio de pontes dissulfeto ou fosfodiésteres, pontes de hidrogénio, interações dipolo-
dipolo, interacoes de Vander Waals e interações electrostáticas. É nesta fase que um (poli)
peptídeo, normalmente, pode desempenhar a sua função. A estrutura terciária também é
conhecida como estrutura nativa do peptídeo.
Existe uma relação entre a estrutura de uma proteína e a sua função. As proteínas fibrosas,
geralmente, têm funções estruturais e as globulares, funções dinâmicas. Entre as funções que
as proteínas podem desempenhar, destacam-se as seguintes: função estrutural e sustentação
(colágeno e queratina), transporte (hemoglobina albumina), enzimática (pepsina e tripsina),
defesa (imunoglobulinas), contração (actina e miosina), geração e transmissão de impulsos e
regulação (insulina e glucagon) (Ding & Jia, 2012; Vieira, 2003).
A perda da estrutura tridimensional da proteína é suficiente para ela perder a sua função
biológica, fenómeno descrito como desnaturação. A desnaturação pode ser causada por
agentes físicos ou químicos. Por outro lado, quando retirado o agente desnaturante, a proteína
pode ou não recuperar a sua função, isto é, renaturar-se.
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Nesse pH a proteína não migra para nenhum pólo quando colocada em campo elétrico. O pH
depende dos valores de pKa dos grupos ionizáveis dos radicais R (Ribeiro & Saravalli, 2007).
As proteínas interagem com a água através dos átomos que participam das ligações peptídicas
ou através dos grupos R dos aminoácidos. A solubilidade das proteínas em meio aquoso pode
ser influenciada pelo pH, natureza do solvente, força iónica ou concentração de sais e
temperatura (Ribeiro & Saravalli, 2007).
Ribeiro & Saravalli (2007) afirmam que de acordo com a solubilidade em diversos solventes,
as proteínas são classificadas em:
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Questões de discussão
1. Os aminoácidos podem apresenta-se sob a forma de ião dipolar ou forma
zwitteriônica.
a. Em que meio os aminoácidos podem se encontrar nessa forma?
2. Os aminoácidos são substâncias com uma cadeia principal invariável e uma cadeia R
variável. O que diferencia um aminoácido do outro?
3. Dados os aminoácidos seguintes: fenilalanina, glicina, aspartato, tirosina e serina.
a. Escreva a fórmula de estrutura do oligopeptídeo formado e dê o respectivo nome.
b. Qual é a diferença entre proteínas fibrosas e globulares no que diz respeito a
estrutura e funções?
4. Considere um polissacarídeo hipotético P formado por 232 unidades monossacarídicas.
Quantas ligações glicosídicas existem na molécula em causa?
5. O que se entende por renaturação de uma proteína?
6. Explique por que razão as proteínas encontradas nos diferentes tecidos do corpo
humano podem apresentar diferença entre si.
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Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/quimica/glicose.htm
2 Podem também ser encontrados os átomos de nitrogénio, fósforo e enxofre, formando assim derivados dos
açúcares.
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D (dextrorrotatório) e L (levorrotatório).
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Os enantiómeros são açúcares que possuem um carbono quiral e, assim, são imagens
especulares um do outro. Os diasteroisómeros, por seu turno, não são enantiómeros, isto é,
não são imagens especulares um do outro.
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7.5 Polissacarídeos.
Os polissacarídeos são classificados em simples e complexos. Os simples podem ser
homopolissacarídeos quando constituídos por um único tipo de monossacarídeo e
heteropolissacarídeos com mais de um tipo de monossacarídeo. Por seu turno, os complexos
apresentam um grupo não glicídico na sua estrutura, por exemplo, as glicoproteínas (Nelson
& Cox, 2014).
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A maior parte dos açúcares obtidos na dieta está na forma de amido, que após sofrer digestão,
produz, principalmente, a glicose que é absorvida em maior taxa no intestino delgado,
enviada para o fígado e lançada no sangue. Dos vários monossacarídeos disponíveis, a glicose
é o que preferencialmente se usa para produzir ou armazenar energia nos organismos.
Questões de discussão
1. Considere uma aldotetrose. Quantos carbonos quirais ou assimétricos e quantos
possíveis estereoisómeros a molécula possui.
2. Como se pode obter um polihidroxiácido a partir de um polihidroxialdeído? De um
exemplo.
3. Os açúcares possuem uma extremidade redutora e uma não redutora. Escreva a
fórmula d estrutura para a alfa-D-galactose e circule a extremidade redutora. Porque se
diz que tal extremidade é redutora?
4. Escreva a equação de reacção de formacao da sacarose e dê o nome sistemático da
molécula.
5. O glicogénio é a principal reserva em animais. Descreva as características químicas
deste polímero e diga em que aspectos ele difere do amido.
6. Quais são os principais tipos de glicogénio encontrados no organismo humano? Qual
deles é mais importante que o outro?
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Triacilglicerois, também conhecidos como gorduras neutras, são ésteres de glicerol e ácidos
gordos. Ácidos gordos são ácidos carboxílicos de cadeia curta, média e longa, entre 4 e 34
carbonos e podem ser saturados ou insaturados. Os TAG de origem animal contêm um
número elevado de ácidos gordos saturados e, por isso, são sólidos à temperatura ambiente; os
de origem vegetal são insaturados, sendo por isso líquidos (Nelson & Cox, 2006).
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Os ácidos gordos de ocorrência natural têm a configuração cis. Ácidos gordos trans são
associados a doenças cardiovasculares por estarem relacionados com o aumento de níveis de
LDL-c (Fernandes, 2009).
Existem ácidos gordos não essenciais, aqueles que o organismo normalmente sintetiza, os
quais incluem os saturados e os monoinsaturados. Os ácidos gordos polinsaturados como o
ácido linoléico (Ω 6) e (Ω 3) devem ser obtidos a partir da dieta, por isso são conhecidos como
ácidos gordos essenciais. O ácido linoléico é precursor da síntese de prostaglandinas (Corsino,
2009).
Fosfolípidos.
Esfingolípidos.
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Esteroides e esterois.
Esteroides são lípidos estruturais encontrados nas membranas celulares e são derivados do
núcleo esteroide de quatro anéis fundidos – o ciclopentano-perihidro-fenantreno ou
simplesmente ciclopentanofenantreno (Figura5 A). O colesterol (Figura 5 B) é o
representante desta classe e é o precursor de vários compostos incluindo os ácidos biliares,
vitaminas, hormonas, e outros esteroides.
Terpenos.
Os terpenos são uma classe de lípidos constituída por unidades de isopreno (C5H8).
Geralmente são de origem vegetal e desempenham uma função protetora contra
microrganismos. As vitaminas E e K são de natureza terpénica (Viera, 2003).
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Foram propostas várias hipóteses para explicar a forma como as enzimas conduzem uma
reação: o modelo de chave – fechadura ou modelo de Fisher, segundo o qual o sítio ativo
funciona como uma estrutura rígida a que se liga um substrato específico, como uma chave se
encaixa na fechadura; o modelo de encaixe induzido ou o modelo de Koshland, que postula
que o sítio ativo é um local flexível e se ajusta ao substrato na altura da ligação (Ding & Jia,
2012).
A Enzyme Commission (EC)4 da International union of pure and applied chemistry e a international
union of biochemistry and molecular biology (IUPAC-IUBMB) estabeleceu seis classes de
enzimas e que o nome sistemático de uma enzima deve ser dado com o prefixo EC seguido de
quatro números. O primeiro número constitui a classe, o segundo, subclasse, o terceiro, classe
da subclasse,5e o quarto, nome específico da enzima (Marzzoco & Torres, 1999; Campos,
2005).
4 Para uma informação completa sobre o quadro geral das classes das enzimas, recorra-se ao site
www.chem.qmul.ac.uk/iubmb/enzyme, apresentado por Nelson e Cox (2014).
5Adotou-se esta terminologia para designar a divisão da subclasse.
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Numa molécula de ADN encontram-se bases purínicas, Adenina (A) e Guanina (G) e bases
pirimídicas, Citosina (C), Timina (T) (Figuras 6 A e B). O ARN contem, para além de A, C
e G, o Uracilo (U) ao invés da timina. As bases em cada filamento de uma molécula de ADN
estão unidas através de pontes de hidrogénio. Filamentos de ADN têm orientação
antiparalela: 5’→3’ e 3’→5’. Enquanto o ARN apresenta geralmente um filamento (Ding & Jia,
2012).
Na molécula de ADN a adenina emparelha-se com a timina, por duas pontes e a guanina com
a citosina, por três pontes de hidrogénio. Uma fita do ADN é transcrita de forma contínua e a
outra, descontínua, formando os chamados fragmentos de OKAZAKI. O processo de
transcrição do ADN produz um ARNm e a replicação é uma duplicação de ADN a partir de
uma molécula mãe. O ARNm inicialmente formado (pré-ARNm) é imaturo ou heterogéneo,
pois contem exons e introns. Os introns são removidos por splicing e os exons (homogéneos)
poderão codificar para um (poli) peptídeo específico.
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Tipos de ARN.
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de síntese de (poli) peptídeos. Existem outras classes de ARNs que não codificam para um
(poli) peptídeo e, geralmente têm funções reguladoras como, por exemplo, o micro ARN,
pequeno ARN nuclear (snARN), pequeno ARN nucleolar (snoARN), pequeno ARN
citoplasmático (scARN), pequeno ARN de interferência (siARN) Ding & Jia, 2012.
Questões de discussão
1. Os nucleotídeos são as unidades monoméricas dos ácidos nucleicos. Qual é a
constituição química dos Nucleotídeos?
2. Qual é a diferença entre as estruturas do ARN e do ADN?
3. Descreva o que se entende por replicação semi-conservativa e replicação descontínua.
4. Quais são os princípios de funcionamento do PCR? Quais são as etapas que conduzem
a amplificação de moléculas de ADN.
5. Descreva resumidamente o processo de síntese de proteínas no organismo.
6. Qual seria a consequência se a molécula de ADN que serve de molde tivesse uma
sequencia de nucleotídeos alterada
Todas as reações químicas obedecem à lei de conservação de massas, segundo a qual num
sistema químico a quantidade de reagentes consumida é sempre igual à massa de produtos
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Leis da termodinâmica.
Os sistemas biológicos são regidos pelos princípios gerais da termodinâmica. Em função das
variadas experiências realizadas por cientistas, foram estabelecidas duas leis fundamentais da
termodinâmica.
Sistemas químicos.
Segundo as condições em que as reações químicas ocorrem, são descritos três sistemas: 1)
isolados, aqueles em que não há troca de energia nem de matéria com o exterior; 2) sistema
fechado, aquele em que há troca de energia com o exterior, mas não há troca de matéria; e 3)
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abertos, aqueles em que há troca de energia e de matéria com o exterior, ou com outros
sistemas. Os sistemas isolados são menos comuns.
As células vivas são um sistema aberto, daí que nunca atingem um equilíbrio com o meio
exterior e a constante interação entre o sistema e o meio explica como os organismos se
podem auto-organizar enquanto operam de acordo com a segunda lei da termodinâmica
(Nelson & Cox, 2014).
Segundo Nelson e Cox (2014, p.507), três parâmetros termodinâmicos descrevem as trocas de
energia que ocorrem em reações químicas, nomeadamente:
Energia livre de Gibbs6 (G), expressa a quantidade de energia capaz de realizar trabalho
durante uma reação à temperatura e pressão constantes. Quando uma reação ocorre com a
libertação de energia livre, ou seja, quando o sistema se transforma de modo a possuir menos
energia livre, a variação da energia livre, ∆G, possui um valor negativo e a reação é chamada
exergónica. Nas reações endergónicas, o sistema adquire energia livre e o ∆G é positivo. É
importante ressaltar que os processos endergónicos e exergónicos nos organismos, funcionam
de forma acoplada.
6
A energia livre de Gibbs também pode ser definida como a energia útil num sistema, ou seja, a porção de energia
do sistema disponível para realizar trabalho.
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T é a temperatura absoluta;
Por convenção, ∆S possui sinal positivo quando a entropia aumenta e ∆H, como mencionado
anteriormente, possui sinal negativo quando o sistema liberta calor para o meio. Qualquer
uma dessas condições, típicas de processos energeticamente favoráveis, tende a tornar
negativo o valor de ∆G. De fato, o valor de ∆G de um sistema reagente espontâneo é sempre
negativo.
Os metais têm sempre tendência para ceder elétrons; conseqüentemente, eles se oxidam e
agem como redutores. Os químicos, comparando vários metais, conseguiram determinar
quais são os metais que têm maior tendência e quais os que têm menor tendência para ceder
elétrons. Daí surgiu a fila da reatividade ou fila de tensões eletrolíticas, que é dada
parcialmente a seguir
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Nessa fila, qualquer metal mais reativo irá deslocar o menos reativo. Em outras palavras,
qualquer metal pode deslocar (ceder elétrons) outro metal situado mais à direita na fila.
Qualquer não-metal desta fila pode deslocar (receber elétrons) de outro não-metal situado
mais à direita na fila.
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Questões de discussão
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Devlin, T.M. (2007). Manual de bioquímica com correlações clínicas (6ªed). São Paulo: Editora
Blucher.
Marzzoco, A., & Torres, B. B. (1999). Bioquímica básica (2ª ed). Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan.
Nelson, D. L., & Cox, M. M. (2006). Princípios de bioquímica de Lehninger (3ª ed). São Paulo:
Artmed.
Nelson, D. L., & Cox, M. M. (2014). Princípios de bioquímica de Lehninger (6ª ed). São Paulo:
Artmed.
Ribeiro, Eliana P., & Seravalli, A. G., Elisena (2007). Química de alimentos (2a ed). São Paulo:
Blucher.
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