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RESUMO
O mundo globalizado potencializa o aprendizado de línguas, uma vez que as fronteiras
geográficas não mais representam barreiras para o contato entre diferentes culturas. Entre vários
outros idiomas, a Língua Espanhola entra em evidência no contexto do ensino básico regular no
Brasil. Diante dessa perspectiva, o estudo aqui proposto busca analisar quatro livros didáticos -
LD atualmente adotados no ensino regular do espanhol no Brasil, tendo como objetivo observar
como os gêneros discursivos estão inseridos nesses livros, e como esses textos são
ressemiotizados, ao serem transferidos de suporte. Entre os vários aspectos a serem analisados
está a constituição multimodal, que possibilita o estudo sobre como o uso de gêneros pode
contribuir para o ensino de uma língua estrangeira, o espanhol. A metodologia é de natureza
qualitativa em que se privilegia a interpretação e reinterpretação de dados, caracterizando-se
como estudo de caso, por meio de análise documental. Para a seleção do corpus desta pesquisa,
focamos em LD de língua espanhola, formado pelas coleções Saludos e Ventana e o volume
único Síntesis e Español Único, publicados pelas editoras Ática e Moderna, que se destacam no
mercado nacional, segundo o PNLD 2015. A análise desse corpus guiar-se-á pelas seguintes
perguntas de pesquisa: Como estão inseridos os gêneros discursivos nos livros didáticos de
Língua Espanhola, do Ensino Fundamental II e Médio? Como esses textos são ressemiotizados
ao serem transferidos de suporte? Como o trabalho com gêneros discursivos em livros didáticos
de espanhol pode colaborar para o ensino/aprendizagem, sob aspecto da Multimodalidade? A
base teórica da pesquisa é centrada na Teoria Semiótica Social/Multimodalidade (KRESS; van
LEEUWEN, 2006), Ressemiotização (IEDEMA, 2011) e Gêneros Discursivos (BAKHTIN,
1979). As análises permitem reflexão sobre o trabalho dos gêneros discursivos nesses LD, numa
perspectiva multimodal, demonstrando as peculiaridades tanto inerentes ao tipo de gênero,
como de composição semiótica, com vistas a reflexividade crítica sobre a formação de sentidos
em LD de espanhol e como esses textos podem ser melhor trabalhados quando se conhece a
potencialidade de significação de diferentes semioses em língua estrangeira.
1. INTRODUÇÃO
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Desse modo, Não há enunciado (oral ou escrito) que não esteja materializado
em um gênero, ele é constituído socialmente. Bakhtin (1986) classifica o gênero do
discurso em primário - simples ou secundário – complexo. Os gêneros primários são as
formas genéricas básicas características de ampla gama de situações sociais encontradas
na vida cotidiana (troca dialógica, cartas pessoais, memorandos, instruções, explicações,
entre outros). Já os gêneros secundários são formas complexas de discurso (textos
científicos, artísticos, jornalísticos,...)
Bakhtin (1986) tratou gênero sob uma ótica sócio-histórica e dialógica, ou seja,
ele examina os gêneros por meio de sua historicidade, e atribui-lhes natureza social,
discursiva e dialógica. Em relação à visão Bakhtiniana de gêneros, Baldry & Thibault
(2006), afirmam que a língua é vista de forma dinâmica produzida pela história e, ao
mesmo tempo, como produtora da história.
Baldry & Thibault (2006) conceituam gêneros como formas típicas de discurso
que são usados de acordo com a situação de fala. E sugerem que a distinção entre
gêneros primários e secundários podem ser estendidos para textos multimodais.
3. TEXTO MULTIMODAL
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Os textos multimodais são conceituados por Baldry & Thibault (2006) como a
parte constitutiva de algum evento de construção de significado ou atividade na qual o
texto participa. Ou seja, é a parte inseparável das atividades de construção de
significado, que envolvem muitos sistemas semióticos que interagem de diferentes tipos
em diferentes níveis de organização textual.
Conforme essa premissa, textos nunca são monomodais. O princípio
multimodal é difundido em todos os textos, em maior ou menor grau. Os textos
multimodais combinam e integram os recursos de construção de significado de várias
modalidades semióticas (linguagem, gesto, movimento, imagens visuais, som...) para
produzir significados específicos do texto. Diferentes tipos de recursos são combinados
para produzir um significado global textual. (BALDRY & THIBAULT, 2006)
Um aspecto crucial da análise de texto multimodal que é importante citar nesse
artigo é a intertextualidade, pois nenhum texto é feito ou interpretado isoladamente de
outros textos. Desse modo, Baldry & Thibault (2006) afirmam que as formações
multimodais intertextuais são construídas com base em recursos verbais e visuais.
O texto multimodal possui um papel socialmente significativo, ele explora
várias semioses e, assim, a Multimodalidade extrapola muitas possibilidades para se
trabalhar com os diversos gêneros discursivos como anúncios publicitários, cartoons,
filmes, músicas, reportagens entre outros.
Os textos em si podem recontextualizar significados e práticas em uma
modalidade para outra modalidade. Por exemplo, uma versão cinematográfica de um
romance (romance é uma recontextualização dos gêneros do discurso da vida cotidiana
e outras modalidades semióticas) (BALDRY & THIBAULT, 2006).
A proposta de inserir nos livros didáticos leitura e produção de texto baseado
em gêneros discursivos, em princípio, propicia a prática social de leitura e possibilita
maior expressão verbal (oral ou escrita) do aprendiz. (DELL’ISOLA, 2009). Como
afirma Tilio (2009, p. 205) “A língua precisa ser contextualizada em práticas
discursivas, que se materizalizam em gêneros do discurso.”
Nessa perspectiva, Baldry & Thibault (2006) afirmam que técnicas de
transcrição multimodal podem ser usadas para comparar diferentes textos do mesmo
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gênero, com vista a destacar as suas diferentes funções dentro deste ou como estes
textos foram ressemiotizados.
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4. METODOLOGIA
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Na Fig. 2.1, o cluster 4 com vários subclusters expõe o texto base, anúncio de
imobiliária chilena. O anúncio revela-se colorido e atraente. Observamos nele a
interação entre texto e imagem.
No cluster 5, há enquadramento com texto explicativo sobre o que são os
anúncios classificados e qual a sua função social.
Portanto, com essa análise de Clusters, observei a interação dos recursos
semióticos, que Kress e van Leuween (1996) afirmam haver entre a semiose verbal e a
não verbal, ou seja, há combinação de diferentes recursos semióticos advindos de duas
modalidades para construir significado. A seguir, analisei a mesma lição na perspectiva
da Gramática Visual.
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5.2.1 PARTICIPANTES
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Fonte: www.tarragonachile.cl
Figura 6 – Anúncio no LD
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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BAKHTIN, M. M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1999.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa Qualitativa em ciências humanas e sociais. Petrópolis, RJ: Vozes,
2006.
DIAS R., DELL’ISOLA R. L. P., Gêneros Textuais: teoria e prática de ensino em LE.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2012.
DELL’ISOLA R. L. P. Gêneros textuais em livros didáticos de português língua estrangeira: o
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FERRAZ A. J. Multimodalidade e Formação Identitária: o Brasileiro em Materiais didáticos de
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FLICK, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004.
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KRESS, Gunther; van LEEUWEN, Theo. Introduction: the Grammar of Visual Design. The
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