Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURITIBA
2016
ALINE APARECIDA DE SOUZA VAZ
CURITIBA
2016
Dados Internacionais de Catalogação na fonte
Biblioteca "Sydnei Antonio Rangel Santos"
Universidade Tuiuti do Paraná
V393 Vaz, Aline.
Medianeras: enquadramentos e afetos no habitar da cidade
que olha e é olhada para e pelo cinema / Aline Vaz; orientadora
Profª drª Sandra Fischer.
196f.
CDD – 791.343
TERMO DE APROVAÇÃO
Esta dissertação foi julgada e aprovada em Banca de Defesa para obtenção de título de Mestre em
Comunicação e Linguagens da Universidade Tuiuti do Paraná.
_______________________________________
Dedico esta pesquisa ao cinema que a cada filme rompe barreiras do meu
olhar e me proporciona habitar o espaço dos sonhos, das ilusões e desilusões.
Rimos e choramos juntos, somos olhados e olhantes, deixamos nossas histórias
serem invadidas, nos apropriamos e nos compreendemos no espaço-tempo da
subjetividade.
Agradeço aos meus pais, Celso Genito de Souza Vaz e Sueli Mariano Vaz,
pela ajuda desde sempre, pelo afeto, pelo sim e pelo não, pela vida e pela
segurança. Obrigada por quem sou, por quem são, pela família que somos e por
todas as nossas conquistas. Não posso retribuir em palavras o que me dão em
sentimentos e ações.
Agradeço ao meu irmão, Tiago Vaz, ao seu apoio, as suas verdades ditas
na cara, as boas e aquelas que a gente não quer ouvir (as mais necessárias). Um
grande amigo, maior motivador, que conhece todas as alegrias e as preocupações
do meu cotidiano.
Os amigos chamo para um brinde: cada um paga sua conta, heim?
Aos professores, desde o Ensino Fundamental e Médio, da Escola
Municipal São Jorge e do Colégio Estadual Papa João Paulo I, da Graduação em
Letras e da Especialização em Cinema, minha gratidão. O meu muito obrigado
aos pesquisadores com quem pude aprender no Programa de Pós-Graduação em
Comunicação e Linguagens da UTP: Kati Caetano, Mônica Fort, Denise
Guimarães, José Gatti, Eduardo Marquioni, Fernando Andacht, Geraldo Pieroni e
Álvaro Larangeira. Agradeço minha orientadora, Sandra Fischer, atenciosa, que
sempre confiou em meu trabalho e me mostrou caminhos complexos, mas
trilhados com poesia; obrigada por ser uma grande pesquisadora que tanto me
inspira. Agradeço ao professor Rafael Tassi que, sempre presente, contribuiu
com minha bibliografia, confiando em meu trabalho durante todo esse percurso
no mestrado e aceitando participar de minha banca de qualificação, com
considerações indispensáveis para o prosseguimento da pesquisa – e que agora
também se faz presente em minha banca de defesa. Finalmente, agradeço a
professora Denize Araujo, grande responsável por meu ingresso no
PPGCOM/UTP, apoiadora e motivadora.
Meu carinho e apoio aos colegas do programa que aceitaram o mesmo
desafio que eu, que se superam a cada dia, perdem alguns fios de cabelos, outros
ficam brancos, mas permanecem no mesmo caminho, trilhando uma linda
história.
Agradeço as contribuições do Grupo de Pesquisa Desdobramentos
Simbólicos no Espaço Urbano em Narrativas Audiovisuais, o GRUDES, que me
acolheu tão bem, onde nasceu a primeira apresentação da ideia que viria a se
tornar a presente pesquisa. Meu agradecimento especial também ao Cinecriare,
Grupo de Pesquisa da Unespar/FAP em que fui acolhida pelo coordenador
Eduardo Baggio, ao qual também agradeço pelas contribuições à minha pesquisa,
presente em todo o processo, especialmente em minha qualificação e agora na
banca de defesa, sempre muito atencioso e indispensável para as melhorias em
meu trabalho.
Minha gratidão ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e
Linguagens, que confiou em minha produção acadêmica e tornou possível minha
permanência no curso, a ser contemplada com a bolsa integral da CAPES em
meu último ano de mestrado.
Sinto um imenso carinho por todos os presentes em minhas vivências,
dentro e fora da academia, que me indicaram leituras, retribuíram afetos, criaram
vínculos, compreenderam minhas inquietações, me ouviram, me abraçaram,
dançaram, me deram oportunidades, confiaram e compartilharam suas
experiências comigo, sempre com muita generosidade.
Em tempo, dedico essa pesquisa a todos os alunos de colégios públicos, da
periferia, que podem sim chegar até aqui: eu cheguei. O onde é este “até aqui”? É
onde sonhamos estar. Aproveitem os caminhos até seus sonhos, o trajeto é a
maior realização. E como diz a música: “Segue seus passos, sente teus traços, pra
onde eles levam. A cidade não tem fim, olhos me cercam” (Cidade em Chamas -
CPM22).
RESUMO
This research seeks to analyze the Argentine film Medianeras: Buenos Aires na
Era do Amor Virtual (Gustavo Taretto, 2011), identifying it as belonging to the
minimal aesthetic, recurrent in the productions of the New Argentine Cinema,
looking for cinematography city of Buenos Aires and the modes of inhabiting
that create emotional spaces, comprising the communication processes of the city
framed on the movie screen, which favors the representations and relations
between the public and the private space of the house and the street. One may
wonder how the windows of the mise-en-scène and "camera-eye" appear as a link
between the inside and the outside, framing characters in a city that houses and
oppresses. When we appropriate of the Buenos Aires film we realize that it is the
representation of a metropoleletronica or cyborg city that constitutes a dwell
atopic on the hypermodern subject experiences the presence of other away from
this other mediated by physical and symbolic windows. It is considered that by
the diving on the screen means we are not just observers, we are participants, we
experience a communion space, product of presence in the work, experience and
affection, in the sense of how the cinematographic space affects us and puts us in
a be and be in the world represented. Spectator and characters appropriates of a
poetic city. The ways of inhabiting determine form and content. The cinema
space that is the space of filmic city connects objects and bodies, builds
appropriations and imaginary by means of cinematographic strategies.
INTRODUÇÃO...................................................................................................09
1 O OLHAR QUE HABITA O CINEMA..................................................25
1.1 OS ENQUADRAMENTOS DA CIDADE FÍLMICA................................32
1.2 FLÂNERIE..................................................................................................44
1.3 PAISAGENS E ESPAÇOS........................................................................54
2 CIDADE GLOBALIZANTE....................................................................66
2.1 AS (DES) CONEXÕES DO MUNDO DE MARTIN.................................78
2.1.1 Rompimentos de Martin..............................................................................85
2.2 AS (DES) CONEXÕES DO MUNDO DE MARIANA.............................92
3 O OLHAR PARA O IMAGINÁRIO DA CIDADE FÍLMICA...........101
3.1 INSCRIÇÕES CROMÁTICAS NA CIDADE IMAGINÁRIA DE
GUSTAVO TARETTO......................................................................................109
3.2 A TRILHA SONORA NA CIDADE IMAGINÁRIA DE GUSTAVO
TARETTO..........................................................................................................119
3.3 APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO..................................................125
3.4 APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO VIRTUAL.............................................134
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................141
REFERÊNCIAS................................................................................................152
FILMOGRAFIA...............................................................................................160
ANEXOS............................................................................................................165
ANEXO 1......................................................................................................................166
ANEXO 2......................................................................................................................170
ANEXO 3......................................................................................................................171
ANEXO 4......................................................................................................................193
ANEXO 5......................................................................................................................194
9
______________
INTRODUÇÃO
10
1
Segundo Zigmunt Bauman (2007, p. 42) o termo nowherevile “se refere a cidades típicas do
mundo globalizado, cidades iguais, sem traços regionais, que poderiam estar localizadas em
qualquer parte do mundo [...]”.
2
Analisamos o percurso do Novo Cinema Argentino de encontro com o filme Medianeras:
Buenos Aires na Era do Amor Virtual, lançado em 2011, razão pela qual não avançamos as
discussões em relação ao NCA nos anos seguintes à produção de Gustavo Taretto.
3
O fundo de fomento do INCAA é composto a partir de três fontes de impostos: salas de
exibição de cinema; aluguel de videocassetes; e exibição de filmes na televisão.
4
Escuela Nacional de Experimentación y Realización Cinematográfica.
5
Fundação Universidade do Cinema.
11
para o fato de que no final da década de 90, “Buenos Aires era a cidade com
maior densidade de cineastas por quilômetro quadrado” e o fomento passava de 8
milhões para 40 milhões de dólares em 1994.
6
Importante cineasta da geração anterior: o cinema de grande inspiração literária da década de
60.
12
Filmes
Anos Concluídos
2002 54
2003 57
2004 86
2005 65
2006 59
2007 85
2008 60
2009 68
2010 74
2011 79
2012 75
2013 79
2014 63
7
www.incaa.gov.ar
13
11
Relatos Selvagens, filme argentino de 2014, dirigido por Damián Szifron, que levou 3
milhões de espectadores ao cinema na Argentina, inspira-se na estética de um filme
fragmentado e composto por diversas pequenas histórias que não se interligam, a não ser pela
característica principal das personagens que estão fora de controle.
12
Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente.
13
O autor exemplifica com o filme Gatica, el mono (Leonardo Favio; 1993).
15
14
No início dos anos 90 Perrone era chamado de videasta.
16
renovar em 2002 com a filmagem em parceria com uma grande produtora, Lita
Stantic, em que finalmente sua película de gênero seria realizada: Un Oso Rojo.
Sergio Wolf (2009) percebe em Pablo Trapero um distanciamento do
extraordinário para aproximar-se do doméstico, contribuindo para a
cinematografia do Novo Cinema Argentino. Seu primeiro exercício seria em
Mocoso Malcriado (1992), nos seus vinte anos, influenciado por François
Truffaut. Em 1995, Trapero, produz Negocios, filme que aparece seu pai e um
amigo do patriarca15: é o espaço doméstico e familiar entre o documental e a
ficção, particularidades que irão destacar-se em Mundo Grúa (1999), em que o
protagonista Rulo, desocupado, busca reincorporar-se no mundo do trabalho e
carrega elementos biográficos do ator.
Para Wolf o cinema de Trapero é pensado como um universo social, uma
mostra extraída de uma classe e setor da sociedade, trazendo, por exemplo, ecos
das migrações internas ocorridas nos anos 40, quando moradores das províncias
argentinas migraram para Buenos Aires em busca de melhores condições, já não
vivenciadas em seus locais de origem empobrecidos. O autor ressalta a temática
de Trapero que coloca a personagem obrigada a inserir-se em um mundo ao qual
não pertence, marcando uma transformação impossível (Mundo Grúa), abortada
(El Bonaerense), impensada (Familia Rodante), auto-imposta (Nacido y Criado)
ou obrigada (Leonera).
Também realizadora de Histórias Breves, Lucrecia Martel é descrita por
Marcos Vieytes (2009) como a cineasta de sua geração (NCA) que mais conta
com recursos técnicos e dispõe deles para representar um marco social sem que
resulte em gratuito e carente de sentido: no ano de 1995, em Histórias Breves, a
cineasta inclui na obra o seu curta-metragem Rey Muerto; em 1999 realiza um
telefilme chamado Silvina Ocampo, las Dependências, sobre uma importante
poeta e narradora argentina. Em 2001 estreia o longa-metragem La Ciénaga; em
2004 La Niña Santa; e em 2008 La Mujer Sin Cabeza.
15
Personagens familiares serão elementos recorrentes em sua obra, como, por exemplo, a
presença de sua avó fazendo personagens secundários em Mundo grua e El bonaerense (2002).
18
palavras. O cineasta, que aparece em suas próprias películas, fala, defende, faz
filmes e fala sobre eles, usa palavras e imagens, as suas palavras e a sua própria
imagem.
Diego Trerotola e Mariano Kairuz (2009), ainda, selecionam alguns
cineastas representativos na produção argentina na primeira década dos anos
2000: Albertina Carri16 que experimenta as diversas formas audiovisuais,
transitando desde a animação ao documentário, chegando à ficção de curta e
longa duração; Diego Lerman17 dos poucos cineastas do NCA que faz adaptações
de obras literárias; Celina Murga18 realizadora formada pela Universidad de
Cine, que em sua obra de destaque, Ana y Los Otros (2003) propõe-se a sair da
recorrente representação urbana de Buenos Aires para retratar o pulso de vida
provinciano, mantendo a narração minimalista do NCA; Inés de Oliveira Cézar19
que em cada plano de seus filmes produz um sinal sobre a paisagem de um tempo
impossível; Juan Villegas20, cineasta inspirado pelas referencias cinéfilas como
Eric Rohmer, Howard Hawks e pela Nouvelle Vague; e Rodrigo Moreno21 que
surge junto a uma nova geração de cineastas formados na Universidad de Cine
(Ulises Rosell, Andrés Tambornino, Nicolás Saad, Mariano De Rosa e Salvador
Roselli), expressando rigor em um trabalho reflexivo, quase virtuoso, inspirado
em sua fascinação declarada pelos diretores Tsai Ming Liang e Takeshi Kitano.
Com uma nova geração de cineastas, assim, nasce o Novo Cinema
Argentino, nas fendas neoliberais, nos dez anos da política do presidente Menem,
durante os anos 90, que criou um clima de “apatia, depressão e decadência, do
pessoal ao nacional, em suma, falta de esperança” (MOLFETTA, 2012, p. 179).
Diferente das gerações anteriores que se ocupavam de metáforas, o NCA olha
para as miudezas do cotidiano, “com forte influência do tratamento documental
16
Filmes citados pelos autores: No Quiero Volver a Casa (2000); Los Rubios (2003); Barbie
También Puede eStar Triste (2001), Aurora (2001); Géminis (2005) e La Rabia (2008).
17
Filmes citados pelos autores: La Prueba (1999); Tan de Repente (2002); La Guerra de los
Gimnasios (2004); Mientras Tanto (2006).
18
Filmes citados pelos autores: Ana y los Otros (2003); Una Semana Solos (2008).
19
Filmes citados pelos autores: La Entrega (2001); Como Pasan las Horas (2005) e Extranjera
(2007).
20
Filmes citados pelos autores: 2 em 1 Auto (1998); Sábado (2001); Una Tarde Feliz (2001) e
Los Suicidas (2005).
21
Filmes citados pelos autores: El Custodio (2005); Mala Época (1998) e El Descanso (2001).
20
22
O presente estudo entende a narrativa do mínimo, nos termos de Denílson Lopes, configurada
por uma “estética do comum, uma encenação comum, em especial personagens comuns” (2012,
p. 110). Este personagem comum é aproximado à figura do flâneur, um homem anônimo,
solitário, que vive entre o individual e a multidão homogênea, oprimido na cidade que quebra
vínculos, transformando as noções de família e de casa. Para Lopes, o comum emerge a sombra
de Agamben entre o universal e o individual, possibilitando o diálogo e atravessando
identidades.
23
O cineasta lançou em 2015 o filme Las Insoladas, que retrata a Argentina em crise dos anos
90, porém nossa pesquisa se restringe a sua produção até o ano de 2011, ano em que é lançado o
filme Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual, objeto de análise do presente estudo.
21
24
Trata-se de um "olhar" sintomático de uma sociedade de relações verticalizadas (CAETANO;
FISCHER, 2014, p. 02).
23
1
______________________
O OLHAR QUE HABITA
O CINEMA
26
[...] o retângulo da imagem é visto como uma espécie de janela que abre
para um universo que existe em si e por si, embora separado do nosso
mundo pela superfície da tela. Esta noção de janela (ou às vezes de
espelho), aplicada ao retângulo cinematográfico, vai marcar a incidência
de princípios tradicionais à cultura ocidental, que definem a relação
entre o mundo da representação artística e o mundo dito real (XAVIER,
2005, p. 22).
25
Daqui em diante o filme será designado como Medianeras...
29
[...] a palavra janela nos abre para outros significantes: os olhos como
"janelas da alma" ou "espelhos do mundo" (cf. Chauí, 1988), as janelas
que se abrem a paisagens paradisíacas, as janelas que permitem sair e
ver o mundo, as janelas que trazem luminosidade para os interiores
escuros (dos lugares ou de nós mesmos). A escuridão é, assim, moldura
tanto da tela (do quadro, do cinema) como da janela (que deveria
justamente trazer luz). E o que tal escuridão evocaria? A falta, o vazio, a
hiância constituinte do sujeito. Tal vazio, entretanto, é de uma natureza
outra: trata-se de uma brecha que deve permanecer enquanto tal, que
deve permanecer vazia por ser estruturante (Ibid, p. 37).
26
[...] inclui os aspectos do cinema que coincidem com a arte do teatro: cenário, iluminação,
figurino e comportamento das personagens. No controle da mise-en-scène, o diretor encena o
evento para a câmera (BORDWELL; THOMPSON, 2013, p.205).
32
1.1
______________________
OS ENQUADRAMENTOS
DA CIDADE FÍLMICA
33
Constitui-se um híbrido composto pelo público (as imagens da cidade refletidas na vidraça), o
privado (o interior da casa) e o global (presente na janela do ciberespaço).
trânsito pelas ruas não se olham, distraídas pelos enquadramentos do olhar que
vagueia.
Como os protagonitas da Buenos Aires fílmica, Martin e Mariana,
Theodore é solitário, introspectivo, passa pela recuperação de um término de
relacionamento e leva uma rotina muito próxima de Martin: “os passeios por
salas de bate-papo, contemplação de imagens de mulheres nuas e escuta de
músicas garimpadas na internet, partidas de videogame (...)” (Ibid, p. 03) são
identificados no estilo de vida das personagens de ambos os filmes.
Em Medianeras..., temos o olhar guiado pela câmera subjetiva, as
personagens flanam pela cidade, juntamente com o espectador. Percebe-se que na
falta de saída, a cidade torna-se opressora, apequenando o sujeito que se tranca
em si mesmo, engolido pela arquitetura. Os enquadramentos da Buenos Aires
cinematográfica ressaltam o apoderamento arquitetônico em relação ao sujeito.
Os prédios, filmados em contra-plongée, nos colocam como um sujeito oprimido
pelos edifícios, que parecem estar prestes a nos engolir (Figura 9). Detalhe para a
imagem que transmite a sensação de um abismo (Figura 10), novamente estamos
abaixo dos edifícios, como se estivéssemos encurralados no fundo do poço.
41
27
O prédio da frente configura uma vizinhança que por um lado é mais distante – as pessoas não
se cruzam pelos corredores como quando moram no mesmo edifício ou condomínio – mas,
paradoxalmente, muito mais próxima do olhar, pois mesmo não querendo acompanhamos as
movimentações do outro sempre que vamos até a janela (LAMPERT, 2013, p. 76).
43
1.2
__________
FLÂNERIE
45
28
Sandra Fischer, em observação de aula ministrada no dia 07/08/14 no Programa de Pós-
Graduação em Comunicação e Linguagens da Universidade Tuiuti do Paraná.
29
O formato dos prédios aumenta a fronteira entre espaços internos e externos. “Quanto mais
alto, maior o abismo. [...] Embora a distância seja mínima, o abismo, no sentido da
oportunidade de criar uma relação naturalmente, parece quase intransponível” (LAMPERT,
2013, p. 76).
48
sonhos, comanda a vida, decide passos, induz direções. Nosso sonho se liga à
cidade, indissoluvelmente” (CARLOS, 2001, p. 61). A metrópole passeia entre o
“real” e o possível, encontros e desencontros, o visto e o entrevisto, ela se
constitui de virtualidades e apropriações.
1.3
______________________
PAISAGENS E ESPAÇOS
55
mais "participante" da ação, mas observa também a si própria como sujeito que
observa o contexto. É meta-observação” (CANEVACCI, 1993, p. 31).
Irregularidades estéticas.
das janelas como experiência do habitar a cidade, é nela que estamos dentro e
fora, é dela que saltamos para a cidade.
Após presenciar um acidente, incluindo o suicídio de um cachorro que
passava a vida trancado na varanda e que tenta saltar nessa cidade opressora do
filme, Mariana observa o menino que tenta movimentar-se na sacada, um
pequeno espaço externo a casa (Figura 18), sem deixar de pertencer a casa, as
grades enclausuram o sujeito. A criança vai e volta com a sua bicicleta, sem
encontrar saída. Uma arquitetura que privilegia a estética da segurança não
permite fuga, movimento; muito menos o mergulho na cidade, pois isso seria a
morte para o morador inseguro, evidenciada pelo suicídio do cachorro. A criança
está sozinha nesse mundo que media o dentro e o fora, não pertencendo nem ao
dentro e nem ao fora. Como as vitrines decoradas por Mariana, a varanda
também funciona como um lugar perdido.
2
________________________
CIDADE GLOBALIZANTE
67
Massimo di Felice (2009, p. 61) observa que a ponte não ocupa um lugar,
ela constrói um novo lugar constituído de uma nova identidade, pois “os espaços
recebem a sua essência não de si próprios, mas dos lugares”:
30
Refere-se ao “corpo fantasma, que retrata corpos imaginados, feitos de sentimentos coletivos,
encarnados em objetos reais da cidade” (SILVA, 2014, p. 31).
69
para o eletrônico, multiplica, nas telas, nos outdoors e nas imagens, as paisagens
urbanas” (DI FELICE, 2009, p. 161).
31
Reiteramos, aqui, que a pós-territorialidade cria um paradoxo: experimentamos o espaço
múltiplo das relações virtualizadas ao passo em que, também, estamos territorializados, presos
às limitações do espaço geográfico.
73
32
Característico do NCA, Gustavo Taretto, constrói o olhar em primeira pessoa. A
representação da cidade fílmica se dá pelas estratégias narrativas que permitem o
reconhecimento da Buenos Aires “real” e suas mazelas.
75
2.1
______________________________
AS (DES) CONEXÕES DO MUNDO
DE MARTIN
79
Para o autor, o flâneur busca a imersão pelo olhar, uma escrita (rastros de
deslocamentos) e uma leitura (decodificação de signos). A flânerie tanto nas
cidades quanto no ambiente digital permite traçar, escrever percursos além das
macroestruturas textuais em um processo de sedução e desvio.
81
33
Ver Jean Baudrillard (1991, p. 151): o autor trata de três categorias de simulacros, “a primeira
categoria corresponde o imaginário da utopia. A segunda a ficção científica propriamente dita.”
E a terceira baseia-se “na informação, no modelo, no jogo cibernético – operacionalidade total,
hiper-realidade, objectivo de controle total”.
83
2.1.1
____________________
Rompimentos de Martin
86
34
Massimo di Felice (2009, p. 184) considera como ipod-flâneur, o sujeito que se desloca pela
cidade com “um suporte sonoro, o qual pode ser um MP3 ou um Ipod”, expandindo o olhar para
a cidade, transformando o flâneur em um criador de videoclipe, através de uma montagem
imaginária.
90
Sozinho Martin precisará abrir as janelas da alma para que possa de fato
pertencer à multidão da cidade, para que ocorra o acidente do encontro. A
personagem precisará desconstruir os simulacros de uma vida que experimenta a
presença do outro protegido por mediações; deverá saltar na cidade, passear com
sua cachorra entre a multidão e encontrar identificação com o espaço. Somente
assim será possível habitar essa cidade que para a personagem – que media seu
olhar através de aparelhos – parece apenas paisagem.
92
2.2
______________________________
AS (DES) CONEXÕES DO MUNDO
DE MARIANA
93
ano, desejando que sua cabeça fosse um Mac, bastaria um clique e as memórias
seriam apagadas.
Os relacionamentos contemporâneos são, muitas vezes, aprisionados em
representações, em aparências de uma vida dita feliz representada por
fotografias: quanto maior a felicidade, maior a necessidade de reproduzi-la. As
imagens produzem o valor de “realidade”; a quantidade de fotos de Mariana e
Pablo diminui: com o passar dos anos a insatisfação com a vida a dois diminui a
representação imagética da relação. Percebe-se, então, que “sujeito, tempo,
espaço e relato forjam-se um ao outro, se afetam e se estruturam em várias
operações de corte imaginário, que atuam desde a imposição da pose” (SILVA,
2014, p. 132): Mariana deixa expressar no registro imagético o seu
distanciamento no relacionamento, a insatisfação da personagem em guardar
aquele momento para o futuro (Figura 33). Ela deleta o arquivo fotográfico, pois
já não há valor afetivo para o armazenamento de uma memória capturada, já que
não se tem a necessidade de “guardá-las para o futuro” (ibid, p. 132), quando não
se viverá mais o futuro da memória projetada no instante do registro.
mas o tempo que levou para não continuar, como ela é apagada da memória,
apagando-se reproduções técnicas de uma vida compartilhada.
tem relação com o deus latino Jano, aquele que possui duas faces, que olha para o
futuro e também para o passado. Olhando para o seu futuro e seu passado
Mariana precisa olhar para a sua janela da alma, apropriar-se do que vê em um
movimento interno e externo, se acomodar na janela, quebrar a medianera de seu
edifício:
Todos os prédios, todos mesmo, têm um lado inútil. Não serve para
nada, não dá para a frente nem para o fundo. A “medianera”.
Superfícies que nos dividem e lembram a passagem do tempo, a
poluição e a sujeira na cidade. As “medianeras” mostram nosso lado
mais miserável. Refletem a inconstância, as rachaduras, as soluções
provisórias. É a sujeira que escondemos embaixo do tapete. Só nos
lembramos dela às vezes, quando submetidas ao rigor do tempo, elas
aparecem sob os anúncios. Viraram mais um meio de publicidade que,
em raras exceções conseguiu embelezar. Em geral, são indicações dos
minutos que nos separam de supermercados e lanchonetes. Anúncios de
loterias que prometem muito em troca de quase nada. Ultimamente
lembram a crise econômica que nos deixou assim, sem emprego. Para a
opressão de viver em apartamentos minúsculos existe uma saída. Uma
rota de fuga. Ilegal, como toda rota de fuga Em clara desobediência às
normas de planejamento urbano abrem-se minúsculas, irregulares e
irresponsáveis janelas que permitem que alguns milagrosos raios de luz
iluminem a escuridão em que vivemos (MEDIANERAS..., 2011, cap.
4).
3
_______________________________
O OLHAR PARA O IMAGINÁRIO
DA CIDADE FÍLMICA
102
Digo vicinal de vizinho (do latim vicinus, "que habita perto do outro)
que deriva em vizinhança (conjunto de pessoas que vivem em casas
contíguas ou próximas), e que retomo com consciência de estar perto de
outro, no espaço, ou próximo no tempo, no sentido de se reconhecer;
isto me parece melhor que comunidade e comunitário porque dão a
entender que se age com uma consciência comum. [...] São arquivos
vicinais dentro de nossa bibliografia, os grafites, os estudos sobre
vitrines e outdoors de cidades, onde se analisaram os pontos de vistas
urbanos de circulação comunal (SILVA, 2014, p. 127-8).
Mariana e Martin são enquadrados nas janelas emolduradas por anúncios publicitários.
A janela que nasce como uma alternativa para um novo olhar para e pela
cidade é emoldurada pelo anúncio “HOPE” (Figura 39). A esperança que o
morador deposita no novo enquadramento da cidade pelo furo na parede,
também, está no anúncio. Há um diálogo do anúncio com uma arquitetura que
busca encontrar um novo mundo, incluindo o anunciante como potencializador
desse novo olhar para e pelo mundo. Desse modo, o anúncio se vale da busca por
105
O anúncio ressignifica a janela como uma nova esperança para o olhar para e pela cidade.
3.1
_________________________
INSCRIÇÕES CROMÁTICAS
NA CIDADE IMAGINÁRIA DE GUSTAVO TARETTO
110
a cidade nutre o imaginário de uma arquitetura que não olha e não é olhada, que
assombra o céu e impede os olhares: nos enquadramentos de Taretto, o Edifício
Kavanagh (Figura 41) cria um fantasma36 na cidade, em que os sentimentos
dominam a percepção social e as personagens veem a cidade fílmica mediada
pelas emoções presentes na paisagem37, nas condições afetivas e cognitivas
dentro da comunidade social38 e nas técnicas expressivas que afetam os
imaginários39.
36
Quando nos referimos aos fantasmas na cidade fílmica, fazemos referência a Armando Silva
(2014, p. 31) e a ideia de “corpo fantasma, que retrata corpos imaginados, feitos de sentimentos
coletivos, encarnados em objetos reais da cidade, como um edifício coberto por grades, que
denuncia o medo de seus habitantes ao assalto”.
37
Refere-se à inscrição psíquica privilegiando “os momentos nos quais os sentimentos dominam
a percepção, tais como estados de medo, temor, ódio, ressentimento, afeto, vergonha, confiança,
ilusão ou solidariedade [...] (SILVA, 2014, p. 37-8).
38
Armando Silva (Ibid, p. 39) conceitua como inscrição social quando “o imaginário não
corresponde apenas a uma inscrição psíquica individual, ele nos oferece uma condição afetiva
dentro de uma comunidade social.
39
Quando a técnica afeta os imaginários como meio materializador de tipos de visões Armando
Silva (Ibid, p. 41) refere-se à inscrição tecnológica.
112
As personagens estão para o imaginário da cidade como o imaginário da cidade está para elas e
nelas.
41
Nunca mais.
118
3.2
__________________
A TRILHA SONORA
NA CIDADE IMAGINÁRIA DE GUSTAVO TARETTO
120
A personagem esconde-se no canto da casa, incomodada com a sonoridade que a assombra, não
consegue fugir de suas angústias.
42
Referência ao questionamento de Gaston Bachelard: “De fato, em nossas próprias casas não
encontramos redutos e cantos onde gostaríamos de nos encolher?” (BACHELARD, 1978, p.
197). O ato de encolher-se é visto pelo autor como uma atitude daquele que deseja habitar a
casa, em busca de um canto no mundo, um sentimento de pertença.
43
O primeiro longa-metragem musicalizado por Chwojnik foi Balnearios de Llinás, a parceria é
marcada por uma musicalização que “por momentos, es otro comentário, a veces es épica, a
veces humorística, a veces, podría decirse, es épico-humorística, a veces se hace canción,
disfrazada de anacronismo” (FOUZ, 2009, p. 157).
121
44
Referente à obra de Greimas “Da Imperfeição” (2002), a fratura pertence à teoria estética em
que os acontecimentos podem ter relação com o inesperado que arrebate e desvia a rotina do dia
a dia ou, ainda, podem romper com a dicotomia continuidade/descontinuidade, rotina/acidente,
sensível/inteligível – “Algo, não se sabe o que, acontece de repente: nem belo, nem bom, nem
verdadeiro mas tudo isto de uma só vez. Nem sequer isso: outra coisa” (GREIMAS, 2002, p.
70).
122
dá espaço, ouvidos, a uma canção indie45, que mais uma vez estabelece o
prenúncio do encontro entre Martin e Mariana. A música de Daniel Johnston, que
tem o título True Love Will Find You in the End46 (Anexo 4), ao ser cantada pelas
personagens permite, por meio da oralidade, que os medos sejam colocados para
fora, que consigam ouvir a si mesmas cantando “Cause true love is searching
too, but how can it recognize you, unless you step out into the light?”47. A letra
dialoga com o espaço – antes escuro e agora iluminado – e sugere que as
personagens poderão se encontrar.
Podemos reconhecer que “os temas musicais estão associados a aspectos
específicos da narrativa” (BORDWELL; THOMPSON, 2013, p. 424). Ouvindo e
cantarolando a música True Love Will Find You in the End Martin encontra-se
em uma posição relaxada, não mais olhando fixamente para a luz da tela do
ciberespaço (Figura 49). Mariana que antes se relacionava com os seres
inanimados, os manequins, embalada pela nova trilha sonora, agora cuida de uma
planta que iluminada pela luz natural poderá desabrochar (Figura 50).
45
A música indie nasceu no Reino Unido e nos Estados Unidos ao longo dos anos 80 e tem raízes no rock
independente.
46
O verdadeiro amor irá te encontrar no fim.
47
Porque o amor verdadeiro está à sua procura também, mas como o amor poderá te reconhecer
a menos que você saia debaixo da luz?
123
Martin, antes na escuridão, iluminado apenas pela janela do ciberespaço, em outro plano
é iluminado pela janela na medianera.
Mariana, que antes ocupava o apartamento, aparentemente, imobilizada como seus manequins,
em outro plano vive no espaço iluminado pela janela na medianera.
124
3.3
________________________________
APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO
126
48
Sandra Fischer, em observação de aula ministrada no dia 07/08/14 no Programa de Pós-
Graduação em Comunicação e Linguagens da Universidade Tuiuti do Paraná.
131
3.4
__________________________________
APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO VIRTUAL
135
49
Não há montanha alta o suficiente.
140
________________________
CONSIDERAÇÕES FINAIS
142
50
Considera-se a capacidade do espectador em reconhecer os objetos na tela.
51
Considera-se a capacidade do espectador em reconhecer os significados estabelecidos
culturalmente ao que é visto na tela.
52
Considera-se a capacidade do espectador em decodificar os significados dos recursos
cinematográficos estabelecidos pela forma.
53
A frase “este filme é sobre...” deve ser completada.
54
Quando os efeitos são da ordem das sensações.
55
Quando os efeitos são da ordem de sentido: geralmente, os filmes transmitem o ponto de vista
sobre determinado tema.
56
Quando os efeitos transmitem sentimentos e emoções.
144
57
Este filme também possui as características do NCA, um cinema do mínimo, dos conflitos
entre o espaço público e privado.
146
do sujeito, que enquadra o olhar nas janelas da cidade, que por sua vez são
enquadradas pela janela do cinema.
Esses enquadramentos transpostos para a tela constituem imaginários
evidenciados nas inscrições cromáticas da cidade de Gustavo Taretto: como a
cidade é vista pelas escolhas formais do cineasta que filmando a cidade de
Buenos Aires constrói um imaginário, por exemplo, em que as cores da cidade
produzem efeitos de sentidos; sombras que escondem os habitantes, prédios
fantasmagóricos que invadem o céu, já encoberto por fios de fibra ótica,
figurinos que também se apropriam das tonalidades da cidade fílmica e a pouca
iluminação, podem evidenciar a escuridão interna a qual as personagens se
inserem no anonimato de uma cidade que não permite que os olhares se cruzem.
A trilha sonora também contribui para a criação do imaginário dessa
cidade: desempenhando funções subjetivas dentro da diegese, a música clássica
sugere a tristeza e o incômodo que as personagens sentem. A mudança na trilha
sonora segue as transformações dos outros elementos fílmicos, o espaço ganha
luminosidade, a expressão corporal das personagens fica mais relaxada e a
música agora acompanhada de uma letra é cantada pelos protagonistas que
conseguem externalizar os sentimentos antes oprimidos.
Assim, ocorre a apropriação do espaço físico, que após as alterações na
forma fílmica, possibilita o olhar para a cidade, a inserção das personagens no
espaço público, olhando e sendo olhadas, pertencendo à multidão: elas se
distanciam dos enquadramentos das janelas, deixando o olhar de observador para
aquele que de fato ocupa este lugar, para o espectador que agora flana a cidade
habitada pelas personagens, que não olha mais para os prédios, mas para seus
habitantes, personagens que deixam de ser anuladas pelas estruturas
arquitetônicas, para se identificarem com um novo imaginário, uma cidade
representada de janelas abertas, que liberta Martin e Mariana das prisões
construídas pelos elementos cinematográficos.
Em uma cidade representada como um híbrido composto de concreto e
redes virtuais, em uma expansão do habitar, do ser e estar no público e no
privado, identificando-se com o local e o global, Martin e Mariana ao se
149
______________
REFERÊNCIAS
153
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio
de Janeiro: Zahar, 2004.
DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Editora
34, 1998.
FOUZ, Javier Porta. El minimalismo como camino del cine argentino nacido en
los noventa. In: PENA, J. (Org.). Historias extraordinarias: nuevo cine argentino
1999-2008. Espanha: T&B Editores: 2009, p. 33-45.
FOUZ, Javier Porta. Algunas cosas que nos gusta suponer que sabemos sobre el
cine de Llinás. In: PENA, J. (Org.). Historias extraordinarias: nuevo cine
argentino 1999-2008. Espanha: T&B Editores: 2009, p. 151-160.
MACHADO, Arlindo. Pré-cinema & pós- cinema. Campinas, SP: Papirus, 1997.
PRICE, Brian. Color. In: VACCHE, Angela Dalle (Org.). Nova York:
Routledge, 2006.
QUINTÍN. Hacia el fin del mundo: El cine de Lisandro Alonso. In: PENA, J.
(Org.). Historias extraordinarias: nuevo cine argentino 1999-2008. Espanha:
T&B Editores: 2009, p. 139-149.
SENE, José Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. 2. ed. São Paulo:
Editora Contexto, 2004.
VIEYTES, Marcos. Lucrecia Martel: La mujer del cuadro. In: PENA, J. (Org.).
Historias extraordinarias: nuevo cine argentino 1999-2008. Espanha: T&B
Editores: 2009, p. 129- 138.
VIRILIO, Paul. O espaço crítico. Tradução Paulo Roberto Pires. Rio de Janeiro:
Editora 34, 1993.
WOLF, Sergio. Pablo Trapero: Pasaje a otros mundos. In: PENA, J. (Org.).
Historias extraordinarias: nuevo cine argentino 1999-2008. Espanha: T&B
Editores: 2009, p. 121- 128.
160
_______________
FILMOGRAFIA
161
BARBIE También Puede eStar Triste. Direção: Albertina Carri. Argentina. 2001.
24 min.
COMO Pasan las Horas. Direção: Inés de Oliveira Cezar. Argentina. 2005. 85
min.
HISTÓRIAS Breves. Direção: Israel Adrián Caetano. et al. Argentina. 1995. 109
min.
HISTÓRIAS Breves 2. Direção: Agustín Torre. et al. Argentina. 1997. 100 min.
162
HOJE não estou. Direção: Gustavo Taretto. Argentina. 2007. 07 min. Disponível
em: < https://www.youtube.com/watch?v=ph04uR8MKlk
>. Acesso em: 18 nov. 2015.
SÃO PAULO, sociedade anônina. Direção: Luís Sérgio Person. Brasil. 1965. 107
min.
UMA VEZ mais. Direção: Gustavo Taretto. Argentina. 2010. 08 min. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=cwaJzsDLNgA>. Acesso em: 18 nov.
2015.
164
UNA SEMANA Solos. Direção: Celina Murga. Argentina. 2008. 110 min.
________
ANEXOS
166
ANEXO 1
LISTA DE FRAMES
ANEXO 2
LISTA DE TABELAS
ANEXO 3
MATAPERROS
Y DÓNDE ESTÁ EL BEBÉ
CHÚMBALE
TRES PÁJAROS
TODAS LAS AZAFATAS VAN AL CIELO
BOLIVIA
NO DEJARÉ QUE NO ME QUIERAS
VIDAS PRIVADAS
NOCHE EN LA TERRAZA
EL DESPERTAR DE L
UN DÍA DE SUERTE
TEMPORAL
APASIONADOS
VAGÓN FUMADOR
HERENCIA
SÁBADO
DIBU 3
SAMY Y YO
LA SOLEDAD ERA ESTO
CAJA NEGRA
UNA MODESTA PROPOSICIÓN (TEL.DOC.)
CORAZÓN DE FUEGO
NS/NC
ESTRELLA DEL SUR
LUGARES COMUNES
UN OSO ROJO
EL BONAERENSE
MERCANO EL MARCIANO
LAS AVENTURAS DE DIOS
POTESTAD
SUDESTE-1ºINT.SIMPLE/RECLASIFICAC.
172
ILUSIÓN DE MOVIMIENTO
LAS PALMAS CHACO (TEL.DOC.)
LUCA VIVE
KAMCHATKA
HISTORIAS MÍNIMAS
EL CUMPLE
POR LA VUELTA (TEL.DOC.)
LA TV Y YO. NOTAS EN UNA LIBRETA (DOC.)
CÓDIGO POSTAL
MICAELA
CORTAZAR, APUNTES PARA… (TEL.DOC.)
CHEVOCACHAI (DOC.)
NATURAL (TELEFILM)
JUICIO A LAS JUNTAS (DOC.)
LOS MALDITOS CAMINOS 1 (TEL.DOC.)
LOS MALDITOS CAMINOS 2 (TEL.DOC.)
BAHÍA MÁGICA
EL CHEVROLÉ
SOY FARO (TELEFILM)
NO DEBES ESTAR ALLÍ
BAJAR ES LO PEOR
ADIÓS COMANDANTE CHE (TEL.DOC.)
CIUDAD DE MARÍA
CIUDAD DE DIOS
LA CASA DE TOURNER
EL ALQUIMISTA IMPACIENTE
NADAR SOLO
EN LA CIUDAD SIN LÍMITES
EL JUEGO DE ARCIBEL
EL DÍA QUE ME AMEN
VIVIR INTENTANDO
TAN DE REPENTE
ANA MARÍA SHUA
EL AGUA EN LA BOCA
LA NOCHE DE LAS CÁMARAS DESPIERTAS
173
UN DÍA EN EL PARAÍSO
SOL DE NOCHE
EL JUEGO DE LA SILLA
OSCAR ALEMAN, LA VIDA CON SWING
GERENTE EN DOS CIUDADES
CLEOPATRA
EL FONDO DEL MAR
NICOTINA
EL SÉPTIMO ARCANGEL
VALENTÍN
INDIA PRAVILE
NOWHERE
BAR EL CHINO
MURGAS Y MURGUEROS
EL POLAQUITO
RAÚL BARBOSA, EL SENTIMIENTO DE ABRAZAR.
SOY TU AVENTURA
CRUZ DE SAL
CIUDAD DEL SOL
DAR DE NUEVO
LOS RUBIOS
BONANZA
VLADIMIR EN BUENOS AIRES
PUIG 95% DE HUMEDAD
ABRAZOS, TANGOS EN BUENOS AIRES
SOLA COMO EL SILENCIO
JOSÉ PABLO FEINMAN, LA CÉLULA FUGITIVA
LA MECHA
CORAZÓN VOYEUR
GARDEL, EL HOMBRE Y EL MITO
CRUZ DEL SUR
MARC LA SUCIA RATA
CLON
HOTELES
SE QUIEN ERES
CIELO AZUL, CIELO NEGRO
AL FIN, EL MAR
PYME
EL GRITO SAGRADO
UN HIJO GENIAL
EL FAVOR
LISBOA
MI SUEGRA ES UNA ZOMBIE
YO NO SE QUE ME HAN HECHO TUS OJOS
174
OJOS
SANGRE
EL RESQUICIO
ROSAS ROJAS… ROJAS
TUS OJOS BRILLABAN
CLICK
EL DELANTAL DE LILI
EL SOL EN BOTELLITAS
DANIEL GUEBEL, LA ESPLÉNDIDA DECADENCIATEL
DOC
LOS ESCLAVOS FELICES
EQUILÁTERO
LEGADO TEL DOC
LA VACA VERDE, TAREFEROSDEYERBAMATE TEL
DOC
MARCOS RIBAK, ALIAS ANDRÉS RIVERATEL DOC
KRÓNICAS MEXICANASMARTÍN CAPARRÓSTEL DOC
TACHOLAS TEL DOC
HÉCTOR TIZÓN - LE MOTE JUSTETEL DOC
LA MAYOR ESTAFA AL PUEBLO ARGENTINOTEL
DOC
ALBERTO LAISECATEL DOC
ISMAEL VIÑAS TESTIGO DE UN SIGLOTEL DOC
CONVERSACIONES CON MAMÁ
EL TREN BLANCO TEL DOC
EL ABRAZO PARTIDO
MEMORIAS DEL SAQUEO DOC
NIETOS, IDENTIDAD Y MEMORIA DOC
LA PUTA Y LA BALLENA
NO MATARÁS-MARCELO BIRMAJERTEL DOC
ROMA
EL JARDÍN DE LAS HESPÉRIDES
JUAN
SASTURAINSALUDABLEMENTEENPELOTASTEL DOC
PLANETA BIZZIO - SERGIO BIZZIO TEL DOC
LA NIÑA SANTA
LUNA DE AVELLANEDA
TRELEW DOC
LOS GUANTES MÁGICOS
AY, JUANCITO
REBELIÓN TEL DOC
LUIS GUSMÁN - LA OTRA ORILLA TEL DOC
GAMBARTES VERDADES ESENCIALESTEL DOC
175
KASBAH
OFICINA DE NOTIFICACIONES TEL DOC
GRISSINOPOLI TEL DOC
BS AS 100 KM
OTRA VUELTA
UN AÑO SIN AMOR
WHISKY
CUANDO L SANTOS VIENEN MARCH TEL DOC
ORO NAZI EN ARGENTINA DOC
SERES QUERIDOS
HERMANAS
DE FRANKFURT A HUMAUACA TEL DOC
WHISKY ROMEO ZULU
CAMA ADENTRO
EL GOCE DEL SIGLO TEL DOC
ECCE HOMO TEL DOC
HABÍA UNA VEZ UNA MOVIOLA TEL DOC
UNA CIERTA MIRADA TEL DOC
JORGE RIESTRA TEL DOC
RONDA NOCTURNA
TIEMPO DE VALIENTES
GEMINIS
SOLO UN ANGEL
PACO URONDO LA PALABRA JUSTA TEL DOC
PROHIBIDO DORMIR TEL DOC
CÁNDIDO LÓPEZ TEL DOC
LA VIDA POR PERÓN
UN BUDA
SED DOC
LOCOS DE LA BANDERA TEL DOC
ELSA Y FRED
EL VIENTO
LA MALA HORA
TANGO UN GIRO EXTRAÑO DOC
LA SUERTE ESTA ECHADA
EL VIAJE HACIA EL MAR
HIJOS, EL ALMA EN DOS DOC
CARGO DE CONCIENCIA
COMO PASAN LAS HORAS
177
IMPOSIBLE
ILUMINADOS POR EL FUEGO
LA DIGNIDAD DE LOS NADIES DOC
COMO UN AVION ESTRELLADO
EL AURA
TIEMPO DE VALIENTES
TAPAS
ESPEJO PARA CUANDO ME
PRUEBE EL SMOKING TEL DOC
DI BUEN DIA A PAPA
UN MINUTO DE SILENCIO
CAUTIVA
LO QUE HAY QUE DECIR
TATUADO
MI MEJOR ENEMIGO
EL HOMBRE INVISIBLE TEL DOC
EL TIGRE ESCONDIDO
CACHIMBA
LA DEMOLICION
LA VEREDA DE LA SOMBRA TELDOC
BLOQUEO, LA GUERRA …TELDOC
MATE COCIDO TEL DOC
ANA Y LOS OTROS1ºINT.SIMPLE/RECLASIFICAC
I KEU KENK TEL DOC
JEVEL KATZ TEL DOC
MI FIESTA DE CASAMIENTO TELEFILM
CABALLOS EN LA CIUDAD TEL DOC
AMANDO A MARADONA
NEGRO CHE,… TEL DOC
NEVAR EN BS AS
LIFTING DE CORAZON
NORDESTE
DERECHO DE FAMILIA
EL METODO
EL CUSTODIO
SOFA CAMA
CRONICA DE UNA FUGA
CASEROS-EN LA CÁRCEL TELDOC
EL TORO POR LAS ASTAS TELDOC
ARIZONA SUR
SAMOA
CHILE 672
178
FUGA
ORQUESTA TÍPICA TEL DOC
LA LOMA, NO TODO ES LO ..
EL ARBOL
LAS MEMORIAS DEL SR ALZHEIMER
VISPERAS
DETRÁS DEL SOL,MAS CIELO
AMOR PERDIDO TEL FIC
QUIÉN DICE QUE ES FÁCIL
REVOLUCION Y CONTRA
REVOLUCION 1 Y 2 TEL DOC
CIUDAD EN CELO
TERAPIAS ALTERNATIVAS
LA EDUCACIÓN DE LAS HADAS
LA MIRADA DE CLARA
PURA SANGRE
LUZ DE INVIERNO
EL AMOR Y LA CIUDAD
LA ANTENA
LAS MANTENIDAS SIN SUEÑOS
TRES DE CORAZONES
ARGENTINA BEAT
MADRES
LA PELI
EL OTRO
EL TRADUCTOR
COCALERO
PARAISO PARAISO
ARGENTINA LATENTE
LOS PRÓXIMOS PASADOS
UNA NOVIA ERRANTE
EL DESTINO
GARUA
XXY
FOTOGRAFIAS TEL DOC
SENSACIONES TEL DOC
FINAL DE OBRA
ISIDORO
INCORREGIBLES
EL ARCA
PULQUI, UN INSTANTE EN LA PATRIA DE LA
FELICIDAD
HACER PATRIA
180
GIGANTES DE VALDES
LAS VIDAS POSIBLES
SUSPIROS DEL CORAZON
BRIGADA EXPLOSIVA
TRIBUS, COSQUIN ROCK
REGRESADOS
TRES MINUTOS
CORDERO DE DIOS
IMAGINADORES
RANCHO APARTE
POR SUS PROPIOS OJOS
LA LEON
LLUVIA
OLGA VICTORIA OLGA
DOS AMIGOS Y UN LADRON
PALABRA POR PALABRA
LA PERRERA
EL NIDO VACIO
LA ORILLA QUE SE ABISMA
LA RABIA
YO SOY SOLA
S.O.S EX
LA RONDA
LEONERA
CUD NO SER DIOS Y CUIDARLOS
ANICETO
EL CAFÉ DE LOS MAESTROS
MANUEL DE FALLA
1973 UN GRITO DE CORAZON
VALENTINA
100% LUCHA, LA PELICULA
LOS SUPERAGENTES, LA NUEVA GENERACIÓN
DIARIO ARGENTINO
EL CINE DE MAITE
EL DESAFIO
LICENCIA Nº 1
UN NOVIO PARA MI MUJER
PAISITO
LA MUJER SIN CABEZA
EL FRASCO
NO MIRES PARA ABAJO
ABRÍGATE
MOTIVOS PARA NO ENAMORARSE
182
LA PRÓXIMA ESTACIÓN
LOS PARANOICOS
LUISA
IMPUNIDAD
EL VESTIDO
LIVERPOOL
MATAR A TODOS
LA CÁMARA OSCURA
EL FIN DE LA ESPERA
RAÍCES PERSPECTIVAS DEL SAMBA
INCOMODOS
RODNEY
LA HERENCIA
LA LEYENDA1º SIN INT/RECLASIFICAC
CARTAS PARA JENNY
QUE PAREZCA UN ACCIDENTE
EL RATON PEREZ 2
SILENCIOS
ALGÚN LUGAR EN ALGUNA PARTE
VECINOS
PAPÁ POR UN DÍA
UNIDAD 25
100% LUCHA, EL AMO DE LOS CLONES
EL ULTIMO APLAUSO
EL SUEÑO DEL PERRO
IMAGEN FINAL
CAMPO CEREZO
EL SECRETO DE SUS OJOS
BOOGIE EL ACEITOSO
ANITA
EL ULTIMO VERANO DE LA BOYITA
EL HOMBRE QUE CORRÌA TRAS EL VIENTO
LAS VIUDAS DE LOS JUEVES
EL TORCAN
LA TIERRA SUBLEVADA
LA TIGRA CHACO
HOMERO MANZI, UN POETA EN LA TORMENTA
GOLPES BAJOS, LA RAULITO
EL CORREDOR NOCTURNO
CUESTIÓN DE PRINCIPIOS
LOS ANGELES
MAREA DE ARENA
MISERIAS
EL PIANO MUDO
HORIZONTAL VERTICAL
LO SINIESTRO
CARPANI
FANTASMA DE BUENOS AIRES
ACNÉ
TRES DESEOS
DILETANTE
LA INVENCION DE LA CARNE
POEMA DE SALVACION
SANGRE DEL PACIFICO
APARECIDOS
PUENTES
EL ANGEL LITO
NOSOTRAS QUE TODVÍA ESTAMOS VIVAS
A QUIEN LLAMARÍAS
NO FUMAR ES UN VICIO COMO CUALQUIER OTRO
UN LUGAR LEJANO
184
EXCURSIONES
MATAR A VIDELA
ADOPCION
LOS VIAJES DEL VIENTO
LA HORA DE LA SIESTA
LOS SANTOS SUCIOS
PLUMIFEROS
ANDRES NO QUIERE DORMIR LA SIESTA
LAS AVENTURAS DE NAHUEL
LA MADRE
HUELLAS Y MEMORIA DE JORGE PRELORAN
ZENITRAM
PACO
LA MOSCA EN LA CENIZA
DIOSES
DOS HERMANOS
CINE DIOSES Y BILLETES
AGUAS VERDES
ROMPECABEZAS
PECADOS DE MI PADRE
LA 21 BARRACAS
FORTALEZAS
CARANCHO
EVA Y LOLA
POR TU CULPA
EL MURAL
CÓMPLICES DEL SILENCIO
LUCHO & RAMOS
EL ÙLTIMO REFUGIO
FRANCIA
MIS DÍAS CON GLORIA
FONTANA
NI DIOS NI PATRÓN NI MARIDO
TE EXTRAÑO
EL RECUENTO DE LOS DAÑOS
SWIFT DOS SIGLOS BAJO EL MAR
NINGÚN AMOR ES PERFECTO
CUENTOS DE LA SELVA
MISS TACUAREMBÓ
LENGUA MATERNA
PÁJAROS VOLANDO
IGUALITA A MÍ
LA MIRADA INVISIBLE
185
EL HOMBRE DE AL LADO
VILLA
GATURRO
UN TREN A PAMPA BLANCA
EL RATI HORROR SHOW
SIN RETORNO
FLORES DE SEPTIEMBRE
DE PRINCIPIO A FIN
FRANZIE
OPCIONES REALES
KLUGE, EL ARREGLADOR
EL PARTENER
VIKINGO
BOCA DE FRESA
LAS HERMANAS L
SECUESTRO Y MUERTE
UN BUEN DÍA
RITA Y LI
FAMILIA PARA ARMAR
O CORPO DO RIO
AMOR EN TRÁNSITO
LA VIEJA DE ATRÁS
EL PERSEGUIDOR
VIENEN POR EL ORO VIENEN POR TODO
SOLOS EN LA CIUDAD
CRÓNICAS DE LA GRAN SERPIENTE
ARROZ CON LECHE
DOMINGO DE RAMOS
URITORCO
VILLASORO
UN MUNDO SEGURO
GIGANTE
PÁJAROS MUERTOS
SUDOR FRÍO
DULCE ESPERA
LA SANGRE Y LA LLUVIA
FASE 7
UN CUENTO CHINO
EL INVIERNO DE LOS RAROS
EL AGUA DEL FIN DEL MUNDO
REVOLUCIÓN, EL CRUCE DE LOS ANDES
186
LOS MARZIANO
1952: EL DERROTADO
HIPÓLITO 1935
LA CANTANTE DE TANGOS
EL GATO DESAPARECE
CRUZADAS
DE CARAVANA
QUERIDA VOY A COMPRAR CIGARRILLOS Y VENGO
EL CAJÓN
CAÑO DORADO
EL ABISMO, TODAVÍA ESTAMOS
DESBORDAR, POR UNA SOCIEDAD SIN MANICOMIOS
EL DEDO
EL FIN DEL POTEMKIN
EL TÚNEL DE LOS HUESOS
JUNTOS PARA SIEMPRE
EMPLEADAS Y PATRONES
ABALLAY
QUE CULPA TIENE EL TOMATE
LA ÚLTIMA MIRADA
UN MUNDO MISTERIOSO
GUELCOM
JOTUOMBA (VER TÍTULO)
VIUDAS
CERRO BAYO
TIERRA ADENTRO
SCHAFHAUS, CASA DE OVEJAS
EL COMPROMISO
MI PRIMERA BODA
UN DÍA EN CONSTITUCIÓN
JUAN Y EVA
AGUA Y SAL
DÍA NARANJA
LA VIDA NUEVA
D-HUMANOS
VAQUERO
MEDIANERAS
LA PLEGARIA DEL VIDENTE
UNO
TIERRA SUBLEVADA 2 ORO NEGRO
LOS LABIOS
EVA DE LA ARGENTINA
LAS ACACIAS
LA SUBLEVACIÓN
DON GATO Y SU PANDILLA
187
TRÁNSITO PESADO
REHÉN DE ILUSIONES
EL MAL DEL SAUCE
LA CONFESIÓN
ROAD JULY
CHE UN HOMBRE NUEVO
PETER CAPUSOTTO Y SUS VIDEOS 3 D
SELKIRK, EL VERDADERO ROBINSON CRUSOE
PENUMBRA
DORMIR AL SOL
EL VAGONETA
EL CAMPO
LA SUERTE EN TUS MANOS
NOSOTROS SIN MAMÁ
EXTRAÑOS EN LA NOCHE
LA REVOLUCIÓN ES UN SUEÑO ETERNO
EL POZO
EL ÚLTIMO ELVIS
188
LA SOMBRA AZUL
ÁNIMA BUENOS AIRES
NO TE ENAMORES DE MÍ
PECADOS
ELEFANTE BLANCO
UNA CITA, UNA FIESTA Y UN GATO NEGRO
LA CARACAS
ABRIR PUERTAS Y VENTANAS
EL GRAN RIO
LAS PUERTAS DEL CIELO
LA COLA
UNA MUJER SUCEDE
NOSILATIAJ, LA BELLEZA
LA MEMORIA DEL MUERTO
DESMADRE
ATRACO
EL SOL
DIAS DE TRADICIÓN TEL DOC
FUERA DE JUEGO
TODOS TENEMOS UN PLAN
LA DESPEDIDA
A LA DERIVA
LA MAQUINA QUE HACE ESTRELLAS
SAL
VIVAN LAS ANTÍPODAS
TOPOS
DULCE DE LECHE
INFANCIA CLANDESTINA
DOS + DOS
LAS MUJERES LLEGAN TARDE
DÍAS DE VINILO
LOSADA, LAS LETRS DE LOS OTROS TEL DOC
"3"
LA ARAÑA VAMPIRO
EL AMIGO ALEMAN
LA CACERÍA
LA LLAMADA
DIAS DE PESCA
DESPLAZAMIENTOS
POMPEYA
EL SEXO DE LAS MADRES
CODICIA TEL DOC
MASTERPLAN
OTRO CORAZON
PORFIRIO
189
NI UN HOMBRE MÁS
OTROS SILENCIOS
LAS MALAS INTENCIONES
UN AMOR DE PELÍCULA
GRICEL
NÉSTOR KIRCHNER
555
BOXING CLUB
DIABLO
FORAJIDOS DE LA PATAGONIA
SOLEDAD Y LARGUIRUCHO
PIÑÓN FIJO Y LA MAGIA DE LA MÚSICA
MALA
QUIERO MORIR EN TUS BRAZOS
VILLEGAS
GRABA
ANTES
IMPENETRABLE
TESIS SOBRE UN HOMICIDIO
LA PELEA DE MI VIDA
MATRIMONIO
LA RECONSTRUCCION
GERMANIA
PUERTA DE HIERRO
ROA
LA VIDA ANTERIOR
POR UN TIEMPO
EL GRAN SIMULADOR
EL PARAMO
PIES EN LA TIERRA
PENSÉ QUE IBA A HABER FIESTA
CUANDO YO TE VUELVA A VER
ARMONÍAS DEL CAOS
ROUGE AMARGO
MERCEDES SOSA, LA VOZ DE LATINOAMERICA
LEONES
SAMURAI
HERMANOS DE SANGRE
EL BORDE DEL TIEMPO
BOMBA
AMOR A MARES
190
EL NOTIFICADOR
LA PASION DE MICHELANGELO
CORNELIA FRENTE AL ESPEJO
NICARAGUA, SUEÑO DE UNA GENERACION
RODENCIA Y EL DIENTE DE LA PRINCESA
LA BOLETA
HABI, LA EXTRANJERA
EL SECO Y EL MOJADO
AMAR ES BENDITO
EL LUGAR DEL HIJO
VOYAGES VOYAGES
VINO PARA ROBAR
CORAZON DE LEON
SOLO PARA DOS
VISIONES
DESHORA
SEPTIMO
EL OTRO MARADONA
PATERNOSTER
LA GUAYABA
ROMPER EL HUEVO
VENIMOS DE MUY LEJOS
DE MARTES A MARTES
EL PRINCIPE AZUL
MARIA Y EL ARAÑA
CAIDOS DEL MAPA
LA PAZ
20.000 BESOS
CASSANDRA
ABRIL EN NUEVA YORK
TLATELOLCO, VERANO DEL 68
CAITO
DESTINO ANUNCIADO
EL DÍA TRAJO LA OSCURIDAD
OLVÍDAME
DESIERTO VERDE
METEGOL
UN PARAISO PARA LOS MALDITOS
MIKA MI GUERRA DE ESPAÑA
SOLA CONTIGO
CONDENADOS
OMISION
ESCLAVO DE DIOS
MUJER CONEJO
SEÑALES
191
LUNA EN LEO
LA SEGUNDA MUERTE
EL SECRETO DE LUCIA
NK
WAKOLDA
LUMPEN
SOCIOS POR ACCIDENTE
MUJER LOBO
EL ARDOR
LA PASIÓN DE VERÓNICA VIDELA
DIOSES DE AGUA
EL CERRAJERO
RAMBLERAS
LAS INSOLADAS
MALKA
EL INCENDIO
LOS ELEGIDOS
DOS DISPAROS
DELIRIUM
FERIADO
LAS CHICAS DEL TERCERO
ROSA FUERTE
ARREBATO
EL KARMA DE CARMEN
EL AMOR EN TIEMPOS DE SELFIES
NECROFOBIA
EL AMOR A VECES
TANGO DE UNA NOCHE DE VERANO
EL PERRO MOLINA
2/11 DÍA DE LOS MUERTOS
EL ÚLTIMO MAGO
193
ANEXO 4
ANEXO 5
Listen, baby
My love is alive
Way down in my heart
Although we are miles apart