Você está na página 1de 5

Opinião e análise Pan American Journal

of Public Health

Masculinidades inerentes à política


brasileira de saúde do homem
Bruna Campos De Cesaro,1 Helen Barbosa dos Santos1
e Francisco Norberto Moreira da Silva2

Como citar Cesaro BC, Santos HB, Silva FNM. Masculinidades inerentes à política brasileira de saúde do homem.
Rev Panam de Salud Publica. 2018;42:e119. https://doi.org/10.26633/RPSP.2018.119

RESUMO Problematiza-se neste artigo a incorporação da dimensão das masculinidades como fomen-
tadora de estratégias de gestão na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem
(PNAISH) brasileira. A leitura aprofundada sobre as masculinidades percebidas em seu
caráter interseccional pode aprimorar o contexto atual de revisão dessa política, principal-
mente quando características socioculturais marcantes brasileiras, como a desigual-
dade social e o racismo, estão diretamente associadas aos altos índices de agravos em saúde
e mortalidade de homens negros, pobres e jovens em decorrência da violência urbana.
Percebe-se que os discursos que colocam os homens como sujeitos que buscam os serviços de
saúde apenas quando há agravamento dos sintomas são desprovidos de uma leitura que
reconheça que os marcadores sociais da diferença, como classe social e raça, produzem ini-
quidades em saúde. A interseccionalidade permite uma visão do acesso aos serviços de
saúde como dependente do território onde os homens circulam e dos meios (sociais, políti-
cos) que influenciam o seu reconhecimento como sujeitos de direito. Tendo em vista que
determinadas masculinidades são invisíveis no interior de políticas públicas de saúde,
aprofunda-se a leitura acerca de masculinidade e saúde numa perspectiva pós-estrutura-
lista, enquanto fomentadora de modos de pensar e fazer gestão em saúde do homem. Por
fim, são descritos aspectos indispensáveis aos processos de revisão das diretrizes de políticas
destinadas a essa população.

Palavras-chave Política de saúde; masculinidade; saúde do homem; saúde pública; identidade de


gênero; Brasil.

A dispersão na materialização da Polí- parte dessa política da história dos ho- Impulsionada, em grande parte, pela
tica Nacional de Atenção Integral à Saú- mens no campo da saúde no país (1, 2) Sociedade Brasileira de Urologia, a
de do Homem (PNAISH) brasileira nos levaram diversos autores a explorarem PNAISH foi instituída pela Portaria
diversos serviços tecnoassistenciais da a dissolução de noções abstratas de 1 944 em 2009 (6). Parte dos princípios
saúde pública e a desconsideração por “­
homem” enquanto identidade única, e diretrizes da PNAISH é baseada em
histórica e essencialista. Com isso, espe- dados epidemiológicos e em fatores
ra-se compreender a diversidade das de risco associados aos indicadores de
1
Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do masculinidades no bojo da historicidade morbimortalidade, em especial a neo-
Sul, Porto Alegre (RS), Brasil. Correspondência: de suas inter-relações, rastreando essas plasia de próstata. Autores como Lyra
Helen Barbosa dos Santos, helenpsi@yahoo.com.br
2
Ministério da Saúde, Área Técnica de Saúde do
masculinidades como múltiplas, mutan- et al. (7) e Carrara et al. (1) salientam a
Homem, Brasília (DF), Brasil. tes e diferenciadas (3–5). incipiência da PNAISH, visto que os

Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 IGO, que permite o uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o trabalho
original seja devidamente citado. Não são permitidas modificações ou uso comercial dos artigos. Em qualquer reprodução do artigo, não deve haver nenhuma sugestão de que a OPAS ou o artigo avaliem qualquer organização
ou produtos específicos. Não é permitido o uso do logotipo da OPAS. Este aviso deve ser preservado juntamente com o URL original do artigo.

Rev Panam Salud Publica 42, 2018 1


Opinião e análise Cesaro et al. • Política brasileira de saúde do homem

homens da faixa etária dos 20 aos 59 A CONSTRUÇÃO DAS Em meio a sistemas de opressão, im-
anos estão sujeitos a alta prevalência de MASCULINIDADES NO bricados uns aos outros, percebe-se por
internação e de morte devido a causas CAMPO DA SAÚDE PÚBLICA que razão algumas masculinidades são
externas, principalmente homicídios, discriminadas, enquanto outras se bene-
indicadores que não constituíram a pau- Seguindo a perspectiva de autores ficiam de posições de privilégio (18, 19).
ta elementar. A emergência da PNAISH i­nternacionais, os estudos sobre mascu- A interseccionalidade torna-se, então,
também é embasada pela dificuldade de linidades emergiram com força a partir uma ferramenta de análise que nos ajuda
acesso dos homens aos serviços de dos anos 1990 (9), conforme crítica femi- a compreender como diferentes marca-
atenção básica, o que produz custos ex- nista da segunda metade do século XX e dores sociais têm impacto na forma como
cedentes em internações hospitalares. da experiência de homens homos- se ascende aos direitos e às oportunida-
Os homens se expõem mais às situações sexuais com o preconceito e a violência des. É nos pontos de intersecção que per-
de risco para a saúde; e esse risco é tido cometida por homens heterossexuais (3, cebemos as diferentes experiências de
como algo a ser enfrentado e não preve- 5, 9–11). Esses estudos demonstram que opressão e de privilégio. Todavia, não
nido, já que o cuidado é associado a ser homem ou mulher não é da ordem devemos olhar a intersecção (classe, gê-
fragilidade. de uma natureza anterior; tanto o sexo nero, sexualidade) como mera soma, mas
Por outro lado, o embasamento do quanto o gênero são efeitos de insti- sim percebê-la como articulação que
sujeito do cuidado sob um viés que tuições, discursos e práticas (12). Assim, produz experiências substantivamente
­
abarca as singularidades da população as masculinidades não são entidades diferentes.
possibilita uma visão ampla ao analisar fixas, encarnadas nos traços da persona- Diante das hierarquias produzidas,
indicadores, serviços e ações de cuida- lidade, nem tampouco propriedade de tendo como base os marcadores sociais,
do em saúde ofertados. A iniquidade algum tipo de essência eterna ou bioló- os mecanismos que possibilitam privilé-
na atenção à saúde constitui uma ques- gica (4). gios tornam-se invisíveis para aqueles
tão relevante com a qual profissionais, Estudos sobre as masculinidades no que são por eles favorecidos (20):
gestores e acadêmicos da área devem âmbito das políticas públicas na Améri- ou seja, determinados corpos são privi-
lidar (8). ca Latina, onde a díade mulher-mãe ain- legiados e não se dão conta dos privilé-
Acredita-se que a discussão sobre as da ocupa o eixo central nas políticas de gios que carregam. Por exemplo,
masculinidades, articuladas ao contexto saúde (13–15), são relevantes e atuais. heterossexuais não necessitam questio-
social e político, permite identificar O cuidado, visto como um fenômeno nar sua sexualidade diante do outro.
ferramentas técnicas de gestão para
­ natural, intrínseco e relacionado ao fe- Sendo assim privilegiados, não viven-
implementação de políticas públicas
­ minino, decreta um roteiro diferenciado ciam os marcadores sociais da diferença
centralizadas não apenas na atenção para ­homens e mulheres, incidindo, res- a partir de uma desigualdade ou de
aos principais agravos em saúde, mas à pectivamente, na divisão entre o públi- uma discriminação. Não é o que ocorre
promoção e à prevenção, especialmen- co e o privado. Ao colocar o foco de com os negros, pobres, gays, trans e to-
te de agravos insuficientemente toma- atenção na criança e na mãe-mulher, dos os que reconhecem que a igualdade
dos como problema de saúde pública, atualizam-se diferenças e desigualdades não foi alcançada. Do mesmo modo,
como a violência urbana. Tendo em de gênero culturalmente construídas e ficam invisibilizados os processos
­
vista que determinadas masculinida-
­ organizadas (16). de constituição de masculinidades
des são invisíveis como sujeito de direi- Todavia, nos últimos anos, percebe-se ­hegemônicas e as violências envolvidas
tos no interior de políticas públicas de um aumento da literatura sobre o acesso na modulação de masculinidades como
saúde, aprofunda-se neste artigo a leitu- do homem na saúde pública. O conjunto a do homem gay, do homem negro ou
ra acerca de masculinidade e saúde das publicações aponta para o reconheci- do homem trabalhador de baixa renda.
numa perspectiva pós-estruturalista, mento da legitimidade do argumento de Se as políticas públicas são materiali-
enquanto fomentadora de modos de que os processos sociais relacionados a zadas no terreno de gênero, reiterando
pensar e fazer gestão em saúde do gênero produzem diferenças no padrão compartimentalizações identitárias que
homem. de morbimortalidade, bem como nos produzem invisibilidade das pluralida-
Considerando que a produção episte- comportamentos de proteção à saúde fo- des nas formas de vivenciar o corpo e o
mológica pressupõe entender o modo mentados pelo estado (17). processo de saúde-doença (1, 13, 21–23),
como se percebem as problemáticas As masculinidades, além de se trans- analisar continuidades e rupturas nos
sociais, o artigo retoma o conceito de
­
mutarem naturalmente, conforme o con- contextos históricos que movimentaram
masculinidades no contexto das desi- texto social e histórico, também são determinadas produções de masculini-
gualdades de acesso e cuidado em saú- construídas simultaneamente em dois dades em diversas territorialidades
de e no contexto social e político em que campos inter-relacionados de relações de ­possibilita ampliar e aprimorar o escopo
a PNAISH emerge, sendo então realiza- poder – nas relações de homens com de políticas públicas atuais – tanto para
das proposições para a saúde dos ho- mulheres (desigualdade de gênero) e nas as masculinidades consideradas legíti-
mens. Os apontamentos têm como relações dos homens com outros homens mas, como para aquelas vistas como
consideração central as masculinidades (desigualdades decorrentes de raça, ilegítimas.
enquanto modos de perceber os homens sexualidade, geração). Assim, dois dos Sérgio Carrara (21) já havia indicado
a partir de marcadores sociais de ge- elementos constitutivos elementares na que os homens são foco de medicali-
ração, raça, classe social, gênero e construção social de masculinidades são zação em território circunscrito, como
sexualidade. o sexismo e a homofobia (4). bordéis, casas de jogos e botecos. O

2 Rev Panam Salud Publica 42, 2018


Cesaro et al. • Política brasileira de saúde do homem Opinião e análise

combate à sífilis, ao alcoolismo e a em que a atenção básica estaria na base América Latina com realidades simila-
outras doenças diretamente relaciona- de uma pirâmide como “porta de entra- res, suscitam-se reflexões a fim de apri-
das a promiscuidade e vagabundagem, da” para o cuidado, indicando como os morar a ­leitura das masculinidades e de
por exemplo, foi foco da Liga Brasileira usuários devem circular pelos serviços suas interseccionalidades e vulnerabili-
de Higiene Mental, fundada no Rio de de saúde. O autor invoca a subversão dades sociais e culturais nas práticas de
Janeiro em 1923. A Liga teve clara in- desse modelo tecnoassistencial para o saúde. Para fins de aprofundamento da
tenção de reformar a sociedade, impon- disposto em círculo, expressando a im- discussão, foi considerada a saúde dos
do normas de comportamento (24). Vale portância de reconhecer como as pes- homens negros, pobres e jovens, carac-
lembrar que no Brasil, antes da emer- soas realmente acessam os serviços de terísticas que são marcadores sociais de
gência do Sistema Único de Saúde saúde: pelo que lhes é mais acessível. masculinidades racializadas a agravos
(SUS), somente os trabalhadores for- Além disso, a suposta dificuldade dos produzidos pela violência urbana. A
mais, devidamente registrados, tinham homens de cuidar de sua própria saúde inclusão da infância e da adolescência
garantido o direito de acesso à saúde. parte de uma dimensão que está além da nesse debate também é necessária por
O controle da força de trabalho pode ser dificuldade dos serviços de atenção bási- ser fundamental no processo do tornar-
considerado como o primeiro alvo de ca de visibilizar e vincular os usuários às se homem. A violência é utilizada como
atenção do biopoder (25, 26) em relação ações de saúde (35). O próprio Estado forma de diferenciação de tudo o que é
ao masculino. reitera performances masculinas que se feminilizado. Esse processo é mais vio-
Ao longo da história, desde o homem relacionam por meio de atos conflituo- lento quanto mais vulnerável é o meio
escravizado, enquanto corpo social mas- sos, pelo risco e pelo adoecimento. São social onde o jovem circula (4, 39, 40).
culino, há uma linha condutora das mas- exemplos a criminalização de jovens ne- Além disso, é necessária a prevenção
culinidades produzidas por meio da gros e pobres e o alto índice de adoeci- que vise à redução da morbimortalidade
noção de raça, enquanto tática de poder mento e acidentes relacionados ao por causas externas, como acidentes de
no interior do dispositivo da medicali- trabalho (36). Contrário ao estigma, é jus- transporte, acidentes de trabalho, violên-
zação. Dos tempos coloniais, passando tamente pelo temor de estarem improdu- cias e suicídio. Outro aspecto importante
pela eugenização, a noção de raça am- tivos ou incapacitados que os homens é ampliar o acesso às informações sobre
pliou as formas disciplinares sobre os negam o adoecimento (37). Como resul- as medidas preventivas contra os agra-
corpos (27, 28). A raça, enquanto próprio tado, temos o agravamento da doença e a vos e as enfermidades que atingem a po-
inventário do racismo, introduziu o ho- dificuldade de programar estratégias pulação masculina.
mem branco como norma pelo discurso preventivas no universo do trabalho. Como já pontuando ao longo deste
de poder-saber da medicina (26). Conforme Bendassolli (38), com enraiza- artigo, é fundamental a inclusão do en-
Já na atualidade, diversas feminilida- mentos sociais e subjetivos importantes, foque de gênero, orientação sexual,
des e masculinidades não são objeto de tem-se a equação: corpo inválido = indi- identidade de gênero, geração, deficiên-
atenção para o Estado. Os índices de víduo sem trabalho = indivíduo inváli- cia e condição étnico-racial nas ações de
morbimortalidade são elevados entre a do. O caráter moral designado ao educação permanente dos trabalhado-
população de homens negros e jovens. trabalhador que adoece é distinguido res e gestores de saúde pública. Da mes-
Entretanto, a diminuição dessas taxas entre o trabalho e sua relação com hones- ma forma, é necessária uma articulação
não é objeto das políticas públicas de tidade e vida saudável versus estereótipo intersetorial entre diferentes políticas e
saúde do governo e não se materializa da doença vinculada com “vagabunda- pontos de atenção nas redes de saúde
em ações para uma leitura para além dos gem” (31). para que o homem latino-americano
indicadores de saúde. Assim, a busca pelo cuidado e o aces- seja reconhecido socialmente como ci-
O Mapa da Violência de 2012 (29) so em saúde dependem diretamente dadão a partir de suas especificidades
apresenta número absolutos de homicí- dos modos de posicionar-se no mundo, e de seu contexto histórico e social.
dios em 2011 no Brasil: 45 617 homens do território em que o sujeito circula. ­Reitera-se ainda que dados de morbi-
(91%) e 4 273 mulheres (9%). É comum a Essas realidades devem ser considera- mortalidade, quando deslocados dos
naturalização da criminalização e morte das para a revisão de políticas de saúde marcadores sociais que produzem hie-
da juventude negra (30). Os homens ne- destinadas a homens em seus modos de rarquias de masculinidades, são insufi-
gros, jovens e pobres são a maioria nos operar, o que convoca uma articu- cientes para explicar os processos de
estabelecimentos de custódia e trata- lação com outras políticas intersetoriais, vulnerabilidade e adoecimento dos
mento psiquiátrico no Brasil (31). Já nos de forma a prestar assistência em saú- homens no planejamento de políticas
­
presídios, há predominância de homens de para os homens em múltiplos públicas.
com idade de 18 a 24 anos, com ensino contextos.
fundamental incompleto (32). Quanto Conflitos de interesse. Nada declara-
às mortes por arma de fogo, em 2016, Proposições para a saúde dos do pelos autores.
94% dos mortos foram homens e 60% homens considerando as
­jovens (33). masculinidades racializadas Declaração. As opiniões expressas no
Se quisermos ampliar as estratégias manuscrito são de responsabilidade ex-
em saúde, é necessário colocar velhas No contexto atual de revisão da clusiva dos autores e não refletem neces-
verdades, como “homem não se cuida”, PNAISH brasileira, proposta pela sariamente a opinião ou política da
em movimento. Cecílio (34) critica o dia- ­Coordenação de Saúde do Homem, e RPSP/PAJPH ou da Organização Pan-­
grama dos modelos tecnoassistenciais do debate sobre o tema em países da Americana da Saúde (OPAS).

Rev Panam Salud Publica 42, 2018 3


Opinião e análise Cesaro et al. • Política brasileira de saúde do homem

REFERÊNCIAS

1. Carrara S, Russo JA, Faro L. A política de na gestação. Cad Saude Publica. 2018; daviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_
atenção à saúde do homem no Brasil: os 34(4):1–11. web.pdf Acessado em junho de 2018.
paradoxos da medicalização do corpo 14. Souto KMB. A Política de Atenção Integral 30. Lemos FCS, Aquime RHS, Franco ACF,
masculino. Physis. 2009;19(3):659–78. à Saúde da Mulher: uma análise de integra- Piani PPF. O extermínio de jovens ne-
2. Santos HB. Um homem para chamar de lidade e gênero. Ser Soc. 2009;12(2):161–82. gros pobres no Brasil: práticas biopolíticas
seu: uma perspectiva genealógica da emer- 15. Rohden F. Ginecologia, gênero e sexuali- em questão. Pesqui Prat Psicossoc.
gência da Política Nacional de Atenção dade na ciência do século XIX. Horiz an- 2017;12(1):164–76. 
Integral à Saúde do Homem [dissertação]. tropol. 2002;8(17):101–25. 31. Brito SF. A custódia e o tratamento psi-
Porto Alegre: Universidade Federal do Rio 16. Klein C, Meyer DE. Mulheres-visitadoras, quiátrico no Brasil: censo 2011. Cad Saude
Grande do Sul; 2013. Disponível em: mulheres-voluntárias, mulheres da comu- Publica. 2013;29(11):2353–4.
http://hdl.handle.net/10183/​ 8 0072 nidade: o conhecimento como estratégia 32. Brasil, Secretaria Geral da Presidência da
Acessado em junho de 2018. de diferenciação de sujeitos de gênero. República. Mapa do Encarceramento.
3. Bottom FB. As masculinidades em ques- Cad Pagu. 2015;45:427–55. Brasília: Secretaria Geral da Presidência da
tão: uma perspectiva de construção teóri- 17. Couto MT, Dantas SMV. Gênero, masculi- República; 2014.
ca. Rev Vernaculo. 2007;(19):109–20. nidades e saúde em revista: a produção da 33. Waiselfisz JJ. Mapa da violência 2015: mor-
4. Kimmel MS. A produção simultânea de área na revista Saúde e Sociedade. Saude tes matadas por armas de fogo. Brasília:
masculinidades hegemônicas e subalter- Soc. 2016;25(4):857–68. Flacso; 2016. Disponível em: https://
nas. Horiz Antropol. 1998;4(9):103–17. 18. Hirata H. Gênero, classe e raça Interseccio- www.mapadaviolencia.org.br/mapa2015.
5. Connel RW; Messerschmidt JW. nalidade e consubstancialidade das re- php Acessado em junho de 2018.
Masculinidade hegemônica: repensando lações sociais. Tempo Soc. 2014;26(1):61–73. 34. Cecílio LC de O. Modelos tecnoassisten-
o conceito. Estud Fem. 2013;21(1):241–82. 19. Rabelo A. Discriminated teachers: a study of ciais em saúde: da pirâmide ao círculo,
6. Ministério da Saúde. Portaria n 1 944/2009. male teachers in the early grades of primary uma possibilidade a ser explorada. Cad
Diário Oficial da União 2009; 27 ago. school. Educ Pesqui. 2013;39(4):906–25. Saude Publica. 1997;13(3):469–78.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov. 20. Oliveira PP de. Discursos sobre a masculi- 35. Bursztyn I. Estratégias de mudança na
br/​ b vs/saudelegis/gm/2009/prt1944_​ nidade. Estud Fem. 1998;6(1):91–112. atenção básica: avaliação da implantação
27_08_2009.html Acessado em junho de 21. Carrara S. Estratégias Anticoloniais: sífilis, piloto do Projeto Homens Jovens e Saúde
2018. raça e identidade nacional no Brasil do en- no Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saude
7. Medrado B, Lyra J, Azevedo M. “Eu não tre-guerras. Em: Hockman G, Armus D, Publica. 2008;24(10):2227–38.
sou uma próstata, sou um homem!” Em: eds. Cuidar, controlar, curar - ensaios his- 36. Nardi HC, Tittoni J, Ramminger T.
Gomes R, editor. Saúde do homem em tóricos sobre a saúde e doença na América Fragmentos de uma genealogia do trabal-
debate. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011.
­ Latina e Caribe. Rio de Janeiro: Fiocruz; ho em saúde: a genealogia como ferra-
Pp. 39–74. 2004. Pp. 427–55. menta de pesquisa. Cad Saude Publica.
8. Bastos JL, Faerstein E. Discriminação e 22. Scott J. Gênero: uma categoria útil para 2005;21(4):1045–54.
saúde: perspectivas e métodos. Rio de a análise histórica. Educ Realidade. 37. Gomes R, Nascimento EF, Araújo FC. Por
­janeiro: Fiocruz; 2012. 1990;16(2):5–22. que os homens buscam menos os serviços
9. Batista KSA, Lima AF. Por uma impli- 23. Medeiros PF, Guareschi NMF. Políticas pú- de saúde do que as mulheres? As expli-
cação política e conceitual nos estudos blicas de saúde da mulher: a integralidade cações de homens com baixa escolaridade
­sobre homens, masculinidades e violência em questão. Estud Fem. 2009;17(1):31–48. e homens com ensino superior. Cad Saude
de gênero. Semina Cienc Soc Hum. 24. Lobo LF. Os infames da história: pobres, Publica. 2007;23(3):565–74.
2017;38(2):175–88. escravos e deficientes no Brasil. Rio de 38. Bendassolli PF. Público, privado e o indi-
10. Vigoya MV. Discriminación racial, inter- Janeiro: Lamparina; 2008. víduo no novo capitalismo. Tempo Soc.
vención social y subjetividad. Reflexiones 25. Revel J. Michel Foucault: conceitos essen- 2000;12(2):203–36.
a partir de un estudio de caso en Bogotá. ciais. São Carlos: Claraluz; 2005. 39. Oliveira MM, Daher DV, Silva JL, Andrade
Rev Estud Soc. 2007;27:106–21. 26. Foucault M. Vigiar e Punir: nascimento da SSC. Men’s health in question: seeking as-
11. Medrado B, Lyra J. Princípios ou simples- prisão. 20ª ed. Petrópolis: Vozes; 1999. sistance in primary health care. Cienc
mente pontos de partida fundamentais 27. Fuck LB, Vaz AF. Higiene do corpo e higie- Saude Colet. 2015;20(1):273–78.
para uma leitura feminista de gênero so- ne da mente: Algumas raízes da psiquia- 40. Barker GT. Homens na linha de fogo: ju-
bre os homens e as masculinidades. Em: trização da educação no Brasil. Projeto ventude, masculinidade e exclusão social.
Blay EA. Feminismos e masculinidades: Historia. 2016;55(1):327–54. Rio de Janeiro: 7 Letras; 2008.
novos caminhos para enfrentar a violência 28. Connell R. Masculinities in global pers-
contra a mulher. São Paulo: Cultura pective: hegemony, contestation, and
Acadêmica; 2014. Pp. 55–74. changing structures of power. Theory
12. Salih S. Judith Butler e a teoria queer. Belo Soc. 2016;45(4):303–18.
Horizonte: Autêntica Editora; 2012. 29. Waiselfisz JJ. Mapa da violência 2012. Os
13. Warmling CM, Fajardo AP, Meyer DE, novos padrões da violência homicida no
Bedos C. Práticas sociais de medicalização Brasil. São Paulo: Instituto Sangari; Manuscrito recebido em 19 de novembro de 2017.
& humanização no cuidado de mulheres 2012. Disponível em: https://www.mapa- Aceito em versão revisada em 23 de maio de 2018.

4 Rev Panam Salud Publica 42, 2018


Cesaro et al. • Política brasileira de saúde do homem Opinião e análise

ABSTRACT The present article problematizes the incorporation of masculinities as a dimension to


propel management strategies within the Brazilian National Policy of Comprehensive
Men’s Health Care (PNAISH). A close reading of masculinities as perceived through
Masculinities inherent their intersectional character may contribute to improving the present context of
review of this policy, especially considering that sociocultural characteristics that are
to the Brazilian men’s essentially Brazilian, such as social inequality and racism, are directly associated with
health policy the high morbidity and mortality rates affecting black, young, and poor men as a
result of urban violence. It becomes clear that the discourses that view men as subjects
that seek health care services only in the presence of worsening symptoms do not
recognize the role of social markers of difference, such as social class and race, in pro-
ducing health inequities. Intersectionality provides a view of health care access as
dependent on the territory where men move and on the (social, political) means that
influence the recognition of men as rightful subjects. Given that certain masculinities
are invisible within the arena of public health care policies, a deeper reading regarding
masculinity and health is proposed from a post-structuralist perspective, as a means
of thinking and doing men’s health. Finally, the article also describes aspects that are
essential for the review of the guidelines and policies aimed at this population.

Keywords Health policy; masculinity; men’s health; public health; gender identity; Brazil.

RESUMEN En el presente artículo se plantea la incorporación de la dimensión de la masculinidad


para impulsar las estrategias de gestión en la Política Nacional de Atención Integral a
la Salud del Hombre (PNAISH) en Brasil. Una lectura detallada de la masculinidad
entendida a la luz de su carácter interseccional puede mejorar el contexto actual de
La masculinidad inherente a revisión de esa política, principalmente al considerar que algunas características
la política sobre la salud del socioculturales distintivas del país, como la desigualdad social y el racismo, guardan
una relación directa con las altas tasas de morbilidad y mortalidad de los hombres
hombre en Brasil negros, pobres y jóvenes como consecuencia de la violencia urbana. Se observa que el
discurso en el cual se considera que los hombres acuden a los servicios de atención de
salud solamente cuando se agravan los síntomas carece de información conducente a
reconocer que los marcadores sociales de diferencia, como la clase social y la raza,
producen inequidades en salud. La interseccionalidad permite tener una visión del
acceso a los servicios de salud como algo dependiente del territorio donde circulan los
hombres y de los medios (sociales y políticos) que influyen en su reconocimiento
como sujetos de derecho. Dado que en determinados casos la masculinidad es invisi-
ble dentro del campo de las políticas públicas de salud, se propone una lectura más
detallada sobre la masculinidad y la salud en el marco de una perspectiva posestruc-
turalista, que fomente diversas maneras de pensar en la salud del hombre y de ­realizar
la gestión correspondiente. Por último, se describen algunos aspectos indispensa-
bles para los procesos de revisión de las directrices de políticas destinadas a esa
población.

Palabras clave Política de salud; masculinidad; salud del hombre; salud pública; identidad de género;
Brasil.

Rev Panam Salud Publica 42, 2018 5

Você também pode gostar