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07/12/2020 1.

Estruturas e Ideias Econômicas - Da Revolução Industrial ao Capitalismo Organizado: Séculos XVIII

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2 de Dez de 2019

1. Estruturas e Ideias
Econômicas - Da Revolução
Industrial ao Capitalismo
Organizado: Séculos XVIII

-> Entre 1400 e 1700 a civilização moderna atravessou a sua primeira revolução
econômica, conhecida como Revolução Comercial. A principal característica desse
período estava no capitalismo dinâmico dominado por comerciantes, banqueiros e
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armadores de navios. Porém, com a Revolução .com.


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Industrial, os processos dos grandes
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empreendimentos comerciais será ampliado e os domínios de produção serão


estendidos.

A Revolução Industrial foi um processo que se iniciou no século XVIII (1760) na Inglaterra
(mas só adquire ímpeto no século XIX, tendo o ano de 1860 como marco divisório) e
teve como principal característica a (1) substituição do trabalho artesanal e manual e de
produção de alimentos de subsistência pelo trabalho assalariado e o uso de máquinas
(mecanização da indústria e da agricultura). O artesão perde o controle sobre o
processo produtivo, que era feito em casa, e passa a trabalhar sob supervisão e a gerar
lucros para outra pessoa. A (2) inovação tecnológica (aplicação da força motriz à
indústria) foi responsável por transformar radicalmente a forma de produção de
mercadorias. O surgimento da máquina à vapor permitiu a desenvolvimento mais
rápido da industrialização, deu uma nova importância para o carvão e o ferro,
revolucionou os transportes (manufatura do ferro) e acelerou as manufaturas. É o início
da ‘era da força motriz’. O (3) sistema fabril mecanizado implicou na aceleração da
produção de mercadorias, que passaram a ser produzidas em larga escala. Como
consequência direta desse processo, a necessidade por matéria-prima, mão-de-obra e
mercado também acelerou-se, desenvolvendo, assim, (4) os meios de transporte e de
comunicação com o objetivo de encurtar as distâncias e o tempo. Com o grande êxodo
rural as cidades precisaram se adequar a esse contingente que migrava em busca de
emprego nas fábricas, desenvolvendo, assim, uma nova classe chamada de proletariado
e o (5) sistema capitalista será responsável por controlar quase todos os ramos de
atividade econômica.

A Inglaterra foi a pioneira nesse processo (“A Oficina do Mundo”) devido a algumas
características, especialmente por já ter passado pela revolução liberal burguesa
consolidada na Bill of Rights de 1689, decorrente da Revolução Gloriosa de 1688-89. Isso
permitiu a ascensão da burguesia na política (a mais poderosa do mundo) a partir do
século XVII (Revolução Inglesa) e, consequentemente, o Estado beneficiando o
desenvolvimento industrial. Além disso, um governo estável estimulava
empreendedores comerciais e industriais a desenvolver seu negócio sem o medo de
uma bancarrota nacional ou uma inflação ruinosa. A política de cercamentos no modelo
agrícola capitalista forçou o êxodo rural (transformando essa mão-de-obra, nas cidades,
no proletariado) e a institucionalização da propriedade privada, sendo um dos fatores
mais importantes para o desenvolvimento do capitalismo burguês. Esse processo
permitiu um acúmulo de capitais que seria reinvestido na sua própria industrialização
com o passar do tempo. As políticas protecionistas dos Atos de Navegação (Navigation
Acts) permitiram que a Inglaterra acumulasse capital na ilha britânica, permitindo ao
país uma posição mercantil muito forte. Esse processo também contribuiu para o
investimento de capital na indústria. A revolução liberal também contribui para a
criação do Banco Central (1694), responsável por financiar essa industrialização porque
operava intimamente com o governo e constituía importante fator de estabilização das
finanças públicas (em 1698 é fundada a Bolsa de Fundos Públicos de Londres e por
volta de 1700 a Inglaterra já estava apta a competir com Amsterdã como principal
centro financeiro do mundo). Apesar do governo britânico não ser muito democrático,
era mais liberal do que a maioria dos governos da época. Outras características
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importantes foram a indústria têxtil avançada e as reservas naturais de ferro e de
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carvão(o carvão foi explorado para a fundição do ferro), além das florestas (que foram
exauridas). Vale ressaltar que, pelo fato da Inglaterra ser uma ilha e estar distante dos
conflitos que assolaram a Europa por mais de 300 anos, o país preservou seus bens
materiais e a sua população se compararmos aos demais países europeus, permitindo,
assim, que a Primeira Revolução Industrial se iniciasse em solo britânico, transformando
a Inglaterra, já no século XIX, na nova hegemonia mundial.

As inovações mecânicas, iniciadas ainda durante a Revolução Comercial, foram muito


importantes para impulsionar a Revolução Industrial graças à doutrina do
mercantilismo (incentivo à manufatura, balança comercial favorável, protecionismo
alfandegário, soma zero, colônias de exploração, comércio colonial monopolizado pela
metrópole). Como consequência da Revolução Comercial teremos o surto de uma classe
capitalista que procurava constantemente novas oportunidades de investimento. No
começo, essa riqueza foi absorvida pelo comércio, mineração, especulação bancária e
construções navais, mas, com o tempo, as oportunidades foram ficando limitadas. O
desenvolvimento das manufaturas permitiu que essa disponibilidade de capitais fosse
direcionada. O aumento da produção manufatureira gerou a busca por novos mercados
fora da Europa, um dos objetivos primários da aquisição de colônias (fundação de
impérios coloniais), ao mesmo tempo que os mercados potenciais europeus se
alargavam com rapidez.

As transformações nos processos de produção do ferro serão seguidas por melhorias


no setor de transporte, sendo o ápice datado em 1780 com a construção de canais e
estradas de pedágio (o fato da Inglaterra possuir vários rios navegáveis facilitou no
desenvolvimento da indústria). A melhora das estradas possibilitou serviços mais
rápidos e a máquina à vapor paulatinamente começou a ser aplicada ao transporte
fluvial, que por sua vez possibilitou viagens, a partir de 1838, que cruzaram o Oceano
Atlântico. Os meios de comunicações também avançam, especialmente a partir de 1844
com a instalação da primeira linha de telégrafo para fins comerciais.

Na agricultura as evoluções se deram por meio da liquidação do sistema senhoril, além


da introdução de novas culturas (como a beterraba, para produção do açúcar) e da
mecanização. Todo essa evolução permitiu o desenvolvimento de excedentes e de
grande prosperidade, que irá durar até a Grande Crise de 1873.

A Revolução Industrial foi importante porque tornou os métodos de produção muito


mais eficientes, produzindo mais em menos tempo e com mais qualidade. As
mercadorias ficaram mais baratas, estimulando o consumo. Uma outra consequência
desse processo foi o progresso da medicina e a maior abundância de alimentos
decorrentes da expansão do comércio, causando, assim, um acentuado crescimento da
população europeia. Por outro lado, esse processo também estimulou o crescimento
desordenado das cidades, além do aumento da poluição no mundo inteiro.

-> A primeira Revolução Industrial ficou restrita à Inglaterra, entre 1760 e 1860,
caracterizada pelo uso da máquina à vapor (usada na mineração) e da indústria têxtil
(desenvolvimento da máquina de fiar e do tear hidráulico - inaugura a era da máquina,
além do clima úmido que permitia a fabricação de tecidos de algodão). Esse movimento
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permite a substituição das manufaturas, o aumento da produção, a redução dos preços
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e o aumento do consumo dos produtos. Os fabricantes puderam se dedicar à produção
em larga escala de produtos baratos e comuns ao invés de se dedicarem a pequenas
quantidades de mercadorias de luxo, permitindo, assim, uma distribuição mais
uniforme da riqueza e na adoção de métodos fabris para aumentar o rendimento
(diferente da França, que consumia produtos de luxo que exigiam uma mão-de-obra
qualificada e pouco incentivo à invenção de máquinas).

A Inglaterra não possuía uma grande variedade de produtos dentro de suas fronteiras e
os recursos agrícolas não satisfaziam as necessidades. No entanto, a Inglaterra foi o
país que mais lucrou com a Revolução Comercial. A França, por exemplo, em 1750, tinha
um comércio exterior maior do que a Inglaterra, mas também possuía uma população
muito maior, além de alcançar seu limite na expansão imperial e desviar seus lucros do
comércio exterior para empréstimos e impostos para manter seu exército oneroso e
sua corte frívola e extravagante. A Inglaterra, por outro lado, (1) conquista suas colônias
no Hemisfério Ocidental e (2) supera a supremacia francesa ao derrota-los na Guerra
dos 7 anos (1756-1763). O (3) lucro do comércio ultramarino ficou disponível para
investimentos produtivos (investidos mais tarde na indústria) e o (4) governo era
relativamente livre de corrupção e gastos perdulários (a nobreza britânica, após a
Revolução Gloriosa, se converte rapidamente em uma aristocracia de riqueza: quem
fazia fortuna tinha possibilidade de ascensão social). Além disso, o (5) efetivo militar
custava menos que o francês, (6) as rendas eram coletadas com mais eficiência e (7) os
comerciantes e armadores dispunham de uma margem mais ampla de lucros
excedentes. Por essas razões, a Inglaterra ascende como principal nação capitalista no
século XVIII.

-> A segunda Revolução Industrial, ocorreu entre 1860 e 1900 e envolveu vários países
da Europa, Estados Unidos e Japão (pós restauração Meiji em 1868), caracterizando-se
pelo uso da energia elétrica, da locomotiva à vapor, da indústria química, do motor de
explosão, do emprego do aço (metalurgia pesada) e do petróleo e seus derivados. Isso
permitiu um aumento e uma maior variação na produção, em mercados maiores e mais
abrangentes. É o início de uma nova fase no mundo com a invenção do processo da
siderurgia (1856), do aperfeiçoamento do dínamo (1873) e da invenção do motor de
combustão interna (1876). É importante ressaltar que nesse período o pensamento
científico foi levado ao modo de produção (supremacia da ciência sobre a indústria),
com a racionalização dos modos de produção e o desenvolvimento de novos e
melhores meios de produção (taylorismo e fordismo). Essa fase também marca o
período do neocolonialismo (imperialismo ou domínio das potências capitalistas sobre
regiões mais atrasadas do globo) graças a expansão econômica e militar.

As principais diferenças entre a Primeira e a Segunda Revolução Industrial dá-se,


primeiramente, pela substituição do ferro pelo aço como material industrial básico
(mais leve). O vapor passa a ser substituído pela eletricidade e pelo petróleo e,
consequentemente, têm-se o desenvolvimento do maquinário automotivo e a
especialização do trabalho (taylorismo e o fordismo). O transporte e a comunicação
sofrem mudanças radicais (atividade fabril na construção de linhas férreas e, a partir de
1918, as estradas de ferro começam a ter concorrência de outros meios de transporte -
1920 o avião torna-se uma das principais formas de transporte) e presencia-se o
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desenvolvimento de novas formas de organização capitalista (transformação de uma
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sociedade coletiva para a de grandes companhias com o capital tendo seus lucros
reaplicados nos negócios e nos sócios), assim como a extensão da industrialização para
outras partes do globo (Europa Central e Oriental e Extremo Oriente).

O capitalismo industrial (manufatura, mineração e transporte), característico da


Primeira Revolução Industrial, é sobrepujado pelo capitalismo financeiro. As principais
características desse processo encontra-se no domínio da indústria pelos bancos de
investimentos e companhias de seguro, na formação de imensas acumulações de
capital, na separação entre propriedade e direção e no aparecimento de holdings e
companhias detentoras. Para suprimir ou restringir a concorrência surgem os trustes, a
fusão de empresas e os cartéis.

A expansão industrial para outros países teve destaque na Alemanha. Em 1914 o


impérios dos Kaisers era a maior nação industrial da Europa. Vale ressaltar que não
existia na Alemanha a tradição do laissez-faire: lá, os economistas pregavam que o
Estado deveria intervir de todos os modos possíveis para promover o poderio
econômico da nação. Assim, o governo fortalecia indústrias fracas e nacionalizava as
estradas de ferro. O povo alemão era muito disciplinado e as escolas e ensino da ciência
aplicada eram muito valorizadas. Por fim, com a vitória da Alemanha sobre a França em
1870, as jazidas de ferro de Lorena ficam com a Alemanha, ajudando a impulsionar a
Revolução Industrial na região. O processo russo também teve intervenção, no caso,
dos czares, a partir de 1890 (além do desenvolvimento do sistema fabril e transporte
mecanizado) e na Itália e no Japão o Estado também agiu de forma direta a partir de
1880.

-> A Terceira Revolução Industrial ocorreu no século XX e vai até os dias atuais, com o
desenvolvimento da tecnologia de massa.

-> O Taylorismo é um sistema de organização do trabalho, desenvolvido por Frederick


Winslow Taylor nos EUA no final do século XIX - início do século XX. Taylor procurava
entender onde estavam os gargalos nos processos de produção fabril e o que era
preciso ser feito para melhorá-los. É dessa forma que ele se torna o pai da
administração científica, desenvolvendo a sistematização e racionalização do trabalho
dentro da indústria para que a produção fosse cada vez maior e melhor e gerasse maior
lucratividade. Os princípios do Taylorismo compreendem (1) a substituição de métodos
improvisados por métodos provados cientificamente e testados na produção industrial
(técnica, ciência e estudo prévio), (2) selecionar e treinar trabalhadores de acordo com
as suas aptidões, (3) supervisionar o trabalho (introdução do gerente na linha de frente),
(4) divisão das tarefas (organização racional do trabalho e especialização). Dessa forma
a produção tornava-se mais rápida e mais organizada e consequentemente, gerava
mais lucro para a empresa. E para estimular o trabalhador, ele pensa em salários mais
altos e jornadas menores. Com os operários mais motivados o empresário poderia
extrair deles uma maior produtividade. Ele pensou, ainda, em formas de trazer mais
qualidade aos produtos para que gerasse mais consumo, além da redução dos custos
de produção. No entanto, apesar do pensamento ter sido revolucionário para a época,
também foi muito criticado por conta da (1) alienação do trabalhador (um exemplo
marcante foi o filme ‘Tempos Modernos’ de Charles Chaplin), (2) o desprezo às
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particularidades do trabalhador e uma (3) maior exploração do operário.
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-> O Fordismo foi criado por Henry Ford nos EUA e amplamente difundido pelo mundo
ao longo século XX (predominante entre 1920 e 1960/70, quando foi substituído pelo
Toyotismo). O Fordismo é chamado de sistema de produção (ou modelo de produção) e
caracteriza-se pela produção em massa, produzindo mais por um preço menor;
produtos que antes eram considerados de luxo (como o carro) tornam-se mais baratos
e acessíveis. Uma linha de montagem automatizada será estabelecida com a introdução
da esteira rolante que irá dar ritmo mais acelerado ao operário. Com isso, Ford
conseguiu perceber que o processo de produção tinha começo, meio e fim e conseguia
organizar o processo de forma mais coerente. Ford também introduziu os princípios
Tayloristas nas suas indústrias (Taylor pensa e Ford aplica), especialmente a divisão de
tarefas, onde o trabalhador irá se especializar em uma única atividade. Mas de nada
adiantava uma produção em massa se não houvesse um consumo em massa. É por isso
que Ford irá se apropriar de outros conceitos e irá desenvolver outras formas de
produção. E para que seus carros pudessem ser consumidos, o trabalhador precisava
ganhar um salário proporcional que o permitisse consumir esse produto. Ford foi um
dos grandes defensores de salários mais altos e do crédito bancário. Também fazia
muito uso da propaganda para divulgação dos seus produtos. Assim, Henry Ford
conseguia vender uma grande quantidade de carros baratos (Modelo T) com uma
pequena margem de lucro para uma população mediana. Não foi por acaso que a partir
de 1928 a indústria automobilística tornou-se, nos EUA, o mais importante ramo de
produção, transformando o país na grande potência industrial no século XX.

A principal crítica ao Fordismo é pela sua falta de flexibilidade (“O cliente pode ter o
carro da cor que quiser, contando que seja preto”), o que caracterizava em poucas
opções para o consumo.

-> A Revolução Industrial proporcionou o aumento demográfico devido à uma


alimentação mais variada e abundante desde a Revolução Comercial. O progresso da
ciência médica diminui a mortalidade e a influência do nacionalismo colabora para o
desenvolvimento do orgulho da raça. A Revolução Industrial permitiu a mecanização da
agricultura e o aumento da produtividade do solo, enquanto o sistema fabril permitiu
ganhar a vida por outros meios que não o cultivo da terra. Países ricos em recursos
naturais conseguiam sustentar uma população cada vez maior do que aqueles
baseados em uma economia de base agrícola. Os centros urbanos tornam-se cada vez
mais atrativos em detrimento do campo e o padrão de vida gradativamente foi
aumentando - a enorme quantidade de mercadorias e apetrechos tornava a vida mais
fácil e confortável. A burguesia industrial, em muitos casos, empurrou a aristocracia
territorial para segundo plano (às vezes se fundiam). Com o passar dos anos os grandes
banqueiros e magnatas da indústria e do comércio deslocam-se e passam a constituir a
alta burguesia, enquanto pequenos comerciantes, pequenos industriais e membros das
profissões liberais passaram a compor a pequena burguesia. A alta burguesia foi
absorvendo cada vez mais o capitalismo financeiro, sustentando que apenas o livre
empreendimento seria capaz de gerar progresso econômico (qualquer forma de
intervenção estatal era execrável), enquanto a pequena burguesia buscava estabilidade
e segurança, propondo medidas para obstar a especulação, assegurar a estabilidade de
preços e eliminar monopólios (vale ressaltar que é essa classe que irá apoiar Mussolini e
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Hitler no futuro).
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Na contramão desse processo temos o surgimento de uma nova classe urbana, pobre e
industrial: o proletariado. O operário era muito explorado, especialmente mulheres
(salário menor) e crianças (trabalho nas minas de carvão), viviam em condições
precárias tanto nas cidades (surgimento dos bairros industriais e cidades se
desenvolvendo de maneira desordenada, com condições de habitação abominável para
os mais pobres) quanto nas fábricas (muitas fábricas eram piores do que prisões). A
carga horária do trabalho era alta (em média 16 horas/dia), a remuneração irrisória e
não existiam direitos garantidos por lei. Essa tensão entre a classe operária e a
burguesia industrial (composta por proprietários de fábricas, minas, estradas de ferro,
classe média de comerciantes, banqueiros e advogados - os dirigentes da sociedade)
gerou diversas revoltas, como o cartismo e o ludismo. Derivada dessa realidade,
teremos o surgimento dos sindicatos, os primeiros movimentos anarquistas e
socialistas - o proletariado vai se tornando forte o suficiente para desafiar a supremacia
burguesa (o direito à greve, por exemplo, é cedido após 1850). Como exemplo
importante podemos destacar, durante a Segunda Revolução Industrial, a magnum
opus (obra-prima) de Karl Marx: O Capital. Para Marx, a Revolução Industrial integrou as
chamadas Revoluções Burguesas do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo
Regime e da passagem do capitalismo comercial para o industrial. Para Marx, o
capitalismo seria produto da Revolução Industrial e não a sua causa.

No final do século XIX, com os trabalhadores mais organizados, foi possível exercerem
uma influência ponderável na política dos seus governos. Os salários passaram a subir
consideravelmente, assim como o padrão de vida.

-> O movimento Ludista, ocorrido entre 1811 e 1816, teve um caráter insurgente e
violento contra as alterações nas relações de produção trazidas pela Revolução
Industrial e ficou conhecido por causa das invasões às fábricas inglesas e a destruição
dos meios de produção, em forma de protesto por acreditarem que elas eram as
responsáveis pelo desemprego e pela queda dos salários dos trabalhadores, além
destes estarem insatisfeitos com as péssimas condições de trabalho e com a introdução
da economia de livre mercado, ou seja, os protestos também eram contra os patrões
(que passaram a temer pela sua vida e pela sua propriedade privada). Os luditas ficaram
conhecidos como “os quebradores de máquinas”, mas para Engel era o início efetivo da
rebelião da classe operária. O ludismo não tinha o intuito de reforma ou de revolução
do sistema capitalista. Seu objetivo era o (1) aumento dos salários, (2) melhorias das
condições de trabalho e o (3) fim do uso das máquinas (porque causavam o
desemprego em um período de recessão). Defendiam um modo de vida comunitário e
o fim do liberalismo econômico. Por isso, o marxismo ortodoxo acredita que o
movimento ludista agiu de forma equivocada: não era contra as máquinas que eles
deveriam lutar, mas contra a burguesia. Mas para Hobsbawm, o ludismo não foi
irracional, mas uma forma inteligente de pressionar os empregadores para lograr
melhores condições de trabalho em negociações coletivas, além de propiciar
solidariedade política aos trabalhadores. O movimento ludista acabou, em muitos
casos, obrigando os empregadores a adiar projetos de mecanização e até mesmo
desistir de implementá-los. Os empregadores tinham consciência de que se exigissem
algo intolerável abririam margem para ataques que acarretariam a perda dos lucros
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temporários. Hobsbawm afirmava, ainda, que a destruição das máquinas não era uma
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aversão ao progresso, mas uma técnica para a obtenção de melhores condições de


trabalho.

Muitos ludistas foram presos, mortos e até mesmo enviados para as colônias, um
processo que teve a Inglaterra como foco, mas que também foi observado em outros
países da Europa.

-> Os Cartistas tentavam conseguir direitos através da política, através da “Carta do


Povo” que foi entregue ao Parlamento e exigia mudanças para a classe operária. Eles
acreditavam que o movimento operário deveria acontecer (1) por meio das leis e da
política, através da (2) participação dos proletários na política, na (3) redução da jornada
de trabalho, entre outros. Mas essas reivindicações enviadas ao Parlamento serão
rejeitadas. Apesar do Cartismo não ter obtido sucesso em um primeiro momento, será
o embrião do sindicalismo por ser pautado na participação do trabalhador na política.

-> Diversas teorias econômicas surgem para justificar a nova ordem. A primeira delas,
conhecida como Teoria Liberal (ou Clássica), que teve como grande nome Adam Smith,
trouxe alguns preceitos importantes para aquele momento, como o individualismo
econômico (as nações seriam cada vez mais prósperas quanto mais permitissem que os
indivíduos vivessem de acordo com a sua própria iniciativa), a laissez-faire (a função do
Estado deve ser mínima, apenas para manter a ordem e proteger a propriedade), a
obediência à lei natural (existem leis econômicas que são imutáveis e precisam ser
respeitadas), a liberdade de contrato (patrão - empregado), a livre concorrência (a
concorrência é importante para manter os preços baixos, eliminar produtores ineptos e
assegurar a máxima produção. Monopólios não devem ser tolerados e tarifas
protetoras devem ser abolidas) e o livre câmbio.

A contribuição de Thomas Malthus veio com seu estudo sobre a população. Para ele, a
população tende a aumentar mais depressa do que os meios de subsistência e a
solução para a escassez seria o controle populacional.

David Ricardo desenvolveu a teoria do salário de subsistência. Influenciado por Malthus,


essa teoria afirma que, caso os salários subissem acima do padrão de subsistência, a
população também aumentaria. Dessa forma, os salários seriam uma forma de controle
populacional. Também desenvolveu a teoria do trabalho como fundamento de valor
(teoria do valor-trabalho) que acabou influenciando o socialismo marxista. Outros
nomes fizeram parte desse movimento, como James Mill e Nassau William Senior.

A Teoria Clássica encontra seu berço na Inglaterra por conta do liberalismo político que
o país vivia em detrimento de outras nações. Um outro motivo revela-se no fato dos
industriais britânicos perceberem vantagens numa política de livre-câmbio com o
mundo.

Já no continente a situação era um pouco diferente. Os empresários buscavam formas


de organizações industriais capazes de competir com a Inglaterra e para isso
precisavam de algum tipo de patrocínio e proteção do Estado. É por isso que, na
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contramão do liberalismo econômico, várias teorias começaram a surgir na Europa.
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Nomes como John Stuart Mill, crítico do liberalismo, começam a desenvolver suas
teorias baseadas na realidade vivida até então pela Europa (apesar de ser colocado no
grupo dos liberais, ele repudia várias premissas dessa teoria, como a universalidade da
lei natural). Friedrich List condenava a laissez-faire e a liberdade do comércio
internacional. Ele acreditava em um Estado guardião da produção e da distribuição da
riqueza, que regulasse e planejasse o desenvolvimento da indústria.

Também irão surgir teóricos preocupados com a justiça social: os socialistas utópicos,
herdeiros do Iluminismo, nas figuras de Charles Marie Fourier e Robert Owen. Mas com
certeza o nome mais importante desse movimento foi Karl Marx através do socialismo
científico. Em 1867 Marx publicou ‘O Capital’, transformando, assim, a teoria marxista
em uma das filosofias mais influentes ainda na atualidade. De acordo com a sua
interpretação econômica da história, todos os grandes movimentos políticos, sociais e
intelectuais têm sido determinados pelo ambiente em que surgiram e, portanto, o
motivo econômico não era o único fator para explicar o comportamento humano.
Conceitos como materialismo dialético e mais-valia passaram a influenciar a luta de
classes entre capitalistas e proletariados: de um lado, os capitalistas tendo como
principal renda a posse dos meios de produção e da exploração do trabalho alheio; do
outro, o proletariado, cuja subsistência dependia de um salário e que, portanto,
vendiam a sua força braçal para sobreviver.

A Teoria da Evolução Socialista desenvolvida a partir desse momento concentrava a


ideia no fim do capitalismo e na ascensão do proletariado. Seria o início de uma nova
fase, caracterizada pela ditadura do proletariado, pela remuneração de acordo com o
trabalho realizado e pela posse e administração do Estado de todos os meios de
produção, distribuição e troca: é o momento da transformação do socialismo para o
comunismo, uma sociedade sem classes e um Estado que, aos poucos, vai deixando de
existir. A partir de 1918 a maioria dos marxistas desligam-se dos partidos socialistas e
passam a ser conhecidos como comunistas.

Além do socialismo e do comunismo surge o conceito do anarquismo com William


Goldwin falando mais do individualismo e na oposição a todo governo baseado na
força. Acreditam que o Estado coercitivo é incompatível com a liberdade humana.

O sindicalismo, por sua vez, pregava a abolição do capitalismo do Estado e acreditavam


na reorganização da sociedade em associações de produtores. Os sindicatos seriam os
responsáveis em ocupar o lugar do Estado.
E, por fim, menos radical do que os demais, temos o surgimento do socialismo cristão,
trazendo a religião como instrumento de reforma e de justiça social. Em 1891 o Papa
Leão XIII (‘o Papa dos trabalhadores’) lançou a Encíclica Rerum Novarum que reconhecia
de maneira expressa a propriedade privada como direito natural e repudiava a doutrina
marxista da luta de classes e os lucros ilimitados. A publicação dessa Encíclica deu
impulso ao desenvolvimento do socialismo cristão entre os católicos liberais e antes da
Primeira Guerra Mundial os socialistas cristãos colaboraram com os marxistas
moderados no movimento em prol da legislação social.

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07/12/2020 1. Estruturas e Ideias Econômicas - Da Revolução Industrial ao Capitalismo Organizado: Séculos XVIII
Fonte:
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História da Civilização Ocidental, volume 2 - Edward McNall Burns

DICA: Aula de Revolução Industrial no Canal da USP!


Aula 1: https://www.youtube.com/watch?v=-Ak6pc_UyV0&t=5s
Aula 2: https://www.youtube.com/watch?v=BePVV_ixMXQ
Aula 3: https://www.youtube.com/watch?v=HgCnZUkqGw0
Aula 4: https://www.youtube.com/watch?v=vrkWxstA9I8
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