Email: maurici@ifsp.edu.br
Keywords: heat exchanger; coil spiral; overall heat transfer coefficient; agitated tank;
Nusselt.
Introdução
As indústrias buscam a todo momento obter uma maior eficiência de seus
equipamentos através da otimização dos processos e do aprimoramento de novas
técnicas. Os trocadores de calor podem ser encontrados em usos domésticos e
industriais, onde são utilizados nos processos de aquecimento e resfriamento, ou ainda
como condensadores e evaporadores. Entre os trocadores de calor mais usados estão as
serpentinas helicoidais ou espirais, que são bastante usados para controle de temperatura
em tanques circulares com agitadores mecânicos.
Na área térmica um dos dispositivos mais importante para reduzir os custos com
gastos de energia é o desempenho e a eficiência de um trocador de calor. Segundo
Kreith [13], o aquecimento ou resfriamento de fluídos que escoam no interior de
tubulações acham-se entre os processos industriais mais importantes de transferência de
calor. A serpentina espiral é uma tubulação geralmente de aço, cobre ou ligas, enrolada
em forma de espiral, e que é instalada horizontalmente próximo da base do tanque
(Figura 1). É muito utilizada em tanques de estocagem onde se pretende facilitar o
bombeamento do fluido elevando a temperatura apenas do fundo do tanque. Seu uso
deve ser evitado quando existirem sólidos em suspensão (Rushton, Lichtmann, e
Mahony) [15].
As serpentinas em espiral são tipos bem conhecidos de tubos curvos que foram
utilizados em uma ampla variedade de aplicações, por exemplo processos de
recuperação de calor, sistemas de ar condicionado e refrigeração, reatores químicos,
alimentos e processos lácteos [1]. Naphon e Wongwises [2] propuseram uma nova
correlação para o coeficiente de transferência de calor para serpentinas em espiral
constituído por seis camadas de tubos concêntricos. O desempenho térmico de um
trocador de calor tipo serpentina espiral sob condições de resfriamento e
desumidificação foram ilustradas por Ho et al. [3,4]. Kubair e Kuloor [5–7] mediram o
fator de atrito que ocorre entre o escoamento interno do fluído e as paredes das
serpentinas espirais e concluíram que há um aumento significativo no fator de atrito em
comparação com tubo reto. Wijeysundera e rajasekar [8] obtiveram uma expressão para
a eficácia de um trocador de calor espiral (SCHE), que consiste em várias camadas
horizontais de tubos aletados. Uma SCHE experimental foi montada para realização de
vários testes que serviram de base para seus estudos sobre os parâmetros de projeto da
SCHE. O trocador de calor em espiral (SCHE), que possui uma nova configuração, é
descrito por Boyen [9]. Um diagrama esquemático da SCHE é mostrado na Fig. 2.
Nu 0=k ℜl Pr 0,33
0 (01)
0,14
μ
Nu=0,81 ℜ0,64
a Pr 0,33 ( )
μw
(03)
0,14
μ
Nu=0,10 ℜ0,83
a Pr
0,33
( )μw
(04)
Figura 4. - Tanque com impulsor axial e quatro pás inclinadas a 45° equipado por
serpentinas espirais.
Especificação do modelo de um sistema de troca de calor com serpentina espiral de
fundo em um tanque com volume de 1000 L em operação contínua, conforme mostrado
na Figura 4. O trocador de calor tipo serpentina espiral é feito com tubos curvos de
cobre e deve aquecer uma solução aquosa com 20% em massa de sacarose e um fluxo
de 1,0 m³/h de 20 a 40 ° C, em estado estacionário. O líquido disponível para
aquecimento é a água a 60 ° C com um fluxo de 4 m³/h. O impulsor tem quatro pás
inclinadas a 45° trabalha a 100 rpm. A determinação da geometria interna do tanque,
fig.5, é calculada através dos padrões recomendados por Rushton et al. [16].
Fig.5 – Relações geométricas, (a) impulsor axial com 4 pás inclinadas a 45°; (b) tanque com
impulsor radial, vista lateral: (c) tanque com impulsor radial, vista superior. [12]
Resultados e discussão
Com volume útil de 1 m³ no tanque cilíndrico, as relações geométricas obtidas estão
mostradas nas equações (05) a (08) e na tabela 1.
π D2t
V= ( )
4
H=1 m ³ (05)
D t =H=1,08 m (06)
Dt
=38,8 → Dic =0,028 m (07)
Dic
Dt
=31,5 → Dec =0,034 m (08)
Dec
Tabela 1
Parâmetros geométricos do tanque e serpentina
Parâmetros Tamanho (mm) Relações dimensionais
Dt 1083.85 D t /D t = 1.0
H 1083.85 Dt /H = 1.0
Da 361.28 D a =D t /3
Dec 34.41 Dt /D ec =31.5
Dic 27.93 D t /D ic =38.8
Dc 1 240.85 Dc 1=Dt /4.5
Dc 2 867.08 D c 2=D t /1.25
J 108.38 J = Dt /10
W 216.77 W = D a /5
E 361.28 E=Da
Eb 10.83 Eb =D t /100
L 9.03 L=D a /4
1
Considerando um tubo comercial de cobre classe E com DN de 1 pol., De = 35mm e
4
espessura (ep) de 0,70 mm., o diâmetro interno é determinado na equação (09).
dT dtb
ẇ água C págua = ẇ sol C sol (11)
dθ dθ
Integrando a equação no instante θ = 0 com as temperaturas de entrada dos fluídos frio e
quente, T = T1 e tb = tb1, obtém-se a equação (12):
ẇ sol C sol
T 2= (t −t )+ T 1 = 55.3°C (13)
ẇágua C págua b 1 b 2
dT
Q= ẇágua C págua = 10858 W (14)
dθ
T 1 +T 2
T́ = =57.66 ° C (15)
2
4 V̇
u= =1.25 m/s (16)
πd 2i
Di
hio =hi = 6460.58 W/m²°C (18)
De
As tabelas (2) e (3) mostram os dados das propriedades físicas dos fluídos quente e frio,
respectivamente.
Tabela 2
Propriedades da água
Tabela 3
Propriedades da solução de sacarose
As eqs. (20) e (21) mostram o cálculo para os números de Reynolds ( ℜa) e Prandtl (Pr).
A relação entre as viscosidades μ/ μw será assumida como 1, considerando que a
temperatura do fluido no tanque será igual à temperatura da parede.
Da2 N ρsol
ℜa= = 137458.9 (20)
μ sol
Cpsol μsol
Pr= = 14.43 (21)
K sol
Substituindo as eqs. (20) e (21) na Eq. (19), é obtido o número de Nusselt :
Nu = 3797 (22)
Nu K sol
h o= = 1506.30 W/m²°C (23)
Dt
O coeficiente global de transferência de calor U pode ser calculada em função do
coeficiente de convecção interno corrigido e o coeficiente de convecção externo,
conforme mostrado na Eq. (24)
hio ho
U= =1221.5 W/m²°C (24)
h io +h o
A
L= =3.14 m (27)
πDe
De acordo com a expressão proposta por Rosa et al, [12] para um impulsor radial, é
obtido o número de Nusselt na eq. (28).
0,14
μ
Nu=0,10 ℜ0,83
a Pr
0,33
( )
μw
= 4438 (28)
A partir de Nusselt (eq. (28)), são determinados novos valores para h o,U, A e L
mostrados nas equações (29), (30), (31) e (32), respectivamente.
h o=¿1767 W/m²°C (29)
A=¿0.30 m² (26)
L=2.77 m (27)
Conclusões
A partir dos valores obtidos no projeto, a Fig. 6 mostra a comparação dos modelos
encontrados por Rosa et tal [12] para um trocador de calor tipo serpentina espiral em
tanques agitados por dois tipos de impulsores, o radial RT e o axial PBT.
100000.00
10000.00
Nu
1000.00
Nu - PBT
Nu - RT
100.00
10000 100000 1000000
Re
Foi observado no gráfico que para um número de Reynolds calculado com os dados do
projeto até o valor de 60000, a correlação de Nusselt obtido para o impulsor RT,
apresenta um valor maior que o PBT. Para o valor de Reynolds determinado nesse
projeto, encontrado numa faixa acima de 60000, o aquecimento com serpentinas
espirais mostrou-se mais eficiente usando o impulsor radial. Como o coeficiente global
de transferência de calor é diretamente proporcional ao número de Nusselt, foi
encontrada uma área de troca térmica menor quando o tanque é agitado por um impulsor
RT.
5. V. Kubair, N.R. Kuloor, Flow of newtonian fluids in archimedean spiral tube coil
correlation of the laminar, transition and turbulent flows, Indian J. Technol. 4(1969)
3–8.
6. V. Kubair, N.R. Kuloor, Non-isothermal pressure drop data for spiral tube coil,
Indian J. Technol. 3 (1965) 382–383.
7. V. Kubair, N.R. Kuloor, Heat transfer to newtonian fluid in coiled pipe in laminar
flow, Int. J. Heat Mass Transfer 9 (1966) 63–75.
9. John L. Boyen, Thermal Energy Recovery, John Wiley &Sons Inc., New York
(1980).
12. ROSA, Vitor da Silva et al. Nusselt’s correlations in agitated tanks using the spiral
coil with Rushton turbine and PBT 45 impeller. Comparison with tanks containing
vertical tube baffles. Applied Thermal Engineering. 2017.
13. V.S. Rosa, M.S. Moraes, J.T.L. Toneli, D. Moraes Júnior, External heat transfer
coefficient in agitated vessels using a radial impeller and vertical tube baffles,
Ind. Eng. Chem. Res. 53 (2014) 13797–13803.
14. Kreith, F. Princípios da Transmissão de Calor, Trad. Eitaro Yamane, Otávio Silvares
e Virgílio de Oliveira, 3ª edição, São Paulo, SP, Edgard Bluche Ltda, 1977.
15. Fraza, A. C.; Camboim, D. C.; nascimento, L. L.; souza, L. F. H.; Daineze, M.A.
Determinação Experimental do Coeficiente Convectivo Externo de Transferência de
Calor em Tanques com Impulsores Mecânicos e Serpentina Espiral, Santos, SP,
Unisanta, 2012.
16. Rushton, J. H.; lichtmann, R. S.; mahony, L. H. Heat Transfer to Vertical Tubes
in a Mixing Vessel, Industrial and Engineering Chemistry, Volume 40, Nº 6,
1948.
18. Çengel, Y. A.; ghajar, A. J.; Transferência de Calor e Massa, Trad. Fátima Lino
4ª edição, São Paulo, SP, McGraw-Hill, 2011.
19. Kern, D. Q.; Process heat transfer. Singapore: Mc Graw Hill, 1987.
20 C.J. Geankoplis, Transport Processes and Unit Operations, fourth ed., Prentice
Hall, Upper Saddle River, New Jersey, 2008.1811