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1.0 Teoria Fotovoltaica


1.1 Célula Fotovoltaica

Figura 1.1: Diferentes Painéis Fotovoltaicos.


Fonte: VC Solar.
A unidade primária de um sistema fotovoltaico é a célula fotovoltaica. Essas células são
unidas em série, uma a uma, e formarão o painel fotovoltaico. Existem dois tipos tradicionais
de células fotovoltaicas: as monocristalinas e as policristalinas.
● Célula Fotovoltaica Monocristalina: Como o próprio nome sugere, é uma célula que é
formada por um único cristal de Silício. Para fabricar esse tipo de célula, é necessário
submeter o silício purificado a um método de fabricação denominado de método
Czochralski. Este é um método muito custoso para produzir o silício monocristalino e,
por isso, as células monocristalinas são mais caras do que as células policristalinas.
Basicamente, esse tipo de célula é um círculo que foi “chanfrado”, de modo que a
célula é cortada em formato octogonal (quadrado com as pontas cortadas). Apresenta
uma coloração escura e sem manchas. A célula fotovoltaica monocristalina possui
uma estrutura organizada, provinda da formação de um único cristal de Silício.

● Célula Fotovoltaica Policristalina: Como o próprio nome sugere, é uma célula formada
por múltiplos cristais de Silício. O processo de fabricação deste tipo de célula é muito
mais simples (portanto mais barato) do que o processo de fabricação da célula
monocristalina. Seu formato é sempre quadrado. Apresenta uma coloração azulada e
com manchas. Além disso, tem uma estrutura atômica mais desorganizada, provinda
da formação de múltiplos cristais de Silício.
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1.2 Como são fabricados os painéis

Figura 1.2: Processo de Fabricação da Célula Monocristalina e Policristalina.


Fonte: VC Solar.
O Brasil tem a maior reserva mundial de cristais de Quartzo no subsolo, elemento do qual
se obtém o Silício de grau solar, usado na fabricação de painéis fotovoltaicos. Praticamente
80% de toda a produção mundial hoje é brasileira. Porém, ainda não produzimos o Silício
com grau de pureza superior a 99,5%. O ideal seria um grau de pureza em torno de
99,9999999%, acima de sete casas decimais.
No Brasil os cristais de Quartzo (Silício Grau Metalúrgico - SiGM) são extraídos por
algumas empresas e purificados através de um forno com eletrodos de grafite. E com a adição
de carbono à mistura, conseguem chegar ao grau de pureza que fica entre 99,5 e 99,6%.
Após uma purificação mais avançada, com 99,9999999% de pureza, teremos a formação
do “Lingote” (um bastão cilíndrico de Silício que pode chegar a 2,5 m de comprimento e 40
cm de diâmetro), usando a técnica de Czochralski, que depois será fatiado em finíssimas
camadas circulares (0,5 ou 0,6mm), ficando pronto para dopagem química (processo que
estimula o efeito fotovoltaico).

Figura 1.3: Lingotes Cilíndricos.


Fonte: VC Solar.
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a) Classificação do Silício
Tipo Porcentagem de Pureza
Silício Grau Metalúrgico (SiGM) 99,5%.
Silício Grau Solar (SiGS) 99,9999%.
Silício Grau Eletrônico (SiGE) 99,9999999%.

As principais fabricantes no Brasil de SiGM: RIMA, Minasligas. A porcentagem de pureza


do Silício grau solar é suficiente para a fabricação de uma célula solar. E a porcentagem de
pureza do Silício grau eletrônico o torna quase puro.

b) Como se purifica o silício


● SiGM: Uso de um forno com eletrodos de Grafite à 1900 °C. Coloca-se o minério de
Silício juntamente com partes de Grafite (Carbono) dentro de um forno, o qual é
aquecido por dois eletrodos de grafite. Quando atingir a temperatura de 1900 °C,
torna-se possível separar o estado mais puro do Silício, depositado na parte inferior
do forno (pureza entre 99,5 e 99,6%).
● SiGS: Uso do Método Químico (Siemens) ou Método Metalúrgico.
● SiGE: Uso do Método Químico (Siemens).
A purificação do Silício grau Solar (SiGS) e Silício grau eletrônico (SiGE) é realizada por
duas formas distintas conhecidas como “ROTAS”, sendo a primeira a Rota Química
(Processo Siemens) e a segunda a Rota Metalúrgica (Forno de Solidificação Direcional).

Rota química - Processo Siemens:


Etapa 1: Si(s) + 3HCl —> HSiCl + H (Temperatura de 350 °C).
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Etapa 2: 2HSiCl —> Si + 2HCl + SiCl (Temperatura de 1150 °C - Decomposição do


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Triclorossilano).
Na etapa 1, o silício usado é de grau metalúrgico, geralmente produzido no Brasil. E no final
da etapa 2, o silício resultante é de grau altamente puro, o qual será usado para a produção
de células fotovoltaicas.

Rota Metalúrgica - Forno de Solidificação Direcional:


Através da Engenharia Metalúrgica, esse processo baseia-se no uso conjunto do Método de
Czochralski e um forno Puller (“Puxador”), para a produção de Lingotes. Tem como vantagem
ser de menor valor energético, porém ainda em evolução.

c) Método Czochralski: Para Silício monocristalino


Primeira etapa de fabricação: fusão dos cristais de Silício de alta pureza e formação do
lingote cilíndrico.
No forno Puller, um reator refrigerado é usado na parte externa. Internamente, utiliza-se
um aquecedor e um isolamento térmico, onde os cristais de Quartzo são aquecidos,
fundindo-se à 1425 °C. Após a fusão, uma “semente” rotativa (semelhante a um pistão
pequeno e cilíndrico) é inserida sobre o Silício. O “cadinho” (recipiente onde o Silício é
aquecido) está girando no sentido anti-horário e a semente é inserida girando no sentido
horário. A semente está em temperatura ambiente e quando toca no Silício, forma-se uma
crosta que cristaliza com o contato. O lingote vai se formando a partir do momento em que o
cadinho é puxado para baixo ou então o forno puxa a semente para cima. A espessura do
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lingote vai depender da velocidade de rotação do cadinho, da velocidade de rotação da


semente e da velocidade em que o cadinho e/ou a semente vão ser puxados. Esses 3 fatores
são fundamentais para se ter um bom lingote.
Dentro desse forno reator tem uma atmosfera controlada, composta por Argônio, que é
um gás inerte. Esse gás é responsável pela pureza do Silício e não deixa impurezas entrarem
em contato com o Silício do interior.
Depois de formado, o lingote é usinado no diâmetro externo e é chanfrado, para que se
consiga ter apoio e servir como referência. Em seguida, ele é cerrado através do fatiamento
(processo conhecido como “Slicing”), onde centenas de cabos de aço compostos por
diamantes industriais facilitam o corte do lingote em finíssimas camadas (“Wafers”), que
ainda não são consideradas células solares. Ainda existem vários processos importantes
antes de se chegar a uma célula fotovoltaica.

Figura 1.4: Forno Puller.


Fonte: BlueSun Solar.

1.2.1 Fabricação das células fotovoltaicas monocristalinas


a) Início da Lapidação das Células em Lapidadora Especial
Os primeiros acabamentos são feitos nos “Wafers”. Após a lapidação, os “Wafers”
passam por um banho de decapagem com Ácido Nítrico (o acabamento fica melhor).

Figura 1.5: Início da Lapidação das células em lapidadora especial.


Fonte: BlueSun Solar.
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b) Etapa Mecânica Final: Polimento Ultra Fino das Células e Lavagem


Química com Fluidos Ácidos
As células ficam com uma rugosidade superficial muito parecida com a do vidro. Em
seguida, elas são polidas sobre uma almofada com pasta especial diamantada. Essa espécie
de lapidadora é constituída por pó de Silício misturado com polietilenoglicol, e dará o
acabamento final nas células, deixando-as praticamente espelhadas. Nesse momento
finalizamos os “Wafers”. Porém, ainda tem muita coisa para concluir as células.

Figura 1.6: Almofada para Polimento com Pasta Especial Diamantada.


Fonte: BlueSun Solar.

1.2.2 A fabricação das células fotovoltaicas policristalinas


Cristalização e Corte dos Lingotes em Serra Especial
O Silício de alta pureza é acomodado em um molde (de fundição de ferro ou alumínio)
e vai ser aquecido e se fundir (ponto de fusão de 1425 °C), para ser criado um bloco enorme
de aproximadamente 600 kg desse Silício.

Figura 1.7: Silício de Alta Pureza Acomodado em Molde de Fundição.


Fonte: BlueSun Solar.
Depois esse bloco vai passar por uma “briquetadeira” (serra especial) para ser serrado
de forma matricial e formar lingotes quadrados.
Após ser serrado, cada pedaço do bloco vai ser cortado em “Wafers” quadrados (156 mm
x 156 mm), através de uma serra composta por vários cabos de aço diamantados.

a) Acabamento e Decapagem/Lavagem das Células


As células são lavadas para retirar impurezas, verificação de irregularidades, entre outros
processos.
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b) Processos Finais de Fabricação das Células Fotovoltaicas


As células vão passar por processo muito importante de texturização. Esse processo
reduz a taxa de espelhamento das células para se ter uma maior absorção dos raios solares.
Depois, passará por um banho químico também para reduzir o reflexo das células. Nesse
processo de texturização, o Hidróxido de Potássio é usado para corroer a superfície das
células e retirar o espelhamento delas, deixando suas superfícies mais rugosas e cheias de
“sulcos”, fazendo com que a maior quantidade de radiação solar seja absorvida pelas células.
As células fotovoltaicas precisam de dois elementos básicos além do Silício para
manifestarem o efeito fotovoltaico, os quais são o Boro e o Fósforo (Dopagem). A dopagem
por Boro já é realizada quando o bloco de 600 kg de Silício é aquecido no forno para ser
fundido. Já a dopagem por Fósforo é realizada com um processo chamado difusão por
Fósforo, em que duas células são colocadas face a face, e o lado externo dessas duas células
emparelhadas são passados por processo de difusão por Fósforo. Cada par vai ser levado a
um forno de 800 a 900 °C e vão permanecer por lá entre 20 e 30 minutos, para depois se
tornarem uma célula propriamente dita. No forno, um gás à base de Fósforo (Oxicloreto de
Fósforo) é adicionado e vai difundir o lado externo das células emparelhadas. O lado colado,
interno que está face a face não vai ser difundido pelo gás, e esse é o segredo para que as
células fotovoltaicas possam gerar energia. Esse é o processo de dopagem por Fósforo.
Depois vão ser lavadas com a adição de ácido e/ou base.

Figura 1.8: Dopagem por Fósforo de Células Fotovoltaicas Colocadas Face a Face.
Fonte: BlueSun Solar.
Na etapa final de fabricação, a célula já fica azul, pois é adicionado uma camada de
cerâmica de um material anti reflexivo, constituída por Nitreto de Silício, que dá essa cor
azulada à célula policristalina. Ele vem para complementar o processo de texturização,
diminuindo ainda mais a reflexão da célula, e aumentar sua eficiência entre 3 a 4%.
Lembrando que uma célula monocristalina tem uma eficiência que fica em torno de 17% e
uma policristalina está em 15,4% em um painel de 250 W, por exemplo. O Nitreto também é
resistente ao choque térmico e ajuda a proteger as células, assim como é resistente a
choques mecânicos também.
Logo depois, as células passam por processo de “Silk Screen”, onde é adicionado
trilhas metálicas (centenas menores) e trilhas principais (maiores) que vão captar toda a
energia por centímetro/milímetro quadrado que essa célula gerar.

Figura 1.9: Processo de Silk Screen.


Fonte: BlueSun Solar.
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Depois do Silk Screen, a célula passa por um forno para que as trilhas metálicas se
fixam por inteiro sobre as células. Em seguida, as células são passadas por um “Flash”,
processo capaz de determinar qual a potência e a capacidade de cada célula.

Figura 1.10: Células Fotovoltaicas Submetidas ao Processo de Flash.


Fonte: BlueSun Solar.
Para curiosidade, uma célula pode-se dividir em até 32 subgrupos. E quanto a sua
qualidade, divide-se em até 4 grupos, de A a D. A avaliação final fica por conta de um ser
humano. E finalmente, as células estão prontas para serem utilizadas e comercializadas.

1.3 O efeito fotovoltaico


No nível atômico os átomos de Silício estão ligados a mais quatro átomos, e uma
impureza (o Boro). Se tivéssemos apenas o Silício, a célula não teria o efeito fotovoltaico.
Assim, o Boro é adicionado no momento da fundição dos 600 kg de Silício em bloco. O Boro
tem 3 elétrons na camada de valência, e está ligado ao Silício, o qual contém 4 elétrons na
camada de valência. Nessa ligação, formou-se uma lacuna entre o quarto elétron do Silício
com a ligação do Boro. Já o Fósforo, inserido através da difusão por Fósforo, está ligado ao
Silício com 5 elétrons na camada de valência, 4 conectados ao Silício e um vai ser
responsável em preencher a lacuna (buraco) do Boro. Essa associação da lacuna do Boro
com o elétron do Fósforo vai ser usada para produzir o efeito fotovoltaico.
Diante disso, quando os fótons de luz tocam o painel fotovoltaico, a ligação lacuna-
elétron, existente entre o elétron do Fósforo e a lacuna do Boro, será desestabilizada. Assim,
os elétrons que ficaram livres vão se acumulando na camada Negativa (N) da célula
fotovoltaica (a parte de cima que vemos), e as lacunas vão se acumulando na camada
Positiva (P) da célula (parte de baixo).

Figura 1.11: Desestabilização da ligação lacuna-elétron do Boro e do Fósforo por Fótons de Luz.
Fonte: BlueSun Solar.
Os elétrons acumulados na camada N serão capturados por trilhas metálicas inseridas
no processo de “Silk Screen”, para levarem os elétrons até a carga que queremos alimentar.
A mesma quantidade de elétrons que vai para a carga, retorna para o painel fotovoltaico, o
que garante a durabilidade de muitos anos de vida da célula solar.
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Figura 1.12: Carga Alimentada por Elétrons Acumulados na Camada N.


Fonte: BlueSun Solar.

● Da célula para o painel fotovoltaico:


O painel é composto por uma quantidade de células, todas conectadas em série, uma
a uma. A conexão entre elas é realizada da seguinte forma: a parte negativa da célula (a
parte de cima que vemos) vai conectar com a parte de baixo da célula seguinte, e assim,
as células fotovoltaicas vão se conectando em série.

Figura 1.13: Células Fotovoltaicas Conectadas em Série.


Fonte: VC Solar
Através da conexão em série, aumenta-se a tensão do painel fotovoltaico e, levando
em conta que cada célula gera uma tensão de aproximadamente 0,5 V, tanto para as
células monocristalinas como policristalinas, a tensão total do painel fotovoltaico será a
soma das tensões unitárias de cada célula do painel.

1.4 Principal Segurança - Diodos de By Pass Schottky (Efeito Hot spot)

Figura 1.14: Células Fotovoltaicas Sem o Diodo By Pass Schottky.


Fonte: BlueSun Solar.
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São diodos que servem para evitar os pontos quentes em células fotovoltaicas. No
mundo real, uma folha pode obstruir uma das células de um painel fotovoltaico. E pelo
fato de cada célula ser um semicondutor, o painel vai gerar energia. Porém, no momento
em que ele é obstruído, a célula naturalmente se transforma numa carga e começa a
aquecer. Ela vai absorver toda a energia do restante do painel e vai transformar em calor.
Nesse caso, usam-se diodos de By Pass Schottky. Dessa forma, se a folha obstruir
uma célula, a sua resistência aumenta, e o diodo paralelo às células com a obstrução
será polarizado diretamente, fazendo com que a corrente percorra o caminho das setas
vermelhas mostradas na figura abaixo. Desse modo, evitaremos um “Hot Spot”. Uma
câmera termográfica é usada para visualizar os pontos quentes nas células fotovoltaicas.
Drones podem ser usados para pré-projetos, como em usinas fotovoltaicas, por exemplo.

Figura 1.15: Células Fotovoltaicas Com Diodo By Pass Schottky em Paralelo.


Fonte: BlueSun Solar.
Os diodos By Pass Schottky ficam no “Junction Box”, que fica na parte de trás do
painel fotovoltaico. Toda energia gerada no painel fotovoltaico será concentrada nessa
caixa de junção, onde fica os 3 diodos que irão proteger os painéis. No caso de um painel
com 60 células, cada diodo irá proteger 20 células.

Figura 1.16: Junction Box (Caixa de Junção)


Fonte: BlueSun Solar

1.5 Partes de um módulo fotovoltaico

Antes da laminação, as células são colocadas sobre o Tedlar e ocorre a última


checagem se há algum erro com cada célula. No processo de laminação, o polímero de EVA
é aquecido por 4 min, a uma temperatura de 180 °C. Ele vai derreter o suficiente para poder
laminar e travar as células, de modo a montar o painel. Em seguida, uma nova inspeção é
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realizada após o processo de laminação. Finalmente, a moldura do painel é colocada,


juntamente com a caixa de junção e os diodos By Pass Schottky.

Figura 1.17: Partes de um Módulo Fotovoltaico.


Fonte: Portal Solar.

a) Conectores de cabos fotovoltaicos

● Conectores MC3: Não apresentam travas. Estão tornando-se obsoletos.


● Conectores MC4: Apresentam travas. Esses conectores são “crimpados” nos cabos
fotovoltaicos, usando alicate de “crimpagem”.

Figura 1.18: Conectores de Cabos Fotovoltaicos MC3 e MC4.


Fonte: Flytec Computers.

1.6 Conceitos de Latitude e Longitude


a) Latitude
É o ângulo formado entre a linha do Equador e qualquer outro ponto da esfera terrestre
(latitude sul e latitude norte).

Figura 1.19: Esquema Indicativo das Latitudes e dos Paralelos Terrestres.


Fonte: Brasil Escola – UOL.
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b) Longitude
É o ângulo formado entre o meridiano de Greenwich (marco zero) e qualquer outro
ponto da esfera terrestre (longitude leste e longitude Oeste).

Figura 1.20: Esquema Indicativo das Longitudes e dos Meridianos Terrestres.


Fonte: Brasil Escola – UOL.
Através da latitude e longitude, podemos localizar qualquer ponto no planeta. E diante
dessas informações, torna-se possível saber qual é o índice solarimétrico em uma
determinada região. Na maioria dos casos, os mapas solarimétricos utilizam-se desse
sistema de localização.

1.7 Solarimetria
Dizer que o verão ocorre quando a Terra está mais próxima do Sol ou o inverno ocorre
quando está mais afastada do Sol é um mito. O que temos é uma inclinação do eixo de
rotação da Terra em relação ao plano de translação ao redor do Sol. É esse ângulo de
inclinação que irá definir as estações do ano.
● 21 de junho (Solstício de inverno): É o ponto da trajetória da Terra em relação ao Sol em
que os raios solares estão com maior incidência no hemisfério norte, fazendo com que no
hemisfério sul tenha baixa incidência de raios solares e, por consequência, apresenta
noites mais longas.
● 21 de dezembro (Solstício de verão): É o ponto da trajetória da Terra em relação ao Sol
em que no hemisfério sul os raios solares estão com maior incidência, o que faz o dia ser
mais longo e noites mais curtas. O contrário acontece no hemisfério norte.
● 22/23 de setembro (Equinócio da primavera): Marca o início da primavera. Nessa data, o
intervalo de tempo do dia e da noite tornam-se praticamente iguais.
● 20/21 de março (Equinócio de outono): Marca o início do outono. Nessa data, o intervalo
de tempo do dia e da noite tornam-se praticamente iguais.
No solstício de verão é possível produzir muito mais energia elétrica do que no
inverno, em se tratando do hemisfério Sul, pois o dia será mais longo e a noite mais curta. O
solstício de verão é o dia em que o Sol estará “à pino” ao meio-dia sobre nossas cabeças
(raios solares perpendiculares ao hemisfério sul). E no solstício de inverno, o Sol estará “mais
baixo” no céu ao meio-dia, em relação ao hemisfério sul.
Além disso, vale lembrar também que o Sol nasce aproximadamente no Leste e se
põe no Oeste. Porém, nos equinócios, o Sol nasce exatamente no Leste e se põe no Oeste,
literalmente nos pontos cardeais. Assim, de março até setembro, o Sol nasce ao leste “mais
ao norte”, e de setembro até março, o Sol nasce ao leste “mais ao sul”. Para nós do hemisfério
sul, o Sol apenas vai estar sobre nossas cabeças em 21 de dezembro, no solstício de verão.
Fora dessa data, o Sol sempre vai estar apontado para o norte. Dessa forma, nossas placas
solares sempre devem ser direcionadas e inclinadas para o norte.
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a) Solarimetria aplicada a sistemas fotovoltaicos


Irradiância → Potência por unidade de área que recebemos do Sol (W/m²)

Irradiação Solar → Energia por unidade área por determinado tempo (KWh/m²∙dia)

Figura 1.21: Perdas da Irradiação Solar na Atmosfera terrestre.


Fonte: BlueSun Solar.
Nesse aspecto, tem-se também o albedo, considerado o índice de reflexão da luz solar
que varia de 0 a 1 e é a fração de luz refletida em relação ao total de luz incidente. Quanto
maior o albedo, mais aquele objeto reflete a luz, sendo os objetos pretos os que mais
absorvem (menor albedo, ex: asfalto) e os brancos os que mais refletem (maior albedo, ex:
neve).
Obs: Cerca de 70% da luz usada em sistemas fotovoltaicos é da irradiação direta (luz
vinda diretamente do sol) e os outros 30% advém da irradiação difusa (luz que é refletida
pelos arredores do sistema [albedo]).

Figura 1.22: Horas de Sol Pico (HPS).


Fonte: BlueSun Solar.
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1.8 Banco de dados

1.8.1 CRESESB (Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio


de Salvo Brito)
Primeiramente, você deve entrar na página do CRESESB através do link
cresesb.cepel.br:

Figura 1.23: Site do CRESESB.


Fonte: CRESESB.

Após isso, você irá clicar em Potencial energético → Potencial Solar, presentes na
coluna esquerda:

Figura 1.24: 1ª etapa no site do CRESESB.


Fonte: CRESESB.
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Feito isto, você será redirecionado a uma página, vá até o final dela e irá se deparar
com esses campos da imagem, onde será necessário colocar as coordenadas geográficas
(disponíveis no Google Maps, por exemplo) onde o projeto será instalado, e clique em buscar.
Obs: É aconselhável utilizar a opção de “graus, minutos e segundos (00°00'00")”, visto
que garante uma maior especificidade ao banco de dados do CRESESB.

Figura 1.25: 2ª etapa no site do CRESESB.


Fonte: CRESESB.
Logo após, será mostrado as 3 localizações mais próximas das suas coordenadas,
respectivamente. Será também mostrado um gráfico da irradiação ao longo do ano.

Figura 1.26: Exemplo 1 - Tabela com irradiações no site do CRESESB.


Fonte: CRESESB.
Ao escolher uma das 3 localizações, será mostrado dados da irradiação de diversas
maneiras, que dependendo do projeto, você irá utilizar alguma das tabelas disponibilizadas.
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Figura 1.27: Exemplo 2 - Tabela com irradiações no site do CRESESB.


Fonte: CRESESB.
Sendo assim, segue abaixo, como utilizar os dados disponibilizados pelo CRESESB
dependendo da situação:
OFF-GRID ON-GRID
NECESSIDADE Funcionar todo o Produzir o máximo de
ano energia
AÇÃO (QUAL LEVAR EM Pior mês do ano Ano todo
CONSIDERAÇÃO?)
QUAL O MELHOR MÉTODO A SE Maior mínimo Maior média anual
UTILIZAR? mensal
1.9 Inclinação e distanciamento dos painéis

a) Cálculo da inclinação (TILT) dos Painéis Fotovoltaicos

1º método → Verificar o Sundata do CRESESB

2º método → Fórmulas
SF On-Grid → 3,7 + (0,69 × Latitude do local)
SF Off-Grid → Latitude do local + Latitude do local4

EX1: Se formos instalar um sistema fotovoltaico no Centro de Tecnologia (Latitude = 5°03'


Sul)

On-Grid Off Grid

3,7 + (0,69 × 5,03) = 5,03 + 5,034 =

3,7 + (3,47) = 5,03 + 1,25=

7°17' 6°28'
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Obs: em off grid (sistema isolado) precisa-se projetar o sistema de forma que ele produza
energia no PIOR DIA DO ANO, por isso que ele fica geralmente mais inclinado que o On-
Grid.

b) Cálculo do Espaçamento mínimo entre as Strings (On Grid)

Usamos como referência a data de 21 de junho por ser o início do solstício de inverno
e, portanto, o dia em que o sol estará mais rebaixado às 12:00, assim, criando a maior sombra
possível no ano.

Figura 1.28: Distância mínima entre Strings


Fonte: ABES - ES
● L – Comprimento dos painéis;
● α – Ângulo de inclinação do painel (TILT);
● β – Ângulo do Sol no solstício de inverno;
● h – Altura;
● d – Distância mínima entre os painéis.
A partir disso, calculamos a distância mínima pela seguinte fórmula:

d=L ×cos θ + sin θ tan θ

EX2: Peguemos como referência o ângulo do EX1 de painéis On-Grid (7°), e adotemos como
L = 1,8 m. Sendo assim:
d=L× cos θ + sin θ tan θ =
d=1,8× cos 7° + sin 7° tan 7° =
d=1,8× 0,992+ 0,1210,122 =
d=1,8× 0,992+0,991 =
d=1,8× 1,983 =
d=3,56 m

1.10 Baterias Estacionárias Sistemas Autônomos ou Isolados (Off Grid)

a) Princípio de funcionamento da bateria

O elemento básico de uma bateria é um conjunto de duas placas, de composições


diferentes, mergulhadas num líquido apropriado (eletrólito) e mantidas afastadas uma da
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outra por um separador de material isolante, porém poroso de modo que deixasse passar os
íons H e SO , e consequentemente a corrente elétrica. A dissimetria química entre as duas
+
4
-

placas de materiais diferentes gera uma tensão (voltagem) de aproximadamente 2 Volts.


Se ligarmos uma lâmpada de 2V entre as placas positiva e negativa, uma corrente se
estabelece, circulando no circuito fechado constituído pela lâmpada, as placas e o eletrólito,
e constatamos que a lâmpada se acende (circuito exterior) e que no interior da bateria,
diversas reações químicas acontecem.
Essas reações se caracterizam pelo material de cada placa se transformar
parcialmente em sulfato de chumbo PbSO , o eletrólito perder uma parte do seu H SO e a
4 2 4

proporção de H O aumentar. O resultado é que a dissimetria inicial tende a desaparecer. A


2

corrente diminui até parar: nesse ponto, vamos dizer que a bateria está completamente
descarregada.

Figura 1.29: Bateria Eletrolítica.


Fonte: MaCamp.
● Placa Positiva – PbO (Peróxido de Chumbo)
2

● Placa Negativa – Pb (Chumbo metálico sob forma esponjosa)


● Eletrólito – H SO + H O (Ácido Sulfúrico + Água Destilada)
2 4 2

● Separador – Material Isolante Poroso

É importante ressaltar que quanto maior a concentração de PbSO , maior é o nível de


4

descarga da bateria, ou seja, o PbSO determina o nível de descarga de bateria. Além disso,
4

esse processo químico (migração de elétrons da placa negativa para a positiva) ocorre
independentemente da existência de uma carga externa, e é chamado de autodescarga.
É válido considerar que as Baterias Estacionárias, usadas nos sistemas fotovoltaicos,
têm uma menor taxa de Autodescarga que as Baterias Automotivas. Ademais, outro fator
importante é o envelhecimento delas, considerando que ele é afetado pelo aumento de
sulfatação dentro dela. A sulfatação é a formação de sulfato de chumbo nas placas de uma
bateria. Normalmente, acaba resultando em baixos níveis de carga (devido a diminuição da
capacidade de armazenamento), sobrecarga (ocasionado pelo menor armazenamento de
energia) ou descarga profunda (por armazenar menos energia, descarrega mais rápido).

a) Principais causas da sulfatação prematura

● Não recarregar a bateria após uma descarga, deixando-a neste estado por longos
períodos;
● Armazenar a bateria em locais com temperaturas altas;
● Deixar a bateria por longos intervalos de tempo com a carga baixa;
● Profundidade de descarga (Pd) elevadas.

Obs: Profundidade de descarga (Pd) → É o quanto de carga que se retira de uma


bateria (ou banco de baterias) em um ciclo completo de funcionamento. Afeta drasticamente
a vida útil da bateria. EX: Uma bateria em sistema fotovoltaico projetado para ter uma
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profundidade de descarga de 30% (Pd = 0,3), em seu processo de descarga chegará no


mínimo a 70% da carga da bateria, ou seja, a Profundidade de Descarga é o quanto, no
máximo, a bateria irá diminuir sua carga.

b) Baterias dos sistemas fotovoltaicos isolados (SFPI)


● Chumbo-Ácido Abertas (VLA) – Por serem abertas, necessitam constantemente de
manutenção e precisam estar instaladas em locais com ventilação, são as mais baratas
e mais utilizadas;
● Chumbo-Ácido Seladas ou reguladas por válvulas (VRLA) – Mais caras, não necessitam
de manutenção e tem uma válvula para estabilizar a pressão interna (caso seja preciso)
através da liberação de gases;
● Chumbo-Ácido Seladas ou reguladas por válvulas (VRLA) do tipo AGM – Mesmo caso
das anteriores, além de terem menor autodescarga, duram mais, porém, são
extremamente caras.

c) Por que sempre usar baterias estacionárias em Sistemas Fotovoltaicos?


● Placas metálicas mais grossas, pois necessita liberar uma corrente menor (comparado
às automotivas), mas por maior espaço de tempo;
● Podem ser descarregadas várias vezes sem danos permanentes (porém, não é
recomendável);
● Menor taxa de autodescarga;
● Projetada para trabalhar imóvel (por isso o nome).

Obs.: Ao dimensionarmos uma bateria estacionária (ou banco de baterias) para


Sistemas Fotovoltaicos Off-Grid, sempre utilizamos 20h como o seu tempo de descarga.
22
23

2.0 Sistemas Off Grid


O Sistema Fotovoltaico Off Grid, também conhecido como sistema isolado, é
caracterizado por não ter contato com a rede de distribuição elétrica da concessionária, e se
subdivide em alguns outros grupos, de acordo com a sua especificidade. Dentro dessa
subdivisão tem-se o Sistema Híbrido Isolado, em que os painéis fotovoltaicos trabalham em
conjunto com algum outro sistema de geração elétrica, a exemplo de um aerogerador, e o
Sistema Autônomo sem Armazenamento, que funciona somente durante as horas de sol,
como alguns sistemas de bombeamento de água e irrigação.

Ademais, observa-se também o Sistema Autônomo conectado a baterias, que será


abordado com mais detalhes neste capítulo. Ele se caracteriza pelo motivo de que a
cumulação energética é feita em um banco de baterias. Esse aspecto é justamente o que dá
a autonomia ao sistema, ou seja, em caso de falta de energia na rede elétrica, o local
abastecido pelo sistema fotovoltaico ainda terá eletricidade, o que se torna muito interessante,
por exemplo, para locais em que não se pode ficar sem abastecimento elétrico (como
hospitais), ou ainda em localidades onde o abastecimento pela rede elétrica é ruim ou
inexistente.

Vale ressaltar, ainda, que as baterias irão trabalhar sempre muito próximo de 12V,
oscilando apenas cerca de 1V. Isso promove uma estabilidade de tensões ao inversor, que
não consegue trabalhar com variações muitos grandes. Além disso, em caso de corrente de
surto, a bateria envia corrente para o aparelho que utiliza motores se o controlador de carga
não conseguir suprir inteiramente a demanda (situação que provocaria o surto).

FUNÇÕES BÁSICAS DO BANCO DE BATERIAS

● Autonomia do SF (quantidade de dias é dimensionável no projeto)


● Estabilidade de tensão de trabalho para o inversor e eletrodoméstico
● Suporte para corrente de surto

2.1 Partes do sistema

Figura 2.1 Modelo de sistema fotovoltaico Off Grid.

Fonte: Trilhos Energéticos.


24

1. Painéis Fotovoltaicos: o painel precisa entregar uma tensão pelo menos 50% maior que
a tensão de trabalho do banco de baterias, isso antes de passar pelo controlador de
carga. Ex: tensão do banco de bateria é 12V, os painéis precisam fornecer uma tensão
de 18V (ou seja, um painel de 36 células).
2. Controlador de Carga: especificamente, do tipo PWM, com ou sem a função MPPT
Função MPPT: do inglês, Maximum Power Point Tracker, ou em português, seguidor do
ponto de máxima potência, é um algoritmo que otimiza a quantidade de energia
transmitida do painel fotovoltaico para a bateria (será abordado posteriormente).
1. Banco de Baterias: (chumbo-ácido selada ou aberta)
2. Inversor Senoidal: pode ser com ou sem MPPT, de onda puro ou modificada, sendo o
puro mais utilizado, devido a não ter limitações de uso.

a) Controlador de Carga:

● Principais funções de um controlador de Carga:

1) Impedir a corrente reversa da bateria para o painel solar durante a noite (Durante
a noite, o semicondutor não gera energia, podendo, desse modo, se transformar em
uma carga.)

2) Evita a sobrecarga da bateria desconectando o painel solar delas após concluído


carregamento.

3) Compensação térmica, diminuindo a tensão por exemplo: o Controlador de Carga


possui um sensor de temperatura para controlar quanto de tensão deve ser enviado
à bateria para carregá-la de acordo com a temperatura, ajustando temperatura e
tensão em proporção inversa (se está muito quente, diminui a tensão, vice-versa).

4) Otimização de carga: utilização conforme o tipo de bateria, via algoritmo para


carregá-la.

b) Bateria

● Fases do carregamento da bateria (Chumbo-ácido):

Figura 2.2 Fases do carregamento da bateria (Chumbo-ácido).

Fonte: Autoria própria.


25

O fabricante da bateria passa as condições de carregamento, como corrente,


tensão, temperatura e intervalos de tempo. Objetivamente, o que está acontecendo no
gráfico é:

1. Fase de corrente constante (1 a 3h), a corrente deve ser de 10A,


aproximadamente 80% da carga será carregada, após a tensão sair de 10A e
chegar em 14,4A.
2. Fase de tensão constante (6 a 8h), assim será mantida a tensão constante
de 14,4 A e para não explodir a bateria, deve-se diminuir a corrente para
manter a tensão constante.
3. Fase de ''floating'' (tempo indefinido), para que não ocorra a autodescarga, o
controlador de carga vai flutuar a corrente e a tensão, sempre equilibrando,
quanto mais tempo nessa fase maior será sua vida útil.

● Algoritmo MPPT (Seguidor do Ponto de Máxima Potência):

Esse algoritmo proporciona um acréscimo de eficiência de 20% a 30% em relação


aos controladores de carga sem ele. Trabalha fazendo “tentativa e erro”: vai variando a
tensão, para mais e para menos, bem pouquinho, vendo a potência gerada, busca qual o
ponto de máxima potência para manter esta tensão. Sem MPPT, mantém a tensão do
banco de baterias. Hoje, o preço do controlador com MPPT ficou mais barato que o de um
módulo fotovoltaico, o que pode proporcionar economia em um dimensionamento.

Figura 2.3: Gráfico da Corrente versus a Tensão.

Fonte: Canal Solar.

c) Inversor Autônomo:

O sistema fotovoltaico vai gerar energia em corrente contínua, o inversor converterá


essa corrente para alternada e vai jogar a tensão para a tensão alternada de normalmente
26

220V, na entrada do inversor em torno de 24V CC e na saída 220V CA. Existem dois tipos
de inversores mais utilizados, os de ondas senoidais puras e de ondas modificadas (existe
também o de onda quadrada, que está obsoleto). O mais recomendável é o de onda
senoidal pura, porque pode trabalhar com qualquer tipo de equipamento.

Novidade: Inversores híbridos, tanto para sistemas off grid, como para backup em
sistemas conectados à rede. Para sistemas conectados à rede, quando falta energia, ele
automaticamente conecta determinados eletrodomésticos diretamente ao banco de
baterias. Inversores híbridos possuem controlador de carga inclusos. Possuem conexões
para os painéis fotovoltaicos, para o banco de baterias e para a corrente alternada, de modo
que quando faltar a CA da rede, a energia do banco de baterias será utilizada para
abastecimento.

● Senoidal Pura x Onda Modificada:


1. o inversor de onda senoidal pura fornece uma energia de. onda pura e, portanto, de
melhor qualidade;
2. a onda modificada é uma onda aproximada de senoidal;
3. o de onda modificada era mais barato, hoje a senoidal está barateando e
compensando mais em custo-benefício;
4. a onda modificada tem algumas restrições de uso, o que não ocorre com a onda
senoidal pura.

● Potência Nominal x Potência de Surto/Pico:

Potência Nominal: é a potência total, somatória de todos os aparelhos que se utilizará. Para
projeto, aumenta-se um pouco: a potência consumida pelos equipamentos deve estar entre
50% e 70% da potência nominal do inversor.

Potência de Surto/Pico: é a potência que o inversor suporta por 3 a 5 segundos. Em média


os inversores mais comuns no mercado conseguem suportar uma potência de surto ou de
pico do dobro da potência nominal dele (por exemplo: um inversor tem uma potência de
1000W suporta 2000w).

2.2 Conexões em série e paralelo de painéis e baterias

a) Conexão em Série:
Para conectar painéis fotovoltaicos em série, conecta-se o positivo (macho) com o
negativo (fêmea). Nesse tipo de conexão, as correntes de entrada e saída serão iguais e a
tensão total é a soma das tensões de cada painel. Uma série de baterias, painéis ou células
são chamadas de uma string. O inversor interativo, que interage com a rede, não suporta
correntes altas, por isso priorizam-se conexões em série para sistemas conectados à rede.
Os inversores de strings suportam grandes tensões, mas não suportam grandes correntes.
Ressalta-se, ainda, que se deve utilizar componentes idênticos ao se conectar em série, pois
aquele que tiver, no caso de painéis, menor potência, isso será fator limitador para toda a
string. A conexão procede-se do mesmo modo para baterias.
27

Figura 2.4 Conexão em Série.

Fonte: VC Solar.

b) Conexão em Paralelo:
Para conectar painéis fotovoltaicos em paralelo, conecta-se o negativo com o negativo
e o positivo com positivo. Faz-se necessário a utilização de conectores Multibranch, do tipo
MC4, que permite a conexão de dois pólos de mesmo sinal. Na conexão em paralelo, a
corrente total é a soma das correntes que passam por cada componente, e a tensão total é a
mesma de a de um único componente. Conexões em paralelo são muito utilizados em
sistemas isolados.

Figura 2.5 Conexão paralelo.

Fonte: VC Solar.

Figura 2.6: Tipos de conectores.

Fonte: VC Solar.
28

c) Conexão em série-paralelo:
Outro tipo de arranjo de conexão é a que envolve ambos: série-paralelo. A
configuração é ilustrada na imagem abaixo. Observar que sempre primeiro se conecta em
série e depois em paralelo.

OBS: em caso de sombreamento, a potência daquela string estaria comprometida,


podendo se tornar uma carga consumidora. À vista disso, utiliza-se diodos em série em cada
string, conforme também pode ser observado na imagem abaixo. Isto será mais aprofundado
adiante na apostila.

Observe na imagem que em cada string, conserva-se a corrente e soma-se as


tensões. As strings conectam-se, então, em paralelo, o que implica a soma das suas
correntes e a conservação da tensão. Tenha em mente que o inversor tem um limite de
tensão, portanto, deve-se ter cuidado com o tamanho das strings para o dimensionamento do
inversor, sabendo-se que é utilizada uma entrada MPPT para cada string.

Obs.: todos os painéis e inversores precisam ser aterrados.

Figura 2.7: Conexão série-paralelo.


Fonte: MPPT Solar.

Para conexão de baterias, são aplicadas as mesmas regras, conforme ilustrado na


imagem a seguir:

Figura 2.8: Diferentes conexões da bateria.


Fonte: Altogagreen.
29

As conexões em série são mais utilizadas em sistemas conectados à rede, uma vez
que os inversores são projetados para este fim. Já em sistemas isolados, costuma-se utilizar
mais as conexões em paralelo ou série-paralelo.

2.3 Conexões dos aparelhos


A conexão dos elementos do sistema fotovoltaico isolado deve criteriosamente se
estabelecer na seguinte ordem:

Painéis Solares → Controlador de Carga→ Inversor → Cargas em CC

Figura 2.9 Conexão do SF isolado.


Fonte: Autoria própria.

A conexão direta dos painéis fotovoltaicos às baterias pode causar sérios problemas
a rede de armazenamento de energia. Assim, o não uso do Controlador de Cargas pode gerar
um superaquecimento e até mesmo a explosão das baterias, já que as cargas estariam sendo
enviadas para esse sistema sem o controle específico que é pré-determinado pelo fabricante.

Figura 2.10: Controlador de Carga.


Fonte: Intelbras.
30

A conexão dos dispositivos ao Controlador de Carga é bem intuitiva, se caracterizando


por conectar o borne positivo e o negativo do painel fotovoltaico no local indicado pelo
desenho de um painel no Controlador de carga (Fig 2.10), fazendo o mesmo com o banco de
baterias. Existe ainda uma terceira opção, que é conectar a ele cargas de corrente contínua,
observando qual a corrente máxima suportada pelo controlador nessa saída, sendo em geral
de 5A a 10A para os dispositivos menores e de 30A a 40A para os maiores.

Em seguida, conecta-se o banco de baterias ao inversor de sistema isolado. Em


sistemas on grid o inversor gera somente corrente alternada, pois a tensão já vem da própria
rede elétrica, enquanto o inversor do sistema off grid deve gerar a corrente alternada e,
também, tensão.

2.4 Cálculo do consumo corrigido

2.4.1 Cálculo do Consumo de Energia


Para descobrir qual a Potência Consumida por dia pelo sistema Off Grid tem-se a
seguinte fórmula:

Energia Consumida por dia = Potência do * Horas de uso por


(W.h/dia) Equipamento (W) dia (h)

A partir disso, faz-se necessário descobrir qual a Corrente Consumida por dia, já que
as baterias são dimensionadas por essa unidade de medida.

Sabendo-se que:

Potência (W) = Tensão (V) * Corrente (A)

Para obtermos a corrente consumida por dia, fazemos:

Energia Consumida por Dia (W.h/dia)


Corrente Consumida por dia (A.h/dia) =
Tensão do Sistema (V)

2.4.2 Cálculo do Consumo de Energia Corrigido


Além do dimensionamento de todas as cargas, efetuado pelos cálculos anteriores,
deve-se observar quais as perdas existentes no sistema, considerando que situações ideais
(como a anteriormente proposta) não ocorrerão no dia a dia. A exemplo disso, serão também
consideradas:

● Eficiência de carregamento e descarregamento da bateria → 90%. Tal valor é


especificado pelo fabricante, determinando o quanto da energia que chega para o
31

carregamento desse sistema é efetivamente usada pela bateria. Nesse caso, estima-
se que 10% da energia que chega na bateria é perdida.
● Eficiência do Inversor Autônomo → 85%. Esse valor estimado demonstra uma perda
aproximada de 15% da energia ao transformar a Corrente Contínua em Corrente
Alternada. Tal cálculo será feito somente para cargas que não forem conectadas
diretamente ao Controlador de Carga, ou seja, que não usam CC.

Exemplo:

Estimando uma lâmpada que tem o consumo de 10Ah/dia, corrigimos ele para a
eficiência da bateria e depois, para a do inversor. Logo, temos:

Portanto, observa-se que a lâmpada consome na verdade 13,07A. Sem esse cálculo
de correção, o SF seria subdimensionado.

a) Projeto de Sistema Fotovoltaico Autônomo (Casa de Campo)

Figura 2.12: Dados do projeto.


Fonte: BlueSun Solar.
32

Sobre os dados do projeto:

Item 2) A Descarga Máxima diz respeito a Profundidade de descarga, ou seja, quantos


por cento a bateria deve descarregar a cada ciclo (cada noite) para que a sua vida útil não
seja afetada. Informa-se também os dias de backup para o sistema, usado para dias nublados
ou chuvosos, em que o sistema fotovoltaico não consegue repor 100% da energia das
baterias durante o dia, mas ainda assim a rede elétrica da casa deve se manter ativa. Para
sistemas de conforto, mantém-se cerca de 2 dias e para sistemas críticos cerca de 5 dias.

Item 5) A tensão da de Alimentação do Eletrodomésticos de 24V é a mais


recomendada, por existir no mercado mais aparelhos, como inversores e controladores de
carga, que trabalham com esse valor de referência.

Item 7) O fator de irradiação é determinado pela latitude e longitude do local (dados


do SWERA ou CRESESB)

Além desses dados, é importante considerar as perdas do sistema, levando em conta


o banco de bateria e o inversor, para isso:

Fator de Correção para CC: 0,9 (bateria com 90% de eficiência)

Fator de Correção para CA: 0,9*0,9 = 0,81 (bateria e inversor com 90% de
eficiência)

Equipamento Qtd Pot.(W) Uso(horas/dia) Tipo(CA/CC) EC Fator C. ECC

TV 20 pol. 1 90 5 horas CA 450 0,81 555,5

Lâmpada Led 8 5 6 horas CA 240 0,81 296,3

Ventilador 1 100 3 horas CA 300 0,81 370,4

Geladeira 1 200 8 horas CA 1600 0,81 1975,3

Rádio Relógio 1 5 24 horas CA 120 0,81 148,15

Ecd=Energia Consumida Diariamente = 3346 Wh/dia

fonte: Elaborada pelo autor.

2.5 Dimensionamento do sistema Fotovoltaico Off Grid:


A partir daqui serão calculadas a energia necessária e a quantidades de baterias e
painéis que irão suprir esses sistemas fotovoltaicos, considerando diferentes métodos e
aparelhos usados.
33

a) Método da insolação - utilizada quando os aparelhos têm MPPT


1) Para este método, o primeiro passo já foi realizado: calcular a energia consumida
diariamente em W.h/dia. Em seguida, devemos calcular a energia produzida pelo
painel, usando a seguinte fórmula:

E =I *A
PD D Painel * Ef P

Onde:

● E = Energia Produzida pelo painel diariamente (kWh/dia)


PD

● I = Irradiação diária (kWh/m²*dia) - Fonte: CRESESB/SWERA


D

● A = Área do Painel (m²) - Fonte: Datasheet dos módulos


Painel

● Ef = Eficiência do Painel (%) - Fonte: Datasheet dos módulos


P

OBS: Consultando o CRESESB, atente-se que ele fornece os dados de irradiância de


cada mês do ano. No caso do projeto SF Off Grid, utiliza-se a irradiância mais baixa
(Maior Mínimo Mensal). À vista disso, e ainda de acordo com as coordenadas
geográficas, fornece a inclinação indicada para a instalação dos módulos, de modo
que o sistema consiga gerar a energia dimensionada até no pior cenário do ano.

2) Em seguida, calculamos o número de baterias em série necessário para armazenar


toda a energia produzida que foi dimensionada. Para isso, utilizamos:

N =V BS Banco/V Bateria

Onde:

● N = Número de baterias em série


BS

● V = Tensão do banco de baterias (V)


Banco

● V = Tensão da bateria (V)


Bateria

3) Agora, devemos dimensionar a Energia Consumida e a Energia Armazenada.


Primeiramente, corrigimos a energia consumida de acordo com o número de dias de
autonomia que nosso sistema deverá ter.

E = E *(nº de dias de autonomia)


C CD

Onde:

● E = Energia Consumida em determinada quantidade de dias


C

● E = Energia Consumida Diariamente


CD

Em seguida, corrigimos a energia armazenada. Para conservar a vida útil da bateria,


consideramos que nosso banco de baterias não deve descarregar completamente, ou
seja, deve ter um limite de descarga. Então, calculamos a energia que deve estar de
fato armazenada, para que sua descarga máxima seja justamente a E calculada C

anteriormente. Assim:

E = E /P
A C D
34

Onde:

● E = Energia Armazenada (Wh)


A

● E = Energia Consumida (Wh)


C

● P = Profundidade de descarga (%) - quanto a bateria pode


D

descarregar, geralmente utiliza-se de 20% a 30%.

4) Precisamos, também, da capacidade do banco de baterias em Amperes-hora, para


isso, basta dividirmos:

C Banco = E /VA Banco

Onde:

● C Banco = Capacidade do banco de baterias (Ah)

5) Podemos, então, calcular o número de baterias em paralelo:

N =C
BP Banco /CBateria

Onde:

● N = Número de baterias em paralelo


BP

● C = Capacidade de uma bateria (Ah) - geralmente, 220 Ah


Bateria

6) Para o total de baterias, faz-se:

N = N *C
Total BS BP

Onde:

● N = Número total de baterias


Total

● N = Número de baterias em série


BS

● N = Número de baterias em paralelo


BP

OBS.: A bitola (espessura) do cabeamento do sistema (do painel até o controlador de


carga) deve ser escolhida levando em consideração o material condutor, corrente e
tensão máximas que ele deve suportar e comprimento. A bitolas mais comuns são de
2mm², 4mm² e 6mm². Mais comumente utiliza-se cabo de bitola 6mm², pois é
suficiente para a grande maioria dos sistemas.

7) A quantidade de painéis fotovoltaicos será a energia consumida diariamente pela


casa dividido pela quantidade de energia que um painel produz no dia:

N Painéis = E /E
CD PD

Onde:

● N = Número total de painéis;


Painéis

● E e E já foram calculados.
CD PD

OBS.: Note que esse valor pode ser fracionário (por exemplo, N = 4,56). Neste Painéis

caso, faz-se uma análise da tensão do banco de baterias e da tensão dos painéis: os
painéis devem fornecer uma tensão necessária para o carregamento destas baterias.
35

Isto significa que devemos arredondar o número de painéis de forma que supra a
geração dimensionada e que possamos conectá-los de modo que gerem tensão igual
à necessária para o carregamento do banco de baterias.

b) Dimensionamento para quando os aparelhos não têm MPPT

Primeiramente, é importante considerar que, dependendo do tamanho do Sistema


Fotovoltaico, não vale a pena usar um controlador de cargas sem mppt, pois os aparelhos
sem essa tecnologia têm 30% a menos de eficiência. Entretanto, considerando sistemas
muito pequenos, talvez ainda seja viável usar essa alternativa.

● Dimensionamento da energia produzida pelo painel, considerando 30% de perdas

E =I *A
PD D Painel * Ef * 0,7
P

Onde:

E = Energia Produzida pelo painel diariamente (kWh/dia)


PD

I = Irradiação diária (kWh/m²*dia) - Fonte: CRESESB/SWERA


D

A Painel = Área do Painel (m²) - Fonte: Datasheet dos módulos

Ef = Eficiência do Painel (%) - Fonte: Datasheet dos módulos


P

● Dimensionamento do Controlador de Carga sem MPPT

Ie=Isc* 1,25

Ie = Corrente de entrada, que vem do módulo até o Controlador

Isc= Corrente de curto circuito do Painel Fotovoltaico (importante somar a


corrente total dos inversores em paralelo) - Fonte: Datasheet dos módulos

Obs: A tensão nominal do controlador de carga deve ser a tensão do banco de baterias.

A partir dessas duas determinações, tem-se a corrente e a tensão do Controlador de Carga

c) Dimensionamento para quando os aparelhos com MPPT


● Dimensionamento do Controlador de Carga com MPPT

Observar se o controlador está de acordo com tais parâmetros:

1. Máximo de painéis

Nm= Pm / Pp

Nm=Número máximo de painéis

Pm=Potência Máxima - Fonte: Datasheet do Controlador de Carga


36

Pp= potência de pico do painel - Fonte: Datasheet dos Painéis

2. Número de painéis Fotovoltaicos em série

Ns=Vf / Vs

Ns=Número de painéis Fotovoltaicos em série

Vf= Máxima Tensão em circuito aberto do Sistema Fotovoltaico - Fonte:


Datasheet do Controlador de Carga

Vs= Tensão máxima por string - Fonte: Cálculo de tensão dos painéis
em série

3. Número máximo de strings em paralelo

Np=Cn/Cc

Np = Número máximo de strings em paralelo

Cn = Corrente nominal - Fonte: Datasheet do Controlador de Carga

Cc = Corrente de curto circuito - Fonte: Datasheet dos módulos

Obs: A tensão mínima do painel fotovoltaico deverá ser ao menos 25% maior do que
a tensão do banco de baterias

Tais dados podem ser usados com somente um Controlador de Carga, ou com dois
deles. Nesse segundo caso, onde o uso de dois Controladores de Carga menores é
financeiramente mais viável que o uso de um maior, os aparelhos utilizados devem ser
idênticos (quanto a marca e modelo) e o fabricante deve autorizar o uso em paralelo.

Figura 2.14: Conexão ao controlador de carga. Figura 2.15: Controladores de carga em paralelo.

Fonte: BlueSun Solar

Pode-se ainda dividir em dois sistemas, onde cada banco de baterias envia corrente
para um determinado inversor, que alimenta determinados aparelhos da unidade
consumidora.
37

Fig 2.16: Divisão em dois sistemas fotovoltaicos.

Fonte: BlueSun Solar.


38
39

3.0 Funcionamento do sistema fotovoltaico conectado à rede (ON GRID)


O sistema fotovoltaico conectado à rede, abreviado para SFCR, configura-se como uma
instalação que visa obter energia elétrica, advinda de painéis fotovoltaicos, para suprir as
necessidades de uma determinada unidade consumidora, sendo ainda conectado à rede de
distribuição local que irá fornecer energia para os casos em que não há produção de energia
fotovoltaica. Seu funcionamento se baseia em ter energia elétrica para ambas as situações,
matinais e noturnas, já que no período da noite não haverá funcionamento dos módulos
fotovoltaicos.

Figura 3.1: Sistema fotovoltaico On Grid ou Grid Tie.


Fonte: Liberty Engenharia.
Durante o dia, os painéis fotovoltaicos em Strings(arranjos de painéis) captam a
radiação solar e com o efeito fotovoltaico produzem energia elétrica em corrente contínua(CC)
que passará pela String Box CC, a qual é uma caixa de segurança com chaves
seccionadoras, até chegar ao Inversor cuja principal função é realizar a conversão da
corrente em alternada (CA) e passar parte dessa energia para a String Box CA até por fim
chegar ao seu destino final que é a unidade consumidora(Cargas), como mostra a figura a
seguir:

Figura 3.2: Diagrama do funcionamento de um SFCR durante o dia.


Fonte: BlueSun Solar.
40

Outra parte dessa energia, o excedente da demanda energética que a unidade necessita,
será injetada na Rede Elétrica Local sendo contabilizada pelo Medidor Bidirecional, o qual
também medirá a quantidade de energia consumida. Já no período da noite, em que não há
captação de energia solar pelos módulos, todo o excedente de energia injetado na rede será
destinado para suprir cargas utilizadas por essa unidade, assim representado pela figura
abaixo.

Figura 3.3: Diagrama do funcionamento do SFCR durante a noite.


Fonte: BlueSun Solar.

3.1 Componentes Exclusivos de um Sistema On Grid


3.1.1 Inversores On Grid ou Grid Tie

O inversor tem como principal função converter a energia gerada pelos painéis de
Corrente Contínua (CC) para a energia utilizada pelas cargas e equipamentos desta unidade,
que é de Corrente Alternada (CA). Além disso, é papel do inversor On Grid fazer a interligação
com a rede de concessionária local, sincronizando a frequência (Hz) e tensão de saída(V)
para garantir que a energia esteja coerente com a fornecida pela rede de distribuição local.
Com isso, como requisito de segurança internacional, ele também garantirá que todo sistema
seja desligado em casos de falhas ou desligamento de energia da rede elétrica, até para que
a mesma seja reparada sem sofrer riscos no momento da manutenção.
Seu funcionamento se dá em captar a energia produzida pelos módulos fotovoltaicos
e protegida pela String Box CC para a devida conversão, ele também sincroniza a energia
para a frequência utilizada pela rede elétrica de 60Hz e adequando a tensão dentro de uma
margem para que ela não esteja nem acima nem abaixo da tensão fornecida pela
concessionária, variando essa margem de acordo com a estabelecida pelo local, isso tudo
com a ajuda de um oscilador interno. Além disso, ele injeta na rede a energia extra produzida
pelos módulos durante o período de atuação do sistema, para que posteriormente seja
consumida pela unidade.
41

Figura 3.4: Exemplo de Inversor Fronius Primo 3.0-1(3kW).


Fonte: Neosolar.

Com a Portaria 004-2011 do Inmetro, a qual regulamenta a fabricação de


equipamentos de armazenamento e de utilização da energia solar com parâmetros de
segurança e qualidade de duração, os inversores passaram a ser avaliados por testes de
eficiência e potência máxima, que dirá as suas características como controle de Potência,
Modulação, Anti-ilhamento, Proteção e entres outros.
Os inversores On Grid possuem os seguintes tipos:
a) Inversor On Grid Central:
Utilizado para receber energia de vários painéis solares conectados em série e paralelo,
possuindo apenas um único otimizador MPPT para realizar sua função de conversor CC/CA.

Figura 3.5: Representação do Inversor On Grid Central.


Fonte: Neosolar.
b) Inversor On Grid Modular:
Cada string ou série de painéis solares recebe um inversor que são interligados um com outro
de forma paralela e cada um deles com um otimizador MPPT. Esse tipo de configuração
permite que se tenha diferentes funcionamentos e orientações de strings além das perdas
serem minimizadas do sistema já que apenas uma parte dele será afetado em caso de
sombreamento, sujeiras ou defeitos em uma das strings.

Figura 3.6: Representação do Inversor On Grid Modular.


Fonte: Neosolar.
42

c) Inversor On Grid com múltiplos MPPTs:


Neste caso, terá apenas um inversor sendo o sistema modulado por uma série de
otimizadores MPPT, um para cada string de painéis solares. Em comparação com o tipo
anterior, possui menos custos já que será utilizado apenas um inversor e ainda terá os
mesmos benefícios da flexibilidade e diferentes orientações.

Figura 3.7: Representação do Inversor On Grid com múltiplos MPPTs.


Fonte: Neosolar.
d) Inversor On Grid com MPPTs individuais:
É utilizado um MPPT para cada painel solar fotovoltaico, aumentando consequentemente os
custos como também os benefícios do sistema, pois com ele as perdas por diferença de
potência e degradação do tempo serão diminuídas, com cada string sendo individualizada
por esse otimizador.

Figura 3.8: Representação do Inversor On Grid com MPPTs individuais.


Fonte: Neosolar.
e) Microinversores On Grid
Cada painel receberá um inversor com seu MPPT individual, trabalhando já com corrente
alternada (CA) trazendo mais segurança e flexibilidade no sistema além de diminuir certos
custos de proteção já que dispensará dispositivos CC. Com esses microinversores é possui
monitorar cada painel e inversor individualmente possibilitando um diagnóstico imediato e
correção de eventuais problemas. Com ele, é possível adicionar facilmente mais painéis ao
sistema e produzir energia com painéis dispostos em locais ou diferentes, mas em
contrapartida, o custo para implantação eleva quando se trata de projetos de sistema maiores.

Figura 3.9: Representação de Microinversores.


Fonte: Neosolar.
43

3.1.1.1 Conexão do String Inverter (Inversor de String/Arranjo)

A conexão do String Inverter, o qual é um inversor de menor porte e utilizado para


projetos menores, se dá conforme a tensão e tipo de rede utilizada no local, que varia
conforme a necessidade de carga pela unidade consumidora. Traremos situações para dois
tipos de inversores, monofásico e trifásico, além de considerar um sistema bifásico e trifásico.
Quando se trata da nossa região, a tensão fornecida pela rede é de 220 V para caso
de residências que utilizam um sistema Monofásico e 380 V para um sistema Trifásico. Com
relação a diferença desses dois inversores, o monofásico é destinado para sistemas
fotovoltaicos com potência menor que 10 kWp enquanto inversores trifásicos lidam com
sistemas que necessitam acima de 10 kWp.
As conexões para cada situação se darão da seguinte forma:
a) Sistema Monofásico com Inversor Monofásico:
No sistema monofásico, a ligação da rede possuirá apenas uma única fase, a tensão de fase
será igual a tensão de linha, ou seja, de 220V. Então, para conectar a rede com o inversor
basta realizar uma conexão na única fase e no neutro além de fazer um aterramento do
sistema.

Figura 3.10:Sistema Monofásico com Inversor Monofásico.


Fonte: BlueSun Solar.
b) Sistema Trifásico com Inversor Monofásico:
Nesse caso, quando a residência utiliza uma rede com ligação trifásica, ela possuirá
diferenças entre a tensão de fase e tensão de linha, a primeira sendo de 220V e a segunda
de 380V. A conexão do inversor, apesar desse tipo de rede possuir conexão com três fases,
será uma para apenas uma das fases e a outra para o neutro, para que possa ter uma tensão
de saída de 220V, além de aterrar devidamente o sistema.

Figura 3.11: Sistema Trifásico com Inversor Monofásico.


Fonte: BlueSun Solar.
44

Observação:
- Não é recomendável utilizar um inversor monofásico para um projeto de sistema fotovoltaico
de grande geração com o tipo de rede trifásica, pois em vez de conectar com mais de uma
fase, característica de uma rede trifásica, o inversor apenas se conectará com uma fase da
rede, que nem sempre estará balanceada, apesar do ideal dessa rede é de ter as fases
equilibradas.
- Sempre é preciso realizar o aterramento, não se deve confundi-lo com a conexão neutra já
que ambos são diferentes. O terra garantirá que em caso de descargas, protegerá tanto os
equipamentos ligados como os residentes da unidade, enquanto que o neutro não possui
tensão, é utilizado como referência para definir a tensão do circuito e equilibrar a instalação.

c) Sistema Trifásico com Inversor Trifásico:


Nesse caso, a ligação da rede também é trifásica, mas com uma diferença já que o sistema
terá um inversor trifásico, que geralmente será utilizado em casos de projetos maiores em
que a demanda energética é elevada. Esse inversor poderá dispor uma tensão de saída igual
ou superior a 220V, o que difere do inversor monofásico, além de possuir uma conexão para
cada fase da ligação trifásica. Deve se atentar a ordem de disposição dos cabos já que
começará pela última fase até a primeira, sendo o neutro conectado por último e o cabo de
aterramento ficando no meio.

Figura 3.12: Conexão de um Sistema Trifásico com Inversor Trifásico.


Fonte: BlueSun Solar.
OBS: É necessário atenção na hora da conexão dos cabos, pois nem sempre o cabo de
aterramento será o último e nem sempre a conexão de fases seguirá em ordem,
diferentemente do inversor monofásico, será como é mostrado na figura acima.

3.1.1.2 Características Elétricas de um Inversor a serem analisadas antes da


compra

Antes de realizar a compra de um inversor, deve se analisar suas especificações de


cada modelo para encontrar aquele que mais se adequar às necessidades exigidas do
sistema fotovoltaico. Conforme anteriormente mencionado, o inversor deve possuir
certificação do Inmetro de acordo com as diretrizes da Portaria 004-2011 que ditará suas
características, tendo em vista isso, o datasheet do equipamento deve ser analisado com o
foco nas seguintes características:
a) Mínima Tensão: ditará a quantidade mínima de tensão para o inversor atuar e a
quantidade mínima de painéis.
b) Quantidade de MPPT/Quantidade de strings por MPPT: dirá a quantidade de MPPT
existente no inversor e a quantidade de arranjos de painéis ele pode atuar.
45

c) Corrente Máxima de Saída: limita a corrente do sistema além de limitar a disposição


de painéis, já que dependendo da disposição do arranjo pode-se aumentar a corrente
ou a tensão.
d) Potência Nominal: potência atuante do inversor que será a de saída máxima do
sistema.
e) Frequência de Rede: frequência utilizada pelo inversor que deverá ser de acordo com
a rede já que o equipamento será sincronizado com ela.

Figura 3.13: DataSheet do inversor modelo Fronius Primo 3.0-1 até o 4.6-1.
Fonte: Fronius.

3.1.2 String Box

A String Box é um equipamento de proteção para garantir que o sistema não tenha surtos
elétricos ou curtos circuitos, ele possui dois tipos em um sistema fotovoltaico, um para cada
tipo de alimentação, String Box CC ou caixa de junção e String Box CA, também chamado
de quadro de distribuição. Esse tipo de equipamento pode ser encontrado com dois tipos de
alimentação em um só, String Box CC+CA porém não é recomendável tendo em vista a
norma NBR 5410 de item 4.2.5.7, a qual impõe que cada alimentação deve ser especificada
separadamente e diferentemente das demais, salvo em algumas exceções.

Figura 3.14: Exemplo de String Box modelo 1E/1SLT da EcoSolys.


Fonte: EcoSolys.
46

a) String Box CC:


Conforme a NBR 10899, caixa de junção ou string box CC é um invólucro no qual sub
arranjos fotovoltaicos, séries fotovoltaicas ou módulos fotovoltaicos são conectados em
paralelo, e que pode alojar dispositivos de proteção e/ou seccionamento. Ele deve estar
interligado entre a string de painéis e o inversor, justamente para proteger tanto o inversor
como as placas solares das descargas elétricas recebidas ou geradas.
Esse tipo de string box possui como componentes: fusíveis (representado de cor cinza),
DPS ou dispositivos de proteção contra surtos (representado de cor vermelha), chave
seccionadora (representado de cor branca) e a parte de aterramento (representado na cor
verde). No exemplo da figura, há a disposição desses componentes para cada string ou
arranjo de módulos solares e um aterramento único para ambos. Cada um desses
componentes atuará como proteção ao sistema, evitando que eventuais surtos elétricos
originados da(s) string(s) seja levado ao inversor.

Figura 3.15: String Box CC de um SFCR com duas strings de painéis.


Fonte: BlueSun Solar.
Quando se trata da conexão, os cabos de cada string serão conectados até o fusível
correspondente, sendo o cabo positivo em vermelho e o cabo negativo em preto, após isso,
cabos vindo do fusível serão conectados paralelamente com o DPS e com a chave
seccionadora para depois serem conectados ao inversor, sendo o aterramento feito pela
conexão dos cabos, em amarelo, vindo do DPS de cada string até o terra.

Figura 3.16: Conexão de cada componente entre si e com as strings de painéis.


Fonte: BlueSun Solar.
47

b) String Box CA:


Nesse caso, a string box CA será bem mais simples, ele só terá como componentes
um disjuntor(representado pela cor cinza) e um DPS (representado na cor vermelha), isso por
que ele não lidará com arranjo de painéis, apenas vai assegurar que em caso de surtos
elétricos, essa descarga trazida do inversor será levada ao dispositivo de proteção contra
surtos que conduzirá ao terra, assegurando que ela não será levada a rede elétrica local.

Figura 3.17: Exemplo de um String Box CA.


Fonte: Brum Clamper Schneider.
A sua conexão seguirá da seguinte forma: cabos vindo do inversor serão conectados ao
disjuntor que farão a conexão em paralelo com o DPS e com o quadro de distribuição da
unidade, sendo o aterramento feito da mesma forma da string box anterior, por meio de cabos
vindo do DPS, assim, irá garantir que descargas destinadas da rede não sejam passadas
para o inversor e sim ao aterramento, da mesma forma vice-versa.

Figura 3.18: Conexão entre o inversor e o quadro de distribuição com a String Box CA.
Fonte: BlueSun Solar.
OBS: Não confunda o fusível com o disjuntor. O disjuntor é um dispositivo de chave magnética
que tem como função de realizar a proteção de uma instalação elétrica contra danos como
sobrecargas e curto circuitos, ele irá desligar automaticamente quando a intensidade da
corrente for maior que a capacidade do circuito.Já o fusível, é um dispositivo que apesar de
possuir a mesma função do disjuntor, ele irá atuar de forma diferente, a energia passará por
ele fazendo-o queimar, isso em caso de sobrecarga ou curto circuito, e possibilitando que o
sistema não seja interferido.
-No caso do disjuntor na String Box CA, não é necessário fazer o dimensionamento para a
escolha dele, a escolha será especificada no datasheet do inversor que será utilizado no
48

sistema. Até em casos de vistoria, esse é um dos pontos importantes a serem analisados no
sistema.
-O DPS é um componente importante em ambos os strings box, mais especificamente para
a de corrente alternada, já que esse dispositivo irá desviar surtos de sobretensão que poderão
vir da rede e destiná-los ao aterramento e não para o inversor.

3.1.2.1 Selecionamento do DPS- dispositivo de proteção contra surtos

Sabendo a função do DPS, é necessário saber selecioná-lo para o projeto, já que


eles devem ser testados especificamente para sistemas fotovoltaicos a fim de garantir que
eles irão atuar em casos de surtos. Além disso, deve-se atentar ao fato que serão dois DPS
para os dois tipos de alimentação das Strings Box.
Para o caso do DPS para corrente contínua, a norma que regulamenta os testes para
a certificação é a EN 50539-11, ela exige que a desconexão do DPS seja feita através de um
dispositivo de abertura térmica, dentro do mesmo dispositivo, isolando-o do circuito através
de uma comutação automática em caso de falha. Para o caso do DPS de corrente alternada,
não há uma norma específica, o que se entende é que deve seguir em conformidade com a
norma anterior.

Figura 3.19: Funcionamento do DPS.


Fonte: Finder Net.
Informações que são relevantes na escolha de um DPS:
a) Tensão Nominal (Un):é a tensão elétrica necessária para o funcionamento correto
do DPS, ela varia para cada fabricante.
b) Tensão Máxima de Operação (Uc):é o máximo que o DPS suporta, sem atuar a
proteção. Esse valor deve estar sempre maior que a tensão nominal, caso contrário,
o DPS não irá operar.
c) Corrente Máxima (Imax): é a corrente máxima que o DPS pode descarregar pelo
menos uma vez sem causar danos, ou seja, o quanto de corrente que ele pode
suportar e ela só é definida pelo fabricante através de testes .
d) Corrente Nominal (In): é o valor de corrente necessária para o funcionamento
correto do DPS, ela é definida pelos testes que o fabricante realizou do dispositivo.

3.1.2.2 Especificações e Dimensionamento dos fusíveis fotovoltaicos(gPV)

Como anteriormente mencionado, os fusíveis atuam na proteção de uma instalação


interrompendo o funcionamento do circuito quando falhas acontecem. Da mesma forma, os
49

fusíveis fotovoltaicos precisam realizar essa função, mas estando de acordo com os requisitos
de instalações fotovoltaicas. Esses tipos de fusíveis, denominados fusíveis gPV, são
desenvolvidos em conformidade, principalmente, pela norma internacional IEC 60269, mas
existem ainda normas alemãs que especificam a fabricação desse equipamento.
Ainda assim, deve-se ter bastante cuidado com a utilização desse equipamento e
apesar do seu funcionamento ser simples, alguns detalhes fundamentais são exigidos na
escolha dele, são eles:
-É necessário possuir a característica gPV, a qual dá nome a ele, pois possui uma adequação
no disparo de proteção dos circuitos em um sistema fotovoltaico;
-Eles devem ser dimensionados para valores de corrente mínima de 1,25 A e máxima
correspondente ao valor indicado pelo fabricante do módulo solar;
-Sua instalação deve ser de preferência em chaves seccionadoras para serem capazes de
dissipar a energia nas piores situações.
Dito isso, é necessário realizar o devido dimensionamento do fusível gPV para o
sistema. Informações como a corrente de curto circuito do modelo de painel utilizado,a
corrente mínima de atuação padrão de um fusível e a corrente máxima suportada pelo módulo
são determinantes na escolha do fusível, como mostra a equação abaixo:
𝐼𝑓 = 1,25 𝑥 𝐼𝑠𝑐 (3.1)
Sendo, 𝐼𝑓 a intensidade de corrente do fusível, 1,25 a mínima corrente de atuação do fusível
especificada pela norma e 𝐼𝑠𝑐a corrente de curto circuito do painel. Por exemplo, se estamos
trabalhando com um painel que tem uma corrente de curto circuito 8,81 A e uma corrente
máxima de 15 A, então fazendo os cálculos, o sistema necessitará de um fusível com corrente
entre 11A e 15A.

3.1.2.3 Especificações e Dimensionamento para a escolha da Chave


Seccionadora

A chave seccionadora é um dispositivo que conecta e desconecta a String Box CC do


sistema fotovoltaico, esse seccionamento deve ser feito de forma segura para que a principal
função seja realizada, que é a de não ter riscos de choque elétrico ou incêndio no instante da
desconexão do sistema, já que geralmente essas desconexões podem causar faíscas em
uma instalação.
A norma que regulamenta as características técnicas de uma chave seccionadora é a
IEC / EN 60947-3 e nela há especificações que uma chave deve ter para suportar um impulso
elétrico na posição em aberto. Além disso, há também informações como a tensão de
isolamento/operação (tensão máxima suportada pela chave), a corrente de operação
(corrente máxima suportada pela chave), as especificações de uso (se a chave é própria para
CA ou CC) e o número de pólos(quantidade de condutores que a chave pode seccionar) são
decisivas para a escolha de uma chave e elas estarão especificadas no manual
disponibilizado pelo fabricante.
É necessário respeitar essas informações com seus respectivos valores, principalmente
os limites de tensão, corrente e aplicação, para não ter faiscamentos durante a operação
normal da chave. Existem algumas chaves que podem seccionar simultaneamente vários
condutores podendo assumir como uma espécie de chave geral da string box.
Para realizar o dimensionamento para a escolha da chave seccionadora, é necessário
saber a quantidade de painéis necessária para o sistema, a voltagem que cada irá oferecer
e a corrente de curto circuito do modelo de painel escolhido para utilizar na seguinte equação:
𝐼𝑠𝑒𝑐 = 1,5 𝑥 𝐼𝑠𝑐 (3.2)
Sendo 𝐼𝑠𝑒𝑐a corrente da chave seccionadora, 1,5 o fator que é superior ao fator utilizado para
fusível e 𝐼𝑠𝑐 a corrente de curto circuito do painel. Por exemplo, um sistema que irá utilizar 9
painéis de cerca de 37,6 V cada, no total 338,4 V, com uma corrente de curto circuito de 8,81
50

A, resultando numa corrente da chave de 13,2 A. Nesse caso, deve-se escolher uma chave
que suporte uma corrente de 13,2 A e uma tensão de 338,4V.

3.2 Passo a Passo de um projeto de sistema fotovoltaico

A primeira etapa de um dimensionamento é analisar a conta de energia da unidade


consumidora, deve-se atentar as informações que a própria concessionária específica na
fatura como a classe da unidade, o tipo de ligação com a rede e o histórico do consumo em
kWh, especificamente a média de consumo mensal, como é mostrado na figura abaixo:

Figura 3.20: Exemplo de uma fatura de energia elétrica com destaque nas informações necessárias.
Fonte: Equatorial Energia.
Feito a anotação das informações necessárias, o dimensionamento deverá seguir da
seguinte forma:
1) Calcular o consumo médio mensal de energia em KWh da unidade (no caso a
especificada na fatura de energia);
2) Determinar a potência de geração necessária para suprir 100% do consumo
energético;
3) Escolher um inversor;
4) Analisar a área do telhado e sua orientação;
5) Escolher o modelo de painel que será utilizado;
6) Definir a quantidade de painéis que serão utilizados no projeto.

Utilizando as informações ilustradas no exemplo de fatura da figura 3.20, iremos


projetar um sistema fotovoltaico para esse caso. Sabemos que o consumo de energia
médio é de 939 KWh e para realizar o cálculo da potência de geração, deve-se utilizar a
seguinte equação:
51

𝐶𝑚𝑚
𝑃𝑛 = (3.3)
𝐼𝑚 𝑥 30 𝑥 𝐹𝑒𝑓
Sendo 𝑃𝑛 a potência de geração necessária para esse sistema, 𝐶𝑚𝑚 o consumo médio
mensal, 𝐼𝑚 a irradiação solar em KWh/m²dia, 30 com relação ao número de dias e 𝐹𝑒𝑓 o fator
de eficiência do painel em porcentagem. Então, considerando que a irradiação média de
Teresina é de 5,54 KWh/m²dia e que a eficiência de um painel é em média de 80%, temos
que a potência necessária para o projeto é de 7,06 KWh/mês, o qual convertendo para KWp,
resulta em 7,06KWp. Feito isso, a escolha do inversor se dará por meio desse valor de
potência, já que ele será o mínimo de potência de saída que o inversor deve proporcionar.
Para o passo 4, é necessário analisar o telhado da residência, a sua área e sua
orientação, pois só assim vai interferir na escolha de painéis e disposição da(s) string(s) além
de buscar a melhor orientação dos módulos. Entende-se que o exemplo em questão não há
entendimento sobre a área do telhado dessa residência nem a sua orientação, mas para essa
localidade, cidade de Teresina, o ideal é dispor os painéis com orientação para o norte, caso
não seja possível, a segunda opção seria de orientá-los para o leste.
A escolha de painel é feita com base na área do telhado, quanto maior ela for, maior
será a possibilidade de escolha do modelo já que as dimensões serão especificadas pelo
fabricante que irão basear o estudo em onde serão instaladas. Além disso, é necessário
atentar-se à quantidade de painéis necessárias, cuja cálculo é feito por meio da seguinte
equação:
𝑃𝑛
𝑄𝑝 = (3.4)
𝑃𝑝
Na fórmula, 𝑄𝑝é a quantidade de painéis fotovoltaicos, 𝑃𝑛 é a potência de geração necessária
e 𝑃𝑝 é a potência máxima que o painel escolhido pode produzir. Tal equação poderá ser feita
em diversos modelos de painéis solares para determinar qual deles será a melhor escolha,
pois irá depender do modelo que irá interferir no tamanho da área de painéis que estarão
dispostos no telhado, na quantidade de módulos utilizados e também no valor total da
instalação.
Por exemplo, se utilizarmos um modelo de painel Poli Module CS3W-395 da
fabricante HiKu do tipo policristalino com potência máxima de 395 W, a quantidade de painéis
seria de, aproximadamente, 18 painéis. Dessa forma, a disposição dos painéis poderia ser
de duas strings com 9 painéis cada, supondo que dessa forma se adequaria melhor ao
telhado, mas ainda deve-se atentar ao fato que o modelo de inversor precisaria ter duas
entradas MPPts, uma para cada string além de que ele precisaria suportar a tensão máxima
gerada por esses painéis dispostos em strings, como mostra as figuras e tabelas a seguir.

Tabela 3.1: Especificação das entradas MPPTs.

Inversor Entrada MPPT 1 Entrada MPPT 2

Modelo de Inversor String 1: 9 painéis String 2: 9 painéis


Fonte: Autoria própria.

Figura 3.21: Disposição das strings de painéis fotovoltaicos.


52

Fonte: BlueSun Solar.


Tabela 3.2: Tensão máxima e Corrente máxima que o Inversor deve suportar.

STRING Tensão Máxima Corrente Máxima Tensão Máxima Corrente Máxima


Gerada Gerada por MPPT por MPPT

String 1 37,6V*9 = 338,4V 8,81A(Isc) 600V 12A

String 2 37,6V*9 = 338,4V 8,81A(Isc) 600V 12A


Fonte: Autoria própria.

Figura 3.22: Disposição das strings de painéis no telhado.


Fonte: BlueSun Solar
Além disso, outra informação que deve se atentar, na escolha do inversor, de qual
tipo será escolhido, pois como o tipo de ligação da rede é trifásica, o inversor ideal seria um
do tipo trifásico, entretanto, esse projeto demanda uma geração pequena de 7 KWh, e assim
pode-se utilizar um inversor monofásico.

3.3 Introdução ao Diagrama Unifilar


O diagrama unifilar é um desenho técnico desenvolvido através de softwares específicos,
como o AutoCAD, que representa graficamente as instalações elétricas de uma obra. Ele é
feito sobre uma planta baixa arquitetônica, sua simbologia é definida pela ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas) e é um dos 4 tipos de diagramas elétricos existentes
(Diagrama Funcional, Diagrama Multifilar e Diagrama Trifilar). Esse diagrama é exigido pelas
concessionárias para a autorização de um projeto fotovoltaico, pois trará todas as
informações necessárias e relevantes a respeito do sistema que será instalado.
Diferentemente do diagrama multifilar, ele é um diagrama mais simples, menor e ainda
assim de fácil entendimento já que a simbologia segue o padrão da ABNT. Ele deve ser feito
por um engenheiro ou por um técnico responsável pela obra, seja de uma empresa ou não.
Tem como importância a representação de todo o sistema, com fiações e todos os
componentes conectados na instalação, o que poderá ainda ajudar em evitar problemas
futuros. A figura abaixo mostra um exemplo de diagrama unifilar.
53

Figura 3.23: Exemplo de um diagrama unifilar.


Fonte: BlueSun Solar.
Para uma boa interpretação do diagrama é importante conhecer cada simbologia,
que é padronizada conforme as normas exigidas pela ABNT servindo de entendimento em
comum para todos. Na tabela abaixo cada elemento da figura acima é identificado. Além
disso, os retângulos tracejados indicam que os componentes dentro dele fazem parte de um
quadro, com DPS e chave seccionadora na string box e medidor e bidirecional e disjuntor na
caixa de medição.

Tabela 3.3: Legenda da simbologia do diagrama unifilar.

Módulo Fotovoltaico

Fusível

DPS

Inversor

Disjuntor unipolar

Disjuntor tripolar

Medidor bidirecional

Haste de aterramento

Condutores fase, neutro e terra

Chave seccionadora

Fonte: Autoria própria.


54
55

4.0 Acesso à Rede Elétrica Local RN 482/687

Neste Módulo serão abordados os detalhes sobre as Resoluções da ANEEL 482 e


687 que regulam os Sistemas Fotovoltaicos Conectados à rede (SFCR), além do PRODIST
(Módulo 3 - Seção 3.7). Este conhecimento é fundamental para que possamos fazer a
Solicitação de Acesso na Concessionária Local.

4.1 Conexão à rede elétrica


4.1.1 RN 482/2012 e RN 687/2015
A conexão de sistemas fotovoltaicos à rede elétrica no Brasil só foi possível a partir
de 2012 com a RN 482/2012. Esta estabelece as condições gerais para o acesso de
microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o
sistema de compensação de energia elétrica, e dá outras providências.
Porém, mesmo com a regulamentação, ainda ocorriam muitos problemas de
relacionamento entre as distribuidoras de energia e os consumidores que queriam instalar os
sistemas fotovoltaicos. Com isso, foi criado a RN 687/2015 com o objetivo de esclarecer e
tornar a geração distribuída bem mais acessível. Assim, foram alterados a RN 482, de 17 de
abril de 2012, e os Módulos 1 e 3 do PRODIST.
A) Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional
– PRODIST

Os Procedimentos de Distribuição - PRODIST são documentos elaborados pela ANEEL


e normatizam e padronizam as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e
desempenho dos sistemas de distribuição de energia elétrica.

B) Módulo 1 – Introdução

No seu módulo 1 consta um breve conceito sobre o PRODIST.

C) Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Distribuição

Objetivo: Estabelecer as condições de acesso, compreendendo a conexão e o uso, ao


sistema de distribuição, não abrangendo as Demais Instalações de Transmissão – DIT, e
definir os critérios técnicos e operacionais, os requisitos de projeto, as informações, os dados
e a implementação da conexão, aplicando-se aos novos acessantes bem como aos
existentes.

Os principais objetivos das modificações são:


a) Redução do período para aprovação dos projetos fotovoltaicos, custos e tempo de
conexão da Micro e Minigeração;
b) Compatibilizar o sistema de compensação de energia elétrica com as condições
gerais de fornecimento, regulamentada pela RN 414/2010;
c) Diminuir a burocracia/dificuldades gerada por grande parte das concessionárias;
d) Alterar o tempo de compensação dos créditos gerados de 36 meses para 60 meses;
e) Regular a potência limite para micro e minigeração distribuída;
f) Aumentar o público alvo e melhorar as informações nas faturas de energia elétrica
para o consumidor.
Além disso é importante salientar que as conexões à rede elétrica foram divididas em
três grupos a depender da potência de geração de pico, como mostrado na Tabela 4.1.
56

Tabela 4.1: Divisão Dos Sistemas De Geração

Critério Sistema

Potência ≤ 75 kW Microgeração

75 kW < Potência ≤ 5 MW Minigeração


Fonte: Autoria própria.

a) microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência


instalada menor ou igual a 75 kW e que utilize cogeração qualificada, conforme
regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na
rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras;

b) minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência


instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 3 MW para fontes hídricas ou menor ou
igual a 5 MW para cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou
para as demais fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de
distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras;

4.2 Procedimentos e Etapas de Acesso para Micro e Minigeração


distribuída
4.2.1 Procedimentos antes de entrar em contato com a concessionária
Estes são os primeiros procedimentos que as empresas de energia solar devem
realizar antes de entrar em contato com a concessionária.
● Entrar em contato com o cliente;
● Realizar a visita técnica no local a ser instalado o SFCR;
● Dimensionar o sistema fotovoltaico;
● Projetar no CAD: projeto unifilar, projeto multifilar, diagrama de blocos e esquema de
entrada da rede da concessionária.

A) Ao entrar em contato com o cliente deve ser estabelecido se a geração será de consumo
individual, autoconsumo remoto, geração compartilhada ou empreendimento com múltiplas
unidades consumidoras.

a) Autoconsumo remoto: caracterizado por unidades consumidoras de titularidade de


uma mesma Pessoa Jurídica, incluídas matriz e filial, ou Pessoa Física que possua
unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente
das unidades consumidoras, dentro da mesma área de concessão ou permissão, nas
quais a energia excedente será compensada. Sendo permitido o compartilhamento da
geração em até 10 unidades com o mesmo titular.

b) Geração Compartilhada: caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da


mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio (para pessoa física)
ou cooperativa (para pessoa jurídica), que possua unidade consumidora com
microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades
consumidoras nas quais a energia excedente será compensada.

c) Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras: caracterizado pela


utilização da energia elétrica de forma independente, no qual cada fração com uso
57

individualizado constitua uma unidade consumidora e as instalações para


atendimento das áreas de uso comum constituam uma unidade consumidora distinta,
de responsabilidade do condomínio, da administração ou do proprietário do
empreendimento, com microgeração ou minigeração distribuída, e desde que as
unidades consumidoras estejam localizadas em uma mesma propriedade ou em
propriedades contíguas, sendo vedada a utilização de vias públicas, de passagem
aérea ou subterrânea e de propriedades de terceiros não integrantes do
empreendimento.

B) Na visita técnica é realizado:

a) um levantamento de carga (soma das potências instaladas dos equipamentos


elétricos);
b) a verificação do telhado para saber se irá aguentar o peso dos painéis e a escolha do
melhor espelho d'água (o mais voltado ao norte e evitando sombreamento);
c) a verificação do QGBT e medidor de energia unidirecional.
Observação: QGBT ou quadro geral de baixa tensão é onde ficam os disjuntores da casa
(disjuntor geral, disjuntor do inversor, do ar condicionado, do circuito de iluminação, do circuito
de tomadas e os dispositivos de proteção). Em uma casa simples, fora dos padrões da NBR
5410, encontra-se apenas o disjuntor geral.
C) Dimensionamento do sistema fotovoltaico
O dimensionamento do sistema fotovoltaico é realizado tendo em mente o quanto de
energia se quer gerar em um mês, seja 900 kWh ou 2000 kWh. Além disso, também é
importante se atentar à área disponível para instalação dos módulos. Assim, é feita a escolha
do módulo a ser utilizado.
Como já descrito nos módulos anteriores, é necessário calcular a energia mensal
produzida por cada módulo, utilizando os dados de radiação solar fornecidos pelo CRESESB,
como mostrado no exemplo abaixo.
Nesse caso, é pretendido gerar 900 kWh por mês na cidade de Teresina, com
insolação de 5,60 kWh/m²dia. Considerando que haja área suficiente e que o módulo da
Canadian Solar de modelo CS6U-330P seja a melhor opção comercial, tem-se que cada
módulo produz 44,34 kWh/mês. Assim são necessários 22 módulos, sendo então 7,26 kWp
de geração, podendo ser utilizado um inversor com potência de 6 kW. Os cálculos são
apresentados abaixo.
𝑃𝐺𝑚 = 𝐼 ∗ 30 ∗ 𝐸𝑚 ∗ 𝐴 ∗ 0,8 (4.1)
𝑃𝐺𝑚 = 5,6 ∗ 30 ∗ 0,1694 ∗ 1,94 ∗ 0,8 = 44,34 𝑘𝑊ℎ/𝑚ê𝑠 (4.2)
𝑃𝑇 900
𝑄𝑚 = = = 21,2 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 (4.3)
𝑃𝐺𝑚 44,34

𝑃𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = 22 ∗ 330𝑊 = 7,26 𝑘𝑊𝑝 (4.4)


Sendo:
● 𝑃𝐺𝑚 a potência de geração dos módulos;
● 𝐼 a incidência solar no local;
● 𝐸𝑚 a eficiência do módulo;
● 𝐴 a área do módulo;
● 𝑄𝑚 a quantidade de módulos;
● 𝑃𝑇 a potência total a ser gerada em um mês;
58

● 𝑃𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 a potência de pico do sistema.


D) Projetos no CAD
a) Diagrama Unifilar
O diagrama unifilar, como já descrito no módulo anterior, deixa claro quais são
componentes instalados, os condutores utilizados e as ligações. Na seguinte figura é
mostrado um diagrama unifilar para um sistema de minigeração.

Figura 4.1: Diagrama unifilar.


Fonte: Autoria própria.
59

b) Diagrama Multifilar
O diagrama multifilar traz as mesmas informações do unifilar, porém com mais detalhes
dos componentes e ligações entre eles. Geralmente são necessários em projetos de
sistemas com maior potência. A figura a seguir exemplifica o diagrama multifilar do mesmo
projeto do diagrama acima.

Figura 4.2: Diagrama multifilar.


Fonte: Autoria própria.
c) Diagrama de Blocos
O diagrama de blocos, traz uma versão mais simplificada ainda do sistema,
esquematizando as conexões entre os módulos, inversores e quadro de proteção como
representado na figura abaixo:

Figura 4.3: Diagrama de blocos.


Fonte: Autoria própria.
60

d) Esquema de Entrada da Rede da Concessionária.


O esquema de entrada da concessionária está intrinsecamente ligado ao tipo de
alimentação da unidade consumidora, se é trifásica ou monofásica. A concessionária
local, Equatorial Energia Piauí, adota o padrão com a caixa de medição externa à
construção e com ramal de entrada aéreo, com bitolas de cabos e caixas de medição a
depender da potência disponibilizada.
4.2.2 Procedimentos da empresa solar com a concessionária
A figura abaixo ilustra os passos e o prazo para acesso à microgeração.

Figura 4.4: Procedimentos e etapas de acesso à microgeração.


Fonte: Aneel.

A única diferença entre os prazos para micro e minigeração está na emissão do


parecer de acesso pela concessionária, cujo prazo máximo é de 15 dias para microgeração
e de 30 dias para minigeração. Se for necessário melhoria ou reforço, a concessionária tem
até 60 dias para a emissão do parecer de acesso.
a) melhoria: instalação, substituição ou reforma de equipamentos em instalações de
distribuição existentes, ou a adequação destas instalações, visando manter a prestação de
serviço adequado de energia elétrica;
b) reforço: instalação, substituição ou reforma de equipamentos em instalações de
distribuição existentes, ou a adequação destas instalações, para aumento de capacidade de
distribuição, de confiabilidade do sistema de distribuição, de vida útil ou para conexão de
usuários;
Porém, a mini e a microgeração não estão sujeitos as mesmas normas quanto a
concessionária. Além disso, as despesas na rede gerada pela microgeração são de
responsabilidade da concessionária, ou seja, está cobre obras ou ajustes limitados a um
consumo de 75kW pela unidade consumidora. Tendo como exceção na micro geração, a
geração compartilhada cujas despesas extras na rede elétrica local não são de
responsabilidade da concessionária.
61

Desse modo, para a minigeração, a distribuidora é responsável técnica, porém não


financeiramente para mudanças no sistema da rede.
E para facilitar na elaboração dos documentos necessários, as concessionárias
disponibilizam um modelo padrão nos seus sites. No caso da Equatorial Piauí, é necessário
baixar as Normas Técnicas 020 e 021 no link:
https://www.equatorialpiaui.com.br/index.php/informacoes/normas-tecnicas/equatorial-piaui/

Figura 4.5: NT.020.EQTL – Conexão de Microgeração Distribuída ao Sistema.


Fonte: Equatorial Energia.

Figura 4.6: NT.021.EQTL – Conexão de Minigeração Distribuída ao Sistema de Distribuição.


Fonte: Equatorial Energia.

4.2.2.1 Solicitação de acesso


Como mostrado acima, o primeiro passo com a concessionária é a solicitação de acesso. A
depender da concessionária alguns documentos são exigidos a mais que outros. Porém será
abordado aqui a documentação exigida pela concessionária local.
Para solicitação de acesso são necessários enviar à Equatorial Piauí os seguintes
documentos:
● Formulário de Solicitação de Acesso;
● Anotação de Responsabilidade Técnica ou Termo de Responsabilidade Técnica;
● Diagrama unifilar do sistema de geração, carga, proteção e medição
● Memorial Técnico Descritivo;
● Certificados de Conformidade do(s) Inversor(es) ou o número de registro ativo da
concessão do INMETRO para a tensão nominal de conexão com a rede;
● Lista de unidades Consumidoras participantes do sistema de compensação indicando
o percentual de rateio dos créditos e o enquadramento conforme incisos VI a VIII do
art. 2º da Resolução Normativa nº 482/2012 (se for autoconsumo remoto)
● Para os casos de solicitações ao sistema de Compensação que sejam provenientes
de empreendimento com múltiplas unidades consumidoras e geração compartilhada,
a solicitação de acesso deve ser acompanhada da cópia autenticada em cartório do
62

instrumento jurídico que comprove o compromisso de solidariedade entre os


integrantes. (se for geração compartilhada)
● Documento que comprove o reconhecimento, pela ANEEL (se for cogeração
qualifica).
● Contrato de aluguel ou arrendamento da unidade consumidora (Quando a UC
geradora for alugada ou arrendada)
● Procuração assinada e reconhecida em cartório (Quando a solicitação for feita por
terceiros)
● Autorização de uso de área comum em condomínio (Quando uma UC individual
construir uma central geradora utilizando a área comum do condomínio)

Após envio de todos os documentos exigidos acima, a concessionária tem 15 dias para a
emissão do Parecer de Acesso, caso não haja nenhuma inconformidade. Em seguida, a
empresa instaladora tem um prazo de 120 dias para realizar a instalação do sistema e solicitar
a vistoria. Uma vez que a vistoria é solicitada, a concessionária tem 7 dias para realizá-la e
em caso de aprovação, tem mais 7 dias para efetuar a troca do medidor. Mas caso esteja
tudo ok, a equipe da concessionária irá trocar logo o medidor unidirecional por um bidirecional
nessa etapa da vistoria, permitindo que o cliente comece a utilizar o sistema de compensação.

4.2.2.2 Formulário de Solicitação de Acesso


O formulário é talvez o documento mais importante dentre os outros. Por isso,
qualquer erro que haja não será tolerado. A Figura 4.7 mostra o Formulário de Solicitação de
Acesso da concessionária local.
Como visto, todos os campos em vermelho devem ser preenchidos. Além disso, é
importante lembrar que os formulários são divididos em três categorias, as quais são:
a) Formulário de Solicitação de Acesso à Microgeração com potência até 10 kW;
b) Formulário de Solicitação de Acesso à Microgeração com potência acima 10 kW e
abaixo de 75 kW;
c) Formulário de Solicitação de Acesso à Minigeração.
Ademais outro detalhe deve ser mencionado. A potência disponibilizada deve ser
informada, pois através dela é possível mensurar a potência máxima do sistema a ser
instalado. Caso o sistema seja maior que a potência disponibilizada, é necessário descrever
no formulário que será necessário um reforço na rede. Lembrando que, esse reforço na rede
fica por conta da concessionária se o consumo não ultrapassar 75 KW.
A potência disponibilizada é encontrada através de (4.5), para instalações monofásicas e (4.6)
para instalações trifásicas.
𝑃𝐷 = 𝐼 ∗ 𝑉 ∗ 𝐹𝑃 (4.5)

𝑃𝐷 = 𝐼 ∗ 𝑉 ∗ √3 ∗ 𝐹𝑃 (4.6)
Sendo:
● 𝑃𝐷 a potência disponibilizada;
● 𝐼 a corrente de acionamento de disjuntor;
● 𝑉 a tensão da rede, 220 V sendo monofásica e 380 V sendo trifásica;
● 𝐹𝑃 o fator de potência médio da rede estimado em 0,92.
63

Dados como carga declarada, disjuntor de entrada, tensão de atendimento e tipo de ramal
são obtidos em uma visita técnica para conhecer o local de instalação.

Figura 4.7: Formulário de Solicitação de Acesso.


Fonte: Equatorial Energia.

4.2.2.3 Anotação de Responsabilidade Técnica ou Termo de Responsabilidade


Técnica
A Anotação de Responsabilidade Técnica, mais conhecida pelo seu acrônimo ART,
é um documento amplamente utilizado por profissionais da Engenharia, Agronomia,
Geologia, Geografia e Meteorologia que queiram realizar contratos de execução de serviços
ou obras.
A seguir consta o passo a passo de como preencher uma ART (vigente em junho de
2020 no site do Sigec Crea-Pi)
64

A) Etapa 1 – Criação De ART


1. Entrar no site do Sigec Crea-Pi (Sistema de Gestão do CREA-PI) >> Colocar Usuário e
Senha;
2. Selecione: Cadastro >> ART >> Nova ART;
3. Preencher Dados da ART;
4. Tipo de ART: "ART de Obra ou Serviço";
5. Forma de Registro: “inicial”;
6. Participação Técnica: “individual”;

B) Etapa 2 - Responsável Técnico


1. Essa etapa informa os dados do responsável técnico (não alterar);
2. Informar a pessoa jurídica com a qual o profissional mantém vínculo contratual e em nome
da qual desenvolve as atividades técnicas contratadas (se houver);

C) Etapa 3 - Dados Do Contrato


1. Contratante: Tipo de contratante, CPF/CNPJ, e-mail e nome;
2. Endereço do contratante: Cep, tipo de logradouro, logradouro, número, complemento,
bairro, cidade, UF e telefone;
3. Dados do contrato: Número do contrato, Data do contrato e Valor;
4. Ação institucional/convênio: Informar o tipo quando for o caso;
5. Dados da obra/serviço: Data Prevista de Início da Obra/Serviço, Data Prevista de
Conclusão da Obra/Serviço, Finalidade e Código Obra Pública (quando for o caso);

D) Etapa 4 - Dados Da Obra


1. Proprietário: Informar nome do proprietário, CPF/CNPJ do proprietário e telefone;
2. Endereço da obra/serviço: Cep, tipo de logradouro, logradouro, número, complemento,
bairro, cidade, UF, latitude e longitude (decimal);

E) Etapa 5 - Atividades Técnicas Desempenhadas


1. Nível de atuação: “Elaboração” e/ou “Execução”;
2. Atividade profissional: “Projeto”;
3. Obra/serviço: “de microgeração distribuída” ou “de minigeração distribuída”;
4. Quantidade: Informar o valor da potência do projeto;
5. Unidade: kW;
65

6. Depois clicar “Adicionar atividade” para cada atividade escolhida (ex: elaboração, execução
e etc.);

F) Etapa 6 - Resumo Do Contrato


1. Descrição da ART: Descrever as atividades técnicas que serão feitas;

G) Etapa 7 - Declarações E Entidade De Classe


1. Acessibilidade: Possui “Sim” ou “Não”;
(A declaração de acessibilidade será exigida para toda a obra/serviço em atendimento ao
Decreto no 5.296, de 2004, que determina aos profissionais que compõem o quadro técnico
dos órgãos públicos, concessionárias e empresas o atendimento às normas de ABNT e à
legislação específica para cumprimentos de suas atividades.)
2. Entidade de classe: Identifica a entidade de classe que, conveniada ao CREA, está apta
para a execução de ações voltadas à verificação do exercício e das atividades profissionais
ou ao aperfeiçoamento técnico e cultural dos profissionais diplomados nas profissões
abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREA.

4.2.2.4 Memorial Técnico Descritivo


Memorial descritivo é um registro técnico com valor legal assinado pelo profissional
ou responsável técnico, no qual deve relatar em texto o que está representado no projeto, ou
seja, deverá informar tudo que será realizado na obra (estruturas, acabamentos, instalações,
etc).
E como mencionado anteriormente, a concessionária local disponibiliza no seu site
um padrão de memorial descritivo a ser seguido para sistemas fotovoltaicos de micro e
minigeração, como observado na figura 4.5.
66
67

5.0 Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica


5.1 Agência Nacional De Energia Elétrica – ANEEL
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia em regime
especial vinculada ao Ministério de Minas e Energia, foi criada para regular
o setor elétrico brasileiro.
A ANEEL iniciou suas atividades em dezembro de 1997, tendo como
principais atribuições:

● Regular a geração (produção), transmissão, distribuição e comercialização de energia


elétrica;
● Fiscalizar, diretamente ou mediante convênios com órgãos estaduais, as concessões, as
permissões e os serviços de energia elétrica;
● Implementar as políticas e diretrizes do governo federal relativas à exploração da energia
elétrica e ao aproveitamento dos potenciais hidráulicos;
● Estabelecer tarifas;
● Dirimir as divergências, na esfera administrativa, entre os agentes e entre esses
agentes e os consumidores, e
● Promover as atividades de outorgas de concessão, permissão e autorização de
empreendimentos e serviços de energia elétrica, por delegação do Governo Federal.

5.2 Tarifas De Energia


A tarifa visa assegurar aos prestadores dos serviços receita suficiente para cobrir custos
operacionais eficientes e remunerar investimentos necessários para expandir a capacidade
e garantir o atendimento com qualidade. Os custos e investimentos repassados às tarifas são
calculados pelo órgão regulador, e podem ser maiores ou menores do que os custos
praticados pelas empresas.
5.2.1 Composição da Tarifa de Energia
Para cumprir o compromisso de fornecer energia elétrica com qualidade, a distribuidora
tem custos que devem ser avaliados na definição das tarifas. A tarifa considera três custos
distintos:

Figura 5.1: Três custos distintos de tarifa.


Fonte: Aneel.

5.2.2 Tarifas sobre a energia gerada


Os leilões são a principal forma de contratação de energia no Brasil. Por meio desse
mecanismo, concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviço público de
distribuição de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN) garantem o atendimento
68

à totalidade de seu mercado no Ambiente de Contratação Regulada (ACR). Quem realiza os


leilões de energia elétrica é a CCEE, por delegação da Aneel.
Desse modo, as concessionárias compram a energia da geradora que oferece o
menor preço por KWh, visando a eficiência na contratação de energia.
5.2.2.1 Bandeiras Tarifárias
Além disso, existem também as bandeiras tarifárias que sinalizam aos consumidores
os custos reais da geração de energia elétrica. O funcionamento é simples: as cores das
Bandeiras (verde, amarela ou vermelha) indicam se a energia custará mais ou menos em
função das condições de geração de eletricidade. Com as Bandeiras, a conta de luz fica mais
transparente e o consumidor tem a melhor informação para usar a energia elétrica de forma
mais consciente.
a) Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre
nenhum acréscimo;
b) Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo
de R$ 0,01343 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos;
c) Bandeira vermelha - Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa sofre
acréscimo de R$ 0,04169 para cada quilowatt-hora kWh consumido.
d) Bandeira vermelha - Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A tarifa
sofre acréscimo de R$ 0,06243 para cada quilowatt-hora kWh consumido.

Todos os consumidores cativos das distribuidoras serão faturados pelo Sistema de


Bandeiras Tarifárias, com exceção daqueles localizados em sistemas isolados.

5.2.3 Transporte de Energia


O transporte da energia (da geradora à unidade consumidora) é um monopólio natural,
pois a competição nesse segmento não geraria ganhos econômicos. Por essa razão, a
ANEEL atua para que as tarifas sejam compostas por custos eficientes, que efetivamente se
relacionem com os serviços prestados. Este setor é dividido em dois segmentos, transmissão
e distribuição. A transmissão entrega a energia a distribuidora, e esta última por sua vez leva
a energia ao usuário final.
5.2.4 Encargos setoriais e tributos
Os encargos setoriais e os tributos não são criados pela ANEEL e, sim, instituídos por
leis. Alguns incidem somente sobre o custo da distribuição, enquanto outros estão embutidos
nos custos de geração e de transmissão.
Quando a conta chega ao consumidor, ele paga pela compra da energia (custos do
gerador), pela transmissão (custos da transmissora) e pela distribuição (serviços prestados
pela distribuidora), além de encargos setoriais e tributos.
Para fins de cálculo tarifário, os custos da distribuidora são classificados em dois tipos:
• Parcela A: Compra de Energia, transmissão e Encargos Setoriais; e
• Parcela B: Distribuição de Energia.
Conforme se observa da Figura a seguir, os custos de energia representam
atualmente a maior parcela de custos (53,5%), seguido dos custos com Tributos (29,5%). A
parcela referente aos custos com distribuição, ou seja, o custo para manter os ativos e operar
todo o sistema de distribuição representa apenas 17% dos custos das tarifas.
69

Figura 5.2: Gráfico do valor final da energia elétrica.


Fonte: Aneel.

5.2.5 ICMS e PIS/COFINS:


Além das tarifas acima, são cobrados também impostos e tributos federais e estaduais
que fogem das competências da ANEEL, cabendo à Receita Federal do Brasil e às
Secretarias de Fazenda Estaduais tratar da questão. A seguir, são apresentadas informações
relativas ao ICMS e PIS/COFINS.

a) ICMS
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS é um tributo Estadual
aplicável à energia elétrica. Com respeito à micro e minigeração distribuída, é importante
esclarecer que o Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ aprovou o Convênio
ICMS 6, de 5 de abril de 2013, estabelecendo que o ICMS apurado teria como base de cálculo
toda energia que chega à unidade consumidora proveniente da distribuidora, sem considerar
qualquer compensação de energia produzida pelo microgerador. Com isso, a alíquota
aplicável do ICMS incidirá sobre toda a energia consumida no mês.
Após interações da Agência com o Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, Ministério de Minas e Energia e com o Congresso Nacional, o Conselho
Nacional de Política Fazendária - CONFAZ publicou o Convênio ICMS 16, de 22/4/2015, que
revogou o Convênio ICMS 6/2013 e autorizou as unidades federadas a conceder isenção nas
operações internas relativas à circulação de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o
sistema de compensação de energia. Dessa forma, nos Estados que aderiram ao Convênio
ICMS 16/2015, o ICMS incide somente sobre a diferença entre a energia consumida e a
energia injetada na rede no mês. O Piauí encontra-se entre os Estados que aderiram a essa
permissão, o que torna a conta de luz ainda mais barata.
Para aqueles Estados que não aderiram ao novo Convênio, mantém-se a regra
anterior, na qual o ICMS é cobrado sobre todo o consumo, desconsiderando assim a energia
injetada na rede pela microgeração ou minigeração.
70

b) PIS/COFINS
Com relação à apuração do Programa de Integração Social - PIS e da Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, não existia até outubro de 2015 uma
legislação ou orientação da Receita Federal esclarecendo como deveria ser realizada a
cobrança para os casos de micro e minigeração distribuída.
No entanto, com a publicação da Lei nº 13.169/2015, de 6/10/2015, resultado de várias
gestões da ANEEL junto ao Ministério de Minas e Energia e ao Ministério de Planejamento,
Orçamento e Gestão, a incidência do PIS e COFINS passou a acontecer apenas sobre a
diferença positiva entre a energia consumida e a energia injetada pela unidade consumidora
com micro ou minigeração distribuída. Tendo em vista que o PIS e a COFINS são tributos
federais, a regra estabelecida pela lei vale igualmente para todos os Estados do país.
5.3 Modalidades Tarifárias

As modalidades tarifárias são um conjunto de tarifas aplicáveis ao consumo de


energia elétrica e demanda de potência ativas. Elas são definidas de acordo com o Grupo
Tarifário, sendo o Grupo A (consumidores atendidos em alta tensão) e o Grupo B
(consumidores atendidos em baixa tensão)

5.3.1 Grupo A
Composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão igual ou superior
a 2,3 kV, ou atendidas a partir de sistema subterrâneo de distribuição em tensão secundária,
caracterizado pela tarifa binômia e subdividido nos seguintes subgrupos:

a) subgrupo A1 - tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;


b) subgrupo A2 - tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;
c) subgrupo A3 - tensão de fornecimento de 69 kV;
d) subgrupo A3a - tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;
e) subgrupo A4 - tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV;
f) subgrupo AS - tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, a partir de sistema subterrâneo de
distribuição.

5.3.1.1 Tarifária Horária Azul e Verde


Clientes atendidos em tensão igual ou superior a 2,3 kV poderão contratar o
fornecimento de energia elétrica nas modalidades:
a) Tarifária Horária Azul - THA

Nesta modalidade, tanto o consumo como a demanda terão tarifas diferenciadas por
posto horário, sendo necessária a contratação de uma demanda para o posto horário de
ponta e uma demanda para o posto horário fora de ponta. Disponível para todos os subgrupos
do grupo A.

b) Tarifa Horária Verde – THV

Na modalidade THV, há aplicação de tarifas diferenciadas na ponta e fora de ponta


somente para o consumo, a demanda contratada é única para ambos os postos horários.
Disponível para os subgrupos A3a, A4 e AS.

Observação:
● A demanda ativa constitui-se das médias das potências elétricas ativas solicitadas
ao sistema elétrico pela parcela da carga instalada em operação na unidade
71

consumidora, durante um intervalo de integralização de 15 min (quinze minutos),


expressa em quilowatts (kW). O cliente titular de unidade consumidora deve contratar
a demanda que será continuamente disponibilizada pela Distribuidora, no ponto de
entrega, conforme valor e período de vigência fixados no contrato de fornecimento.
● A demanda faturável corresponderá ao maior valor entre a demanda contratada e a
demanda medida no período. Ressalta-se que a demanda faturável deve ser
integralmente paga, seja ou não utilizada durante o período de faturamento.

5.3.2 Grupo B
Unidades consumidoras da Baixa Tensão, das Classes Residencial (Subgrupo B1), Rural
(B2), Demais Classes (B3) e Iluminação Pública (B4)

● Convencional Monômia: tarifa única de consumo de energia elétrica,


independentemente das horas de utilização do dia; e
● Horária Branca: tarifa diferenciada de consumo de energia elétrica, de acordo com as
horas de utilização do dia (postos tarifários). Não está disponível para o subgrupo B4 e
para a subclasse Baixa Renda do subgrupo B1.
Como a Tarifa Branca reflete o uso da rede de distribuição de energia elétrica de acordo
com o horário de consumo e os hábitos do consumidor, ela só será vantajosa para
aqueles consumidores que conseguirem deslocar o consumo de energia elétrica dos
períodos de ponta e intermediário para o de fora de ponta. Do contrário, optar pela Tarifa
Branca pode resultar em aumento da conta de luz.

5.3.3 Demais acessantes:


● Distribuição: tarifa aplicada às distribuidoras que acessam outras distribuidoras.
Caracterizada por tarifa horária de demanda de potência e consumo de energia para o
grupo A, e de tarifa de consumo de energia única para o grupo B; e
● Geração: tarifas aplicadas às centrais geradoras que acessam os sistemas de
distribuição, caracterizada por tarifa de demanda de potência única.

5.4 Postos Tarifários


As tarifas aplicáveis podem ser diferenciadas a depender do posto horário em que
estão incidindo. Os postos horários de consumo são:

a) Horário de Ponta
Caracterizado por 3 (três) horas consecutivas definidas por cada Distribuidora. No
Piauí, o horário de ponta se inicia às 17h30 e se estende até as 20h30, com exceção feita
aos sábados, domingos e feriados definidos na Resolução Normativa nº 414/2010 da Aneel.

b) Horário Fora de Ponta


Período composto pelo conjunto das horas diárias consecutivas e complementares
àquelas definidas no posto horário de ponta para consumidores tipo A (das 20h30 às 17h29)
ou posto horário de ponta e intermediário para consumidores tarifa branca (das 21h30 às
16h29).

c) Horário (posto) intermediário


Período de horas conjugadas ao horário de ponta, aplicado exclusivamente às
unidades consumidoras que optem pela Tarifa Branca. Pode variar de 1h a 1h30 antes e
depois do horário de ponta; No Piauí, corresponde das 16h30 às 17h29 e das 20h30 às
21h29.
Além dos postos horários de ponta e fora de ponta, os consumidores que possuem
benefício para irrigação ou aquicultura terão o Posto Horário Reservado, período diário
72

contínuo de 8h30 (oito horas e trinta minutos) compreendido entre o horário das 21h30 às 6h
do dia seguinte, não se aplicando as exceções definidas no posto horário ponta.

Figura 5.3: Postos Tarifários.


Fonte: Aneel.
* Valores Do Kwh Sem Impostos, Taxas E Contribuições Para A Classe Residencial
5.5 Faturamento para micro ou minigeração distribuída
Agora vamos explicar melhor o sistema de compensação de energia estabelecido no
art. 7º da Resolução Normativa nº 482/2012, podendo-se resumir a seguir os procedimentos
adotados quando a geração está instalada no mesmo local de consumo:
a. A energia injetada em determinado posto tarifário (ponta, fora de ponta ou
intermediário), se houver, deve ser utilizada para compensar a energia consumida
nesse mesmo posto;
Significa que a energia gerada no horário fora ponta é transformada como crédito no
valor de fora ponta, que seria por volta de o,31 R$/kwh para cliente tipo A4. Assim 800 kwh
gerados das 06 às 17:30 no mês, transformados em créditos seriam: 800 kwh * o,31 R$/kwh
= 248 reais.
E para a geração no horário de ponta, o valor seria em torno de 1,48 R$/kwh para
cliente tipo A4. Assim 100 kwh gerados das 17:30 às 18:00 no mês transformados em créditos
seriam 100 kwh * 1,48 R$/kwh = 148 reais.
Lembrando que esse valor não significa o que foi economizado para o cálculo do
feedback. Porque para esse cálculo devemos utilizar a tarifa com ICMS, que seria 800
kwh*0,44 + 100 kwh*1,94 = 546 reais economizados no mês.
b. Se houver excedente, os créditos de energia ativa devem ser utilizados para
compensar o consumo em outro posto horário, se houver, na mesma unidade
consumidora e no mesmo ciclo de faturamento;
Se a geração for maior do que o consumo no horário fora de ponta, então faz-se um
ajuste e transforma os créditos fora ponta para créditos na ponta.
73

Figura 5.4: Ajustes e adição de créditos no consumo de energia.


Fonte: Aneel.

c. O valor a ser faturado é a diferença positiva entre a energia consumida e a injetada,


considerando-se também eventuais créditos de meses anteriores, sendo que caso
esse valor seja inferior ao custo de disponibilidade, para o caso de consumidores do
Grupo B (baixa tensão), será cobrado o custo de disponibilidade – valor em reais
equivalente a 30 kWh (monofásico), 50 kWh (bifásico) ou 100 kWh (trifásico).
d. Para os consumidores do Grupo A (alta tensão), não há valor mínimo a ser pago a
título de energia. Contudo, os consumidores continuam sendo normalmente faturados
pela demanda contratada;
Demanda contratada é a demanda de potência ativa a ser obrigatória e
continuamente disponibilizada pela distribuidora, no ponto de entrega, conforme valor e
período de vigência fixados em contrato, e que deve ser integralmente paga, seja ou não
utilizada durante o período de faturamento, expressa em quilowatts (kW). (Resolução
Normativa ANEEL n. 414, de 9 de setembro de 2010 (Diário Oficial de 15 de set. 2010, seção
1, p. 115)
A concessionária pede o dimensionamento desse número para que haja o correto
planejamento da expansão e manutenção do sistema, garantindo assim o correto
atendimento a todos os usuários. Essa demanda é calculada a partir do somatório de todas
as cargas instaladas em cada unidade consumidora que podem operar simultaneamente.
Caso a potência ativa ultrapasse a demanda contratada, será cobrada multa.

Figura 5.5: Demanda Contratada.


Fonte: Aneel.
74
75

6.0 Bombeamento e Irrigação por Sistemas Fotovoltaicos


6.1 Bombeamento Fotovoltaico
O bombeamento fotovoltaico é frequentemente encontrado em localidades remotas
que não possuem rede elétrica, ou possuem, mas é de baixa qualidade, e consiste na
utilização de um sistema fotovoltaico para a geração de energia elétrica, para alimentar uma
bomba que será utilizada para funções como irrigação, alimentação de animais ou para
consumo próprio.

Vantagens da utilização desse tipo de sistema:


● Fácil de ser instalado, quando comparado com os sistemas off grid e on grid;
● Normalmente os painéis serão conectados em série;
● Baixo valor de investimento e rápido payback (retorno do dinheiro investido);
● Não necessita de grid (rede elétrica local).

6.2 Tipos de Bombeamentos Fotovoltaicos

a) Armazenamento de água ao invés do armazenamento energético


Substitui as baterias por reservatórios para armazenar a energia na forma de água,
utilizando-a quando estiver chovendo ou nublado. Opção bastante interessante para
sistemas de irrigação. Esse sistema é composto por painéis solares, um driver (para
sistemas menores) ou inversor (para sistemas maiores), uma bomba de superfície e um
reservatório para armazenar a água.
A bomba de superfície é utilizada em sistemas para casos particulares e
principalmente residências rurais. Esse tipo de bomba possui uma peculiaridade, a sucção
não pode ser muito grande para não gerar cavitação na bomba que diminuirá sua vida útil.
Deve-se evitar sucção máxima acima de 8 metros, para esse valor de sucção utilizam-se
bombas submersas.

Figura 6.1: Bombeamento com armazenamento.


Fonte: iTVX.
b) Sem armazenamento de água
É uma opção utilizada para irrigação. É necessário que exista um poço artesiano ou
semi-artesiano com bom fluxo de água e uma capacidade alta de geração de água,
normalmente poços mais profundos possuem tais características. Nesse contexto, não se
faz necessária a utilização de armazenamento.
Esse sistema é composto por painéis solares, um inversor ou driver, e uma bomba
submersa que é mais adequada para poços artesianos. Além disso, pode-se utilizar baterias
para armazenar energia, no entanto, não é recomendável pois ocasiona o aumento do custo
do sistema fotovoltaico.
76

Figura 6.2: Bombeamento sem armazenamento.


Fonte: iTVX.

c) Armazenamento de água com bomba submersa (sem baterias)


É o melhor sistema dentre as opções mostradas. Esse sistema é composto por
painéis fotovoltaico, inversor ou driver (que receberá a corrente do painel em CC e
transformará em trifásico para alimentar a bomba) e uma bomba que vai recalcar a água
para o armazenamento. Além do sistema mostrado na abaixo, que manda água para o
reservatório armazenar, pode-se instalar um encanamento que quando o reservatório
estiver cheio e ainda existir a possibilidade de produção de energia, faz com que a água
que deveria ir para o reservatório vá diretamente para a lavoura.

Figura 6.3: Armazenamento com bomba submersa.


Fonte: CPM Solar.
77

6.3 Escolha do diâmetro da tubulação em função da vazão


O fator mais importante para iniciar o projeto de bombeamento fotovoltaico é a
vazão que a bomba deverá suprir. Sua unidade de medida mais comum é metros cúbicos
por hora (m /h) mas pode ser encontrada também na forma de litros por segundo (L/s).
3

Figura 6.4: Diâmetro de Tubulação por Vazão.


Fonte: Faz Fácil.

Exemplo: Para suprir o consumo de uma residência, precisaríamos de uma vazão de


8m /h, levando em consideração que neste projeto será utilizado uma bomba de superfície,
3

qual deve ser o diâmetro da tubulação de recalque e sucção?

Resposta: Basta analisar a tabela acima, como temos uma vazão de 8m /h, a 3

tubulação de recalque deverá ser de 1 ½ polegadas, assim como a de sucção.


No entanto, é recomendável, por questões de segurança, que na escolha do diâmetro
da tubulação de sucção, você escolha uma tubulação de diâmetro maior posterior à do
recalque.
Nesse caso, a tubulação de recalque será de 1 ½ polegadas e a de sucção será de 2
polegadas.

6.4 Perda de carga (ou perda de pressão)

Existem dois tipos de perdas de cargas no sistema, as perdas de carga localizada e


as perdas de carga distribuída. No entanto, inicialmente precisamos definir o que é metro
por coluna d’água, a unidade de medida utilizada para o cálculo das perdas do sistema.
Definição de metro de coluna d'água (mca): Metros de água é uma unidade de
medida de pressão, definida como a pressão exercida por uma coluna de água de 1 metro
de altura. Além disso, 10 mca equivalem a 1 bar (unidade de pressão que equivale a
exatamente 100.000 Pascais).
Perda de Carga Localizada: Ocorre em trechos da tubulação onde há presença de
acessórios, sejam eles: válvulas, curvas, derivações, registros ou conexões, bombas,
turbinas e outros. A presença desses acessórios contribui para a alteração de módulo ou
direção da velocidade média do escoamento e, consequentemente, de pressão no local, ou
seja, age alterando a uniformidade do escoamento.
78

Figura 6.5:Perdas de Carga Localizada em PVC.


Fonte: Rodolfo Chengineer.

Figura 6.6: Perda de Carga Localizada em metal.


Fonte: Rodolfo Chengineer.

Exemplo: Para encontrar a perda de carga localizada de um registro de gaveta, em


uma tubulação de PVC de 2’’ (duas polegadas de diâmetro nominal), deve-se analisar a
tabela referente ao material utilizado na encanação, nesse exemplo, será a Figura 6.5.
Com essas informações, encontraremos que a perda localizada do registro de gaveta será
de 0,8 m, e é equivalente à perda de carga distribuída de um tubo de PVC de 0.8 m.
79

Repita o mesmo passo para os demais acessórios e depois some as perdas para encontrar
a perda localizada total.
Perda de Carga Distribuída: Esse tipo de perda de carga ocorre em trechos de
tubulação retilíneos e de diâmetro constante. Ela se dá porque a parede dos dutos retilíneos
causa uma perda de pressão distribuída ao longo de seu comprimento que faz com que a
pressão total vá diminuindo gradativamente, daí o nome perda de carga distribuída.
A perda distribuída é calculada pela seguinte fórmula:
PD = CT × FPD
CT : Comprimento do Tubo (m)
FPD : Fator de perda de carga (%)

O fator de perda de carga é encontrado na Figura 6.7

Exemplo: Uma tubulação possui 84 metros de comprimento total e 2’’ de diâmetro


nominal, considere que a vazão seja de 10 m /h, qual será o fator de perda de carga e a
3

perda distribuída?

Resposta: Ao analisar a Figura 6.7, encontramos que o fator de perda de carga será
de 4.2%. Aplicando esse valor na equação da perda distribuída, encontramos:
PD = CT × FPD
PD = 84 × 4.2% = 84 × 0.042
PD = 3.53 m

Portanto, a perda distribuída será de 3.53 metros.


80

Figura 6.7: Perdas de Carga em tubulações.


Fonte: Bombeiro Oswaldo.

6.5 Dimensionamento Fotovoltaico


6.5.1 Sistema de bombeamento com reservatório
Para o dimensionamento de um sistema fotovoltaico com bomba é preciso saber
duas informações fundamentais: a vazão e a altura manométrica total. Esses valores
ajudarão no dimensionamento da bomba, do inversor e dos painéis fotovoltaicos.
A vazão é conhecida através do consumo necessário da aplicação. Agora, o que
seria a altura manométrica total? Em resumo, a Altura Manométrica Total abrange todas as
perdas de carga (ou pressão) que a bomba precisará vencer para poder transportar a água
por toda a encanação.
81

a) Dimensionamento pelo Curso Bluesun


1º Passo: Calcular a Altura Manométrica Total (AMT)
Equação da Altura Manométrica Total:
AMT = AR + ND + PD + PL

AR = Altura de Recalque (m)


ND = Nível Dinâmico (m)
PD = Perda de Carga Distribuída (m)
PL = Perda de Carga Localizada (m)

● Altura de Recalque (AR): Altura do solo até o ponto mais alto em que haverá o
despejamento da água.
● Nível Dinâmico (ND) ou: É a altura do nível da água do poço até o solo quando a
bomba está ligada.

Figura 6.8: Perdas de Carga Distribuída.


Fonte: BlueSun Solar.
82

Além dos conceitos explicados anteriormente, observando a imagem encontramos


também o Nível Estático e a Profundidade de Instalação da Bomba.
Nível Estático (NE): É a altura do nível da água do poço até o solo quando a bomba
está desligada. O nível estático sempre estará mais próximo do solo do que o nível
dinâmico.
Profundidade de Instalação da Bomba (PIB): É a distância da bomba até o solo, conceito
importante para calcular as perdas distribuídas da tubulação.

Observação: Para um valor mais preciso, existe uma pequena diferença no cálculo
da altura manométrica para bombas helicoidais e centrífugas:
● Bomba helicoidal, vibratória e diafragma: considera-se a altura desde a saída de
água da bomba até o ponto de entrega;
● Bomba centrífuga: considera-se a altura desde o nível dinâmico do poço ou
reservatório até o ponto de entrega.

2º Passo: Escolha Técnica da Bomba


Na escolha da bomba, devemos levar em consideração o local de onde a água será
retirada, a profundidade, a vazão necessária e a altura manométrica total em metros.
Existem dois tipos de bombas, as de superfície e as submersas, o que as diferencia é a
profundidade do poço, para profundidades pequenas utiliza-se a bomba de superfície, para
profundidades grandes utiliza-se a bomba submersa.
Exemplo de bomba submersa: Bomba Solar PRO Samking 0,5HP 3" 3SPF1.5-80 -
até 80m (AMT) ou 9.000 L/dia (Vazão) (Neosolar). HP significa Horse-Power, e é importante
pois nos dá a potência da bomba.
Observação: 1 HP equivale à 735,499 Watts.

Figura 6.9: Bomba.


Fonte: NeoSolar Energia.

Além disso, deve-se analisar a especificação técnica da bomba escolhida. Esse


documento, disponibilizado pelo fabricante, define a faixa de trabalho e a tensão máxima
suportada pela bomba, além de recomendar a potência total dos painéis e como as strings
devem estar dispostos (em série, ou paralelo e a quantidade de painéis em cada string).
83

Tabela 6.1: Especificação Técnica da Bomba 3SPF1.5-80

Fonte: Samking.

Analisando a Tabela 6.1, percebe-se que quanto maior for a AMT, menor será a
vazão e maior será a potência necessária para o funcionamento da bomba.
Algumas marcas possuem uma Tabela que relaciona o tipo de Bomba, a Altura
Manométrica Total e a Vazão da bomba, possibilitando um direcionamento na escolha da
bomba, entretanto, ainda é necessário fazer a análise do documento anterior.

Tabela 6.2: Performance que relaciona a Bomba, AMT e a Vazão

Fonte: NeoSolar Energia.


84

Como essa bomba já possui um driver específico, não é necessário fazer o


dimensionamento do inversor (3º passo). No entanto, apesar do documento de
especificação técnica já definir a quantidade de painéis, a tensão da string de painéis deve
ser compatível com a tensão de funcionamento da bomba.
De acordo com a Tabela 6.1, a bomba possui um range (alcance) de tensão de
entrada, quando estiver trabalhando em sua máxima potência (Vmp), de 40~76V, e sua
tensão de entrada máxima de circuito aberto (Voc) não pode ultrapassar 96V.
O painel solar escolhido para esse sistema fotovoltaico foi o Painel Solar
Fotovoltaico 285W (Upsolar).

Tabela 6.3: Especificação Técnica do Painel Solar.

Fonte: Up Solar.

Esse painel possui uma voltagem de máxima potência de 31.6V e voltagem de circuito
aberto de 40.1V. De acordo com a Tabela 6.1, serão necessários 2 painéis, levando em
consideração a tensão da bomba, podemos dispor esses painéis em série. Nos painéis
solares dispostos em série, soma-se as tensões de cada painel, e a corrente permanecerá a
mesma, portanto:
Painéis em Série
Vmp: 31.6 * 2 = 63.2V
Voc: 40.1 * 2 = 80.2V
Comparando os valores de Vmp e Voc do arranjo com os valores de Vmp e Voc da
bomba conclui-se que os dispositivos são compatíveis.

a)Passo Adicional: Dimensionamento do Inversor


Assim como foi feito no passo anterior, caso seja necessária a utilização de um
inversor, deve ser feita a análise de compatibilidade do range de tensões da bomba e do
inversor utilizando os documentos disponibilizados pelos fabricantes.

Dimensionamento utilizando um Kit de Bomba Solar


● 1º Passo: Cálculo da Altura Manométrica Total
Semelhante ao primeiro passo do dimensionamento anterior, aqui será feito o cálculo da
altura manométrica total.

● 2º Passo: Escolha do Kit de Bomba Solar


Com os valores da Vazão e AMT você apenas precisará escolher qual o kit de bomba
solar que melhor se encaixa ao seu projeto.
Exemplo de kit:
85

Figura 6.10: Kit Bomba Solar.


Fonte: NeoSolar Energia.

6.5.2 Sistema de Bombeamento para irrigação por aspersão


Para sistemas de irrigação, não se faz necessária a utilização de reservatórios,
entretanto, comercialmente, projetam-se sistemas de irrigação com reservatórios que são
separados por válvulas. Nesses sistemas de irrigação são utilizados aspersores, dispositivo
que irriga plantações, jardins e etc..

Figura 6.11: Aspersores.


Fonte: Irrigação.

Além da irrigação por aspersão, existe também a irrigação por gotejamento que vem
crescendo nos últimos anos. Algumas de suas vantagens são a menor perda de água por
evaporação e a menor utilização de água.

1º Passo: Obter as condições necessárias para esse projeto


Normalmente, o agricultor, produtor ou engenheiro agrônomo passará os valores de
vazão, pressão necessária e raio que deve ser irrigado. Ao obter essas informações, você
fará uma análise da tabela Pressão x Vazão do Aspersor que é disponibilizada pelo
fabricante e escolherá a que mais se adequa ao projeto.

Tabela 6.4: Pressão x Vazão do Aspersor


86

Fonte: Bluesun Solar.

Vamos fazer o cálculo da AMT do sistema da figura abaixo, utilizando a primeira


linha da Tabela 6.4, nota-se que o último aspersor deve possuir uma pressão de 20 mca
que é a pressão mínima para o funcionamento do aspersor escolhido para o projeto. Além
disso o material utilizado na encanação é de PVC.

Figura 6.12:Sistema de irrigação por aspersores.


Fonte: BlueSun Solar.

2º Passo: Cálculo da Altura Manométrica Total


Para calcular a AMT, acrescenta-se à equação a pressão do último aspersor para
que a água consiga chegar com a pressão necessária em todos os aspersores.

● Equação da Altura Manométrica Total para sistemas de irrigação:


AMT = AR + ND + PD + PL + Pasp

AR = Altura de Recalque (m)


ND = Nível Dinâmico (m)
PD = Perda de Carga Distribuída (m)
PL = Perda de Carga Localizada (m)
Pasp = Pressão do último Aspersor (m)
87

Observações sobre a Altura de Recalque: Ao analisar a figura, observa-se que não


existe Altura de Recalque, nessa situação ela será 0, no entanto, existem situações em que
essa altura não será nula.

Nível Dinâmico: 5 metros


Perda Distribuída: PD = CT × FPD
O diâmetro da tubulação é 1’’, o sistema possui vazão de 2,0 m /h e o comprimento total do
3

tubo é CT = 8 + 36 = 40. O valor de FPD, encontrado na Tabela 6.4, é de 6.8%, logo:


PD = 40 × 0,068 = 2,72 metros

Perda Localizada: Temos duas curvas de 90º e dois T’s de saída bilateral. As perdas
localizadas são encontradas nas Tabelas 6.2 e 6.3, e vão variar dependendo do material da
encanação. Por ser de PVC, os valores serão obtidos da Tabela 6.2.
Perda Localizada das curvas de 90º = 0,6 metros
Perda Localizada do T de saída bilateral = 3,1 metros
PL(total) = 0,6 * 2 + 3,1 * 2 = 7,4 metros

Pressão do último Aspersor: 20 metros


Portanto, AMT = 0 + 5 + 2,72 + 7,4 + 20 = 35,12 mca

3º Passo: Escolha técnica da Bomba (etapa do “Dimensionamento pelo curso Bluesun”)


Na escolha da bomba, devemos levar em consideração o local de onde a água será
retirada, a profundidade, a vazão necessária e a altura manométrica total em metros. Além
disso, deve-se analisar a especificação técnica da bomba escolhida. Esse documento,
disponibilizado pelo fabricante, define a faixa de trabalho e a tensão máxima suportada pela
bomba, além de recomendar a potência total dos painéis e como os strings devem estar
dispostos (em série, ou paralelo e a quantidade de painéis em cada string).

Passo Adicional: Dimensionamento do Inversor (etapa do “Dimensionamento pelo curso


Bluesun”)
Assim como foi feito no passo anterior, caso seja necessária a utilização de um
inversor, deve ser feita a análise de compatibilidade do range de tensões da bomba e do
inversor utilizando os documentos disponibilizados pelos fabricantes.
88
89

7.0 Inversores Híbridos


Sistemas solares híbridos são aqueles que utilizam mais de uma fonte de energia,
caracterizados principalmente pela capacidade de armazenar a energia produzida em
baterias. Nos sistemas solares híbridos há um componente essencial chamado de inversor
híbrido, nos últimos anos esse componente tem se destacado no mercado pela facilidade de
instalação. Mas o que são inversores híbridos? Neste capítulo iremos falar sobre a função e
suas aplicações.

7.1 Conexão dos Inversores Híbridos


Inversores Híbridos são inversores capazes de gerenciar várias fontes de energia para
armazenar em um banco de baterias. Atualmente, os inversores mais popularizados são os
que trabalham com os painéis fotovoltaicos e a rede elétrica local, no entanto, existem
inversores que também gerenciam outras fontes de energia como aerogeradores e gerador
diesel.
A função de um inversor híbrido é oferecer energia suficiente para todas as cargas
prioritárias, isto é, na ausência de energia da rede ou quando esta apresentar problemas o
inversor automaticamente utiliza a reserva energética do banco baterias, converte a energia
em corrente alternada (CA) e alimenta as cargas prioritárias. Dessa forma, essa tecnologia é
capaz de suprir falhas na rede de energia.
Cargas prioritárias são as cargas que não podem ser desligadas, por exemplo,
aparelhos usados em tratamentos de saúde ou ainda essas cargas podem ser escolhidas
também por uma questão de conforto do cliente. Observe o esquema na figura abaixo:

Figura 7.1: Conexão de um sistema com inversores híbridos.


Fonte: INRI UFSM.

Nesse esquema, tem-se o inversor híbrido que possui como fontes energéticas os
painéis fotovoltaicos e a rede elétrica. Em situações de falha da rede elétrica, os painéis
fotovoltaicos e a energia armazenada no banco de dados são responsáveis por alimentar as
cargas prioritárias no tempo estipulado no projeto.
Uma das principais vantagens desse sistema é o fato de que o banco de baterias ter
a possibilidade de ser carregado tanto pelos painéis fotovoltaicos quanto pela rede. Além
disso, consumidores que optam por sistemas híbridos possuem uma independência
energética mais abrangente, pois a energia continua sendo usada mesmo em casos de falhas
da rede elétrica.
Quando a rede elétrica e os painéis fotovoltaicos estão funcionando simultaneamente,
a energia vinda da rede elétrica ao chegar no inversor é monitorada e verificada e, após isso,
90

ela carrega as cargas prioritárias e a reserva energética. O mesmo ocorre com os painéis,
por isso, em alguns inversores, é necessário escolher qual é a fonte de energia prioritária.
7.2 All in One
All in one significa “todos em um”, isto é, conectar nos inversores híbridos apenas uma
fonte de energia. Isso acontece em muitos casos de sistemas off-grid: em vez de utilizar
inversor e controlador de carga separadamente, optou-se por utilizar o inversor híbrido, para
isso basta escolher a prioridade do inversor para energia solar. Há outros casos em que
sistemas solares híbridos All in One contam com um inversor interativo* e outro autônomo,
além de um sistema de banco de baterias, indicado para casos em que as baterias devem ter
autonomia de até 8 horas. Esse sistema possui arquitetura modular e permitem ampliações
para melhor se adaptar às diferentes situações.
a) O inversor interativo funciona como nos sistemas on-grid. Já o inversor autônomo está
conectado apenas a rede para alimentar as baterias e atender as cargas prioritárias
em caso de necessidade.
b) No Brasil, não há regulamentação para um inversor interagir com a rede e ser
conectado também ao banco de baterias. Dessa forma, o inversor autônomo não
interage com a rede, apenas verificar sua frequência.
Como os demais sistemas, os híbridos apresentam algumas desvantagens como o
custo elevado em comparação a inversores que não são híbridos e, também, do elevado
custo do banco de baterias. Além disso, como os sistemas híbridos possuem mais
equipamentos, sua instalação é mais complexa, necessitando um espaço físico maior. Assim,
cabe ao projetista avaliar qual sistema oferece um maior custo benefício.

Exercício Resolvido:

1. Dimensione o inversor e o banco de baterias para manter as cargas para um sistema


híbrido all in one, que possui um inversor interativo (conectado ao sistema on-grid),
um inversor autônomo e um banco de baterias. Escolha o inversor autônomo e a
bateria mais adequada para manter as cargas por 6 horas. Os equipamentos com
carga prioritária estão apresentados no quadro 1.
Resolução:
Para dimensionar um inversor híbrido, deve-se escolher os equipamentos com carga
prioritária, determinar o tempo de autonomia em caso de falha na rede elétrica e montar uma
tabela como o exemplo a seguir. Note que o tempo de uso da geladeira é de apenas 2 horas,
isso ocorre porque ela funciona apenas 1/3 do período como indicam os fabricantes.
Tabela 7.1: Tabela para dimensionamento de sistemas com inversores híbridos.

Equipamentos com Quant. Potência Tempo de Consumo Tipo CC/CA


cargas prioritárias Unitária(W) Uso(H) (Wh)

Geladeira 1 500 W 2h 1000 Wh CA

Notebook 1 90W 6h 450 Wh CA

Lâmpada 5 5W 6h 150 Wh CA

Roteador 1 10 W 6h 60 Wh CA
Fonte: Autoria própria.
91

Dessa forma, a potência total é:


Potência total = (500W + 90 W + 5 W + 10 W) x 1.3 = 787 W
Consumo Total = 1660Wh/0.9 =1845Wh

Observações importantes:
a) Note que 1.3 é o fator de segurança de 30%.
b) Como o inversor não tem uma eficiência 100%, utiliza-se o fator de correção 0.9.
Nesse caso, o inversor precisa de uma potência acima de 787W. Um fato interessante dos
inversores híbridos é que a potência de surto de inversores híbridos é até 3 vezes maior que
a sua potência nominal. Para dimensionar o banco de bateria o consumo total deve estar em
Ah. Assim, dividimos o consumo total por 12V.
Corrente Total corrigida (Ah) = 2845/12 = 154Ah
Ao dividir o consumo total pelo número de horas, obtemos o consumo por hora:
Corrente média drenada da bateria (Ah) = 154 Ah/6 = 26Ah
Agora, basta consultar o quadro produzido empiricamente pela fabricante de baterias que
relaciona o número de horas de autonomia com a corrente. O quadro abaixo é das baterias
da fabricante Freedom. É importante consultar essa tabela porque a relação entre esses
números não é proporcional, é obtida por experimentação e exclusivo de cada fabricante.

Figura 7.2: Tabela com modelos de bateria com a relação de número de horas com a corrente.
Fonte: BlueSun Solar.
Note que esse rendimento da bateria é para 25°C, se essa temperatura for maior ela vai
disponibilizar uma corrente um pouco menor. Dessa forma, observa-se que a bateria mais
adequada é a DF4001, uma vez que ela possui uma corrente de descarga de 30 A durante 6
horas.
Exercícios Propostos
1. Qual a função de um inversor híbrido?
2. Marque verdadeiro ou falso.
( ) Sistemas off-grid podem ser projetados com inversores híbridos.
92

( ) O inversor conectado a um banco de baterias pode interagir com a rede elétrica


local.
( ) O tempo de corrente de descarga em diferentes regimes é proporcional.

3. Dimensione o inversor e a bateria para manter as cargas para um sistema híbrido all
in one que possui um inversor interativo (conectado ao sistema on-grid), um inversor
autônomo e um banco de baterias. Escolha o inversor autônomo e a bateria mais
adequada para manter as cargas por 4,5 horas. Utilize a planilha de corrente de
descarga fornecida pelo fabricante do exercício resolvido. Os equipamentos com
carga prioritária estão apresentados no quadro abaixo.

Tabela 7.2: Tabela para dimensionamento da questão anterior.

Equipamentos com Quant. Potência Tempo de Consumo Tipo CC/CA


cargas prioritárias Unitária(W) Uso(H) (Wh)

Geladeira 1 400 W 1,5 h CA

Notebook 1 90W 4,5 h CA

Lâmpada 5 5W 4,5 h CA

Roteador 1 10 W 4,5 h CA

Televisão 1 150 W 4,5 h CA


Fonte: Autoria própria.
93

Referências

• Blog Vinicius Ayrão: viniciusayrao.com.br

• BlueSol: www.bluesol.com.br

• Cadernos Temáticos ANEEL – Micro e Minigeração Distribuída: Sistema de

Compensação de Energia Elétrica.: www.aneel.gov.br

• Canal Solar: canalsolar.com.br

• Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica: https://www.aneel.gov.br/

• Curso de Treinamento Online da BlueSun: www.bluesunsolardobrasil.com.br

• Grugeen: www.grugeen.eng.br

• Mundo da Elétrica: www.mundodaeletrica.com.br

• NeoSolar: www.neosolar.com.br

• Omel: https://www.omel.com.br

• Portal VC Solar: www.vocesolar.com.br

• Vida de Cora: www.vivadecora.com.br

• View Tech: www.viewtech.ind.br

• WebArCondicionado: www.webarcondicionado.com.br
5. EXEMPLOS DE FATURAMENTO PELO SISTEMA DE CONPENSAÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA

No intuito de demonstrar a dinâmica do sistema de compensação de energia


elétrica, neste capítulo serão apresentados os faturamentos hipotéticos de 4
situações possíveis.

5.1 Consumidor do grupo B (baixa tensão)

Neste primeiro exemplo, vamos considerar a existência de uma unidade


consumidora trifásica (custo de disponibilidade igual ao valor em reais
equivalente a 100 kWh), localizada na cidade de Belo Horizonte, que tenha
instalado equipamentos de microgeração solar fotovoltaica com potência de 2
kW (pico), e cujo consumo médio mensal seja de 418 kWh.

Para efeitos de cálculo, foi utilizada a tarifa de 0,51 R$/kWh da Cemig, sem a
incidência de impostos federais e estaduais (PIS/COFINS e ICMS).

Com base nos níveis mensais de irradiação solar na localidade, foi estimada para
a unidade consumidora (UC) a geração de energia (injetada), conforme
apresentado na tabela a seguir.

Tabela 1 - Consumo e geração no primeiro trimestre

Consumo Injetado Crédito


acumulado Fatura sem Fatura com Diferença
Mês (kWh) (kWh) GD* GD*
(kWh)
Jan 330 353 23 R$ 168,30 R$ 51,00 R$ 117,30
Fev 360 360 23 -23 R$ 183,60 R$ 51,00 R$ 132,60
Mar 460 335 0 R$ 234,60 R$ 52,02 R$ 182,58
Fatura março = (Consumo – Injetado – Crédito utilizado) x Tarifa energia
Fatura março = (460 – 335 – 23) x 0,51 = R$ 52,02

Conforme pode ser observado no quadro anterior, no mês de janeiro o consumo


da unidade consumidora (330 kWh) foi menor do que a energia ativa injetada na

19
rede (353 kWh), resultando disso um crédito (23 kWh) a ser utilizado em
faturamento posterior. No mês de janeiro, portanto, o faturamento será apenas
pelo custo de disponibilidade. Como esse custo é o valor em reais equivalente a
100 kWh, para uma tarifa de 0,51 R$/kWh, o custo de disponibilidade será de R$
51,00.

No mês de fevereiro, a energia ativa injetada na rede (360 kWh) foi igual ao
consumo medido. Dessa forma, o crédito do mês anterior não foi aproveitado (e,
novamente, a UC foi faturada pelo custo de disponibilidade).

Em março, o consumo (460 kWh) foi maior do que a energia ativa injetada na
rede (335 kWh), circunstância que propiciou a utilização do crédito de 23 kWh
gerados no mês de janeiro.

O perfil anual de consumo e geração da unidade consumidora hipotética está


retratado na Tabela 2.

Tabela 2 - Consumo e geração no ano

Consumo Injetado Crédito


acumulado Fatura sem Fatura com Diferença
Mês (kWh) (kWh) GD* GD*
(kWh)
Jan 330 353 23 R$ 168,30 R$ 51,00 R$ 117,30
Fev 360 360 23 R$ 183,60 R$ 51,00 R$ 132,60
Mar 460 335 0 R$ 234,60 R$ 52,02 R$ 182,58
Abr 440 357 0 R$ 224,40 R$ 51,00 R$ 173,40
Mai 450 333 0 R$ 229,50 R$ 59,67 R$ 169,83
Jun 390 308 0 R$ 198,90 R$ 51,00 R$ 147,90
Jul 350 360 10 R$ 178,50 R$ 51,00 R$ 127,50
-6
Ago 476 370 4 R$ 242,76 R$ 51,00 R$ 193,80
-4
Set 484 380 0 R$ 246,84 R$ 51,00 R$ 183,60
Out 480 378 0 R$ 244,80 R$ 52,02 R$ 192,78
Nov 430 338 0 R$ 219,30 R$ 51,00 R$ 168,30
Dez 390 332 0 R$ 198,90 R$ 51,00 R$ 147,90
Total 5.100 4.204 - R$ 2.560,20 R$ 622,71 R$ 1.937,49

Fatura agosto = (476 – 370 – 6) x 0,51 = R$ 51,00

Nota-se que, no mês de julho, novamente o consumo (350 kWh) foi menor do que
a energia ativa injetada na rede (360 kWh), o que gerou um crédito de 10 kWh.

20
Já no faturamento de agosto, a energia injetada foi de 370 kWh e o consumo foi
maior (476 kWh). A diferença entre o consumo e a geração (106 kWh) seria,
portanto, o valor a faturar naquele mês. Todavia, há 10 kWh de créditos gerados
no mês anterior (julho) e, assim sendo, eles podem ser utilizados para abater o
valor a faturar.

Nesse caso, no entanto, basta que sejam utilizados 6 kWh (dos 10 kWh de crédito)
para que a quantidade de kWh a faturar seja igual à quantidade mínima que deve
ser faturada (100 kWh – custo de disponibilidade). Logo, sobrariam ainda 4 kWh
de créditos que o consumidor utilizará no mês em que necessitar (no exemplo, em
setembro).

Em resumo, nos meses em que o consumo for igual ou inferior à energia injetada
na rede (janeiro, fevereiro e julho, no exemplo), ou quando, embora maior o
consumo, a diferença for menor ou igual a 100 kWh (abril, junho, agosto,
setembro, novembro e dezembro, no exemplo), a UC será faturada apenas pelo
custo de disponibilidade.

Ressalta-se aqui que não foram consideradas as eventuais incidências de


impostos (ICMS e PIS/COFINS), conforme item 3.6. Dessa forma, nos Estados que
ainda não aderiram ao Convênio ICMS 16, de 2015, aprovado pelo CONFAZ, é
possível que a economia total anual na fatura de energia elétrica seja inferior
àquela apresentada na Tabela 2.

5.2 Consumidor do grupo A (alta tensão)

Neste segundo exemplo, vamos considerar uma unidade consumidora comercial


na cidade de Fortaleza, com as seguintes características:

?
Tensão: 13,8 kV;
?
Tarifa: Azul;
?
Demanda na Ponta: 100 kW;
?
Demanda Fora da Ponta: 400 kW;
?
Potência instalada de minigeração: 350 kW (pico).

21
Para as unidades consumidoras que dispõem de tarifa horária, a energia injetada
deve ser utilizada, prioritariamente, para abater o consumo mensal no mesmo
período (ponta ou fora ponta). Caso haja sobra, esse saldo será utilizado para
reduzir o consumo no outro posto tarifário, após a aplicação de um fator de ajuste.

Tabela 3 - Consumo no mês de janeiro

Consumo Ponta Injetado Ponta Consumo fora Ponta Injetado fora Ponta
Mês (kWh) (kWh) (kWh) (kWh)

Jan 7.895 0 54.743 57.645

Consumo > Injetado Consumo < Injetado

Crédito fora Ponta


Líquido Ponta = Consumo -
Injetado - Crédito
Fator Ajuste

Crédito Ponta

No exemplo em questão, houve um excedente de energia injetada na rede no


período fora de ponta. Esse saldo, para abater o consumo do período de ponta,
deve ser submetido ao fator de ajuste. O fator de ajuste é o resultado da divisão do
valor de uma componente da tarifa (a componente TE – Tarifa de Energia) de
ponta pela fora de ponta (nos casos do excedente ser originado no posto tarifário
ponta), ou da tarifa fora de ponta pela tarifa de ponta, quando o excedente surgir
no posto fora de ponta.

22
Tabela 4 - Aplicação do fator de ajuste no mês de janeiro

TE - Coelce
Fator Subgrupo Ponta (P) Fora de Ponta (FP) Relação

Ajuste R$/MWh R$/MWh FP/P P/FP


A4 (2,3 a 25 kV) 345,99 212,93 0,62 1,62

(Injetado fora ponta – Consumo fora ponta) x Fator Ajuste =


Crédito ponta
(57.645 - 54.743) x 0,62 = 1.799 kWh

Aplicado o fator de ajuste no nosso exemplo, resultou um crédito de 1.799 kWh a


ser utilizado na ponta, a fim de abater o consumo daquele posto tarifário.

(Líquido ponta => 7.895 - 1.799 = 6.096 kWh)

Tabela 5 - Faturamento do mês de janeiro após a aplicação do Fator de Ajuste

Consumo Injetado Consumo Injetado Líquido Líquido


Mês Ponta Ponta Fora Ponta Fora Ponta Ponta Fora Ponta
(kWh) (kWh) (kWh) (kWh) (kWh) (kWh)
Jan 7.895 0 54.743 57.645 6.096 0

Energia (TE + TUSD)


Subgrupo Ponta Fora de Ponta
R$/MWh R$/MWh
A4 (2,3 a 25 kV) 375,88 242,82

(Líquido ponta x Tarifa ponta) + (Líquido fora ponta x Tarifa fora ponta) =
(6.096 x 0,37588) + (0 x 0,24282) = R$ 2.291,36

Considerando 12 meses de faturamento, representados na Tabela 6, haverá


créditos de energia excedente no horário fora de ponta nos meses de janeiro,
fevereiro e outubro, os quais serão utilizados para reduzir o consumo no horário
de ponta, após a devida aplicação do fator de ajuste.

23
Tabela 6 - Líquido na ponta e Líquido fora de ponta

Consumo Geração Consumo Geração Líquido Líquido Fatura


Mês Ponta Ponta Fora Ponta Fora Ponta Ponta Fora Ponta Energia com Economia
(kWh) (kWh) (kWh) (kWh) (kWh) (kWh) GD

Jan 7.895 0 54.743 57.645 6.096 0 2.291 13.969

Fev 8.201 0 51.460 60.480 2.609 0 981 14.598

Mar 13.954 0 64.489 57.645 13.945 6.844 6.904 13.997


Abr 20.477 0 74.511 55.965 20.477 18.546 12.200 13.589

Mai 20.428 0 71.332 56.280 20.428 15.052 11.333 13.666

Jun 20.738 0 83.669 55.755 20.738 27.914 14.573 13.538

Jul 20.727 0 82.805 59.220 20.727 23.585 13.518 14.380

Ago 18.011 0 80.491 62.685 18.011 17.806 11.094 15.221

Set 19.267 0 71.678 62.895 19.267 8.783 9.375 15.272

Out 17.597 0 62.865 63.315 17.318 0 6.509 15.370

Nov 17.980 0 71.298 62.160 17.980 9.138 8.977 15.094

Dez 19.800 0 75.825 57.960 19.800 17.865 11.780 14.074

5.3 Consumidor do grupo B (baixa tensão) com outras unidades consumidoras –


autoconsumo remoto.

Consideremos agora que o consumidor do item 5.1 possua outras unidades


consumidoras (UC2 e UC3), também do grupo B, localizadas na mesma área de
concessão (Cemig). UC2 e UC3 são atendidas por circuitos trifásicos, portanto, o
custo de disponibilidade aplicável a elas será o valor em reais equivalente a 100
kWh. Como a tarifa utilizada no exemplo é de 0,51 R$/kWh, esse custo de
disponibilidade, quando aplicável, será de R$ 51,00.

Consideremos, ainda, que tal consumidor optou por instalar uma microgeração
com potência maior, equivalente a 10 kW (pico), com o intuito de utilizar os
créditos remanescentes da unidade com microgeração (UC1) em suas outras
unidades (UC2 e UC3).

24
Para este exemplo, o consumidor indicou para a distribuidora o percentual da
energia excedente da UC1 que será utilizado para compensar o consumo da UC2
(70%) e da UC3 (30%).

As Tabelas 7 e 8 apresentam um resumo dos consumos, da energia injetada, dos


créditos alocados, dos consumos faturados e da dinâmica dos créditos para os três
primeiros meses do ano nessas três unidades consumidoras.

Tabela 7 - Transferência de créditos entre as unidades consumidoras UC1 e Uc2

Consumo Injetado Energia Consumo Consumo Crédito Crédito Crédito Energia


Mês UC1 UC1 exedente faturado UC2 alocado utilizado acumulado faturada
(kWh) (kWh) UC1 (kWh) UC1 (kWh) (kWh) UC2 (kWh) UC2 (kWh) UC2 (kWh) UC2 (kWh)

Jan 330 1.764 1.434 100 990 1.004 890 114 100

Fev 360 1.863 1.503 100 1.080 1.052 980 186 100

Mar 460 1.900 1.440 100 1.380 1.008 1.194 0 186

Tabela 8 – Alocação de créditos e faturamento da unidade consumidora UC3

Consumo Crédito Crédito Crédito Energia


Mês UC3 alocado utilizado acumulado faturada
(kWh) UC3 (kWh) UC3 (kWh) UC3 (kWh) UC3 (kWh)

Jan 495 430 395 35 100

Fev 540 451 440 46 100

Mar 690 432 478 0 212

Da Tabela 7 pode-se observar que, para o mês de janeiro, a injeção na UC1 (1764
kWh) foi maior que seu consumo (330 kWh); portanto, a energia excedente nesse
mês foi de 1434 kWh (1764-330), a qual será alocada para demais unidades
conforme os percentuais pré-estabelecido pelo consumidor (70% para UC2 e 30%
para UC3). Assim, o consumo a ser faturado na UC1 será de 100 kWh, referente ao
custo de disponibilidade.

Para a UC2, como foi alocada maior quantidade de energia em janeiro (1004 kWh)
do que o consumo medido (990 kWh), utilizaram-se 890 kWh dos créditos de
forma a faturar apenas o valor do custo de disponibilidade e o restante foi
acumulado para uso nos meses seguintes (1004- 890 = 114 kWh).

25
A Tabela 8 ilustra o faturamento para a UC3 e, para janeiro, o consumo (495 kWh)
foi ligeiramente superior ao crédito alocado (430 kWh), resultando na utilização
de parte desse crédito (395 kWh), acúmulo de 35 kWh para uso nos meses
seguintes e pagamento de 100 kWh, equivalente ao custo de disponibilidade.

Conforme ilustrado nas Tabelas 7 e 8, o consumo a ser faturado para a UC1 será
igual ao custo de disponibilidade (100 kWh x 0,51 R$/kWh = R$ 51,00) para os
meses de janeiro a março, uma vez que a injeção de energia supera o consumo.

Para a UC2, após a alocação dos créditos, o consumo a ser faturado é o custo de
disponibilidade para janeiro e fevereiro, uma vez que havia mais crédito (alocado
+ acumulado) que consumo medido nesses meses, e, para março, como o
consumo medido foi superior aos créditos, o consumo a ser faturado pode ser
calculado da seguinte forma:

Consumo faturado março UC2 = 1380 kWh (consumo medido) – 1008 kWh
(crédito alocado) – 186 kWh (crédito acumulado até fevereiro) = 186 kWh

Fatura março UC2 = 186 kWh x 0,51 R$/kWh = R$ 94,86

Para a UC3, as faturas de janeiro e fevereiro também serão iguais ao custo de


disponibilidade, e, para março, assim como para a UC2, o consumo também
superou os créditos alocados e acumulados nos meses anteriores, podendo ser
obtido da seguinte forma:

Consumo faturado março UC3 = 690 kWh (consumo medido) – 432 kWh (crédito
alocado) – 46 kWh (crédito acumulado até fevereiro) = 212 kWh

Fatura março UC3 = 212 kWh x 0,51 R$/kWh = R$ 108,12

Deve-se ressaltar que não foram consideradas as eventuais incidências de


impostos (ICMS e PIS/COFINS) nos cálculos dos valores das faturas das unidades
consumidoras.

26
5.4 Condomínio com geração distribuída

Consideremos que um condomínio comercial é atendido em alta tensão (Grupo A)


e possui 4 lojas instaladas dentro do mesmo local, as quais são atendidas em baixa
tensão (Grupo B).

Para tanto, serão consideradas as mesmas características técnicas do exemplo 5.2


para a unidade consumidora condomínio, ou seja:

?
Tensão: 13,8 kV;
?
Tarifa: Azul;
?
Demanda na Ponta: 100 kW;
?
Demanda Fora da Ponta: 400 kW;
?
Potência instalada de minigeração: 350 kW (pico).

Conforme estabelecido no art. 7º da REN nº 482/2012, o titular da unidade


consumidora condomínio informou à distribuidora a seguinte distribuição
percentual do excedente de energia produzido pela minigeração, conforme
Tabela 9:
Tabela 9 – Distribuição percentual dos créditos entre as unidades do condomínio

UC UC1 UC2 UC3 UC4


Condominio

Crédito Alocado 60% 10% 10% 10% 10%

É importante destacar que os créditos gerados pela micro ou minigeração


instalada no condomínio (empreendimento de múltiplas unidades consumidoras)
podem ser divididos pelos condôminos sem a necessidade de se abater o
consumo total da área comum, cabendo ao titular da unidade consumidora
definir o rateio dos créditos dentre os integrantes do condomínio.

Além disso, para o caso de condomínios, o excedente de energia é igual à energia


injetada na rede e, como previsto na seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST, o
consumidor pode optar pela instalação de dois medidores unidirecionais ao invés
de um bidirecional, de forma a medir a energia gerada e a consumida
separadamente.

27
Esta alternativa é interessante para os condomínios, pois a carga da área comum
pode ser superior à energia gerada e, nesse caso, não haveria injeção de energia
na rede, inviabilizando a alocação dos créditos entre os condôminos.

Quando a unidade consumidora que recebe créditos for faturada na modalidade


convencional (sem postos tarifários, como o Grupo B, por exemplo), não deve ser
observada nenhuma relação entre valores de tarifa de energia, podendo o crédito
alocado ser usado integralmente na própria unidade consumidora.

Com isso, as Tabelas 10, 11 e 12 apresentam os dados de consumo, geração e


alocação dos créditos.
Tabela 10 – Dados da UC condomínio

Consumo Consumo Injetado Crédito Consumo faturado


Mês ponta fora ponta fora ponta alocado fora ponta
(kWh) (kWh) (kWh) (kWh) (kWh)

Jan 7.895 54.743 57.645 34.587 20.156

57.645 x 60% = 34.587 54.743 – 34.587 = 20.156

Tabela 11 – Alocação dos créditos para UC2 e UC3

Consumo Crédito Consumo Consumo Crédito Consumo


Mês UC1 (kWh) alocado faturado UC2 (kWh) alocado faturado
UC1 (kWh) UC1 (kWh) UC2 (kWh) UC2 (kWh)

Jan 6.000 5.765 235 5.200 5.765 100

Crédito acumulado = 5765 – 5200 = 565 kWh

Tabela 12 – Alocação dos créditos para UC3 e UC4

Consumo Crédito Consumo Consumo Crédito Consumo


Mês UC3 (kWh) alocado faturado UC4 (kWh) alocado faturado
UC3 (kWh) UC3 (kWh) UC4 (kWh) UC4 (kWh)

Jan 6.265 5.765 500 5.600 5.765 100

Crédito acumulado = 5765 – 5600 = 165 kWh

28
Encerrada a compensação de energia dentro do mesmo ciclo de faturamento, os
créditos remanescentes devem permanecer na unidade consumidora a que
foram destinados.

Por fim, deve-se ressaltar que a unidade consumidora condomínio (Grupo A)


deverá pagar pela demanda contratada (100 kW na ponta e 400 kW fora da
ponta), pelo consumo faturado na ponta (7.895 kWh) e pelo consumo faturado
fora da ponta após a compensação dos créditos (20.156 kWh). Para as demais
unidades integrantes do condomínio (Grupo B), aplicam-se apenas o consumo
faturado após a alocação dos créditos, sendo iguais ao custo de disponibilidade
para as UC2 e UC4, e 235 kWh (UC1) e 500 kWh (UC3).

É importante também destacar que a quantidade de créditos recebida pelas


unidades consumidoras dos condôminos (Grupo B) não sofre influência devido à
diferença tarifária entre as tarifas de suas unidades e as tarifas da unidade
consumidora condomínio (Grupo A).

5.5 Geração compartilhada

A alocação dos créditos para as unidades consumidoras integrantes de


cooperativa ou consórcio responsável por uma geração compartilhada segue o
mesmo princípio adotado no exemplo 5.3 para o autoconsumo remoto.

Com isso, o excedente de energia, que é a diferença positiva entre a energia


injetada e a consumida, pode ser alocado para abater o consumo das unidades
consumidoras que integram a geração compartilhada.

Cabe ao titular da unidade consumidora com a geração distribuída informar à


distribuidora o percentual da energia excedente a ser alocado para cada unidade
integrante da cooperativa ou consórcio.

O valor a ser faturado de cada consumidor é a diferença entre a energia


consumida e os créditos alocados no mês para a unidade consumidora,
considerando-se também eventuais créditos de meses anteriores, sendo que,

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