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PROCESSO Nº 2020.11.01.00002326
ORIGEM: POLÍCIA MILITAR DA BAHIA
INTERESSADO(A): 'FERNANDA SILVA OLIVEIRA'
ASSUNTO: PENSÃO ESPECIAL
PARECER Nº PA-NPE-559-2020 DE 01 DE DEZEMBRO DE 2020
PENSÃO ESPECIAL. ÓBITO EM EVENTO PROMOVIDO
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR. LEI Nº 222/49 COM
REDAÇÃO DA LEI Nº 2026/64. NÃO SATISFAÇÃO DOS
REQUISITOS LEGAIS. O óbito natural ocorrido em evento
voluntário promovido pela Corporação Militar, com logística
compatível com evento, não se enquadra na hipótese legal para
concessão de pensão especial, em que necessário, para sua
concessão, que o óbito tenha decorrido de agressão não
provocada ou de acidente decorrente do cumprimento do dever
na defesa das instituições, da sociedade, da ordem ou do erário
público. Pelo indeferimento.
Trata-se de requerimento de pensão especial, formulado por FERNANDA SILVA OLIVEIRA, viúva do
militar Sd PM STÉLIO GOMES DA SILVA, matrícula nº 30.391.300-3, em nome próprio e em favor das
suas filhas Steyce Vitória Oliveira Gomes e Sophia Oliveira Gomes, em razão do falecimento do militar
durante corrida promovida pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, no município de Jequié, denominada
“Corrida de Fogo”.
Com efeito, conforme se dessume dos autos, em especial do IPM nº CIPE-CENTRAL/CSO 049/12/2019,
instaurado para apurar as circunstâncias em que ocorrera o óbito do militar, constatou-se que:
i. o 8° GBM/Jequie enviou um oficio ao Comandante da CIPE/Central, convidando os militares
para participarem da “10a Corrida do Fogo”, que foi realizada em 01 Dez 19, por volta das
07h30, sob a organização da referida OBM, e que, em atendimento ao convite, alguns voluntários
da Polícia Militar se prontificaram a representar a instituição, dentre eles, o SD Pm Stélio Gomes
da Silva.
ii. que o evento “lúdico” já ocorre há mais de 10 (dez) anos e que foram adotadas todas as
providências necessárias para o evento, com postos de hidratação, resfriamento dos atletas,
alongamento e aquecimento, bem como acompanhamento de viaturas, atendimento por
ambulância para os casos de necessidade, e que se trata de evento meramente representativo,
tendo sido esclarecido aos militares participantes que aqueles que não se sentirem bem, poderiam
embarcar nas viaturas que acompanham o evento;
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iii. que durante o evento o Sd PM Stélio Gomes da Silva passou mal, tendo sido adotado imediato
atendimento do militar, com encaminhamento ao Hospital Geral Prado Valadares;
iv. o militar veio a óbito na data de 04.12.19 após uma série de complicações, sendo detectado
infarto agudo do miocárdio, rabdomiólise e insuficiência renal aguda, sendo a causa da morte a
falência múltipla de órgãos.
Após a regular instrução do feito, vieram os autos a essa Procuradoria para emissão de opinativo conclusivo.
É o relatório.
A Pensão Especial está disciplinada, de forma geral, pela Lei 222 de 17.12.49, com as modificações que lhe
foram introduzidas pelas Leis nº 2.026/64, 2.485/67 e 3.487/76.
Registre-se ainda que em 30/01/75, adveio a Lei nº 3.374 tratando sobre este benefício com relação aos
servidores policiais civis do Estado da Bahia, não se referindo, no entanto à pensão especial para servidores
militares.
Nestes termos, a matéria deve ser apreciada sob a ótica da Lei nº 222/49 e suas alterações posteriores.
Após as modificações introduzidas pela Lei nº 2.026, de 04/06/64, o artigo 1º e seus § § 1º e 2º da Lei 222,
de 17.12.49 passaram a ter as seguintes redações:
“Art. 1º. A esposa não desquitada e na falta desta a companheira, aos filhos menores de qualquer
condição e aos maiores inválidos exclusivamente dependentes da economia paterna, de funcionários da
magistratura, de serventuários da Justiça ou de autoridades policiais que morrerem em conseqüência
de agressão não provocada ou de acidente decorrente do cumprimento do dever na defesa das
instituições, da sociedade, da ordem ou do erário público, o Estado assegurará uma pensão especial
equivalente ao total dos seus vencimentos.
§ 1º. A pensão prevista neste artigo será dividida em duas partes iguais cabendo uma à esposa ou
companheira, sendo a outra subdividida pelos filhos em quinhões iguais.
§ 2º. Se o falecido não deixar esposa ou companheira, se aquela ou esta falecer, contrair novas núpcias
ou se ficar companheira de outro ou for nomeada para cargo público remunerado, a parte que lhe
caberia será destinada aos filhos do falecido.
Apenas a título de registro, veja-se ainda que, nos termos da Lei Federal nº 13.459/19 e Lei Estadual nº
14.186/20, continuam vigentes as normas estaduais derredor de pensão até 31.12.21.
Portanto, do texto expresso da Lei 222/49, infere-se que a pensão em comento constitui um benefício
especialíssimo, distinto da pensão previdenciária comum, por isso mesmo, independente e com ela
cumulável, somente devida quando o servidor vier a falecer pelo cumprimento do seu dever funcional.
Observa-se, outrossim, que o elemento objetivo da morte, em serviço ou não, é insuficiente para
fundamentar a concessão da pensão especial. Deve estar presente, também, a relação de causalidade
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suficiente para a concessão da pensão especial, sendo necessário que o óbito tenha ocorrido em
face de acidente decorrente do cumprimento do dever na defesa da sociedade.
No caso em questão, o acidente foi uma fatalidade que não se relaciona diretamente com o
desempenho das funções do falecido servidor na defesa da sociedade ou no cumprimento do
dever. Situação diversa seria, por exemplo, a da morte que resultasse de acidente em
perseguição a marginais.”
Convém ainda destacar que a situação delineada nos autos também não se afigura como aquela examinada
no Processo nº PgeNet 2014.02.2306 (0504140394384), em que alguns Polícias Militares passaram mal
durante um treinamento no Curso de Operações Especiais, vindo a óbito três deles, na medida em que no
Inquérito Policial Militar instaurado para apurar as circunstâncias em que ocorreram os fatos, restara
demonstrado que o treinamento fora realizado em condições não apropriadas o que contribui para o óbito
dos militares.
Nestes termos, pode-se constatar que o infortúnio que acometeu o militar na hipótese dos autos, poderia
ocorrer com qualquer cidadão, servidor ou não, militar ou não. E a pensão previdenciária é a conseqüência
lógica do óbito do servidor, a amparar os seus dependentes, sem que se questione a relação de causa e efeito
entre o óbito e a atividade exercida.
Vê-se, pois, claramente, a preocupação do legislador, nas hipóteses de falecimento do servidor em
decorrência do cumprimento do dever policial militar, restando prevista a pensão especial que, pelo seu
próprio nome, especial, é destinada àquele policial que morre em conseqüência de sua atividade, de extremo
risco
.
Por todo o exposto, infelizmente, inexistindo os elementos necessários à concessão da Pensão Especial
prevista na Lei nº 222/49 com redação da Lei nº 2.026/64, deve ser indeferido o pleito.
Com estas considerações, submeto à análise da i. Procuradora Assistente.
PROCURADORIA ADMINISTRATIVA, 01 de Dezembro de 2020.
Paula Fernanda Silva Fernandes
Procuradora do Estado
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Documento assinado eletronicamente por PAULA FERNANDA SILVA FERNANDES:79613195300, em 01/12/2020, às 17:38:44, com
fundamento no art. 13º, Incisos I e II, do Decreto nº 15.805, de 30 de dezembro de 2014.
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