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Luiz Costa Lima Organizagao, selecdo ¢ introdugao Mano %3,0 T 314 oi 34d. id Teoria da literatura em suas fontes Vol. 2 3 edigao CIVILIZAGKO BRASILEIRA Rio de Janeiro 2002 COPYRIGHT © Linz Gata Lia, 2002 on, ith Grumach aks, LUNIVERSIOADE FEDERAL DE UBERLANDIA BE gramach Jo de Sona Lowe BIBLIOTECA sispuUFU 23717 ‘CAP-BRASIL. CATALOGACAO NA FONTE, GRDICATO NACIONAL DOS EDITORES DELIVROS,R} “Teoria da literatura em suas fontes, vol. 2/ selegdo, introdu- ry Te CTRL ie Cae Una“ oe Sete baie 2. Ind iin ant 0 1 Lnertra Fn, 2. Ltn ~ Hai en LR com 1987 cop sot bars Bo on ‘Todds os direitos reservados. Proibida a reprodugio, armazenamento ox roses cdo de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prév ‘autorizagio por escrito. Dircivus deta ediggo adguirdos pela EDITORA CIVILIZAGAO BRASILEIRA tum selo da DISTRIBUIDORA RECORD DE SERVIGOS DE IMPRENSA §:A- aaerArenting 171, Sio Crist6vie, Rio de Janeiro, Ry Bras, 20921-360 Tels (21) 2585-2000 PEDIDOS PELO REEMBOLSO POSTAL, Caixa Postal 23.052, Rio de Janeiro, RJ ~ 20922-970 Impresso no Brasil 2002 Sumario. NOTAA3*EDIGKO 541 NOTAA2* EDIGKO. 543, ©. ONeW crmcisM cairo 17 549 © New Criticism nos Estados Unidos em cOMEN casio 18 585 Alice no Pais das maravilhas. A crianga como zagal WILLIAM EMFSON casino 19 621 ‘A tensio na poesia ‘AW TATE caviruto 20 639 AA falécia intencional WK WIMSATTEM. EAROSLEY . AANAUSE SOCIOLOGICA caviruto 21-659 ‘A andlise sociolégica da literamra wie costa caviruio 22 689 Paris, capital do século XIX ‘WALTER BENJAMIN ‘carinuo 23 707 “La cour et la ville” ERICH AUERBACH caviruio 24 749 Dom Quixote e o problema da realidade ‘ALFRED ScHOTEZ FO ESTRUTURALISMO cariruio 28 777 Estruturalismo e critica literdria wz costa UMA coviruo 26 817 Quatro mitos winnebago ‘CLAUDE LevesTRAUSS cwiruo 27 833 “Les Chats” de Charles Baudelaire ROMAN JAKOBSON caviruo 20 855 “Goya” de Vozniessiénski rum ionwan G. ESTETIAS DA RECEPGAO E 0 EFEITO caviruio 29 873 © texto poético na mudanga de horizonte da leitura ‘Maw ROBERT JAUSS caviruio 30 927 Problemas da teoria da literatura atual: © imagindrio ¢ os conceitos-chave da época WOLIGANG SER coin 31955 s atos de fingir ou 0 que é ficticio no texto ficcional WOLFGANG SER a8 carina 92989 A teoria do efeito estético de Wolfgang Iser ANS ULNCH GUMARECHT SounE Os auTonES 1015 [AGRADECIMENTO E POSFACIO LUIZ COSTA UMA 1027 Iwoice ve Nomes 1037 Venho da trlanda | E a Terra Sagrada da Irlanda | &.0 tempo passa, ‘la, | Sai, por caridade | E danca comigo na Irlanda, E meu pobre bobo foi enforcado! Nao, nenbuma, nenbuma vidal Como po~ dem um cao, um cavalo, um rato viver | E tu ndo respirares de todo? Tu nao retornards, | Nunca, nunca, nunca, nunca, nunca! — | Peco-te abrir este botdo; obrigado, senbor, — | Ves isto? Observa-a, — otha — seus ldbios, — | Otha ali, colle alt E loucura resistir ou culpar | A forca da chama de céus irados: | E, se faldsse~ ‘mos. verdade | Muito ao Homem se deve. | Que, de seus Jardins privativos, onde | Ele vivia reservado e austero, | Como se a sua mais alta terra | Para plantar a ‘bergamota, | Pudesse por laborioso Valor alcar-se | Para arruinar a grande obra do tempo, | E langar 0 velho Reino | Em outro molde. Cobre a Tua face; meus olhos se ofuscam; jovem ela morreu. 8. A cidade onde nasci fica | Na praia onde desce o P6 | Para ter paz com os seus afluentes. 9 Enquanto 0 vento, como fi, se cala A faldcia intencional ‘CAPITULO 20 W. K, WIMSATT E M. C. BEARDSLEY Do original “The Intentional flla:y in The Verbal icon, studies inthe meaning of poetry (1954), de W. K. Wimsatt Je. The Noonday Press, Nova York, 1966, 639 CO direito da “intengio” do autor sobre o julgamento do critico tem sido con- siderado em uma série de discussdes recentes, em especial no debate intitulado: The Personal heresy, entre os professores Lewis ¢ Tillyard. £, entretanto, duvi- doso que este dircito e a maior parte de seus corolirios romanticos estejam por ora sujeitos a qualquer questionamento mais difundido. Os presentes es- critores, em curto artigo intitulado “Intention” para um_ Diciondrio' de critica literdria, levantaram a questo, mas foram incapazes de desenvolver suas im- plicagdes na devida extensio. Argumentamos que o designio ou a intengao do sun ne cee nem dese coo pao nar lean o Bae ‘uma obra de arte literdria e nos parece que este pri Farem certas desavengas na historia das atitudes criticas. £ um prinefpio que, aceitado ou rejeitado, ap nar 8 pees opostos de Siniia:A0_ Ura SRE romintica, Ela acarreta algumas afirmag6es especificas sobre a inspiragao, @ ‘autenticidade, a biografia, a hist6ria literdria e a erudigao, bem como certas tendéncias da poesia moderna, especialmente sobre seu carter alusivo. E di cil haver um problema de critica literdria em que a abordagem do critico nao: ‘seja qualificada por suas idéias acerca da “intengio”. ‘Como entenderemos o termo, “intencio” corresponde a aquilo que se pretendeu, a empregar uma férmula que, de modo mais ou menos explicito, tem tido ampla aceitagio. “Para julgarmos a realizagdo do poeta, devemos conhecer 0 que ele tencionava”. A intencao € o designio ou 0 plano na mente do autor. A intengdo tem afinidades 6bvias com a atitude do autor quanto a sua oe en eee Comegamos nossa discussio com uma série de proposigdes esque- rmatizadas e abstratizadas a uu tl gra que nos parccem axiomsticas. 1. Um poema nio passa a existir por acasg. As palavras de um poema, comé observou o prof. Stoll, nao surgem de uma cartola mas de uma cabega. Insistir, contudo, no intelecto designante como causa de um poema nao sig- nifica conceder ao designio ou intengao o papel de um padrao pelo qual 0 critico pode julgar o valor da realizagio do poeta. eat 2. Devemo-nos indagar (oun S ERE prenessier oe tereea pergunta sobre a intengio. Como deve descobrir 0 que o poeta procurou fazer? Se 0 poeta teve exito em realiz4-lo, entio o préprio poema mostrard ‘© que ele tentava realizar. E, se 0 poeta nao foi bem-sucedido, entao 0 poe- ma nao é uma prova adequada ¢ 0 critico deve extrapolar o poema, na busca de evidenciar uma intengao que nao se efetivou no poema. “Devemos ape- ‘nas manter uma cautela”, diz um eminente intencionalista* no momento em que sua teoria repudia a si préprio; “o objetivo do poeta deve ser julgado no momento do ato criador, ou seja, pela arte do préprio poema”. 3. Julgarum pocma.é como julgar um pudim ou uma maquina. Exige-se que ele funcione. $6 inferimos a intengao do artesio porque seu produto funciona. “Usa pocma nio deve significar, mas ser.” Um poema pode ser apenas através de seu significado — j4 que seu meio sio as palavras — e, contudo, ele é, simplesmente é, no sentido de que nao temos desculpa algu- ‘ma para nos indagarmos que parte é intencional ou pretendida. A poesia € uuma operagio do estilo pela qual um complexo de significado € apreendido de um s6 golpe. A poesia triunfa porque tudo ou quase tudo que nela se diz ‘ou se encontra implicito é relevante; 0 que ndo importa foi excluido, como ‘08 carogos de um pudim ou os enguigos de uma maquina. A este respeito, a poesia difere das mensagens praticas, que so bem-sucedidas se e apenas se inferimos corretamente sua intengdo. Por isso elas sio mais abstratas que a poesia 4. O significado de um poema por certo pode ser pessoal, no sentido de ‘que um poema expressa uma personalidade ou estado de alma e nao um objeto fisico, como uma magi. Mas, até mesmo um poema lirico curto é dramitico, sendo a resposta de um falante (por mais abstrata que se lhe conceba) a uma situagio (por mais universal que seja). Devemos atribuir os pensamentos € atitudes do poema de imediato ao falante dramatico e, se de algum modo ao autor, apenas por um ato de inferéncia biografica. 5. Tem sentido a afirmagio de que 0 autor, por meio da revisio de sua obra, pode melhor captar sua intengdo original. Mas é um sentido muito abstrato. Ele pretendia escrever uma obra melhor, ou melhor de certo tipo, € agora o alcangou. Mas ocorre que sua concreta intenco inici no era sua intengao. “£ 0 homem que procurdvamos, é verdade”, diz 0 riistico delegado de policia de Thomas Hardy, “contudo nao € o homem que procuravamos. Pois o homem que procurdvamos nao era o homem que queriamos.” a2 “O erftico”, pergunta o professor Stoll, “no é um juiz.que nao explora ‘sua prépria consciéncia, mas determina o significado ou intengio do autor, como se 0 poema fosse um testamento, tum contrato ou a constituigio? poema no pertence ao critico.” O autor diagnosticou com agudeza duas formas de irresponsabilidade, uma das quais é de sua preferéncia. Nossa opiniao é, contudo, diferente. O poema nio pertence nem ao critico, nem ‘av autor (desliga-se do autor ao nascer e percorre o mundo subtrainda-se a0 poder ou ao controle do criador sobre ele). O poema pertence ao piiblico. Corporifica-se na linguagem, posse peculiar do péblico, e trata do ser huma- no, objeto de conhecimento piiblico. O que se diz sobre 0 poema é sujeito a ‘mesma indagagio que qualquer afirmativa em lingiifstica ou na ciéncia geral da psicologia. ‘Um critico de nosso artigo no Dictionary, Ananda K. ‘Coomaraswamy, argumentou? haver dois tipos de questionamento da obra de arte: (1) se 0 artista realizou suas intengSes; (2) se a obra de arte “deveria ter sido de todo empreendida” e, portanto, “se vale a pena preservé-la", Coomaraswamy sustenta que 0 questionamento (2) nao é “a critica de uma obra de arte como ‘obra de arte”, mas uma critica de ordem ética; é 0 questionamento (1) que constitui a critica artistica. Mas sustentamos que (2) nao precisa ser critica ‘moral: hd um outro modo de decidir se as obras de arte merecem ser preser- vvadas e se, em um certo sentido, “devem” ser empreendidas, ¢ é esta forma da critica objetiva das obras de arte como tais a que nos permite distinguir ‘entre um assassinio engenhoso e um engenhoso poema. Um assassinio enge- nhoso é um exemplo que Coomaraswamy emprega e, em seu sistema, a dife- renca entre 0 assassinio e o poema é simplesmente “moral”, nao “artistica”, pois cada um, executado de acordo com o plano, é “artisticamente” bem- sucedido. Sustentamos que (2) é um questionamento de mais valia que (1) €, ‘uma vez que (2) e nfo (1) é capaz de distinguir a poesia do assassinio, o nome “critica artistica” € adequadamente concedido a (2). Nao é tanto uma afirmativa hist6rica quanto uma definigéo dizer que a falécia intencional é romantica. Quando um retérico do século I escreve: “O subli- me 0 eco de uma grande alma” ou quando nos diz.que “Homero entra nas agées sublimes de seus her6is” e “compartilha a plena inspirag4o do combate”, a3 CUTE CORT Eta no nos surpreenderemos em encontrar este ret6rico considerado um pre- cursor distante do romantismo e aclamado nos termos mais calorosos por Saintsbury. Pode-se discutir se Longino deveria ser chamado romantico, mas dificilmente se poderia duvidar que em certo sentido 0 €. AAs trés questdes levantadas por Goethe para a “critica construtiva” sto: “O que o autor se propés fazer? Seu plano foi razodvel e sensato e até que onto conseguiu realizé-lo?” Se abandonamos a pergunta intermediria, tem- se com efeito o sistema de Croce — o auge e coroamento da expressio filo- s6fica do romantismo. O belo é a intuigo-expressio bem-sucedida € 0 feio € 0 malsucedido; a intuicao ou parte privada da arte é o fato estético, en- quanto 0 meio ou parte publica nao é objeto da estética. ‘A Madonna de Cimabue ainda se encontra na Igreja de Santa Maria Novella; mas continuars falando ao visitante de hoje como aos florentinos do século XII? “A interpretagdo istérica lta (..) por reintegrar em nés as condigées psicol6gicas que mudaram no decurso da hist6ria. Ela (...) nos possibilita ver uma obra de arte (um objeto fisico) como seu autora viu no momento de sua produgio.”* O primeiro grifo é de Croce, 0 segundo é nosso. O sistema de Croce leva a uma énfase ambfgua na hist6ria. Tomando tais passagens como ponto de partida, um critico pode escrever uma bela andlise do significado ou “espiri- to” de uma pega de Shakespeare ou Corneille — processo que envolve um rigoroso exame histérico mas permanece critica estética — ou pode, com a ‘mesma plausibilidade, escrever um ensaio sociol6gico, biografico ou doutro tipo de hist6ria nao-estética. “Fui aos poetas; trégicos, ditirambicos e de todos os tipos. (..) Tomei algu- mas das passagens mais elaboradas de suas obras e perguntei-me sobre seu significado. (...) Vocés me acreditariam? (...) E dificil que um dos presentes nio falasse melhor sobre a poesia deles do que eles prOprios o fizeram. En- to percebi que nao é por sua sabedoria que os poetas compéem suas obras, mas por uma espécie de génio e inspiracio.” Esta reiterada desconfianga quanto aos poetas, que recebemos de Sécrates, pode ter sido parte de uma visio rigorosamente ascética da qual é muito dificil aa {que queiramos participar, muito embora o Sécrates de Platio tenha captado ‘uma verdade sobre a mente poética que o mundo jé nao percebe comumente, depois de tanta critica e da espécie mais inspirada e mais passionalmente lem- brada, procedente dos préprios poetas. Por certo os poctas tinham algo a dizer que 0 critico e 0 professor nao podiam; sua mensagem era mais empolgante: que a poesia deveria vir tio naruralmente quanto as folhas a uma érvore, que a poesia é a lava da imaginacao ou que é emogio relembrada na tranqiiilidade. Mas é necessé- rio que percebamos o cardter e a autoridade de um tal testemunho. Ha apenas uma fina sombra de diferenga entre estas expressbes ¢ uma espécie de conselho zeloso que 0s autores oferecem com freqiiéncia. Eo que se verifica com Edward Young, Carlyle, Walter Pater: “Conhego duas regras de ouro da ética, no menos preciosas na Composition do que na vida. 1. Conhece-te a ti mesmo; 2. Reverencia a ti proprio”. “Este é o grande segre- do para encontrar leitores e reté-los: faga com que aquele que emocionaria ¢ convenceria a outros seja o primeiro a ser emocionado e convencido. A regra de Horécio, Si vis me flere, é aplicavel em um sentido mais amplo ‘que o literal. Para cada poeta, para cada escritor, poderfamos dizer: se queres ser acreditado, sejas verdadeiro.” “Verdade! Nenhum mérito pode haver nem arte alguma sem ela. Além disso, toda beleza é, a longo prazo, apenas 0 refinamento da verdade ou, 0 que chamamos de expressio, a mais aguda adequacio da fala 2 visio interior.” ‘© pequeno manual de Housman sobre a mente poética fornece esta ilus- tracao: “Depois de beber uma caneca de cerveja no almogo — cerveja é um sedativo para o eérebro e minhas tardes s4o a parte menos intelectual de minha vida —, safa para um passeio de duas ou trés horas. Enquanto caminhava, sem pensar em nada em particular, apenas olhando para as coisas a meu re- dor ¢ acompanhando a mudanga das estagdes, flufam em minha mente, com repentina e indescritfvel emogio, as vezes uma ou duas linhas de verso, 3s vezes toda uma estrofe de uma s6 vez.” Este € 0 término légico da série jé citada. Deparamo-nos aqui com uma ‘confiss’o de como 0s poemas eram escritos, que define exatamente a poesia como uma “emogao relembrada na tranquilidade” — podendo o jovem poe- ta de igual decor-la como uma regra prética. Beber uma caneca de cerveja, relaxar, ir andando, pensar em nada em particular, olhar as coisas, entregar se a si mesmo, procurar a verdade em sua prOpria alma, ouvir 0 som de sua vor interior, descobrir e expressar a vraie vérité. 64s, lah Provavelmente ¢ verdade que tudo isso representa um excelente conse- Iho para os poeta. imaginagio jovem, inflamada por Wordsworth e Carlyle, provavelmente est mais préxima do ato de produzir um poema do que a mente do estudante que se fez sébria pela leitura de Aristoteles ou Richards, A arte de inspirar poetas, pelo menos de incitar algo parecido a poesia nos jovens, sem davida avangou mais em nossos dias do que nunca, Livros sobre escrita criadora, como os produzidos pela Lincoln School, so uma prova interessante do que uma crianga pode fazer.’ Tudo isso, entretanto, parece pertencer a uma arte separada da critica — a uma disciplina psicol6gica, a um sistema de auto-aperfeigoamento, a uma ioga, que talvez.faga bem ao poeta jovem observar, mas que € um tanto diferente da capacidade piiblica de ava- liar poemas. Coleridge e Arnold foram melhores criticos que a maioria dos poetas e, se a tendéncia critica ressecou a poesia em Arnold ¢ talvez em Coleridge, isso nfo é incongruente com nosso argumento de que 0 julgamento dos poe- mas € distinto da arte de escrevé-los. Coleridge nos deu a classica histéria “anédina” e conta o que pode acerca da génese de um poema, coisa a que chama de “curiosidade psicol6gica”. Mas suas definigées da poesia e da qua lidade poética da “imaginagio” devem ser encontradas noutra parte e em termos bem diversos. Seria conveniente que as senhas da escola intencional, “sinceridade”, “fidelidade”, “espontaneidade”, “autenticidade”, “genuinidade”, “originali- dade”, pudessem ser equiparadas a termos como “integridade”, “relevancia”, “unidade”, “fungio”, “maturidade”, “sutileza”, “adequago” e outros mais precisos, se & que “expressio” sempre tem 0 significado de realizagio estéti- ca. Mas isso ndo é verdade. Aarte “estética” — diz o professor Curt Ducasse, um engenhoso teérico da expresso — é a objetivacdo consciente dos sentimentos, tendo o momento critico como uma de suas partes intrinsecas. O artista corrige a objetivagao quando esta nao ¢ adequada, Mas isto pode significar que a tentativa anterior nio fora bem-sucedida em objetivar o eu ou “também significar que era uma objetivagio bem-sucedida de um eu que, ao nos confrontarmos claramente com ele, repudivamos e renegivamos em favor de outro”.* Qual o padrio pelo qual renegamos ou aceitamos o eu? O professor Ducasse nao o diz, Qualquer que seja este padrio, entretanto, é ele um elemento na definigio da arte que nio se reduzird a termos de objetivagio, A avaliagio da obra de arte permanece piblica; a obra é medida em relagao a algo externo ao autor. a6 wv Hi critica de poesia e psicologia do autor. Esta, aplicada a0 presente ou a0 futuro, toma a forma de uma promogio inspiracional; mas a psicologia do autor também pode ser hist6rica e entio temos a biografia literdria, um estu- do legitimo e atraente em si mesmo, constituindo uma abordagem, como diria 0 professor Tillyard, da personalidade e que subordina o poema a uma abor-

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