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1 Am-nOPOLOCIA significa "falar sobre o homem", assim como
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)1 Psicologia quer dher "falar S'Jbrc a mcntc', O chavií1} "lnte­
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reS50~mo por pessoas" c fi exclamação 4'OS cstràngciros são
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extraordináriosl" devem tcr sido comuns, de uma fonna ou do

outra, desdc que o homem a:!rendeu' n usar fi linguagem. A

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maior l,arte de todo o raciocínio humuno diz respeito ao que

outros pessuas fazem (às wzc.~, o interlocutor, porém talvez


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mais cOIlHllnente outras pelOSJas) e todos os que têm tido
a oportunidade de viajar fic.1m impressionados pelas diferen,'
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"as entre as maneiras de fa7:e.r as coisas, com as quais estão


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.q acostumados, e as maneiras qilO des cncontram alhures .
J,
':j! As Vé'LeS se considera a Antropologia como o estudo que
..J11 nos diz "tulio sobre o homem", Para os 'lue adotam este ponto

de vista, ela inclui, de fato, os assuntos que Horesciarn por

': I volta dos meados do século XI,'i:, quando a idéia de uma "ci­

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ência do homem" começou a tomar forma - Antropologia Fí­
sica, Antropologia Social (ou Cultural), Arqueologia e Lin'
gtiíst:ca. Uma perspectiva alternativa é que a Antropologia
SoeiaI é um ramo da Sodologia. sentlo as outras Ciências So­
ciais os $eus vizinhos mais p=õximos, Este é o ponto de vista ',~
I
adotado por este livro.

Diferenças entre as soci.edadas

Portanto, a Sociologia é Co c,tlldo da sociedade,' sendo a


, .
Antropologia um ra,mo daquela ciência. Por que motivo se ;,: ;
pediria a alguém, ou alguém d"scínria, ,,,tudar a sociedade? , .~
:, ,~ Todos vivemos como membrç-s da sociedade, l'oder-se-ia pen­ <~
sar q"e sabemos tudo a seu ,""peito pda llossa própria m<pe- .
rlência. A maioria de nós cresce aprendendo como se com- .:~?: ~
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,li) INTI\ODUçXO À ANrnOFOLOGL\. SOCIAL


o QUE: i AN'lTIOFOLOGlA.So<4At:;
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Li· .t.
o Coverno alemão, ou o Partido Comullistll de .Moscou, ou um
porta} em relação aos nossos iguais e, quando já estamos cres· .1.; .
motorista negro do Ônibus fez algo que nos julgamos incapa­
II cidos, tomamos 'por certo que existe apenas um modo de se zes de ter feito em seu lugar (ou algo que não gostamos) ex·
comportar. EnlÕo talvez viajemos para O estrangeiro, durante
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as férias ou por um perlodo mais l,?-ngo, e logo descobrimos
que, nos outros palscs, as regras são diferentes. Alguns de nós
plicamo·lo pelo caraler peculiar que associamos a esta íma,
gcm mental.
Muitas vozes OU"h'CltlOS pessoas dizerem, a respeito de
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· tomam isso apellns como prova de inferioridade das outras
'5:,
,; nações, e poucos de' nós alguma vez aprendem que aos olhos
estrangeiros dos quais não goslam, que caracterlsUcas como
ucrucldade'~ ou "preguiça" estão uno seu snngue"; e se' um
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I .~,. . destas, que tomam por certo regras diferentes, n6s somos in­ homem ou mulher é muito bom em alguma coisa, talvez ouça­
feriores. ,.:.
j:i} "- Nenhum outro Pais - diz Nlr. Podsllap -, o persona­
mos dizer que a Iluvegação ou a música cstava "no san~ue dele
(ou dela)". Na verdade, se descobrimos que um gêmo musi­
',i, gem de Díckells, é tão favorecido como Este Pais. cal é criado numa família de músicos, há milito muis proba­
;.:,:: ~ "- E outros palses? - perguntou um hóspede estrangei­ bilidade de que isso se deva ao fato de ler ele começado fi
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..
ro à Sua mesa. Como Se portam eles? praticar aos três anos de idade do que a qualquer coisa que
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.; "- Eles se portam, senhor - respondeu Mr. Podsnap -, tenha herdado. A questão da relação entre as capacidades com .' .
eles se portam, sinto·me obrigado a dizê-lo, como. se portam. que nascemos e o tipo de pmõsoa em que nos tornamos é mlúto
l A Antropologia Social se tem preocupado, em grande par­ complicada, e terá de ser abordada mais integralmente num
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r le, com as pessoas que "se portam" de modo muito diferente
do "Deste 1'"ls" e de qualquer outra das nações industrializa­
capítulo posterior. Mas lodo estudunte de Alltl'bpologia de­
.. ,
.,.
das quc são chamadas (com admirável desconsIderação pela
veria) de início~ ser prcvenído quanto a duns coisas. Primeiro,
.~i as qualidades físicas que herdamos 'lão eslão contidas em nos­
Ccografia) "ocidentais". Seu centro de interesse sempre foi os so sangue, embora se tenha acreditado nisso durante tanto
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povos chamados "primitivos" ou, quando 1", tempo para se tempo que às vezes é diHcíl evitar o uso da expressão popular
falar mais longamente, "povos de tecnologia simples" - povos
~, I que t6m de dispensar nosso rol de artefatos, não só o mdar e
"parcntes consangüíneos". Segundo, fi questiio de como as
pessoas, indivlduálmente, se comportam c 11 de como as dife-'
..~ i o transporte medlnico, mas também o dinheiro e a escrita. rentes sociedades slio org,mizadas são bastante diferentes; não'
Faltando-lhes estes meios de gerir seus assuntos, têm de orga­ se pode explicnr diferenças eulre sociedades dizendo que se
nizar a vida deles de maneira muito diferente da nossa. Mas compõem de diferentes tipos de ?cssoas. Algumas diferenças
se estudamos o tipo de sociedades em que vivem, comparan­ entre SOciedades refletem diferenças de lecnologia; existem
do·as com as do mundo ocidental, podemos ver que certos grandes contrastes entre as sociedatles industrializadas, que
princIpias fundamentais da vida em sociedade são encontra­ usam energia mecânira em gra'nde cs(.~alaJ e as que, tÔln de
dos tanto entre"eles" como entre "nós". É comparando muitos passar sem as máquinas. MllS dentro de cada uma dessas gran·
tipos diferentes de sociedade que as pessoas encontram os des classes existeln todos os tipos de di(erel1ças as quais sim­
princlpios comuns. plesmente não podem ser ,,"pllccdas pOI' diferenças em com­
As sociedades "primitivas" ou "simples" diferem muito entre posição hereditária. .
si - talvez mais do que acontece com as sociedades industria· E que dizer da explicação em Icrmos de Geografia? As
., lizadas. Podemos explicar essas diferenças? Às vezes julga-se pessoas que vivem em países O1li1e a águ~ é desesperadamente
que elas se devem ao caráter dos diferentes povos - às quali­ escassa têm de se organizar de modo a lirar partido da água
'.:; dades congênitas ou que têm "em seu sangue", que todos her­ existente - tangendo seu gado em busca de pastagem ou cons­
j
I dam dos seus pais. Ou haverá alguma influência delenninan­ truímlo suas casas perto de mUilanciais perml1ll\l.lltes de água.
te 110 ambiente, nas fontes da sua subsistência, por exemplo,

· ~.
! ou no clima?
A explicação das diferenças entre os povos - e às vezes
e mandando seus jovens com o gado para longe. As pessoas
que vivem em palses infestados pelas· n}()scas tsé·tsé têm de
passo r sem gado. Os povos que viV<Hil em ilhas gerdmente' ..'
até mesmo entre indivíduos - como manifestações do "caráter
constroem canoas de longo curso e ap..endem a navegar pelas :/-"
nacionar é extremamente popular. A maioria de n6s tem
estrelas; mas existem pessoas na bacia do Nilo que jamais .,
uma imagem mental de um alemão t!pico, de um russo ou
~'()nstrujram canoas. Pessoas que produzem seu alimento em .,

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de Ull1 habitante das Indias Ocidentais e, quando ouvimos. que
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lireas limitadas de terra precisam ter regras estipulando quem
n:~J tem o direito lia uso desta.
diari'ámente, mas, oculta pelo comportamento quotidiano, a

j. maneira COulO são organizadas de modo ti ~er uma sociedade

! ::.i' , Mas descobrimos que llem todos os criadores de gado ou c não apenas muita gente que por aCaso ~c encontra na mesma

;:-;. todos os ilhéus de modo algum têm o mesmo tipo de socieda­


..~" parte do mundo. '

de, e militas das diferenças cntre eles de modo algum ];'odem ,As regras _de"comporhlmcn,t<?q':l? ,c<1!!!l'<i.em,,~s~,!r~lml­
ser cofl'elacionadas com o ambiente. Um ambiente mUIto di­ zação1 os latos sociai,s, são a mntéria (lfJ estudioso aa~s9ê1(~aa.
fícil limita o que as pessoas podem fnzer. Um exemplo extre­ de." 'l'odéní'ser .êxplicadas' por'algo oculto' e Independentê- dà~
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mo de um povo reprimido pelo seu ambiente são os Turkana '. sõêiedade li qual essas regras pertencem - pela qualidade pe.
do Quênia setentrional. Em seu árido pais, têm de se locomo­ culiar das mentes de alguns homens ou pela duração da esta­
ver constantemente com seu gado à procura de pastagem e ção chm'osa em diferentes parles do, mundo? Não, disse
Ilgua. Meia dúzia de pessoas, mais ou Dlcno~, muda-se jun­ Durkheim, o grandc sociólogo fmnc!!s em qnem os antropélo-'
tas. ~!esmo o que consideramos C0l110 a população de uma gos ingleses elll bon parte se' inspiraram .....QJaci!lJ._disse ele, só v
'. pequcna aldeia - digamos, cem pessoas - não poderia enCon­ pode ser explicado pelo social. Em outra.' palavras, põôêiiiôs -­
','i trar subsistência para si própria e seus rebanhos ao mesmo -'ver'que 'cerlôs' tipos-dê-oisposlção süo ~':Irac\erlsticos de po"os
:~.
tempo e no mesmo lugar. Assim, os TurkmUl não têm aldeias, de tecnologia simples, 011 que certas regras de hcrnnça e certns
.;: ~ chefes de aldeia nem assembléias onde as pessoas possam dis­ regras de casamento muitas vezes são encontradas juntas; mas
cutir c solucionar suas disputas; são quase que totalmente des­ é inútil procurar fora da sociedade as cxplicações, pura o que
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tituldos de organização política. Mas, de todos os povos do
mundo, apenas uma pequena minoria tem de enfrentar difl.
acontece dentro dcla.
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:':':j iL cuLdades tão extremas. A maioria é càpaz de viver em aldeias
permanentes ou em concentrações maiores, onde as gerações o campo da Antropologia Social
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:'~ r. se sucedem umas às outras no mesmo local. Os povos não são,
de modo algum, todos Iguais e, onde diferem, essas diferenças . Os primeiros antrop610gos tcriam dito que estavam illl.,,­

'::":H; ressad.os em "tudo sobre O 1"'1\10111", Não podiam prever que

';': 1: não podem ser explicadas pela precípitação pluviométrica, pela


temperatura, ou pelo tipo de vegetação produzida pelo solo. o alcance dos estudos que csclarecem a história do homem, seu

'\" . CIlmportamento social, suas caracterlsticas biológicas e fisic:ó­

'.$~ Neste ponto, talvez devêssemos perguntar sobre que tipo


.:. ;i' de diferenças interessa ao antropólogo social. O viajante casual gieas cresceria tanto fi ponto 'de ninguém te\' esperanças de

..•.:";~ nota que alguns povos ,comem queijo no desjejum, que alguns dominar todo o selar. Atualmenle, existem diferentes pontos

".tl' prefeririam levá-lo a um restaurante a con\'idá-lo a 'sua casa; de vista ~'Jbre a melhor mane.i<a <lc agrupar essas várias maté­

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alguns parecem gostar de falar ao llleSmO tempo em altos
brados, enquanto outros arengam uns após outros, sem que os
rias. Alguns acreditam na "integração dos estudos antropo!ó­

gicos". Na prálica, isso rc~resellla a retcnção, com o acrésci­

mo de mai~ uma matéria) t..O grupo que. unido, se considerava

comentários de um tenham qualquer relação íntima cOm os


'ti do interlocutor anterior. Es~as diferenças são muito superfi­ como fi wmposiçfio da ciência do homem, quando da funda­

:}.
; .. ciais. Qualquer pessoa que passe mais de uma quinzena de ção do Real Instituto Antropol6gico, em 1843.' Para os se­

::: férias provavelmente ficará ciente de características mais sig­ guidores dessa escola fi AnlropoloEia Social deveria ser li ada

co~tn)'õõlO[iav:ill.ç-ª, ou " classificação da hum"ni de

,;,'
;i nificativas dos estrangeiros entre os quais está vivendo. Obser­
..:: vará que eles têm regras diferentes sobre corri quem podem em !!:'Lªs. com a Argucol(l~,,- Ou ó estudo das relí!;!!.!Íl1unteé.

:::~ casar e o que deve ser feito para legalizar um enlace; sobre ~~!l:s..dllL rimeiras soci~dadcs, 9..J;o!ll_iillngi.i.Últino, o estllrlQ

quem tem direito em relação à propriedade de uma pessoa _floJLprinclp.~s a mguagem. COl!lt.i~b:iJ:ktS. esses estudos se de.
., q1le morre; sobre quem tem, direito a dar ordens que devem ~oh'el1'!" eme;p~ía!idll;r~sisoladas, ~:lfrgO toda um,a
'::f, ser obedeCidas ~ de como esses dirigentes s110 escolhidos; e nouaJgnllha dti1lll1CIUS SOCIais, alg11!!s tem u "do prefen­

":':i ~déias diferentes subre a natureza do mundo e dos séres invi­ vel ligar a Antropologii' Social com essas _ú timas e a,,.Antr.o­

"~
".'. síveis que se preocupam COm os assuntos humanos, pologia Física com as ",Judas bíoIOglcos. De qualquer moc!o,

'.'~ 'Este é o tipo de questão que interessa ao antropólogo so.


cial; não apenas o tipo de coisas que vemos as pessoas fazerem 1 0::ii1 o título de Sockdnoe EtuoJ~gicn c1a Grã·Drctnnha.
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~"""''''''1''~V A i\NTIlOPOLOClA SOCIAL ..•.. ,

OÇUlO É ANTIlOPOLOCIA sOciLu. 15


o campo da Antropologia Social é atualmente tão "mplo que
, poucas pessoas podem esperar tQrnar-se 'peritas, ao mesmo tem­ couclusão quo procuramo, tirar. F. C. Balley,' num artigo

po, nela e em qualquer dos outros ramos da Antropologia no sobre a cOlltribuiç~o da ,nossa matéria ao estudo da sociedade

sentido mais amplo. Todo antropólogo social deve fular a hindu. deu uma descrição da ubordagem especial do social.

IIngua do povo com o qual trabalha, mas poucos podem fazer Ele se refere à nossa téçJWa de "Qbservpção longa.....e. paciento,

um estudo intensivo de Lingüística. úboa-vontnde em 12rocurar..lls delalhes ç dehar que os padrões

Muitos antropólog:>s sociais Mualmente_descreveriam ,su~ ê ideias surjam do que se vê e ouve", e comenta que esta é

~.Iér~ _C9!!!º.J!!ll-f~,lTlC>_ da ~o!:!ol?gi'!,. ~!lÀçI.!!!!:Br.'?~_.ch~­ íruiis adaptada ao estudo de uma unidade multo peq\lena,

mó'!:." de Sociologia CO?1parad~.p~rª .indlcar. que,ãss1Ill ,como assim como uma aldeia. Contudo, somos forçados a sair da.

0L~?.'?i6!óg~,Ü!,óricos, .es~iimôs ProcU"l~?do , g!,llernliza,Ões. so­ aldeia, ainda que seja apenas porque as questões que hoje nos

lire todos os tipos de socIedade human~. Extstem' ulllvemda­ illterCSS'dm dizem respeito à relação entre " aldeia e o mundo

d~s onde'êspeciaJistas nó estudo dá 'sociedade industrial, que maior. Que contribuição podemos fazer aqui? Podemos ~r

sempre foram cJl.1mados de soci?logós,' e os antropólogos so­ uma p.!l.qJlcna_área_dCLuma -grandO,J'.ociedade - umll [.\brica,

eiais, são membros do mesmo departamento, e onde os eshl­ ünlsindicato 0P~!,~ri().. ,?u_-,,!!,!_p."!tido Ilollficõ.- Se.._f1~~QS

dantes procurando alcançar o mesmo titulo acadêmico assis­ i,~s?-;:::§larem'!.$_i!)y.~.9i!lª2.~. c,,!!,f'Q_().e~\lgQ.$. eSp'ecialistas ­ ~ ~,

economistas ou cientistas políticos. Mas podemos acrescentar'


"
tem a cursos em ambos os setores. Existem palsos tropicais onde
é necessário usar o nOme de soci610go para se ter permissão aHiõ':::à -S.~íálise-uSãiido 'õ- é(,iiCéllõ-de esilütutã"sõélíil'<1õ

para trabalhar - porque se supõe que os antropólogos se inte­ fLnlropó12go.._ ful1 nos leva illl.._W!lll!L®sJllas...c.u!re as r.ela:

ressam pelos "selvagens". ç~J...politicas-ou'.eoollÔrJ)jcas, com-as..que....deJ;'-Cnd!!m..sllLparc.!!­

t~u-.àos deveres titnllÍJ!. Oferecemos Q matriz. social" das

Mas os dois termos não são completamente sinÔnimos, e,


"-lnnvcstigaçôcs realiz.1das pelas disciplinas especialistas, '
na maioria, preferirlamos ser considerados um ramo da Socio­
No uso inglês, a Antropologia Social se, distingue da Etno­
logia do 'que reivindicar a relação inversa. Então, de que ma­
logia, que se h~ter_c~si', );>!~*~!)!.ente' pela ltist6r!a riissada.:dós_
neira definitnos o nosso campo? A>:!,\íga,m!rrl!e_.~~,!,:,:ava~ que 1'0vos-scnrteglst!OS escfltos. estando,' portanto, mtimarnente
no.s~'?.ll)ter"ss~, apr.<>.p!.!ado _!~ _tIkigia_ para as- socieêlãaes "pii;' ,Iigadà cOm a'Arqueologia. Outra palavra técnica, etnografia, re­
II f!).ItiY!'.s" ou ~simples', Esses adjetivos em si requerem defini­
, ção; hO/'e emIlíâ-geralmente se concorda que eles descrevem
fere-se ao proceSso'de 50 rennir dados pela investigaçílo e obser_
vação diretas, qualquer que seja o propósito teórico da,lrwes­
;. a tecno ogia do povo a que Se referem. A sociedade primitiva ligaçúo, e tamhém aos livros 110S 'luais se dá ênfase mais á
tlpica não tem escrita 'nem meio circulante. Ml\:L oUJ.ltrçp§!o­ descrição da soclednde estudada do que pt<1primnente nos
gos têm trab.lllhad!L~m.J<Qciedade§ pré-im~~~...."!?tadas de problemas teóricos gerais,
escrita fJ meio circulan..\ru e~~tll~êiil.:so.cie­
ãades Íl1.dilStriajs das quais eles prQp..tios..são-IDem~~ rá~
~4risões e bPjRitai~e ..aliJ:!lados,. e estudado a fanúlia Alguns têmw8-clwV8
~ o parentesco nas grand~ad~s.. Estamos convencidos "de
que, quandoJatemQLwe trabalho, ilaiiios:llie-.uma-aborda­ Alguns antrop610gos na C,ã-Bretanha e muitos na Amé­ ,
rica chamam-se a si pr6prios de antropólogos culturais. afir­ ;,:
gej ~e é, eSEecúicamente, a do antrop610gll, ..emb.C!!!'1i!Uom<:
ÇlI. a vez mais mHci! Clíili7J'f1plé seja ela. AIgl!ns dizem
é uma questão de teoria; jul~$-da-nossa-aJçaa3"0 ser­
tfJlll. mando que seu interesse básie<:< está na cultura. Eles descen­
dem em linha direta de Tylor c Boas. O, que se dão O nom.e ~
de estudiosos da socledad,Q são os. desco"uentes intelectuais
var a totalidãde das relações que ag!lll1.JllltrILll,$ .,p.e~~9:!s !la de Dur!cheim e Radcliffc-llrown." ,
.;,
u..nid~oc!al q~amQs. não s6 ªLqir~.ta,mente_J,!leyal,l­ Tylor. num livro publicado em uí71, d,efiniu cultura como . ~,
tllcs a determinado problema. Outros dizem ser uma questão "aquele todo complexo que hlclui éonhecimento, crença, 'arte, . {.

de técnica; temos contato direto com as pessoas que estamos . . ~'

estudando, passamos tempo com elas para que possamos obser­


• "The Scope of Soci.l Antlll'opo!ogy, In lhe Study, of Indlan So'­
var sua interação mútua; embora se possam tirar conclusões 16­ çiety", ~m 1,:dian Anlhropo~Qgy •. or.g. pot T. Vl. :tiadan e Gopala SUilUB1
gicas das estat!sticas e quesUonários, elas não são o tipo de 1962, paf" 2 5 4 · 6 5 . .
li \ er pAgs. 32-34. .' . . ~. J~'.~
\ ~ h?~};

"<.;. ".' '(~. ,c..__ . , ............,'.v ''',~ ,',

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,J :~ .Ü'-rrr.ozruç.;;:o Á ANTROl"O!.tCXJlA. SO<::.th!.. O' QÍlE É AwniopowCtA SO~~L li . , '''', ,
"
,
Tnorol, lei, costume e quaisquer outras capacidadfts e hábitos socieda~9.-e-nõO_I\M_çm:l!.S!crf:;ticas pessoais dos individuos.
adquiridos pelo homém como membro da sociedade...• Esta , 'mesmo-que estas sejam cons](JeI'!'ôllS'CÇimõ" o~ prôdillõ'ôiC ~.ua
deflnição - que na realidade é uma enumeração - IIs vezes cultura. Ainda costumanlos dizer quo um estudo de campo
tem sido comprimida numa afirnlação de que a cultura abran· diz fC.peilo R uma SOciedade, e vale a pena l,erguntar o quo
i ..
1
, . ','"
ge todos os tipos de comportamento aprendido; e, na prática,
muitas vezes se diz que a caracter(stic.~ diferenciadora do es'
tudo. da cultura diz respeito a costumes' e "maneiras". Por
queremos dizer com Isto. A população de uma Ilha isolada
forma, claramente. ImUl sOcledade; o mesmo aconlece com
pessoas dentro de um continente que 1'cconhec.em uma autori­
.s
"arte", Tylor queria dizer "técnicas", e porque alguns dos prin' dade política em comum. Mas algumas sodedades do segun·
cipais estudiosos da cultura, como Boas, na América, se têm do tipo são demasiado grandes e complexas para qualquer
interessado pela coleta de espécimes para museus, os objetos pessoa, individualmente, estudá·IM em sua totalidade, c os
que as técnicas criam muitas vozes são chamados de "cultura antropólogos t~m trabalhado em partes delas - aldeias, fá·
material", Uma cultura é a posse comum de um grupo de bricas, e assim por dianle.
pessoas que compartilham as mesmas tradições; em termos '.r l\adclíffc-Brown dissc que o campo de estudo de UIll nn­
sociais, esse grupo é uma sociedade. Na época em que os alu· trop6logo poderia ser "qualquer localidade conveniente de (a.
nos de Malinowski, estavam começando seu primeiro trabalho manha adequado'" e que, tendo selecionado sua "SOciedade"
de campo, escolheram a "SOCiedade" para onde iriam e prc- desta maneira, sua tarefa seria a dc estudar sua estrutura,
u
pararam~se para esta dar sua cu Iura. t" Esta palavra é alualmente o conceito básico de' grande parte
Contudo, não julgaram que tudo o que tinham a fazer do trabalho que está sendo reali7"tdo em Antropologia Sooial.
era enumerar os traços que compunham 11 cultura. Esse méto· §.is.~ifi?a q~e_ <:Qllsideram,os :l socltidade'.!l.ão .~ 5~ltura, como
do pode facilmente conduzir ao absurdo, assim como quando IIInâ' dlsposlçao 1)nl".nada de partes; e qll.~ nos;o trabalho 'está
os costumes de 'signifícação muito diferente como o Governo ,.em des<:,Qbrjr e 'cxpltcar em) ordem .. Ela conSlSte nas relações
parlamentar e o ato de se comer com palitos são tratados no entre pessoas que não são reguladas 'por um conjunto de di·
mesmo nível, apenas como "maneiras" (um exemplo genuíno). reitos c obrigações reconhecidcs, '
l."lalinowski não permitiu que seus alunos cometessem esse ND estudo da estrutrlrU sodal do"' conceitos populariz.~dos
, .''; por Unto:!, na América, são muito usados: "status" e ro/,e!.
•.';1 tipó--ae 'crro, pois insistia em que a cultura deveria ser anali·
:,.' sadá"llão enj traços, mas em instituições; para de o Governo Status significa a posição de uma pessoa relativamente à das
parlamentar teria sido um importante elemellto cultural, mas outrns com as ,quais mantém l(1}açtics sociais. 05 termos ~ue
os palitos teriam sido. uma pequena parte do complexo de indicam statm sempre subelltendMn ul1m relação {.'OOI alguem
instituições que satisfazem as neéessidades de nutrição, mais: por exemplo, filho, dire:or escolar, marido, balconista ..
Se consideranllos as pessoas apenas como portadoras de Uma pessoa pode t~l' muitos s/atllS, como mostram e$SCS exem·
. <':'
I "f
cultura, talvez seja perigosamente fácil considerar uma cultura pIos. l'ode·se também dizer que "la tem u'm s/atu.1 total, que é
i:" como um conjunto de regras e técnicas com existência inde­ relativamente alto ou baixo em, reL~ç5Q ao dos outros mem­

!~ pendente; é a isso que às vezes se dá o nome de reíficação da bros da sua sociedade. Mas status, cumo tal, é uma palavra

~ ;: cultura, Mas, na América" uma escola' de antropólogos tem neutra; q\l~ndo usada para descrever algo l'F.lo qual as pessoas

'i
.; procurado uma linha de estudo que traz as pessoas para o lutam, esse uso é incerto, O ~tatus pode ~cr atribuído, comO

.~ quadro, o estudo da cultura e personalidade. De modo muito peja regra de que a Raillha Elisabete Ir deve ser Rainha da

j , aproximado, isso subentende a suposição de que uma cultura Inglaterra pOI' ser a filha mais velha dO'lI"i Jorge VI; ou adqui.

';:: reflete ". cria uma personalidade típica nas pessoas que dela 1'láo, come l,cla carreira poJlü.ca. que 10'1'1)1\ 101m Kcnnedy à

.<' compartilham. Esta orientaçliQ. aiuda não encontrou muitos se· posiÇão de Presidente dos Est~dos Unidos. Para cada staim

.'. guidores na Grã·Bretanha. , existe um 'papel apropriado. Espera"se que aS pessoas se com­
'J
Quando os_,.mt~op6,og~s,ülg!e,sl,',s d.ízem.Elstar ,lIl~is inte~,s· portell't como se amassem suas cspos~s e respeHassem os elire­
sad.?s~\os·fati:>s SOCIais ~o, que !,OS cullurals, querem .d~~~jj~_e tores escolares, quaisquer' que 'p(lss~m ser os sentimentos reais;
..
estao IIlteressados nas IIlteraçoes das pessoas que ,ivem em
,., ...
~ . -
. ..._... ......
e,. embora os psicólogos possalll~ estar interessados pelas razões

• Primitivo Cullura, 5.' '«l., 1~13. vvl I, páa. 1. li" Strt;ct~r~ ond Functloll '!~. Fri~lítíll~ SodetY. 1952t ~g. lG3.
I'F'\.<
\~/~
.·':r~ :." ... "
·""'V/"'J,"'"t-.t:,iif'
t· d QUE É ANTaorór:;;~~;S·o~~r-. 19 h' ; :.(EJ~

18 INTRODUÇÃO Á ANTROPOLOCIA SOCIAL , '::~!~


'descobrir palavras adequadas para denotar o que esta seja. '"
:.; por que algumas pesso~s consideram o casamento e a escola Isso é inadequado porque QS pessoas às quais a maior parte ,­
~, '­
mtoleráveis, a lintropologia Social interessa-se pela maneira da nossa ,pesquisa· tem sido dirigida estão começando a res­ ~i
:' como os papéis 'são defiriid,o~ p-~!a, .sociedade e ~ ql.':,fiiéõiítêce sentir-se COm qualquer descri.iio que lhes dli um status infe­ "
.',
quando não são corretamente .~.~s_~mpen.hados. Os papéisírbian­ rior. Primitivo é uma palavra que tem sitio demasiado usada. d
l;

~. gem deveres de Iídw-ança, comando, proteçãO, obediência, Os escritores do século XIX usavam-lia para. descrever uma ',,'.,
'~B'
f~í; cooperação, o ato de se fazer presentes ou pagamentos nas condiçúo de humanidade que, de cerlo modo, era infantil em
: ~.;., ocasiões certas etc. Na linguagem comum, um papel signIfi­ comparação com a idade adulta deles_ Não é ele espantar que
, :'
'H
ca a parte numa peça, senao exatamente isso °ql1e o tOrna as novas nações se ofendam com o termo. DurkllCim usOU-Q .:.; ~:
li
.;~ apropriado aqui. As falas são escritas para o ator, mas ele para demonstrar n mais rudimentar forma de qualquer insti­ 's;
'-'-.i' . pode dizê-las bem ou mal, esquecê-las ou gaguejar, oferecer tuição que sc pudessc encontrar; assim; em seu estudo da re­ ·: ~:
...
;1 à platéia uma nova concepção do personagem que está inter­ ligião, deu razões pelas quais o cult.) dos antepassados não ..,
~L. ~~
pretando ou uma tão diferente do que ela julga que ele deveria podia ser realmente chamado de primitivo.
; ser que o recompensam com vaias em vez de aplausos. Da Se usamos a palavra atuálmente, não estamos pensalldo · ;"1
. -i:'

.,
• ;1
mesma fonna, fazemos tudo o que podemos para desempe­
nhar nossos papéis menos espetaculares, e a mudança social
ocorre em boa parte quando aS pessoas têm novas idéias de
em qualidadt's mentais ou morais, mas em técnicas pouco de,
scnvolvidlls. Alguns antropóloóos referem-se a sociedades de
· '! ~
,
": ;'
tecnologia sim/,[es, mas esta é UUla expressão !ncôl!,oda se tiver
como desempenhá-los. ~.~s regras que definem os papéis são de ser freqiientemcntc repetida. . Uma expressão que ainda não "

chamadas de eXl'ectatioosao"rl/Tpel. O conlrÓle $Ociàlal:ir((n~-'" ofendeu é de 1)(ul!/(m(l escala, dellotando o limbilo estreito das
': l' ge toda a gama de pressões sociais dirigidas para fazer quc' relações sociais ao qual as sociedades de tecnologia simples
';l as pessoas desempenhem seus papéis de acordo com es~as estão limitadas. As pessoas muitas ,-e7.es referem-se a ,uma
expectativas. sociedade face a: face, termo que significa que todos os seus
,;
.. --De--êerto medo, ó ator tem de ater-se o máximo posslvel membros estão em coutato constante ou pelo lnenos sc conhe­
'
d.. às suas falas - no sentido de que cada sociedade tem suas cem mutuamente. Isto descreveria apcnas a menor das uni­
',' maneiras Teconhaddas de expressar as relações nas quais os dades' sociais que interessam ao Illltrop6Iogo,'
papéis devem ser desempenhados. Para os hindus, tomando­ li: evidente que as sociedades que s6 recentemente come­
se um exemplo muito simples, li maneira polida de se cum­ çaram fi ingressar na era da máquina não estão todas no mes­
primentar é unir as mãos na atitude que os cristãos associam mO nível tecnol6gico. Ninguém poderia aplicar o termo l,ri­
à oração; para os chineses, é inclinar-se enquanto oculta as mitivas às antigas civilizações do Extremo Oriente. Mas elas

mãos nas amplas mangas das roupas que se traja; para os euro­ têm algumas das características das sociedades de pequena

peus ocidentais, é o aperto de mão. Estas são diferenças escnh e, de qualquer modo, ósan~rop6logos consideram-nas

culturais. ,Çu!tu!a.é. al1lJlJlejr1L!'.~lnE..~as, relações. .s..09J!';!s_..são matéria apropriada de estudo. Portanto, alguns antores dis­
el\P~~~_~Imboolizadas;. é O que o'antropólogo no campo vê tinguem entre sociedade primiUoa: e carn/'olwsa. Para eles, so­
primeiro, .e ela deve constituir grande parte da sua descriçã.o. ciedade primitiva é aqucla praticamente !luto-suficiente e na

Nas"palavras de NadeI, cnltura e sociedade são dnas dimen­ qual as peSsoas obtêlU seu alimento e outras necessidades di­

sões de toda a vida social. Não obstante, Radcliffe-Brown retamente do seu pr6prio trabrilho, e sociedade camponesa, a

disse, com razão, que as duas definições dc AntropologIa, 110 composta de agricultores 'que \lÍvem. em pequcnas comunida­
'1
".
(

que conccrne à cultura e à sociedade (ou estrutura social), des, ainda em grande parte auto-suficieútes, mas tendo algu­
conduzem a dois tipos diferentes de estudo entre os quais é mas rcJaçõescom' uma' socleclndé. maior, particularmente na · ',"
. '~
,: :1.
:
1

quase imposslvel chegar-se a .. um acordo na fonnulação de venda dos seus exccdéntes num mercado e !la aceitação de
problemas.' uma autoridade política externa. Aljluns fazem a mesma dis­ ","
i,' Já se disse algo a respeito do tipo de sociedade que os tinção entre sociedades "tribais'" e .camponesas".
i!i .~::"I' astrop61ogos estudam. Enquanto de fato considerarem determi­ . T 0.5 estudantes preocupados com' p~~ntD.5 de 6xa.mo· DnO devem
.,' d .

,:!. \
,'" nado tipo de socieda~e como sua principal matéria, terão de nS$ustar~$G com o uso de.~sas diferentes palavrns como alternativas: todas ';.):,~,
elas se rof{\:em ao mesmo tipo db sOciedade-; :} ::.~
\ :,~ • . Dp. cll., pág. 189.
, . '~(?t,(i~l'
. "."·.i;~:i~
. ':t'ti,,$
C'
" XN·j:l~2~UÇ.;':O À i\N7I10l::0LC"~U.. SOCIAL o QUE: É A~,.nOl·m~OçIA C(\clAi.· 21 ..
"..I~:~ ~,
, ,'.
;i!'.s a pll!a'lra "tribal" mmbPm: tem sido usada parn ter acesso à terra. Numa organiza\'ão triual louos t&rn ·dircltQ f
fcrençar os campones~s 'dos cit:adinos, como nO tItulo de um à terra em virtude da sua filiação ao clã, e todos os clüs são
estudo de Philil' Mayer, Townmum or Tribesmen (1961), so­ iguais em $Iattls. li: exatamente isso o que Durkheim' querill
bre uma população de bantos sul·africanos que vão trabalhar
em emprego urbano, mas que tentam ao máximo, enquanto ali
estão, manter Seus pr6prios costumes. Também a. palavra "des­
tribalização", que subentende a perda de earacterfsticas des·
critas como "tribais", é freqUentemente usada, às vezes por
dizer com a ·solidariedade lIleclnica" de uma sociedade na
qual todas as divisões são iguais, Num slstcma de castas, u
casta dominante possui a terra, c n vida econômica é o:gani·
znda atf<lvés de prestação de serviços por parle das outras
cllstas em troca dos direitos de cultivo ou de uma cota de CQ­
"

:; "
'
"
I
~,

pessoas que julgam estar falando de al),'1:l bom c, às veze" por Iheitn. A isso Durkhcim deu o nome <.le "solidariedade orgâ­
outras que julgam estar falando de algo ruim; contudo, con­ nica" baseada lia divisão do lrubalho. As sociedade, tribais são
i:; forme é geralmentc adotada hof~ em dia, "destribalízaçno" rc­ idcahncntc igualitárias; as sociedades de' casta, idealmente llÍe­
fere-se à adoção de maneiras u::-banas de vida nas cidades, c nírquicas_ As sociedadcs reais combinam ambos 05 elementos.
V
:,f
não ;\ rejeição das maneiras tradicionais do campo. ~las C.t;l exposição muito interessante certame"t" não dá, Ilell1 .,
Mas, llIesmo quc haja um:!. idéia gcral do que seja uma pretendc dar, uma definição universalmcnte aplicável das pa·
sociedade tribal, não há concord.iància alguma $Obre o que seja lavras "tribo" e "tribal".
uma tribo. Esta palavra tem sico usadn, por dois antropólogos O tenHO grupo tem um significado especial na Iínguagem
contemporâneos com um significado definido, mas que, infe­ dos antrop61ogos sociais. Não quer dizcr, como pa conversa­
lizmente, não é O mesmo. Eva:ls·Pritchard, escrevendo sobro ção diária, qualquer reunião de pessoas. Significa urnfl cO/ml'
os Nuar do Sudão meridiano I, observa que essa população de nidada corporatioo com. existência 1JCrmanente; uma rC·,lnião
i aproximadamente 200.000 pessoas, com um nome, uma UngrU! de peEsoas recrutadas de acordo COm 05 princípios ~econheci­ ~
e uma cultura em comum, está dividida Crn unidades poHtiens dos, com interesses e regras (norm•.s) comuns que fixam os
'i: distintas. A estas divisões, ele d.á o nome de tribo. Se alguém direitos e deveres dos membros em rdação uns aos outros 'it~

,.'
· l' usa o tenuo dessa maneira, poder-se.ia defini·lo dizendo-se que c a eSi)CS interesses. Os interesses COlnuns pod~nl ser chama.
i~
uma tribo é Uma subdivisão pollticamente organizada de uma dos de interesses de propried"de, Se esta for definida de modo
unidade étnica (ou cultural) maior. Isso csto";a de acordo muito amplo. Como Leach di~Sê recentemente, eles podem
com o uso segundo o qual sc diz que os Tswana da Beehua­ incluir «não s6 os bons materiais e direitos sobre tcrra~ mas .~
;!-;
nalândia estilo divididos cm oilo tribos, cada uma com seu pró­ também direitos sobre pessoas, títulos, cargos, nomes, ri,uais,
\ prio chefe. A palavra poderia S.cr aplicada às subdivisões dos formas de magia, técnicas. cans,õ~.s, danças ... e assim por dian·
:!
" seis milhões de 1/;0, na Nigéria. e em muitos outros casos. te"Y> Em muit::\s sociedades simples, os glUpOS corpor&Uvos ,~
" ,'1
Mas F. G. Bailey, escrevendo sobre a. lndia, usa-a num mais im[!ortantes consistem em pessoas ligadas pela descell­
sentido bastante diferente. ·Também ele tem de levar em con· dência,a
:1'
· :'~ sideração o uso corrente, que e o de classificar a população Não é difícil reconhecer a qualidade de um grupo de des·
da India em PO\'OS tribais e os que são organizados conforme cendência; isto pode ser facilmente exporimentado pelos cri·
!F'
o sistema hindu dc castas. Existe uma lista oHcial de popula. b:\rlos de Leach que acabônlos de citar. Mas existem agrega· I,
ir ções tribais com direito a vári-:>s tipos dc proteção especial. dos de pessoas que têm algo em comum, embora l1ão s"ja o
·Íf~ l\-!as quando se procura dizer quais são as características que s\.ficiente para que assegur:emos quo eles sejam grupos cor­
'I'
, _r,
r;' todas elas têm em comum e que' os povos do casta não pos­ porativos. O que está em dúvida aq'Ji é certo tipo de com\\­
Si

suem, isso se torna impossível. Bailcy' afirma que "casta" c nidade tle sentimcnto ou inter~sse, algo mais do que uma ca­
"tribo" não descrevem tipos de sociedades que são totalmente racterÍ,tica em comum. que os estrangeiros percebem.. As pes­
(~iferentes, e sim mrulcÍXas de, Olrganízar as pessoas pata certos soas que emigraram do mesnio pais para o mesmo país ­

tipos de cooperação. Para organizar a vida econômica, as :[


'.
p,essoas numa SOCiedade de su~istência ou camponesa devem
o Ver ""I(. 33.
10 E .. R. l.eacl1. ('On Cerlail1 Uncollsidcrcd Aspects of Double Des~
8 "~rlbe'
ano 'Caste~, in lndta"", Con~rilJt;tlon.r to Indían Soci.)logy, ccnt Sy,StCr.'lS", U(ln. Li'~n. 1902, p6.g. 131~
outubro d. 1901, p:lg,. i-19. .1. Ver pág'. 74·83.

,.,
@

!'

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'. ,I.,
,'" ';","$Li;·\.O .ti.. 11 N'I110P0LOCU. ~OC[,\T~
o QUB É ANTnOPOl.OGI,\ SOCL\L 23

I !'~!"
I
':
çjglim03, 03 ilnlianos na Austrália - -,~o ,L'erençadas da popu­
lação nativa e estão "'"seias disro, As vezes referimo-nos n
elá. COIllO grupc étnico, embora não sejam, certamente, um
"

Impor às atividades humanas, é quase impossível correlacionar


todas as instiluições com o ambiente. ' .'
" !t; L. P. Mnir, "Some Current Torms in Social Anthropolo­
,'.i·.~; .~~,
grupo corporath'O, B quase imposslvel evitar completamente
o uso da palavra "grupo" para reuniões de pessoas que não gy", em lJrilsÍI 10l/mal of Sociology (l!l(l3), examina uma série
~:: formam grupos corporativos; importante é ser claio quando de ter1110S de uso geral.
.,'.~: é necessn,';o usar a palavra 110 sentido estrito .
. ~ l·
/, Mas um erro que deue ser evitado é o de supor que, se
uma reunião de pessoas com algo em comum nno é um grupo,
deve ser uma categoria, Essas duos palavras não são alterna­
tivas, ou opostas; pertencem a diferentes campos de racioc\nio.
);; importante compreender claramente que urna categoria não
é algo que existe: é um modo de classificar os fenômenos cuja
existência as pessoas percebem, Grande parte da obra do,
'i
antropólogo frnncês Lévi-Strauss diz respeito aos tipos ue cato­
;i goria nas quais os membroS de sociedades simples organizam sua
.,';';
.;:;
experiência, Cntegorí:wmos nlgo dando-lhe uma etiquêta, e po­
demos, cntão, chamar a etiqueta ue categoria. Qualquer um
tem a liberdade de impor suas prÓprias categorias no mundo,
embora não lhe seja fácil falar às outras pessoas, fi menos que
todas usem o mesmo conjunto; e algumas categorias são mais
úteis do que outras, Por exemplo, os Nuor do Suuão meridio­
nal uizem que "os gêmeos são pássaros". Isto é, vêem algo sig­
',:
nificativo que gêmeos e ~:Hissnros têm em comum, o que }\lsti­
fíca a sua classificnçúo l:tl mesma categoria. E preciso saber
muito fi respeito uas idéias dos Nllor para romp,'cender o
porque,
O segundo ponto, diretamente de.rivado do primeiro, é 'lu!.'
uma categoria de pessoás niio é uma disposição de pessoas,
que é algo uiferente de um grupo, Uma elÍquêta não se pode
, tmnsfonnar numa coisa; ou} em termos mais profissionais, um
.~
,',
conceito nuínll entidade ou uma classe 16giéa num grupo so­
l. cial. Supor que um a~regado de pessoas deve ser ou uma
categ!>ria ou um grupo e tão desconexo éomo dizer que alguém
mOra em ~n<lres ou na quarta-feira. Contudo, um número

,'~ ,
bastallte grande de autores julga ter de agir éom cautela es­
crevendo sohre "grupos c categorias", como se este fosse um
w
modo de não deixar escanar , nada.

SUGESTÕES l'A\lA. I.Erro!'''\'

<.f
D. Fordo, Habitat, Economy aml Socie!y (lS3.1), descre­
:l ve inúmeras sociedades em ambientes bastante diferentes e
mostra q'Je, a de,speito das Iimitaçõe.1 que o .ambiento 17'ossa

"'v," ...,....,.....".

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