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Os Dez Mandamentos
da Pavimentação Rígida
Autor: Engº Marcos Dutra de Carvalho
1º Mandamento 6º Mandamento
“Elaborar um bom projeto executivo de “Detalhar os procedimentos de execução
pavimentação, a partir de estudos e de controle da fundação (subleito e
detalhados de tráfego e da fundação” sub-base)
2º Mandamento 7º Mandamento
“Dosar adequadamente o concreto “Detalhar os procedimentos de execução
simples e o concreto rolado (se houver), a e de controle do concreto simples, com
partir do estudo minucioso dos seus foco na durabilidade (condição estrutural)
materiais constituintes”. e no conforto de rolamento (condição
funcional) do pavimento”
3º Mandamento
“Especificar os materiais a serem 8º Mandamento
utilizados na obra” “Executar a obra dentro dos padrões de
qualidade exigidos”
4º Mandamento
“Definir os equipamentos a serem 9º Mandamento
utilizados na obra” “Gerenciar a obra “
5º Mandamento 10º Mandamento
“Definir a logística da obra” “Cuidar para que as empresas envolvidas
na obra comprometam-se com a
excelência da qualidade do produto final
acabado”
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idade poderá ser estendida para 60 ou 90 dias, - plano de controle tecnológico do concreto no
dependendo da obra) ; estado fresco e endurecido, ressaltando se
- parâmetros de dosagem do concreto, como aí o controle do abatimento e do teor de ar
relação água/cimento, abatimento, consumo (estado fresco) e o controle das resistências
mínimo de cimento, teor máximo de ar incor- mecânicas e da espessura das placas.
porado, dimensão máxima do agregado • Notas de serviço e quantitativos de pavimen-
graúdo e teor de argamassa; tação.
2º Mandamento
“Dosar adequadamente o concreto simples • abatimento do tronco de cone;
e o concreto rolado (se houver), a partir do • diâmetro máximo do agregado;
estudo minucioso dos seus materiais • teor de ar incorporado;
constituintes”. • teor de argamassa;
Os principais objetivos dessa fase dos estudos • tempo de pega do cimento;
técnicos são: • caracterização dos materiais;
a) garantir a qualidade desejada do concreto; • compatibilidade entre aditivo e cimento;
• equipamentos de dosagem e mistura;
b) avaliar dentre as alternativas de materiais a
• tempo de mistura;
que apresenta as melhores condições de:
• equipamentos de transporte e lançamento
• qualidade do produto final;
do concreto;
• melhores condições operacionais;
• distância e tempo de transporte;
• menor custo por m3 de concreto.
• equipamento a ser utilizado na execução do
O cálculo do traço do concreto levará em consi- pavimento;
deração os seguintes aspectos: • espessura do pavimento;
• especificações do concreto: • sistema de cura;
• resistência à tração na flexão; • condições climáticas regionais.
• resistência à compressão axial;
• relação água/cimento(A/C);
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mento a ser utilizado na obra. vidências possam ser tomadas no sentido de
Teor de ar incorporado ao concreto é determina- garantir a qualidade do produto final acabado.
do pelo método pressométrico, conforme a Caso seja necessário, tanto o concreto simples
NBR NM 47/98, com valores geralmente situa- quanto o concreto rolado (se houver) deverão ter
dos entre 2% e 4%. seus traços ajustados, tendo em vista eventuais
No caso do concreto rolado, como cama- mudanças no fornecimento dos materiais.
da de sub-base, citam-se: 4º Mandamento
O concreto a ser compactado por meio de rolos
compressores (CCR) se destina à execução de “Definir os equipamentos a serem utilizados
sub-base e deverá ser dosado por método racio- na obra”
nal, de modo a obter-se, com os materiais dis- Os equipamentos a serem utilizados na exe-
poníveis, uma mistura fresca, de trabalhabilidade cução do pavimento de concreto simples de-
adequada para ser compactada com rolo, resul- verão ser capazes de produzir um produto fi-
tando num produto endurecido com grau de nal acabado de alta qualidade, com a produti-
compactação e resistência à compressão sim- vidade esperada.
ples estabelecidas no projeto do pavimento. Os equipamentos podem ser classificados em
Deverá ser determinada, em laboratório, a umi- equipamentos de grande, médio e de pequeno
dade ótima que permita obter a massa específi- porte, em função da sua produtividade.
ca aparente máxima seca, considerada a ener- Os equipamentos de grande porte são as
gia normal de compactação. vibroacabadoras de fôrmas deslizantes, com
O consumo de cimento geralmente está compre- produtividade maior ou igual a 400 m2/hora,
endido entre 80 kg/m3 e 130 kg/m3, dependendo acompanhadas de usinas dosadoras e
dos materiais utilizados e da resistência mecâ- misturadoras de concreto, necessárias para ga-
nica especificada em projeto. rantir o fornecimento de material à frente da
O concreto rolado, depois de compactado e ni- vibroacabadora; também, é comum o emprego
velado na cota de projeto, deverá atingir um grau de texturizadoras e aplicadoras automáticas de
de compactação mínimo de 100%, considerada produtos de cura.
Figura 4 – Usina de concreto transportável, dosadora e Figura 8 – Gomaco 2600 (4 esteiras)- vibroacabadora de
misturadora (Erie Strayer MG 11C) fôrmas deslizantes
• alojamento;
• refeições;
• óleo diesel;
• equipamentos para preparo do local;
• materiais de suporte, para instalação: cimen-
to, areia, brita, concreto etc.;
d) volume mínimo a ser executado diariamente;
e) datas limites do cronograma para instalação e
início das atividades.
Figura 9 – CMI - 3004 F (4 esteiras) - vibroacabadora de Escolha do Terreno para o Canteiro
fôrmas deslizantes A escolha do terreno para a instalação do con-
junto para produção e controle tecnológico de
concreto deve observar as seguintes prioridades:
a) fluxo de recebimento dos materiais a serem
utilizados;
b) fluxo de saída dos caminhões para a frente
de serviço;
c) planta planialtimétrica do terreno.
Sempre que possível, a opção deve ser por ter-
renos planos, preferencialmente com geometria
retangular, de forma a permitir no mínimo dois
acessos distintos.
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Na impossibilidade de locação em área plana, a
Figura 10 – Wirtgen SP 500 - vibroacabadora de melhor opção é a de área constituída por até três
fôrmas deslizantes
platôs, de forma a possibilitar a instalação por
conjuntos ou blocos operacionais.
5º Mandamento
Locação dos Equipamentos no Canteiro
“Definir a logísitica da obra”
Recomenda-se considerar a locação dos blocos
A definição da logística da obra é fundamental operacionais em áreas que permitam livre circu-
para o sucesso da empreitada, compreendendo lação de veículos, tendo em vista a necessidade
desde a instalação do canteiro de obras e da usi- de operação independente e constante das linhas
na de concreto até o transporte e a descarga do de transporte de agregados, cimento, água,
concreto à frente do equipamento. aditivos e concreto, incluindo a passagem deste
O planejamento da instalação do canteiro de pelo laboratório de controle tecnológico.
obras deve ser realizado com base em informa- A casa de comando da central deve ser locada
ções específicas fornecidas pelo cliente e pelo de forma a permitir:
projetista. A título de exemplo, citam-se as infor- • fácil acesso;
mações básicas para a implantação do canteiro • ampla visão do carregamento de concreto;
de uma usina dosadora e misturadora de con- • visão do pátio de agregados.
creto, quais sejam: Finalmente, é importante cuidar da logística do
a) extensão do trecho; transporte do concreto da usina até a frente de
b) locais possíveis de instalação do equipamento: serviço, de modo a minimizar percursos e tempo
• plantas do trecho, com acessos; de viagem, bem como aquele de manobra e des-
• inspeção prévia dos locais; carga do concreto à frente do equipamento
c) facilidades possíveis de fornecimento dos se- vibroacabador.
guintes itens:
• energia elétrica;
• água
7º Mandamento
6º Mandamento “Detalhar os procedimentos de execução e
“Detalhar os procedimentos de execução e de controle do concreto simples, com foco
de controle da fundação (subleito e sub- na durabilidade (condição estrutural) e no
base)” conforto de rolamento (condição funcional)
Deve-se cuidar para que a fundação do pavimen- do pavimento”
to seja bem executada e controlada, conforme Deverão ser detalhados os procedimentos de
as especificações de projeto. execução e de controle de obra, de acordo com
Nessa fase, deve-se cuidar para que o sistema o tipo de equipamento a ser utilizado. No caso
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de drenagem sub-superficial e profunda (se hou- geral das obras de grande porte, como as pavi-
ver) seja executado adequadamente, de acordo mentações rodoviárias por exemplo, os equipa-
com o projeto executivo de engenharia e aten- mentos recomendados são as vibroacabadoras
dendo às normas e especificações dos organis- de fôrmas deslizantes, abastecidas por usinas
mos oficiais, como o DNIT, por exemplo. dosadoras e misturadoras de concreto, transpor-
São consideradas operações de preparo da fun- táveis, com capacidade nominal mínima compa-
dação as correções da camada superficial do tível com a produtividade desejada (no mínimo
subleito e os acertos do leito resultantes das 120 m3 por hora). O emprego de distribuidoras
operações de terraplenagem. Consistirão na de concreto à frente da vibroacabadora pode
substituição de solos inadequados e na remo- ser considerado como um recurso para agilizar
ção de blocos de pedra ou raízes, pedaços de a execução, aumentando a produtividade do
madeira ou quaisquer outros materiais conjunto.
putrescíveis, bem como raspagens e aterros que O objetivo do detalhamento minucioso dos pro-
visem colocar o leito de acordo com o greide e o cedimentos de execução e de controle de obra é
perfil longitudinal projetado. garantir a excelência da condição estrutural e
Caso conste sub-base no projeto, esta será ex- funcional do pavimento.
cutada de acordo com prescrições especiais nele Com relação à condição estrutural, ou seja, à
fornecidas. Em qualquer caso, deverá ser infensa capacidade do pavimento suportar as cargas
aos fenômenos de expansibilidade e de solicitantes ao longo do período de projeto, é pri-
bombeamento, entendido este como a expulsão, mordial o controle da resistência à tração na
sob a forma de lama fluida, e de baixo para cima, flexão do concreto no estado endurecido, bem
de solos finos plásticos porventura existentes no como da consistência e do teor de ar incorpora-
subleito do pavimento de concreto. do do concreto no estado plástico. Também, o
As sub-bases podem ser granulares ou tratadas controle da espessura do concreto simples defi-
com ligantes hidráulicos e betuminosos. São os nida no projeto é crucial para a manutenção da
seguintes os tipos mais usuais de sub-bases uti- desejada condição estrutural do pavimento ao
lizadas na pavimentação rígida: longo do período de utilização. Finalmente, deve-
se garantir que o equipamento vibroacabador mente no canteiro de obras; essas usinas de-
promova o completo adensamento do concreto, verão dispor de dispositivos eletrônicos para
sem a ocorrência de “ninhos” ou “brocas” no pa- controle da dosagem e pesagem dos materi-
vimento. ais, incluindo os aditivos, capazes de produzir
Com relação à condição funcional, que traduz o concretos homogêneos e com as característi-
conforto de rolamento proporcionado pela super- cas especificadas em projeto.
fície do pavimento acabado, esta é diretamente • É recomendável que a vibroacabadora opere a
afetada, de forma negativa, pelos fatores des- uma velocidade mínima de 1,0 m/min, evitan-
critos a seguir, no caso da execução com do ao máximo que o processo seja interrompi-
vibroacabadoras de fôrmas deslizantes: do, sob pena de afetar o conforto de rolamen-
• paradas do equipamento vibroacabador; to do pavimento. Deve-se dispor de uma quan-
• irregularidade da sub-base; tidade de caminhões basculantes suficiente
• desalinhamento ou catenárias nas linhas para a alimentação da vibroacabadora sem que
sensoras; haja interrupção na execução do pavimento.
• excesso de concreto à frente da vibroacaba- Os dispositivos de transferência de carga de-
dora; vem ser colocados com agilidade, atendendo
• grandes variações na consistência do concreto ao posicionamento definido em projeto.
(abatimento); • Para a garantia da qualidade da superfície aca-
• variações nas características tecnológicas do bada e do conforto de rolamento, os fios–guias,
concreto; responsáveis pelo controle planialtimétrico da
• desuniformidade nos procedimentos de mistu- vibroacabadora, devem estar perfeitamente ali-
ra, transporte e lançamento, adensamento e nhados através de controle topográfico, evitan-
acabamento do concreto;
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do-se a ocorrência de catenárias. A vibroaca-
• desuniformidade no avanço do equipamento; badora deverá estar perfeitamente ajustada e
• equipamento sujo e sem manutenção; calibrada e os operários orientados para evitar
• equipe não treinada, desmotivada e sem com- o deslocamento dos fios-guias pré-posicionados.
promisso com a qualidade do pavimento aca-
• É importante que se tenha um controle rígido
bado.
das cotas de projeto (sub-base e placas de con-
Em resumo, pode-se dizer que a palavra chave
creto do pavimento), de modo a evitar que a
para a obtenção de um pavimento de concreto
confortável é a UNIFORMIDADE em todas as camada final do pavimento tenha espessura
etapas da execução. menor ou maior que a projetada. Se a espessu-
ra de concreto aplicada for menor que a
8º Mandamento especificada em projeto a estrutura fica com-
“Executar a obra dentro dos padrões de prometida, gerando custos elevados de repa-
qualidade exigidos” ração desses trechos. Por outro lado, se a es-
pessura de concreto aplicada for maior que a
Mostram-se, a título de exemplo, os passos ne-
cessários à boa execução de um pavimento de especificada em projeto, ocorrerá desperdício
concreto com vibroacabadoras de fôrmas de concreto, com conseqüente elevação dos
deslizantes. custos de execução do pavimento.
• Para garantia da produtividade é necessário que • O concreto deve ser lançado de maneira uni-
haja frente de serviço, com camada de sub-base forme pelo caminhão basculante, evitando a
acabada, curada (quando cimentada) e nivela- formação de pilhas de concreto muitos altas.
da na cota de projeto. Não deve haver obstácu- Nessa fase deve-se evitar que o próprio con-
los laterais e limitadores de altura no curso da creto ou o caminhão basculante desloquem as
vibroacabadora. barras de transferência pré-colocadas. É im-
• O concreto deverá ser produzido em usinas portante que se garanta a constância do abas-
dosadoras e misturadoras, de grande capaci- tecimento de concreto à frente a vibro-
dade, transportáveis e instaladas estrategica- acabadora.
• O adensamento do concreto é feito pela bate- te, a fim de evitar o aparecimento de trincas
ria de vibradores de imersão, com o auxílio de estruturais. É necessário ainda que haja equi-
régua “tamper”, frontal, ou régua oscilante pamentos em quantidade suficiente para a exe-
transversal, traseira, dependendo do tipo de cução dos serviços, além de equipamentos para
equipamento. É necessário que os vibradores substituição em caso de pane, bem como os
de imersão estejam corretamente posicionados insumos necessários ao processo de corte de
e com a vibração adequada ao tipo de concre- juntas, como discos de serra e fornecimento
to utilizado. Cuidados especiais devem ser to- de água e energia elétrica. Não pode haver fa-
mados com os vibradores junto às fôrmas la- lha logística nesse processo. As juntas deve-
terais, evitando-se, ali, o excesso ou a falta rão ser seladas conforme os fatores de forma
de vibração. definidos em projeto e as recomendações do
• O acabamento do concreto é dado pelas fabricante com relação ao material selante.
desempenadeiras mecânica (“auto-float”) e ma-
Nessa fase é importante ressaltar a importância
nual, em movimentos de vaivém, acompanhan-
de uma equipe bem treinada e imbuída do espí-
do o avanço da vibroacabadora. É necessário
rito da busca da excelência.
que a desempenadeira esteja bem regulada
com relação à pressão que ela exerce sobre o As Figuras 12 a 20 ilustram essa fase.
concreto fresco e à distância mínima a ser man-
tida das bordas do pavimento, de modo a evitar
a ocorrência de depressões ou abatimentos jun-
to a essas bordas. Desempenadeiras metáli-
cas de cabo curto, menores, são empregadas
para o acabamento junto às bordas ou locais
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Figura 17 – Texturização do concreto
9º Mandamento
“Gerenciar a obra “ necessária à comprovação da adequação do pro-
É de fundamental importância o adequado duto final acabado às exigências de projeto. Em
gerenciamento da obra, feito por empresa resumo, caberá à gerenciadora aprovar ou rejei-
competente e especialmente contratada para tar a obra, por partes e, no final, como um todo.
esse fim. A título de ilustração, a Figura 21 mostra uma
Caberá à empresa gerenciadora analisar todos ficha de controle de obra, parte integrante do sis-
os dados e relatórios gerados pelo controle tec- tema de gerência.
nológico da obra, bem como gerar toda a docu- As Figura 22 e 22a ilustram o controle tecnoló-
mentação técnica de acompanhamento da obra, gico feito na obra.
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10º Mandamento
(cliente, projetista, construtor e gerenciador) na
“Cuidar para que as empresas envolvidas na busca dessa excelência, associados ao empre-
obra comprometam-se com a excelência da go dos recursos tecnológicos adequados e dis-
qualidade do produto final acabado” poníveis.
Esse último mandamento ou dogma é na ver- Portanto, cuidar para que as empresas envolvi-
dade um resumo dos anteriores, associado aos das comprometam-se com a qualidade é, além
termos vontade e compromisso. de despertar a vontade, criar ferramentas que
Sem dúvida, a excelência da qualidade de um estabeleçam o compromisso entre elas, o que
pavimento rígido é função da vontade e do com- pode ser feito através de contratos de prestação
prometimento de todos os envolvidos na obra de serviços bem elaborados.
As Figuras 23 a 31 ilustram algumas das principais obras de pavimentação rígida executadas no Brasil,
a partir de 1998.
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Figura 24 - Rodovia BR-232 - Recife - Caruaru/PE
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