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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 2


CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA .......................... 3
1.1 Generalidades das investigações geotécnicas ...................................................... 3
1.2 Amostragem em solo............................................................................................. 7
1.2.1 Cuidados com as amostras .............................................................................. 11
1.2.2 Dimensionamento de amostras ........................................................................ 12
1.3 Ensaio de palhetas .............................................................................................. 13
1.3.1 O equipamento para ensaio ............................................................................. 14
1.3.2 A execução do ensaio ...................................................................................... 15
CAPÍTULO 2 – SONDAGEM A PERCUSSÃO, SONDAGENS ROTATIVAS E
ENSAIOS DE PENETRAÇÃO ESTÁTICA TIPO CPT/CPTS ................................... 20
2.1 Sondagem a percussão....................................................................................... 20
2.1.1 A execução do ensaio ...................................................................................... 21
2.1.2 Resultado do ensaio SPT – Perfil geotécnico .................................................. 22
2.1.3 Aplicações para ensaio SPT ............................................................................ 23
2.2 Sondagem rotativa .............................................................................................. 27
2.2.1 A execução da sondagem ................................................................................ 29
2.3 Ensaio de penetração estática tipo CPT/CPTS ................................................... 32
2.3.1 A execução do ensaio ...................................................................................... 34
CAPÍTULO 3 – ENSAIO DILATOMÉTRICO DE MARCHETTI, ENSAIO
PRESSIONOMÉTRICO E CASOS HISTÓRICOS .................................................... 37
3.1 Ensaio dilatométrico de Marchetti ....................................................................... 37
3.1.1 A execução do ensaio ...................................................................................... 39
3.1.2 Algumas considerações sobre o ensaio ........................................................... 41
3.2 Ensaio pressiométrico ......................................................................................... 42
3.2.1 A execução do ensaio ...................................................................................... 48
3.3 Casos históricos .................................................................................................. 50
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

As investigações geotécnicas são importantes para assegurar a integridade


de prédios, túneis e demais tipos de construção. Por meio delas, consegue-se
avaliar o comportamento dos solos, suas camadas, suas características e suas
propriedades. Essa ferramenta é importante para os profissionais que trabalham na
área geotécnica. Todas as operações ligadas à investigação devem ser executadas
por profissionais especializados, uma vez que, essa é uma atividade de grande
impacto no ambiente.
Existem diversas formas de realizar investigações geotécnicas, e elas
podem ser realizadas em campo, in situ, ou no laboratório. É importante que
algumas medidas sejam seguidas quando da extração e armazenamento de
amostras. Esses cuidados são necessários para evitar o comprometimento destas, o
que pode afetar os resultados dos ensaios. Para isso, existem algumas normas que
devem ser seguidas, não só para a execução dos procedimentos de investigação,
mas também para a extração e coletas de amostras; por isso, é essencial segui-las.
Dentre os métodos investigativos, existem as sondagens e os ensaios, como
a sondagem rotativa, a sondagem a percussão, o ensaio de palhetas, a penetração
estática, o ensaio dilatométrico de Marchetti, o ensaio pressiométrico, dentre outros.
Desses métodos, a sondagem a percussão é o método mais simples e mais utilizado
no Brasil. Isso se deve ao seu baixo custo e simplicidade, porém, é importante
destacar que a sondagem deve ser executada sob a supervisão de um profissional
capacitado.
A maioria dos ensaios são normatizados, por isso, devem ser executados de
acordo com a norma, a fim de atenderem às particularidades do ensaio e obter
resultados significativos que podem contribuir para a avaliação do perfil geotécnico
do solo. Dessa forma, é possível fornecer dados precisos que auxiliam na garantia
da integridade das obras.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

1.1 Generalidades das investigações geotécnicas

Nas análises geotécnicas, o profissional atua realizando sondagens para


conhecer as camadas de solo, determinando suas propriedades mecânicas, como
deformidade e/ou resistência. O profissional deve estudar a hidrologia subterrânea,
determinando quais camadas são seguras para realizar o serviço ou para a
execução de uma fundação.
Em algumas situações, por meio das análises, pode-se afirmar que o
solo/subsolo pode precisar de tratamentos preliminares para receber a obra. Isso só
ocorre quando os solos são moles, não adensados, expansíveis, colapsáveis, dentre
outros tipos. Esse problema é bem comum em locais ocupados de forma
inapropriada pelo crescimento urbano desordenado. Nesses casos, a estabilização é
realizada por meio de tratamentos superficiais, como a construção de elementos
para drenagem e a construção de muros de contenção ou taludes naturais.
As investigações geotécnicas são realizadas para reconhecer o perfil dos
solos, bem como suas características geotécnicas. Para entender a relevância e o
interesse para a realização das investigações geotécnicas é essencial responder a
algumas perguntas:
 Qual a investigação geotécnica adequada?
 Como identificar a melhor investigação?
 Qual a melhor investigação para fornecer dados significativos para o projeto?
A realização de projetos considerando-se aspectos geotécnicos e geológicos
é uma boa maneira de realizar a engenharia, pois, o profissional precisa trabalhar
para solucionar possíveis problemas, evitando atuar na correção de problemas que
já ocorreram. A investigação geotécnica é uma atividade importante não só para a
sociedade, mas, também para a esfera pública e para o engenheiro geotécnico, uma
vez que, ela consegue prever possíveis problemas em fundações de edificações, por
exemplo.
Conhecer as condições do subsolo, como as suas características
geotécnicas e o perfil do solo a ser trabalhado é algo essencial na elaboração de
projetos de fundação. Esse processo assegura a economicidade e a segurança das

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obras e é importante que essas atividades sejam desenvolvidas com o apoio de


estudos orográficos, hidrográficos, pedológicos e geológicos da região de interesse.
Em investigações geotécnicas para construção de fundações, é essencial
estabelecer um programa a fim de determinar os objetivos que precisam ser
atingidos, assim, vale destacar que é preciso:
 realizar a investigação preliminar para identificar as características principais
do terreno, estipulando sua estratigrafia;
 realizar a investigação de projeto ou complementar para avaliar
características relevantes do subsolo a fim de caracterizar as principais
propriedades das principais camadas do solo;
 realizar a investigação para a execução com o objetivo de confirmar
condições do projeto nas áreas críticas da obra.
Quando não há investigação geotécnica ou quando os resultados gerados
são interpretados inadequadamente, ocorre a elaboração de projetos inadequados,
a elevação dos custos devido a modificações para corrigir falhas, atrasos ou ruptura
da obra e até mesmo problemas ambientais. As investigações geotécnicas são
essenciais para assegurar a responsabilidade ambiental e social, permitindo
minimizar os custos e os riscos causados pelas obras.
É importante destacar que as análises e os resultados das investigações
geotécnicas constituem um documento integrante do projeto das obras. Por meio
das investigações geotécnicas consegue-se identificar características estruturais e
geométricas fornecendo dados essenciais para solucionar possíveis problemas no
projeto. É importante contar com softwares especializados para realizar as análises,
mas, deve-se saber interpretar os dados e analisar as variáveis considerando as
particularidades e as características dos solos das diversas regiões.
A investigação prévia da superfície fornece dados importantes acerca de
suas características geotécnicas e geológicas. Porém, com as investigações
subsuperficiais, é possível obter dados mais confiáveis, além de amostras para a
realização de ensaios. A exploração subsuperficial é algo caro, entretanto, para
minimizar seus custos e tempo, a realização dos programas de exploração
subsuperficiais precisa ser feita seguindo-se alguns passos: o reconhecimento do
local, a investigação superficial e, por fim, a escolha da instrumentação.

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A investigação subsuperficial é um processo iterativo, ou seja, agrega


diversas adaptações e procedimentos com a descoberta de novas informações.
Dessa forma, consegue-se testar diversas hipóteses para realizar o trabalho, além
de propor estratégias para a sua mitigação. A seleção dos métodos para a
exploração e o desenvolvimento dos planos de programas de exploração
subsuperficial é baseada nos objetivos do projeto, que podem ser condições
geológicas, tamanho da área de deslizamento, condições superficiais, limitações
orçamentárias e de tempo e acesso à área. É importante que o engenheiro
geotécnico utilize todos os dados disponíveis sobre o local de investigação, como
planos de construção, tratamento ou reparação. Esses documentos complementares
são essenciais para melhorar o processo de planejamento investigativo.
Os programas de exploração subsuperficial precisam gerar informações que
permitam quantificar e qualificar as características e as propriedades dos materiais
obtidos no processo. Por isso, é essencial que os programas de exploração
disponham de dados como pressões em camadas aquíferas, poros, valores do
ângulo de atrito e da resistência da ruptura por cisalhamento em condições residuais
e indeformadas dos depósitos geológicos em análise; a profundidade, para que haja
o controle das características, além de limites verticais e laterais de deslizamento.
Com a interpretação dos dados, consegue-se identificar e quantificar
possíveis soluções para as obras. Para obter esses dados existem diversos métodos
para investigação subsuperficial, que podem ser divididos nas seguintes categorias:
 métodos para levantamento/reconhecimento (geológico, topográfico,
geotécnico, dentre outros);
 métodos geofísicos superficiais e de perfuração;
 sondagens com ensaios e com amostragens (rotativa, SPT, dentre outras);
 sondagem com amostragem/registro contínuo;
 ensaios de campo (palheta, pressiômetro, permeabilidade, dentre outros);
 ensaios laboratoriais (compressibilidade, caracterização, resistência e
permeabilidade);
 procedimentos para amostragem (indeformada e deformada);
 instrumentação.

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Para decidir o tipo, a quantidade e a localização de explorações


subsuperficiais em uma investigação, deve-se levar em conta os dados e as
informações necessárias para quantificar as possíveis hipóteses e o nível de
investigação. Para realizar essas atividades, deve-se considerar a segurança da
equipe antes de ocupar o local para proceder à investigação. Desse modo, é
importante que sejam construídas gaiolas para proteção, além de dispositivos para
alerta, quando necessário. O local deve ser supervisionado por um engenheiro
geotécnico com experiência, garantindo o sucesso das investigações e assegurando
que as especificações contidas no programa de investigação sejam cumpridas.
Assim, realiza-se a atividade de campo adequadamente, permitindo-se o alcance
dos resultados desejados.
Nos dias de hoje, existem diversos tipos de ensaio que podem ser realizados
nos programas de investigação, com aplicações e usos para diversas condições de
subsolo. É importante destacar que a maior parte dos parâmetros desejáveis são
obtidos através dos ensaios de campo ou in situ. Esses ensaios podem ser divididos
em dois grupos:
 Ensaios não destrutivos ou semidestrutivos: nesse tipo de ensaio, a
perturbação da estrutura geral do solo é mínima, o que requer pequenas
modificações nas tensões efetivas de início. Esse grupo engloba ensaios
geofísicos sísmicos, ensaio de placa e pressiômetros, sendo que esses
ensaios permitem interpretações de dados rigorosas com números de
hipóteses simplificadoras e;
 Ensaios destrutivos ou invasivos: que geram perturbação no solo pela
imposição ou instalação de elementos ou instrumentos sensores no subsolo.
Esses ensaios englobam as sondagens SPT e os ensaios CPT e
dilatométrico. Os equipamentos utilizados nesses ensaios são mais robustos,
porém, são mais fáceis de usar, além de apresentarem menor custo quando
comparado com os ensaios não destrutivos. Vale destacar que, normalmente,
o mecanismo ligado ao processo de instalação é complexo, por isso, é
possível realizar investigações rigorosas em poucos casos.
As investigações geotécnicas, principalmente as de campo, avançaram
muito no que se refere aos equipamentos e aos procedimentos para a obtenção dos

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parâmetros geotécnicos dos projetos. Isso tem permitido adotar essas técnicas
como uma prática da engenharia, possibilitando análises adequadas dos tipos de
solo.

FIQUE ATENTO
Para conhecer um pouco mais sobre as investigações geotécnicas, acesse:
https://blog.apl.eng.br/entenda-a-importancia-das-investigacoes-geotecnicas-para-
evitar-patologias-nas-suas-obras/.

1.2 Amostragem em solo

Para caracterizar um determinado volume de solo, normalmente, não é


possível examiná-lo por completo; por isso, retiram-se amostras dele para submeter
à análise. É importante que as amostras sejam representativas da parte a ser
caraterizada, a fim de evitar erros. Para caracterizar um solo em laboratório e obter
dados confiáveis, é importante que as amostras sejam de qualidade e os ensaios
sigam os procedimentos determinados.
Existem diversas normas nacionais e internacionais que tratam da
amostragem e dos ensaios de solos, como a Norma Brasileira NBR 9820 – Coleta
de amostras indeformadas de solos de baixa consistência em furos de sondagem,
que trata de aspectos dos amostradores, além de procedimentos para extração,
armazenagem, transporte e uso das amostras em laboratórios a fim de assegurar a
qualidade da amostra. Há ainda a Norma Brasileira NBR 9604 – Abertura de Poço e
Trincheira de Inspeção em Solo, com Retirada de Amostras Deformadas e
Indeformadas, que especifica os procedimentos básicos para abrir trincheiras e
poços, além de definir os critérios para retirar amostras indeformadas e deformadas
do solo.
Em laboratórios de geotecnia, dois tipos de amostras podem ser usados
para realizar os ensaios: as amostras deformadas, que consistem na fração do solo
que está desagregada. Nesse caso, a amostra é utilizada quando se deseja avaliar a
textura e a constituição dos minerais, assim avalia-se de forma táctil e visual as
amostras em ensaios de classificação (massa específica de sólidos, limite de
consistência e granulometria), de compactação e de preparação de amostras para
os ensaios de permeabilidade, resistência ao cisalhamento e compressibilidade. A

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extração dessas amostras até a profundidade de 1 metro pode ser feita com a
utilização de ferramentas simples, como enxadas e pás, dentre outras. Em
espessuras superiores a 1 metro, a extração das amostras precisa ser feita com a
utilização de ferramentas especiais, como amostradores de parede grossa ou
trados.
Já as amostras indeformadas têm formato cilíndrico ou cúbico, devendo
representar a umidade e a estrutura do solo no dia em que foi retirada, bem como a
composição mineral e a textura. Essas amostras permitem determinar as
particularidades do solo in situ, como coeficiente de permeabilidade, índices físicos,
resistência ao cisalhamento e parâmetros de compressibilidade. As amostras
deformadas podem ser obtidas de diversas formas, dependendo da densidade do
solo, da cota da amostra e da localização do lençol freático. Para solos moles, que
estão abaixo do nível da água, utilizam-se amostradores de parede fina, já em solos
mais densos e que se localizam acima do nível da água, é preciso abrir um poço até
a cota de interesse a fim de retirar do solo um bloco com o auxílio de uma caixa
metálica ou de madeira com dimensões apropriadas ao número e aos tipos de
ensaios a serem feitos.
Na retirada de amostras deformadas, acima do nível da água, é importante
realizar a limpeza inicial antes de começar o procedimento. Deve-se retirar raízes,
vegetações superficiais e outros tipos de materiais estranhos. Se a amostra for
retirada de até um metro da superfície, realiza-se a escavação até a cota ou ponto
de interesse com ferramentas simples (mencionadas anteriormente), em seguida,
faz-se a coleta. Para profundidades de 1 a 6 metros, pode-se utilizar trados do tipo
cavadeira, se o furo a ser realizado não precisar de revestimento. Quando a
profundidade for superior a 6 metros, deve-se utilizar o trado helicoidal. Os dois tipos
de trado citados podem ser observados na figura 1.

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Figura 1: Tipos de trado para sondagem

Fonte: Associação brasileira de normas técnicas (1986)

Quando as amostras precisarem ser retiradas abaixo do nível da água, ou o


serviço com o trado helicoidal se tornar difícil, deve-se utilizar um amostrador com
parede grossa. Para cravar esse material no solo, utiliza-se a energia de um martelo
em queda livre, que bate no amostrador e o fixa de forma dinâmica no solo. A figura
2 ilustra um amostrador de parede grossa. É importante destacar que a norma NBR
9603 regulamenta a sondagem a trado.

Figura 2: Amostrador de parede grossa

Fonte: Associação brasileira de normas técnicas (1986)

Já nas amostras indeformadas, a viabilidade econômica e técnica da


obtenção da amostra se dá pela profundidade do nível da água e pela natureza do

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solo a ser analisado. Esses fatores auxiliam na determinação dos recursos e do tipo
de amostrador a se utilizar, pois, algumas formações são mais difíceis de serem
extraídas do que outras. Com isso, a retirada das amostras indeformadas pode ser
dividida em duas categorias: as amostras indeformadas de superfície e as amostras
indeformadas em profundidade.
 Nas amostras indeformadas de superfície, a coleta do material é feita nas
proximidades da superfície do terreno natural ou perto da superfície de uma
exploração acessível. Para isso, são utilizados amostradores que têm o
aparamento, cilindros e anéis biselados (figura 3 (a)), ou escavações, caixas
(figura 3 (b)), como processo de avanço.

Figura 3: (a) cilindros e anéis biselados e (b) caixa para retirada de amostras
indeformadas.

Fonte: Faculdade Sudoeste Paulista (2015)

 Nas amostras indeformadas em profundidade, o processo para atingir a


profundidade requerida é o mesmo da sondagem de reconhecimento; a
diferença é que, nessa sondagem, utilizam-se amostradores de paredes finas,
amostradores de pistão estacionário, amostradores de pistão, amostrador
Denison ou barrilete triplo e amostrador de pistão Osterberg.
Dentre os amostradores de parede fina, o mais utilizado é o do tipo Shelby,
que é constituído de um tubo de aço inoxidável ou de latão com espessura reduzida,
ligado ao cabeçote que tem uma válvula esférica, dessa forma, com o avanço do
amostrador no solo, o ar e a água escapam pela janela.

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Figura 4: Amostrador de parede fina

Fonte: Faculdade Sudoeste Paulista (2015)

O amostrador é inserido no solo por pressão constante e estática, sendo


retirado quando estiver cheio. Assim, libera-se a camisa do cabeçote, selando-a e
enviando-a para o laboratório. Esse amostrador é amplamente utilizado para extrair
amostras em solos moles.

1.2.1 Cuidados com as amostras

É preciso tomar alguns cuidados com as amostras, a fim de evitar erros nos
resultados. Em amostras deformadas, é preciso retirar todos os corpos estranhos
ao solo, caso isso não seja possível de ser feito em campo, é importante informar a
presença de corpos estranhos a fim de que sejam realizadas as ações necessárias
para assegurar a confiabilidade das amostras em laboratório.
Nas amostras indeformadas, os cuidados precisam ser ainda maiores, pois,
deseja-se assegurar a manutenção da umidade e a estrutura do solo, a seguir são
descritos os principais cuidados a se tomar com as amostras indeformadas:
 No processo de abertura do poço e na retirada do bloco não se pode deixar
que o sol incida diretamente nas amostras quando elas são retiradas na
superfície, a escavação não pode ser até o topo da cota do bloco. Não se
deve cravar a caixa no solo, pois, pode haver alteração estrutural do solo,
também não se deve deixar folgas entre a amostra e a caixa (caso isso não
ocorra, preencher a caixa com solo solto e com a mesma umidade). A
amostra não pode ser vibrada e não deve ser tombada de forma brusca. O
seu transporte até a superfície deve ocorrer rapidamente;
 No tratamento do bloco com tecido e parafina é importante estar atento para
que o tratamento seja realizado em local aberto (ao ser queimada, a parafina
libera gases tóxicos), a primeira camada da parafina não pode estar muito

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quente. A primeira etiqueta precisa ser colocada no topo do bloco, de modo a


evitar erros de identificação, o tecido poroso deve ser colocado em cima da
primeira camada da parafina, sem pressioná-lo. A parafina colocada sobre o
tecido precisa estar em uma temperatura mais elevada a fim de formar uma
camada impermeável parafina, tecido, parafina. A segunda etiqueta deve ser
posicionada sobre a primeira etiqueta;
 No transporte para o laboratório, é importante que a amostra seja posicionada
no interior de outra caixa cercada de serragem e identificada como frágil,
além de indicar sua posição de permanência no transporte;
 No armazenamento em laboratório, é essencial que a amostra fique em uma
câmara úmida e saturada. Não se deve movimentar a caixa sem necessidade,
além de mantê-la em local seguro. A etiqueta precisa estar visível e legível;
 Para retirar amostras e realizar ensaios, deve-se retirar a parafina e o tecido,
não deixar a amostra exposta ao ar por longos períodos de tempo, colocar
parafina onde se retirou a amostra antes de retornar com a amostra para a
câmara úmida. Realizar um plano para utilização do bloco antes do corte,
indicando onde será cortado.

1.2.2 Dimensionamento de amostras

No dimensionamento das amostras a serem retiradas, é essencial


considerar o número e os tipos de ensaios a serem realizados, além das condições
do local em que ocorrerá a amostragem. Ao se dimensionar uma amostra
deformada, é preciso adotar como base a massa do sólido estimada a fim de
calcular o total de material necessário para a realização de cada ensaio. Para
determinar a massa de solo a ser retirada é importante saber qual o teor de umidade
da jazida, que pode ser feito por estimativas tácteis e visuais ou por processos
rápidos.
Nas amostras indeformadas, precisa-se levar em conta as dimensões dos
corpos de prova, chegando-se, assim, às dimensões e ao número de blocos
necessários. Para ambos os tipos de amostras, é importante considerar que poderão
haver perdas de materiais ao longo dos ensaios, além da necessidade de repetição

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de alguns deles. Deve-se considerar ainda que, em muitos casos, não é possível
retirar mais material para teste devido a suas condições, a movimentação de
pessoal, a distância do laboratório, além dos equipamentos que custarão ainda mais
para a obra. Por isso, deve-se priorizar a sobra de material (não em excesso) e não
o contrário.
Para as amostras deformadas, há a norma NBR 6457 denominada
“Preparação de amostras para ensaios de compactação e ensaios de
caracterização”, que define a quantidade de amostras de solos a serem preparadas
nos ensaios de compactação e caracterização para a obtenção de partículas com
tamanho inferior a 4,8 mm ou 4 mesh.
No caso das amostras indeformadas, o dimensionamento pode ser
associado à dimensão e ao tipo de amostrador utilizado para a coleta da amostra.
Na amostragem em bloco, é essencial que ele tenha formato cúbico, com lados
entre 20 e 30 cm. Dessa forma, consegue-se retirar entre 9 e 18 corpos de provas,
com 12,5 cm de altura e 5,0 cm de diâmetro, considerando que o solo esteja em
boas condições.
Os blocos não podem ter lados inferiores a 20 cm, uma vez que, esse fato
irá diminuir consideravelmente a quantidade de amostras com as dimensões
especificadas. Caso o bloco tenha os lados com dimensões superiores a 30 cm, seu
peso ficará muito alto, o que dificulta seu manuseio, tanto em campo, quanto no
laboratório.

EXPANDINDO OS CONHECIMENTOS
Para ver um caso prático de amostragem, acesse:
https://sigarra.up.pt/fep/en/pub_geral.show_file?pi_doc_id=26895.

1.3 Ensaio de palhetas

O ensaio de palheta ou vane shear test (VST) foi desenvolvido no ano de


1919 na Suécia, desde então tem sido amplamente utilizado na obtenção da
resistência não drenada dos solos médios/moles, principalmente quando se deseja
realizar projetos para aterrar solos moles. A vantagem do ensaio de palhetas é a sua

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simplicidade, além de ser um ensaio prático e econômico quando se deseja


determinar o valor da resistência ao cisalhamento não drenado para argilas moles.
A principal finalidade do ensaio de palhetas é determinar in situ a resistência
de cisalhamento não drenada. Basicamente, o ensaio consiste em cravar uma
palheta no solo (figura 5), aplicando torque em quantidade suficiente para cisalhar o
solo por um movimento de rotação, permitindo assim determinar a resistência não
drenada do solo em campo (SU). (Posteriormente, o ensaio será explicado com mais
detalhes).

Figura 5: Esquema do ensaio de palheta

Fonte: Penna (2017)

1.3.1 O equipamento para ensaio

Para realizar o ensaio são utilizadas palhetas com seção cruciforme


(conforme figura 5). Essas palhetas permitem ser cravadas em argilas saturadas
com consistência mole a rija, cisalhando o solo por um esforço de rotação nas
condições não drenadas, gerando excelentes resultados. Por isso, para realizar esse
ensaio, é importante que se conheça o solo previamente, para avaliar sua
aplicabilidade, bem como para facilitar a interpretação dos resultados. A figura 6
ilustra o equipamento de ensaio de palhetas.

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Figura 6: Equipamento utilizado para a realização do ensaio de paleta

Fonte: Geo Coring (2019)

O equipamento é dotado de uma aleta com 4 pás, que devem ser fabricadas
em aço com alta resistência, apresentando 65 milímetros de diâmetro e 130
milímetros de comprimento. Podem ser usadas palhetas menores quando forem
realizados ensaios em areias rijas.
A haste utilizada no equipamento deve suportar o torque a ser aplicado. É
preciso, ainda, que ela seja capaz de conduzir a palheta até onde se deseja realizar
o ensaio (profundidade desejada). Normalmente, a haste é protegida por um tubo
que se mantém estacionário enquanto o ensaio é realizado; deve-se preencher o
espaço entre o tubo e a haste com graxa a fim de evitar que o solo entre nesse local
e gere atrito, prejudicando o ensaio.
Já o equipamento responsável por aplicar e medir o torque, deve rotacionar
o conjunto haste-palheta em aproximadamente 6 ± 0,6°/min. Esse dispositivo é
formado por um mecanismo de coroa e pinhão acionado de forma manual ou
automática.

1.3.2 A execução do ensaio

O ensaio de palhetas pode ser realizado de duas formas distintas, os


ensaios do tipo A ocorrem sem uma perfuração prévia, o que permite obter melhores
resultados. Normalmente, ensaios desse tipo são feitos em terrenos que apresentam

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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solos com baixa consistência, permitindo que a sua cravação seja realizada a partir
do nível do terreno.
Já o ensaio do tipo B, é executado com perfuração prévia, ou seja, realiza-se
uma escavação posterior à cravação da palheta. Esses ensaios costumam
apresentar mais erros quando comparados aos ensaios do tipo A, pois, pode ocorrer
a translação da palheta, além do atrito, que podem afetar os resultados. O ensaio é
feito com a inserção da palheta no interior do solo até a profundidade do ensaio. Em
seguida, aplica-se e mede-se o torque. O tempo máximo permitido entre a colocação
da palheta no interior do furo e a sua rotação é de até 5 minutos. Na determinação
da resistência amolgada imediata, logo após a aplicação do torque máximo, deve-se
realizar dez revoluções completas na palheta e refazer o ensaio para a obtenção
desse parâmetro.
Por meio do ensaio de palheta, consegue-se determinar os seguintes
parâmetros geotécnicos: a resistência ao cisalhamento não drenado, a sensibilidade
(relação existente entre a resistência não drenada e a resistência não drenada
amolgada) e a razão dobre adensamento (OCR).
 A resistência não drenada pode ser calculada pelo ensaio de palhetas de
acordo com a equação 1, que é definida pela norma NBR 10905 – Ensaios de
Palheta:
𝑇
𝑆𝑢 = 0,86 ∗ (1)
𝜋∗𝐷 3

Na qual, T = Torque requerido para cisalhar o solo em kNm (quilo newton


metros) e D = diâmetro da palheta em m (metros). É importante destacar que essa
equação foi deduzida das palhetas retangulares, considerando a relação entre a
altura e o diâmetro das palhetas, sendo que a altura é igual ao dobro do diâmetro. O
ensaio é normalmente realizado em várias profundidades com o intuito de avaliar a
resistência do solo ao longo da profundidade.
 A sensibilidade (St) da argila pode ser calculada dividindo a razão da
resistência não drenada indeformada (Su) pela resistência não drenada
amolgada (Sur), de acordo com a equação 2:

𝑆𝑢
𝑆𝑡 = (2)
𝑆𝑢𝑟

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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A tabela 1 apresenta os valores de sensibilidade para argilas

Tabela 1: Valores de sensibilidade para argilas


Sensibilidade St
Argilas insensíveis 1
Argilas de baixa sensibilidade 1a2
Argilas de média sensibilidade 2a4
Argilas sensíveis 4a8
Argilas com extra sensibilidade 8 a 16
Argilas com excepcional sensibilidade (quick-clays) > 16
Fonte: Skempton e Northey (1952, apud Baroni, 2010)

 Já a razão de sobreadensamento, ou OCR, pode ser calculada para


diferentes tipos de argila, de acordo com a equação 3:

𝑆𝑢
𝑂𝐶𝑅 = 𝛼 ∗ ( ) ∴ 𝛼 = 22 ∗ (𝐼𝑝 )−0,48 (3)
𝜎𝑖 ∗ 𝜗𝑜

Na qual, Ip = Índice de plasticidade, Su = Resistência não drenada e σi * ϑo.


Com os ensaios de palhetas consegue-se obter alguns resultados típicos. A
figura 7 representa um ensaio em que se obteve dois resultados, um de resistência
indeformada (linha azul) e outro da amolgada (linha vermelha).

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Figura 7: Resultado típico de ensaio de paleta

Fonte: Queiroz (2013)

Já a figura 8, ilustra o resultado de ensaio de palheta sem a ruptura do solo,


com isso, não é possível definir a resistência ao cisalhamento do solo nesse ponto.

Figura 8: Resultado do ensaio de paleta sem ruptura

Fonte: Queiroz (2013)

Há ainda a possibilidade de obter resultados considerando a profundidade


em função da resistência não drenada deformada (Su), conforme a figura 9. Pode-se

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ainda realizar vários testes em diversos furos e colocar os resultados em um único


gráfico, permitindo avaliar o comportamento do solo ao longo de diversos pontos ao
longo de um terreno.

Figura 9: Resultado do ensaio de paleta

Fonte: Fernando (2015)

ATENÇÃO
Para conhecer mais sobre o ensaio de palhetas, consulte a norma 10905 – Ensaio
de Palhetas, acessando:
https://pt.slideshare.net/titosantos31/nbr-10905-ensaio-de-palheta.

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CAPÍTULO 2 – SONDAGEM A PERCUSSÃO, SONDAGENS ROTATIVAS E


ENSAIOS DE PENETRAÇÃO ESTÁTICA TIPO CPT/CPTS

2.1 Sondagem a percussão

O ensaio Standard Penetration Test (SPT) é a técnica mais rotineira, comum


e econômica utilizada para a realização de investigações geotécnicas. Essa
ferramenta é utilizada em quase todo o mundo, pois, pode ser empregada para
definir a estratigrafia e/ou para a determinação de fundações profundas e diretas.
Isso demonstra a versatilidade do ensaio, pois, ele pode ser aplicado para,
praticamente, qualquer operação.
Esse ensaio, quando comparado aos demais, apresenta algumas vantagens,
como a simplicidade do equipamento e seu baixo custo. Além disso, ele permite a
obtenção de valores numéricos que podem ser associados às metodologias
empíricas do projeto.
O equipamento utilizado para a sondagem SPT é composto, basicamente,
por um tripé com roldana e cabo, tubos de revestimento, composição de cravação
ou perfuração, cavadeira ou trado-concha, trépano de lavagem, trado helicoidal,
cabeça de bateria, amostrador padrão, martelo padrão para cravar o amostrador,
balde para esgotamento do furo, medidor de nível de água, recipiente para
amostras, caixa de água, bomba de água e demais ferramentas necessárias à
operação. O esquema do ensaio pode ser observado na figura 9:

Figura 9: Esquema do ensaio SPT

Fonte: Viana (2018)

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O equipamento contém ainda um martelo prismático ou cilíndrico, que pode


ter ou não coxim de madeira para a cravação das hastes e dos tubos de
revestimento, pesando 65 quilogramas. Existe ainda um amostrador fixado na ponta
da haste, sendo este bipartido e com dois furos para a saída de ar e de água, com
diâmetro interno de 34,9 mm e diâmetro externo de 50,8 mm, denominado barrilete
tipo Raymond. O barrilete pode ser observado em detalhes na figura 10:

Figura 10: Barrilete tipo Raymond

Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2001)

2.1.1 A execução do ensaio

O ensaio SPT foi normatizado no ano de 1958 pela American Society for
Testing and Materials (ASTM), porém, no Brasil, o ensaio é normatizado pela NBR
6484. O ensaio consiste em cravar no solo um amostrador padrão no fundo de uma
escavação, com revestimento ou não, devido à queda de um martelo com massa de
65 kg de uma altura de 75 centímetros, conforme a figura 9.
O valor do índice de resistência à penetração ou NSPT é a quantidade de
golpes necessários para fazer com que o amostrador penetre 30 cm no solo depois
de uma cravação inicial de 15 cm. Quando a penetração for inferior a 5 cm depois de
10 golpes em sequência, ou quando a quantidade de golpes em um mesmo ensaio
for superior a 50, interrompe-se a cravação do amostrador e suspende-se o ensaio
de penetração. Esses fenômenos podem ser chamados também de
impenetrabilidade do ensaio SPT.
Durante a realização dos ensaios devem ser coletadas amostras do solo, de
acordo com a recomendação da norma NBR 6484. A norma define que tais
amostras devem ser colhidas pelo amostrador padrão em cada metro de perfuração
após o primeiro metro de profundidade ou quando tiver alguma mudança de material
no solo, quando isso ocorrer, deve-se medir a resistência de penetração do solo.

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Existe ainda a sondagem SPT – T, que consiste em medir o torque nas


sondagens de simples reconhecimento. Com isso, consegue-se avaliar a posição do
nível da água, os índices de resistência à penetração, a profundidade de ocorrência
dos principais tipos de solo em um terreno e o momento de torção no amostrador,
que é medido pelo torque. Quando preciso, a medição do torque é feita após cada
ensaio de penetração SPR. Depois de ter cravado o amostrador padrão em 45 cm
no solo, é retirada a cabeça de bater e acopla-se o adaptador de torque. Dessa
forma, mede-se o torque residual e máximo com um torquímetro calibrado (a medida
é dada em Kgfm).
A norma NBR 8036 denominada programa de sondagens de simples
reconhecimento de solos para fundações de edifícios define a quantidade de furos e
suas localizações em edificações. Para áreas de projeção de construção com até
200 m2, devem ser realizados no mínimo dois furos; já em áreas de projeção de
construção, variando entre 200 m2 e 400 m2 devem ser realizados no mínimo três
furos. Em áreas de projeção de até 1.200 m2, deve ser realizado no mínimo um furo
a cada 200 m2. Para áreas de projeção variando entre 1.200 e 2.400 m2, deve-se
realizar uma sondagem a cada 400 m2 quando exceder 1.200 m2.
As principais variações referentes no ensaio SPT no mundo estão
associadas aos seguintes fatores:
 técnicas de escavação (uso de bentonita, revestimento da perfuração ou não,
ensaio realizado na região revestida, dentre outras coisas);
 características dos equipamentos (rigidez e peso das hastes, massa do
martelo, dentre outras coisas);
 condições do subsolo (tamanho das partículas, coeficiente de uniformidade
do solo, índice de vazios, dentre outras coisas).

2.1.2 Resultado do ensaio SPT – Perfil geotécnico

Os resultados obtidos no ensaio SPT são dispostos em um desenho


denominado perfil geotécnico, que é um documento elaborado para cada furo
realizado na sondagem ou nas seções do subsolo. Porém, esse documento precisa
conter os dados da empresa que executou o serviço, o nome do interessado, a

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
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assinatura do geólogo ou do engenheiro responsável; o diâmetro do tubo revestido e


do amostrador, a cota da broca do furo, a profundidade em relação à broca do furo
na transição das camadas e do fim da perfuração, além da posição das amostras
coletadas; deve conter também a indicação dos solos amostrados, os índices de
resistência à penetração (calculados pela soma dos golpes aplicados nos últimos 30
cm de cravação), a data de observação e a posição do nível de água, a descrição
dos solos que formam as camadas do subsolo, de acordo com a norma NBR 6502; a
data de começo e término da sondagem, a indicação dos processos de perfuração
utilizados e os respectivos trechos, além das posições dos tubos de revestimento.
As sondagens precisam ser representadas em escala 1:100, exceto para
sondagens mais profundas, que podem ser utilizadas escalas menores. O perfil
geotécnico gerado após a sondagem é essencial para a composição do relatório de
sondagem, bem como a posição dos furos executados para a sondagem no local
investigado.

2.1.3 Aplicações para ensaio SPT

O ensaio SPT pode ser aplicado em diversas operações de amostragens


para identificar diferentes tipos de solo, até a previsão de tensões admissíveis em
fundações diretas nos solos granulares. A primeira aplicação ligada ao SPT, citada
neste trabalho, refere-se à simples determinação do perfil de subsolo. O quadro 1
apresenta a classificação de solos utilizada no Brasil, que segue a norma NBR 7250,
sendo que esta classificação é baseada nas medidas de resistência à penetração:

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Quadro 1: Classificação dos solos


Índice de resistência
Solo Designação
à penetração
<4 Fofa
5-8 Pouco compactada
Areia e silte arenoso 9-18 Medianamente compactada
19-40 Compacta
>40 Muito compacta
<2 Muito mole
3-5 Mole
Areia e silte argiloso 6-10 Média
11-19 Rija
>19 Dura
Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2001)

O ensaio SPT pode ser usado ainda na engenharia a fim de obter


parâmetros que podem ser utilizados em análises dos problemas geotécnicos, como
em obras de contenção, fundações, barragens, dentre outros. Existem diversas
correlações para avaliar esses problemas, porém, é preciso considerar as limitações
existentes nessas correlações.
O primeiro parâmetro que pode ser calculado é a densidade relativa dos
solos granulares, de acordo com a equação 4:

1
𝑁𝑆𝑃𝑇 2
𝐷𝑟 = ( ′ + 16 ) (4)
0,23∗ 𝜎𝑣𝑜

Na qual, Dr = densidade relativa, σ’vo = tensão efetiva de repouso (kPa) e


NSPT = número de golpes aplicados no ensaio SPT.
A segunda correlação está ligada ao ângulo de atrito. Existem algumas
formas de prever o ângulo do solo através dos ensaios SPT, dentre elas, vale
destacar a equação 5:

(1,49 − 𝐷𝑟 ) ∗ tan ∅′ = 0,712 (5)

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Na qual, ∅ = ângulo efetivo do solo, que pode ser calculado pelas equações
6 ou 7:

∅′ = 28𝑜 + 0,4 ∗ 𝑁𝑆𝑃𝑇 (6)

∅′ = √𝑁𝑆𝑃𝑇 ∗ 𝑁 + 15 (7)
O peso específico para solos argilosos pode ser obtido conforme o quadro 2.

Quadro 2: Peso específico dos solos argilosos


N (golpes) Consistência Peso específico (kN/m3)
≤2 Muito mole 13
3–5 Mole 15
6 – 10 Média 17
11 – 19 Rija 19
≥ 20 Dura 21
Fonte: Godoy (1972, apud Cintra et al.,2003)

O peso específico para solos arenosos pode ser obtido no quadro 3.

Quadro 3: Peso específico dos solos argilosos


Peso específico (kN/m3)
N (golpes) Consistência
Seca Úmida Saturada
≤5 Fofa 16 18 19
5–8 Pouco compacta 16 18 19
9 – 18 Medianamente compacta 17 19 20
19 – 40 Compacta 18 20 21
≥ 40 Muito compacta 18 20 21
Fonte: Godoy (1972, apud Cintra et al.,2003)

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A coesão de argilas pode ser obtida pelo quadro 4.

Quadro 4: Peso específico dos solos argilosos


N (golpes) Consistência Coesão (kPa)
<2 Muito mole < 10
2–4 Mole 10 – 25
4–8 Média 25 – 50
8 – 15 Rija 50 – 100
15 – 30 Muito rija 100 – 200
> 30 Dura > 200
Fonte: Alonso (1983)

O módulo de elasticidade dos solos pode ser calculado pela equação 8:

𝐸
= 1 𝑎 2 (𝑀𝑃𝑎) (8)
𝑁60

Na qual, E = módulo de elasticidade em solos adensados e N 60 = número de


golpes considerando a correção de energia da cravação, partindo do pressuposto de
que 60% da energia teórica produzida pelo martelo é transmitida para o amostrador.
A resistência não drenada das argilas pré-adensadas pode ser calculada
pela equação 9:
𝑆𝑢
= 4 𝑎 6 (𝑀𝑃𝑎) (9)
𝑁𝑆𝑃𝑇

Na qual, Su = resistência não drenada em argilas pré-adensadas.


O coeficiente da variação volumétrica (mv) em solos pré-adensados pode ser
calculado de acordo com a equação 10:
𝑚2
𝑚𝑉 = 450 ∗ 𝑁60 (𝑀𝑁) (10)

O módulo de elasticidade não drenado (Eu), para os solos pré-adensados,


pode ser calculado pela equação 11:
𝐸𝑢
= 1 (𝑀𝑃𝑎) (11)
𝑁𝑆𝑃𝑇

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A resistência à compressão das rochas brandas (σc) pode ser calculada pela
equação 12:

𝜎𝑐 = 10 ∗ 𝑁60 (𝑘𝑃𝑎) (12)

Diversas correlações podem ser utilizadas para prever recalques e tensões


admissíveis nas fundações diretas, o cálculo da capacidade de carga para
fundações profundas, dentre outras coisas. Porém, é importante destacar que a
utilização de qualquer correlação para estimar parâmetros geotécnicos precisa ser
condicionada às situações parecidas em que foram obtidas.

IMPORTANTE
Para aprender um pouco mais sobre o ensaio SPT, acesse:
https://www.apl.eng.br/artigos/2016-METODOLOGIA-EXECUTIVA-SONDAGEM-
PERCUSSAO-SPT.pdf

https://www.youtube.com/watch?v=X4MK91AL_lk.

2.2 Sondagem rotativa

A sondagem rotativa é um conjunto motomecanizado que visa a retirada de


amostras contínuas de materiais rochosos por meio da ação de um perfurante que
sofre a ação de forças de rotação e de penetração. Essa sondagem é utilizada
quando a sondagem SPT alcança a camada rochosa, solos impenetráveis à
percussão e matacões. A sondagem rotativa tem como finalidade obter amostras,
que são denominadas como testemunhos de sondagem, além de abrir furos para
que outros ensaios possam ser realizados. O quadro 5 ilustra os diâmetros mais
utilizados da sondagem rotativa:

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Quadro 5: Peso específico dos solos argilosos


Nomenclatura Diâmetro
Padrão métrico Padrão DCDMA Furo (mm) Testemunho (mm)
- EX 37,71 21,46
- AX 48,00 30,10
- BX 59,94 42,04
- NX 75,64 54,73
86 mm - 86,02 72,00
- HX 99,23 76,20
Fonte: Alonso (1997)

A figura 12 ilustra o equipamento utilizado para a realização da sondagem


rotativa, o qual é composto por sonda rotativa (que pode ser de acionamento
mecânico, manual ou hidráulico), motor (movido à eletricidade, gasolina ou diesel),
cabeçote de perfuração e guincho; Hastes (tubos com comprimento variando de 1,5
a 6,0 metros, ligados através de niples – o objetivo desses tubos é transmitir o
movimento de perfuração e rotação da ferramenta de corte, além de conduzir água
para refrigerar e limpar o furo). Há ainda os barriletes (tubos que recebem o
testemunho), que podem ser:
 simples, nesse caso, o testemunho está sujeito à erosão pelo fluido de
circulação, por isso, são utilizados apenas em rochas brandas com qualidade
excelente;
 duplo rígido, quando formado por dois tubos que giram no mesmo sentido, no
qual circula o fluido. Esses barriletes são empregados em rochas com boa
qualidade;
 duplo livre, quando os barriletes são estacionários, por isso, são utilizados
apenas quando se deseja recuperar o material de enchimento na
descontinuidade das rochas;
 tubo interno removível, nesse tipo, o tubo interno é removido do interior da
coluna de perfuração, com isso, consegue-se grande recuperação do material
perfurado.
Há ainda as coroas, que são os elementos cortantes, sendo constituídas
pela matriz (elemento para fixação de diamantes), pelo corpo (que liga a coroa com

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os elementos superiores), pelas saídas de água (orifícios que escoam a água da


refrigeração) e por diamantes industriais (que podem ser cravados ou impregnados
na matriz).
Os revestimentos são utilizados para estabilizar os furos quando preciso. O
sistema para circulação de água é constituído por um conjunto de motor, bomba,
tanque e mangueira. Esse sistema tem como objetivo resfriar a coroa, expulsar os
detritos e dar estabilização adicional à parede por meio de pressão hidrostática e,
por fim, a caixa de testemunhos.

Figura 10: Equipamento utilizado na sondagem rotativa

Fonte: Lima (2017)

2.2.1 A execução da sondagem

O ensaio deve ser realizado em terreno seco. Inicialmente, é preciso limpar


a área para eliminar obstáculos em potencial que podem afetar o ensaio. Pode-se
ainda criar sulcos ao redor da área a ser sondada para evitar a interferência de água

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de enxurradas quando chover, e se for o caso. A sonda deve ser ancorada


firmemente, estando nivelada com o solo, de modo que não haja vibração excessiva,
que pode afetar a sondagem.
Em locais cobertos com lâmina de água de grande espessura ou alagados, a
sondagem deve ser executada sobre uma plataforma fixa ou flutuante, desde que
esteja ancorada firmemente, além de estar com o assoalho totalmente coberto e que
cubra, pelo menos, a área do tripé ou o raio de cerca de 1,5 m, os quais devem ser
contados ao redor do contorno das sondas.
No local em que será realizada a sondagem, é importante que haja a
cravação do piquete, identificando a sondagem e servindo de ponto de referência
para as medidas de profundidade e, também, para auxiliar na amarração
topográfica. Quando tiver solo onde for realizado o furo, este deve ser sondado pela
técnica SPT até atingir a condição de SPT impenetrável.
Todos os recursos da sondagem rotativa devem ser utilizados para garantir
que todo o material atravessado seja recuperado (os recursos são: utilização de
acessórios e equipamentos adequados, uso de lama bentonítica como o fluido da
perfuração, dentre outras coisas). Deve-se registrar as características da coluna de
perfuração e das sondas rotativas usadas, as características da coroa, o tempo para
realização das manobras, a avaliação da pressão aplicada na composição, a
velocidade de rotação, a velocidade de avanço, a vazão de água circulante e a
pressão.
A sequência correta dos diâmetros deve ser estabelecida previamente,
sendo alterada apenas quando houver necessidade técnica. Para controlar a
profundidade do furo, deve-se avaliar a diferença do comprimento total das hastes
com a peça da perfuração e a sua sobra em relação aos piquetes de referência.
Quando a sondagem alcançar o lençol freático, deve-se anotar sua profundidade.
Caso haja artesianismo não surgente, é preciso registrar o nível estático, caso o
artesianismo seja surgente, além do nível estático, deve-se medir o nível dinâmico e
a vazão.
Os níveis de artesianismo devem ser medidos antes e ao término das
operações de sondagem. Após terminar a última medida do nível de água ou
mediante a finalização do furo seco, deve-se preencher o orifício, após isso, é

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importante identificar esse local de sondagem. Em sítios de barragens, o


preenchimento de todo o furo deve ser feito com cimento, nos demais casos, deve-
se preencher o furo com solo ou solo cimento em toda a sua profundidade.
É importante destacar que após cada manobra (ciclos para o corte e a
retirada de testemunhos), os testemunhos são retirados com cuidado e colocados na
caixa de testemunho. Após a obtenção destes, consegue-se classificar o material
retirado ou prospectado, bem como um índice de qualidade, denominando Rock
Quality Designation (RQD), que pode ser calculado através da equação 13.

𝑙>10 𝑐𝑚
𝑅𝑄𝐷 = ∗ 100 (%) (13)
𝑙𝑏𝑎𝑟𝑟𝑖𝑙𝑒𝑡𝑒

Na qual, l>10 cm = comprimento de fragmentos recuperados e apresentam


comprimento superior a 10 cm, l barrilete = comprimento total do barrilete utilizado.
O RQD pode aparecer em perfis de sondagem como recuperação, porém,
com este material, é possível avaliar a qualidade da rocha, de acordo com a
classificação apresentada no quadro 6. As sondagens rotativas podem ser a
continuidade das sondagens SPT quando estas forem classificadas como
impenetráveis. Dessa forma, no perfil geotécnico do furo, deve-se apresentar além
do RQD e do número de golpes, a percussão e a descrição da rocha, assim, tem-se
uma sondagem mista, sendo seu perfil geotécnico semelhante ao ilustrado na figura
14.

Quadro 6: Peso específico dos solos argilosos


RQD (%) Qualidade do maciço rochoso
0 – 25 Muito fraco
25 – 50 Fraco
50 – 75 Regular
75 – 90 Bom
90 – 100 Excelente
Fonte: Santos (2016)

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ATENÇÃO
Para conhecer mais sobre a sondagem rotativa, acesse:
https://www.apl.eng.br/artigos/2106-SONDAGEM-ROTATIVA-METODOLOGIA-
EXECUTIVA.pdf.

2.3 Ensaio de penetração estática tipo CPT/CPTS

Os Ensaio de Cone (CPT) e Piezocone (CPTS) são uma das ferramentas de


prospecção geotécnicas mais poderosas do mundo. Através dos resultados gerados
pelo ensaio, consegue-se determinar a estratigrafia de subsolos, prever a
capacidade de carga para fundações e obter as propriedades geomecânicas dos
materiais que compõem o subsolo. Esse tipo de ensaio foi utilizado pela primeira vez
no ano de 1930, sendo que somente após 1950 ele começou a ser utilizado no
Brasil.
As principais vantagens do ensaio são a capacidade de descrever
detalhadamente a estratigrafia do subsolo, de registrar continuamente a resistência
à penetração, a eliminação de influências exercidas por operadores nas medidas
realizadas no ensaio e a obtenção dos parâmetros de projeto.
O ensaio CPT é mais caro quando comparado com o SPT, porém, fornece
resultados mais completos do que este. Basicamente, os equipamentos utilizados
para a execução do ensaio tipo cone podem ser divididos em três classes,
considerando a metodologia usada e os esforços a serem medidos.
A primeira classe é a do cone mecânico, nesse caso a medida dos esforços
para a cravação é realizada na superfície do terreno. Já na segunda classe, a do
cone elétrico, os esforços de cravação são medidos diretamente na ponteira,
utilizando uma célula de carga elétrica. No terceiro método, o piezocone, além das
medidas feitas no ensaio de cone, consegue-se monitorar de forma contínua os
poropressões no processo de cravação.
O equipamento utilizado para a execução do ensaio de cone ou piezocone é
composto pelo dispositivo de cravação, que pode ser manual, conforme a figura
13 ou mecanizado, conforme a figura 14. Há os elementos de sondagem, que
englobam hastes, tubos e o cone; o cone, que é formado por duas partes, sendo
uma ponta cônica que tem ângulo de vértice igual a 60°, conectado a uma luva que
tem seção transversal igual a 10 cm2 (o material de construção do cone deve

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
33

apresentar a rugosidade máxima de 0,01 mm); e os dispositivos para a medição


de esforços, como piezômetros, manômetros, células de cargas, dentre outras
coisas.

Figura 11: Equipamento utilizado no ensaio CPT/CPTS

Fonte: Santos (2016)

Figura 12: Perfil geotécnico de sondagem mista

Fonte: Adaptado de ECD Ambiental (2013)

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2.3.1 A execução do ensaio

No Brasil, o ensaio é regulamentado pelo Associação Brasileira de Normas


Técnicas (ABNT), no Método Brasileiro (MB) 3406 intitulado Solo – Ensaio de
penetração de cone in situ (CPT). O ensaio consiste em cravar no solo a ponteira
cônica em uma velocidade constante de 20 mm/s, para obter dados, como
resistência lateral (fs), resistência da ponta (qc) e poropressões nos ensaios de
piezocone. A utilização de piezocone permite corrigir a resistência total mobilizada
no processo de cravação por meio da geração de valores de poropressões. Após a
realização do ensaio, pode-se obter um perfil semelhante ao da figura 15, no qual os
parâmetros qc, fs e Rf são plotados em função da profundidade.

Figura 13: Perfil geotécnico de sondagem mista

Fonte: Santos (2016)

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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O parâmetro Rf também pode ser chamado de razão de atrito e pode ser calculado
através da equação 14:
𝑓𝑠
𝑅𝑓 = (14)
𝑞𝑐

Após a obtenção dos resultados no ensaio CPT/CPTS, consegue-se utilizá-


los em diversas aplicações, a primeira delas é para determinar a estratigrafia do
subsolo; para isso deve-se, primeiramente, calcular o valor de Rf. Depois de
calculado, deve-se observar o quadro 7 para a classificação de subsolo.

Quadro 7: Classificação de subsolo de acordo com o ensaio CPT/CPTS


Tipo de solo Rf
Areia fina a grossa 1,2 – 1,6
Areia siltosa 1,6 – 2,2
Areia silto-argilosa 2,2 – 4,0
Argila > 4,0
Fonte: Begemann (1965)

A resistência ao cisalhamento não drenado (Su) de argilas pode ser


calculada pela equação 15:


𝑞𝑡 − 𝜎𝑣𝑜
𝑆𝑢 = (15)
𝑁𝑘𝑡

Na qual, σ’vo = tensão efetiva no solo de repouso, Nkt = ao fator da


capacidade de carga, que é obtido pela aplicação de teoria de equilíbrio limite. Para
determinar a tensão de pré-adensamento (σ’vm) das argilas, utiliza-se a equação 16:

𝜎𝑣𝑚 = 0,53 ∗ (𝑞𝑡 − 𝑢2 ) (16)

O coeficiente de empuxo das argilas (ko) é calculado de acordo com a


equação 17:

𝜎`𝑣𝑚
𝑘𝑜 = (1 − sin ∅` ) ∗ ( ) (17)
𝜎`𝑣𝑜

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Na qual, ∅` = ângulo de atrito efetivo. Outra forma de calcular o coeficiente


de empuxo é pela equação 18:
𝑞𝑡 − 𝜎𝑣𝑜
𝑘𝑜 = 0,1 ∗ ′
𝜎𝑣𝑜

(18)
Na qual, σ’vo = tensão efetiva do solo em repouso e σ’vo = tensão total do
solo em repouso. Pode-se calcular também a densidade relativa nas areias pela
equação 19:
𝑞𝑐
𝐷𝑟 = −98 + 66 ∗ log 10 ∗ ( )

√𝜎𝑣𝑜

(19)
Pode-se ainda calcular o módulo de deformabilidade em 25% da tensão
desviadora máxima de areias, de acordo com a equação 20:

𝐸25 = 1,5 ∗ 𝑞𝑐
(20)

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CAPÍTULO 3 – ENSAIO DILATOMÉTRICO DE MARCHETTI, ENSAIO


PRESSIONOMÉTRICO E CASOS HISTÓRICOS

3.1 Ensaio dilatométrico de Marchetti

O dilatômeto de Marchetti ou DMT foi desenvolvido na Itália por Silvano


Marchetti no ano de 1970. Inicialmente, o equipamento foi desenvolvido com o
intuito de medir o módulo de deformabilidade e a tensão in situ do solo. Para
minimizar as deformações geradas pela penetração no solo e melhorar a correlação
do DMT, com o comportamento obtido na pré-inserção, foi escolhido um corpo de
prova fino, em forma de lâmina e com uma membrana circular posicionada em uma
das faces da lâmina. Quando comparada ao ensaio CPT, a lâmina gera menos
deformações no solo por causa da sua forma geométrica.
A lâmina é ligada à superfície de controle, conforme figura 18, que é
constituída de válvulas para controlar o fluxo de gás (oxigênio, nitrogênio ou ar
comprimido) e dois manômetros (responsáveis por registrar a pressão). O cabo
eletropneumático sai da unidade e passa pelo interior da haste de cravação, que é
do tipo CPT; em seguida, ele é conectado à lâmina do dilatômetro. Nesse processo,
a corrente elétrica é gerada através de baterias ou pilhas. A figura 16 ilustra com
detalhes a geometria da lâmina e sua membrana.

Figura 14: Unidade de controle e lâmina e membrana DMT

Fonte: Damasco Penna (2019)

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A lâmina penetra no solo verticalmente, sendo empurrada pelo sistema de


cravação em velocidades constantes, que podem ser entre 2 e 4 cm/s. De 20 em 20
cm a cravação é interrompida, aplica-se pressão a fim de inflar a membrana,
realizando três medições. Após essa leitura, a membrana penetra mais 20 cm no
solo e o ensaio continua assim até o ponto de interesse.
Com o fornecimento de corrente elétrica e de pressão gerada pelo gás
ocorre a ativação da membrana em três níveis. O primeiro deles se dá pelo contato
da membrana com um espaçador presente no disco sensor. O segundo nível é a
condição desligada, pois, não ocorre o contado, assim, interrompe-se o circuito. A
terceira condição ocorre quando o sinal é ligado novamente, quando o cilindro de
aço inoxidável entra em contato com o disco sensor, reativando o sinal. O princípio
de funcionamento da membrana pode ser observado na figura 17:

Figura 15: Princípio de funcionamento da membrana

Fonte: Adaptado de Marchetti (1980)

A membrana é de aço inoxidável e sua espessura pode variar de 0,20 a 0,25


mm, dependendo do tipo de solo a ser analisado, sendo que as membranas mais
espessas são utilizadas em solos mais resistentes. É importante realizar a calibração
da membrana ao início e ao final de cada sondagem, pois, ela é rígida e a leitura das
pressões corrigidas pela calibração é essencial para a obtenção de dados corretos.

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A unidade de controle visa monitorar e controlar a pressão de gás fornecida


à lâmina, além de fazer com que a posição da membrana seja perceptível. A
unidade é composta por dois manômetros, sendo um para melhorar a precisão em
baixas pressões (de 0 a 10 bars) e outro para pressões mais elevadas (de 0 a 70
bars).
Esse ensaio pode ser aplicado para diversos problemas geotécnicos, dentre
eles, vale destacar a previsão de recalque, a identificação estratigráfica do solo, a
avaliação do módulo de deformabilidade de solos, identificação de superfícies de
escorregamento em taludes, análise da capacidade de carga em uma fundação,
dentre outras coisas.
As principais vantagens do ensaio são o fato de os resultados não serem
dependentes do operador, não é preciso realizar um furo prévio (eliminando, em
partes, a dispersão por amolgamento). O ensaio é rápido e tem alta repetibilidade.
Já as suas principais desvantagens são o fato de que a lâmina e a membrana
podem ser susceptíveis à danificação (quando penetrada em solos com pedregulhos
ou areias densas), não se consegue medir o poropressão diretamente, e em solos
densos, a força de reação é elevada.

3.1.1 A execução do ensaio

No ano de 1986, a ASTM normatizou a execução do ensaio DMT, permitindo


que ele fosse executado de acordo com normas preestabelecidas, assegurando a
sua reprodutibilidade e coerência. Para executá-lo, deve-se inicialmente conectar o
conjunto de lâmina, cabos e unidade de controle. O cabo eletropneumático precisa
ser passado pelas hastes metálicas e, em seguida, ser conectado à lâmina. Depois
de passar o cabo pelas hastes, é preciso conectá-lo à unidade de controle, é
importante que nesse momento seja escutado o sinal de áudio ao pressionar a
membrana. Em seguida, conecta-se o cilindro de gás à unidade de controle;
posteriormente, conecta-se a lâmina à haste de cravação (é essencial que seja
realizada a calibração). Após esse procedimento, pode-se iniciar o ensaio.
O ensaio é realizado, basicamente, seguindo-se quatro passos. O primeiro
deles consiste em inserir a lâmina no solo, na posição vertical e até a profundidade

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em que será realizada a primeira leitura das pressões. Após a penetração abre-se
de forma gradual a válvula de controle de fluxo, deve-se escutar um sinal de áudio
no painel de controle durante esse procedimento. Quando a membrana começa a
mover o solo horizontalmente, o sinal sonoro é interrompido. Nesse momento, inicia-
se a leitura da primeira pressão (que deve ser obtida cerca de 15 a 30 segundos
após o ensaio ter começado). O terceiro passo se dá quando ocorre a expansão da
membrana, uma vez que, a válvula de controle da pressão continua injetando gás no
sistema. Enquanto ocorre a expansão, o sinal de áudio continua desligado e volta a
funcionar apenas quando a lâmina alcança um deslocamento horizontal de 1,1 mm,
sinalizando para o operador que está realizando o ensaio, a leitura da segunda
pressão (é importante que a segunda leitura seja realizada entre 15 e 30 segundos
depois da primeira). Depois dessa etapa, válvulas de relaxamento de fluxo e de
ventilação são utilizadas para gerar um relaxamento de pressão até que a
membrana volte para sua posição inicial.
Pode-se realizar ainda uma terceira leitura, porém, ela é opcional, caso opte
por fazê-la, é importante ventilar a pressão depois da segunda leitura, até que o seu
sinal seja interrompido. Depois disso, despressuriza-se de forma lenta para que haja
a reativação do sinal, realizando a terceira leitura. Depois desses passos, a lâmina é
avançada até a próxima profundidade em uma velocidade entre 2 e 4 cm/s até o
lugar para realizar uma nova medição. Após o término do ensaio, pode-se obter um
gráfico, conforme o mostrado na figura 18:

Figura 16: Gráfico com parâmetros obtidos no ensaio DMT

Fonte: Adaptado de Marchetti (2015)

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Analisando a figura 20, é possível observar os parâmetros mais significativos


que podem ser obtidos no ensaio DMT, que são o índice do material (Id), o módulo
de confinamento (M), a resistência ao cisalhamento não drenada (Su) e o índice de
tensão horizontal (Kd). É importante que os diagramas sejam dispostos em conjunto,
dessa forma, consegue-se ter uma visão geral sobre o que está acontecendo no
solo.

3.1.2 Algumas considerações sobre o ensaio

O DMT foi desenvolvido para que fosse possível avaliar diversas


propriedades dos solos arenosos e argilosos em um único ensaio. As leituras
realizadas no ensaio não são aplicadas diretamente, por isso, precisam de correção,
principalmente, quando o solo tiver sido amolgado na penetração da lâmina. Por
isso, foi preciso desenvolver correlações empíricas dos resultados com as
propriedades do solo antes que a lâmina fosse inserida. Essas correlações foram
estabelecidas por meio de comparações de parâmetros obtidos em pesquisas com
elevado controle de qualidade, com provas de carga, com ensaios laboratoriais,
observações in loco e diversos ensaios de campo.
Há ainda uma correlação utilizada para indicar o tipo de solo, bem como a
estimativa do peso específico relativo. Essa correlação consiste de um gráfico
construído considerando-se o índice do material ID e o módulo dilatométrico ED,
conforme a figura 19:

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 17: Correlações do índice do material e o módulo dilatométrico

Fonte: Marchetti e Crapps (1981, apud Esparza, 2016)

VAMOS APRENDER UM POUCO MAIS?


O ensaio DMT é muito importante na investigação geotécnica, para conhecer mais
sobre ele, bem como sobre suas correlações, acesse os links:

http://www.coc.ufrj.br/pt/component/docman/?task=doc_download&gid=1566&Itemid
= e

http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/321811/1/RojasEsparza_OlgaLucia
_M.pdf.

3.2 Ensaio pressiométrico

A primeira tentativa de introduzir uma sonda no interior de um furo e


expandi-la para medir, in situ, propriedades de deformação de solos ocorreu no ano
de 1933. O engenheiro alemão Kögler foi o responsável pelo trabalho. Na época, foi
concebido um aparelho que conseguia mensurar a quantidade de gás requerida
para expandir a sonda. Porém, o engenheiro teve grandes dificuldades no cálculo

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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das distribuições das tensões e do volume de gás injetado, pois, sua teoria era bem
simplificada e não satisfazia a condição de equilíbrio. Desde então, o ensaio evoluiu
bastante, até chegar ao equipamento e método adotado nos dias de hoje.
Atualmente, o princípio do ensaio é o mesmo que foi sugerido por Kögler:
insere-se uma sonda cilíndrica no interior do solo com o intuito de pressurizá-lo
horizontalmente; com isso, consegue-se obter a tensão radial (σrr), a pressão
horizontal (P) no solo e o aumento no raio da cavidade. Dessa forma, consegue-se a
obtenção da curva de tensão versus deformação in situ de um solo. Normalmente, o
ensaio é executado em várias profundidades no solo a fim de gerar parâmetros dos
diversos tipos de solo. A figura 20 ilustra o princípio de funcionamento do ensaio de
pressiométrico:

Figura 18: Princípio de funcionamento do ensaio de pressiométrico

Fonte: Adaptado de Briaud (1992)

Existem diversos tipos de pressiômetros, que se diferem basicamente pelo


modo como a sonda é inserida no solo. Os principais tipos de pressiômetros são os
de pré-furo (PBPM ou PPF), os autoperfurantes (SBPMT ou PAP) e os de inserção
direta ou de cravação (CPMT ou PC).
O pressiômetro pré-furo é o tipo mais utilizado, sua sigla PBPM equivale
ao seu nome na língua inglesa Prebored Pressuremeter. Esse equipamento é
posicionado no interior de um furo de sondagem realizado previamente. Um exemplo

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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clássico desse tipo é o pressiômetro de Ménard. Existem quatro tipos principais


desses pressiômetros comercializados:
 o primeiro deles tem uma sonda que é dividida em três células: uma célula
responsável pela medição e outras duas pela guarda. As células de guarda
são cheias de gás, fazendo com que a expansão da célula de medição (cheia
com água) seja isolada dos efeitos de ponta. Há uma membrana de borracha
que é protegida contra punção por meio de tiras de aço sobrepostas. A
pressão é gerada por nitrogênio comprimido, sendo que a expansão do
volume é monitorada por manômetros. Um exemplo desse pressiômetro pode
ser observado na figura 21, que representa o pressiômetro de Ménard;

Figura 19: Pressiômetro de Ménard

Fonte: Silva (2001)

 o segundo deles é semelhante ao primeiro, a diferença é que a sonda é


composta por apenas uma célula, que deve apresentar um comprimento
maior para tornar os efeitos de ponta desprezíveis. Um exemplo desse
pressiômetro pode ser observado na figura 22, que é o pressiômetro de Teste
de Carga Lateral (LLT) do Oyo:

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 20: Pressiômetro de Teste de Carga Lateral (LLT) do Oyo

Fonte: Silva (2001)

 o terceiro deles é igual ao primeiro, porém, a sonda é constituída de apenas


uma única célula, que deve apresentar um comprimento maior para tornar os
efeitos de ponta desprezíveis. Além disso, a fonte de pressão consiste de um
macaco de parafuso, que provoca o movimento do pistão, forçando a água no
interior da sonda. O número de rotações do parafuso no macaco, ou a
distância percorrida pelo pistão, fornece o aumento do volume na sonda. Um
exemplo desse pressiômetro pode ser observado na figura 23, que representa
o pressiômetro Texam da Roctest:

Figura 21: Pressiômetro Texam da Roctest

Fonte: Silva (2001)

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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 o quarto deles é parecido com o primeiro, porém, a sonda é constituída de


apenas uma única célula, que deve apresentar um comprimento maior para
tornar os efeitos de ponta desprezíveis. A diferença é que, nesse caso, a
sonda é inflada com gás. Um exemplo desse tipo é o pressiômetro Tri-mod da
Roctest.
O pressiômetro autoperfurante é dividido em três categorias:
 na primeira categoria, a sapata de corte é alimentada por um motor localizado
no interior da sonda, sendo que ela é constituída por apenas uma célula cheia
de água. A pressão é gerada por um macaco de parafuso que movimenta um
pistão; dessa maneira, a água é forçada para o interior da sonda. Para
monitorar o aumento de volume, utiliza-se um medidor de vazão, enquanto
que para monitorar a pressão, adota-se um manômetro. Um exemplo desse
equipamento pode ser observado na figura 24, que é o pressiômetro PAF76
do “Laboratoire des Ponts et Chaussées (LCPC);

Figura 22: Pressiômetro PAF76 do Laboratoire des Ponts et Chaussées

Fonte: Silva (2001)

 na segunda categoria, a sapata de corte é alimentada por um conjunto de


varas para perfuração localizadas pela superfície, sendo que a sonda é
constituída por apenas uma célula que é cheia com água. A pressão é gerada
por um gás. E quando o raio da sonda aumenta, sua medida é feita com o
auxílio de três sensores elétricos dispostos à altura média da sonda,

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enquanto que a pressão é medida por manômetros e transdutores dispostos


na sonda. Um exemplo desse pressiômetro pode ser observado na figura 25,
que é o pressiômetro Camkometer do Cambridge In Situ.

Figura 23: Pressiômetro Camkometer do Cambridge In Situ

Fonte: Silva (2001)

 na terceira categoria, a sapata de corte é alimentada pela superfície por meio


de um conjunto de varas de perfuração sendo que a sonda é constituída por
apenas uma célula que é cheia com água. A pressão é gerada por um
macaco de parafuso que movimenta um pistão, dessa maneira, a água é
forçada para o interior da sonda. Para monitorar o aumento de volume, utiliza-
se um medidor de vazão, enquanto que para monitorar a pressão, adota-se
um manômetro. Um exemplo desse tipo é o pressiômetro Boremac da
Roctest.

Os pressiômetros de inserção direta ou de cravação (PC) são de vários


tipos; porém, a ideia, nesse caso, é associar as vantagens do ensaio CPT com as
dos ensaios pressiométricos. Dessa forma, os perfis de CPT são armazenados na
penetração. Assim, ao se interromper a penetração, o pressiômetro é expandido. No
PC, a penetração se dá com a mesma velocidade do ensaio CPT, enquanto que a
cravação ocorre ao soltar o martelo de uma determinada altura, estabelecida
previamente.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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3.2.1 A execução do ensaio

Antes de realizar o ensaio, é preciso calibrar o equipamento. Para tal, é


preciso seguir a norma ASTM (D4719-2000) intitulada Standard Test Method for
Prebored Pressuremeter Testing in Soils. A calibração é feita para compensar
possíveis perdas de volume devido à compressibilidade do equipamento e à
expansão da tubulação, bem como, as perdas de pressão devido à rigidez da
membrana presente na sonda.
Depois de executar a calibração, inicia-se o ensaio, até atingir a cota ou a
profundidade correspondente à profundidade a meio de sonda. Na realização do
ensaio, é importante que a expansão da sonda ocorra em incrementos de pressão
iguais ou com volume igual. Caso seja adotado o método das pressões iguais, é
importante antecipar qual será a máxima pressão que o solo a ser ensaiado irá
suportar, para isso, utiliza-se o quadro 8:

Quadro 8: Estimativa da pressão máxima de solos

Fonte: Briaud (1992)

Os incrementos de pressão ao longo do processo devem ser iguais, sendo


que o valor corresponde a um dez avos (1/10) do valor estipulado da pressão
máxima aplicável ao solo. Cada aumento de pressão ocorre por 1 minuto, além do
tempo requerido para que se atinja o patamar de pressão desejado. Isso implica
que, após 10 minutos, o ensaio acabaria; porém, a máxima pressão no solo é
alcançada entre 7 e 14 incrementos.

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As leituras de volume injetado se referem a cada variação de pressão (∆P),


que precisa ser efetuada em 30 segundos (V30) e em 60 segundos (V60). Essa leitura
gera dois gráficos, um deles representa a relação existente entre a pressão aplicada
e o V60. Já o outro gráfico representa a relação da pressão e a diferença no volume
entre V60 e V30. Neste último caso, a evolução de V60 e V30 com a pressão consegue
obter o valor no qual o solo entra em cedência (Py), ou seja, quando há um aumento
considerável em V60 – V30, conforme a figura 26:

Figura 24: P x V60-V30 na obtenção de Py

Fonte: Adaptado de ASTM D4719 (2000)

No caso de incrementos de volume iguais, é importante que o aumento seja


um quarenta avos (1/40) de V0. Agora, o tempo para a aplicação de cada patamar de
volume é de 15 segundos, além do tempo requerido para atingir o volume desejado.
Em cada volume realiza-se a medição da pressão no final de 15 segundos; com
isso, consegue-se traçar uma curva que relaciona o volume injetado com a pressão.
Nesse processo, a sonda alcança o dobro do seu volume inicial depois dos 40
incrementos de volumes após 10 minutos, ou seja, 40 (número de incrementos)
multiplicado por 15 segundos (tempo de cada incremento) resultando em 600
segundos.
Após a realização do ensaio, consegue-se calcular parâmetros como módulo
de deformação pressiométrico, a pressão efetiva e a pressão limite, a tensão

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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horizontal em repouso, a capacidade de carga do pressiômetro, dentre outras


coisas.

IMPORTANTE?
Para aprender mais sobre o ensaio e, principalmente, sobre calibração e cálculo dos
parâmetros, acesse o link:
https://www.locus.ufv.br/bitstream/handle/123456789/8253/texto%20completo.pdf?s
equence=1&isAllowed=y.

3.3 Casos históricos

Mesmo o ser humano conhecendo métodos e práticas para a execução de


obras civis, de levantamentos geotécnicos, dentre outras coisas, ainda continuam
ocorrendo graves acidentes em vários tipos de estruturas geotécnicas. A geotécnica
tem evoluído consideravelmente nos últimos anos, com avanços técnicos e
científicos que permitiram solucionar problemas complexos na área. Mesmo diante
desses avanços, a prática é totalmente diferente do que se projeta, pois, podem
haver interferências de ordem econômica e financeira, ou mesmo por ignorância,
que conduzem à execução de práticas perigosas.
O número de desastres tem aumentado consideravelmente tanto em países
desenvolvidos, como em países subdesenvolvidos e em obras subterrâneas como
na construção de túneis. O aumento no número de desastres pode ser justificável
devido à generalização das obras, mesmo com os avanços científicos na área. As
generalizações são citadas, pois, o número de obras aumentou, assim como suas
complexidades.
Diante desse cenário, é importante que os profissionais atuem de forma
consciente e saibam que cada obra apresenta particularidades e complexidades que
podem variar em menor ou maior grau. Tendo isso em mente, o profissional poderá
executar projetos com segurança e evitar que ocorram desastres.
Constantemente, podem ser observados desastres envolvendo edificações.
A seguir são apresentados alguns exemplos. O primeiro deles ocorreu na Rússia no
ano de 2013. Nesse caso, um túnel rodoviário sofreu um colapso. Na figura 27,
pode-se observar o prédio que afundou (aparentemente, ele não foi afetado em sua
estrutura, porém, recomenda-se demoli-lo):

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 25: Colapso da frente de um túnel na Rússia

Fonte: Marques (2015)

Outro caso pode ser observado na figura 28. Esse acontecimento se deu na
China. Ao observar as figuras (a) e (b) pode-se inferir que, aparentemente, as
estacas estavam pouco armadas ou não tinham armadura.

Figura 26: Colapso um edifício na China (a) visão geral, (b) detalhe das armaduras

Fonte: Marques (2015)

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Um terceiro exemplo pode ser observado na figura 29. O deslizamento


ocorreu em Portugal, afetando gravemente uma área urbana. A construção foi
realizada em uma região em que havia grande acúmulo de água, porém, ela foi
executada sem medidas de contenção, como drenagem, canalização, dentre outras
coisas. A imagem mostra que o deslizamento foi de grandes proporções, conforme a
figura (a), porém, as estacas permaneceram intactas (b). Nesse caso, era esperado
que o movimento do deslizamento de terra atuasse exercendo uma grande força
horizontal que iria colapsar a estrutura.

Figura 27: Deslizamento de terra em Portugal (a) proporções do desastre e (b)


situação das estacas

Fonte: Marques (2015)

As principais causas de rotura em estruturas estão ligadas a aspectos como:


 extrapolação do conhecimento e de boas práticas de engenharia;
 não dar atenção aos indícios de começo das falhas;

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 má supervisão durante a execução da obra;


 projeto com pouca robustez e sem redundância;
 falha na manutenção e na inspeção.

No que se refere especificamente à geotecnia pode-se relatar fatores como:


 falta de entendimento dos problemas ou de princípios geomecânicos;
 investigação inadequada;
 modelação imprecisa;
 análise imprecisa;
 ausência de observação;
 monitoramento ineficiente.
Um estudo realizado por Day (2009), considerando vários casos históricos
dispostos na literatura – que tratavam de desastres ligados à geotecnia –, aponta as
principais causas de maus comportamentos ou roturas. Esses dados podem ser
observados no quadro 9:

Quadro 9: Principais causas de maus comportamentos ou roturas

Fonte: Day (2009, traduzido por Marques, 2015)

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Day (2009) observou ainda que os comportamentos indesejados eram


relacionados à associação de duas ou mais razões citadas. Em roturas de estruturas
geotécnicas, a água e/ou a pressão de água são fatores que contribuem
significativamente para isso.

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2019. Disponível em:
http://www.aquiacontece.com.br/noticia/maceio/06/09/2019/defesa-civil-explica-
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