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Cognição Social [Social Cognition]

Chapter · April 2016

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2 authors:

Rui Gaspar Margarida V Garrido


Universidade Católica Portuguesa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa
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Gaspar, R. & Garrido, M. V. (2016). Cognição Social. In Miguel Pereira Lopes, Patrícia
Jardim da Palma & Albino Lopes (Eds.), Fundamentos de Psicologia (pp.193-240). Lisboa:
MGM Edições.

Capítulo 7 – Cognição social

A cognição social procura compreender e explicar como é que as pessoas se percebem a


si próprias, como percebem os outros e as situações envolventes, e como é que dão sentido a
esse conhecimento, de forma a compreender e antecipar o comportamento dos outros e a gerir
o seu próprio comportamento (e.g., Fiske & Taylor, 1991; Kunda, 1999). Esta abordagem
carateriza-se essencialmente pela adopção do paradigma do processamento de informação na
investigação das estruturas e processos cognitivos subjacentes aos fenómenos sociais (e.g.,
Hamilton, Devine, & Ostrom, 1994; Sherman, Judd, & Park, 1989)1.

7.1. A emergência de uma nova abordagem ao estudo dos fenómenos sociais


Historicamente, as estruturas e processos cognitivos subjacentes à percepção,
julgamento e tomada de decisão receberam pouca atenção até meados do século XX. Até esta
altura, a psicologia experimental foi dominada pela abordagem comportamentalista e pela
convicção de que a ciência deveria lidar apenas com variáveis observáveis e fisicamente
mensuráveis como os estímulos e as respostas (Skinner, 1963; Thorndike, 1940; Watson,
1930). Para os comportamentalistas, o objectivo da pesquisa psicológica seria o de identificar
as leis que orientam o modo como o comportamento é influenciado pelos eventos do
ambiente, em particular, eventos que funcionam como reforços e punições.
Por este motivo, os eventos mentais que intervinham entre o estímulo percebido no
ambiente e a resposta a que dava origem eram considerados irrelevantes – a mente era tratada
como uma “caixa negra” que não poderia nem deveria ser investigada (Skinner, 1963). Este
contexto, no qual o estudo de processos internos não se coadunava com os padrões científicos
de objectividade e rigor, emergentes numa psicologia ainda preocupada em demarcar-se como
disciplina científica, constituiu um forte entrave à emergência de uma abordagem cognitiva
dos fenómenos sociais.

1 Parte deste capítulo foi elaborado com base no artigo de Garrido, Azevedo e Palma (2011). Cognição
Social: Fundamentos, formulações actuais e perspectivas futuras. Psicologia, XXV(1), 113-157.
3

A cognição social atual emerge de diferentes antecedentes filosóficos e de contributos


de várias disciplinas que fundamentaram diversas perspectivas acerca do modo como as
pessoas chegam à sua própria construção do mundo social (Bless, Fiedler, & Strack, 2004;
Devine, Hamilton, & Ostrom, 1994; Moskowitz, 2005) assim como diferentes concepções do
indivíduo como percepiente, pensador e agente social (e.g., Leyens & Dardenne, 1996; para
uma revisão aprofundada dos antecedentes filosóficos e dos contributos de outras disciplinas
para a emergência da cognição social ver Garrido, Azevedo, & Palma, 2011). No entanto,
destacamos a influência da teoria de processamento de informação que recorre à utilização do
computador como metáfora teórica e ferramenta metodológica para descrever e simular
processos cognitivos (Newell & Simon, 1961; Simon, 1997). Esta teoria, associada à
revolução cognitiva na psicologia, foi a que de forma mais evidente, marcou quer em termos
de modelos teóricos, quer metodológicos a emergência da cognição social.
Após o estabelecimento do paradigma cognitivo, em meados no século XX, assistiu-se a
uma reformulação radical na forma de definir e abordar o objecto da psicologia, da sua
epistemologia e métodos e a um novo posicionamento no quadro geral das ciências. A
importância da cognição foi novamente reconsiderada propondo-se que a explicação do
comportamento humano exigia a identificação de estruturas mentais e dos respectivos
processos cognitivos subjacentes. Este movimento foi impulsionado pelas críticas da
psicolinguística à dificuldade das abordagens comportamentais em explicar os aspectos
simbólicos envolvidos na linguagem (Chomsky, 1959) e aos desenvolvimentos do campo do
processamento de informação, que permitiram segmentar as operações mentais em estádios
sequenciais, especificando os processos internos que, presumivelmente, intervinham entre a
apresentação do estímulo e a resposta observada (Fiske & Taylor, 1991). O computador
tornou-se, assim, numa ferramenta metodológica que permitia simular os processos
cognitivos e segmentar as suas várias etapas (Anderson, 1976; Newell & Simon 1972; Schank
& Abelson, 1977), e, simultaneamente, numa metáfora para descrever esses processos,
falando-se de input e output, armazenamento, processamento e recuperação da informação na
cognição humana.

7.2. As grandes áreas de investigação


Os primeiros desenvolvimentos da cognição social ficaram assim marcados pela
investigação dos fundamentos cognitivos dos fenómenos sociais com base no pressuposto de
que o indivíduo no contexto social é alguém que se encontra virtualmente envolvido em
3
alguma forma de processamento de informação. Ou seja, assume-se que este tipo de processos
operam quer quando encontramos alguém pela primeira vez, quando integramos um júri de
um concurso de novos talentos, quando pensamos nos primeiros tempos da nossa atual
relação amorosa ou simplesmente quando decidimos se comemos iogurte ou cereais ao
pequeno-almoço. Qualquer destas situações implica atender e codificar informação do
contexto social, interpretar e elaborar essa informação através de processos avaliativos,
inferenciais e atribucionais e representar esse conhecimento em memória para que a qualquer
momento possa ser recuperado e utilizado quando pensamos, avaliamos, tomamos decisões,
ou nos comportamos de determinada forma (Hamilton et al., 1994).
O poder explicativo dos modelos de processamento de informação adoptados em
cognição social prende-se, assim, com o seu potencial em descrever de forma precisa os
mecanismos gerais da aprendizagem e do pensamento, subjacentes a uma variedade de áreas
de investigação. E foi precisamente o reconhecimento deste potencial que levou muitos
investigadores a adoptar este modelo e seus pressupostos relativos à percepção, memória e
pensamento, procurando adaptá-los às áreas mais tradicionais da psicologia social (Fiske &
Taylor, 1991; ver Antunes, Bernardo & Palma-Oliveira, 2011; Castro, Garrido, Mouro, Novo,
& Pires, 2004; Lima, Castro, & Garrido, 2003 para uma discussão destes temas no contexto
nacional), nomeadamente as atitudes, mudança de atitudes e persuasão (e.g., Allport, 1954;
ver Gaspar et al., 2015; Verbeke et al., 2015), a formação de impressões (e.g., Asch, 1946;
Hastie et al., 1980; ver Bernardo & Palma-Oliveira, 2011; Garcia-Marques & Garcia-
Marques, 2004; Garrido, 2002, 2006; Garrido, Garcia-Marques, Jerónimo, & Ferreira, 2013;
Garrido & Garcia-Marques, 2004, 2007), estereótipos e inferência social (ver Garcia-Marques
& Garcia-Marques, 2003; Garcia-Marques, Sherman, & Palma-Oliveira, 2001; Hamilton,
1981), e ainda a questões de personalidade (Cantor & Kihlstrom, 1981; Devine et al., 1994),
atribuição (ver Ferreira, Garcia-Marques, & Garrido, 2013) identidade social e processos
intergrupais (ver Bernardo & Palma-Oliveira, 2011, 2012, 2013; Garcia-Marques & Palma-
Oliveira, 1988; Palma-Oliveira, 2000; Ramos, Bernardo, Ribeiro, & Eetvelde, in press),
comunicação interpessoal (ver Gaspar et al., 2014; Gaspar, Barnett, & Seibt, 2015), afecto,
processos de julgamento e o self (Higgins, Herman, & Zanna, 1981; Wyer & Srull, 1984),
influência social (e.g., Asch, 1956; Sheriff, 1936; cf. Garcia-Marques, Ferreira, & Garrido,
2013), tomada de decisão em grupo, entre outros (ver Bernardo, Gaspar, & Visschers, 2015;
Fiske, Gilbert, & Lindzey, 2010; Gaspar, 2013; Higgins & Kruglanski, 1996; Hogg &
Cooper, 2003; Markus & Zajonc, 1985). Paralelamente, assistiu-se também à emergência de
novas metodologias de investigação e ao desenvolvimento de medidas dos processos
5

psicológicos obtidas a partir de inferências feitas com base em protocolos de recordação,


tempos de reação, julgamento, entre outros. Teorias e métodos desenvolvidos para examinar
como é que conceitos como “cadeira” ou “borboleta” se encontram representados, poderiam
ser utilizados para estudar a representação de conceitos sociais como “desonesto” ou
“político” (e.g., Garrido, 2003; Garrido, Garcia-Marques, & Jerónimo, 2004; Garrido, et al.,
2009; Garrido, Soeiro, & Palma, 2011; Jerónimo, Garcia-Marques, & Garrido, 2004).
Metodologias experimentais, revelando que a exposição a uma palavra como “pão”
automaticamente trazia à memória palavras relacionadas como “manteiga”, poderiam ser
utilizadas para compreender como é que a exposição a um membro de um grupo estereotipado
ativa automaticamente traços associados com o estereótipo desse grupo. A investigação das
regras inferenciais que as pessoas usam para fazer julgamentos acerca de eventos incertos
(e.g., arremesso de moedas) poderia aplicar-se aos julgamentos acerca de eventos sociais
incertos, como a probabilidade de outro indivíduo exibir determinado comportamento
(Kunda, 1999).
Em resumo, muitas das questões com que a psicologia social se vinha preocupando
desde o início – como formamos impressões acerca dos outros; como explicamos o seu
comportamento; como é que as nossas atitudes se relacionam com as nossas ações; como
resolvemos conflitos entre crenças; como é que o nosso comportamento pode ser afectado
pelo preconceito – passaram a ser explicadas com base no estudo de elementos cognitivos,
como crenças, estereótipos e inferências e com recurso a novas metodologias.
Mais recentemente, o pressuposto de que os acontecimentos não são recebidos
passivamente por registos perceptivos, mas são sim organizados em categorias, interpretados
em termos de estruturas internas de processamento de informação, e moldados em função da
experiência individual e cultural, adquirindo significado através de um processo ativo e
construtivo de lidar com a realidade, permitiu abrir novas perspectivas no estudo dos
problemas clássicos da psicologia social. Adicionalmente, são formulados novos problemas,
desenvolvidos novos métodos e construídas novas teorias procurando especificar a
organização mental e identificar as etapas do processamento cognitivo subjacentes a
fenómenos psicossociais.

7.3. Processos básicos


De modo a compreender e explicar como é que as pessoas se percebem a si próprias,
aos outros e às situações envolventes, e como usam esse conhecimento para gerir o seu
5
comportamento e compreender e antecipar o comportamento dos outros, importa perceber de
que forma os indivíduos ativamente influenciam e são influenciados pelo ambiente que os
rodeia. Por um lado, o modo como os indivíduos dão atenção, codificam, interpretam,
elaboram e armazenam a informação, é determinado pelas suas caraterísticas individuais (e.g.,
traços de personalidade; estilos de processamento cognitivo). Por outro lado, as características
individuais são determinadas pelo ambiente que nos rodeia e especificamente pela interação
com outros indivíduos e grupos (Smith & Mackie, 2014). Neste sentido, o estudo dos
processos sociocognitivos envolve três níveis de análise e explicação (Brewer & Crano,
1994): 1) individual, 2) interpessoal (referente às interações entre indivíduos) e 3) grupal
(referente às interações entre grupos).
As características dos indivíduos e a sua interação com outros indivíduos e grupos (ver
Bargh & Morsella, 2008) determinam as propriedades do sistema cognitivo. Efetivamente, a
presença de certos indivíduos numa determinada situação e as interações que temos com estes
ao longo do tempo, podem determinar qual a informação que faz mais sentido ou é mais
relevante usar nessa situação e que partes da informação disponível estão mais acessíveis para
ser usadas. Por exemplo, uma ida a um jogo de futebol poderá tornar acessível o estereótipo
que temos da equipa contrária à nossa, podendo resultar num conjunto de comportamentos
(por exemplo, cânticos ofensivos contra a equipa) que farão sentido nessa situação e para o
grupo para o qual o estereótipo foi ativado mas não noutras, mesmo que estejamos em
presença de indivíduos da equipa contrária à nossa. Nesse sentido, não basta que a
informação, ou neste caso, o estereótipo, esteja disponível em termos cognitivos, sendo
também necessárias um conjunto de condições para que ele esteja acessível e seja aplicado
num contexto adequado (ver Garrido & Garcia-Marques, 2003).
Importa referir, no entanto, que a maioria destes processos de ativação de informação
(e.g., do estereótipo, como acima referido) ocorre de forma inconsciente ou com consciência
reduzida da parte dos indivíduos, podendo contudo ter componentes conscientes, com
controlo da parte destes (ver a este respeito os exemplos na seção 5.4).

7.3.1. A interação indivíduo-ambiente social


Uma vez estabelecido que os indivíduos influenciam e são influenciados pelo ambiente
que os rodeia, importa perceber primeiro de que forma isso ocorre. A esse respeito Smith e
Mackie (2014) referem que existem dois princípios fundamentais que regulam o
comportamento humano decorrente dessa interação: 1) somos os construtores da nossa
própria realidade e 2) somos fortemente influenciados pelo nosso ambiente social.
7

O primeiro princípio implica que a realidade é transformada por processos cognitivos


ou forma como a nossa mente funciona – o modo como “colamos” a informação que nos
chega, fazemos inferências acerca dessa informação e tentamos organizá-la num “todo”
coerente. Um exemplo pode ser encontrado novamente nos jogos de futebol. Uma mesma
realidade, um mesmo momento de jogo, visualizado por pessoas diferentes, é visto de formas
diferentes. Para uma equipa, ocorreu claramente um fora de jogo, para a outra, claramente não
ocorreu. Equipas diferentes, mundos/realidades diferentes.
Mais ainda, estes processos são influenciados pelas outras pessoas (quer estas estejam
fisicamente presentes ou não), tal como sugere o segundo princípio. Por exemplo, se ouvimos
um político a discursar, podemos analisar a reação da audiência, fazer inferências acerca do
que as pessoas estão a sentir e pensar e decidirmos a partir disso, se vale a pena analisar mais
profundamente ou apenas ignorar, a mensagem que o político tenta transmitir. Mais ainda,
podemos a partir da reação da audiência, do que lemos na comunicação social e/ou daquilo
que os nossos amigos e familiares nos dizem, formar uma imagem desse mesmo político e
decidir se aquilo que ele diz é verdade ou mentira, por exemplo.
Muitas vezes, e como este exemplo demonstra, os dois princípios estão na verdade
intimamente ligados, não podendo ser diferenciados os efeitos de um e de outro. Ou seja, a
forma como vemos a realidade é influenciada por um conjunto de fatores, dependendo não só
das nossas caraterísticas individuais (das nossas crenças, ideologias, orientação política, etc.)
mas também do nosso ambiente social e depende de processos sociais que nos permitem
influenciar e ser influenciados pelos outros, até que exista um acordo acerca da natureza da
realidade. Esta influência pode ser tão forte que basta apenas uma outra pessoa, para que estes
processos possam ocorrer. Inclusivamente, a influência de outras pessoas nos nossos
pensamentos, sentimentos e comportamentos pode ocorrer, mesmo que elas não estejam
fisicamente presentes. Quantas vezes não comemos uma maçã quando o que na verdade
queríamos era uma mousse de chocolate, só porque nos lembramos da nossa mãe a dizer que
devemos comer fruta?
A forma como ocorre esta interação entre o indivíduo e o seu ambiente social, no
sentido de permitir uma construção social da realidade, é por sua vez guiada por um conjunto
de princípios de processamento e motivacionais, que permitem compreendê-la.
No que se refere à componente motivacional, segundo Smith e Mackie (2014), três
princípios são evidentes:

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1) As pessoas procuram o controlo. Procuram entender e prever acontecimentos no
mundo social de forma a ganhar recompensas (objetos e bens materiais; satisfação consigo
próprias, estatuto social, bem-estar psicológico, etc.). Imaginar o perfil de candidato esperado
num emprego para o qual nos candidatamos, procurar saber toda a informação acerca de um
novo colega de trabalho, procurar informação sobre como prevenir ou mitigar as
consequências para a saúde resultantes de um novo vírus da gripe, são disso exemplos. Esta
procura de controlo é ainda mais relevante quando as pessoas se encontram sob ameaça à sua
saúde e daqueles que lhes são próximos (Palma-Oliveira, 1992). Neste âmbito, algumas das
abordagens teóricas mais populares – Teoria do Comportamento Planeado (Ajzen, 1991) e
Teoria Social Cognitiva (Bandura, 1986, 1997) – referem o papel da auto-eficácia,
nomeadamente a crença das pessoas na sua capacidade em lidar com e exercer controlo sobre
as ameaças, stressores e exigências do ambiente que as rodeia (Bandura, 1998).
2) As pessoas procuram criar laços. Procuram apoio e aceitação das pessoas que lhes
são importantes e que delas gostem. Esta procura pode ter vários objetivos, desde por
exemplo, a necessidade de pertença a um grupo e identificação com este (com os seus
objetivos, características, etc.), até aos ganhos pessoais em termos de redução de stress,
ansiedade e outras condições psicológicas que limitem o bem-estar pessoal e colectivo. Um
exemplo é dado pela Teoria da Adaptação Cognitiva (ver Taylor, 1983; Taylor, Kemeny,
Reed, Bower, & Gruenewald, 2000), que refere por exemplo, a importância de mecanismos
de comparação social no sentido de um incremento no bem-estar psicológico. Nesse sentido,
estudos de Taylor (1983) verificaram que mulheres que se encontravam numa situação de
cancro de mama, comparavam-se com outras na mesma situação, de forma a identificar que a
sua situação era igual ou melhor (mas não pior) que a delas.
3) As pessoas dão valor ao “eu” e ao “meu”. Desejam ser vistas a elas e às pessoas
próximas delas de um modo positivo. Isto pode implicar por exemplo a realização de
comportamentos e/ou expressão de atitudes, crenças etc. que são desejadas socialmente, para
que a pessoa seja vista positivamente. Outros exemplos referem-se a mecanismos de
comparação social com o objetivo de ver os outros de forma negativa para que o próprio se
torne mais positivo por comparação. Estes mecanismos são explicados por exemplo em
abordagens clássicas como a Teoria da Identidade Social (ver por exemplo Tajfel, 1982), que
mostra que as pessoas constroem aspetos da sua identidade pessoal a partir da sua pertença a
grupos (Brewer & Crano, 1994). Por outro lado, esta pertença tem consequências positivas
para a pessoa, ao incrementar positivamente a perceção de si próprias e a auto-estima, e a
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percepção que têm dos outros membros do seu grupo e a que estes têm de si (Smith &
Mackie, 2014).
No que se refere à componente de processamento, podem identificar-se três princípios:
1) Conservacionismo. A forma como as pessoas vêm o mundo é difícil de ser mudada e
tem tendência a manter-se por si própria. Este revela-se por exemplo na dificuldade que
programas de mudança de atitudes e comportamentos têm em conseguir por um lado mudá-
los e, por outro, manter a mudança (Gaspar, Palma-Oliveira, & Corral-Verdugo, 2010). Este
princípio é também evidenciado, por exemplo, na formação de impressões de outras pessoas,
e que o senso comum tão bem incorporou: “Não há uma segunda oportunidade para formar
uma primeira impressão” (Asch, 1946; Wyer, 2010). Apesar de esta mudança poder ser
alcançada por intermédio de processos controlados com elaboração da informação de forma a
corrigir a informação inicial incorreta, a mudança é mais “visível” naquilo que as pessoas
referem explicitamente, do que nas impressões implícitas, automáticas e menos “visíveis” que
com frequência fazemos no dia-a-dia (Wyer, 2010).
2) Acessibilidade. A informação que para nós está mais mentalmente acessível tem mais
influência nos nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Por exemplo, a memória
de acontecimentos recentes, pode influenciar os nossos pensamentos, sentimentos e
comportamentos, pois a informação associada pode estar mais acessível na memória, que
outra, também por vezes disponível, mais antiga (Higgins & Brendl, 1995; ver Garrido &
Garcia-Marques, 2003). Casos passados como a “gripe das aves” (H5N1) ou a contaminação
de produtos alimentares com a bactéria E.Coli/EHEC, podem influenciar a nossa decisão
futura no momento de compra de carne de frango ou vegetais, respetivamente (Gaspar, Lima,
Seibt, Gorjão, & Carvalho, 2012).
3) Superficialidade vs. profundidade. As pessoas tendencialmente processam a
informação de forma superficial ou simples e com pouco esforço, o que pode ter como
consequência a criação de uma imagem simples da realidade (ver por exemplo Guifford,
2010). Um exemplo deste tipo de processamento é evidente em programas de educação
ambiental que procuram sensibilizar as pessoas para efeitos ambientais cuja ocorrência se
verifica a longo prazo e muitas vezes de forma não visível (e.g., efeito de estufa; ver Gaspar et
al., 2010). A consideração de um nível abstrato como este pode envolver esforço e um
processamento intensivo da informação, que as pessoas podem não estar motivadas e/ou ter
capacidade para realizar.

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7.3.2. Propriedades do sistema cognitivo
Os princípios de processamento e motivacionais que estão na base da interação entre os
indivíduos e o seu ambiente social são aspetos que podem ser observados na forma como as
pessoas vêm o mundo à sua volta e se comportam neste. Existem no entanto processos que
estão na base destes, que não são observáveis e estão relacionados com um conjunto de
propriedades do sistema cognitivo. Fazendo uma analogia com sistemas informáticos, o
cérebro e seus componentes, nomeadamente os neurónios e outras estruturas biológicas,
funcionam como hardware ou o computador propriamente dito. Por outro lado, as
propriedades do sistema cognitivo estão relacionadas com o software ou programa de
computador que usamos para alcançar um determinado objetivo (por exemplo, usar um
programa de análise estatística para realizar cálculos matemáticos). O uso que é dado ao
software, é por sua vez determinado pelas opções que disponibiliza e os objetivos que o
utilizador pretende alcançar (output(s) ou resposta(s) que pretende obter), ou seja, pelos
princípios motivacionais e de processamento.
Estas propriedades cognitivas podem dividir-se em estruturais e funcionais, que por
analogia, correspondem à forma como os diferentes componentes do software se interligam e
às regras informáticas que estão na sua base. No que diz respeito à componente estrutural,
esta refere-se à arquitetura das diferentes estruturas de conhecimento ou representações
mentais (do mundo que nos rodeia, dos nossos objetivos, da nossa identidade social, dos
nossos comportamentos, da forma como vemos as outras pessoas/grupos, etc.), ou seja, o que
está ligado ao quê. Os modelos teóricos mais conhecidos a este nível - modelos associativos –
referem que estas representações se estruturam numa rede associativa, em que cada conceito é
representado por um nódulo com ligações/associações a outros nódulos (e.g., Collins &
Loftus, 1975; Jones & Fazio, 2008; ver Smith, 1998 para uma revisão). A implicação disto é
que o software cognitivo é composto por várias componentes que não estão isoladas e
funcionam em separado, mas sim com associações entre si, que fazem com que quando uma
representação é usada/ativada, outras a ela associadas também o poderão ser. Um exemplo
disto é pedirmos a alguém que diga tudo o que lhe vem à cabeça quando pensa em “hospital”.
Nesta situação, a pessoa poderá referir “médico”, “medicamento”, “cama”, “doente” por
exemplo, visto que todos estes conceitos estão cognitivamente associados à palavra
“hospital”. Esta associação decorre da sua co-activação no passado, sendo que a força desta
dependerá da frequência com que isso ocorreu (Smith, 1998). Por exemplo, uma pessoa que
se deslocou ao hospital em criança, identificou que nele estavam presentes médicos, doentes,
camas, batas brancas e todo um conjunto de objetos e pessoas. Visitas posteriores a esse
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hospital ou a contextos semelhantes, fez com que esses elementos ficassem associados em
memória, podendo ser organizados em categorias mais abstratas (por exemplo, medicina),
sendo estes elementos exemplares (mais ou menos típicos) das mesmas (ver Garcia-Marques,
Ferreira, & Garrido, 2013, para mais perspetivas de organização da informação em memória).
O facto de a ativação de um conceito implicar a ativação de outro acontece porque a ativação
do conceito hospital por exemplo, “espalha-se” para outros conceitos relacionados, tendo
como consequência a sua ativação o que decorre do “efeito de propagação da ativação”
(spreading activation; Jones & Fazio, 2008). Como tal, quando se pensa num deles, existe
uma maior probabilidade de pensarmos nos elementos associados do que elementos não
associados (e.g., pensar em hospital não leva a ativação do conceito de professor já que não é
um elemento frequentemente presente nesse contexto, exceto para alunos de hospitais
universitários). Este efeito não ocorre apenas para conceitos concretos (objetos, pessoas, …),
podendo inclusivamente acontecer para as avaliações que fazemos ou emoções que são
suscitadas por determinados objetos e/ou pessoas. Por exemplo, Morgan, Fischhoff, Bostrom
e Atman (2002) demonstraram que uma pessoa pode avaliar energia elétrica e energia nuclear
como um risco semelhante (em termos de consequências para a saúde), visto que ambas estão
mentalmente associadas, fazendo parte da mesma categoria geral: energia. Isto demonstra
também que a arquitetura mental é flexível, sendo que diferentes elementos, conceitos ou
representações mentais podem ser categorizadas de diferentes formas pela mesma ou
diferentes pessoas. Um exemplo disso encontra-se ao nível dos bens de consumo como a
comida por exemplo. Nesse sentido, uma laranja pode ser categorizada como um tipo de
comida (“fruta”), em termos da sua origem (“laranja do Algarve”), em termos do seu processo
de produção (“biológica), consequências para a saúde (“alimento saudável”) ou nutrientes
(“vitamina C”). Nesse sentido, pensar em laranja nestas diferentes formas, ativará diferentes
produtos associados (por exemplo, laranja do Algarve pode associar-se mentalmente a pera-
rocha do Oeste, por fazerem parte da categoria de produtos regionais (o mesmo não
acontecendo se pensarmos em frutos com vitamina C).
Para além das propriedades estruturais, é importante também perceber as regras pelas
quais o software cognitivo se rege, nomeadamente as suas propriedades funcionais. Estas
podem ser vistas em analogia com o que Higgins (1989; ver também Higgins, Bargh, &
Lombardi, 1985) denominou de modelo da sinapse. Da mesma forma que a ativação de certas
sinapses do corpo humano leva ao movimento muscular, também a ativação de representações
mentais ou nódulos, referidos anteriormente, determina a realização de certos
11
comportamentos a expressão de atitudes, tomada de decisões e outros. Tal como acontece
com a ativação de sinapses e movimentos musculares, o nível de excitação das mesmas decai
de forma mais lenta se tiverem sido ativadas várias vezes no passado, do que se tiverem sido
ativadas apenas uma vez. De igual modo, uma determinada representação mental terá um
nível de “excitação” mais elevado quanto maior a sua ativação no passado. Mais ainda,
quanto maior a ativação, maior o potencial de influenciar o comportamento.
Este efeito é evidente nos nossos hábitos. Se um comportamento foi frequentemente
realizado no passado e tendo tido uma ativação mental frequente, maior será a probabilidade
de o realizarmos no contexto em que essas ações habitualmente ocorrem. Isso explica por
exemplo porque é que num dia de fim de semana ou feriado, em que saímos de casa pelo
caminho habitualmente usado para ir trabalhar mas com o objetivo de nos deslocarmos para
um destino diferente, damos por nós a estacionar no nosso local de trabalho, sem querer! Isto
demonstra uma das propriedades funcionais do sistema cognitivo: quanto maior o potencial
de ativação de uma representação mental, associado à elevada acessibilidade da mesma
decorrente da elevada frequência de ativação, maior a sua influência no comportamento.
No entanto, isto está dependente de outra regra ou propriedade: quanto maior a
“sobreposição” ou semelhança entre as características ou conteúdo da representação mental e
as características do contexto, maior a probabilidade desta ser aplicável àquela situação
(Higgins & Brendl, 1995). Por exemplo, um hábito terá maior probabilidade de ser realizado
nos contextos em que habitualmente ocorre. Isto acontece porque a informação sobre o
comportamento que habitualmente temos e que se encontra armazenada em memória, está
cognitivamente associada à informação sobre onde e em que condições ele ocorre. Nesse
sentido, é mais provável irmos para o local de trabalho quando não é suposto, se usamos o
caminho habitual, do que se usarmos outro caminho não habitual.

7.3.3. O papel da (in)consciência


Apesar de ser possível analisar as propriedades estruturais e funcionais do sistema
cognitivo a partir de métodos de investigação da psicologia e das neurociências, a observação
da sua influência é muitas vezes “invisível” sem esses métodos de investigação. A razão é que
os processos sócio-cognitivos que medeiam a interação entre os indivíduos e o seu ambiente
social ocorrem frequentemente sem que as pessoas deles tenham consciência. Quando a têm,
essa consciência poderá ser apenas de parte deles ou não permitir a sua correta identificação,
dada a nossa baixa capacidade de introspeção ou de análise e explicação das causas dos
nossos comportamentos e pensamentos (Dijksterhuis & Aarts, 2010). Em contrapartida,
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quando os processos são conscientes, temos uma noção/consciência dos aspetos a eles
associados e seus conteúdos e temos capacidade para os verbalizar. Por exemplo, temos
consciência do ato de falar mas não dos processos envolvidos na produção do discurso
(procura de palavras na memória; etc.).
É importante perceber, no entanto, que apesar de muitos dos processos envolvidos na
relação entre os indivíduos e o seu meio social não envolverem consciência, na sua maioria é
necessário que estes envolvam uma componente de perceção e atenção aos estímulos
relevantes para que o comportamento ocorra. Nesse sentido, apesar de não ser necessária
consciência, é necessário atenção. Isto implica que podemos ser influenciados por certos
aspetos do nosso ambiente sem que disso tenhamos consciência. Nesse sentido, Wegner e
Smart (1997) classificaram em quatro categorias globais, os processos cognitivos que
influenciam os nossos comportamentos, consoante envolvam atenção e consciência. Essa
classificação é apresentada no quadro seguinte.

Quadro 1. Categorias de processos com base na interação atenção vs. consciência.

Com atenção Sem atenção


Com consciência Ativação total Ativação superficial
Sem consciência Ativação profunda Sem ativação

A ativação total envolve, por exemplo, resolver um puzzle enquanto a ativação


superficial envolve, por exemplo, pensamentos que surgem quando estamos num estado de
“dormir acordado” ou quando fazemos associações livres. Por outro lado, um exemplo de
ativação profunda refere-se à vigilância automática, processo pelo qual estímulos negativos (e
potencialmente ameaçadores) são detetados mais rapidamente e envolvem mais atenção do
que positivos, sem que disso os indivíduos tenham consciência (Dijksterhuis & Aarts, 2003).
Um estado sem ativação envolve por exemplo, os movimentos corporais sem consciência e
atenção.
Com base nestas categorias, pode verificar-se que, a maioria dos comportamentos
resultantes da interação entre os indivíduos e o seu ambiente social envolvem processos que
exigem atenção a estímulos ou aspetos desse mesmo ambiente. Alguns destes processos
podem ser involuntários e elicitados pela saliência do estímulo (processos ascendentes), como
por exemplo: luminosidade; velocidade do movimento; estímulos instintivos ou com
importância a nível biológico (e.g., cobra). No entanto, a maioria está dependente dos
13
objetivos que tentamos alcançar no momento (processos descendentes), determinando a
quantidade de atenção e o tempo que despendemos com certos estímulos. Isto implica que
damos mais atenção a informação relevante para alcançarmos os nossos objetivos, do que a
informação irrelevante. Por exemplo, estudos demonstram que se estivermos com sede, as
bebidas atraem mais atenção do que coisas que não conseguimos beber (Aarts, Dijksterhuis,
& De Vries, 2001).

7.3.4. Processamento dual vs. integrado


Com base no referido anteriormente, é importante notar que apesar de a atenção ser uma
componente importante no processamento da informação que provém do nosso ambiente
físico e social, nem sempre conseguimos dar atenção a toda a informação que está disponível
num determinado momento/situação (Hamilton, 1986). Deste modo, a nossa atenção à
informação tem necessariamente de ser seletiva (Hamilton, 1986), dependendo de quão
saliente/acessível ela seja (ou seja, o potencial que esta tem para nos “atrair” a atenção), dos
objetivos que tenhamos no momento (por exemplo, sede) e/ou dos nossos objetivos crónicos
que habitualmente seguimos (por exemplo, deslocarmo-nos para o local de trabalho)
(Dijksterhuis & Aarts, 2010). Isto implica que enquanto em determinadas situações possamos
dar atenção a vários tipos de informação, noutras entra em funcionamento um “filtro” que
impede que toda a informação que nos chega seja processada. Em termos clássicos isto pode
ser representado por dois tipos gerais de processamento de informação que podemos seguir:
heurístico vs. sistemático (ver por exemplo Eagly & Chaiken, 1993).
A este respeito a literatura mostra que em contextos estáveis (sem alterações) ou quando
a nossa capacidade e motivação para processar informação que nos chega é reduzida (por
exemplo, devido a exaustão, pressão de tempo, distração ou sobrecarga de informação),
seguimos tendencialmente um tipo de processamento que envolve menos esforço, é menos
deliberado e mais heurístico (com base em regras de decisão simples). Um exemplo disso
refere-se aos nossos hábitos, que envolvem muitas vezes a realização de comportamentos de
forma automática e inconsciente (isto é, temos consciência de realizar o comportamento mas
não necessariamente de todos os passos nele envolvidos, que são realizados
automaticamente).
Em oposição, em situações em que o ambiente físico e social se altere (isto é, em que o
contexto se torna menos estável) ou perante novas situações e/ou informação, o
processamento envolvido torna-se mais sistemático (Gaspar, Palma-Oliveira, Corral-Verdugo,
& Wyer, 2011; Ouellette & Wood, 1998). Um exemplo disso ocorre quando não podemos
15

usar o caminho que habitualmente usamos para nos deslocarmos para o emprego (por
exemplo, por obras na estrada), o que implica um maior esforço no sentido de avaliar as
várias alternativas possíveis que podemos usar e qual ou quais nos permitem chegar ao nosso
destino de forma mais rápida e sem trânsito.
O uso destes dois tipos de processamento e suas implicações foi analisado por exemplo
por Aarts, Verplanken e Van Knippenberg (1997). Neste estudo foram avaliados os hábitos de
uso de bicicleta como meio de deslocação e apresentadas 16 situações de viagem diferentes
em que os participantes teriam de decidir qual meio usar, com base num conjunto de quatro
atributos que poderiam ajudar na decisão: condições meteorológicas (chuva vs. sem chuva);
peso da bagagem (4kg vs. 20kg); hora de partida (09.00 vs. 14.00) e distância (num sentido)
ao destino (2.5Km vs. 5Km). Os resultados indicaram que pessoas com hábitos fracos de uso
de bicicleta, usavam estratégias de procura de informação mais elaboradas e davam igual
atenção aos quatro atributos; enquanto pessoas com hábitos fortes, seguiam um
processamento mais heurístico, dando atenção a menos atributos. Efetivamente, apesar da
possibilidade de seguirmos estes dois tipos de processamento de informação, (Smith &
Mackie, 2014), seguimos tendencialmente o mais heurístico com base num princípio de
economia cognitiva, procurando tratar a informação de forma superficial e com pouco
esforço.
Tal como referido, a visão clássica a este respeito sugere que podemos seguir um tipo
de processamento ou outro, dependendo das características dos indivíduos (por exemplo, a
sua capacidade e motivação para processar a informação) e da informação presente no seu
ambiente físico e social. No entanto, abordagens mais recentes vêm estes tipos de
processamento não só como complementares mas como contribuindo de forma conjunta para
a maioria dos processos envolvidos na interação entre os indivíduos e o seu ambiente social
(ver por exemplo, Bargh, Schwader, Hailey, Dyer, & Boothby, 2012; Ferreira, Garcia-
Marques, Sherman, & Sherman, 2006). Por outro lado, com base na visão clássica referida, o
processamento da informação seria sistemático/deliberado nos primeiros anos de vida, dando
origem subsequentemente a uma tendência para seguir um processamento mais
heurístico/superficial da informação, em adulto. Isto demonstra a importância da variável
tempo, pois com a frequência de ativação e uso de um conjunto de representações mentais,
este uso tornar-se-ia eventualmente automático (sendo um exemplo disto a aprendizagem da
condução de automóveis; Bargh et al., 2012). No entanto, estudos mais recentes com crianças
demonstraram que mesmo os processos inatos e automáticos podem ocorrer, sem que
15
necessariamente tenham na sua origem ou sejam precedidos por processos deliberados e
conscientes (ver Bargh & Morsella, 2008).
Numa abordagem atual sobre o processamento cognitivo da informação e o papel da
consciência a este nível, Bargh et al. (2012) referem que os processos cognitivos podem ser
pré-conscientes, conscientes e pós-conscientes. Os processos pré-conscientes podem ser
iniciados com esforço reduzido a partir da perceção de informação social no mundo exterior
tais como por exemplo no caso de formação de impressões acerca de outras pessoas, tendo
por base as suas expressões faciais e comportamentos. Outra fonte de informação importante
são as próprias reações corporais e emocionais (e.g., posturas corporais, sensações físicas ou
estados emocionais) que a situação provoca. Os processos envolvidos no tratamento da
informação são considerados pré-conscientes visto que têm origem em atividades que
envolvem atenção e componentes sensoriais sem esforço e de caráter inconsciente, que
influenciam (servem de input) para os processos deliberados e conscientes. Segundo estes
autores, exemplos destes são: Contágio comportamental e conformidade; cognição
corporalizada; regulação emocional; perceção de faces e julgamento social; influências
atitudinais implícitas; julgamentos morais; motivação e prossecução de objetivos; estereótipos
e preconceito. De forma diferente, os processos pós-conscientes são processos de caráter
inconsciente e que não envolvem esforço mas que resultam de processos conscientes e
intencionais. Exemplos são: Atenção e performance motora; aquisição de capacidades
cognitivas; tomada de decisão; formação e manutenção de relações. Alguns exemplos de pré e
pós-consciência, serão desenvolvidos na próxima seção.

7.4. Áreas e exemplos de investigação


Um exemplo de cognição pré-consciente refere-se à imitação social. Segundo Chartrand
e Bargh (1999), mais do que uma mera cópia do comportamento dos outros, a sua principal
função é permitir o efeito camaleão - assim como um camaleão muda as suas cores para se
adaptar ao ambiente que o rodeia, nós também mudamos os nossos comportamentos em
adaptação ao ambiente social (por exemplo, face a mudanças nas normas sociais, exigências
pessoais, profissionais, etc que nos são colocadas). Vários estudos destes autores procuraram
identificar que processos psicológicos estariam na base da imitação comportamental, que
fossem para além de uma explicação biológica. Esta explicação biológica tem a sua base em
mecanismos neurofisiológicos resultantes da atividade de neurónios espelho – classe especial
de neurónios visuomotores que são ativados tanto quando a pessoa realiza uma determinada
17

ação como quando observa uma ação semelhante a ser realizada por outra pessoa (ver
Rizzolatti & Craighero, 2004).
Procurando ir para além desta explicação, Chartrand e Bargh (1999) propuseram a
hipótese de que observar o comportamento de outra pessoa induziria a sua imitação de forma
automática e sem consciência (mas com atenção) com base na ativação destes neurónios mas
que essa ativação teria uma dimensão psicológica pois serviria uma função social. Isso foi
demonstrado por exemplo num dos estudos (estudo 1) em que durante duas sessões de 10min
os participantes interagiam com dois comparsas diferentes (C1 & C2), com o objetivo de
descrever um conjunto de fotos. Estes comparsas eram atores treinados pelos investigadores
para apresentarem um conjunto de maneirismos cujos efeitos seriam posteriormente
observados nos participantes. Numa condição, C1 esfregava a cara ou mexia o pé e na
segunda sessão C2 mexia o pé ou esfregava a cara; na outra condição, C1 sorria ou tinha uma
expressão neutra e na segunda sessão C2 tinha uma expressão neutra ou sorria. Os
comportamentos dos participantes eram filmados, sendo o seu comportamento avaliado
posteriormente por observadores treinados, que identificavam o número de vezes que os
participantes esfregavam a cara, mexiam o pé e/ou sorriam. Os resultados demonstraram que
os participantes imitaram automaticamente os comparsas sem disso terem consciência – ou
seja, mexiam o pé ou esfregavam a cara, quando o comparsa o fazia - sendo isso independente
dos comparsas sorrirem ou não. Num outro estudo (estudo 2), os autores demonstraram que
como consequência de serem imitados, os participantes relatavam gostar mais da pessoa que
os tinha imitado e viam-na como mais amigável, comparado com quando os participantes não
eram imitados. Este efeito foi também demonstrado noutros contextos, como por exemplo o
estudo de Maurer e Tindall (1983): quando os terapeutas imitavam as posições posturais dos
clientes, estes sentiam um maior grau de empatia expressa pelo terapeuta.
Estes e outros estudos demonstraram que a imitação tem como objetivo o reforço das
ligações interpessoais, funcionando como uma “cola social”. Esta “cola” seria a causa e não a
consequência, de um aumento da empatia e atração interpessoal (por exemplo em relações de
amizade e amorosas). Como tal, a imitação funciona como precursor de um conjunto de
processos conscientes e comportamentos, envolvendo processos inconscientes com base na
atenção ao comportamento dos outros. No entanto, apesar de ser automática, a imitação não é
“inevitável” visto que pode ser limitada por exemplo, por caraterísticas individuais, como a
reduzida capacidade para tomar a perspetiva do outro (ver Chartrand & Bargh, 1999; estudo

17
3) ou em pessoas socialmente ansiosas (ver Vrijsen, Lange, Dotsch, Wigboldus, & Rinck,
2010).
Outro exemplo de processo pré-consciente é demonstrado pelos trabalhos de Aarts,
Gollwitzer e Hassin (2004) no que os autores denominaram de contágio comportamental.
Partindo do pressuposto de que os seres humanos conseguem inferir os objetivos associados
ao comportamento de uma pessoa ao observá-la ou ler/ouvir uma descrição acerca desta, isto
pode ativar as suas representações mentais acerca desses objectivos, de forma automática e
inconsciente e levar à realização dos comportamentos associados a esses mesmos objetivos.
Este seria o efeito de contágio de objetivos que implica a adoção automática e seguimento de
objetivos que vemos outros a querer alcançar. Por exemplo, se uma pessoa num certo
contexto é simpática para nós, podemos inferir o objetivo por detrás desse comportamento: 1)
tentar obter um favor; 2) querer colaborar; 3) ter um interesse sexual em nós; etc. Essa
inferência pode aumentar a acessibilidade da representação desse objetivo e por sua vez,
ativar a representação de um comportamento que esteja cognitivamente associado a este,
levando a que o mesmo seja desempenhado. Este efeito foi demonstrado num estudo dos
autores no qual os participantes - homens heterossexuais - eram temporariamente expostos a
informação sobre os comportamentos de outra pessoa, com um objetivo específico por detrás.
Metade dos participantes lia a descrição de um homem que num determinado cenário tinha
um comportamento que implicava o objetivo de procura de contato sexual, enquanto a outra
metade lia uma descrição que não implicava esse objetivo. Posteriormente tinham a
oportunidade de atuar de uma forma que permitiria alcançar esse objetivo, nomeadamente ao
ajudar uma mulher ou um homem no desempenho de uma tarefa. Os resultados mostraram
que os participantes que tinham lido antes a história que implicava um objetivo de procura de
contato sexual ofereciam mais ajuda na situação em que era uma mulher a necessitar de ajuda,
do que quando era um homem a necessitar. De igual forma ao comportamento de imitação, a
ativação de objetivos e consequente contágio, antecedeu processos conscientes e determinou o
comportamento de ajuda a outra pessoa.
Para além de exemplos de cognição pré-consciente, importa também ver exemplos de
cognição pós-consciente. Os processos envolvidos a este nível necessitam que exista
inicialmente um objetivo consciente ou intenção de os realizar mas, assim que estes têm
início, a consciência deixa de ser necessária, tendo por base apenas a atenção (Bargh et al.,
2012). Um exemplo pode ser encontrado no estudo de Maner, Gailliot e Miller (2009). Estes
autores dividiram os participantes em dois grupos, um de solteiros e outro de participantes
casados ou numa relação, inferindo que estes últimos teriam feito uma escolha consciente em
19

iniciar e manter uma relação. Aos dois grupos eram apresentados estímulos (por primação
subliminar) referentes a fotos de faces de membros do sexo oposto, previamente classificados
como atrativos por outras pessoas antes do estudo. Estas fotos eram apresentadas de forma
rápida (durante 500ms) para que os participantes disso não tivessem consciência, ou seja, o
cérebro dava atenção aos estímulos mas não tinham tempo de processar a informação de
forma consciente. Com base nisto verificou-se que participantes solteiros tiveram uma maior
atenção a faces do sexo oposto - verificado com base numa maior deteção posterior de
estímulos que apareciam no mesmo quadrante que as faces, comparados com estímulos que
apareciam em quadrantes diferentes - comparado com os participantes numa relação. Segundo
os autores isto revela que certos processos cognitivos permitem que as pessoas que
conscientemente decidiram iniciar e manter uma relação, a protejam ao inibir ou desviar a
atenção de alternativas à sua relação, potencialmente atrativas ou desejáveis.
Apesar desta perspetiva integradora dos processos conscientes e inconscientes e dos
exemplos dos estudos apresentados serem recentes, esta investigação decorre ainda da
“herança cognitiva” tendo por base o paradigma de processamento de informação. No
entanto, outros estudos, principalmente na última década, têm tido por base outros paradigmas
e outras metodologias, igualmente interessantes, para o estudo deste tipo de processos e suas
consequências ao nível das perceções, avaliações, tomada de decisão e comportamentos. É
sobre essa vertente que incidirá a seção seguinte.

7.5. Tendências atuais em Cognição Social


A cognição social emerge num contexto histórico onde se situam, simultaneamente, as
forças da experimentação e do positivismo que integraram a disciplina e a dotaram de
respeitabilidade científica. No entanto, e embora a herança cognitiva tenha permitido explorar
estruturas mentais e criar modelos de processo, o compromisso com o paradigma de
processamento de informação levou, na opinião de muitos autores, a que a se tenham perdido
de vista os fenómenos do mundo real (e.g., Forgas, 1983; Graumann & Sommer, 1984;
Neisser, 1980, 1982), isolando o indivíduo na sua atividade cognitiva, estudando processos
cognitivos desprovidos do seu conteúdo e do contexto físico e social (Semin & Garrido, 2015;
Semin, Garrido, & Farias, 2014; Semin, Garrido, & Palma, 2012, 2013) e removendo muito
do que era social na investigação.
No entanto, e se até final dos anos 80 a maior parte da teoria e investigação em
cognição social se focou em cognições relativamente “frias” e descontextualizadas, no final
19
desta década e embora mantendo o interesse em elementos cognitivos, o campo começou a
orientar a sua atenção para outras dimensões fazendo ressurgir um interesse histórico em dois
outros sistemas – motivação e afecto (Cook, Fine, & House, 1995). A noção de que os nossos
motivos podem influenciar as nossas crenças está presente numa das mais importantes teorias
da psicologia social, a teoria da dissonância cognitiva, (Festinger, 1957) assim como nos
trabalhos que posicionam o afecto como central ao conceito de atitudes (Eagly & Chaiken,
1993). Mais recentemente, o papel da emoção na cognição é ilustrado, por exemplo, em
estudos que demonstram que quando a emoção é afectada se regista um decréscimo drástico
na tomada de decisão racional (e.g., Damásio, 1994). Propostas convergentes salientam ainda
que os organismos atuam no sentido da satisfação das suas necessidades de sobrevivência
(Fiske, 1992; Simpson & Kenrick, 1997) e, como tal, a motivação e a cognição estabelecem
uma relação bidirecional de mútua influência (Kruglanski, 1996; Singer & Salovey, 1988)
essencial a um sistema auto-regulador que apoia a ação adaptativa (Smith & Semin, 2004;
Semin & Smith, 2013).
Este interesse renovado nas cognições “quentes” e enquadradas no contexto físico e
social, levou à exploração da forma como os nossos objectivos, desejos e sentimentos
influenciam o modo como nos comportamos e damos sentido ao mundo social (Kunda, 1999)
e a estudar o modo como o próprio corpo, o contexto físico e a situação social influenciam a
cognição e, consequentemente o comportamento de organismos que procuram a melhor
adaptação possível ao ambiente que os rodeia (Smith & Semin, 2004; Semin & Garrido,
2015; Semin et al., 2012, 2013). A partir de um esforço de integração teórica e metodológica
dos desenvolvimentos de áreas adjacentes, os psicólogos sociais e sócio-cognitivos
começaram a alargar o seu foco de atenção para além dos processos cognitivos simbólicos e
individuais contribuindo de forma decisiva para a emergência de uma nova abordagem – a
Cognição Social Situada (CSS).

7.5.1. Cognição Social Situada


A CSS implica, assim, uma alteração paradigmática em que a metáfora computacional
cognitivista é substituída pela metáfora biológica que permite perspectivar a cognição e a
ação humana como um processo regulador adaptativo que serve, em última instância,
necessidades de sobrevivência (Fiske, 1992; Simpson & Kenrick, 1997). Esta mudança põe
em causa a natureza simbólica, abstracta e estável das representações mentais e de processos
relativamente automáticos e independentes do contexto, propondo que a cognição humana
tem raízes no processamento sensório-motor (e.g., Barsalou, 1999; Clark, 1997; Smith &
21

Semin, 2004) sendo sensível e orientada para agir de acordo com a especificidade do contexto
(para uma discussão, ver Wilson, 2002).
Desta nova concepção emergem os seguintes pressupostos (Semin & Smith, 2002; para
uma revisão ver Smith & Semin, 2004; Semin & Garrido, 2015; Semin et al., 2012, 2013;
Semin & Smith, 2013): 1) a cognição é para a ação, ou seja, não constitui um fim em si
mesma, mas um processo regulador adaptativo que é moldado pelos objectivos sociais e pelos
requisitos da ação (Smith & Semin, 2004). Assim, a inteligência por exemplo, é percebida
enquanto interações adaptativas com outros agentes e com o contexto e as estruturas
cognitivas são consideradas não como receptores passivos mas também como operadores no
mundo e as impressões, integram informação dos sistemas visual, verbal, afectivo e de ação
(Carlston, 1994) promovendo um comportamento adaptado e moldado às características da
pessoa percebida; 2) a cognição é socialmente situada; ou seja, em contraste com perspectiva
mentalista no âmbito da qual o agente lida com um mundo análogo ao inscrito na sua cabeça
(Clancey, 1997), a CSS considera a influência de um ambiente significativo cujas
características são recursos ou constrangimentos à cognição (Gibson, 1966) e às interações
entre os indivíduos (Semin & Smith, 2002). Estas ideias são sustentadas por exemplo, por
evidências que demonstram que as atribuições (Norenzayan & Schwarz, 1999), as auto-
atribuições (Rhodewalt & Augustsdottir, 1986), a auto-estima (Crocker, 1999), o auto-
conceito (McGuire & McGuire, 1988) e os estereótipos sociais (Schaller & Convey, 1999;
Garcia-Marques, Santos, & Mackie, 2006), processos cognitivos tipicamente considerados
automáticos e estáveis, são afinal influenciados por pistas derivadas da situação social
imediata. Ambientes e situações sociais específicas fazem parte dos nossos processos
cognitivos, e aprendemos a geri-los para facilitar processos cognitivos (Barsalou, 2000; Clark,
2008; Yeh & Barsalou, 2006); 3) a cognição é distribuída espacial e temporalmente pelo
ambiente (e.g., Kirsh, 1995; Palma, Garrido, & Semin, 2014), pessoas e grupos (e.g., Garcia-
Marques, Garrido, Hamilton, & Ferreira, 2012; Garrido, Garcia-Marques, & Hamilton, 2012a,
2012b; Garrido, Garcia-Marques, Hamilton, & Ferreira, 2012; Levine, Resnick, & Higgins,
1993; Wegner, 1986). A evolução da sociedade humana não pode ser percebida sem que se
perspective o conhecimento como um processo cumulativo que é distribuído e preservado
através de ferramentas (e.g., tesouras, livros, computadores), da estruturação do meio
ambiente (e.g., sinais de trânsito, marcos do correio) e da distribuição do conhecimento por
pessoas e grupos (mecânicos, cirurgiões, professores, Hutchins, 1995); 4) a cognição é
corporalizada (embodied) ou seja a arquitetura do nosso corpo e cérebro constituem fontes de
21
regularidade ou de constrangimento à cognição, afecto, motivação e comportamento (Smith &
Semin, 2004). Estudos recentes ilustram por exemplo que os estados emocionais e os
julgamentos avaliativos podem ser induzidos por atividades corporais. Por exemplo, a
execução de movimentos verticais com a cabeça durante a apresentação de uma mensagem
persuasiva, promove avaliações mais positivas dessa mensagem, do que quando o movimento
da cabeça é horizontal (Wells & Petty, 1980). No âmbito da formação de impressões,
verificou-se também que a congruência entre a valência dos comportamentos de um alvo
social (e.g., positiva) e a localização espacial onde estes são apresentados (e.g., em cima)
facilita o processo de formação de impressões e a sua posterior recuperação (Palma, Garrido,
& Semin, 2011) . Outros estudos mostram que a representação de conceitos abstractos como
afecto (e.g., Meier & Robinson, 2004; ver Azevedo, Garrido, Prada, & Santos, 2013; Garrido,
Azevedo, Prada, & Santos, 2011), poder (e.g., Schubert, 2005), tempo (e.g., Lakens, Semin,
& Garrido, 2011), ou até mesmo conceitos politicamente conotados (e.g., Farias, Garrido, &
Semin, 2013; ver Farias & Garrido, 2011; Garrido, Farias, & Palma, 2010), utilizam conceitos
concretos (espaço vertical e horizontal) que ajudam à sua representação e comunicação.
Outros estudos mostram ainda que a adopção de expressões faciais correspondentes a estados
emocionais (induzidas linguística ou mecanicamente) promove a emoção correspondente
(e.g., Duclos et al., 1989; Laird, 1974) e influencia tarefas de julgamento avaliativo (e.g.,
Foroni & Semin, 2009; Niedenthal, 2007; Strack, Martin, & Stepper, 1998). Outros estudos
indicam também que determinadas caraterísticas do ambiente físico (e.g., temperatura, mas
também odor e distância, ver Semin & Garrido, 2012) promovem processos afectivos e
avaliativos distintos. Por exemplo segurar um copo de café quente ou permanecer numa sala
aquecida promove impressões mais positivas de um alvo social hipotético (e.g., IJzerman &
Semin, 2009; Williams & Bargh, 2008). Estas e outras evidências que fundamentam a
cognição nos sistemas de modalidades específicas do cérebro (Barsalou, Niedenthal, Barbey,
& Ruppert, 2003; Smith & Semin, 2004) permitem explicar a estreita relação entre o corpo e
o processamento da informação.
Apesar da cognição social situada ter vindo a obter crescente apoio empírico e
considerável desenvolvimento teórico, as suas propostas caracterizam-se também pela
controvérsia que suscitam. Alguns autores defendem por exemplo, que sugerir que toda a
cognição é situada implica excluir grande parte do processamento cognitivo humano
nomeadamente, a atividade cognitiva realizada offline (e.g., atividades como planear, recordar
ou sonhar acordado) ou seja, dissociada de qualquer interação com o ambiente (e.g., Wilson,
2002). No entanto, mesmo nesses casos é possível argumentar que a cognição não deixa de
23

ser situada, ou seja, mesmo quando a cognição é realizada offline, são recativadas as
respectivas modalidades ativadas na cognição online, levando o indivíduo a simular a
experiência tal como na presença da situação ou evento (e.g., Barsalou, 1999; para revisão ver
Barsalou, 2008). Uma outra crítica que frequentemente se levanta refere-se à proposta da CSS
em estudar o indivíduo na situação como um sistema unificado. Segundo alguns autores tal
não se justifica, na medida em que a definição das fronteiras de um sistema constitui uma
questão de julgamento e depende dos objectivos particulares da análise realizada (e.g.,
Wilson, 2002). Recordando como objectivo da ciência o estabelecimento de princípios e
regularidades e não a explicação de acontecimentos específicos, a natureza facultativa da
cognição distribuída torna-se um problema. Por outro lado, uma visão da cognição como
infinitamente flexível, distribuída e responsiva ao contexto físico e social carece de poder
preditivo. Torna-se assim difícil prever exatamente como é que um contexto infinitamente
variável afecta o nosso pensamento e comportamento. A resposta a estas questões irá exigir
um acrescido esforço teórico e empírico, no sentido de explorar as características do contexto
que são mais importantes na determinação da cognição (Smith & Conrey, 2009).
Em resumo, não sendo uma teoria unificada, nem constituindo uma ruptura com as
temáticas historicamente estudadas na cognição social, a CSS enquadra novas ferramentas
conceptuais fundamentadas no desenvolvimento de abordagens teóricas que colocam a
interdependência entre o ser social e o contexto em primeiro plano, que especifiquem não só
os processos psicológicos envolvidos mas também as suas fronteiras.

7.5.2 Neurociência Sócio-Cognitiva


Os esforços para identificar as estruturas e processos inerentes à cognição e ao
comportamento receberam um impulso considerável proveniente de um conjunto de
metodologias que permitem localizar e explorar de forma compreensiva as estruturas e
processos cerebrais e que fundamentaram uma nova área de estudo – as Neurociências Sócio-
Cognitivas2 (NSC). As NSC constituem uma área interdisciplinar que procura estudar os
mecanismos mentais que criam, enquadram, regulam e respondem à nossa experiência no
mundo social (Lieberman, 2010). Para tal, são observados e medidos correlatos neurológicos,

2
No âmbito deste capítulo serão apenas abordadas as neurociências sócio-cognitivas e não toda a vasta
área das neurociências (para revisão ver Lieberman, 2007b), bem como os seus principais contributos e
limitações para o desenvolvimento da investigação em cognição social.
23
que expressam uma relação entre um estímulo e uma resposta específica, suficientemente
estáveis para serem psicologicamente interpretados.
A receptividade da cognição social às NSC fundamenta-se no potencial desta
abordagem na identificação das estruturas e processos cognitivos, em contraponto ao limitado
potencial das inferências que as medidas dependentes indiretas como a latência da resposta, a
taxa de erros e avaliações da memória dos indivíduos (e.g., recordação) permitem realizar.
Por exemplo, as medidas comportamentais expressam o resultado da combinação de
processos cognitivos, afectivos e motores (Coles, Smidt, Scheffers, & Otten, 1995), não sendo
todos de interesse teórico para as questões em estudo. Estas medidas não constituem por isso
medidas diretas desses processos, nem permitem localizar estruturas e processos psicológicos
no cérebro, nem avaliam esses processos em tempo real (e.g., Bartholow, 2010).
A NSC procura assim estudar os mecanismos neuronais subjacentes aos processos
sócio-cognitivos (e.g., Blakemore, Winston, & Frith, 2004) através da combinação de três
níveis de análise: o nível social, relativo aos factores sociais e motivacionais que influenciam
o comportamento e a experiência; o nível cognitivo, que explora os mecanismos do
processamento de informação inerentes a fenómenos de nível social; e o nível neuronal,
centrado nos mecanismos cerebrais que levam aos processos de nível cognitivo (Ochsner &
Lieberman, 2001).
Durante a década de 90 assistiu-se a um exponencial desenvolvimento das NSC, a partir
de investigação de estruturas e processos cerebrais envolvidos na cognição social “normal”,
em vez de centrada, como anteriormente, na descrição dos danos cerebrais e cognitivos
observados em pacientes com lesões (Lieberman, 2007a). Atualmente a utilidade dos ERP
(event related potentials)3 é reconhecida para determinar em que medida cada condição dos
estímulos influencia diferentes aspectos do processamento de informação, separando a
influência dos vários componentes do sistema de processamento; a ordem temporal relativa
desses processos em tempo real; e como é que esses processos dão origem às respostas
comportamentais observáveis, indexando diretamente as respostas neuronais inerentes a
processos cognitivos e afectivo-motivacionais de interesse (ver Bartholow, 2010; Bartholow
& Amodio, 2009; Bartholow & Dickter, 2007, para revisão). Por exemplo, a utilização dos
ERP permitiu identificar que diferentes regiões do córtex então envolvidas em crenças

3
Os ERP constituem respostas eléctricas neuronais associadas a eventos sensoriais, cognitivos e motores
específicos e significativos que podem ser medidas através de um Electroencefalógrafo (EEG). Na prática, os
ERP são medidos através da média das respostas associadas no tempo a um certo estímulo, através de vários
ensaios (Luck, 2005).
25

avaliativas e não avaliativas (e.g., Cacioppo, Crites, & Gardner, 1996). Outras técnicas como
a tomografia de emissão de positrões4 (PET), e a estimulação magnética transcranial5 (TMS),
permitiram avanços substanciais sobretudo na localização das estruturas cerebrais subjacentes
a processos cognitivos específicos. Contudo, foi a introdução da fMRI6 (Functional Magnetic
Resonance Imaging), enquanto técnica das neurociências aplicada à cognição social, que
catalisou a NSC enquanto área de estudo (Lieberman, 2005). Neste âmbito foi possível
estudar questões relativas aos estereótipos, verificando, por exemplo, uma maior ativação da
amígdala perante a apresentação de faces de pessoas pertencentes a um outgroup (Hart et al.,
2000; Phelps et al., 2000); o auto-conhecimento, mostrando nomeadamente que a recordação
privilegiada de informação sobre nós próprios face a outro tipo de informação semântica se
fundamenta na ativação de zonas do córtex funcionalmente diferentes (Kelley et al., 2002), e
a teoria da mente, no âmbito da qual foram revelados os vários substratos cerebrais
envolvidos neste tipo de processamento (Baron-Cohen, Ring, Moriarty, Shmitz, & Costa,
1994; Frith & Frith, 1999). Estudos mais recentes abordam vários domínios da psicologia e da
cognição social como a auto-consciência (Gusnard, Akbudak, Shulman, & Raichle, 2001;
Keenan, Nelson, O’Connor, & Pascual-Leone 2001); julgamentos e tomada de decisão (De
Quervain et al., 2004; Sanfey, Rilling, Aronson, Nystrom, & Cohen, 2003); cooperação
(Kosfeld, Heinrichs, Zak, Fischbacher, & Fehr, 2005; Rilling, Sanfey, Aronson, Nystrom, &
Cohen, 2004); os auto-esquemas (Lieberman et al., 2004); exclusão social (Eisenberger,
Lieberman, & Williams, 2003); avaliação atitudinal (Cunningham, Johnson, Gatenby, Gore,
& Banaji, 2003; Wood, Romero, Knutson, & Grafman, 2005); regulação dos estereótipos
(Amodio, Harmon-Jones, & Devine, 2003; Lieberman, Hariri, Jarcho, Eisenberger, &
Bookheimer, 2005; Richeson et al., 2003); efeitos das expectativas (Petrovic, Kalso,
Petersson, & Ingvar, 2002; Wager et al., 2004); cognição relacional (e.g., Aron, Fisher,
Mashek, Strong, & Brown, 2005; Iacoboni et al., 2004); empatia (Carr, Iacoboni, Dubeau,
Mazziotta, & Lenzi, 2003; Singer et al., 2004), entre outros.

4
A PET constituiu uma das primeiras formas de neuroimagem funcional, posteriormente substituída em
importância pela fMRI. Após a injeção ou inalação de marcadores radioativos (raios Gamma) que se fixam a
moléculas biologicamente ativas, a PET permite identificar por onde os marcadores estão a viajar no cérebro
durante diferentes tipos de atividade mental (Lieberman, 2010).
5
A estimulação magnética transcraniana constitui uma técnica não-invasiva que utiliza campos
magnéticos para estimular ou atrasar atividade cerebral em áreas específicas ou na totalidade do cérebro (e.g.,
Pulvermüller, Hauk, Nikulin, & Ilmoniemi, 2005).
6
A utilização da fMRI assenta no pressuposto de que o sangue que flui numa região ativa é mais
oxigenado exibindo assim propriedades magnéticas (diferentes do sangue não oxigenado), que são detectadas
pela fMRI, permitindo localizar espacialmente para onde é que o sangue está a fluir (Lieberman, 2010).
25
Os desenvolvimentos observados nas NSC constituem potenciais contributos para a
cognição social a três níveis: permitem estudar processos psicológicos que experiencialmente
se sentem de forma idêntica e produzem resultados comportamentais semelhantes, mas que na
verdade dependem de diferentes mecanismos (e áreas cerebrais) subjacentes; permitem
observar processos aparentemente heterogéneos que, ao contrário do que se pensava,
dependem dos mesmos mecanismos (recrutando as mesmas áreas cerebrais; Lieberman,
2010); e permitem acumular conhecimento sobre as funções de diferentes regiões cerebrais,
segmentar fenómenos complexos nos seus componentes mais simples, tornando possível
inferir alguns processos mentais (Lieberman, 2007a), dificilmente capturados por medidas
comportamentais tradicionais (Ochsner & Lieberman, 2001). Por exemplo, através destas
técnicas foi possível avaliar as contribuições independentes de processos que ocorrem
simultaneamente como, por exemplo, os componentes automáticos e controlados de um dado
processo (Ochsner & Lieberman, 2001). Uma questão recorrente no estudo da memória
nomeadamente, saber se diversos tipos de memória resultavam de um único sistema de
memória a operar de diferentes formas, ou de sistemas de memória distintos a operarem de
forma concertada, foi recentemente clarificada a partir de dados neuropsicológicos e
provenientes da neuroimagem que apontam para a existência de múltiplos sistemas de
memória (e.g., Schacter & Tulving, 1994; Squire, 1992).
No entanto o contributo da NSC para o desenvolvimento de modelos e teorias
psicológicas não é consensual. Os mais cépticos afirmam que a NSC ainda não possui dados
suficientes que permitam testar e distinguir entre teorias que concorrem pela explicação do
mesmo fenómeno psicológico (e.g., Coltheart, 2006; Henson, 2005). Outros reconhecem as
NSC como uma área importante, admitindo que o mapeamento das áreas cerebrais
subjacentes a alguns processos cognitivos simples poderá informar e diferenciar entre
modelos psicológicos. No entanto, reconhecem também o seu limitado potencial de aplicação
aos modelos atuais em cognição social. Estas limitações decorrem da complexidade dos
próprios processos psicossociais7 que dificilmente permitem uma exata localização (e.g.,
Lieberman, 2007a; Mitchell, 2008; Willingham & Dunn, 2003). Será que, por exemplo, o
processo de categorização inicial, comum em muitos dos atuais modelos de formação de
impressões (e.g., Brewer, 1988; Fiske & Neuberg, 1990), não é ele próprio composto por
vários sub-processos recrutados consoante o tipo de categorização a efetuar (e.g., raça, sexo)?
Será que estes modelos ganham poder explicativo ao incorporarem o nível de precisão

7
Para uma discussão detalhada sobre as limitações da NSC, ver Willingham e Dunn (2003).
27

oferecido pelas NSC? Discute-se ainda até que ponto o enfâse na localização dos processos
psicológicos e as metodologias das NSC que impedem os participantes de falar, de se
movimentarem, e de interagirem enquanto são expostos a sucessivas repetições de ensaios
para extrair sinais detectáveis do ruído, não suprimem a importância do contexto, dos agentes
e das suas interações (Lieberman, 2010). Por último, destacam-se também aqueles que
defendem que se “os processos cognitivos são implementados pelo cérebro, as medidas da
atividade cerebral poderão fornecer insights sobre a sua natureza” (Rugg & Coles, 1995, p.
27). Para estes, a NSC é uma área vibrante que tem contribuído para o conhecimento sobre o
ser humano social com novas descobertas que fundamentam e por vezes desafiam muitas
teorias existentes em cognição social (e.g., Lieberman, 2007a; Mitchell, 2008; Ochsner &
Lieberman, 2001).
O fato das NSC preconizarem que saber “onde” os processos cognitivos ocorrem
equivale a saber “como ocorrem”, levou a que as contribuições dos estudos de neuroanatomia
funcional para a cognição social adquirissem uma má reputação. Na verdade saber “onde” os
processos ocorrem deixa em aberto muitas questões (Lieberman, 2010), pelo que a utilidade
do mapeamento cerebral só emerge quando a questão “onde” (no cérebro) é apenas um
prelúdio para as questões “quando”, “porquê” e “como”. Não obstante, com base na
neuroanatomia funcional e na localização dos processos psicológicos, é por vezes possível
saber como é que estes processos ocorrem, quando ocorrem e porque ocorrem. Assim, se a
resposta à pergunta “onde” não for interpretada enquanto um fim em si mesmo que retire a
ênfase da compreensão dos processos afectivo-sociais e o coloque na sua localização e se
estas técnicas forem entendidas como ferramentas adicionais e complementares às medidas
tradicionais de investigação em cognição social (e.g., Ochsner & Lieberman, 2001), as
medidas da NSC podem contribuir para desvendar as estruturas e os processos inerentes aos
fenómenos sociais (Lieberman, 2007a). Por outro lado, enquanto as NSC historicamente se
focam no estudo de fenómenos elementares, compreendendo o fenómeno social segundo uma
perspectiva bottom-up, os psicólogos sociais tendem a focar-se na análise de um vasto
conjunto de fenómenos sociais complexos e socialmente relevantes, integrando uma
perspectiva top-down.
No entanto, a investigação em cognição social poderá informar os estudos das NSC
nomeadamente acerca da função sócio-cognitiva de determinadas regiões no cérebro. Por
outro lado, e ainda que não seja claro até que ponto a localização de estruturas e processos
cognitivos constitua um contributo para a cognição social (Lieberman, 2005), é possível que,
27
mantendo o nível de desenvolvimento teórico e reconhecendo a existência de fenómenos que
não são passíveis deste mapeamento devido ao seu grau de complexidade, a cognição social
possa usar os dados das neurociências. Nomeadamente, a informação sobre o mapeamento
cerebral poderá desambiguar e testar teorias concorrentes relativas aos processos psicológicos
subjacentes a vários tipos de fenómenos utilizando o conhecimento relativo aos sistemas do
cérebro que estão inerentes à memória, linguagem, emoção e outros processos, permitindo
testar hipóteses que não poderiam ser testadas usando somente medidas comportamentais.
Será assim da convergência de múltiplas áreas do conhecimento e de vários métodos e
técnicas que emergem contributos recíprocos (e.g., Miller & Keller, 2000; Ochsner &
Lieberman, 2001) que permitam responder a algumas questões e levantar outras tantas.

7.6 Conclusão
Embora a abordagem sócio-cognitiva surja historicamente ligada à psicologia cognitiva,
assumindo nomeadamente o pressuposto de que os mesmos princípios de processamento de
informação se aplicam quer a domínios sociais quer a não sociais, a cognição social vai além
da mera aplicação de teorias e metodologias cognitivas a tópicos tradicionalmente estudados
em psicologia social. Atualmente, a cognição social não se limita ao estudo de processos
puramente intelectuais de pensamento, julgamento e recordação, reconhecendo a natureza
social do processamento de informação e considerando um conjunto de variáveis afectivas e
motivacionais assim como variáveis contextuais que influenciam a forma como percebemos,
sentimos e agimos sobre o mundo.
Neste sentido, o estudo da cognição social não se limita apenas ao estudo do indivíduo e
dos seus processos cognitivos, nem se limita apenas aos estudos do ambiente social e dos
processos sociais que nele ocorrem. Efetivamente, o indivíduo e o seu ambiente social são
estudados como um elemento único e inseparável. Isso é demonstrado pela observância de um
conjunto de processos cognitivos, motivacionais e afetivos interdependentes, que permitem
responder à questão global “Porque é que as pessoas fazem aquilo que fazem?”, através de um
nível de explicação psicológico.
Estes pressupostos refletem-se na diversidade de processos examinados pela cognição
social, que incluem temas estudados noutras áreas da ciência psicológica, como a memória,
perceção e atenção, emoção, e outros “grandes temas”. A cognição social examina estes temas
no sentido de compreender os determinantes e processos que estão na base do comportamento
humano, como por exemplo: imitação, prossecução de objetivos, estabelecimento e
manutenção de relações, tomada de decisão (individual e em grupo), formação de impressões,
29

estereótipos e preconceito, atitudes, mudança de atitudes e persuasão, atribuição causal,


comunicação interpessoal, atração interpessoal, etc.
Muitos destes estudos tiveram por base abordagens do processamento cognitivo da
informação com o objetivo de identificar as estruturas e processos subjacentes ao
comportamento individual e à interdependência entre o indivíduo e o seu ambiente social.
Outros, principalmente na última década, enquadram-se em abordagens mais recentes
nomeadamente da cognição social situada (CSS) e neurociências sócio-cognitivas (NSC).
Curiosamente, a emergência de novas propostas decorrentes da CSS e das NSC parecem elas
próprias apontar caminhos divergentes: enquanto a CSS procura integrar o organismo com o
ambiente e os atores sociais na emergência e na utilização do conhecimento e comportamento,
o enfâse localizacionista das NSC parece apontar novamente para um elementarismo
descontextualizado. No entanto, e tal como noutros domínios do conhecimento, a cognição
social emergiu de perspectivas diversas acerca do modo como pensamos e nos comportamos
no quotidiano, e será esta diversidade e capacidade de integração teórica devidamente apoiada
em evidência empírica que, no nosso entender, continuará a marcar esta disciplina.

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