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UFPR
CURITIBA
2016
CURITIBA
2016
Catalogação na Publicação
A meu orientador, Professor Dr. Carlos Augusto Serbena, por seu apoio,
Aos meus amigos Juliane Braz e André Gugelmin Valente, que tanto me
A minha família, em especial, meus pais amados Elisabeth e Luiz Mamede que
constantemente torceram e deram força nos momentos mais difíceis. A minha sobrinha,
pesquisa.
Jungian classical theory states that the affective relationships exist psychic
complementariness attitude and psychological function, especially in marriage. In view
of the profound socio-cultural changes and configurations of gender roles and marital
the purpose of this study was exploratory and quantitative way to assess the occurrence
of psychic complementariness attitude and psychological function in heterosexual
couples with stable the relationship least twelve months. Therefore, they were measured
in a convenience sample of 41 heterosexual couples, resulting in 41 men and 41 women
from March to September 2015 through Typological Assessment Questionnaire
(QUATI) the main attitude and role of each partner in stable relationship of couples. In
couples the average age of women was 27.6 years (SD = 6.4), men 29.5 years (SD =
6.4) with a mean duration of 73 months (SD = 56.2). From this, it was determined the
opposition or complementary type and function in couples and held a critical reflection
comparing the survey data with the Jungian theory. The results presented showed no at
first, a correlation between opposing types for the composition of couples, both the
predominant function as to the attitude. Work limitations are observed and performed a
critical reflection about the new affective relationships settings and their impact on
psychic dynamics and Jungian theory.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
ANALÍTICA ........................................................................................................................ 7
5. RESULTADOS ............................................................................................................ 36
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 64
9. ANEXOS ........................................................................................................................ 70
9.4. ANEXO 4 – Roteiro para conferência e aceite de projetos de pesquisa com seres
1. INTRODUÇÃO
A busca pelo sentimento de plenitude e pela suposta segurança de uma união estável
reconhecida como "entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada
De acordo com Diniz (1998), a união estável é "a convivência duradoura, pública e
Cahali (2002) refere que para configurar uma união estável, a convivência entre um
homem e uma mulher é independente do casal coabitar, entretanto, os dois não podem ter
outro vínculo marital e precisam conviver como marido e mulher, ter um relacionamento
um casal.
determinar quando um se transforma no outro. Na maior parte do tempo, esses dois avatares
afetivos nos tempos modernos, as pessoas buscam a totalidade de uma união e por suprir as
denomina-se “amor”.
fundamental.
seus respectivos projetos de vida, de seus desejos e de seus sonhos se forma a identidade do
processo complexo que envolve desejos e projetos compartilhados para a construção de uma
realidade comum, em que dois sujeitos ao se relacionarem criam referências comuns e uma
identidade conjugal do casal, na relação que estabelecem com o meio social (Féres-Carneiro
A ilusão tem significativa importância na construção dos laços afetivos, uma vez que
se destaca como um conceito “fundante do vínculo amoroso: entendida não como algo falso,
mas como algo que é "um produto dos desejos humanos" (Zago, 2009, p.119). Sobre a
projeção da ilusão nos laços conjugais, Neves, Dias & Paravidini (2013), referem:
Na ilusão, o outro pode ser quem se deseja; portanto, no apaixonamento, o outro pode
outro. O caráter de complementaridade que foi aqui destacado toma forma nesse
3
processo, pois na condição faltante o outro se torna essencial para "preencher" essa
regula e adapta o indivíduo ao ambiente social e físico” (Hall & Nordby, 2000, p.25).
objetiva do meio ambiente e social em que está inserido e à realidade de seu mundo subjetivo.
trouxe uma importante contribuição para compreensão da personalidade humana. Em sua obra
intitulada Tipos Psicológicos (Jung, 2011d), publicada originalmente em 1921, ele classificou
referindo que os tipos de personalidade se constituem a partir dos fluxos libidinais (Ramos,
2005). Ele se refere ao fluxo libidinal como energia dinâmica psíquica que dá vida à psique
(Stein, 2006).
afetivos.
Carneiro, 1998).
particularmente nos tipos psicológicos de cada um dos indivíduos que formam o casal e
também envolve tensões trazidas pela díade individualidade - conjugalidade, que os consortes
nem sempre estão preparados a sobrelevar. Este conflito acrescenta dificuldades a serem
persona, o conjunto de papéis e máscaras sociais, serem complexos afetivos com objetivos
que possa funcionar independentemente. Ao mesmo tempo, uma outra parte do ego,
que é aquela onde a pessoa ganha raízes, movimenta-se na direção oposta, no sentido
5
concepções das relações familiares" (Oliveira, 2009, p. 67), e o cotidiano das relações sofrem
aproximação quanto para o estabelecimento da dinâmica conjugal, uma vez que nessa visão
Diante destas questões surge a pergunta de fundo desta pesquisa: Nos relacionamentos
estáveis.
tipos psicológicos de Jung (2011d). O tipo psicológico é configurado pela atitude e pela
introversão coma libido dirigindo-se para objetos internos e extroversão para objetos externos
(Jung, 2011d).
humana. A psique é formada por basicamente dois polos que se complementam: consciente e
2011d).
importante ferramenta para compreensão das nuances da dinâmica das relações afetivas
atuais, apesar da pouca literatura encontrada sobre este assunto. Os diferentes tipos
psicológicos são verificados na prática clínica, porém dada a fecundidade da teoria dos tipos
Briggs Type Indicator, mais conhecido por sua sigla, o MBTI) nos EUA e o Questionário de
fornecidas pelos sujeitos através de dados quantitativos com relação a tarefas e propõe
tipo e função nos casais e realizou-se uma reflexão critica comparando os dados da pesquisa
de díades conjugais nos quais os parceiros apresentam função principal opostas e (II) há uma
psicológicas opostas.
algumas décadas, vêm apresentando um novo panorama neste contexto. Antes, com o
advento do amor romântico, os papeis de cada gênero na relação heterossexual era bem
delineado, a mulher cuidava das relações afetivas, dos afazeres domésticos e pouco se
com os filhos. Os homens, por sua vez, buscavam a estabilidade financeira, o status social e o
Aos poucos, esse quadro começara a dar passos de mudanças, mulheres buscando a
igualdade com os homens (Giddens, 1993, p. 9), realização pessoal e profissional, alterando
papeis de cada um na relação e nos laços afetivos. Amores antes sólidos, hoje se tornaram
líquidos, dissolvendo juras de amor frágeis aos sinais dos primeiros desentendimentos:
sentimentos, como o amor e o ódio, geram conflitos e não há como prever quando um
complexa que envolve um processo de construção de realidade comum, ou seja, dois sujeitos
casal e desse na relação com o meio social, e assim, concretizam a realidade psicossocial de
perpetuação de uma nova família e a aliança é a interação do grupo sob a escassez de bens
mistério podendo dizer que quando se tenta compreender os motivos pelos quais essa decisão
ocorre e para tanto, tal escolha pode fornecer dados importantes à dinâmica conjugal dos
casais.
9
2011j). Entender o amor como uma metáfora, um simbolismo que desponta como mais uma
faltante, que na infância é representado pela separação da relação simbiótica com a mãe,
necessária para sair do narcisismo primário, e integrar e formar o eu. Sobre essa projeção nos
laços conjugais, a ilusão é um conceito fundamental entendida como um produto dos desejos
Na ilusão, o outro pode ser quem se deseja; portanto, no apaixonamento, o outro pode
especiais, inclusive se tornando alguém que complementa o que falta ao outro. O caráter de
complementaridade que foi aqui destacado toma forma nesse processo, pois na condição
como o encontro e projeção mútua dos parceiros de dois complexos da psique que são
mulher. Em um relacionamento íntimo não são apenas os egos que se relacionam, mas após
dia-a-dia. Jung debruçou boa parte de seus estudos sobre esse tema, seu interesse estava em
comprovar a ideia de complementariedade psíquica através dos opostos. Jung (2011g, 2011h)
promove discussão em algumas de suas obras sobre a ideia de bem e mal nas religiões e na
vida cotidiana.
conduta moral e ética. Faz uma crítica a esse corte que as religiões promovem, principalmente
no cristianismo. Defende a ideia proposta pelos gnósticos de que Cristo teria sim nascido com
uma sombra, contudo, os escritos dizem que esta foi destacada. Se destacada, essa metade
Assim a moral cristã tenta evidenciar apenas o lado bom da personalidade de Cristo, o
que vai em desencontro a totalidade do sujeito. Esse movimento proposto pelas igrejas retira a
fora, ou seja, o aspecto negativo da minha personalidade é projetada fora, em algo alheio a
mim.
sem exceção, segundo a psicologia analítica, possuem a sombra. Tem energia e por isso são
autoconhecimento.
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Entretanto, segundo Jung (2011g), as projeções são refletidas pelo sexo oposto são as
inconsciente pessoal são acessadas pela consciência sem dificuldades, diferente dos conteúdos
não são percebidos. A anima está para Eros (feminino), como o animus está para o Logos
desenvolvimento do sujeito, pois o outro é o espelho que revelará, muitas vezes, o labirinto
Os pais têm uma participação fundamental nas imagens de anima e animus dos
sujeitos e por isso, se não bem trabalhadas podem resvalar no parceiro conjugal. E desta
imagético.
psíquica, trazendo para o casamento, tipos psicológicos opostos. Entretanto a projeção oposta
Ao escrever sobre o filme o Anjo Azul, traz a problemática da sombra nas relações
[...]é o primeiro capítulo do amor, que é o encontro pleno, construído pela sizígia da
anima e do animus dentro da alteridade. Por isso, o amor é quaternário, podendo o ego
relação sadomasoquista, em que o ator principal é masoquista e se apaixona por uma mulher
sádica que o rejeita e o humilha. Um projeta a sombra no outro. Sobre essa relação, afirma o
autor:
derrotado como vilão se enfurece e ataca com redobrado vigor. Esta é a psicodinâmica
complementar, de subsistência. Nessa primeira etapa de fusão com o outro, na fase da paixão,
(Byington, 2010).
Somente quando cada parceiro admitir e reconhecer a própria sombra é que a relação
onde um indivíduo com atitude dominante extrovertida tende a ser fortemente atraído por
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alguém com atitude dominante oposta, isto é, introvertida. O mesmo ocorre em relação à
possuir atração por um possível parceiro com dominante oposta, isto é, sentimento ou
responda as suas angústias e com a expectativa de que o parceiro o liberte de seu conflito.
Esse arranjo seria uma matriz interacional, que organiza a vida amorosa do casal. Através
(Férez-Carneiro, 1998).
A teoria dos tipos psicológicos não é uma verdade absoluta, mas representa uma etapa
observar, por exemplo, na medicina grega, por meio de Hipócrates (460 A.C – 370 A. C.),
que institui a filosofia naturalista com base nos 4 elementos da natureza (ar, fogo, água e
(Zacharias, 2006).
Sob esse mesmo prisma, Galeno (130 D. C.- 217 D.C) cria sua teoria das faculdades
naturais que consistia na capacidade dos órgãos do corpo humano teriam a capacidade em
atrair o que lhe era positivo e expulsar o que lhe era negativo, estabelecendo a patologia
14
humoral, ou seja, o tipo melancólico à bílis negra, o tipo fleumático à inflamação do muco, e
expansão dos estudos neurológicos. Influenciados pelas ideias iluministas, discípulos dos
movimento freudiano, entretanto ele foi fortemente influenciado pelos ideais do romantismo,
de Jung com Freud deve-se, além da questão do alcance da libido, á própria visão de mundo,
puramente biologicista e passa a ser bem mais psicológico, com a ideia dos complexos e das
atitudes típicas, o que seria impossível sem a ideia do inconsciente, desse modo, transpondo
Esta é definida por Jung como “certa forma de atividade psíquica que, em princípio,
permanece idêntica sob condições diversas” (Jung, 2011d), sendo diferenciadas duas funções
percepção ou irracionais (sensação e intuição). Estas quatro funções podem ser representadas
graficamente por uma cruz onde a linha vertical se refere às funções racionais e a linha
Pensamento
Sentimento
Funções Racionais
As funções podem ser resumidas desta forma: “a sensação diz que alguma coisa é; o
pensamento exprime o que ela é; o sentimento exprime-lhe o valor.” (Jung, 2011d, p. 24) e a
intuição “é a função pela qual se antevê o que se passa pela esquinas, coisa que habitualmente
objetos, pois sentimento mensura o valor dos objetos ou conteúdos para consciência e o
com suas representações. A intuição e a sensação são funções de percepção e, deste modo,
responsabilidade da intuição.
função, se habitua a ela e tende a desenvolvê-la e deste modo, a consciência identifica-se com
ela. A função oposta, não sendo utilizada, permanece primitiva e inconsciente sendo
O mesmo modo ocorre quanto à atitude psicológica. “Na introversão, o sujeito é mais
determinado pelos objetos de seu interesse e o de outros mais pelo seu interior, pelo
subjetivo” (Jung, 2011d), sendo o centro do seu interesse sua própria subjetividade. Na atitude
extrovertida, ocorre o oposto, o centro de interesse é o objeto externo, que “recebe o valor
preponderante. O sujeito tem sempre importância secundária (Jung, 2011d) e neste caso a
psicológico, uma determinada atitude e função psicológica com a atitude e função oposta
Um dos mais importantes aspectos que se toma na clínica envolve o amor e suas
relações. O amor é um enigma, ao mesmo tempo em que acalenta, faz as pessoas perderem
sua estabilidade (nos faz perder o chão), e é na conjugalidade que os aspectos de amor e ódio
posições sociais a uma nova organização em que a abertura para a cultura propiciou um maior
poder de decisão, escolha e exigência peculiares a cada sujeito, assim as relações afetivas vão
Gadotti (2010) traz a ideia que um estado individual e narcisista depende de uma
verdadeira inclusão do outro. Neste desafio, o sujeito liberta-se da imagem primária de prazer
e contemplação do perfeito, para arriscar-se em uma jornada complexa e imprecisa que se faz
e absoluto que define o modo de ser de um casal, sua existência conjugal e determina seus
do outro, constituindo assim um par inconsciente que opera em paralelo às projeções mútuas,
Grinberg (2010) afirma que essa visão é obtusa, uma vez que o olhar apaixonado permite uma
Torres apud Lópes (2008) citam que elementos como motivações pessoais, valores
culturais e sociais propiciam o conjugar da relação, em que tais elementos contribuem para a
formação da identidade na relação com o par. Sob essa mesma perspectiva, Andolfi et
Ao chegar à idade adequada para uma relação conjugal, o jovem se apaixona, mas não
compreende os motivos da sua escolha agindo de modo não consciente. Apesar dessa escolha
pelo parceiro parecer algo consciente, conteúdos não percebidos interferem nessa escolha,
fazendo com que não seja uma decisão tomada de maneira totalmente livre. O campo de
de base possibilita a entrada do outro que contribuirá com trocas, conflitos, parcerias e
transformando sua identidade familiar para a entrada de novos conteúdos, assim são
relação com o semelhante, o ego interage com o outro diferente, numa tentativa de
2010, p. 28).
19
pais. À medida que o sujeito vai se desenvolvendo, o instinto que aproxima o par por motivos
relação.
formar-se uma relação entre eles e essa conivência vem de acordo com a relação que o
desconhecidos, diferentes, afirmando que essas qualidades são como um espelho da própria
psique. Desta forma, pode-se considerar o outro da relação como um reflexo da psique do
próprio sujeito.
conteúdos de sombra revelam uma faceta sombria da personalidade. Nas relações afetivas, o
parceiro pode despontar a face oculta e não integrada da psique, uma vez que na dinâmica
Nos conflitos presentes na relação com o outro se furta uma preciosa oportunidade de
renegados em nossa personalidade são, muitas vezes, projetados a outrem, propiciando uma
Além da sombra, Benedito (1996) alude a outros aspectos para a escolha de parceiros,
afirmando:
conteúdos serem “fisgados” numa relação. Isso ocorre porque certas características
observadas em alguém podem levar um outro indivíduo a estabelecer com ele uma
relação inconsciente, que o leva a crer, de maneira errônea, que esse alguém é idêntico
àquilo que nele é visto. Pode acontecer que a pessoa, ao fazer a escolha do parceiro,
tome o outro, pelo menos parcialmente, como uma parte de sua própria personalidade,
dissociada de sua consciência, e que então passa a fazer parte daquele outro, tornando-
animus. O indivíduo que não consegue tomar para si aquilo que constitui parte de seu
1996, p. 20-21).
Contudo, com o passar do tempo, a projeção delegada ao parceiro, passa pela paixão e
transmuta para a realidade do relacionamento, em que a persona aos poucos vai perdendo sua
força e cedendo espaço a própria personalidade. As dificuldades em lidar com outro começam
No vínculo conjugal, uma nova realidade se apresenta e cada indivíduo traz consigo
seus arquétipos de modo a iniciar uma hodierna jornada, que poderá ocasionar tanto a ruptura
da relação como também o desenvolvimento individual, pois nessa relação aprende-se a lidar
consigo e com o outro, desliza no amor e no desprezo e dessa forma, conhece a si próprio”
(Craig, 1977, p. 71). Por meio do contato com a sombra inconsciente, torna-se possível o
paradoxos de uma relação, o caminho que nos eleva para a ampliação da própria existência”
A ideia de complementariedade psíquica pode ser vista nas relações conjugais como
equilíbrio de sua falta ou vazio psíquico que é então projetado no parceiro (Campos, 2008).
O relacionamento inicia então por esta projeção no outro que preenche uma lacuna
interior, mas por esse jogo de espelhos projetivo ocorrem diferenças e desavenças nos casais.
projeta no parceiro afetivo seus conteúdos inconscientes como suas idealizações e fantasias. A
uma vez individuado, o sujeito torna-se uma peça fundamental para a evolução
meio, sendo um processo criativo que possibilitará a saída dos conflitos, possibilitando
Deste modo, no casamento ou em uma relação estável “a pessoa tende a se unir com o
tipo oposto e assim ela está, ou pensa estar, livre da desagradável tarefa de enfrentar a própria
Em alguns casos, essa dinâmica inconsciente pode ser recebida como um facilitador
cotidiana e na qual os problemas ocorrem apenas quando há o término dos grupos. Entretanto,
“na maioria das famílias, e também em outros grupos, há uma tendência muito forte para se
Este mesmo processo ocorre em relação à atitude, que se reporta a direção da libido ou
energia psíquica. Esta, segundo Jung (2011b), compreende não somente um deslocamento da
energia libidinal sexual, conforme Freud, mas a amplia para um caráter finalista, trazendo
Ao compor seu ponto de vista, Jung (2011b) questiona sobre a personalidade sexual
puberdade, por que o olhar apenas sexual na infância, em que a criança apresenta vários
comportamentos tidos como perversos, ou seja, “quando sua libido não foi empregada em
caráter puramente biologicista e reducionista e propor que seja visto como uma “posição
energética pura e simples, para que possamos conceber o processo vital em termos
2011b, p. 136).
Nesse sentido, Jung (2011b) vai, aos poucos delineando um olhar sobre a teoria da
libido introvertida, em que o fluxo dessa energia sai do exterior e é canalizado para o mundo
interno, das fantasias e afetos. Esse ponto de vista vai elucidando quando retrata a falácia do
paciente que traz as impressões e relatos vagos sobre seu passado, como uma forma de fuga
do afeto atual, para muitas vezes isentar-se no processo e procurar simbolicamente um objeto
24
fora responsável pelos motivos que lhe trouxera ou causara sofrimento. Sobre isso Jung
(2011b) entende que essas falas retratam imagos, imagens simbólicas que representam a
psique do próprio sujeito, e não tanto do objeto externo em si. Como segue:
causa de seu sofrimento uma vivência antiga qualquer; conseguem, com esta manobra
passado. [...] Esta pista falsa foi o caminho da primeira teoria psicanalítica. [...] Acho
que somente aquele que considera os acontecimentos do mundo como uma cadeia de
constante da mão educadora do homem racional, pode chegar à conclusão que este
caminho trilhado pela pesquisa foi um caminho errado no qual se precisaria colocar
Ou seja, o trauma referente ao passado seria mais uma possibilidade estreita que de
fato o verdadeiro afeto envolvido na demanda real do paciente. Sobre isso, continua a
discorrer: “Os pacientes ainda conservam formas de utilização da libido que há muito
deveriam ter abandonado. É quase impossível fazer um inventário dessas formas, pois são de
atividade exercida pela fantasia, que se caracteriza, segundo ele, pela acentuada atuação dos
Em vez de aplicar a libido numa adaptação bem exata às circunstâncias reais, fica ela
totalmente introvertida”, uma vez que não está, segundo ele,“a libido não é usada plenamente
para fins de adaptação à realidade, então ela é sempre mais ou menos introvertida” (Jung,
2011b, p.144-145).
introvertida dizem respeito a sua imago. São reminiscências fortuitas sobre a potencialidade
que de fato se representam na totalidade das figuras maternas e paternas imaginadas pelos
propõe a visão de Jung (2011b), isto “[...]traz um enfoque energético em vez de uma teoria
sexual, e propõe libido em vez de desejo, libido como um élan vital, ou ‘energia vital em
geral” (Jung, 2011b, p. 249). E como energia, “a libido é tanto fecundadora” (Jung, 2011b, p.
428).
De tal sorte, Jung propõe que neste viés da libido introvertida, exista a ativação do
arquétipo necessário como fonte criativa para o retorno a psique objetiva, a realidade dos
fatos. A dinâmica psíquica contém a contradição e mantém com o seu extremo oposto uma
Não existe rito sagrado que eventualmente não se inverta em seu oposto, e quanto
mais extrema se tornar uma posição, tanto mais se pode esperar a sua enantiodromia,
sua reversão para o contrário. O melhor é o mais ameaçado com certa perversão
diabólica, pois foi o que mais reprimiu o mal” (Jung, 2011c, p. 441).
opostos. Este processo é expresso metaforicamente pelo mito de Eros (Stein, 1974).
26
instinto como força propulsora da vida psíquica, contudo acrescentou a vida criativa espiritual
do processo psíquico per se, como pode ser observado nos termos abaixo:
perde todo sentido quando não tem contra si a resistência do instinto, assim como os
forma. Por isso é inevitável ocupar-nos com um dos instintos mais fortes, a
também poderia ser explicada do ponto de vista espiritual. Para isso basta a hipótese
É inegável a importância dos conteúdos sensuais da alma, a que a privação desta seria
inerente à condição do amor, como formula Stein (1974): “Na verdade, a parte animal-sensual
da alma deve ser tratada com o mesmo carinho e compreensão exigidos pela parte da criativa-
espiritual; caso contrário volta contra nós e dificulta a união” (Stein, p. 161).
A imagem de Eros foi explicitada por Jung ao se referir ao banquete de Platão como
“o intermediário entre mortais e imortais”, o agente que transforma uma situação a outra, é o
mensageiro dos homens aos deuses, “sempre a procura da sabedoria” (Jung, 2011c, p. 199).
27
Seria um tanto quanto superficial pensar o amor como uma simples satisfação das
energias sexuais, pois Eros emerge do amor e o amor sem Eros seria tão banalizado quanto
logos sem uma vontade essencial, um para quê. Eros emerge do amor, no entanto um amor
sem Eros se torna tão impessoal e animal como a psicanálise propunha como uma forma
todas as ações criativas do homem se depara com a ação irracional do impulso criativo da
conexão humana através da força do amor como busca pela união que tem “direção e visão”
Desta forma a harmonia dos opostos pode ser vista também no amor com duas
funções: externamente sua expressão é a de abordar duas almas, e internamente para unir a
totalidade dicotômica entre mente e corpo. Não são duas forças antagônicas entre si, mas se
Assim como outros afetos tais como a raiva, o medo, a angústia, o amor é também
uma forma de vivenciar essa porção da libido, sem saber para quais caminhos trilhar, conflitos
diretiva desta, ao mesmo tempo em que tem seu fluxo e leis próprias, não são rígidas ou fixas,
E sob a falta de direção dos caminhos do amor, um princípio vital se estabelece e Eros
se realiza: “Assim Eros tem seu papel fundamental na direção do amor, por buscar a ideia de
Por meio da vivência do símbolo, da abertura para um diálogo com as imagens, sem
censura, a alma também pode ser expressa e não literalizada, ou reduzida, irrigando e
não necessariamente de fato, mas possibilitar sem censura a forma como esta se
expressa é o modo criativo da psique transformadora, para tanto isso é possível quando
o ego diferencia-se do instinto carregado de afeto e volta sua força libidinal para
amor e que sem tais ingredientes a psique estaria estagnada, sem sabor ou sem crescimento.
da energia psíquica consciente. Deste modo, é possível destacar o pensamento de Jung sobre a
realidade empírica que é antes psíquica: “Este objetivo se sobrepõe, por intermédio da
concepção, ao puramente empírico, mas será sempre, apesar de sua viabilidade geral e
p. 24). Assim, na elaboração das teorias científicas há uma “equação pessoal”, pois
“enxergamos cores, mas não o comprimento das ondas” (Jung, 2011d, p. 24) e esta realidade
bem conhecida deve ser levada em conta na psicologia, mais do que qualquer outro campo. O
efeito dessa equação pessoal já começa na observação. Vemos aquilo que melhor podemos
ponto de vista objetivo e da atitude extrovertida, pois trata-se de uma pesquisa estatística
pessoas e díades conjugais e não ao ser humano e casais que são únicos e particulares.
Para avaliar a complementariedade das funções e atitudes nos casais, optou-se pelo
casais por meio de seus tipos psicológicos As hipóteses (I) há uma porcentagem significativa
de díades conjugais nos quais os parceiros apresentam funções psicológicos opostos e (II) há
uma porcentagem significativa de díades conjugais nos quais os parceiros apresentam atitudes
homens e 41 mulheres.
por meio de aplicação direta do QUATI, na qual os casais foram instruídos para a
Foram coletados dados sócio demográficos como o nome, idade, cidade de origem,
Para a coleta dos dados referentes aos tipos psicológicos, foi utilizado o Questionário de
Avaliação Tipológica (QUATI), havendo opção por parte dos participantes de receberem o
Para a coleta de dados, a amostra foi realizada por conveniência, sendo realizada com
PR, com pelo menos um ano de relacionamento estável. A coleta de dados ocorreu entre o
participar.
A coleta de dados foi realizada no período entre março a setembro de 2015, de acordo
Psicologia (CFP) fundamentado nos tipos psicológicos de Jung cujo objetivo é avaliar a
cada qual com pares de afirmações e o sujeito escolhe as que mais se aproximam do seu
comportamento.
Este teste psicológico de personalidade foi desenvolvido em 1989 tendo como base a
(Zacharias, 2000).
uma vez que tal instrumento permitiu uma facilidade maior de acesso a sua aquisição e
(QUATI) segue seguramente a teoria dos tipos psicológicos de Jung, pois fora elaborado por
uma com 15 perguntas. As categorias situacionais são elencadas em Festa, Trabalho, Viagem,
Estudo, Lazer e Pessoal, sendo que nesta última, existem 18 questões. Cada categoria contém
(Pensamento, Sentimento, Intuição e Sensação) a partir das situações descritas nas perguntas.
referentes às funções sociais. Para obter o valor numérico, é utilizado um crivo durante a
correção. A partir dos valores encontrados tanto para as atitudes quanto para as funções, o
escore é calculado a partir da diferença numérica entre os resultados. Para calcular a atitude, o
escore é obtido através da subtração do menor resultado numérico para uma atitude do maior
escore encontrado para atitude. Para calcular a função principal, os escores individuais para
cada função são levados em consideração, sendo a função principal aquela com maior escore
dentre as quatro funções. A função auxiliar é determinada a partir do maior escore encontrado
nas funções cuja característica não se opõe à função principal encontrada. Caso a função
principal encontrada seja Racional, a função auxiliar deverá ser aquela com maior escore
A análise dos dados coletados amostra foi realizada em duas etapas. Por se tratar de
uma amostra por conveniência com 41 casais participantes, foram realizados testes não-
paramétricos. A primeira etapa consistiu na aplicação dos testes não paramétricos Qui-
Quadrado e o teste binomial. Para a comparação dos dados obtidos foi utilizado nível de
disso, para esta classificação verificou-se por escore de resultados a função superior, auxiliar e
A partir dos dados colhidos junto aos participantes foi possível estabelecer um perfil
perfil sócio demográfico dos participantes assim como a distribuição tipológica encontrada na
qualitativas.
A partir da obtenção dos escores individuais de cada parceiro, foram realizados testes
estatísticos para verificar se havia correlação entre as tipologias entre os pares. Deste modo,
foi utilizada a hipótese nula (H0) de não haver diferença significativa entre as atitudes
compostos entre um parceiro com escore para Extroversão e outro com escore para
Introversão.
Com relação aos escores referentes à função, foi utilizada a hipótese nula (H 0) onde
não há diferença significativa entre as funções tipológicas opostas nos casais pesquisados.
Deste modo, a hipótese nula testa se a composição dos casais em termos de função principal é
complementar, no caso composto por pares com funções complementares a partir da seguinte
atitudes e funções opostas. Desta maneira, por exemplo, entende-se que se a tipologia do
sujeito que apresenta atitude introvertida e função principal pensamento terá seu
ocorrendo nos pares sentimento e pensamento, sensação e intuição. No caso de haver funções
que não são opostas, porém diferentes, foi notada apenas a diferença, não a
Para análise combinatória, os dados foram arranjados da seguinte maneira: para atitude
Tabela 1
Desta forma, temos 4 possibilidades: 2 (50%) para iguais e 2 (50%) para diferentes.
De acordo com Jung (2011j), a porcentagem de casais obtidos em oposição deve ser
Tabela 2
Parceiro 2
Pensamento Sentimento Sensação Intuição
Parceiro 1
Pensamento Igual Oposta Auxiliar Auxiliar
oposição, 4 (25%) para igual e 8 (50%) para auxiliar. Deste modo, se a combinação das
significativamente diferentes dos valores esperados aleatoriamente que são descritos acima
(H0). Para se chegar ao valor de p, foi utilizado o teste binomial para cruzar as frequências
relações entre atitude, função principal e função auxiliar, as variáveis obtidas foram
analisadas em pares por meio da tabela de referência cruzada, avaliando as diferenças por
meio do Qui-quadrado.
36
5. RESULTADOS
A faixa etária dos casais participantes foi organizada junto com o tempo de
média foi de 27,6 anos dentro de um intervalo de 18 para idade mínima e 40 anos para idade
máxima, com um desvio padrão de 6,4 anos. Entre os homens, a idade média foi de 29,5 anos,
amostra foi disposto em meses para melhor realizar as comparações, sendo a duração média
dos relacionamentos encontrados 73 meses (6,08 anos), com mínimo de 12 meses (1 ano) e
duração máxima de 216 meses (18 anos), com desvio padrão de 56,2 meses (4,68 anos).
Tabela 3
Idade
Tempo
de
41 73 52 12 216 56
relacionamento
(meses)
A faixa etária dos casais participantes foi organizada junto com o tempo de
média foi de 27,6 anos dentro de um intervalo de 18 para idade mínima e 40 anos para idade
máxima, com um desvio padrão de 6,4 anos. Entre os homens, a idade média foi de 29,5 anos,
amostra foi disposto em meses para melhor realizar as comparações, sendo a duração média
37
dos relacionamentos encontrados 73 meses (6,08 anos), com mínimo de 12 meses (1 ano) e
duração máxima de 216 meses (18 anos), com desvio padrão de 56,2 meses (4,68 anos)
com curso superior completo (n=17; 41,5%), apresentando 17,1% (n=7) com o ensino médio
completo, 17,1% (n=7) cursando o curso superior e 12,2% (n=5) com curso superior
incompleto, 4,9% (n=2) com especialização, 4,9% mestrado (n=2) e 2,4% doutorado (n=1).
Entre os homens, a escolaridade apresentou maior variação, com 29,3% (n=12) com curso
superior completo, 24,4% (n=10) com ensino médio completo e 19,5% (n=8) com curso
amostra apresentou 19,5% (n=8) de homens com grau de especialista, não havendo nenhum
homem com apenas mestrado e cerca de 2,4% (n=1) da amostra com doutorado.
Tabela 4
Escolaridade
Gênero
Feminino Masculino
Escolaridade N % N %
Mestrado 2 4,9 0 0
De maneira geral, o perfil apresentado pelos casais participantes foi de mulheres com
casais seja similar em sua composição. No quesito escolaridade, os casais apresentaram alta
escolaridade de maneira geral, com a maioria apresentando grau de curso superior. A idade
dos homens e mulheres apresentou uma pequena diferença de idade, com homens cerca de 2
anos mais velhos em relação às mulheres. A distribuição dos casais em relação à idade foi
apontam para uma amostra de casais jovens e com alta escolaridade, com um tempo médio de
relacionamento variável em função da grande diferença apresentado por cada casal em termos
homens e as mulheres que compõe a amostra. Entre as mulheres não houve diferença
significativa entre atitudes, sendo 51,2% das mulheres extrovertidas e 48,7% introvertidas.
Tabela 5
N % N % N %
Homens 16 39 25 61 41 100
Mulheres 21 51 20 49 41 100
resultados para função superior entre os homens extrovertidos foi relativamente homogênea
pensamento com sensação auxiliar e função principal intuição com pensamento auxiliar
39
representaram a maior frequência de resultados entre o grupo com 18,7% cada um entre os
extrovertidos (7,3% do total de homens), seguidos dos resultados para função superiores
sensação com pensamento auxiliar, função superior sentimento com sensação auxiliar e
função principal intuição com sentimento auxiliar, cada resultado representando 12,5% (n=5)
dos homens extrovertidos (4,8% dos homens). A função principal com maior incidência entre
cada uma.
18,7% dos extrovertidos. Em comparação ao grupo das mulheres, não houve o aparecimento
uma concentração de incidência de resultados para função principal mais significativa do que
32% (19,5% do total de homens) dos resultados, seguido de função principal sensação com
pensamento auxiliar com 20,8% (12,2% dos homens) e em terceiro lugar a sensação principal
pensamento com intuição auxiliar ou com sensação auxiliar representou 12% cada uma (7,3%
dos homens). Para os homens, a função principal mais comum foi à sensação, representando
Tabela 6
Função Auxiliar
Função Principal N % N % N % n % n %
com atitude extrovertida e função superior sentimento com sensação auxiliar, seguido de
função superior sentimento com intuição auxiliar com 19,0% (9,7% do total de mulheres) e
tanto a função superior intuição com sentimento auxiliar como a função principal sensação
menores, não havendo resultado positivo para atitude extrovertida com função superior
pensamento com intuição auxiliar e função superior intuição com pensamento auxiliar. Desta
ocorrência (31,7% do total de mulheres e 61,9% das mulheres com atitude extrovertida).
sensação com pensamento auxiliar ou com sentimento auxiliar apresentaram o mesmo número
41
de incidências, representando 20% cada uma dentre as mulheres introvertidas (9,7% do total
como função principal, cada uma representando 40% da amostra, juntas representando 80%
Tabela 7
Função Auxiliar
Função Principal n % n % N % N % n %
função auxiliar pensamento, com 17,0% (n=7) (Tabela 8). A segunda maior ocorrência foi
com a função principal pensamento e função auxiliar sensação, com 14,6% (n=6). No entanto
percebe-se que há prevalência da função principal sensação com 41,4% de ocorrência (n=17).
Entre as funções auxiliares a maior ocorrência foi a função sentimento, com 31,7% (n=13). A
menor frequência para a função principal foi sentimento 17,1% (n=7) e a menor frequência
Tabela 8
Função Auxiliar
Função Principal N % N % N % N % n %
Nas mulheres, a função principal com maior frequência foi sentimento e função
auxiliar com maior frequência foi sensação com 41,4% (n=17). A segunda maior frequência
observada foi à função principal sensação e como função auxiliar o pensamento com 17,0%
(n=7). Contudo conclui-se que houve maior frequência na função principal sentimento 51,2%
Tabela 9
Função Auxiliar
Função Principal N % N % n % N % n %
A composição geral da amostra total de homens e mulheres aponta para uma diferença
na função principal sendo Sentimento (51,2%) para as mulheres e Sensação (41,7%) para os
entre as mulheres foi a extroversão com 51%. Note que há um equilíbrio da distribuição de
extroversão ou introversão.
primeiro momento, e qual o resultado tipológico dos casais participantes para verificar se há
estável pode ser verificada se há uma porcentagem significativa de díades conjugais nos quais
distribuição da frequência encontrada entre as atitudes encontradas nos casais, onde 58,5%
(n=24) apresentaram a mesma atitude, tanto para extroversão quanto para introversão, e
Tabela 10
Frequência Percentual
Igual 24 58,5
Atitude
Oposta 17 41,5
Total 41 100
maneira geral. Na composição dos casais, entretanto, a composição das atitudes demonstra
uma maior similaridade de atitudes, isto é, casais onde ambos são introvertidos ou ambos são
Neste caso, 58,5% (intervalo de 43,5% a 73,6%) dos casais apresentaram a mesma atitude,
isto é, os casais têm maiores probabilidades de apresentarem a mesma atitude entre si do que
Entretanto, não é possível admitir uma resposta estatisticamente aceita, uma vez que
os dados apresentaram uma margem de significância irrelevante com relação a hipótese nula,
tais comparações são apenas descritivas com relação aos dados desta pesquisa.
as funções foi a de funções diferentes entre si, porém sem oposição tipológica, com 61%
45
(n=25), com 22% (n=9) apresentando resultados iguais para função principal e 17,1% (n=7)
Tabela 11
Frequência Percentual
Função Principal
Igual 9 22,0
Diferente 25 61,0
Oposta 7 17,1
Total 41 100
intervalo) e a mesma função auxiliar em 22,5% da amostra (9,6% a 35,4% da amostra). Dos
casais que apresentaram a mesma função principal, 56,1% (40,9% a 71,3% de intervalo) dos
casos foi constituído de participantes que apresentaram a função Intuição ou Sensação; casais
que apresentaram como função principal Pensamento ou Sentimento foram de 51,2% (35,9%
funções complementares, isto é, casais onde a ocorrência das funções principais fosse oposta,
comparação entre a função auxiliar dos parceiros do casal. As frequências para a combinação
de resultados para a função auxiliar se encontram na tabela 12. A maior frequência obtida nos
resultados foi a de 58,5% (n=24) para funções auxiliares diferentes, porém não opostas,
46
apresentou 19,5% (n=8) de resultados onde a função auxiliar no casal foi à mesma.
Tabela 12
Frequência Percentual
Função Auxiliar
Igual 8 19,5
Diferente 24 58,5
Oposta 9 22,0
Total 41 100
principal. Casais onde um dos parceiros apresentou como resultado a função Sentimento e o
outro a função principal sensação foram as mais frequentes, representando 25% da amostra.
Em segundo lugar, a função principal de ambos foi Sensação, com 12,5% e em terceiro, ao
menos um dos parceiros teve como resultado para a função principal Sentimento, com 10%
oposição entre funções principal mais frequente foi Sentimento e Pensamento, com 10% da
Tabela 13
Função Principal
Masculino Total
In % Ss % Ps % St % n %
Função Auxiliar
esperando um valor elevado para a frequência entre funções opostas. O valor esperado em
uma distribuição normal seria de 25% dos casos, porém como nossa hipótese é de que há uma
esperados para as combinações encontradas são de 75%. O grupo 1 consiste nos casais que
apresentaram a mesma função e o grupo 2 consiste em casais com funções principais opostas.
Tabela 14
Função
Igual 34 0,83 0,75 0,161
Similar
Função
Oposta 7 0,17 --- ---
Oposta
Total 41 1 --- ---
entre funções opostas e funções iguais na composição dos casais. Foi realizado também o
teste binomial para verificar se houve correlação entre casais com a mesma função principal.
Conforme a tabela 14, o grupo 1 consistiu em casais com funções principais iguais e o grupo
48
2 em casais com a função principal oposta ou diferente, com o resultado esperado de 75%
para estabelecer se houve ou não influência da função principal ser idêntica na manutenção do
relacionamento. Os resultados esperados são 75% para grupo 1 (auxiliar 50% e opostas 25%)
foram arranjados conforme a tabela 15 a partir dos resultados obtidos. As linhas horizontais
Tabela 15
Função Principal
Conforme pode-se verificar na tabela 15, a frequência de casais com a mesma atitude e
funções diferentes apresentou a maior frequência entre as demais, com 16 casais, seguido dos
associação entre a atitude e a função principal, pois as diferenças encontradas nas células não
agregadas em uma variável, mas mantendo isolada a categoria oposta. Após, foi aplicada a
Tabela 16
Função Auxiliar
Igual/Aux Oposta Total
Freq. % Freq. % Freq. %
Igual/Aux 28 87,5 6 66,7 34 83
Função
Principal Oposta 4 12,5 3 33,3 7 17
Total 32 100 9 100 41 100
Os resultados indicam não haver associação entre a função principal e auxiliar com a
função oposta, pois as diferenças encontradas nas células não são significativas (Fischer =
A teoria clássica Junguiana relata que a atração que mobiliza e movimenta a paixão, os
animus, entretanto Jung (2011j) comenta que no casamento ocorre uma complementação
inconsciente e simbiótica entre os tipos psicológicos dos parceiros. Deste modo, espera-se que
entre os parceiros a função superior e a atitude dominante sejam opostos, por exemplo, um
sujeito tipo sentimento extrovertido tende a ter como parceiro alguém pensamento
introvertido.
nas primeiras décadas do séc. XX, surgiu a questão sobre a dinâmica dos opostos no aspecto
da tipologia dentro dos relacionamentos estáveis no contexto atual. Deste modo os objetivos
tipológica nos relacionamentos estáveis. Foi realizada uma pesquisa de caráter quantitativo
que a simples distribuição aleatória dos tipos, nas relações estáveis. Para tanto foi comparado
tipologias opostas para a composição dos casais, tanto para a função predominante quanto
para a atitude.
Existem várias razões para essa configuração. O número de casais participantes não
personalidade, sendo necessária uma amostra maior para que seja possível a realização de
maiores inferências.
significativo de oposição tipológica entre os casais; o que se apresentou foi uma similaridade
bastante grande entre tipos, isto é, demonstraram estar em contradição à teoria Junguiana.
artigo ressalta itens de pontuação baixa entre as outras esferas do teste, o que possibilitou a
complementariedade psíquica do casal. Outro dado importante para essa discussão refere-se à
ideia de complementariedade mesmo diante da semelhança do casal, “[...] para Jung, o critério
amorosos, como a expressão das mudanças sociais acarretadas a partir do século XIX e
culmina na visão atual onde relacionamentos são pautados a partir da noção de confiança.
do relacionamento. Segundo o autor, “[...] podemos pensar que o estabelecimento daquilo que
52
os casais compreendem por confiança nada mais é do que esta forma de tentar controlar o
mas sim, segurança. Tal busca por segurança evidencia uma mudança qualitativa na maneira
de se buscar um parceiro, que tem como efeito uma configuração diferente nas relações
amorosas de maneira geral. As mudanças históricas apontadas pelo autor sugerem que a
Jung (2011j) traz a questão de anima e animus no casamento como algo vivo e
afetivas. O conteúdo busca seus limites dentro do casamento e busca sua manutenção, com
complexa, possui uma natureza multifacetada, foge da simplicidade e sente-se fora de casa,
(Samuels, 1989)
harmonizar a personalidade, leva o indivíduo a ser atraído por uma série de características
Contudo, assim como na pesquisa aqui apresentada, Samuels relata uma visão distinta
em três estudos diferentes. Um estudo que ele escreve sobre uma amostra com 20 casais
demonstrou a similaridade entre os pares (Carlson & Williams, 1984). Os outros dois estudos
53
descritos por Samuels (1989) retrata os tipos psicológicos dos parceiros afetivos dos analistas
Junguianos e outro, um estudo feito com candidatos de uma grande empresa de informática
que demonstra o perfil do candidato e seu parceiro ideal, ambos estudos confirmam essa
caminho próprio, em que, por exemplo uma saída para a relação do tipo de personalidade
conteúdo e continente estaria no recolhimento das projeções e que a saídas para as desavenças
intrapsíquicos, ou seja, a relação do casamento como um fator interpessoal se realiza por meio
para iniciar a discussão a partir do recorte temporal, isto é, o que se compreende do estado dos
significa direcionar nosso olhar também a conteúdos que tangenciam os tipos e influenciam a
forma com que as pessoas, independentemente de sua tipologia, se relacionam entre si, a
pode se desenvolver ao longo do tempo, mas não se traduz em uma regra geral de
Embora o tempo de relacionamento tenha sido utilizado como parâmetro para aferir o sucesso
avaliar o grau de sucesso no contexto amoroso. O tempo atual também influencia em nossa
se relacionam entre si. Nosso entendimento do significado dos resultados encontrados deve,
portanto, examinar estas tendências gerais, uma vez que “[...] o que se diz da humanidade em
geral também se aplica a cada indivíduo em particular, pois a humanidade é formada por um
relação a teoria clássica Junguiana opostos ou complementares, uma vez que a diferença entre
casais com similaridade dos tipos ou a oposição não apresentara significativa diferença.
Para tanto, o estudo poderá ser ampliado para a averiguação com mais casais com a
aplicação do teste QUATI e também com a inserção de entrevista com cada par do casal para
qualitativos da relação.
capacidade dos parceiros trocarem e compartilharem afetos de maneira positiva, havendo não
apenas a expressão afetiva, mas a compreensão e abertura do parceiro para tal expressão.
Apesar de útil do ponto de vista técnico, o instrumento se mostra limitado em apontar esse
aspecto central como importante, acaba por não conseguir penetrar nos aspectos emocionais
em sua realidade mesma, cuja substância é composta de aspectos individuais que escapam
classificações genéricas.
Outro estudo (Silva et al., 2005), tenta apreender a conjugalidade através de diferenças
entre a maneira com que os participantes se identificavam com diversas narrativas, arranjadas
56
eram aqueles que mais se identificavam com narrativas inseridas no aspecto que gostariam de
viver. A solução dada pelos autores revela a postura até aqui discutida, onde a solução para
aumentar o grau de satisfação pessoal consistia em mudar de parceiro para se chegar próxima
a uma narrativa desejada. Esta postura parece não levar em consideração o papel do parceiro
uma narrativa que não corresponde àquela imediatamente presente, apontando para uma
preferência por aspectos não vividos, cuja responsabilidade jaz nos ombros do parceiro que
não satisfaz ao invés de uma reflexão acerca da maneira através da qual nos relacionamos.
possíveis significados dessas formas atuais de se relacionar, o que elas significam em termos
Giddens (2002), Lasch (1984), Bauman (2004) no que diz respeito a relacionamentos
humanas de maneira geral. Lasch (1984) aponta que as mudanças ocorridas a partir do século
XIX nas sociedades industriais culminaram em relacionamentos amorosos cada vez mais
dificuldade de estabelecimento de intimidade entre as pessoas, uma vez que a tessitura social
a contínua busca por relacionamentos amorosos, formando uma situação ambivalente que
O evitar emoções que não podem ser controladas aparecem também sob a forma da
busca pelo sexo como um fim em si mesmo; a liberação sexual permite que a satisfação
sexual dos indivíduos se dissocie da satisfação emocional antes mediada por uma série de
códigos morais que já não fazem sentido a partir da desmistificação do sexo e da emancipação
dos corpos.
necessariamente uma melhoria na vida sexual, mas uma crescente pasteurização das relações,
58
onde os aspectos negativos tanto dos relacionamentos humanos quanto as fantasias sexuais se
remetem a uma pretensa racionalidade que busca coibir excessos característicos da paixão e
do apaixonar-se.
de que um casal pode se aproximar do seu oposto, por admiração de aspectos faltantes em sua
personalidade, assim como fogo, os pares se aproximam, se apaixonam, mas muitas vezes não
se mantêm pois o fogo queima, precisa de água para apagar o fogo. Assim, há um
apaixonamento, mas uma relação de opostos pode não se manter por ser fogo demais e acabar
queimando seus pares. O resultado da pesquisa pode demonstrar que opostos podem se atrair,
contudo para a manutenção da relação casais com tipologia similares mantêm a relação.
Samuels citando Mattoon (1989, p. 267) também valida essa ideia afirmando: “O sucesso
conjugal parece estar baseado no de ser bastante semelhante, mas não demais”.
antes, é a racionalidade do consumidor (Bauman, 2004). O consumir deseja, enquanto tal, mas
não estabelece relações com aquilo que é consumido. Segundo Bauman (2004) “desejo é
vontade de consumir. Absorver, devorar, ingerir e digerir – aniquiliar” (Bauman, 2004, p.12),
se contrapõe ao amor cuja finalidade é construir, representado por Eros em seu sentido
seres.
desejo é um estratagema para livrar-se da faina de tecer redes. Fiéis à sua natureza, o
59
relacionamentos de acordo com a busca por maior satisfação pessoal (Amorim & Stengel,
2014). A escolha do parceiro não se dá mais a partir de noções universais daquilo que um
relacionamento deve ser, mas a partir de necessidades individuais que muitas vezes são
sustentar o relacionamento que jaz na periferia daquilo que é considerado como socialmente
aceito ou desejável.
Assim quando pensamos nas similaridades e diferenças nos resultados das dimensões
de similaridade dos itens de lazer e viagem, por exemplo, sugere uma customização que
mais pessoal e íntimo. Essas trocas íntimas podem implicar em trocas desagradáveis o que
implica em uma relação de profundidade e alteridade de um lado, e por outro, algo que as
pessoas podem escolher não vivenciar conforme o entendimento de satisfação que o sujeito
consideração que os resultados para aspectos pessoais foram os que apresentaram maior
Essas diferenças não podem ser reduzidas apenas a noção de indivíduos que desejam
relacionamentos fora das imposições sociais. A mudança do papel social da mulher indica
sua independência financeira, segundo Seco e Lucas (2015), contribuiu para a mudança na
contribuiu para que a mulher se tornasse agente tanto no contexto social quanto no pessoal,
diferentes daqueles vividos em outras épocas. Para os autores, o efeito dessa mudança nos
escolha tanto do parceiro quanto do número de parceiros em um dado momento, bem como a
(Coutinho & Menandro, 2010), embora ainda haja o desejo de estabelecer relacionamentos
(2010) apresentam o paradoxo onde a mulher atual põe o casamento como secundário em
relação à carreira, onde a busca por maior escolarização e ampliação dos horizontes
relacionamento muitas vezes diminui, mesmo à sua revelia. Este conflito acarreta em uma
desenvolvimento do relacionamento a dois. A busca por parte das mulheres pela emancipação
61
financeira fica evidente em nossa amostra, onde as mulheres apresentam maior escolaridade
O papel da mulher ao longo dos tempos tem sido cada vez mais discutido e gerando
obliquidades com relação ao desempenho do seu papel familiar e profissional. Se por um lado
tem-se o arquétipo da mulher, da mãe, da beleza, por outro, encontra-se a mulher que está
Não só por segurança financeira, mas pela liberdade do direito de ir e vir. Incentivada
por nossa cultura pós-moderna em que valores como liquidez, consumo, imediatismo são
critérios. Como o quesito tempo tornou-se preço, as mulheres passam a ter um papel
medo nessas relações está em ser tomado pelo sentimento do amor. Demonstraram ainda que
positivamente valorizadas como dinheiro, status, bens e independência financeira por pessoas
que procuravam tais sites de relacionamento. Essa é mais uma constatação do mundo pós-
moderno que tende a configurar relações eclipsadas narcísicas e hedônicas, com baixa
união estável, um modo comum e corriqueiro dos nossos tempos pós-modernos. Com a
com a entrada das relações baseadas na união por conveniência, ou segundo Giddens (1993)
62
chamam de relações puras ou relações líquidas por Baumann (2004). Antes o casamento era
que se unem para morarem juntos sem necessariamente haver matrimônio tanto religioso
quanto civil. Esses modelos veem sendo substituídos, segundo as autoras, por um modelo
prático, econômico, não mais pautado na transmissão de patrimônio, mas e principalmente por
Vê-se que nesse tipo de relação à burocracia para o encerramento ou união são
simplificadas, por ser um acordo de ambos os parceiros e que por livre vontade unem-se para
dividir uma moradia, despesas, sentimentos e afazeres, ou seja, juntam-se por afinidade e
desejo, livres de aprovações de familiares, uma vez que, em muitas vezes, a família de origem
é mantida fora das decisões dos casais, por não haver o ranço patrimonial e também por não
teatral. Por outro lado, a instituição do casamento traz em sua essência um lado de segurança,
Mais uma vez, é perceptível o papel da liberdade feminina como decisório nos
paradigmas atuais desta configuração atual de relação, já que, a mulher também tem decidido
na configuração do tipo de relação, como a negativa de um casamento por uma opção mais
prática como o ato de decidir morar junto. Antes a mulher, pensava em casar para além, do
63
acarreta e um status social. Hoje, ela também decide tanto por uma união desburocratizada e
prática, para ficar ou para sair se entender que a relação não lhe trouxer satisfação pessoal e
afetiva.
Será que os modelos atuais das relações afetivas estariam favorecendo e permeando
adultos infantilizados, que não superam as questões das dificuldades antes vivenciadas por
Consumir afetos é uma forma frágil em pensar em relacionamentos, que envolve Eros,
amor, que tem um poder tão grandioso, entretanto, pode-se observar que sem um pra quê, até
Eros está à mercê de uma rápida paixão, deixando indeléveis ranços de mágoas e de espaços
vazios.
64
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70
9. ANEXOS
71
Nós, Prof. Dr. Carlos Augusto Serbena e Aline Cristina Zocante Mamede,
assunto.
casais, a dinâmica psíquica na busca do parceiro e a relação destes com os tipos psicológicos.
Avaliação Tipológica e a uma entrevista realizada pelo Pesquisador no qual o áudio será
gravado.
c) Para tanto, será necessário comparecer em um dos locais abaixo para preenchimento
do questionário acima citado, bem como para a realização da entrevista, por aproximadamente
2 horas:
localizada na Praça Santos Andrade, nº 50, 1º andar, sala 112; Faculdade Evangélica do
Paraná, localizada à Rua Padre Anchieta, nº 2770, Bigorrilho; Centro Universitário Campos
Andrade, localizada à Rua João Scuissiato, nº 01, Santa Quitéria; dentre outras instituições de
ensino superior.
________________
Orientador
________________Orientado________________
72
g) O pesquisador Prof. Dr. Carlos Augusto Serbena, responsável por este estudo, poderá
ser contatado pelo telefone (41) 3310-2727 ou pelo e-mail nedhu@ufpr.br para esclarecer
encerramento do estudo.
h) A sua participação nesse estudo é voluntária e caso não deseje fazer mais parte da
pesquisa, poderá desistir a qualquer momento e solicitar que lhe devolvam o Termo de
pesquisa. Se qualquer informação for divulgada em relatórios ou publicações, seu nome não
aparecerá, sendo este substituído por um código para que sua identidade seja preservada e
mantenha-se a confidencialidade.
Rubricas:
Orientador ________________
Orientado________________
participar. A explicação que recebi menciona seus riscos e benefícios. Compreendi que sou
livre para interromper minha participação a qualquer momento sem justificar minha decisão.
______________________________________________
______________________________________________
(Assinatura do pesquisador)
9.4. ANEXO 4 – Roteiro para conferência e aceite de projetos de pesquisa com seres