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FENÔMENOS DE
TRANSPORTE
APLICADOS À
METALURGIA
Notas de aula
Ouro Preto
2019
2
ASSUNTOS
Introdução. Equação da continuidade. Balanço de quantidade de movimento.
Viscosidade de fluidos metalúrgicos. Fluxo turbulento. Leitos fixos e fluidizados.
Modos de transferência de calor. Transferência de calor com mudança de fase. Difusão
de massa. Transferência de massa em sistemas fluidos. Modelos reacionais para
sistemas fluido - partícula e fluido – fluido e outros. Classificação e análise da
performance de reatores.
BIBLIOGRAFIA:
1 - Transport Phenomena in Metallurgy; G. H. Geiger et al ; Addison- Wesley; 1980.
2 - Engenharia das Reações Químicas; Vol. e ; O. Levenspiel; Edgar Blucher; 1974.
3 - The Mathematical and Physical Modeling of Primary Metals Processing Operations;
J. Szekely et al; John Wiley & Sons; 1988.
4- Fluidization Engineering; D. Kunii et al.; Krieger; 1987.
5 -An Introduction to Transport Phenomena in Materials Engineering; D. R. Gaskell;
McMillan; 1992
6 - Engineering in Process Metallurgy; R. I. L. Guthrie; Oxford University Press, 1989.
7 - Elements of chemical Reaction Engineering; H. S. Fogler; Prentice Hall; 1992.
8 - Kinetics of Metallurgical Reactions; H. Shanker Ray; Int. Science Publisher, 1993
9 - Transport and Chemical Rate Phenomena; N. J. Themelis; Gordon and Breach,
1995.
10 - Introduction to Mass and Heat Transfer; S. Midleman; John Wiley, 1997.
11 - Principles of Metal Refining; A. Engh; Oxford University Press, 1992
12 - Transport Phenomena in Materials Processing; G. H. Geiger; TMS, 1994.
13- Smithells Metals Reference Book; 7th edition; E.A. Brandes et al(editors);
Buttterworth-Heinemann, 1992.
14- Kinetics in Materials Science and Engineering; D.W.Readey ; CRC Press, 2017
15- Materials Kinetics Fundamentals: Principles, Processes and Applications,
R.O`Hayre; Wiley, 2015
3
1 - INTRODUÇÃO:
Considere a fabricação de um determinado produto, a ser enfocada de acordo com as
ênfases seguintes, Figura 1-1:
Obviamente a divisão citada acima é de caráter arbitrário e pode ser, neste aspecto,
amplamente criticada. Seu principal mérito seria o de apresentar a motivação para o
estudo de Fenômenos de Transporte: “fabricar o produto, com as propriedades
requeridas, a custo competitivo e impacto ambiental mínimo”, o que pode ser alcançada
com a aplicação de suas ferramentas.
Exemplo: Vários esquemas podem ser propostos para a reciclagem de lixo doméstico. Aquele
apresentado na figura a seguir é devido ao United States Bureau of Mines e apresenta como
principal característica incluir operações unitárias e equipamentos típicos de processamento
de minerais: ciclones, peneiras, separador magnético, etc. Claramente os princípios científicos
incluídos no projeto e operação destes equipamentos não mudam, quer se trate de minérios
quer se trate de rejeitos domésticos; entretanto os valores dos parâmetros operacionais podem
diferir. Muito dificilmente a descrição de cargos tradicional de um engenheiro de Minas ou
Metalurgia incluiria a reciclagem de rejeitos domésticos mas, claramente, as bases estão
lançadas.
Por exemplo denotando por 𝜙 a concentração volumétrica de uma dada grandeza, seja
ela massa, calor ou quantidade de movimento, se pode apontar ao menos duas
contribuições comuns ao transporte.
𝑉𝑦 𝑑𝑆 {𝜌 𝐶𝑝 𝑇}
𝑉𝑦 𝑑𝑆 {𝜌𝑉𝑖 }
Lei de Fourier
2
𝜂 2
𝑑 {𝜌 𝑉𝑥 (𝑘𝑔⁄𝑚2 𝑠)}
𝜏𝑦𝑥 (𝑁⁄𝑚 ) = − (𝑚 ⁄𝑠)
𝜌 𝑑𝑦(𝑚)
Lei de Newton
𝑑 𝑑𝜌
{ ∆𝑥. ∆𝑦. ∆𝑧 . } ∆𝑥. ∆𝑦. ∆𝑧.
𝑑𝑡 𝑑𝑡
onde ∆𝑥. ∆𝑦. ∆𝑧 (m3) representa o volume do V.C. e (kg / m3) a massa específica.
Esta grafia pode ser mais conveniente porque, em geral, os engenheiros mantém mais
familiaridade com o conceito de força, em comparação com o conceito de fluxo de
11
Note-se também que, sendo a Q.M. uma grandeza vetorial (𝑉𝑥 , 𝑉𝑦 , 𝑉𝑧 ) o balanço de
conservação também apresentará esta característica.
𝛿 𝑉𝑦 𝛿 𝑉𝑦
𝛿𝐹𝑦 = 𝛿𝑚 . = {𝑉. 𝛿𝐴. 𝛿𝑡 . 𝜌 }.
𝛿𝑡 𝛿𝑡
Desde que o valor de 𝛿𝑡 pode ser escolhido arbitrariamente vem
𝛿𝐹𝑦 = 𝑉. 𝛿𝐴. 𝜌 . 𝛿 𝑉𝑦 = 𝛿𝑄. 𝜌 . 𝛿 𝑉𝑦
𝑠𝑒çã𝑜 2 𝑠𝑒çã𝑜 2
𝐹𝑦 = ∫ 𝛿𝐹𝑦 = ∫ 𝛿𝑄. 𝜌 . 𝛿 𝑉𝑦
𝑠𝑒çã𝑜 1 𝑠𝑒çã𝑜 1
𝑠𝑒çã𝑜 2
𝐹𝑖 = 𝛿𝑄. 𝜌 𝑉𝑖 ]𝑠𝑒çã𝑜 1
A contribuição difusiva pode ser auferida a partir do análogo mecânico que permitiu a
Newton conceituar a propriedade Viscosidade Dinâmica de um fluido, vide Figura 2-3.
Neste caso considera-se o movimento unidirecional de um fluido, sobre uma placa
estática. O perfil esquematizado se desenvolve devido à ”condição de não
deslizamento”, a qual implica em que, no ponto de contato fluido/superfície, as
velocidades dos meios são iguais. Newton propôs visualizar o fluido como um conjunto
de placas imaginárias, superpostas e se movendo, todas, na direção oy, porém com
velocidades diferentes.
Figura 2-3: Fluxo uniderecional de um fluido sobre uma placa imaginária, estática.
13
Então, devido ao movimento relativo entre duas placas contíguas se desenvolve uma
força de atrito, tal que:
𝑑 𝑉𝑦
𝜏𝑧𝑦 = − 𝜂
𝑑𝑧
onde representam : 𝜏𝑧𝑦 , a tensão de cisalhamento, força por unidade de área; 𝑧 (índice),
direção da superfície de atuação do esforço; 𝑦 (índice), direção da força; 𝜂, coeficiente
de viscosidade dinâmica; 𝑉𝑦 , componente de velocidade na direção OY.
𝑑 𝑉𝑦
O termo 𝑑𝑧 representa o gradiente de velocidade, causa da existência da força de atrito
entre as camadas imaginárias de fluido.
Nos casos mais simples estas relações são suficientes para a montagem de um balanço
de conservação de QM e para a determinação de parâmetros de engenharia como, valor
médio de velocidade, equação do perfil de velocidade, força de arraste, etc .
Figura: descrição esquemática para cálculo de força convectiva em tubo, com mudança de
direção.
Admtindo um perfil plano de velocidades, tal como esquematixado na figura, se pode calcular a
velocidade média como
4𝑄
𝑉=
𝜋 𝑑2
Onde Q é a vazão volumétrica e d o diametro da tubulação.
4𝑄
𝐹𝑥 = 𝑄. 𝜌 {𝑉 cos 𝜃 − 𝑉} = 𝑄. 𝜌 𝑉 {cos 𝜃 − 1} = 𝑄. 𝜌 [ ] {cos 𝜃 − 1}
𝜋 𝑑2
4𝜌 1000(𝑘𝑔⁄𝑚3 )
𝐹𝑥 = 𝑄 2 . [ 2 ] {cos 𝜃 − 1} = {5 𝑥 10−5 (𝑚3 ⁄𝑠)}2 𝑥 {cos 30 − 1}
𝜋𝑑 𝜋 {0,04(𝑚)}2
𝐹𝑥 = − 6,66 𝑥 10−5 𝑁
𝜕
𝑉 =0
𝜕𝑦 𝑦
pois o fluido é incompressível (𝜌 não varia) e o fluxo é unidirecional (𝑉𝑥 𝑒 𝑉𝑧 são nulos).
A equação anterior informa que para um valor fixo de z, portanto de distância a uma das
placas, o valor da velocidade 𝑉𝑦 se mantém inalterado, independente do valor de 𝑦. É a
expressão matemática da condição de “fluxo completamente desenvolvido”, indicando
que o perfil de velocidades não se altera na direção do fluxo. Naturalmente implica,
também, 𝑉𝑦 (𝑧) ; isto é equações diferenciais ordinárias devem ser capazes de descrever
o fluxo.
𝑧= 𝛿
𝑤 [𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 ]
𝑄= ∫ (𝛿 2 − 𝑧 2 )𝑑𝑧
2𝜂𝐿
𝑧= − 𝛿
Por outro lado a força cisalhante sobre um plano paralelo ao plano coordenado oxy,
situado na posição 𝑧
𝑑 𝑉𝑦
𝐹]𝑧=𝑧 = 𝜏𝑥𝑦 𝑤𝐿]𝑧=𝑧 = − 𝑤 𝐿 𝜂 ]
𝑑𝑧 𝑧=𝑧
𝐹]𝑧=𝑧 = 𝑤𝑧 [𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 ]
Desde que o regime é permanente então a resultante das forças que age sobre todo o
fluido contido entre as placas deve ser nula. Esta forças são duas: 1- a força devida à
diferença de pressão aplicada entre os extremos , causa do movimento; 2- o atrito do
fluido contra as superfícies da ranhura, resistência que se contrapõe ao movimento.
Como mostrado estas duas força se anulam.
Embora seja possível repetir este procedimento para outras situações e geometrias é
mais comum se partir das equações gerais de conservação de quantidade de movimento
e realizar as simplificações possíveis, com base em argumentos físicos, de modo a se
obter uma descrição matemática do caso particular. Esta abordagem será utilizada a
seguir.
18
Esta tarefa se complica nos casos em que o fluxo é oblíquo em relação aos eixos
coordenados, o que implica na necessidade de se construir balanços para cada direção
coordenada. Resulta também que as variáveis de interesse, por exemplo velocidade,
sejam funções de mais de uma coordenada espacial; logo as equações descritivas
seriam, potencialmente, em derivadas parciais. A descrição matemática da situação
física tratada anteriormente – fluxo em regime permanente e laminar, unidirecional, de
um fluido incompressível e Newtoniano em uma ranhura – seria significativamente
complicada pela escolha de um sistema de coordenadas tri-ortogonal com eixos
orientados aleatoriamente em relação à ranhura. Neste caso se nota, prontamente, que
apesar da unidirecionalidade do fluxo, todas as componentes da velocidade seriam não
nulas e dependentes das três coordenadas espaciais, 𝑉𝑖 (𝑥, 𝑦, 𝑧). Perdem-se também
todas as facilidades matemáticas que poderiam advir da condição de simetria em relação
ao plano médio da ranhura.
Nem sempre é possível escolher um sistema de coordenadas e sua orientação tal que a
descrição matemática de um dado fluxo resulte em equações que apresentem soluções
analíticas; entretanto é sempre possível, através de uma escolha inconveniente,
complicar.
devida à pressão, 𝑃𝑦 , desde que é praxe considerar (subtrair) pressão em separado das
componentes compressivas do tensor de esforços; a componente OY do peso do volume
de controle. Deste modo os termos do Balanço de Conservação de QM são:
o que engloba o efeito do fluxo de matéria que atravessa as duas faces do VC que são
perpendiculares ao eixo coordenado OX. Outras, de significado análogo são
{𝜌 ∆𝑦 ∆𝑥 𝑉𝑧 } 𝑉𝑦 ] − {𝜌 ∆𝑦 ∆𝑥 𝑉𝑧 } 𝑉𝑦 ]𝑧=𝑧+∆𝑧
𝑧=𝑧
{𝜌 ∆𝑥 ∆𝑧 𝑉𝑦 } 𝑉𝑦 ]𝑦=𝑦 − {𝜌 ∆𝑥 ∆𝑧 𝑉𝑦 } 𝑉𝑦 ]𝑦=𝑦+∆𝑦
∆𝑥 ∆𝑧 𝑃𝑦 ]𝑦=𝑦 − ∆𝑥 ∆𝑧 𝑃𝑦 ]𝑦=𝑦+∆𝑦
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌𝑉𝑦 = − 𝑃𝑦 − { 𝜌 𝑉𝑥 𝑉𝑦 + 𝜌 𝑉𝑦 𝑉𝑦 + 𝜌𝑉 𝑉}
𝜕𝑡 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧 𝑦
𝜕 𝜕 𝜕
− { 𝜏𝑥𝑦 + 𝜏𝑦𝑦 + 𝜏 } + 𝜌 𝑔𝑦
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧𝑦
𝜕 𝜕 𝜕
{ 𝜌 𝑉𝑥 𝑉𝑦 + 𝜌 𝑉𝑦 𝑉𝑦 + 𝜌𝑉 𝑉}
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧 𝑦
𝜕 𝜕 𝜕
= {𝜌 𝑉𝑥 𝑉𝑦 + 𝜌 𝑉𝑦 𝑉𝑦 + 𝜌 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑦
𝜕 𝜕 𝜕
+ 𝑉𝑦 { 𝜌 𝑉𝑥 + 𝜌 𝑉𝑦 + 𝜌𝑉 }
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧
𝜕 𝜕 𝜕
𝜌𝑉𝑦 = 𝑉𝑦 𝜌+𝜌 𝑉
𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝑦
𝜕 𝜕
𝑉𝑦 𝜌+𝜌 𝑉
𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝑦
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
= − 𝑃𝑦 − {𝜌 𝑉𝑥 𝑉𝑦 + 𝜌 𝑉𝑦 𝑉𝑦 + 𝜌 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑦
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
− 𝑉𝑦 { 𝜌 𝑉𝑥 + 𝜌 𝑉𝑦 + 𝜌 𝑉𝑧 } − { 𝜏𝑥𝑦 + 𝜏𝑦𝑦 + 𝜏 }
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧𝑦
+ 𝜌 𝑔𝑦
21
Isto é,
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌 𝑉𝑦 = − 𝑃𝑦 − 𝜌 { 𝑉𝑥 𝑉𝑦 + 𝑉𝑦 𝑉𝑦 + 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑡 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑦
𝜕 𝜕 𝜕
− { 𝜏𝑥𝑦 + 𝜏𝑦𝑦 + 𝜏 } + 𝜌 𝑔𝑦
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧𝑦
Este procedimento pode ser repetido, para as outras direções e em outros sistemas de
coordenadas. A Tabela 2-II apresenta um conjunto de equações de conservação de QM,
válidas para o sistema triortogonal: (A), (B) e (C) representam a forma mais geral; (C),
(D) e (E) o caso particular para o qual 𝜂 𝑒 𝜌 são constantes, isto é fluido Newtoniano e
imcompressível; as três últimas são também conhecidas como equações de Navier-
Stokes. As fórmulas de cálculo do tensor de esforços, necessárias quando a forma geral
precisa se empregada, estão expostas na tabela. As equações correspondentes aos
sistemas cilindríco e esférico estão apresentados nas Tabelas 2-III e 2-IV,
respectivamente. Finalmente a equação de continuidade nos três sistemas, na Tabela 2-
V.
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌{ 𝑉𝑦 + 𝑉𝑥 𝑉𝑦 + 𝑉𝑦 𝑉𝑦 + 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑦
𝜕 𝜕2 𝜕2 𝜕2
= − 𝑃𝑦 + 𝜂 { 2 𝑉𝑦 + 𝑉 + 𝑉 } + 𝜌 𝑔𝑦
𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2 𝑦 𝜕𝑧 2 𝑦
𝜕
𝑉 é nulo; regime permanente;
𝜕𝑡 𝑦
𝜕
𝑉𝑥 𝜕𝑥 𝑉𝑦 é nulo; 𝑉𝑥 é nulo, fluxo é unidirecional; 𝑉𝑦 independe de x;
22
𝜕
𝑉𝑦 𝜕𝑦 𝑉𝑦 é nulo; fluxo é completamemnte desenvolvido;
𝜕
𝑉𝑧 𝑉𝑦 é nulo; 𝑉𝑧 é nulo, fluxo unidirecional;
𝜕𝑧
𝜕 𝜕 𝑃𝐿 − 𝑃𝑜
𝑃 , a se aproximar como 𝑃 = ;
𝜕𝑦 𝑦 𝜕𝑦 𝑦 𝐿−0
𝜕2
𝑉𝑦 é nulo; 𝑉𝑦 independe de x;
𝜕𝑥 2
𝜕2
𝑉𝑦 é nulo; fluxo completamente desenvolvido, 𝑉𝑦 não depende de y;
𝜕𝑦 2
𝜕2
𝑉𝑦 contém a informação desejada, ao permitir determinar a variação de velocidade ao
𝜕𝑧 2
longo da altura da ranhura, de uma placa a outra.
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 𝜕2
0= +𝜂 𝑉
𝐿 𝜕𝑧 2 𝑦
Exemplo: Considere o fluxo em regime laminar, permanente, de um fluido Newtoniano e
incompressível, no interior da ranhura, tal como esquematizado na figura seguinte. Observe-se
que a placa inferior é estática enquanto a placa superior se move à velocidade constante 𝑉𝑠 .
Assumindo vetor gravidade perpendicular à ranhura duas possíveis causas se destacam com
causa do movimento: o arraste que a placa superior em movimento exerce sobre o fluido; a
diferença de pressão entre entrada e saída da ranhura. É fácil notar que, para este sistema e
para esta escolha de eixos coordenados, a equação diferencial que descreve o fluxo é a mesma
do exemplo anterior :
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 𝜕2
0= +𝜂 𝑉
𝐿 𝜕𝑧 2 𝑦
Esta equação deve ser integrada com as condiçoes de contorno:
C. C. 1: 𝑧 = 0 ( placa inferior ); 𝑉𝑦 = 0, devido à condição de não deslizamento.
C. C. 2: 𝑧 = 2𝛿 (placa superior ); 𝑉𝑦 = 𝑉𝑆 , devido à condição de não deslizamento.
23
Deste modo o perfil de velocidades traçado na figura é apenas esquemático. Este perfil pode
assumir uma das várias formas mostradas na figuraseguinte, a depender da influência relativa
entre arraste e queda de pressão. Observe-se ainda que a função 𝑉𝑦 (𝑧) não necessariamente
apresenta um máximo matemático na posição 𝑧 = 2𝛿 . De fato em 𝑧 = 2𝛿 a força de
interação entre fluido e superfície vale:
𝑑 𝑉𝑦
𝑤𝐿 𝜏𝑧𝑦 = 𝑤𝐿 [−𝜂 ]
𝑑𝑧 𝑧=2𝛿
Figura : Possíveis perfis de velocidade para o caso do fluxo em ranhura delimitada por placa
móvel e placa estática.
24
B) componente y:
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌{ 𝑉 + 𝑉𝑥 𝑉 + 𝑉𝑦 𝑉 + 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑡 𝑦 𝜕𝑥 𝑦 𝜕𝑦 𝑦 𝜕𝑧 𝑦
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
= − 𝑃𝑦 − { 𝜏𝑥𝑦 + 𝜏𝑦𝑦 + 𝜏 } + 𝜌 𝑔𝑦
𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧𝑦
C) componente z:
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌{ 𝑉𝑧 + 𝑉𝑥 𝑉𝑧 + 𝑉𝑦 𝑉𝑧 + 𝑉𝑧 𝑉𝑧 } = − 𝑃𝑧 − { 𝜏𝑥𝑧 + 𝜏𝑦𝑧 + 𝜏 } + 𝜌 𝑔𝑧
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧𝑧
E)componente y:
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌 { 𝑉𝑦 + 𝑉𝑥 𝑉𝑦 + 𝑉𝑦 𝑉𝑦 + 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑦
𝜕 𝜕2 𝜕2 𝜕2
= − 𝑃𝑦 + 𝜂 { 2 𝑉𝑦 + 𝑉𝑦 + 𝑉 } + 𝜌 𝑔𝑦
𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2 𝑦
F)componente z:
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌 { 𝑉𝑧 + 𝑉𝑥 𝑉𝑧 + 𝑉𝑦 𝑉𝑧 + 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧
𝜕 𝜕2 𝜕2 𝜕2
= − 𝑃𝑧 + 𝜂 { 2 𝑉𝑧 + 𝑉 + 𝑉 } + 𝜌 𝑔𝑧
𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2 𝑧 𝜕𝑧 2 𝑧
𝜕 2 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜏𝑥𝑥 = −2𝜂 𝑉
𝜕𝑥 𝑥
+ 3 𝜂 (𝜕𝑥 𝑉𝑥 + 𝑉
𝜕𝑦 𝑦
+ 𝑉)
𝜕𝑧 𝑧
𝜏𝑦𝑥 = 𝜏𝑥𝑦 = − 𝜂 (𝜕𝑦 𝑉𝑥 + 𝑉)
𝜕𝑥 𝑦
𝜕 2 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜏𝑦𝑦 = −2𝜂 𝑉
𝜕𝑦 𝑦
+ 3 𝜂 (𝜕𝑥 𝑉𝑥 + 𝑉
𝜕𝑦 𝑦
+ 𝑉)
𝜕𝑧 𝑧
𝜏𝑦𝑧 = 𝜏𝑧𝑦 = − 𝜂 (𝜕𝑦 𝑉𝑧 + 𝑉)
𝜕𝑧 𝑦
𝜕 2 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜏𝑧𝑧 = −2𝜂 𝑉
𝜕𝑧 𝑧
+ 3 𝜂 (𝜕𝑥 𝑉𝑥 + 𝑉
𝜕𝑦 𝑦
+ 𝑉)
𝜕𝑧 𝑧
𝜏𝑧𝑥 = 𝜏𝑥𝑧 = − 𝜂 (𝜕𝑧 𝑉𝑥 + 𝑉)
𝜕𝑥 𝑧
𝜕 𝜕 𝑉𝜃 𝜕 𝑉𝜃2 𝜕
𝜌( 𝑉𝑟 + 𝑉𝑟 𝑉𝑟 + 𝑉𝑟 − + 𝑉𝑧 𝑉)
𝜕𝑡 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟 𝜕𝑧 𝑟
1 𝜕 1 𝜕 𝜏𝜃𝜃 𝜕 𝜕
= −( 𝑟 𝜏𝑟𝑟 + 𝜏𝜃𝑟 − + 𝜏𝑧𝑟 ) − 𝑃 + 𝜌 𝑔𝑟
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟 𝜕𝑧 𝜕𝑟
B)componente 𝜃:
𝜕 𝜕 𝑉𝜃 𝜕 𝑉𝜃 𝑉𝑟 𝜕
𝜌 ( 𝑉𝜃 + 𝑉𝑟 𝑉𝜃 + 𝑉𝜃 + + 𝑉𝑧 𝑉)
𝜕𝑡 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟 𝜕𝑧 𝜃
1 𝜕 2 1 𝜕 𝜕 1 𝜕
= −( 𝑟 𝜏𝑟𝜃 + 𝜏 + 𝜏 )− 𝑃 + 𝜌 𝑔𝜃
𝑟 2 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝜃𝜃 𝜕𝑧 𝑧𝜃 𝑟 𝜕𝜃
C)componente z:
𝜕 𝜕 𝑉𝜃 𝜕 𝜕
𝜌 ( 𝑉𝑧 + 𝑉𝑟 𝑉𝑧 + 𝑉𝑧 + 𝑉𝑧 𝑉)
𝜕𝑡 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑧 𝑧
1 𝜕 1 𝜕 𝜕 𝜕
= −( 𝑟 𝜏𝑟𝑧 + 𝜏𝜃𝑧 + 𝜏𝑧𝑧 ) − 𝑃 + 𝜌 𝑔𝑧
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑧 𝜕𝑧
𝜕 𝜕 𝑉𝜃 𝜕 𝑉𝜃2 𝜕
𝜌 ( 𝑉𝑟 + 𝑉𝑟 𝑉𝑟 + 𝑉𝑟 − + 𝑉𝑧 𝑉)
𝜕𝑡 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟 𝜕𝑧 𝑟
𝜕 1 𝜕 1 𝜕2 2 𝜕 𝜕2 𝜕
= 𝜂( ( 𝑟 𝑉𝑟 ) + 2 2
𝑉𝑟 − 2
𝑉𝜃 + 2
𝑉𝑟 ) − 𝑃 + 𝜌 𝑔𝑟
𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑧 𝜕𝑟
E) componente θ:
𝜕 𝜕 𝑉𝜃 𝜕 𝑉𝜃 𝑉𝑟 𝜕
𝜌( 𝑉𝜃 + 𝑉𝑟 𝑉𝜃 + 𝑉𝜃 + + 𝑉𝑧 𝑉)
𝜕𝑡 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟 𝜕𝑧 𝜃
𝜕 1 𝜕 1 𝜕2 2 𝜕 𝜕2 1 𝜕
= 𝜂( ( 𝑟 𝑉𝜃 ) + 2 2
𝑉𝜃 + 2
𝑉𝑟 + 2
𝑉𝜃 ) − 𝑃 + 𝜌 𝑔𝜃
𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑧 𝑟 𝜕𝜃
F)componente z:
𝜕 𝜕 𝑉𝜃 𝜕 𝜕
𝜌( 𝑉 + 𝑉𝑟 𝑉 + 𝑉 + 𝑉𝑧 𝑉)
𝜕𝑡 𝑧 𝜕𝑟 𝑧 𝑟 𝜕𝜃 𝑧 𝜕𝑧 𝑧
1 𝜕 𝜕 1 𝜕2 𝜕2 𝜕
= 𝜂( ( 𝑟 𝑉𝑧 ) + 2 𝑉𝑧 + 𝑉𝑧 ) − 𝑃 + 𝜌 𝑔𝑧
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 2 𝜕𝑧 2 𝜕𝑧
𝜕 2 𝜕 𝜕
𝜏𝑟𝑟 = −𝜂 [2 𝜕𝑟
𝑉𝑟 − 3 (∇ ∙ 𝑉)] 𝜏𝑟𝑧 = 𝜏𝑧𝑟 = −𝜂 [𝜕𝑟 𝑉𝑧 + 𝜕𝑧
𝑉𝑟 ]
26
1 𝜕 𝑉 2 𝜕 1 𝜕
𝜏𝜃𝜃 = −𝜂 [2 (𝑟 𝜕𝜃
𝑉𝜃 + 𝑟𝑟 ) − 3 (∇ ∙ 𝑉)] 𝜏𝑧𝜃 = 𝜏𝜃𝑧 = −𝜂 [𝜕𝑧 𝑉𝜃 + 𝑟 𝜕𝜃
𝑉𝑧 ]
𝜕 2 𝜕 𝑉𝜃 1 𝜕
𝜏𝑧𝑧 = −𝜂 [2 𝑉𝑧 − (∇ ∙ 𝑉)] 𝜏𝑟𝜃 = 𝜏𝜃𝑟 = −𝜂 [𝑟 + 𝑉𝑟 ]
𝜕𝑧 3 𝜕𝑟 𝑟 𝑟 𝜕𝜃
1 𝜕 1 𝜕 𝜕
(∇ ∙ 𝑉) = 𝑟 𝑉𝑟 + 𝑉𝜃 + 𝑉
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑧 𝑧
2
V +V V V r
2
V r +V r V r + V V r - + =
t r r r r sen
1 2 1 1 r + P
- 2 ( r rr ) + ( r sen ) + - - + gr
r r r sen r sen r r
B)componente θ:
V V V V V cot
2
V V V r V
+V r + - + + =
t r r r r sen r
1 2 1 1 r cot 1 P
- 2 ( r r ) + ( sen ) + + - - + g
r r r sen r sen r r r
C)componente φ
V V V V V V V V r V V
+V r + + + + cot =
t r r r sen r r
:
1 1 1 r 2 cot 1 P
- 2 ( r 2 r ) + + + + - + g
r r r r sen r r r sen
D)componente r:
27
V r V r V V r V +V
2 2
V V r
+V r + - + =
t r r r r sen
2 2 V 2 2 V P
- 2 V r - 2 V r - 2 - 2 V cot - 2 - + gr
r r r r sen r
E)componente θ:
V V V V V cot
2
V V V r V
+V r + - + + =
t r r r r sen r
2 V r V 2 cos V 1 P
- 2 V + 2 - 2 2 - 2 - + g
r r sen r sen r
2
F)componente φ:
V V V V V V V V r V V
+V r + + + + cot =
t r r r sen r r
V 2 V r 2 cos V 1 P
- 2 V - 2 + 2 + 2 - + g
r sen r sen r sen r sen
2 2
Sendo
1 2 1 1 2
2 = r + 2 sen + 2 2
r r r r sen r sen2
2
V r 2
rr = - 2 - ( V)
r 3
1 V Vr 2
= - 2 - ( V)
r r 3
1 V V r V cot 2
= - 2 + + - ( V)
r sen r r 3
V 1 V r
r = r = - r +
r r r
28
1 V r V
r = r = - + r
r sen r r
sen V 1 V
= = - +
r sen r sen
Sendo
1 2 1 1 v
( V) = ( r vr ) + ( v sen ) +
r r
2
rsen r sen
Tri-ortogonal
𝜕𝜌 𝜕 𝜕 𝜕
+ 𝜌 𝑉𝑥 + 𝜌 𝑉𝑦 + 𝜌 𝑉𝑧 = 0
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Cilíndrico
𝜕𝜌 1𝜕 1𝜕 𝜕
+ 𝜌 𝑟 𝑉𝑟 + 𝜌 𝑉𝜃 + 𝜌 𝑉𝑧 = 0
𝜕𝑡 𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑧
Esférico
𝜕𝜌 1 𝜕 1 𝜕 1 𝜕
+ 2 ( 𝜌 𝑟 2 𝑉𝑟 ) + (𝜌 𝑉𝜃 𝑠𝑒𝑛𝜃) + 𝜌 𝑉𝜑 = 0
𝜕𝑡 𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕𝜃 𝑟 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕𝜑
coordenadas triortogonal, com plano coordenado OXY coincidente com a interface escória-
atmosfera e direção de fluxo coincidente com a direção do eixo 𝑂𝑌 permite algumas
simplificações:
𝑉𝑧 = 0
𝑉𝑥 = 0
Esta condição associada àquela de fluido com viscosidade e densidade constantes permite
inferir que o fluxo é completamente desenvolvido
𝜕𝜌 𝜕 𝜕 𝜕
− = 𝜌 𝑉𝑥 + 𝜌 𝑉𝑦 + 𝜌 𝑉𝑧
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕
𝑉 =0
𝜕𝑦 𝑦
Daí a componente 𝑂𝑌 de velocidade se torna função apenas de z. Por outro lado análise termo
a termo da equação de conservação de quantidade de movimento, componente 𝑂𝑌,
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌{ 𝑉𝑦 + 𝑉𝑥 𝑉𝑦 + 𝑉𝑦 𝑉𝑦 + 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑦
𝜕 𝜕2 𝜕2 𝜕2
= − 𝑃𝑦 + 𝜂 { 2 𝑉𝑦 + 𝑉 + 𝑉 } + 𝜌 𝑔𝑦
𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2 𝑦 𝜕𝑧 2 𝑦
𝑧 = 𝛿 ; 𝑉𝑦 = 0
Portanto
𝑑2 𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑
2
𝑉𝑦 = −
𝑑𝑧 𝜂
𝑑 𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑
𝑉𝑦 = − 𝑧 + 𝐶1
𝑑𝑧 𝜂
𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑
𝑉𝑦 = (𝛿 2 − 𝑧 2 )
2𝜂
𝐹 = 𝑤𝐿 𝑧 𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑
Particularmente na interface com a rampa , 𝑧 = 𝛿, o esforço de cisalhamento vale
𝐹 = (𝑤𝐿 𝛿) 𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑
É facil notar que este esforço é exatamente a componente do peso da camada de escória na
direção de movimento, 𝑂𝑌 . Isto é, força motriz de movimentoe força de reação imposta pelo
atrito contra a rampa se anulam, como condição de regime permanente.
𝑧= 𝛿
𝑤 𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑
𝑄= ∫ (𝛿 2 − 𝑧 2 )𝑑𝑧
2𝜂
𝑧= 0
A energia de ativação pode ser obtida pela comparação de valores de viscosidade em duas
temperaturas diferentes,
𝜂2 𝛥𝐸 1 1
[ − ]
= 𝑒 𝑅 𝑇2 𝑇1
𝜂1
3,6 𝛥𝐸
[
1
−
1
]
= 𝑒 8,314 1773 1873
2,1
𝛥𝐸 = 148814 𝐽⁄𝑚𝑜𝑙
A equação pertinente é
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌 𝜕𝑡 𝑉𝑦 = − 𝜕𝑦 𝑃𝑦 − 𝜌 { 𝑉𝑥 𝜕𝑥 𝑉𝑦 + 𝑉𝑦 𝜕𝑦 𝑉𝑦 + 𝑉𝑧 𝜕𝑧
𝑉𝑦 } − {𝜕𝑥 𝜏𝑥𝑦 + 𝜏
𝜕𝑦 𝑦𝑦
+ 𝜏 }+
𝜕𝑧 𝑧𝑦
𝜌 𝑔𝑦
𝜕
0= − 𝜏 + 𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑
𝜕𝑧 𝑧𝑦
Integrada com a condição de contorno que estabelece atrito desprezível na interface escória –
atmosfera, isto é 𝜏𝑧𝑦 = 0 em 𝑧 = 0 , vem
𝜏𝑧𝑦 = (𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑) 𝑧
Implica, como
𝑑𝑉𝑦
𝜏𝑧𝑦 = − 𝜂
𝑑𝑧
em
𝑑𝑉𝑦 𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑
= −( )𝑧
𝑑𝑧 𝜂
O que requer, neste caso, uma solução numérica, considerando a condição de contorno que
estabelece que na interface com a rampa a velocidade é nula, 𝑉𝑦 = 0, em 𝑧 = 𝛿.
Calcule o consumo teórico de pó fluxante, considerando que o perfil de velocidades no gap seja
determinado pela ação da gravidade, pelo arraste proporcionado pela pele. Considere: 𝑉 =
1,5 𝑚⁄𝑚𝑖𝑛; 𝜌𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 = 3000 𝑘𝑔⁄𝑚3 ; 𝜂𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 = 0,3 Pa.s; 𝛿 = 0,2 mm.
De acordo com este esquema e com esta escolha de disposição de eixos coordenados se pode
escrever que
𝑉𝑥 = 0
𝑉𝑦 = 0
Adicionalmente se for considerado regime permanente, fluxo unidirecional e fluido
incompressível(isto é fluxo completamente desenvolvido) se conclui que a velocidade no gap
depende apenas da distância coordenada Y.
𝑉𝑧 = 𝑓(𝑦)
É fácil mostrar que, sob estas condições, a equação diferencial referente à conservação de
quantidade de movimento na direção 𝑂𝑍
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌{ 𝑉𝑧 + 𝑉𝑥 𝑉𝑧 + 𝑉𝑦 𝑉𝑧 + 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧
𝜕 𝜕2 𝜕2 𝜕2
= − 𝑃𝑧 + 𝜂 { 2 𝑉𝑧 + 𝑉𝑧 + 𝑉 } + 𝜌 𝑔𝑧
𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2 𝑧
se resume a
𝜕2
0= 𝜂 𝑉 + 𝜌𝑔
𝜕𝑦 2 𝑧
A vazão de escória no gap pode ser encontrada considerando-se uma seção de fluxo
infinitesimal, de largura L(L pode ser a largura da placa, L pode ser a espessura da placa), por
exemplo
𝛿
𝑄 = ∫(𝐿 𝑑𝑦) 𝑉𝑧
0
𝛿
3⁄ 3
𝑀 (𝑘𝑔⁄𝑠) = 𝑄(𝑚 𝑠)𝜌(𝑘𝑔⁄𝑚 ) = 𝜌 ∫(𝐿 𝑑𝑦) 𝑉𝑧
0
𝛿
𝜌𝑔 2 𝑉𝑐 𝜌𝑔
𝑀 (𝑘𝑔⁄𝑠) = 𝜌 ∫(𝐿 𝑑𝑦) {− 𝑦 +[ + 𝛿] 𝑦}
2𝜂 𝛿 2𝜂
0
34
𝛿
𝜌𝑔 2 𝑉𝑐 𝜌𝑔
𝑀 = 𝜌 𝐿 ∫ {− 𝑦 +[ + 𝛿] 𝑦} 𝑑𝑦
2𝜂 𝛿 2𝜂
0
𝜌𝑔 3 𝑉𝑐 𝜌𝑔 𝛿2
𝑀 = 𝜌 𝐿 {− 𝛿 +[ + 𝛿] }
6𝜂 𝛿 2𝜂 2
𝜌𝑔 3 𝛿𝑉𝑐
𝑀 = 𝜌𝐿 { 𝛿 + }
12 𝜂 2
A este consumo de escória corresponde uma área superficial gerada igual a 𝐿 𝑉𝑐 , e portanto o
consumo específico por unidade de área superficial de metal poder ser calculado como
𝑀 (𝑘𝑔⁄𝑠) 𝜌𝑔 𝛿
𝑄𝑠 = 2
= 𝜌 { 𝛿 3 + } 𝑘𝑔⁄𝑚2
𝐿 𝑉𝑐 (𝑚 ⁄𝑠) 12 𝜂 𝑉𝑐 2
Para os dados citados, 𝑉𝑐 = 0,025 𝑚⁄𝑠; 𝜌𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 = 3000 𝑘𝑔⁄𝑚3 ; 𝜂𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 = 0,3 Pa.s; 𝛿 =
2 𝑥 10 −4 𝑚, se tem que
3000 𝑥 9,81 2 𝑥 10−4
𝑄𝑠 = 3000 { ( 2 𝑥 10−4 )3 + }
12 𝑥 0,3 𝑥 0,025 2
𝑄𝑠 = 3000 { 2,616 𝑥 10−6 + 10−4 } = 0,308 𝑘𝑔⁄𝑚2
Para uma placa de dimensões w= 2,0m ; t =0,2m,ver figura seguinte, se calcula razão entre
área superficial e volume de lingotado como 𝑅 = 2(𝑤 + 𝑡)⁄𝑤𝑡 =11, se deve encontrar 𝑄𝑠 =
0,33𝑘𝑔⁄𝑚2 .
Exercício: Admite-se que, no interior do gap entre placa e molde de lingotamento contínuo o
perfil de velocidades seja linear. Estime o consumo específico de pó fluxante.
𝑉𝑐
𝑀 (𝑘𝑔⁄𝑠) = 𝜌 (𝐿𝛿)
2
Exemplo: Beam blank (ou dog bone) é uma das pré-formas utilizadas em lingotamento
contínuo de aços. As vantagens de se lingotar numa forma próxima da final, near net shape
(beam blank é uma pré-forma próxima da aparência e dimensões de trilhos ou vigas
estruturais) incluem menor custo de capital (menores necessidades de laminadores ou de
estação de soldagem, de fornos de reaquecimento) e de energia, mão de obra reduzida, menor
comprometimento ambiental.
Assuma que o perfil de velocidade no gap seja linear, esquematize o mesmo deixando claras as
condições de contorno que aplicam sobre a superfície do beam blank e do molde. Determine a
velocidade média da escória que flui no gap, quando a velocidade de lingotamento é igual a
𝑉𝐶 (correspondente a 0,8 m/min). Encontre a vazão em massa de escória pelo gap, assumindo
que o perímetro do beam blank é dado por p e que a densidade da escória é dada por 𝜌 (cerca
de 3000 kg/m3). Estime o consumo de pó fluxante, por área superficial de material lingotado.
Exemplo: Escória e aço fluem, em camadas superpostas, em uma rampa inclinada, tal como
indicado na figura. Os fluidos podem ser considerados Newtonianos e incompressíveis; o fluxo,
laminar e em regime permanente. Encontre as equações diferenciais que descrevem os fluxos.
Estabeleça as condições de contorno. Encontre a equação do perfil de velocidades na camada
de escória e de aço. Considere 𝜑 = 5𝑜 , 𝜀 = 0,10 𝑚 ; 𝛿 = 0,03𝑚
Tal como esquematizado se escolhe um sistema triortogonal de referência, tal que o plano 𝑂𝑋𝑌
coincide com a interface entre os líquidos escória e aço; a direção 𝑂𝑌 coincide com a direção
do fluxo. Desta forma se tem, para qualquer dos fluidos
𝑉𝑥 = 0
37
𝑉𝑧 = 0
Além do mais os domínios de fluxo são definidos tais que, para a aço
−𝜀 ≤𝑧 ≤0
enquanto que, para a escória
0 ≤𝑧≤ 𝛿
A equação diferencial que descreve o fluxo, em cada camada, pode ser encontrada a partir da
simplificação da componente 𝑂𝑌 da equação de conservação de quantidade de movimento
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌 { 𝑉𝑦 + 𝑉𝑥 𝑉𝑦 + 𝑉𝑦 𝑉𝑦 + 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑦
𝜕 𝜕2 𝜕2 𝜕2
= − 𝑃𝑦 + 𝜂 { 2 𝑉𝑦 + 𝑉 + 𝑉 } + 𝜌 𝑔𝑦
𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2 𝑦 𝜕𝑧 2 𝑦
𝑑 𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑
𝑉𝑦 = − 𝑧 + 𝐶1
𝑑𝑧 𝜂
𝜌 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑 2
𝑉𝑦 = − 𝑧 + 𝑧 𝐶1 + 𝐶2
2𝜂
Esta expressão tem que ser considerada para cada camada e para as respectivas condições de
contorno. De forma que, para a camada de aço,
−𝜀 ≤𝑧 ≤0
A condição de não deslizamento permite identificar uma condição de contorno válida para a
𝑎ç𝑜
camada de aço: para 𝑧 = −𝜀 ; 𝑉𝑦 = 0.
Pode ser assumido que o atrito entre a camada de escória e a atmosfera é desprezível; nesta
interface a velocidade é máxima. Portanto, para 𝑧 = 𝛿
𝐶1𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 = 641,25
Duas outras condições de contorno se aplicam na interface entre a camada de aço e de escória,
para 𝑧 = 0. A velocidade de aço e escória precisam ser iguais(não deslizamento)
𝜌𝑎ç𝑜 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑 2 𝑎ç𝑜 𝑎ç𝑜
𝑉]𝑧=0 = − 𝑧 + 𝑧 𝐶1 + 𝐶2
2𝜂𝑎ç𝑜
𝜌𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 𝑔 𝑠𝑒𝑛 𝜑 2
= − 𝑧 + 𝑧 𝐶1𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 + 𝐶2𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎
2𝜂𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎
O que implica em
𝑎ç𝑜
𝐶2 = 𝐶2𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎
Finalmente a tensão de cisalhamento na interface precisa ter valor único, seja medida do lado
da escória seja medida do lado do aço, para 𝑧 = 0
𝑎ç𝑜
𝜂𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 𝐶1𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 = 𝜂𝑎ç𝑜 𝐶1
𝑎ç𝑜
17,14 𝐶1𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 = 𝐶1
Exemplo: Três placas paralelas são separadas por dois fluidos, como mostrado na figura. Qual
deve ser o valor de Y2, para que placa central permaneça estacionária? Esquematize o perfil de
velocidades e especifique com clareza as condições de contorno.
Figura: Dois fluidos se movimentam em direção oposta, separados por uma divisória.
Admite-se que as placas sejam horizontais e que a força motriz para o movimento dos fluidos
seja o arraste propiciado pelas placas em movimento. O sistema de coordenadas foi escolhido
de forma a coincidir a placa central com o plano 𝑂𝑋𝑍 . Considera-se também fluxo laminar,
39
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌{ 𝑉𝑥 + 𝑉𝑥 𝑉𝑥 + 𝑉𝑦 𝑉𝑥 + 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑥
𝜕 𝜕2 𝜕2 𝜕2
= − 𝑃𝑥 + 𝜂 { 2 𝑉𝑥 + 𝑉 + 𝑉 } + 𝜌 𝑔𝑥
𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2 𝑥 𝜕𝑧 2 𝑥
fica
𝜕2
0 = 𝜂 𝑉
𝜕𝑦 2 𝑥
O que implica em
𝑑
𝑉 = 𝐶1
𝑑𝑦 𝑥
𝑉𝑥 = 𝑦 𝐶1 + 𝐶2
Esta equação deve ser aplicada a ambas as camadas de líquido, ressaltando que, como
condição de contorno imposta se deve ter, em 𝑦 = 0 , 𝑉𝑥 = 0, isto é 𝐶2 = 0.
Portanto
𝑉𝑥 = 𝑦 𝐶1
Exemplo: Dois fluidos imiscíveis, a e b, estão fluindo no interior de uma ranhura, tal como
esquematizado na figura. Encontre a equação do perfil de velocidade em cada camada de
fluido.
A figura mostra um possível perfil de velocidade; o qual não é simétrico em relação ao plano
central, em função das diferentes características dos fluidos. Mostra também o sistema
referencial adotado, triortogonal com plano central coincidente com plano coordenado 𝑂𝑌𝑋.
Admite-se que o fluxo seja laminar, em regime permanente, unidirecional. Como a densidade é
constante e 𝑉𝑧 = 0 , 𝑉𝑥 = 0 a equação de Continuidade fornece a restrição matemática que
confirma que o fluxo é completamente desenvolvido. Daí a equação de conservação de
quantidade de movimento, componente 𝑂𝑌
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌{ 𝑉𝑦 + 𝑉𝑥 𝑉𝑦 + 𝑉𝑦 𝑉𝑦 + 𝑉𝑧 𝑉}
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑦
𝜕 𝜕2 𝜕2 𝜕2
= − 𝑃𝑦 + 𝜂 { 2 𝑉𝑦 + 𝑉 + 𝑉 } + 𝜌 𝑔𝑦
𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2 𝑦 𝜕𝑧 2 𝑦
Se resume a
𝜕 𝜕2
0= − 𝑃𝑦 + 𝜂 2 𝑉𝑦
𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 𝜕2
0= + 𝜂 2 𝑉𝑦
𝐿 𝜕𝑧
Esta equação pode ser integrada
𝑑2 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
2
𝑉𝑦 = −
𝑑𝑧 𝜂𝐿
41
𝑑 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑉 =− 𝑧 + 𝐶1
𝑑𝑧 𝑦 𝜂𝐿
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 2
𝑉𝑦 = − 𝑧 + 𝑧 𝐶1 + 𝐶2
2𝜂𝐿
Esta equação se aplica a ambos os fluidos, mas com valores específicos de propriedades e de
constantes de integração.
0 ≤ 𝑧 ≤ 𝑑 ⁄2
𝑑 𝑎 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑉𝑦 = − 𝑧 + 𝐶1𝑎
𝑑𝑧 𝜂𝑎 𝐿
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 2
𝑉𝑦𝑎 = − 𝑧 + 𝑧 𝐶1𝑎 + 𝐶2𝑎
2𝜂 𝑎 𝐿
A condição de não deslizamento permite identificar uma condição de contorno válida para a
camada de fluido superior: para 𝑧 = 𝑑/2 ; 𝑉𝑦𝑎 = 0.
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 2 𝑑 𝑎
0= − 𝑑 + 𝐶1 + 𝐶2𝑎
8𝜂 𝑎 𝐿 2
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 2
𝑉𝑦𝑏 = − 𝑧 + 𝑧 𝐶1𝑏 + 𝐶2𝑏
2𝜂 𝑏 𝐿
Finalmente na interface entre os fluidos a velocidade apresenta valor único, não importa se
estimada no fluido superior ou se no fluido inferior; o mesmo para a tensão de cisalhamento.
Assim
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 2 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 2
𝑉𝑦 = − 𝑎
𝑧 + 𝑧 𝐶1𝑎 + 𝐶2𝑎 = − 𝑧 + 𝑧 𝐶1𝑏 + 𝐶2𝑏
2𝜂 𝐿 2𝜂 𝑏 𝐿
𝐶2𝑎 = 𝐶2𝑏
𝑑 𝑎 𝑑 𝑏
𝜏𝑧𝑦 = − 𝜂 𝑎 𝑉𝑦 = − 𝜂 𝑏 𝑉
𝑑𝑧 𝑑𝑧 𝑦
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝜏𝑧𝑦 = − 𝜂 𝑎 (− 𝑎
𝑧 + 𝐶1𝑎 ) = − 𝜂 𝑏 (− 𝑧 + 𝐶1𝑏 )
𝜂 𝐿 𝜂𝑏 𝐿
𝜂 𝑎 𝐶1𝑎 = 𝜂 𝑏 𝐶1𝑏
𝑉𝑟 = 0 ; fluxo unidirecional.
𝑉𝜃 = 0 ; fluxo unidirecional.
𝑉𝑧 = 𝑉𝑧 (𝑟, 𝑧); pois devido à condição de simetria 𝑉𝑧 independe de .
1𝜕
𝜌 𝑟 𝑉𝑟 = 0, desde que 𝑉𝑟 é nulo.
𝑟 𝜕𝑟
1 𝜕
𝜌 𝑉𝜃 = 0, pois 𝑉𝜃 é nulo.
𝑟 𝜕𝜃
o que implica em
𝜕
𝜌 𝑉𝑧 ] =0
𝜕𝑧 𝑡 ,𝜃 ,𝑟
1 𝜕 𝜕 1 𝜕2 𝜕2 𝜕
= 𝜂( ( 𝑟 𝑉𝑧 ) + 2 2
𝑉𝑧 + 2
𝑉𝑧 ) − 𝑃 + 𝜌 𝑔𝑧
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑧 𝜕𝑧
𝜕
𝑉𝑟 𝑉𝑧 = 0; 𝑉𝑟 é nulo, fluxo unidirecional.
𝜕𝑟
𝑉𝜃 𝜕
𝑉 = 0; 𝑉𝜃 é nulo, fluxo unidirecional e vz independe de , condição de simetria.
𝑟 𝜕𝜃 𝑧
𝜕
𝑉𝑧 𝑉𝑧 = 0 ; fluxo completamente desenvolvido.
𝜕𝑧
𝜕 ∆𝑃 𝑃𝐿 − 𝑃𝑜 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑃 pode ser aproximado por ∆𝑧 = =−
𝜕𝑧 𝐿 𝐿
.
1 𝜕 𝜕
( 𝑟 𝜕𝑟 𝑉𝑧 ) contém a informação relevante, como a velocidade varia ao longo do
𝑟 𝜕𝑟
raio.
1 𝜕2
𝑉𝑧 = 0; condição de simetria.
𝑟 2 𝜕𝜃2
𝜕2
𝑉𝑧 = 0 ; fluxo completamente desenvolvido.
𝜕𝑧 2
44
𝜌 𝑔𝑧 = 𝜌 𝑔 cos 𝜑.
1 𝑑 𝑑 1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
( 𝑟 𝑉𝑧 ) = − { + 𝜌 𝑔 cos 𝜑}
𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝑟 𝜂 𝐿
De modo que se encontra, após separação de variáveis, intergração e aplicação das CC’s
1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑉𝑧 = { + 𝜌 𝑔 cos 𝜑} (𝑅 2 − 𝑟 2 )
4𝜂 𝐿
Logo
𝑟=𝑅 𝑟=𝑅
∫ 𝑑𝑄 = ∫ 𝑉𝑧 2 𝜋𝑟 𝑑𝑟
𝑟=0 𝑟=0
pode ser avaliada como
𝜋 𝑅 4 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑄= { + 𝜌 𝑔 cos 𝜑}
8𝜂 𝐿
a qual representa a equação de Hagen-Poiseuille.
Por outro lado, a força de cisalhamento em uma posição genérica 𝑟 = 𝑟 pode ser
estimada como:
𝜕 𝜕 𝜕
𝜏𝑟𝑧 = −𝜂 [ 𝑉𝑧 + 𝑉𝑟 ] = −𝜂 𝑉
𝜕𝑟 𝜕𝑧 𝜕𝑟 𝑧
45
𝜕 𝜕 𝜕
𝜏𝑟𝑧 = −𝜂 [ 𝑉𝑧 + 𝑉𝑟 ] = −𝜂 𝑉
𝜕𝑟 𝜕𝑧 𝜕𝑟 𝑧
−2𝑟 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝜏𝑟𝑧 = −𝜂 { ( + 𝜌 𝑔 cos 𝜑)}
4𝜂 𝐿
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝜏𝑟𝑧 = 𝑟 ( + 𝜌 𝑔 cos 𝜑)
𝐿
A força correspondente a esta tensão, que age sobre uma casca cilindrica imaginária, de
raio 𝑟, é dada como
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝐹𝑟 = 𝑟 ( + 𝜌 𝑔 cos 𝜑) 2𝜋𝑟𝐿
𝐿
𝐹𝑟 = 𝜋 𝑟 2 (𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 ) + (𝜋 𝑟 2 𝐿) 𝜌 𝑔 cos 𝜑
O que representa a força que o tubo exerce sobre o fluido. Para que o fluxo se mantenha
em regime permanente se faz necessário que as paredes do tubo se oponham ao
movimento e que a força por elas exercida sobre o fluido seja igual à somatória de
forças motrizes, como demonstrado.
Exemplo: Numa máquina de lingotamento contínuo são produzidas barras de seção reta
circular, de diâmetro igual a 300 mm. Utiliza-se pó fluxante para reduzir o atrito entre a pele,
extraída a 0,8 m/min, e o molde de cobre e para controlar a taxa de extração de calor. A
espessura do gap (pele / molde) é de cerca de 0,1 mm. Faça um balanço de conservação de
quantidade de movimento, estabeleça as condições de contorno e estime o consumo específico
de pó fluxante (em kg/m2) nesta operação.
Um corte de seção reta longitudinal do veio, apassando pelo eixo de simetria do lingote é
mostrado na figura, juntamente com um esquemático do perfil de velocidades no gap e o sitema
de cordenados escolhido (cilindrico, com exixo 𝑂𝑍 coindicente com o exo longitudinal.
Admite-se regime permanente e laminar, fluxo unidirecional na direção 𝑂𝑍, simetria de fluxo
em relação a este eixo, e que as possíveis forças motrrizes para o fluxo seja ghravidade e o
arrate provido pela pele que se move com velocidade 𝑉𝑐 . A equação de conservação de
quantidade de movimento, componente 𝑂𝑍
𝜕 𝜕 𝑉𝜃 𝜕 𝜕
𝜌 ( 𝑉𝑧 + 𝑉𝑟 𝑉𝑧 + 𝑉𝑧 + 𝑉𝑧 𝑉)
𝜕𝑡 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑧 𝑧
1 𝜕 𝜕 1 𝜕2 𝜕2 𝜕
= 𝜂( ( 𝑟 𝑉𝑧 ) + 2 2
𝑉𝑧 + 2
𝑉𝑧 ) − 𝑃 + 𝜌 𝑔𝑧
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑧 𝜕𝑧
Daí, de
1 𝑑 𝑑 𝜌𝑔
( 𝑟 𝑉𝑧 ) = −
𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝑟 𝜂
𝑑 𝜌𝑔 2
𝑟 𝑉𝑧 = − 𝑟 + 𝐶1
𝑑𝑟 2𝜂
𝑑 𝜌𝑔 𝐶1
𝑉𝑧 = − 𝑟+
𝑑𝑟 2𝜂 𝑟
𝜌𝑔 2
𝑉𝑧 = − 𝑟 + 𝐶1 𝑙𝑛 𝑟 + 𝐶2
4𝜂
∫ 𝑑𝑄 = ∫ 𝑉𝑧 2 𝜋𝑟 𝑑𝑟
𝑟=𝑅 𝑟=𝑅
E a vazão mássica como
𝑟=𝑅+𝛿
𝜌𝑔 2
𝑀 = 𝜌𝑄 = 𝜌 ∫ (− 𝑟 + 𝐶1 𝑙𝑛 𝑟 + 𝐶2 ) 2 𝜋𝑟 𝑑𝑟
4𝜂
𝑟=𝑅
𝑟=𝑅+𝛿
𝜌𝑔 2
𝑀 = 2𝜋 𝜌 ∫ (− 𝑟 + 𝐶1 𝑙𝑛 𝑟 + 𝐶2 ) 𝑟 𝑑𝑟 (𝑘𝑔⁄𝑠)
4𝜂
𝑟=𝑅
No mesmo intervalo de tempo a área superficial lingotada corresponde a 2𝜋𝑅 𝑉𝑐 (𝑚2 ⁄𝑠) e logo
o consumo específico, por unidade de área de lingotado vale
𝑟=𝑅+𝛿
𝜌 𝜌𝑔 2
𝑄𝑠 = ∫ (− 𝑟 + 𝐶1 𝑙𝑛 𝑟 + 𝐶2 ) 𝑟 𝑑𝑟 (𝑘𝑔⁄𝑚2 )
𝑅 𝑉𝑐 4𝜂
𝑟=𝑅
As integrações acima não são particularmente difíceis, mas são tediosas. Como aproximação se
pode considerar que a razão de aspecto do sistema, 𝛿 ≪ 𝑅, permite assumir que o gap é um
espaçocompreendido entre placas planas e paralelas. Como consequência são factíveis as
aproximações,
47
𝜌 𝑔 3 𝛿𝑉𝑐
𝑀 = 𝜌 2𝜋𝑅 { 𝛿 + } (𝑘𝑔⁄𝑠)
12 𝜂 2
𝜌𝑔 𝛿
𝑄𝑠 = 𝜌 { 𝛿 3 + } (𝑘𝑔⁄𝑚2 )
12 𝜂 𝑉𝑐 2
𝛿
𝑄𝑠 = 𝜌 (𝑘𝑔⁄𝑚2 )
2
Exemplo: Gases são injetados em mate(solução Cu-S líquida), através de uma lança de corpo
duplo tal como a mostrada na figura. O gás 𝐶𝐻4 injetado no espaço anular entre os dois tubos
tem a função de refrigerante, o que aumenta a vida útil da lança e do refratário. À guisa de
simplificação considera-se regime permanente, viscosidade constante e massa específica do gás
praticamente invariante.
Escolhendo sistema de coordenadas cilíndricas, tal que o eixo oz coincida com o eixo de
simetria, e assumindo fluxo unidirecional e simétrico em relação ao eixo oz resulta:
1 𝜕 𝜕 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
0= 𝜂 ( 𝑟 𝑉𝑧 ) + + 𝜌 𝑔𝑧
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝐿
Note-se que, em geral, a componente gravitacional da força motriz pode ser desprezada em
comparação com a diferença de pressão, no caso de fluxo de gases. Após esta simplificação a
equação pode ser integrada com as condições de contorno:
Observe que não existe um máximo de velocidade em 𝑟 = (𝑅1 + 𝑅2 )⁄2; a superfície de atrito
sobre o tubo interior,2 𝑅1 𝐿, é inferior à superfície de atrito sobre o tubo exterior, 2 𝑅2 𝐿 .
Existe, naturalmente, um ponto de extremo, porém com posição a determinar.
48
Exemplo: Calcule a velocidade máxima de um fluido (isto é determine o ponto de extremo) que
flui para cima em um espaço anular entre dois tubos, de raios iguais a 0,01 m e 0,02 m,
comprimento igual a 2 m. Considere vazão de 3 x 10-6 m3 /s ; massa especifica 997 kg/ m3 e
viscosidade 8,57 x 10 -4Pa.s.
Adotando um referencial cilíndrico, com eixo 𝑂𝑍 orientado na direção vertical e com sentido
ascendente, e ainda tal que este eixo coincida com o eixo longitudinal, de simetria, dos dois
tubos, se tem(após simplificação da equação de Navier Stokes)
1 𝑑 𝑑 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
0= 𝜂 ( 𝑟 𝑉𝑧 ) + − 𝜌
𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝑟 𝐿
As condições de contorno são
C.C.1 𝑟 = 𝑅1 𝑉𝑧 = 0 ; condição de não deslizamento cilindro interno
C.C.2 𝑟 = 𝑅2 𝑉𝑧 = 0 ; condição de não deslizamento cilindro externo.
Portanto
1 𝑑 𝑑 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
0= 𝜂 ( 𝑟 𝑉𝑧 ) + − 𝜌
𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝑟 𝐿
𝑑 𝑑 1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
( 𝑟 𝑉𝑧 ) = − { − 𝜌} 𝑟
𝑑𝑟 𝑑𝑟 𝜂 𝐿
𝑑 1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑟 𝑉𝑧 = − { − 𝜌} 𝑟 2 + 𝐶1
𝑑𝑟 2𝜂 𝐿
𝑑 1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 𝐶1
𝑉𝑧 = − { − 𝜌} 𝑟 +
𝑑𝑟 2𝜂 𝐿 𝑟
Encontrar o valor de raio onde o máximo pode ser observado requer conhecer os valores de
constante de integração e da queda de pressão capaz de assegurar a vazão citada. Portanto
𝑑 1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 𝐶1
𝑉𝑧 = − { − 𝜌} 𝑟 +
𝑑𝑟 2𝜂 𝐿 𝑟
1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑉=− { − 𝜌} 𝑟 2 + 𝐶1 ln 𝑟 + 𝐶2
4𝜂 𝐿
1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
4𝜂 { 𝐿 − 𝜌} [(𝑅2 )2 − (𝑅1 )2 ]
𝐶1 =
[ln 𝑅2 − ln 𝑅1 ]
49
1 𝑃 −𝑃
−4 { 𝑜 2 𝐿 − 997} [(0,02)2 − (0,01)2 ]
4 𝑥 8,57 𝑥 10
𝐶1 =
[ln 0,02 − ln 0,01]
1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝐶2 = −4 { − 997} (0,02)2
4 𝑥 8,57 𝑥 10 2
1 𝑃 −𝑃
{ 𝑜 2 𝐿 − 997} [(0,02)2 − (0,01)2 ]
4 𝑥 8,57 𝑥 10−4
− ln 0,02
[ln 0,02 − ln 0,01]
𝑄= ∫ 𝑉𝑧 2 𝜋𝑟 𝑑𝑟
𝑟=𝑅1
𝑟=𝑅2
1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑄= ∫ {− { − 𝜌} 𝑟 2 + 𝐶1 ln 𝑟 + 𝐶2 } 2 𝜋𝑟 𝑑𝑟
4𝜂 𝐿
𝑟=𝑅1
𝑟=𝑅2
1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑄 = 2𝜋 ∫ {− { − 𝜌} 𝑟 2 + 𝐶1 ln 𝑟 + 𝐶2 } 𝑟 𝑑𝑟
4𝜂 𝐿
𝑟=𝑅1
𝑟=𝑅2
1 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
3 𝑥 10−6 = 2𝜋 ∫ {− −4 { − 997} 𝑟 2 + 𝐶1 ln 𝑟 + 𝐶2 } 𝑟 𝑑𝑟
4 𝑥 8,57 𝑥 10 2
𝑟=𝑅1
Exemplo : Gases (75% N2 e 25% de Cl2 ) são borbulhados através de um tubo em Al líquido,
figura a seguir, para fins de refino. Vazões muito baixas prolongarão excessivamente o tempo
de tratamento, com implicações em termos de perdas térmicas, consumo de energia. Vazões
altas impedirão que todo o cloro, gás reativo e nocivo à saúde, seja reagido com as impurezas
do alumínio.
A equação pertinente é
𝜋 𝑑4 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑄 = { + 𝜌 𝑔}
128𝜂 𝐿
A determinação da massa específica do gás é incerta por dois motivos: o gás é fluido
compressível e a pressão varia ao longo do tubo; o gás é aquecido ao longo do tubo. Como
aproximação se admite que o aquecimento é suficientemente rápido para se considerar fluxo
isotérmico a 1100K; e que a pressão média seja (𝑃𝑜 + 𝑃𝐿 )⁄2. Desta forma se tem, assumindo
que os gases sejam ideais
50
𝑃𝑀 𝑃𝑜 + 𝑃𝐿 𝑀
𝜌= =
𝑅𝑇 2 𝑅𝑇
𝜋 𝑑4 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 𝑃𝑜 + 𝑃𝐿 𝑀
𝑄 = { + 𝑔}
128𝜂 𝐿 2 𝑅𝑇
𝑀 = 𝑋𝐶𝑙2 𝑀𝐶𝑙2 + 𝑋𝑁2 𝑀𝑁2 = [0,25 𝑥 70,906 + 0,75 𝑥 28] 𝑥 10−3 (𝑘𝑔⁄𝑚𝑜𝑙)
𝑀 = 38,726 𝑥 10−3 (𝑘𝑔⁄𝑚𝑜𝑙)
𝜋 𝑑4 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 𝑃𝑜 + 𝑃𝐿 𝑀
𝑄= { + 𝑔}
128𝜂 𝐿 2 𝑅𝑇
Uma das premissas para a utilização da equação de Hagen-Poiseuillle é de que o fluido possa
ser considerado incompressível; para um gás, então, apenas se a diferença de pressão entre as
extremidades do tubo for pequena. Neste caso se calcula a razão
𝑃𝑜 129418,195
= = 1,05
𝑃𝐿 123372,5
o que significa um erro da ordem de 5%, quanto a esta suposição. Assume-se que os cálculos
são válidos.
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 129418−123372
Devida à pressão: 𝐿
; e, neste caso 0,9
= 6717,8
𝑃𝑜 + 𝑃𝐿 𝑀
Devida à gravidade: 𝜌𝑔= 2 𝑅𝑇
𝑔 ; e neste caso 0,5352 𝑥 9,81 = 5,25
Isto é, à medida que a pressão varia densidade e vazão volumétrica se alteram em sentidos
contrários, como esperado pela lei do gás ideal, PV = nRT.
𝑀
𝜌= 𝑃=𝑘𝑃
𝑅𝑇
Se além do mais o tubo for de seção reta constante, se o fluxo for isotérmico, se tem que
𝑑𝑃 𝑄 128𝜂 128 𝐺 𝜂 128 𝑅𝑇 𝐺 𝜂 1
=− 4
= 4
=
𝑑𝑥 𝜋𝑑 𝜋𝜌 𝑑 𝜋 𝑀 𝑑4 𝑃
𝑃𝑜 = 129,418,73 (𝑃𝑎)
A diferença em relação ao cálculo anterior é mínima, pois o tubo é muito curto. Esta
abordagem só se justifica se a queda de pressão for alta.
permanente, fluido incompressível e Newtoniano, e, além do mais, que a força motriz seja a
gravidade. Neste caso a equação de Hagen – Poiseuille se aplica.
Exemplo: Calcule a velocidade máxima de um fluido (isto é determine o ponto de extremo) que
flui para baixo em um espaço anular entre dois tubos, de raios iguais a 0,01 m e 0,02 m,
comprimento igual a 2 m. Considere massa especifica 997 kg/m3 e viscosidade 8,57 x 10-4 Pa.s.
A força motriz é a gravidade.
Adotando um referencial cilíndrico, com eixo 𝑂𝑍 orientado na direção vertical e com sentido
descendente, e ainda tal que este eixo coincida com o eixo longitudinal, de simetria, dos dois tubos, se
tem(após simplificação da equação de Navier Stokes)
1 𝑑 𝑑
0= 𝜂 ( 𝑟 𝑉𝑧 ) + 𝜌𝑔
𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝑟
As condições de contorno são
C.C.1 𝑟 = 𝑅1 𝑉𝑧 = 0 ; condição de não deslizamento cilindro interno
C.C.2 𝑟 = 𝑅2 𝑉𝑧 = 0 ; condição de não deslizamento cilindro externo.
Portanto
1 𝑑 𝑑
0= 𝜂 ( 𝑟 𝑉𝑧 ) + 𝜌𝑔
𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝑟
𝑑 𝑑 1
( 𝑟 𝑉𝑧 ) = − 𝜌𝑔 𝑟
𝑑𝑟 𝑑𝑟 𝜂
53
𝑑 𝜌𝑔 2
𝑟 𝑉𝑧 = − 𝑟 + 𝐶1
𝑑𝑟 2𝜂
𝑑 𝜌𝑔 𝐶1
𝑉 =− 𝑟+
𝑑𝑟 𝑧 2𝜂 𝑟
Encontrar o valor de raio onde o máximo pode ser observado requer conhecer os valores de
constantes de integração. Portanto
𝜌𝑔 2
𝑉=− 𝑟 + 𝐶1 ln 𝑟 + 𝐶2
4𝜂
997 𝑥 9,81
[(0,02)2 − (0,01)2 ]
4 𝑥 8,57 𝑥 10−4
𝐶1 =
[ln 0,02 − ln 0,01]
997𝑥9,81
997𝑥9,81 [(0,02)2 − (0,01)2 ]
2 4 𝑥 8,57 𝑥 10−4
𝐶2 = (0,02) − ln 0,02
4 𝑥 8,57 𝑥 10−4 [ln 0,02 − ln 0,01]
Portanto
𝑑 𝑑
0= ( 𝑟 𝑉𝑧 )
𝑑𝑟 𝑑𝑟
𝑑
𝑟 𝑉 = 𝐶1
𝑑𝑟 𝑧
𝑑 𝐶1
𝑉𝑧 =
𝑑𝑟 𝑟
𝑉𝑧 = 𝐶1 ln 𝑟 + 𝐶2
Aplicando as condições de contorno
𝑉 = 𝐶1 𝑙𝑛 𝑅1 + 𝐶2
0 = 𝐶1 𝑙𝑛 𝑅2 + 𝐶2
apenas os trechos “a” e “c” estão operando; a pressão de bombeamento quando os três estão
em operação.
𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
𝑄=
8𝜂𝐿
𝜋 𝑑4
Nesta forma a equação permite identificar uma\ analogia elétrica; o fluxo, 𝑄, é proporcional a
força motriz, 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 , e inversamente proporcional a uma resistência, 8𝜂𝐿⁄𝜋 𝑅 4. Logo para
cada um dos trechos são definidas as resistências
128𝜂 𝐿𝑎 128 𝑥 1,942 𝑥 10−3 𝑥 75
𝑅𝑎 = = = 949488
𝜋 𝑑𝑎4 𝜋 0,0504
𝑃1 − 𝑃3
𝑄=
𝑅𝑎 + 𝑅𝑐
10−3 𝑃1 − 101300
=
60 949488 + 79124
10−3 𝑃1 − 101300
=
60 949488 𝑥 250071
+ 79124
949488 + 250071
56
Deste modo cortes perpendiculares ao eixo longitudinal do sistema iriam revelar dife-
rentes perfis de velocidade, isto é haveria um efeito de extremidade importante. Tal
efeito pode ser desprezado se o sistema for longo o suficiente. Assumindo ser este o
caso, escolhendo um sistema de coordenadas cilíndrico de eixo 𝑂𝑍 coincidente com o
eixo de simetria (longitudinal) dos cilindros, Figura 2-12, se pode calcular o torque ne-
cessário para manter o sistema em regime permanente.
Em geral 𝑉𝜃 = 𝑉𝜃 (𝑡, 𝑟, 𝑧, 𝜃), mas neste caso podem ser feitas algumas simplificações:
1 - regime permanente, 𝑉𝜃 (𝑟, 𝑧, 𝜃);
𝜕𝑉
2- simetria do fluxo em relação ao eixo 𝑂𝑍, isto é 𝑉𝜃 não se altera com 𝜃, 𝜕𝜃𝜃 ] = 0;
𝑟,𝑧
3 - desprezíveis são os efeitos da extremidade, isto é, leva-se em conta apenas regiões
longe do fundo do aparelho e, portanto 𝑉𝜃 = 𝑉𝜃 (𝑟)
𝜕 𝜕 𝑉𝜃 𝜕 𝑉𝜃 𝑉𝑟 𝜕
𝜌( 𝑉𝜃 + 𝑉𝑟 𝑉𝜃 + 𝑉𝜃 + + 𝑉𝑧 𝑉)
𝜕𝑡 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟 𝜕𝑧 𝜃
𝜕 1 𝜕 1 𝜕2 2 𝜕 𝜕2 1 𝜕
= 𝜂( ( 𝑟 𝑉𝜃 ) + 2 2
𝑉𝜃 + 2
𝑉𝑟 + 2
𝑉𝜃 ) − 𝑃 + 𝜌 𝑔𝜃
𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝑧 𝑟 𝜕𝜃
58
𝜕
𝑉
𝜕𝑡 𝜃
= 0; regime permanente;
𝜕
𝑉𝑟 𝜕𝑟
𝑉𝜃 = 0; 𝑉𝑟 é nulo, fluxo unidirecional;
𝑉𝜃 𝜕
𝑉
𝑟 𝜕𝜃 𝜃
= 0; condição de simetria;
𝑉𝜃 𝑉𝑟
𝑟
= 0; 𝑉𝑟 é nulo, fluxo unidirecional;
𝜕
𝑉𝑧 𝜕𝑧
𝑉𝜃 = 0 ; 𝑉𝑧 é nulo, fluxo unidirecional;
𝜕
𝑉𝜃 = 0; efeitos das extremidades são negligenciáveis;
𝜕𝑧
1 𝜕
𝑟 𝜕𝜃
𝑃 = 0; condição de simetria;
𝜕 1 𝜕
(
𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟
𝑟 𝑉𝜃 ) , termo que contem a informação requerida, como a velocidade varia ao
longo do raio.;
1 𝜕2
= 0; condição de simetria;
𝑟 2 𝜕𝜃2
2 𝜕
𝑟 2 𝜕𝜃
𝑉𝑟 = 0; 𝑉𝑟 é nulo;
𝜕2
𝑉𝜃 = 0; efeitos de extremidade são desprezíveis;
𝜕𝑧 2
𝑟2
𝑟 𝑉𝜃 = 𝐶 + 𝐶2
2 1
𝑟 𝐶2
𝑉𝜃 = 𝐶1 +
2 𝑟
59
𝑅22 𝑅12 𝑤
𝐶2 = 2
𝑅2 − 𝑅12
Por outro lado a tensão de cisalhamento que age em casca cilíndrica de raio 𝑟 vale:
𝜕 𝑉𝜃 1 𝜕
𝜏𝑟𝜃 = −𝜂 [𝑟 + 𝑉]
𝜕𝑟 𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟
𝜕 𝑉𝜃 𝜕 𝐶2 𝜕 1
𝜏𝑟𝜃 = −𝜂 [𝑟 ] = −𝜂 [𝑟 2 ] = −𝜂 𝐶2 𝑟
𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝑟 2
𝜕 𝑉𝜃 𝜕 𝐶2 −2
𝜏𝑟𝜃 = −𝜂 [𝑟 ] = −𝜂 [𝑟 ] = −𝜂 𝐶2 𝑟 ( 3 )
𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝑟 2 𝑟
1
𝜏𝑟𝜃 = 2 𝜂 𝐶2
𝑟2
de modo que a força e o torque –força x braço da alavanca -- atuando sobre a mesma
superfície valem:
1 4𝜋 𝜂 𝐿 𝐶2
𝐹 = 𝜏𝑟𝜃 2𝜋𝑟𝐿 = 2 𝜂 𝐶2 2
𝑥 2𝜋𝑟𝐿 =
𝑟 𝑟
𝑅21 𝑤
𝑇 = 𝐹 𝑟 = 4𝜋 𝜂 𝐿 𝐶2 = 4𝜋 𝜂 𝐿 𝑅22 .
𝑅22 − 𝑅21
60
𝜕 1 𝜕
( 𝑟 𝑉𝜃 ) = 0
𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟
𝑟2
𝑟 𝑉𝜃 = 𝐶 + 𝐶2
2 1
𝑟 𝐶2
𝑉𝜃 = 𝐶1 +
2 𝑟
E daí
2 𝑅22 𝑤
𝐶1 =
𝑅22 − 𝑅12
𝑅22 𝑅12 𝑤
𝐶2 = −
𝑅12 − 𝑅22
E como antes
61
𝑅22 𝑅12 𝑤
𝑇 = 4𝜋 𝜂 𝐿 𝐶2 = − 4𝜋 𝜂 𝐿 .
𝑅22 − 𝑅12
0,0251 𝑥 0,025 2 𝑥 10,472
2
𝑇 = − 4𝜋 𝑥 3 𝑥 10−3 𝑥 0,04 (𝑁. 𝑚)
0,02512 − 0,025 2
Exemplo: Considere o esquema seguinte, que descreve o caso em que uma barra cilíndrica
(raio R)de aço gira com velocidade angular constante, 𝑤(𝑟𝑎𝑑/𝑠), em um grande reservatório
de escória. O fluxo é laminar, unidirecional, regime permanente e o fluido tem densidade e
viscosidades constantes. Encontre, com as devidas justificativas, a EDO que descreve o fluxo.
Estabeleça as condições de contorno, levando em consideração que, afastado bastante da barra
o fluido se encontra estático. Encontre os valores de constantes de integração o valor de tor-
que que garante regime permanente.
62
Para este sistema de coordenadas e esta orientação em relação à barra e, além do mais levan-
do em consideração as suposições citadas, a equação diferencial que descreve o fluxo é a mes-
ma
𝜕 1 𝜕
( 𝑟 𝑉𝜃 ) = 0
𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟
𝑟2
𝑟 𝑉𝜃 = 𝐶 + 𝐶2
2 1
𝑟 𝐶2
𝑉𝜃 = 𝐶1 +
2 𝑟
Analisando esta última equação se nota que o único valor de 𝐶1 que torna o valor de 𝑉𝜃 finito
em uma posição bastante afastada do cilindro é 𝐶1 = 0. Daí,
𝐶2
𝑉𝜃 =
𝑟
E pela CC1 se encontra
63
𝐶2
𝑤𝑅 =
𝑅
𝐶2 = 𝑤 𝑅 2
Finalmente o valor do torque é
𝑇 = 4𝜋 𝜂 𝐿 𝐶2 = − 4𝜋 𝜂 𝐿 𝑤 𝑅 2
Lei de Stokes:
𝐹 = 6 𝑅 𝑉 𝑅𝑒 ≤ 1 ; Lei de Stokes.
64
Exemplo: Determine o tempo de repouso, necessário para que uma inclusão esférica de
alumina, 𝑨𝒍𝟐𝑶𝟑 = 𝟑𝟎𝟎𝟎( 𝒌𝒈⁄𝒎𝟑 ), 𝑹 = 𝟐𝟓 𝝁𝒎, flutue até o topo de um banho de aço
líquido , 1600 0C, 𝒂ç𝒐 = 7000 ( 𝒌𝒈⁄𝒎𝟑 ), = 𝟕 𝒙 𝟏𝟎−𝟑 (𝑷𝒂. 𝒔), de profundidade igual a
𝟐𝒎. Esta condição representa uma condição limite de flotação, para a qual não se consideram
os efeitos benéficos oriundos do choques entre as inclusões, seguidos de coalescimento das
mesmas. Justamente por isto é instrutivo por ressaltar o efeito do tamanho da inclusão sobre a
velocidade de ascensão.
𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑃𝑒𝑠𝑜 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐸𝑚𝑝𝑢𝑥𝑜 + 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑑𝑒 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑎çã𝑜
4 4 4
𝜋 𝑅 3 𝜌𝐴𝑙2𝑂3 𝑧̈ = − 𝜋 𝑅 3 𝜌𝐴𝑙2𝑂3 𝑔 + 𝜋 𝑅 3 𝜌𝑎ç𝑜 𝑔 − 6 𝜋𝜂 𝑅 𝑧̇
3 3 3
−𝑏̈ 𝑧 = −𝑏(𝑎 − 𝑏 𝑧̇ )
𝑑
(𝑎 − 𝑏 𝑧̇ ) = −𝑏(𝑎 − 𝑏 𝑧̇ )
𝑑𝑡
𝑑 (𝑎 − 𝑏 𝑧̇ )
= −𝑏 𝑑𝑡
𝑎 − 𝑏 𝑧̇
2 𝑅 2 𝑔 (𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝐴𝑙2𝑂3 )
𝑉𝑇̇ =
9𝜂
O período de tempo necessário para se alcançar tal velocidade pode ser excessivamente longo,
impraticável para as condições industriais, caso em que a trajetória da inclusão poderia ser --
facilmente – descrita após integração da equação precedente.
66
𝐿 2 (𝑚)
𝑡= = 2571 (𝑠)
𝑉𝑇 0,00077(𝑚⁄𝑠)
Esta resposta permanece válida se o número de Reynolds for inferior a 1: caso contrário outra
expressão para a força de interação precisa ser considerada.
A análise anterior sugere tempos expressivos para que as inclusões se separem de um aço
em repouso. Poderia ser o caso em que, ao invés de em repouso, o aço estivesse sendo
agitado por meios eletromagnéticos ou por insuflação de gás, tal que a panela pudesse ser
considerada um sistema perfeitamente agitado; neste tipo de sistema não existe gradientes
e o conteúdo do mesmo é uniforme. Levando esta hipótese em consideração poderia ser
escrito um balanço de conservação de inclusões (utilizando o volume de aço como Volume
de Controle) na forma:
Modelos podem ser construídos, para situações específicas, de modo a contabilizar o coa-
lescimento e flotação de inclusões. Por exemplo, de acordo com a teoria de Saffmann &
68
A análise seguinte diz respeito à aplicação deste modelo ao caso do desgaseificador RH.
Neste reator, após o período de desgaseificação e de queima de carbono, o qual se dá
69
por meio de oxigênio soprado por lança na câmara de vácuo, adiciona-se alumínio para
desoxidação. O resultado é um elevado conteúdo de inclusões que precisam ser removi-
das; promove-se então a circulação do aço entre panela e câmara de vácuo, durante cer-
ca de 10 minutos, para obter a separação desejada.
𝑛̇ 𝑅𝑇 ̇ 𝜌𝑎ç𝑜 𝑔 𝐿
𝜀= ln [1 + ]
𝑀𝑎ç𝑜 𝑃𝑎
Onde, 𝑛̇ (mols/s), vazão do gás; 𝑅 (J/K.mol) constante dos gases; 𝑇(K) temperatura absoluta; 𝜌𝑎ç𝑜
(kg/m3) massa específica do aço; 𝑔 (𝑚⁄𝑠 aceleração da gravidade; 𝐿 (m) profundidade de injeção; 𝑃𝑎
2)
A Figura 2-17 sugere que, inicialmente, para valores pequenos e crescentes de intensidade
de agitação o grau de limpeza interno do aço aumenta. Isto se deveria às correntes de
convecção geradas pela injeção do gás, que arrastariam as inclusões na direção da camada
de escória de cobertura, onde seriam absorvidas. Adicionalmente, das colisões entre
inclusões de pequeno porte, também ensejada pela turbulência devida à injeção de gás,
resultariam inclusões de maior tamanho capazes de ascender no líquido com maior
velocidade. Entretanto, excesso de agitação poderia provocar turbulência em demasia na
interface metal/escória de cobertura. No evento desta última não ser capaz de resistir aos
esforços cisalhantes o efeito prático do excesso de agitação seria a emulsificação da
escória. Deste modo o aço seria contaminado por inclusões advindas da escória.
71
O padrão de fluxo de gases, metais e escórias no interior dos restores metalúrgicos pode
ser determinante quanto à qualidade do produto. Por exemplo a qualidade do aço é
profundamente impactada pelo conteúdo de inclusões, de modo que a remoção destas é
sempre uma preocupação. Uma das últimas possibilidades de flotação de inclusões em
aço se encontra no distribuidor do lingotamento contínuo, Figura 2-18. Normalmente se
emprega uma camada de escória de proteção por sobre o aço. As propriedades desta
escória devem ser tais que atendam a uma série de objetivos: redução de perdas térmicas
por condução e radiação; isolamento químico contra a atmosfera circundante, de modo a
reduzir o pick-up de nitrogênio e oxigênio, isto é, reoxidação e consequente formação
de novas inclusões; capacidade de absorção de inclusões. Para atender este último
objetivo, que se traduz em maior nível de limpeza interna do aço, a composição da
escória precisa ser escolhida de modo que a mesma apresente algumas características,
por vezes conflitantes: a emulsificação da camada de escória deve ser evitada, o que
requer altos valores de tensão interfacial e altos valores de viscosidade; entretanto altos
valores de viscosidade dificultam o misturamento entre a escória e as inclusões
porventura capturadas. A escória deve ser líquida e de massa específica bastante
diferente da massa específica do aço, para que se mantenha a sepação entre os dois
líquidos. A escória deve apresentar afinidade química pela inclusão, o que indica, mais
simplesmente, que a escória não pode ser saturada nos componentes da inclusão, caso
em que não haveria força motriz termodinâmica para a dissolução da mesma. A
temperatura influencia todas as variáveis citadas mas, modo geral, alterar a temperatura
de processo de modo a controlá-la não representa uma opção viável.
Quando uma quantidade finita e limitada de uma espécie química, alcunhada de traça-
dor, é adicionada na entrada do reator, esta se espalha instantaneamente no volume do
reator e se reporta diluída da na saída do reator. Portanto, tão logo é adicionado, começa
a sair do sistema.
73
A zona morta corresponde a uma parte do volume útil do reator que pouco interage do
ponto de vista físico-químico com as demais. Geralmente, associada a zonas de circula-
ção.
Pelas próprias características de operação, zonas Mortas e de Mistura Perfeita são inevi-
táveis; em geral, procura-se determinar a configuração geométrica do distribuidor (bar-
reiras, diques e inibidores de turbulência) capaz garantir fluxo pistonado. Fluxo pisto-
nado é a característica que se procura para evitar mistura entre diferentes tipos de aço,
para se maximizar a separação (flotação de inclusões).
𝑑
∆𝑧 𝐻 𝑤 𝐶 = 𝑉𝑎ç𝑜 𝐻𝑤 𝐶] − 𝑉𝑎ç𝑜 𝐻𝑤 𝐶] − 𝑉𝑎𝑠𝑐 ∆𝑧 𝑤 𝐶
𝑑𝑡 𝑧 𝑧+∆𝑧
onde C representa a concentração de inclusões. Note-se que este tratamento admite que
existe mistura perfeita no interior de cada volume infinitesimal de controle; neste a con-
centração é uniforme desde o fundo do distribuidor até a interface com a escória. Em
regime permanente:
0 = 𝐻 𝑉𝑎ç𝑜 𝐶] − 𝐻 𝑉𝑎ç𝑜 𝐶] − 𝑉𝑎𝑠𝑐 ∆𝑧 𝐶
𝑧 𝑧+∆𝑧
𝑉
𝐶1 − 𝑎𝑠𝑐 (1−𝛼)𝐿
𝐻 𝑉𝑎ç𝑜
=𝑒
𝐶𝑜
De acordo com esta expressão a separação de iinclusões será tanto mais efetiva quanto:
1- maior a velocidade de ascensão, basicamente controlada pelo seu tamanho desde que
as outras variáveis estão usualmente fora de controle; 2 – maior o comprimento do
distribuidor; 3- menor a distância a ser vencida até a camada de escória; 4- menor a
velocidade de lingotamento, isto é maior o tempo de residência.
Na segunda porção do reator inexiste mistura, seja na direção vertical, seja na direção
longitudinal. Admite-se o movimento composto da inclusão, Figura 2-25.
Nesta expressão 𝐻𝑓 é a distância vertical percorrida pela inclusão, quando o aço atraves-
sa a segunda parte do reator. Logo,
𝛼𝐿
𝐻𝑓 = 𝑉𝑎𝑠𝑐
𝑉𝑎ç𝑜
𝐶2 𝑉𝑎𝑠𝑐
= 1− 𝛼𝐿
𝐶1 𝐻 𝑉𝑎ç𝑜
𝛼𝐿
𝑇𝑅 =
𝑉𝑎ç𝑜
Desta formas as equações que permitem calcular a eficiência de separação de inclusões
ficam
𝐶𝑖+1 𝑉𝑎𝑠𝑐 𝑇𝑅
=1−
𝐶𝑖 𝐻
Este é o tempo que uma inclusão teria disponível para se separar do aço e ser absorvida pela
camada de escória se o distribuidor fosse um reator de Fluxo em Piston. Em geral a fração do
reator que se comporta como fluxo em piston é pequena; admita que, neste caso, seja de apenas
25% . Após um período de tempo de cerca de 0,25 𝑇 = 2,5 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠, inclusões não removidas
por flotação seriam remetidas ao molde. Nestas condições, inclusões de alumina, de cerca de
50 𝜇m de diâmetro seriam separadas?
Admite-se validade da lei de Stokes, para o cálculo da velocidade terminal de ascensão da in-
clusão no aço:
2 𝑅2𝑔
𝑉𝑇 = (𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑖𝑛𝑐𝑙𝑢𝑠ã𝑜 )
9𝜂
Adotando 𝜂 = 6 𝑥 10−3 𝑃𝑎. 𝑠; 𝜌𝑎ç𝑜 = 7000 𝑘𝑔⁄𝑚3 ; 𝜌𝑖𝑛𝑐𝑙𝑢𝑠ã𝑜 = 3000 𝑘𝑔⁄𝑚3 , e desde
que 𝑔 = 9,81 𝑚⁄𝑠 2 e 𝑅 = 25 𝑥 10−6 𝑚, se observa que 𝑉𝑇 = 9,08 𝑥 10−4 𝑚⁄𝑠. Como o
78
trajeto da inclusão(na direção vertical) a ser percorrido é de 1,2 𝑚, o tempo necessário para
separação completa é
𝐻
𝑡𝑓𝑙𝑜𝑡𝑎çã𝑜 = = 22 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠 ≫ 2,5 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
𝑉𝑇
Nestas condições parte das inclusões seria arrastada ao molde. A quantidade residual de inclu-
sões no aço, na saída do distribuidor, pode ser estimada
𝐶𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑉𝑎𝑠𝑐 𝑇𝑅 9,08 𝑥 10−4 𝑥 150
=1− = 1− = 1 − 0,1135 = 0,8865
𝐶𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝐻 1,2
9 𝑥 1,2 𝑥 6 𝑥 10−3 1
150 =
2 𝑥 9,81 (7000 − 3000) 𝑅 2
Então, inclusões de raio maior que 75 𝜇𝑚 (𝑉𝑇 = 8 𝑥 10−3 𝑚⁄𝑠) teriam a oportunidade de
serem completamente absorvidas pela camada de escória de cobertura.
𝑉𝑅 (𝑡𝑜𝑛) 37,8
𝑇= = = 7,56 𝑚𝑖𝑛 = 453,6 𝑠
𝑄 (𝑡𝑜𝑛⁄𝑚𝑖𝑛) 5
𝑉 (1−𝛼)𝐿
𝐶1 − 𝑎𝑠𝑐 𝑉𝑎𝑠𝑐 1
=𝑒 𝐻 𝑉𝑎ç𝑜
= 𝑒− 𝐻 3
( 𝑇)
= 0,9429
𝐶𝑜
𝐶2 𝑉𝑎𝑠𝑐 𝛼𝐿 𝑉𝑎𝑠𝑐 2
= 1− = 1− ( 𝑇) = 0,8824
𝐶1 𝐻 𝑉𝑎ç𝑜 𝐻 3
Exemplo: A tabela seguinte diz respeito à flotação de inclusões de alumina (3000 𝑘𝑔⁄𝑚3 ) em
distribuidor com frações de mistura perfeita igual a 0,25 e 0,40, respectivamente. As dimensões
do distribuidor são L(comprimento) x W(largura) x H (profundidade) 4,5 𝑥 0,8 𝑥 1,2 𝑚3; a
produtividade alcança 4,5 𝑡𝑜𝑛/𝑚𝑖𝑛. Com estes dados, e considerando aço a 1600 oC (7000
𝑘𝑔⁄𝑚3 e 7 m𝑃𝑎. 𝑠), se calculou a velocidade de ascensão(coluna 3) , de acordo com o raio da
inclusão(coluna 2) e daí a fração flotada na primeira parte do reator (coluna 5 e 9 ; 𝐶1 ⁄𝐶𝑜 ).
Complete a tabela, calculando a fração separada na porção do reator na qual não existe mistu-
ra(colunas 6 e 10), para cada tamanho; levando em consideração a frequência (coluna 1) esti-
me quanto de cada tamanho é separado e o total de inclusões flotadas. Com base nestes resul-
tados, qual a melhor configuração?
1 2 3 4 5 6 8 9 10 11
FMP=0,25 FMP=0,40
Frequência Raio 𝜇𝑚 𝑉𝑇 m/s Re 𝐶1 ⁄𝐶𝑜 𝐶2 ⁄𝐶1 Flotado 𝐶1 ⁄𝐶𝑜 𝐶2 ⁄𝐶1 Flotado
0,17 20 0,0004982 0,0199 0,9590 0,8744 0,0274 0,9352 0,8995 0,0274
0,42 25 0,0007785 0,0389 0,9366 0,8040 0,1037 0,9006 0,8430 0,1011
0,31 30 0,0011211 0,0672 0,9101 0,7175 0,1076 0,8601 0,7734 0,1038
0,08 35 0,001526 0,1068 0,8796 0,6154 0,0367 0,8145 0,6923 0,0349
0,03 40 0,0019931 0,1594 0,8458 0,4977 0,0174 0,7650 0,5982 0,0163
Total 0,2928 Total 0,2835
A capacidade do distribuidor é
𝑉𝑅 (𝑡𝑜𝑛) 30,24
𝑇= = = 6,72 𝑚𝑖𝑛 = 403,2 𝑠
𝑄 (𝑡𝑜𝑛⁄𝑚𝑖𝑛) 4,5
Os valores das colunas 6 e 10 se referem à porção de reator que se comporta como reator de
fluxo em piston,
𝐶2 𝑉𝑎𝑠𝑐 𝛼𝐿 𝑉𝑎𝑠𝑐
= 1− = 1− (𝛼 𝑇)
𝐶1 𝐻 𝑉𝑎ç𝑜 𝐻
A coluna Frequência, nesta tabela, indica a razão entre número de inclusões de uma dada clas-
se de tamanho e o total de inclusões. Então, para cada caso, a Fração Total de Inclusões Flo-
tadas se calcula como:
80
𝐶1 𝐶2
𝐹𝑙𝑜𝑡𝑎𝑑𝑜 = ∑ 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 [1 − 𝑥 ]
𝐶𝑜 𝐶1
𝑃 (𝑡𝑜𝑛⁄𝑠) 1
𝑉𝑎ç𝑜 =
𝜌 (𝑡𝑜𝑛⁄𝑚3 ) 𝑤𝐻 (𝑚2 )
𝑉 (1⁄3)𝐿
𝐶1 − 𝑎𝑠𝑐 𝑉𝑎𝑠𝑐 1
=𝑒 𝐻 𝑉𝑎ç𝑜
= 𝑒− 𝐻 3
( 𝑇)
𝐶𝑜
𝐶1 𝐶2
𝑅𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 = ∑ 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑥 𝑥
𝐶𝑜 𝐶1
𝑑𝑉𝑦
𝜏𝑧𝑦 = − 𝜂
𝑑𝑧
De modo análogo, para o sistema cgs, (𝑔. 𝑐𝑚−1 𝑠 −1 ) ou Poise (P), o que permite
estabelecer para fins de transformação, (1000𝑔. (100𝑐𝑚)−1 𝑠 −1 ) = 10[g.cm-1.s-1] isto é
1 𝑃𝑎 . 𝑠 = 10 𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒
Viscosidade de gases
−𝟎,𝟒𝟔𝟕𝟑𝟎
𝑻 𝑲𝑩 𝑻
𝛀𝜼 = 𝟏, 𝟔𝟏𝟏𝟕𝟖 [ 𝜺 ] ; < 𝟎, 𝟗
( ) 𝜺
𝑲𝑩
−𝟎,𝟑𝟏𝟐𝟒𝟑
𝑻 𝑲𝑩 𝑻
= 𝟏, 𝟓𝟓𝟗𝟕𝟔 [ 𝜺
] ; 𝟎, 𝟗 < < 𝟖
( ) 𝜺
𝑲𝑩
−𝟎,𝟏𝟒𝟔𝟐𝟗
𝑻 𝑲𝑩 𝑻
𝛀𝜼 = 𝟏, 𝟏𝟓𝟒𝟏𝟑 [ 𝜺
] ; >𝟖
( ) 𝜺
𝑲𝑩
Exemplo: Seja estimar a viscosidade do oxigênio a 800 K. Da Tabela 2-VII se tem 𝑴𝑶𝟐 =
𝟑𝟐, 𝟎𝟎 (𝒈⁄𝒎𝒐𝒍), = 𝟑, 𝟒𝟑𝟑 (𝑨̇) , e, ainda, sendo 𝜺⁄𝑲𝑩 = 𝟏𝟏𝟑 se obtém, para T = 800 K
84
𝐾𝐵 𝑇/ 𝛀𝜼
6 0,8963
7,08 0,8734 Obtido por interpolação
8 0,8538
𝜂 𝛿2 𝑁
Viscosidade Reduzida: 𝜂 ∗ =
√𝑀𝑅𝑇
𝑻
Temperatura Reduzida: 𝑇 ∗ = 𝜺
( )
𝑲𝑩
1
Volume Reduzido: 𝑉 ∗ = 𝑛 𝛿3
De acordo com este método existe uma relação única, Universal, válida para todos os
metais, interligando as variáveis reduzidas definidas acima, do tipo 𝜂 ∗ (𝑉 ∗ )2 𝑣𝑠 𝑇 ∗ , tal
como mostrado na Figura 2-30.
1 1 1
𝜂 ∗ (𝑉 ∗ )2 = 0,5129 − 0,0679 + 0,0226
𝑇∗ (𝑇 ∗ )2 (𝑇 ∗ )3
86
Como indica o exemplo a seguir a aplicação do método não deve apresentar qualquer
dificuldade.
𝜂𝑚𝑝 𝜂𝑜 Δ𝐸 𝜂𝑚𝑝 𝜂𝑜 Δ𝐸
Metal Metal
𝑚𝑖𝑙𝑖 𝑃𝑎. 𝑠 𝑚𝑖𝑙𝑖 𝑃𝑎. 𝑠 𝑘𝐽 ⁄ 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑖𝑙𝑖 𝑃𝑎. 𝑠 𝑚𝑖𝑙𝑖 𝑃𝑎. 𝑠 𝑘𝐽⁄𝑚𝑜𝑙
𝐴𝑔 3,88 0,4532 22,2 𝑁𝑏 -
𝐴𝑙 1,30 0,1492 16,5 𝑁𝑑 - -
𝐴𝑠 𝑁𝑖 4,90 0,1663 50,2
𝐴𝑢 5,0 1,132 15,9 𝑂𝑠 - -
𝐵 - 𝑃 1,71 - -
𝐵𝑎 - - 𝑃𝑏 2,65 0,4636 8,61
𝐵𝑒 - - 𝑃𝑑 - - -
𝐵𝑖 1,80 0,4458 6,45 𝑃r 2,80 - -
𝐶𝑎 1,22 0,0651 27,2 𝑃𝑡 - - -
𝐶𝑑 2,28 0,3001 10,9 𝑃𝑢 6,0 1,089 5,59
𝐶𝑒 2,88 - 𝑅𝑏 0,67 0,0940 5,15
𝐶𝑜 4,18 0,2550 44,4 𝑅𝑒 - - -
𝐶𝑟 - - 𝑅ℎ - - -
𝐶𝑠 0,68 0,1022 4,81 𝑅𝑢 - - -
𝐶𝑢 4,0 0,3009 30,5 S ~12 - -
𝐹𝑒 5,5 0,3699 41,4 𝑆𝑏 1,22 0,0812 22,0
𝐹𝑟 0,765 - - 𝑆𝑒 24,8 - -
𝐺𝑎 2,04 0,4359 4,00 𝑆𝑖 0,94 0,0816 28,24
𝐺𝑑 - - 𝑆𝑛 1,85 0,3794 7,07
𝐺𝑒 0,73 - 𝑆𝑟 - - -
87
𝐻𝑓 - 𝑇𝑎 - - -
𝐻𝑔 2,10 0,5565 2,51 𝑇𝑒 ~2,14 -
𝐼𝑛 1,89 0,3020 6,65 𝑇ℎ - - -
𝐼𝑟 - - 𝑇𝑖 5,2 - -
𝐾 0.51 0,1340 5,02 𝑇𝑙 2,64 0,2983 10,5
𝐿𝑎 2,45 - 𝑈 6,5 0,4848 30,4
𝐿𝑖 0,57 0,1456 5,56 𝑉 - - -
𝑀𝑔 1,25 0,0245 30,5 𝑊 - - -
𝑀𝑛 - - 𝑌𝑏 1,07 - -
𝑀𝑜 - 𝑍𝑛 3,85 0,4131 12,7
𝑁𝑎 0,68 0,1525 5,24 𝑍𝑟 8,0 - -
Exemplo: Estime a viscosidade do alumínio a 1000 0C, sabendo-se que a massa específica do
mesmo é igual a 2700 𝒌𝒈⁄𝒎𝟑 .
Da Tabela 2-X, se obtém 𝛿 = 2,86 𝑥 10−10 𝑚. Sendo 𝜌𝐴𝑙 = 2700 𝒌𝒈⁄𝒎𝟑 vem
𝜌𝐴𝑙 (𝒌𝒈⁄𝒎𝟑 )
𝑛= 𝑁
𝑀𝐴𝑙 (𝒌𝒈⁄𝑚𝑜𝑙 )
2700
𝑛= 𝑥 6,02 𝑥 1023 = 6,02 𝑥 1028
0,027
1 𝜀 ⁄𝐾𝐵 4250
∗
= = = 3,339
𝑇 𝑇 1273
1 1 1
𝜂 ∗ (𝑉 ∗ )2 = 0,5129 ∗
− 0,0679 ∗ 2 + 0,0226 ∗ 3
𝑇 (𝑇 ) (𝑇 )
𝜂 ∗ = 3,5645
88
Não existem proposições gerais, semelhantes à anterior, válidas para ligas metálicas,
mas é possível encontrar valores experimentais para alguns casos específicos, vide por
exemplo na Figura 2-31 dados do sistema Al - Si.
Exemplo: Um compósito de matriz metálica é para ser obtido a partir de uma dispersão de
partículas de carbeto em alumínio liquido, a 700 oC. Após solidificação no molde a matriz de Al
aporta tenacidade enquanto o reforço carbeto contribui para a rigidez da peca. Para garantir o
completo preenchimento do molde a viscosidade da mistura Al-carbeto não deve ultrapassar
em 37% a viscosidade do Al. Estime a fração de sólidos tolerável e a viscosidade da mistura.
Uma fórmula para a viscosidade de dispersão de sólido em líquido foi sugerida por Einstein.
Uma expansão da equação original de Einstein, com número maior de termos é
𝜂 = 𝜂 𝑜 (1 + 2,5 𝜙 + 5,2 𝜙 2 )
Exercício: Os dados das figuras anexas são de “The Physical Properties of Liquid Metals; Iida
&Guthrie, 1988, Clarendon Press “. Compare os valores experimentais de viscosidade da liga binária
com aqueles previstos pela fórmula de Moelwyn-Hughes.
Δ𝐻
𝜂 = (𝑋𝐴 𝜂𝐴 + 𝑋𝐵 𝜂𝐵 ) (1 − 2 )
𝑅𝑇
Exemplo: Compare os valores de viscosidade de ferro, fornecidos na Tabela 2-IX, com aqueles
previstos pela formula de Hari
𝐵
𝜂 = 𝐴 𝑒 𝑅𝑇
1,27
𝐵 = 2,65 𝑇𝑚
1/2
1,7 𝑥 10−7 𝜌2/3 𝑇𝑚 𝑀−1/6
𝐴=
𝑒𝑥𝑝(𝐵⁄𝑅 𝑇𝑚 )
90
Tomando os valores específicos para o ferro, a saber, 𝑇𝑚 = 1810 (𝐾); 𝜌 = 7000 (𝑘𝑔⁄𝑚3 ) ;
𝑀 = 0,05585(𝑘𝑔⁄𝑚𝑜𝑙) se encontra
𝐴 = 0,384 (𝑚𝑖𝑙𝑖. 𝑃𝑎𝑠)
𝐵 = 36,35 (𝑘𝐽⁄𝑚𝑜𝑙 )
Os valores previstos pela formula de Hari são cerca de 30% inferiores aos valores dados na
tabela, calculados com
𝐴 = 0,3699 (𝑚𝑖𝑙𝑖. 𝑃𝑎𝑠)
𝐵 = 41,4 (𝑘𝐽⁄𝑚𝑜𝑙 )
Escórias:
As escórias mais comuns em metalurgia são aquelas em que a sílica toma parte impor-
tante. Portanto é comum realizar uma análise da influência da composição e temperatura
tomando como ponto de partida a estrutura da sílica. Por exemplo a Figura 2-32 apre-
senta representações bidimensionais de um cristal perfeito de sílica e de sílica líquida.
Observa-se que :
a “unidade estrutural” da sílica corresponde a um tetraedro onde os vértices são
ocupados por átomos de oxigênio e o centro é ocupado por um átomo de silício; um
átomo de oxigênio posicionado em um dado vértice é compartilhado por dois tetrae-
dros, formando uma rede tridimensional.
a estrutura do líquido é semelhante à do sólido, apenas com a introdução de descon-
tinuidades (de ligações) em função da agitação térmica; quanto maior a temperatura
maior o número de ligações entre tetraedros rompidas.
Resulta, em função da existência desta rede tridimensional, ainda que imperfeita, que a
viscosidade da sílica líquida (e por consequência de escórias silicatadas) é alta, compa-
rativamente a outros líquidos.
Note-se a progressiva desvinculação dos tetraedros, até que para a composição referente
ao ortosilicato a escória é estruturalmente constituída por 𝑆𝑖𝑂44− , 𝑀2+ . Ainda que,
para razão 𝑂: 𝑆𝑖 4, é possível encontrar ânions 𝑂2− livres num banho constituído por
𝑆𝑖𝑂44− , 𝑀2+ e 𝑂2− .
Como a atividade de 𝑂2− é uma medida da basicidade implica, de acordo com este mo-
delo de dissociação, que escórias básicas seriam aquelas nas quais haveria ânions oxi-
gênio livres, isto é, sempre que 𝑂: 𝑆𝑖 4; por outro lado escórias ácidas seriam aquelas
para as quais 𝑂: 𝑆𝑖 < 4. A composição do ortosilicato – 2𝑀𝑂. 𝑆𝑖𝑂2- representa a situa-
ção limite de transição entre escórias acidas e básicas.
91
Como qualquer reação que requer contato entre várias fases(reações heterogêneas) esta
reação é favorecida por maior agitação; também se espera que maior o volume de escó-
ria em relação ao volume de metal maior a capacidade de retenção de enxofre; a reação
é favorecida em temperaturas altas, por ser endotérmica; a dessulfuração é mais efetiva
quando o metal se encontra desoxidado. Finalmente, como os ânions 𝑂2− são reagentes,
maior a atividade destes, isto é maior a basicidade da escória, maior a capacidade de
dessulfuração. Na ausência de ânions 𝑂2− a reação não deve ocorrer. A razão molar
∑ 𝑀𝑂
𝑆𝑖𝑂2
Na realidade, para uma dada atividade de 𝑂2− , coexistem as várias unidades estruturais,
a transformação é gradativa, sem solução de continuidade. Por exemplo, de acordo com
a teoria de Masson, as reações seguintes são responsáveis pela degradação de comple-
2(𝑛+1)−
xos aniônicos de Silício, de fórmula geral 𝑆𝑖𝑛 𝑂3𝑛+1 :
Por outro lado não existem óxidos básicos perfeitos, a dissociação sendo sempre parcial,
o que sugere a necessidade de se medir o grau de basicidade-acidez dos mesmos. A Ta-
bela 2-XII oferece uma base de classificação de óxidos, quanto à basicidade, com refe-
rência à interação eletrostática cátion - oxigênio.
Esta tabela é construída assumindo que a estabilidade estrutural do óxido pode ser me-
dida pela força de atração eletrostática entre o cátion e o ánion comum O2-,
𝑧
𝐹= 𝛼
(𝑅𝑎 + 𝑅𝑐 )2
Naturalmente quanto maior o valor de 𝐹 maior a afinidade M-O, menor o grau de dis-
sociação, maior o grau de acidez do óxido.
e pode ser medida pelo desvio de frequência da banda de absorção associada com a
transição 6s-6p na região UV do espectro eletromagnético. A basicidade ótica assim
medida é independente da temperatura. Nem todo óxido se mostra passível de ter sua
basicidade ótica medida diretamente; deste modo em alguns casos a basicidade foi esti-
mada por meio da relação que interliga a mesma à eletronegatividade de Pauling (X),
95
0,74
Λ=
𝑋 − 0,26
e mesmo através de correlações com dados experimentais. Deste modo existe alguma
divergência, para alguns óxidos, sobre qual valor de basicidade aplicar. Uma compila-
ção, retirada do Slag Atlas, é apresentada na Tabela 2-XII.
Tabela 2-XII : valores de basicidade ótica de alguns óxidos, calculados a partir dos va-
lores de Eletronegatividade de Pauling e recomendados(Slag Atlas, 1995).
Eletrone-
Eletronega-
gativida- Recomen- Recomenda-
Óxido Óxido tividade de
de de dado do
Pauling
Pauling
𝐿𝑖2 𝑂 1,0 1,0 𝑃2 𝑂5 0,40 0,40
𝑁𝑎2 𝑂 1,15 1,15 𝑀𝑛𝑂 0,59 1,0
𝐾2 𝑂 1,40 1,4 𝐹𝑒𝑂 0,51 1,0
𝐶𝑠2 𝑂 1,7 𝐶𝑜𝑂 0,475 0,95
𝐵𝑒𝑂 0,605 𝑁𝑖𝑂 0,475 0,95
𝑀𝑔𝑂 0,78 0,78 𝐶𝑢𝑂 0,43 0,9
𝐶𝑎𝑂 1,0 1,0 𝑍𝑛𝑂 0,55 0,9
𝑆𝑟𝑂 1,10 1,1 𝐶𝑑𝑂 0,51
𝐵𝑎𝑂 1,15 1,15 𝑃𝑏𝑂 0,48 1,15
96
A basicidade ótica corrigida deve ser estimada recalculando a contribuição dos óxidos
mais básicos, considerando a neutralização do elétron extra do 𝐴𝑙𝑂45− , por exemplo
𝑁𝑎+ + 𝐴𝑙𝑂45− = 𝑁𝑎𝐴𝑙𝑂44− , a qual reduz a concentração efetiva de espécies destruido-
res de rede. A neutralização parcial citada acima é necessária para a formação de espé-
cies do mesmo estado de oxidação que o elemento estrutural de formação de rede
𝑆𝑖𝑂44− .
Nota-se que a adição de óxidos básicos, que tem como resultante o aumento da disponibilidade
de ânions 𝑂2− , faz com que o grau de complexidade dos ânions silicato diminua; o equilíbrio
das reações citadas se desloca para a esquerda. Com a diminuição da complexidade da cadeia
de ânions silicato diminui também a viscosidade da escória. O óxido mais básico é aquele para
o qual o fator de estabilidade é menor, neste caso BaO.
Exercício: Determine, para uma escória ternária 𝐶𝑎𝑂 − 𝐴𝑙2 𝑂3 − 𝑆𝑖𝑂2 , a 1773 K, o valor de
viscosidade quando a basicidade ótica vale 0,6. Identifique, nos binários do sistema 𝐴𝑙2 𝑂3 −
𝐶𝑎𝑂 − 𝑆𝑖𝑂2 as composições referentes a este valor de basicidade ótica e trace então a curva de
isoviscosidade. Compare os valores preditos e experimentais. Considere como valores de basi-
cidade ótica 1,0 ; 0,605 e 0,48 para o 𝐶𝑎𝑂 , 𝐴𝑙2 𝑂3 𝑒 𝑆𝑖𝑂2 , respectivamente.
1 𝑒𝑥𝑝(−1,77 + 2,88⁄0,6)
𝑙𝑛 𝜂 (𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒) = +
0,15 − 0,44 𝑥 0,6 1773⁄1000
𝜂 = 18,2 𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒
98
Basicidades binárias iguais a 0,6 podem ser encontradas nos binários 𝑆𝑖𝑂2 − 𝐴𝑙2 𝑂3 e
𝐶𝑎𝑂 − 𝑆𝑖𝑂2 . No binário 𝑆𝑖𝑂2 − 𝐴𝑙2 𝑂3 se tem
A linha A-B, traçada na figura, é uma linha de isovalor de basicidade ótica, 𝛬 = 0,6; deveria
ser uma linha de isoviscosidade. Entretanto nota-se que a concordância é apenas parcial, na
região de menores concentrações de alumina.
Exemplo: Conceitue óxido básico e explique o efeito de sua adição sobre a estrutura e viscosi-
dade de uma escória silicatada. Considere uma escória ternária SiO2 – AO – BO, onde AO e
BO podem ser considerados óxidos básicos. Esboce um diagrama ternário apresentando, quali-
tativamente, a posição das linhas de isoviscosidade. Justifique o traçado.
𝐵𝑂 = 𝐵2+ + 𝑂2−
Como resultado desta dissociação os ânions 𝑂2− incorporados à escória podem ser utilizados
para satisfazer as necessidades de ligação do Silício, que tende a se ordenar com o oxigênio na
forma do tetraedro 𝑆𝑖𝑂4−4 . Desta forma a cada ligação rompida entre os tetraedros a viscosi-
dade diminui.
Assumindo ser aplicável o modelo exposto na tabela 2-XI, e que AO e BO apresentem o mesmo
grau de liberdade então se conclui que para a composição binária 𝐴𝑂. 𝑆𝑖𝑂2 duas ligações por
tetraedro estariam rompidas; para a composição binária 𝐵𝑂. 𝑆𝑖𝑂2 também duas ligações por
tetraedro estariam rompidas. Portanto a reta que interliga estas duas composições é o lugar
geométrico dos pontos relativos a composições com duas ligações rompidas; representa uma
linha de isoviscosidade. O que justifica o esquema seguinte.
A viscosidade de líquidos diminui com o aumento de temperatura, como se observa para quais-
quer das duas composições. Entre os óxidos básicos, 𝑀𝑛𝑂 e 𝑁𝑎2 𝑂, seguramente este último é
o mais básico. Para a mesma concentração de 𝑆𝑖𝑂2 , quando 𝑁𝑎2 𝑂 substitui o 𝑀𝑛𝑂 a viscosi-
dade diminui.
Exemplo: A Figura 2-50 apresenta valores de viscosidade no sistema MnO-SiO2, líquido. Con-
sidere a solução com 40% em SiO2. Estime a energia de ativação de fluxo viscoso, a partir dos
valores a 1400 oC e 1600 oC. Estime a viscosidade a 1300 oC. Qual informação a ser retirada
de um diagrama de fases poderia corroborar ou invalidar o cálculo anterior? Porque a visco-
sidade cresce com o aumento do teor de 𝑆𝑖𝑂2 ?
De acordo com a figura as viscosidades das escórias com 40% de 𝑆𝑖𝑂2 são 0,96 P e 1,81 P, a
1873K e 1673K, respectivamente. Assumindo validade da equação de Arrhenius se pode esti-
mar a energia de ativação de fluxo viscoso
𝜂 𝑇2 Δ𝐸 1 1
= exp [ ( − )]
𝜂 𝑇1 𝑅 𝑇2 𝑇2
1,81 Δ𝐸 1 1
= exp [ ( − )]
0,96 8,314 1673 1873
Δ𝐸 = 82604 𝐽/𝑚𝑜𝑙
𝜂1573 82604 1 1
= exp [ ( − )]
0,96 8,314 1573 1873
𝜂1573 = 2,64 𝑃
A estimativa anterior só permanece válida se, mesmo com a alteração da temperatura, o siste-
ma permanece monofásico e líquido. A eventual precipitação de sólidos conduz a uma mistura
sólido-líquido, com viscosidade maior que a calculada. Como mostra o diagrama de fases
MnO-𝑆𝑖𝑂2 , para esta combinação de temperatura e composição o sistema é líquido.
101
Exemplo: Valores de basicidade ótica de CaO, MgO e SiO2 são, respectivamente, 1, 0,78 e
0,48. Considerando diagrama em anexo em anexo trace a curva de isobasicidade ótica igual a
0,65 e estime o valor de viscosidade; compare com os dados experimentais.
Basicidades binárias iguais a 0,65 podem ser encontradas nos binários 𝐶𝑎𝑂 − 𝑆𝑖𝑂2 e
𝑀𝑔𝑂 − 𝑆𝑖𝑂2 . No binário 𝐶𝑎𝑂 − 𝑆𝑖𝑂2 se tem
A linha A-B é o lugar dos pontos de basicidade ótica igual a 0,65. Se para um dado valor de
basicidade corresponde um único valor de viscosidade então esta linha deve coincidir com uma
linha de isoviscosidade. Assumindo validade da expressão seguinte se mostra que valores pre-
vistos pela formula e experimentais são próximos.
102
1 𝑒𝑥𝑝(−1,77 + 2,88⁄𝛬𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 )
𝑙𝑛 𝜂 (𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒) = +
0,15 − 0,44 𝛬𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 𝑇⁄1000
1 𝑒𝑥𝑝(−1,77 + 2,88⁄0,65)
𝑙𝑛 𝜂 (𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒) = +
0,15 − 0,44 𝑥 0,65 1773⁄1000
𝜂 = 2,05 𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒
𝑆𝑖𝑂2 𝐶𝑎𝑂 𝑀𝑔𝑂 𝐴𝑙2 𝑂3 𝑇𝑖𝑂2 𝐹𝑒2 𝑂3 𝑀𝑛𝑂 𝑁𝑎2 𝑂 𝐾2 𝑂 F C(s) 𝐶𝑂2 BO
A % peso 28,8 36,5 1,3 6,5 0,3 0,8 3,3 7,2 0,1 5,9 1,5 8,8 0,742
𝑋𝑖 0,343 0,465 0,023 0,046 0,0026 0,0036 0,0332 0,083 0,0008
G % peso 25,5 22,7 0,97 12 0,46 2,86 0,04 2,62 1,43 4,42 17,7 9,4 0,682
𝑋𝑖 0,403 0,385 0,023 0,112 0,0055 0,017 0,0005 0,040 0,0144
B.O 0,48 1 0,78 0,605 0,61 0,8 1 1,15 1,4
M 60 56 40 102 79,87 160 71 61,98 94,2
T(K) 1675 1628 1567 1523 1498 1471 1446 1422 1395
𝜂 (dPa.s) 2,14 2,90 4,32 6,02 7,40 9,42 11,88 15,31 20,64
Como usual os valores de composição são apresentados em % em peso; daí foram convertidos
em frações molares de acordo com
%𝐴⁄𝑀𝐴
𝑋𝐴 =
∑ %𝑖 ⁄𝑀𝑖
Para esta conversão não foram considerados o carbono livre (que reage com o oxigênio da
atmosfera, produzindo 𝐶𝑂 e 𝐶𝑂2 ) ,a quantidade de 𝐶𝑂2 , que está ligada aos carbonatos que
serão decompostos; a quantidade de Flúor ligada na forma de 𝐶𝑎𝐹2 ; apenas os óxidos foram
levados em conta. A basicidade ótica da escória foi então avaliada da forma habitual
∑ 𝑛𝑖 𝑋𝑖 𝛬𝑖
𝛬𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 =
∑ 𝑛𝑖 𝑋𝑖
Assumindo que possa ser aplicada aos pós fluxantes (existem relações específicas, especialmen-
te determinadas para pós de lingotamento contínuo) a equação seguinte
1 𝑒𝑥𝑝(−1,77 + 2,88⁄𝛬𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 )
𝑙𝑛 𝜂 (𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒) = +
0,15 − 0,44 𝛬𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 𝑇⁄1000
103
𝜂𝐺 = 2,96 𝑃
A energia de ativação pode ser encontrada por meio de uma regressão do tipo
𝛥𝐸
𝑙𝑛 𝜂 = 𝑙𝑛 𝜂𝑜 +
𝑅𝑇
𝛥𝐸 = 155862 𝐽⁄𝑚𝑜𝑙
Exemplo: A figura mostra valores de viscosidade no ternário SiO2 – CaO – FeO, a 1600 C. Os
o
valores de basicidade ótica destes óxidos são, respectivamente, 0,48 ; 1 ; 0,51( de acordo com a
formula envolvendo eletronegatividade de Pauling) ou 1,0(de acordo Slag Atlas)
Qual dos valores de basicidade ótica do FeO melhor explica os dados experimentais (justifi-
que)? Trace a curva de isoviscosidade para basicidade ótica de 0,75. Compare, para esta basi-
cidade, valores experimentais com aqueles previstos pela equação de regressão seguinte. Esti-
me a energia de ativação de fluxo viscoso.
105
𝑆𝑖𝑂2 − 𝐹𝑒𝑂
Ligados estes pontos representam a linha de isobasicidade ótica igual a 0,75, e então de isovis-
cosidade igual a
1 𝑒𝑥𝑝(−1,77 + 2,88⁄𝛬𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 )
𝑙𝑛 𝜂 (𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒) = +
0,15 − 0,44 𝛬𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 𝑇⁄1000
1 𝑒𝑥𝑝(−1,77 + 2,88⁄0,75)
𝑙𝑛 𝜂 (𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒) = +
0,15 − 0,44 𝑥 0,75 1873⁄1000
𝜂 = 0,012 𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒
São valores condizentes com escórias básicas e líquidas. Embora da mesma ordem de grandeza
os valores experimentais são bastante superiores aos valores previstos pela fórmula.
Do ponto de vista de se alcançar maior rendimento químico alguns dos requisitos termodinâmi-
cos são, como se nota, discrepantes. Quais são e porque o são? Como então se alcança simul-
tânea desfosforação e desulfuração?
106
A tabela seguinte resume a influência de alguns fatores sobre as reações de desfosforação (de-
P) e desulfuração (de-S), por meio de escória líquida: o símbolo (+) significa que o valor do
parâmetro em análise deve aumentar, para que a reação seja favorecida
Reação Volume Agitação Grau de Temperatura Basicidade
de 𝑊 ⁄𝑡𝑜𝑛 oxidação 𝐾 𝑎𝑂2−
Escória do metal
𝑘𝑔⁄𝑡𝑜𝑛 ℎ𝑂
2− 2−
𝑂 + 𝑆= 𝑆 + 𝑂 + + - + +
2𝑃 + 5𝑂 + 3𝑂2− = 2 𝑃𝑂43− + + + - +
Quanto maior o volume de escória disponível maior o grau de de-P ou de-S, o que é devido à
maior diluição dos produtos da reação, o que rebaixa as atividade dos mesmos. Como ambas
as reações são heterogêneas, de contato metal-escória, são ambas favorecidas por maior agita-
ção. A reação de de-S requer ambiente com baixo potencial de oxigênio, metal desoxidado,
ambiente redutor; enquanto que a reação de de-P requer alto potencial de oxigênio, ambiente
oxidante. Por ser endotérmica a reação de de-S é favorecida pelo aumento de temperatura; o
contrário se espera para a reação de de-P. Como a presença de anions 𝑂2− é necessária para
que ambas as reações aconteçam, o anion 𝑂2− é um reagente em ambas, maior a basicidade da
escória mais efetiva é a de-S ou de-P.
Por outro lado a instabilidade do óxido indica também propensão para que se decomponha de
acordo com
107
1
𝑁𝑎2 𝑂 = 2𝑁𝑎 (𝑔) + 𝑂2 (𝑔)
2
As perdas do reagente por volatilização podem ser importantes: “fumos” podem tomar conta
da área de produção se a exaustão não for eficiente. Quando do contato do Na(g) com o ar da
atmosfera, “frio”, a reação de decomposição se reverte, propiciando a deposição de 𝑁𝑎2 𝑂 nas
estruturas; o sódio metálico é pirofórico. Então existem desvantagens neste procedimentos.
Para fins de análise três pontos, A, B e C foram identificados na figura. As basicidades óticas
foram calculadas seguindo a expressão:
𝑀𝑔𝑂
𝑛𝑂𝑆𝑖𝑂2 𝑋𝑆𝑖𝑂2 𝛬𝑆𝑖𝑂2 + 𝑛𝑂𝐶𝑎𝑂 𝑋𝐶𝑎𝑂 𝛬𝐶𝑎𝑂 + 𝑛𝑂 𝑋𝑀𝑔𝑂 𝛬𝑀𝑔𝑂 + 𝑛𝑂𝐴𝑙2𝑂3 𝑋𝐴𝑙2𝑂3 𝛬𝐴𝑙2𝑂3
𝛬= 𝑀𝑔𝑂
𝑛𝑂𝑆𝑖𝑂2 𝑋𝑆𝑖𝑂2 + 𝑛𝑂𝐶𝑎𝑂 𝑋𝐶𝑎𝑂 + 𝑛𝑂 𝑋𝑀𝑔𝑂 + 𝑛𝑂𝐴𝑙2𝑂3 𝑋𝐴𝑙2𝑂3
ção original Estes segmentos estão traçados na figura. Logo, para as concentrações citadas
podem ser determinados os valores de viscosidade (em Poise)
A alumina é um óxido anfotérico. Adicionada a uma escória básica, escória B, faz aumentar a
viscosidade. Adicionada a uma escória ácida, por exemplo escória C, age como base, rompen-
do as ligações entre tetraedros e diminuindo a viscosidade,. Quanto a este aspecto a escória B
é uma escória de transição.
Exercício: Fornos elétricos de aciaria são aparelhos destinados à fusão de sucata, objetivando-
se o menor valor de tap to tap, desde que outras operações metalúrgicas serão realizadas no
refino secundário. Implica em alto consumo específico de energia (kWh/ton), que é atendido
com energia elétrica e queimadores de combustíveis fósseis, de alta intensidade. Para evitar
radiação direta a partir dos eletrodos aos painéis refratários(o que iria sobreaquece-los impli-
cando em desgaste prematuro) é prática comum se espumar a escória. A espuma recobre o
eletrodo e evita radiação direta. Desta forma se emprega, como ferramenta de controle, o foa-
ming index, para medir a capacidade de espumação da escória. O foaming index reflete o au-
mento da altura da camada de escória quando a mesma é atravessada por gás a uma dada
velocidade, 𝛴 = 𝛥ℎ ⁄𝑉; maior o valor do foaming index maior a capacidade de espumação.
Sugere-se que, por exemplo, para escórias básicas (Luz, A.P., Ceramics International (2018),
https://doi.org/10.1016/j.ceramint.2018.02.186 )
𝜂 1,2
𝛴 = 115 𝛾 0,2𝜌 𝑑 0,9
De acordo com uma formula derivada da equação original de Einstein a viscosidade cresce
monotonicamente com a fração de sólidos dispersos
𝜂 = 𝜂 𝑜 (1 + 2,5 𝜙 + 5,2 𝜙 2 )
Como indicado por Fruehan quanto maior a viscosidade aparente da escória maior a capaci-
dade de retenção das bolhas gasosas, maior o hold up, e maior o índice de espumação. Bolhas
de menor tamanho são individualmente sujeitas a menor empuxo; por isto maior propensão a
serem apreendidas pela escória, maior o hold-up. O que justifica o trecho ascendente da cur-
va. Por outro lado se a quantidade de sólidos dispersos é muito grande, se a viscosidade apa-
rente é muito alta, não se consegue que a coluna de escória seja atravessada por bolhas de
pequeno tamanho e distribuídas uniformemente; a emulsão entra em colapso ou não se forma
Como consequência destas tendências antagônica s se observa um ponto de máximo..
Com base nestes argumentos as composições sugeridas das escórias são aquelas da área iden-
tificada com a letra A, no corte isotérmico (1600 oC). São regiões vizinhas á curva Liquidus do
sistema, mas numa condição onde se espera a presença de líquido e uma pequena quantidade
de sólidos precipitados .Estes sólidos dispersos garantem maior valor de viscosidade e espuma-
ção.
Estime as composições das mesmas em termos de frações molares, determine a basicidade ótica
de cada uma e então os valores de viscosidade. Note, figura a seguir que, de acordo com os
autores os valores de viscosidade inicialmente diminuem com o aumento de basicidade e então
crescem novamente. Este comportamento contradita seus cálculos? E contradita a explicação
introdutória sobre estrutura e viscosidade de escórias? Os autores justificam esta inversão
argumentando que, a partir de “certain critical concentration of CaO a further increase of CaO
is not decisive and partial viscosity of CaO starts to show, which leads to the increase of viscos-
ity in the system.” O que poderia se entender por “viscosidade parcial de CaO”? Identifique as
111
Exercício: Ao final da operação de vazamento tanto aço como escória podem ser observados
no jato livre que cai do BOF à panela. Assuma que o jato seja de forma cilíndrica, ver figura
(R1 é o raio do núcleo contendo escória, de propriedades 𝜌𝑒 e 𝜂𝑒 ; R2 é o raio externo da casca
cilíndrica contendo metal, de propriedades 𝜌𝑚 e 𝜂𝑚 ). Estime o peso desta seção do jato. Assu-
ma, como simplificação, que o jato atinge velocidade terminal de queda, tal que o peso é sus-
tentado pelo atrito da superfície externa do mesmo com a atmosfera: qual a tensão de cisalha-
mento correspondente? Escreva as equações diferenciais que descrevem o fluxo (assumindo
regime permanente, fluxo completamente desenvolvido e laminar), tanto na porção com metal
como na porção com escória. Estabeleça as condições de contorno, que se aplicam nos pontos
r= 0, r=R1 e r=R2,com as devidas justificativas.
Exercício: Os dados seguintes são para escórias do sistema CaO – Al2O3 – SiO2, a 1873K.
Observe que as linhas de isobasicidade ótica são quase coincidentes com as linhas de isobasi-
cidade da cal. De fato se propõe que 𝑙𝑜𝑔 𝑎𝐶𝑎𝑂 = 12,5 𝛬 − 10. Escórias com alto valor de 𝑎𝐶𝑎𝑂
são desejáveis para fins de dessulfuração do aço. Com base na expressão que define basicidade
ótica de escórias a partir das basicidades óticas individuais trace a linha de isobasicidade que
leva à atividade de cal igual a 0,5. Outra preocupação recorrente é com a quantidade de água
estocada em refratários, fundentes e escórias, que podem levar ao aumento do teor de hidrogê-
nio no aço. Propõe-se, para a capacidade de retenção de água pela escória a expressão
𝑝𝑝𝑚 𝐻2𝑂
𝑙𝑜𝑔 0,5 = 12,04 − 32,63 𝛬 + 32,71 𝛬2 − 6,62 𝛬3, ver figura anexa. Qual o trecho da
𝑃𝐻2𝑂
curva se explica pelo equilíbrio 𝐻2 𝑂(𝑔) + 𝑂2− = 2 𝑂𝐻 − ? Justifique.
113
Exercício: A figura seguinte mostra a relação entre valores de dois parâmetros usualmente
utilizados para caracterizar a basicidade de um óxido. Com base na definição de basicidade,
como capacidade de liberar ánions 𝑂2− , como se justifica esta relação?
𝑃𝑂2 1/2
𝐶𝑆 = 𝐾𝑒𝑞 𝑎𝑂2− = 𝑎𝑆 2− [ ]
𝑃𝑆2
é que o valor do mesmo depende unicamente da temperatura e da composição da escória. Os
dados seguintes são de Sankar, A. et al( Physico chemical properties of high alumina blast
furnace slags; 2010 Seetharam Seminar pp58-67) . Com base nos efeitos esperados de variação
de basicidade de uma escória silicatada justifique o comportamento exposto.
ção de álcalis (de acordo com Slag Atlas, pp 15, a saturação ocorre de acordo com
𝑙𝑜𝑔 %𝐾2𝑂 = −7,12 𝛬 + 5,49 )
Exercício: Considere a escória com composição química descrita na tabela seguinte. E stime a basici-
dade ótica e, a partir desta, a viscosidade a 1600ºC. Existe uma boa concordância em relação
ao resultado experimental (ηexp = 0,19Pa.s)?. Estime a energia de ativação de fluxo viscoso
para esta escória por meio de um gráfico de Arrhenius.
Turbulência
Nos exemplos abordados até aqui foi sempre ressaltada uma característica dos fluxos: o
de ser laminar. Parte considerável dos sistemas metalúrgicos envolve turbulência; como
ficará claro ao regime turbulento se associam altas taxas de transporte de quantidade de
movimento, de calor, de massa. Deste modo turbulência, em alguns casos, é desejável.
Portanto seria conveniente verificar se e como o tratamento dispensado aos fluxos lami-
nares pode ser aproveitado para analisar fluxos turbulentos.
Reynolds foi um dos pioneiros do estudo de fluxo turbulentos bem com da transição
entre os regimes laminar e turbulento. Numa experiência clássica introduziu um filete
de tinta junto ao eixo longitudinal de um tubo transparente e de seção reta constante o
qual transportava água. No caso de fluxo laminar observou a ausência de intermistura-
mento na direção radial; o filete se mantinha íntegro ao longo do tubo; no caso do fluxo
turbulento existia dispersão radial e longitudinal da tinta, o filete gradualmente se desfa-
zia.
Admite-se então que a energia mecânica, cedida por alguma fonte externa aos maiores
redemoinhos, se transmite até os menores redemoínhos, de tamanho microscópico,
onde se dá dissipação em calor, por efeito viscoso.
Neste caso, para se descrever a estrutura do fluxo turbulento, se requer refinar a malha
de integração até que a mesma seja mais fina que o menor redemoinho a ser descrito.
Esta tarefa se mostra inviável no caso de sistemas macroscópicos, por exemplo : fluxo
no interior de gás e liquido no interior de um Alto Forno, num LD, num conversor de
refino de mate de cobre. Por extensão, notadamente inviável quando se procura
descrever o movimento do ar atmosférico, das gotículas dispersas, da nuvens, necessário
para a previsão do tempo. Como o método numérico exige, modo geral, esquemas
iterativos nos quais os valores das variáveis em um dado estágio de simulação sejam
armazenados nos nós da malha, a capacidade de computação (memória para
armazenamento e velocidade de cálculo) exigida é proibitiva.
Este tratamento envolve a aplicação do Operador Média sobre todos os termos das
equações que descrevem o fenômeno em estudo. Se 𝐴(𝑡) representa uma variável
qualquer (função de t), em um processo que decorre em regime quase-permanente (
neste caso um fluxo turbulento que, em média, não varia com o tempo, Figura 2-44) ,
então, por definição, o Operador Média aplicado sobre a mesma produz como resultado:
𝑡2
1
𝐴̅ = ∫ 𝐴(𝑡)𝑑𝑡
𝑡2 − 𝑡1
𝑡1
123
A partir deste valor médio se pode calcular a Flutuação de A(t) em torno da média, isto
é
𝐴 = 𝐴̅ + 𝐴′
𝐴̅ = ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐴̅ + 𝐴′ = 𝐴̿ + 𝐴̅′
𝐴̅′ = 0
que a média das Flutuações é igual a zero. Para se atingir este resultado levou-se em
consideração duas propriedades do Operador:
1- a propriedade Distributiva, isto é, ” a média de uma soma é igual à soma das médias
das parcelas ”;
2- “ a média de uma constante é igual à própria constante”.
𝑑𝜌 𝜕 𝜕 𝜕
− = 𝜌 [ (𝑉̅𝑥 + 𝑉𝑥′ ) + (𝑉̅𝑦 + 𝑉𝑦′ ) + (𝑉̅ + 𝑉𝑧′ )]
𝑑𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝜕 𝜕 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝜕 𝜕
(𝑉̅𝑥 + 𝑉𝑥′ ) = (𝑉̅𝑥 + 𝑉𝑥′ ) = (𝑉̅𝑥 + 𝑉
̅̅̅
′
𝑥) = 𝑉̅
𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝑥
𝜕 𝜕
𝑉𝑥 𝑉𝑦 = (𝑉̅ 𝑉̅ + 𝑉̅𝑥 𝑉𝑦′ + 𝑉̅𝑦 𝑉𝑥′ + 𝑉𝑥′ 𝑉𝑦′ )
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝑥 𝑦
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝜕 𝜕 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑉𝑥 𝑉𝑦 = (𝑉̅ 𝑉̅ + 𝑉̅𝑥 𝑉𝑦′ + 𝑉̅𝑦 𝑉𝑥′ + 𝑉𝑥′ 𝑉𝑦′ )
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝑥 𝑦
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝜕 𝜕 ̅̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅′ ̅̅̅̅̅̅′
𝑉𝑥 𝑉𝑦 = (𝑉̅ 𝑉̅ + 𝑉̅𝑥 𝑉𝑦 + 𝑉̅𝑦 𝑉𝑥 + ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉𝑥′ 𝑉𝑦′ )
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝑥 𝑦
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝜕 𝜕
𝑉𝑥 𝑉𝑦 = (𝑉̅ 𝑉̅ + 𝑉̅𝑥 ̅̅̅̅
𝑉𝑦′ + 𝑉̅𝑦 ̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉𝑥′ + 𝑉 ′ ′
𝑥 𝑉𝑦 )
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝑥 𝑦
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝜕 𝜕
𝑉𝑥 𝑉𝑦 = (𝑉̅ 𝑉̅ + ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉𝑥′ 𝑉𝑦′ )
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝑥 𝑦
e então,
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝜕 𝜕 𝜕
𝑉𝑥 𝑉𝑦 = (𝑉̅𝑥 𝑉̅𝑦 ) + ( ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉′ 𝑉′)
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝑥 𝑦
Portanto é fácil notar que, quando este procedimento é aplicado a todos os termos, os
termos em produto de flutuações não se anulam, de modo que a equação de Navier-
Stokes adquire a forma,
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕 𝜕
𝜌 𝑉̅𝑥 = − ̅𝑃 − 𝜌 [ ̅̅̅ 𝑉𝑥 𝑉̅𝑥 + 𝑉̅𝑥 𝑉̅𝑦 + 𝑉̅ 𝑉̅ ] + 𝜂 ∇2 𝑉̅𝑥 + 𝜌 𝑔𝑥
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑥 𝑧
𝜕 𝜕 𝜕
− 𝜌[ ( ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉𝑥′ 𝑉𝑥′ ) + ( ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉𝑥′ 𝑉𝑦′ ) + ( ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉 ′ 𝑉 ′ )]
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑥 𝑧
𝜕 𝜕 𝜕
𝐷𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 = − 𝜌 [ ( ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉𝑥′ 𝑉𝑥′ ) + ( ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉𝑥′ 𝑉𝑦′ ) + ( ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉 ′ 𝑉 ′ )]
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑥 𝑧
Não fossem este termo extra em flutuações a equação em termos de valores médios
seria idêntica à original, de modo que a mesma metodologia empregada para a descrição
de fluxos laminares poderia ser empregada para a determinação de valores médios em
fluxos turbulentos. Claramente o termo em dissipação não pode ser desprezado pois as
126
Observe-se que:
1- a viscosidadade laminar, ou molecular, 𝜂 , é uma propriedade de estado do fluido,
função da Temperatura, Pressão, composição e estado físico;
2- a viscosidade turbulenta, 𝜂𝑡 , não é propriedade de estado do fluido, mas propriedade
do campo de velocidades do fluxo, de modo que seu valor não é, em geral,
conhecido a priori.
𝜕 𝜕
𝜌 𝑉̅𝑥 = − ̅𝑃 − 𝜌 [ 𝜕 ̅̅̅
𝑉 𝑉̅ +
𝜕
𝑉̅𝑥 𝑉̅𝑦 +
𝜕
𝑉̅𝑥 𝑉̅𝑧 ] + (𝜂 + 𝜂𝑡 ) ∇2 𝑉̅𝑥 + 𝜌 𝑔𝑥
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝑥 𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Figura: Campo de velocidades no interior de panela com insuflação de gás inerte, calculado
com auxílio do modelo 𝑘 − 𝜀.
128
Figura: Esquema experimental de Sahai e Guthrie.
Em seguida, para cada combinação de variáveis, os autores ajustaram o valor de 𝜂 𝑡 tal que as
equações de continuidade e Navier-Stokes (em termos de valores médios) reproduzissem o
campo medido. Análise dimensional e estatística deste confronto permitiu sugerir uma fórmula
de cálculo de viscosidade turbulenta – em princípio válida apenas para este tipo de sistema- do
tipo:
𝑔 𝑄 1⁄3
𝜂 𝑡 = 5,5 𝑥 10−3 𝜌𝐿 ( )
𝐷
Pelos menos nos casos mais simples, como exemplificado acima, se torna possível men-
surar o campo de velocidades, tanto em termos de valores médios como em termos de
flutuações.
veis como diâmetro do cilindro, nível de líquido, posição do sensor e vazão de gás. Uma amos-
tra dos resultados é apresentada na figura seguinte. Observe-se que embora a velocidade radi-
al média seja pequena comparada com a velocidade longitudinal média as intensidades das
flutuações nestes sentidos são da mesma ordem de grandeza; isto é as energias cinéticas de
turbulência, “quadrado das flutuações em velocidade”, são aproximadamente iguais. De novo
ressalta-se a importância das flutuações, típicas de regimes turbulentos
𝜂𝑡 ̅̅̅̅̅̅̅
em termos de 𝑉 ′ ′
𝑖 𝑉𝑗 ; Mecânica dos Fluidos, viscosidade;
𝑘𝑡 em termos de ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉𝑖 ′ 𝑇 ′ ; Transferência de Calor, condutibilidade térmica;
𝐷𝑡 em termos de ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉𝑖 ′ 𝐶 ′ ; Transferência de Massa; difusividade de massa.
e sendo único o mecanismo de transporte (convectivo via vórtices) responsável por estas
grandezas, se pode argumentar ser a contribuição turbulenta muito mais importante que
a laminar, em todos os casos. Como já comentado estas não são propriedades de estado
do fluido; seus valores são definidos pelas caracterisiticas do fluxo. Do ponto de vista
matemático estas definições permitem reescrever as equações dos respectivos balanços
de conservação, para regime turbulento, em termos de valores médios, mantendo-se a
mesma forma original das equações.
𝜂𝑡 𝑘𝑡
~𝐷𝑡 ~
𝜌 𝜌 𝐶𝑝
O papel do confinador de turbulência é exemplificado nas figuras seguintes. Aqui o fluxo vindo
da válvula longa é redirecionado no sentido da superfície e, então o sentido de rotação do lí-
quido se mostra invertido. Observa-se que a turbulência se restringe à região próxima da vál-
vula longa, como se desejava.
132
Exercício: Visite o site www.TMS.org, pertencente à The Minerals and Materials Society.
Clique no link da JOM (Journal of Materials) e então procure por artigos do autor B.J.
Thomas. Escolha aquele entitulado Transient Fluid Flow in a Continuous Steel-Slab Casting
Mold ; Brian G. Thomas, Quan Yuan, S. Sivaramakrishnan, and S.P. Vanka
(http://www.tms.org/pubs/journals/JOM/0201/Thomas/Thomas-0201.html)
133
Note-se que a difusividade turbulenta de massa independe da espécie química a ser transporta-
da; redemoinhos(convecção associada aos redemoinhos) são os responsáveis pelo transporte, o
que justifica a independência.
Considere a título de exemplo o fluxo relativo entre um fluido e um corpo nele submer-
so. De posse da descrição geométrica do sistema e de um software de Mecânica Compu-
tacional poderiam ser determinadas as distribuições dos esforços cisalhante e compres-
sivos sobre a superfície do corpo e daí a força de interação corpo/fluido. Para algumas
geometrias específicas a resposta é conhecida para baixos valores do número de Rey-
nolds de modo que estes cálculos seriam mais prementes em regime turbulento. Na au-
sência destas ferramentas “modernas” poderiam ser realizadas medições diretas desta
força de interação, Figura 2- 47.
134
1
𝐹 = 𝑓 ( 𝜌 𝑉 2 ) 𝐴𝑝
2
é uma medida da energia cinética do fluido, por unidade de volume; ou da força de inér-
cia com a qual o fluido impacta sobre o corpo.
Argumenta-se ainda que, em geral, fatores de fricção podem ser apresentados como
função do número de Reynolds,
𝜌𝑉𝐿
𝑅𝑒 =
𝜂
tal como mostrado na Figura 2- 48 para o caso do fluxo em redor de uma esfera.
135
2
𝑉𝑇 = (150 𝑥 10−6 )2 𝑥 9,81 (7000 − 3000) = 0,028 (𝑚⁄𝑠)
9 𝑥 7 𝑥 10−3
Portanto
2𝑅 𝜌 𝑉 7000 𝑥 300 𝑥 10−6 𝑥 0,028
𝑅𝑒 = = = 8,4
𝜂 7𝑥10−3
Por outro lado, o mesmo balanço de forças aplicado sobre a partícula em ascensão, mas consi-
derando o caso mais geral, de não observância da Lei de Stokes, rende quando a velocidade
terminal for atingida, figura a seguir:
4 1
𝜋𝑅 3 𝑔 (𝜌𝐿 − 𝜌𝑝 ) = 𝑓 ( 𝜌𝐿 𝑉 2 ) 𝜋 𝑅 2
3 2
Deste modo, assumindo que a solução se encontra –hipótese que precisa ser posteriormente
comprovada -- no trecho no qual
18,5
𝑓 = 0,6 1 < 𝑅𝑒 < 1000
𝑅𝑒
se encontra:
32 (150 𝑥 10−6 )3 𝑥 9,81
𝑥 7000 𝑥 (7000 − 3000) = 𝑓 𝑅𝑒 2
3 (7 𝑥 10−3 )2
201,806 = 𝑓 𝑅𝑒 2
que combinada com
18,5 = 𝑓 𝑅𝑒 0,6
resulta em
𝑅𝑒 = 5,511
O parâmetro
𝑇𝑅
𝐻
(𝑉 )
𝑎𝑠𝑐
O tempo de residência nominal, ou tempo médio, é o intervalo requerido para que um volume
do líquido do distribuidor seja substituído,
𝑉𝑅 (𝑡𝑜𝑛) 𝑠
𝑇𝑅 = 𝑥 60
𝑃 (𝑡𝑜𝑛⁄𝑚𝑖𝑛) 𝑚𝑖𝑛
40
𝑇𝑅 = 𝑥 60 = 600 𝑠
4
219,46 = 𝑓 𝑅𝑒 2
Assumindo que a solução se encontra –hipótese que precisa ser posteriormente comprovada --
no trecho no qual
18,5
𝑓 = 𝑅𝑒 0,6 1 < 𝑅𝑒 < 1000
𝑅𝑒 = 5,85
Portanto
𝜂 7 𝑥 10−3
𝑉𝑎𝑠𝑐 = 𝑅𝑒 = 5,85 𝑥 = 0,0195 (𝑚⁄𝑠)
2𝑅 𝜌𝐿 300 𝑥 10−6 𝑥 7000
𝐻 1,2
= = 61,53
𝑉𝑎𝑠𝑐 0,0195
Claramente, para inclusões deste tamanho, a flotação é rápida; todas seriam absorvidas pela
escória.
Exercício: Inclusões de cloretos (MgCl2, NaCl, CaCl2) são líquidas nas temperaturas de processamento
de alumínio líquido (2375 𝑘𝑔⁄𝑚3 ) e se transformam em cristais esféricos durante o resfriamento. Consi-
dere a 850 oC uma inclusão líquida de Cloreto de Cálcio (2375 𝑘𝑔⁄𝑚3 ), de diâmetro igual a 30 𝜇𝑚.
Estime o tempo necessário para separação, considerando um lingote de 1 m de altura e que a inclusão
possa ser considerada uma esfera rígida. Para o alumínio considere 𝜂𝑜 = 0,1492 𝑚𝑃𝑎𝑠 ; 𝛥𝐸 =
16500 𝐽⁄𝑚𝑜𝑙 .
Exemplo: A vazão volumétrica de gás de topo (200 oC ; 2,1 atm ) medida em um Alto-forno de
diâmetro da goela igual a 9,3 m é de 7300 𝑚3 /𝑚𝑖𝑛. Sabe-se, também, que a viscosidade média
do mesmo (20% 𝐶𝑂2 , 24% 𝐶𝑂, 54% 𝑁2 ) é de 2,3 𝑥 10−5 𝑃𝑎. 𝑠. i - porque a velocidade termi-
nal da partícula no gás pode ser tomada como uma estimativa da velocidade mínima de elutria-
ção? ; ii - considere que a Lei de Stokes não se aplica e escreva o balanço de forças relativo à
condição de iminente elutriação; iii - estime o diâmetro de uma partícula de hematita (𝜌𝐻 =
5,25 𝑔/𝑐𝑚3 ) a partir do qual haverá elutriação da mesma.
A condição crítica é aquela para a qual a velocidade de queda da partícula no gás é exatamen-
te igual à velocidade (ascendente do gás); um observador externo ao Alto Forno teria a im-
pressão que a mesma estivesse em estado de levitação, em condição de elutriação (arraste pelo
gás) iminente. Se a velocidade de queda da partícula é maior que a velocidade ascendente do
gás a mesma é capaz de vencer a resistência do gás, se deposita na stock line e é processada, se
transformando em gusa.
A condição crítica, de levitação, é expressa por um balanço de forças (Peso – Empuxo = Força
de Interação)
4 1
𝜋𝑅 3 𝑔 (𝜌𝐻 − 𝜌) = 𝑓 ( 𝜌 𝑉 2 ) 𝜋 𝑅 2
3 2
A massa específica do gás pode ser estimada para as condições de temperatura e pressão de
topo, considerando uma massa molecular média de 30,64 x 10−3 (𝑘𝑔⁄𝑚𝑜𝑙 )
A velocidade no topo pode ser estimada a partir da vazão de gás e área de seção reta da goela
do Alto Forno; então
4 𝑄 (𝑚3 ⁄𝑠) 4 𝑥 121,67
𝑉= = = 1,791 (𝑚⁄𝑠)
𝜋 𝐷2 𝜋 𝑥 9, 32
Desta forma as incógnitas na equação do balanço de forças são 𝑓 e 𝑅; esta equação pode ser
reescrita de modo a explicitar o número de Reynolds
4 1
𝜋𝑅 3 𝑔 (𝜌𝐻 − 𝜌) = 𝑓 ( 𝜌 𝑉 2 ) 𝜋 𝑅 2
3 2
8
𝑅 𝑔 (𝜌𝐻 − 𝜌) = 𝑓 𝜌 𝑉 2
3
4 2𝑅 𝜌 𝑉 𝑔 (𝜌𝐻 − 𝜌)𝜂
( ) = 𝑓
3 𝜂 𝜌2 𝑉 3
4 𝑔 (𝜌𝐻 − 𝜌)𝜂
𝑅𝑒 = 𝑓
3 𝜌2 𝑉 3
Neste caso
4 9,81 (5250 − 1,658) 𝑥 2,3 𝑥 10−5
𝑅𝑒 = 𝑓
3 1,6582 𝑥 1,7913
0,1 𝑅𝑒 = 𝑓
se encontra, 𝑅𝑒 = 26,1205
Finalmente, como
2𝑅 𝜌 𝑉
𝑅𝑒 =
𝜂
2𝑅 𝑥 1,658 𝑥 1,791
26,1205 =
2,3 𝑥 10−5
𝑅 = 101 𝜇𝑚
Exemplo: De modo a permitir o esgotamento parcial do cadinho de um alto forno uma perfura-
triz realiza um furo no refratário, de 50 mm de diâmetro e 1120 mm de comprimento. O furo é
feito com inclinação de 10 graus em relação à horizontal. Considere massa específica e visco-
sidade do gusa iguais a 6300 𝑘𝑔⁄𝑚3 e 6,5 mili Pa.s e que a pressão interna na região do ca-
dinho seja cerca de 2,5 atm.
140
O fator de fricção permite estimar a força e atrito entre o gusa e o furo de corrida, pois, por
definição,
1
𝐹𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = 2𝜋𝑅𝐿 𝑓 ( 𝜌𝑉 2 )
2
Esta força precisa ser exatamente contrabalançada pelas forças motrizes de fluxo, a força de-
vida à pressão e a força de gravidade. Desta forma estime a vazão através de um processo ite-
rativo.
De acordo com a equação de Hagen-Poiseuille (válida apenas para regime de fluxo laminar) a
vazão seria dada por
𝜋𝑅 4 𝛥𝑃
𝑄= ( − 𝜌𝑔 𝑠𝑒𝑛𝜙)
8𝜂 𝐿
Uma estimativa da vazão esperada pode ser encontrada considerando-se um forno com produ-
ção diária de 2500 ton/dia. Desta forma a vazão volumétrica média (assumindo vazamento
contínuo) é calculada como
𝑡𝑜𝑛
𝑃[ ] 1
𝑄= 𝑑𝑖𝑎
𝑡𝑜𝑛 𝑠 = 4,13 x 10-3 m3/s
𝜌[ 3 ] 86400[ ]
𝑚 𝑑𝑖𝑎
.
A esta vazão corresponde um valor médio de velocidade igual a
𝑄[𝑚3 /𝑠]
𝑉 = 𝜋𝑅2 [𝑚2 ] = 2,105 m/s
2𝑄 𝜌
𝑅𝑒 = 𝜋𝑅𝜂
= 102022.
141
Antecipa-se, de fato, um fluxo turbulento. A partir desta estimativa pode ser adotado um proce-
dimento iterativo de resolução, como se segue
.
Etapa 1: O valor anterior de número de Reynolds pode ser levado à equação de cálculo do
fator de fricção,
1
= 4 𝑙𝑜𝑔{ 𝑅𝑒 √𝑓 } − 0,40
√𝑓
(2,5-1,0) x 1,013 x 105 x 0,025 - 0,025 x 1,12 x 6300 x 9,81 x 0,1736 = 2 x 1,12 x 0,004482 (1/2
x 6300 𝑉 2 )
0,49578 = 𝑓 𝑉 2
e logo
2𝑅 𝜌 𝑉
𝑅𝑒 = 𝜂 = 509698.
As etapas 1 e 2 podem ser repetidas, iterativamente, até convergência. Um resumo do procedi-
mento é mostrado na tabela
semente 1a iteração 2a iteração 3a iteração 4a iteração
Re 102022 509698 595806 604247 605006
F 0,004482 0,00328 0,003189 0,003181
V (m/s) 2,105 10,51 12,29 12,467 12,484
Assumindo como resposta aproximada um valor de velocidade igual a 12,50 [m/s] estima-se a
vazão em 0,0245 m3/s. Este valor foi provavelmente superavaliado, por se considerar que a
superfície do furo é lisa, sem rugosidade. Cálculos mais completos precisam levar em conside-
ração a rugosidade relativa do furo, definida pela razão
𝜖 (𝑟𝑢𝑔𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎)
𝐷(𝑑𝑖𝑎𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑓𝑢𝑟𝑜)
Leitos fixos são, por definição, aqueles em que as posições relativas das partículas que o
constituem não mudam. São bastante empregados para promover o contato – portanto o
transporte de Quantidade de Movimento, Massa e Calor – entre um fluido e as partícu-
las constituintes. Quando um fluido percorre os canais, ou poros formados entre as par-
tículas de um leito, o mesmo interage com aquelas. Em função da inércia do fluido rela-
tiva ao leito, em consequência da condição de não deslizamento, se desenvolve um
campo de gradientes de velocidades, que se traduz resistência ao fluxo. Macroscopica-
mente esta resistência se manifesta como a queda de pressão necessária para garantir o
fluxo de uma quantidade determinada de fluido através do leito. Existem então algumas
justificativas que tornam clara a necessidade de avaliar esta queda de pressão.
Por exemplo a potência de um soprador, Figura 2.49, necessária para assegurar o fluxo
de um gás através do leito, pode ser estimada pela equação:
143
Das várias implicações possíveis, uma delas indica que, havendo um teto para a potên-
cia disponível ao soprador, a vazão de gás será tão maior quanto menor a queda de pres-
são no leito. Não existe, geralmente, uma relação linear entre vazão de gás e taxa de
transporte de massa e/ou de calor; entretanto maior a vazão maior a taxa de transferên-
cia, o que indica a importância de se controlar a queda de pressão.
De um balanço de forças aplicadas ao leito fixo resulta que a força resultante sobre a
grelha que o suporta, R, é igual à soma “peso do leito + empuxo provocado pelo fluido
+ atrito com as paredes do reator + interação fluido/leito devido ao fluxo”.
A situação crítica, para a fluidização do leito, pode ser estimada desconsiderando o atri-
to leito/reator:
144
−𝐴 𝐿 (1 − 𝑤)𝜌𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 𝑔 + 𝐴 𝐿 (1 − 𝑤)𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑔 + Δ𝑃 𝐴 = 0
Δ𝑃 𝑃𝑜 − 𝑃𝐿
(1 − 𝑤)( 𝜌𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 − 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 ) 𝑔 = =
𝐿 𝐿
Estes dois aspectos, do fluxo de um fluido através de um leito fixo, deixam claro a im-
portância de se estimar a queda de pressão; para tal pode ser utilizada a equação de ER-
GUN, cujos termos se descrevem a seguir.
Δ𝑃 (1 − 𝑤)2 𝜆2 𝜂 (1 − 𝑤)𝜆 𝜌 2
= 150 𝑉𝑜 + 1,75 𝑉
𝐿 𝑤 3 𝑑 2 𝑤3 𝑑 𝑜
Δ𝑃 representa a queda de pressão no leito, caracterizada por uma força que age sobre o
leito 𝐹 = [𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 ] (𝑃𝑎) 𝐴 (𝑚2 ) a qual é devida ao campo de pressões e de tensões
cisalhantes que se desenvolve ao redor de todas as partículas que compõem o leito. 𝐹
representa, portanto, a força de reação ao fluxo;
1 𝑋𝑖
= ∑
𝑑 [𝑑𝑖 𝑑𝑖+1 ]1⁄2
No dia a dia distinguem-se em geral duas definições de massa específica. Uma delas é a
massa específica de uma partícula, razão entre a massa e o volume definido por sua su-
perfície externa; se a partícula é constituída de um único mineral a massa específica
pode ser encontrada em tabelas mineralógicas. Por outro lado, a massa específica a gra-
nel representa a massa específica aparente de um leito de partículas; leva em considera-
ção o volume ocupado pelas partículas e o volume ocupado pelos “vazios”. A primeira
pode ser facilmente determinada por em um picnômetro, a segunda medindo-se a massa
das partículas contidas em um recipiente de volume conhecido. Portanto um balanço de
conservação da massa de partículas pode facilmente interligar as duas definições de
massa específicas. Por exemplo, desde que 𝑀 represente a massa de partículas do leito,
por definição tem-se que:
𝑀
𝜌𝑔𝑟𝑎𝑛𝑒𝑙 =
𝑉𝐿
𝑀
𝜌𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 =
𝑉𝑝
Logo
𝜌𝑔𝑟𝑎𝑛𝑒𝑙 𝑉𝑝
= = (1 − 𝑤)
𝜌𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 𝑉𝐿
𝜌𝑔𝑟𝑎𝑛𝑒𝑙 = (1 − 𝑤)𝜌𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎
1 𝐿1 𝐿2 𝐿3
𝑉𝑃 = ( 𝜋 𝑑 3 ) ( )
6 𝑑 𝑑 𝑑
O fator forma de uma dada partícula, , é definido como a razão entre a área da superfí-
cie da partícula que compõe o leito e a área da superfície de uma esfera de igual volume.
Esquematicamente:
Δ𝑃 Δ𝑃 Δ𝑃
] = ] + ]
𝐿 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐿 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑎 𝐿 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑢𝑙ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ,𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎
Ou
Δ𝑃
= 𝑓1 (𝜂, 𝜆, 𝑤, 𝑑)𝑉𝑜 + 𝑓2 (𝜌, 𝜆, 𝑤, 𝑑) 𝑉𝑜2
𝐿
de modo que é fácil notar que a contribuição turbulenta adquire peso relativo crescente
com o aumento da velocidade ou vazão de fluido. Como sugere a Figura 2-51, é possí-
vel identificar faixas de velocidade específicas nas quais há predominância da contri-
buição viscosa (baixas velocidades, fluxo quase laminar, equação de Darcy) ou predo-
minância da contribuição turbulenta ou inercial (altas velocidades).
148
𝑃𝑀
𝜌= =𝑘𝑃
𝑅𝑇
onde 𝑅 representa a constante dos gases ideais e 𝑀 a massa molecular média do gás; existe
uma relação linear entre pressão e massa específica de um gás.
d𝑃 (1 − 𝑤)2 𝜆2 𝜂 𝐺 (1 − 𝑤)𝜆 𝜌 𝐺 2
− = 150 [ ] + 1,75 [ ]
𝑑𝑧 𝑤3 𝑑2 𝜌 𝐴 𝑤3 𝑑 𝜌𝐴
.
d𝑃 (1 − 𝑤)2 𝜆2 𝜂 𝐺 (1 − 𝑤)𝜆 1 𝐺2
− = 150 + 1,75
𝑑𝑧 𝑤3 𝐴 𝑑2 𝜌 𝑤3 𝐴2 𝑑 𝜌
Como 𝜌 = 𝑘 𝑃 resulta
d𝑃 (1 − 𝑤)2 𝜆2 𝜂 𝐺 (1 − 𝑤)𝜆 1 𝐺2
−𝑃 = 150 + 1,75
𝑑𝑧 𝑤3 𝐴 𝑑2 𝑘 𝑤3 𝐴2 𝑑 𝑘
Exemplo: Ao longo da coluna de carga de um alto forno podem ser identificadas variações de
pressão e temperatura inerentes ao processo, bem com distribuições não uniformes das várias
propriedades do leito. Como citado, em geral, as várias matérias primas são carregadas na
forma estratificada, para minimizar a queda de pressão. A viscosidade e a massa específica do
gás variam também porque a composição do mesmo muda ao longo da coluna de carga, em
função das reações químicas, como redução, calcinação, secagem, etc. Controlar a queda de
pressão no leito é essencial para evitar engaiolamentos seguidos de arriamentos. Num alto
forno bem operado, com zona de reserva química bem desenvolvida, existe uma relação quase
linear entre quantidade de ar soprado, quantidade de gás redutor gerado, quantidade de mate-
150
De fato cita-se (Biswas) para o cálculo da queda de pressão na cuba de um alto forno
∆𝑃 (1 − 𝑤)𝜆 𝜌 ~ 1,72
= 1,75 𝑄
𝐿 𝑤3 𝑑
Assumindo que a porção majoritária da cuba seja isotérmica e com temperatura igual à tempe-
ratura da zona de reserva térmica, que os valores de propriedades do leito possam ser substitu-
ídos por valores médios significativos, que os gases possam ser considerados ideais e que a
vazão mássica de gás seja constante se pode escrever:
1,75 1 (1 − 𝑤)𝜆 𝐿
(𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 ) = 𝐺2
𝑘 𝑃̅ 𝑤3 2
𝐴 𝑑
Nesta equação o valor da constante K deve ser estimado para a s condições da cuba, 𝑘 =
𝑀⁄𝑅 𝑇𝑍𝑅𝑇 e se define uma valor de pressão média na cuba como
𝑃𝑜 + 𝑃𝐿
𝑃̅ =
2
Quanto maior a permeabilidade do leito menor a queda de pressão. Então é conveniente rees-
crever a equação de queda de pressão, agrupando os termos relativos ao leito,
1,75 1 1
(𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 ) = 𝐺2
𝑘 𝑃̅ 𝑤3 𝐴2 𝑑
(1 − 𝑤)𝜆 𝐿
E definir a permeabilidade do leito como
𝑤 3 𝐴2 𝑑
ℙ=
(1 − 𝑤)𝜆 𝐿
1,75 1 1 2
(𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 ) = 𝐺
𝑘 𝑃̅ ℙ
151
A queda de pressão cresce com o quadrado da vazão de ar. Tal fato mostra a sensibilidade do
forno, em termos de engaiolamento, à taxa de sopro. A mesma queda de pressão pode ser man-
tida para maiores taxas de sopro, pelo controle (aumento) da permeabilidade do leito, isto é
valores maiores de ℙ. Estes podem ser alcançados com menor fator forma das partículas (pelo-
tas, granulados), com maior tamanho das partículas e maior porosidade do leito (carregamento
em separado, em faixas granulométricas estreitas). A queda de pressão decresce (e portanto a
possibilidade de engaiolamento) quando aumenta a pressão média no forno; esta última con-
clusão fornece a fundamentação para o emprego de tecnologias capazes de sobre-pressurizar
o Alto Forno, como o “Bell less top” (topo sem sino, Paul Wurth) e o topo com vários sinos.
Exemplo: Alguns parâmetros operacionais de um alto forno de fabricação de gusa são como
segue:
Leito de fusão: massa especifica granel diâmetro Leito de fusão 𝑤 𝜆 𝐿
Coque 500 (𝑘𝑔⁄𝑚3 ) 5 cm 450 (𝑘𝑔⁄𝑡𝑜𝑛) 0,4 1 0,6
Minério 2000 (𝑘𝑔⁄𝑚3 ) 1,5 cm 1600 (𝑘𝑔⁄𝑡𝑜𝑛) 0,4 1
Produção diária 3800 𝑡/𝑑𝑖𝑎; vazão de gás na cuba 1700 𝑁𝑚3⁄𝑡𝑜𝑛; pressão de topo
3,5 𝑎𝑡𝑚; viscosidade do gás de cuba 0,04 𝑐𝑃; diâmetro médio da cuba 7,9 𝑚; altura da cuba
17 𝑚; carga alternada coque/minério sendo altura da camada de coque 0,6 𝑚; fração de vazi-
os 0,4.
Estime: 1- massa e volume de cada camada de coque; 2- massa, volume e espessura da camada
de minério; 3- O numero de camadas de coque e minério necessárias ao enchimento da cuba;
4- a relação entre a massa específica do gás de cuba, de composição média 25% 𝐶𝑂,
20% 𝐶𝑂2 , 𝑒 55% 𝑁2 e a pressão, considerando temperatura constante e igual a 1000 oC; 5- a
queda de pressão na cuba assumindo que a contribuição turbulenta seja dominante e que o gás
seja compressível; 6- Verifique se a queda de pressão na cuba seria grandemente afetada pela
injeção de carvão mineral pelas ventaneiras. Neste caso a uma taxa de injeção de 140 𝑘𝑔/𝑡 o
coque carregado no topo equivale a 330 𝑘𝑔/𝑡. Assuma que a espessura da camada de coque
permanece a mesma.
A figura mostra uma representação de uma das camadas de matéria prima; em termos esque-
máticos está compreendida entre os índice 𝑖 e 𝑖 + 1. Como se conhece a pressão no topo,
𝑃1 = 𝑃𝐿 = 354550 (𝑃𝑎) a equação de Ergun deve ser aplicada, desde o topo, camada por
camada, até o início da cuba.
Figura: representação esquemática das camadas de matérias prima na cuba de um Alto Forno.
152
A espessura presumida da camada de minério pode ser estimada, por comparação com a espes-
sura fornecida de camada de coque; de fato, em regime permanente (com o forno apresentando
estabilidade térmica) as massas de cada camada devem ser proporcionais á quantidade de
cada matéria prima no leito de fusão. Portanto
𝐿𝑚𝑖𝑛é𝑟𝑖𝑜 = 0,533 𝑚
Camadas de minério e coque são empilhadas até preencher a cuba; o total delas será então
𝐿𝑐𝑢𝑏𝑎 17
𝑛(𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑜𝑢 𝑚𝑖𝑛é𝑟𝑖𝑜) = = = 15
𝐿𝑚𝑖𝑛é𝑟𝑖𝑜 + 𝐿𝑐𝑜𝑞𝑢𝑒 0,6 + 0,533
A título de exemplo considere-se que a primeira camada seja de coque; então aplicando
2
𝑃𝑖+1 − 𝑃𝑖2 1,75 (1 − 𝑤)𝜆 𝐿
= 𝐺2
2 𝑘 𝑤3 𝐴2 𝑑
𝑃2 = 355420,71
Δ𝑃𝑐𝑜𝑞𝑢𝑒 = 870,714 (𝑃𝑎)
𝑃3 = 357957,93
Este procedimento precisa ser repetido, de maneira a considerar todas as camadas; como
aproximação a queda de pressão na cuba seria dada por
𝐿𝑚𝑖𝑛é𝑟𝑖𝑜 = 0,727 𝑚
𝑃3 = 358915,93
Exercício: Considere um forno de cuba com diâmetro igual a 9,3 [𝑚]. As condições no topo
correspondem a 2,1 𝑎𝑡𝑚 e vazão de 4480 [𝑁𝑚3 /𝑚𝑖𝑛] de um gás de composição média 20%
de CO, 24% de 𝐶𝑂2 , sendo o restante 𝑁2 . O gás deve ser considerado compressível. Considere
apenas as duas primeiras camadas (coque e minério chapinha, alternadas) e estime a pressão
de gás no ponto de entrada e no ponto de saída de cada camada, assumindo temperatura média
de 900 oC. Realize seus cálculos considerando: 1- ambas as parcelas, laminar e turbulenta; 2-
turbulenta, e compare os resultados.
154
A equação relevante é
𝑃𝑜2 − 𝑃𝐿2 (1 − 𝑤)2 𝜆2 𝜂 (1 − 𝑤)𝜆 1
= {150 3 2
𝐺 + 1,75 2 𝐺2 } 𝐿
2 𝑤 𝑘𝐴𝑑 𝑤3 𝑘𝐴 𝑑
Onde
𝐿 = 15; 𝑤 = 0,4 ; G = 195 ; 𝜂 = 4,3 𝑥 10−5 ; 𝑑 = 0,003 ; 𝜆 = 1
𝜋 𝐷2 𝜋 62
𝐴= = = 28,27
4 4
2
𝑃𝑜2 − (1,2 𝑥 105 )
2
(1 − 0,4)2 4,3 𝑥 10−5
= {150 195
0,43 4,17 𝑥 10−6 𝑥 28,27 𝑥 0,0032
(1 − 0,4) 1
+ 1,75 3 2 1952 } 15
0,4 −6
4,17 𝑥 10 𝑥 28,27 𝑥 0,003
Isto é
2
𝑃𝑜2 − (1,2 𝑥 105)
= {6,668 𝑥 109 + 6,2398 𝑥 1010 } 15
2
Como se nota a contribuição de ordem turbulenta é cerca de 10 vezes a contribuição laminar.
De acordo com estes dados se tem
𝑃𝑜 = 1,444 𝑥 109 (𝑃𝑎) = 14,258 𝑎𝑡𝑚
2
𝑃𝑜2 − (1,2 𝑥 105 )
2
(1 − 0,4)2 4,3 𝑥 10−5
= {150 195
0,43 4,17 𝑥 10−6 𝑥 28,27 𝑥 0,0062
(1 − 0,4) 1
+ 1,75 3 2 1952 } 15
0,4 −6
4,17 𝑥 10 𝑥 28,27 𝑥 0,006
2
𝑃𝑜2 − (1,2 𝑥 105)
= {1,670 𝑥 109 + 3,1199 𝑥 1010 } 15
2
A redução da queda de pressão, como se esperava, é significativa, pois
𝑃𝑜 = 1 𝑥109 (𝑃𝑎) = 9,87 𝑎𝑡𝑚
Exemplo: Num reator de leito fixo (4,5 m de diâmetro, 18 m de altura) pelotas do óxido B for-
mam uma coluna central com diâmetro de 3,0 m, enquanto pelotas do óxido A preenchem o
anel entre o óxido A e as paredes do reator, figura seguinte. As pressões na saída e entrada do
reator são, respectivamente, 6,9 𝑥 104 𝑃𝑎 e 1,72 𝑥 105 𝑃𝑎. Estime a fração de gás que atra-
vessa a coluna central, assumindo comportamento ideal do gás, temperatura uniforme e condi-
ções prevalentemente turbulenta.
A equação relevante é
𝑃𝑜2 − 𝑃𝐿2 (1 − 𝑤)𝜆 1
= 1,75 𝐺2 𝐿
2 𝑤3 𝑘 𝐴2 𝑑
Note-se que, alguns valores de variáveis são comuns a ambos os leitos. Assim ao se formar a
razão entre as vazões se encontra
156
𝑤 3 𝐴2 𝑑
[ ]
𝐺𝐴2 (1 − 𝑤)
= 3 2 𝐴
𝐺𝐵2 𝑤 𝐴 𝑑
[ ]
(1 − 𝑤) 𝐵
Resulta em
0,43 8,842 0,076
𝐺𝐴2 (1 − 0,4) 0,6335
= 3 2 = = 31,83
𝐺𝐵2 0,25 7,07 0,019 0,0199
(1 − 0,25)
𝐺𝐴
= 5,642
𝐺𝐵
Exemplo: Um forno de cuba, figura a seguir, com 6 𝑚 de altura e 1,5 𝑚 de diâmetro) é utiliza-
do para reduzir pelotas de hematita (5000 𝑘𝑔/𝑚3 ) por um gás (35% 𝐶𝑂, 65% 𝑁2 , 950°C). A
massa de pelotas no forno é de 34000 𝑘𝑔, de partículas com 2,5 𝑐𝑚 de diâmetro. Estime a
vazão de gás, sabendo-se que a pressão de sopro vale 3,5 𝑎𝑡𝑚 e a de topo 1,2 𝑎𝑡𝑚; Considere
a equação de Ergun, gás compressível e domínio da contribuição inercial.
Assumindo que se possa considerar:
sistema isotérmico, 950°C, suposição razoável se houver um balanço entre a exotermia
das reações e perdas térmicas;
que a vazão mássica do gás através do leito se conserva constante, o que obviamente é
discutível por ser objetivo do reator promover reações como:
CO + O = CO2
28 g/mol pelota 44 g/mol
𝐺 = 9,01 (𝑘𝑔/𝑠)
Exemplo: Num experimento de laboratório utiliza-se um forno de 3 metros de altura e 0,5 me-
tros de diâmetro. A pressão no topo é de 1,3 atm e a densidade do gás neste ponto é de 1,3
𝑘𝑔/𝑚3 . 30% do forno é carregado com small sinter (1 cm) e existe a opção de carga em sepa-
rado ou em mistura, de dois tamanhos, na razão 2. Considere primeiro que, no carregamento
em separado, a pressão de entrada é o triplo da pressão na saída do forno. Qual seria a pres-
são no ponto intermediário entre as duas camadas? Qual a vazão de gás? O fluxo é, de fato,
turbulento( a viscosidade do gás é 5 𝑥 10−5 𝑃𝑎. 𝑠)? Para o carregamento misturado qual a
queda de pressão, mantida a vazão? Utilize os dados da figura seguinte.
Admite-se, inicialmente, que o fluxo seja predominantemente turbulento. Então se aplica, para
cada camada
158
𝑘 = 9,87 𝑥 10−6
A área de seção reta do forno também o é,
𝜋 𝐷2 𝜋 0,52
𝐴= = = 0,196 𝑚2
4 4
Desde que se informa que os tamanhos de sínter estão na razão 2 os valores de fração de vazios
foram lidos sobre a curva relativa ao sínter, para 𝑑/𝐷 = 0,433. Se a primeira camada, a no
topo do forno, é de small sínter (100% de small sínter, d= 0,01 m 𝑤 = 0,44 ; 𝐿 = 0,3 𝑥 3 =
0,9 𝑚) então sendo 𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜 = 1,3 𝑥 1,013 𝑥 105 𝑃𝑎, e 𝑃𝑖 a pressão intermediária entre as duas
camadas
𝑃𝑖2 − 𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜
2
(1 − 𝑤)𝜆 1
= 1,75 𝐺2 𝐿
2 𝑤3 𝑘 𝐴2 𝑑
De forma semelhante para a camada de fundo do forno, large sínter (100% de large sínter,
𝑑 = 0,02𝑚,𝑤 = 0,42;𝐿 = 0,7 𝑥 3 = 2,1 𝑚)então sendo 𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 3 𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜 =
3 𝑥 1,3 𝑥 1,013 𝑥 105 𝑃𝑎 , e 𝑃𝑖 a pressão intermediária entre as duas camadas
2
𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑃𝑖2 (1 − 𝑤)𝜆 1
= 1,75 𝐺2 𝐿
2 𝑤3 𝑘 𝐴2 𝑑
Por outro lado, considerando o carregamento de small (30% em volume) e large sínter, mistu-
rados, se tem (𝑑 = 0,01 𝑥 0,02)0,5 = 0,014 𝑚, 𝑤 = 0,38 ; 𝐿 = 3 𝑚) então sendo 𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜 =
1,3 𝑥 1,013 𝑥 105 𝑃𝑎 e 𝐺 = 1,566 𝑘𝑔/𝑠
2 2
𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜 (1 − 𝑤)𝜆 1
= 1,75 𝐺2 𝐿
2 𝑤3 𝑘 𝐴2 𝑑
2
𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 1316902 (1 − 0,38) 1
= 1,75 3
𝑥 3 𝑥 3,01952
2 0,38 9,87 𝑥 10 𝑥 0,1962 𝑥 0,014
−6
159
De acordo com os dados a queda de pressão com duas camadas chega a 2,6 atm; com carre-
gamento misturado 3,34 atm.
𝑃𝑜2 − 𝑃𝐿2
= {0,503 𝑥 109 + 3,726 𝑥 1010 }
2𝐿
De fato a contribuição turbulenta é muito mais importante.
𝛥𝑃 𝑤 3 𝐴2
𝑄= √ 𝑑1⁄2
1,75 𝐿 (1 − 𝑤)𝜆 𝜌
160
Isto é, sob estas condições (de queda de pressão constante), a vazão cresce com a raiz quadra-
da do diâmetro das partículas. Como para partículas de 4 mm a vazão é igual a 1 então se tem
que 𝑄 = 0,5 𝑑1⁄2 , curva traçada no gráfico. Inicialmente a curva de produtividade segue a de
vazão: maior a vazão de gás redutor, maior a quantidade de óxido reduzido. Quando o tama-
nho da partícula supera um valor crítico começam a ser verificadas dificuldades crescentes
para que calor seja transferido até o centro da mesma (a redutibilidade depende da temperatu-
ra) e para que o gas redutor seja transferido através da camada de produto M(s) até a interface
de reação M/MO. Como consequência a redutibilidade diminui e a curva de produtividade dei-
xa de acompanhar a curva de vazão; a primeira pode, inclusive, decrescer.
A equação relevante é
𝜋 𝐷2 𝜋 7,92
𝐴= = = 49,02 𝑚2
4 4
𝑀 31,2 𝑥 10−3
𝜌= 𝑃= 𝑃 = 3,2 𝑥 10−6 𝑃 = 𝑘 𝑃
𝑅𝑇 8,314 𝑥 1173
Vem
𝑃𝑜2 − 𝑃𝐿2 0,62 𝑥 1,22 4𝑥 10−5
= {150 𝑥 104,14
2𝐿 0,43 3,2 𝑥 10−6 𝑥 49,02 𝑥 0,022
0,6 𝑥 1,2 1
+ 1,75 3
104,142 }
0,4 3,2 𝑥 10 𝑥 49,022 𝑥 0,02
−6
𝑃𝑜2 − 𝑃𝐿2
= {80,662 𝑥 106 + 1388,35 𝑥 106 }
2𝐿
O que sugere ser dominante a contribuição turbulenta.
𝑃𝑜2 − 3545502
= 1388,35 𝑥 106
2 𝑥 17
A potência de um soprador pode ser estimada pela equação seguinte, sendo que os valores das
variáveis devem ser medidos na saída do mesmo. Note-se que a vazão de ar não é igual à vazão
de gás na cuba, mas que esta última poder estimada considerando a composição do gás de topo
(25% 𝐶𝑂, 20% 𝐶𝑂2 ), a vazão de gás de topo (74,77 𝑁𝑚3 ⁄𝑠) e uma produtividade de
41,78 𝑘𝑔/𝑠 a partir de hematita; então são 55,85 𝑁𝑚3 𝑑𝑒 𝑎𝑟 /𝑠 ou aproximadamente (a
300K e 4,1 atm) 15 𝑚3 /𝑠. Portanto :
𝑃𝑜2 − 3545502
= 1530,66 𝑥 106
2 𝑥 17
Com o aumento de 5% de vazão a queda de pressão na cuba passa de 0,605 atm para 0,662
atm, um aumento de 9,4%. De forma a evitar um aumento expressivo de queda de pressão, que
pode levar a engaiolamento fluidodinâmico, porem sem comprometer a meta de produção, a
permeabilidade da carga deve ser aumentada:
1,75 1 1
(𝑃𝑜 − 𝑃𝐿 ) = 𝐺2
𝑘 𝑃̅ 𝑤 𝐴2 𝑑
3
(1 − 𝑤)𝜆 𝐿
𝑤 3 𝐴2 𝑑
ℙ=
(1 − 𝑤)𝜆 𝐿
Exercício: Um compósito de matriz metálica é para ser obtido a partir de uma dispersão de
partículas de carbeto em alumínio liquido, a 700 0C. Após solidificação no molde a matriz de Al
aporta tenacidade enquanto o reforço carbeto contribui para a rigidez da peca. Para garantir o
162
𝜂 = 0,01 (𝑃𝑎. 𝑠)
Por outro lado preencher os espaços vazios entre as fibras (assumindo 𝑤 = 0,4)em 1 minuto
requer um fluxo de metal da ordem de
𝜋 𝑅2 𝐿 𝑤
(𝑚3 ⁄𝑠)
𝑡
E uma velocidade em vazio igual a
𝐿𝑤
𝑉= = 0,002(𝑚⁄𝑠)
𝑡
A equação de Ergun, para fluido incompressível
𝛥𝑃 (1 − 𝑤)2 𝜆2 𝜂 (1 − 𝑤)𝜆 𝜌 2
= 150 𝑉𝑜 + 1,75 𝑉
𝐿 𝑤 3 𝑑 2 𝑤3 𝑑 𝑜
Exercício: Um alto forno opera com pressão de topo próxima da pressão atmosférica e com
vazão específica de gás igual a 2400 𝑁𝑚3⁄(𝑚2 . ℎ𝑜𝑟𝑎). De modo a manter afastada a possibi-
lidade de engaiolamento fluidodinâmico(seguido de formação de chaminé) a queda de pressão
deve ser de, no máximo, 1,4 atm. Pretende-se aumentar a produtividade, aumentando a vazão
de sopro em 40%; qual deve ser o novo valor de pressão de topo?
Mas a resistência ao fluxo é determinada não só pelo tamanho médio das partículas mas tam-
bém pela forma que estão dispostas: carregamento em camadas; carregamento misturado.
Considere que a parcela turbulenta de perda de carga seja dominante. Na figura seguinte a
Resistência ao Fluxo é calculada como 𝛥𝑃 ⁄𝐿 𝜌 𝑉𝑜2 ; como se nota a carga é menos permeável
se o carregamento é feito com partículas de tamanhos diferentes e misturadas.
Encontre a expressão que permite calcular a Resistência ao Fluxo (que é o inverso de Perme-
abilidade) e estime os valores da mesma, para frações volumétricas de partículas de menor
tamanho igual a 0%, 20%, 40% , 60%, 89% e 100%; verifique se o comportamento citado se
justifica. Assuma que a carga de um AF seja de partículas de 5cm de diâmetro, e de partículas
de 1,0 cm de diâmetro.
Exercício: Estime a queda de pressão num alto forno, assumindo os dados seguintes: tempera-
tura média de 1000 oC; vazão específica de gás 4000 𝑁𝑚3 ⁄(𝑚2 . ℎ𝑜𝑟𝑎); densidade do gás nas
CNTP 1,5 𝑘𝑔⁄𝑚3 ; viscosidade do gás a 1000 oC 4,8 𝑥 10−5 𝑃𝑎. 𝑠; diâmetro médio de partícu-
la 3 cm; fração de vazios 0,35 ; pressão média de 1,6 atm.
pelo gás de topo. Para as condições particulares de construção deste nomograma e conside-
rando um forno de 50 m2 de seção reta, produzindo 2500 ton/dia com coque rate de 550 kg/ton,
seria gerado um volume de gases tal que, se a pressão de topo é mantida em 1 atm, partículas
de minério (5000 kg/m3) menores que 6mm e partículas de coque (1000 kg/m3) menores que 23
mm seriam expelidas do forno. Considere condições típicas de composição e temperatura de
gás topo e estime a vazão e velocidade do mesmo no topo. Determine as condições críticas de
fluidização e elutriação do coque e compare com os dados do nomograma; estime o efeito de se
empregar pressão de topo maior, 2 atm.
Fluidização:
Como indica a equação de Ergun, a queda de pressão através do leito aumenta com o
aumento de vazão do fluido através do mesmo,
Δ𝑃
= 𝐾𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑎 𝑉𝑜 + 𝐾𝑖𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑉𝑜2
𝐿
de modo que, eventualmente, pode ser atingida uma vazão (velocidade) para o qual se
atinge o equilíbrio de forças, Figura 2- 53,
0 = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑃𝑒𝑠𝑜 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐸𝑚𝑝𝑢𝑥𝑜 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑎çã𝑜
165
Neste ponto o leito atinge o estado de fluidização, ao qual corresponde a uma velocida-
de crítica 𝑉𝑚𝑓 , tal que
𝑉𝑜 < 𝑉𝑚𝑓 Leito fixo
𝑉𝑜 ≥ 𝑉𝑚𝑓 Leito fluidizado
Figura 2- 54: Aspectos gerais do comportamento das partículas em leitos fixos e fluidi-
zados.
É fácil argumentar que quando a velocidade do fluido supera o valor crítico, 𝑉𝑚𝑓 , se
observa expansão do leito, mas não necessariamente a expulsão do mesmo de dentro do
recipiente. A experiência na qual se flutua uma bola de ping-pong em um funil ilustra
bem o caso: o aumento da vazão faz com que a bola seja deslocada para uma cota supe-
rior mas a mesma não é expelida do funil; ao se posicionar em cota superior o anel cor-
respondente à área de seção reta de fluxo, entre a bola e as paredes do funil aumenta, de
modo que a velocidade relativa se mantém praticamente constante, Figura 2- 57.
Que é, essencialmente, uma equação de segundo grau em 𝑉𝑚𝑓 . Esta equação pode ser
adimensionalizada considerando os grupos seguintes, e resolvida:
𝑑 𝜌 𝑉𝑚𝑓
𝑅𝑒 =
𝜂
3
𝑑 (𝜌𝑝 − 𝜌)𝜌 𝑔
𝐺𝑎 =
𝜂2
Então se propõe:
o que fornece de
𝑅𝑒 = (1134 + 0,0408 𝐺𝑎)1⁄2 − 11341⁄2
A fração de vazios nos vários estágios do leito fluidizado pode ser estimada
a partir da relação 𝑤 4,7 𝐺𝑎 = 18 𝑅𝑒 + 2,70 𝑅𝑒 1,687 , vide tabela seguinte.
Exemplo: Considerando os dados do exercício anterior, qual a velocidade para a qual o grau
de expansão é igual a 3? Defina de maneira apropriada o Grau de Expansão a partir da equa-
ção de conservação 𝐿𝑜 (1 − 𝑤𝑜 ) = 𝐿𝑚𝑓 (1 − 𝑤𝑚𝑓 ) = 𝐿𝑖 (1 − 𝑤𝑖 )
Não tendo sido fornecida a fração de vazios do leito fixo original pode-se optar por definir o
grau de expansão por
𝐿𝑚𝑓 (1 − 𝑤𝑚𝑓 ) = 𝐿𝑖 (1 − 𝑤𝑖 )
(1 − 𝑤𝑚𝑓 ) 𝐿𝑖
= =3
(1 − 𝑤𝑖 ) 𝐿𝑚𝑓
𝑤𝑖 = 0,81
De acordo com a tabela anterior esta fração de vazios deve ser encontrada na faixa 255 <
𝑅𝑒 < 382. Um valor mais preciso pode ser encontrado(existem outros métodos a serem empre-
gados) por um procedimento iterativo, tal como representado na tabela seguinte:
1⁄1,687
Re (se- 𝑤 4,7 𝐺𝑎 − 18 𝑅𝑒
𝑅𝑒 = [ ]
mente) 2,70 Erro %
300 316,4079 5,185685
316,4079 315,1641 -0,39466
315,1641 315,2585 0,029947
Exemplo: Produz-se ferro esponja em leito fluidizado, através da redução de Fe2O3 (0,5𝑚𝑚
de diâmetro, 5000 𝑘𝑔/𝑚3, leito original com 𝑤 = 0,4 e 0,7 𝑚 de altura) a 1000 K e 1 atm,
por um gás constituído de 50% 𝐶𝑂, 50% 𝐻2, 𝜂 = 2𝑥10−5 𝑃𝑎. 𝑠. Determine: i- os valores das
variáveis na condição de iminente fluidização, 𝑉𝑚𝑓 , 𝑤𝑚𝑓 ; ii- ∆𝑃 na iminência de fluidização e
171
num leito com 70% de expansão; iii - Se a altura inicial do leito é de 0,7 m e a altura útil do
forno igual a 2,5 m, qual a velocidade máxima de operação?
Então , como para um gás ideal de massa molecular média igual a 17 x 103 𝑘𝑔⁄𝑚𝑜𝑙 é
o que fornece de
𝑅𝑒 = (1134 + 0,0408 𝐺𝑎)1⁄2 − 11341⁄2
𝑤𝑚𝑓 = 0,391
Portanto apresenta valor único, independente do grau de expansão. Neste caso se pode calcu-
lar
Δ𝑃 = 𝐿𝑜 (1 − 𝑤𝑜 )𝑔 (𝜌𝑝 − 𝜌) = 0,7(1 − 0,4) 𝑥 9,81 𝑥(5000 − 0,207) = 20600 𝑃𝑎
Assumindo fluidização uniforme leito pode se expandir até atingir altura útil do forno, quando
𝑤 = 0,832, pois
𝐿 (1 − 𝑤𝑜 )
=
𝑙𝑜 (1 − 𝑤)
2,5 (1 − 0,4)
=
0,7 (1 − 𝑤)
O valor de velocidade para a qual isto ocorre pode ser obtido ao se determinar o valor corres-
pondente de número de Reynolds, que atende a restrição
O qual pode ser encontrado por um procedimento iterativo, representado na tabela seguinte:
1⁄1,687
Re (se- 𝑤 4,7 𝐺𝑎 − 18 𝑅𝑒
𝑅𝑒 = [ ]
mente) 2,70 Erro %
20 32,8493 39,11591
32,8493 27,98678 -17,3744
27,98678 29,89064 6,369429
29,89064 29,1554 -2,52181
29,1554 29,44083 0,969519
29,44083 29,33025 -0,37703
Finalmente vem,
𝑑𝜌𝑉
𝑅𝑒 =
𝜂
0,0005 𝑥 0,207 𝑉
29,33 =
2 𝑥 10−5
𝑉 = 5,67 𝑚⁄𝑠
Escolhe-se a velocidade de elutriação como limite superior da faixa porque ela represen-
ta a condição de arraste (transporte pneumático) das partículas para fora do leito. O ar-
raste de partículas pode ser ou não desejável. Finos tendem a ser arrastados; mas tam-
bém partículas parcialmente processadas (secas, reduzidas, calcinadas), o que pode re-
presentar um mecanismo de separação. Quando uma partícula está a ponto de ser arras-
tada, elutriada, a distância média em relação a outras partículas do leito é grande, a fra-
ção de vazios do leito se aproxima de 1, caracterizando a condição de partícula única
envolta pelo fluido. Então, para 𝑤 = 1, a condição de elutriação é dada por
𝐺𝑎 = 18 𝑅𝑒 + 2,70 𝑅𝑒 1,687
De sorte que, para um dado numero de Galileu a amplitude da faixa operacional pode
ser avaliada. Por exemplo, para 𝐺𝑎 = 10000
𝑉𝑒𝑙𝑢𝑡𝑟𝑖𝑎çã𝑜 113,851
𝑅= = = 20,35
𝑉𝑚𝑓 5,593
Exercício: Clora-se Rutilo em reator de leito fluidizado. Uma análise granulométrica do mi-
nério indica a presença de partículas com diâmetros nas faixas: 106/150 µm (78%) e 75/106
µm. Encontre a velocidade mínima de fluidização. Estime a fração de vazios no leito quando a
velocidade de operação é o triplo da velocidade de iminente fluidização. Estime o grau de ex-
pansão do leito. Considere 𝜂 = 3 𝑥 10−5 𝑃𝑎. 𝑠 ; 𝜌 = 0,287 𝑘𝑔/𝑚3 ; 𝜌𝑝 = 3800 𝑘𝑔/𝑚3 .
Exercício: Um leito fixo é constituído de cubos com 0,02 m de aresta. A densidade a granel do
leito é de 980 𝑘𝑔/𝑚3, enquanto que a densidade das partículas chega a 1500 𝑘𝑔/𝑚3 . Estime a
fração de vazios do leito e o fator de forma das partículas. Estime o diâmetro das partículas
como sendo o diâmetro de uma partícula de igual volume e então determine as condições de
iminente fluidização com água a 38 oC (0,7 mPa.s).
Exercício: Considere partículas esféricas de areia (𝜌𝑝 = 2400 𝑘𝑔⁄𝑚3 ) , com distribuição de
tamanho seguinte
𝑑 (mm) 0,1 – 0,2 0,2 – 0,5 0,5 – 0,8 0,8 – 1,0 1,0 – 1,5 1,5 – 2,5
% 15 20 18 32 7 8
Estas devem ser fluidizadas em ar aquecido (500 K, 1 atm, 2,67 𝑥 10−5 𝑃𝑎. 𝑠), para fins de
secagem em um reator de 1 m de altura. Estime a faixa operacional de velocidades (tomando
como critério as velocidade de iminente fluidização e de elutriação).
Kunii(1987) fornece, ver Figura 2-59, expressões para o cálculo do coeficiente de trans-
ferência de calor entre partículas e gases.
174
Exercício: Compare os intervalos de tempo requeridos para aquecer até 400 oC, pelotas de
hematita de 1 cm de diâmetro e finos de hematita de 100 𝜇𝑚 de diâmetro, por um gás contendo
5% de 𝐻2 (o restante sendo 𝑁2 ) a 700 oC. Considere que a velocidade do gás seja o dobro da
velocidade mínima de fluidização, e que o gradiente de temperatura no interior da partícula
possa ser desprezado.
Exemplo: Partículas de Hematita úmida, 𝜌 = 7000 (𝑘𝑔/𝑚3 ), com 50 (𝜇𝑚) de raio, são car-
regadas em um leito fluidizado (nitrogênio a 900oC ; 𝜌𝑁2 = 0,295 (𝑘𝑔/𝑚3 ),
𝜂 = 2,2 𝑥 10−5 (𝑃𝑎𝑠), para fins de secagem. A velocidade do gás é mantida em 1,5 𝑚/𝑠 . Nes-
tas condições a curva de secagem é dada por 𝜌 = 5250 + (7000 − 5250)𝑒 −𝑘𝑡 (𝑘𝑔⁄𝑚3 ),
sendo que para estas condições k alcança o valor de 2,59 𝑥 10−3 𝑠 −1 e t representa o tempo de
permanência no reator, em segundos. Depois de quanto tempo partículas de hematita começa-
rão a ser expelidas do forno?
As partículas começarão a ser expelidas quando a perda de massa(água evaporada, for tal que
se alcance a condição de elutriação. Para determinar esta condição avalia-se o numero de
Reynolds
2𝑅 𝜌𝑁2 𝑉 100 𝑥 10−6 𝑥 0,295 𝑥 1,5
𝑅𝑒 = = = 2,011
𝜂 2,2 𝑥 10−5
O que permite inferir que
18,5
𝑓= = 12,164
𝑅𝑒 0,6
O balanço de forças para a condição de elutriação é dado por
4 1
𝑅𝑔 (𝜌 − 𝜌𝑁2 ) = 𝑓 ( 𝜌𝑁2 𝑉 2 )
3 2
4 1
𝑥 50 𝑥 10−6 𝑥 9,81 (𝜌 − 0,295) = 12,164 ( 𝑥 0,295 𝑥 1,52 )
3 2
𝑡 = 247 𝑠
Exemplo: Utiliza-se um leito fluidizado contínuo para a secagem de partículas esféricas e uni-
formes. É possível assumir que o leito fluidizado se comporta como um reator de mistura per-
feita, e que o processo de secagem seja controlado por transporte de calor através da camada
limite gás-partícula. Encontre a expressão correspondente a distribuição dos tempos de resi-
176
dência. Estime a fração media de umidade, se o tempo médio de residência for igual a três ve-
zes o tempo necessário para completa secagem de uma partícula.
Integração desta equação permite determinar a evolução do grau de umidade ao longo do pro-
cesso,
4 𝑑
ℎ (𝑇𝑔 − 𝑇𝑝 ) 4𝜋𝑅 2 = −𝐻𝜌 3
𝜋𝑅 3 𝑑𝑡 𝑋
3ℎ (𝑇𝑔 − 𝑇𝑝 ) 𝑑𝑋
− =
𝑅𝐻𝜌 𝑑𝑡
3ℎ (𝑇𝑔 − 𝑇𝑝 )
𝑋𝑜 − 𝑋 = 𝑡
𝑅𝐻𝜌
Portanto o o tempo necessário para secar completamente cada partícula, seria dado como
𝑋𝑜 𝐻 𝜌 𝑅
𝑡𝑓 =
3 ℎ (𝑇𝑔 − 𝑇𝑝 )
Para um leito trabalhando em regime contínuo, como um reator de mistura perfeita, a curva de
decaimento de concentração de um traçador injetado em pulso na entrada obedece a uma rela-
ção do tipo
𝑡 𝑚 𝑡
𝐶= 𝐶𝑜 𝑒 − ⁄𝜏 = ( ) 𝑒 − ⁄𝜏
𝑉
Neste caso, sendo 𝑀 (𝑘𝑔) a massa de partículas no leito; 𝐺(𝑘𝑔⁄𝑠) sendo o fluxo em massa de
partículas, se pode calcular que
𝑀
𝜏=
𝐺
Sabe-se também que, para um reator de mistura perfeita, a fração de elementos (partículas,
neste caso) com tempo de residência entre 𝑡 𝑒 𝑡 + 𝑑𝑡 pode ser encontrada como
1 −𝑡/𝜏
𝑓(𝑡) = 𝑒
𝜏
Expressão que representa a função de densidade de distribuição de tempos de residência. Fisi-
camente esta expressão indica que algumas partículas permanecem por intervalos de tempo
muito curtos no interior do reator e podem não experimentar a oportunidade de secagem com-
pleta; outras partículas permanecem no interior do reator por intervalos de tempo superiores
177
ao tempo requerido para secagem completa. Portanto uma amostra de partículas recolhida na
saída do reator contém partículas com grau de umidade entre 𝑋𝑜 e 𝑋.
O valor médio do grau de umidade, considerando que a amostra recolhida contem partículas
secas e partículas úmidas, e que partículas com tempo de residência superior a 𝑡𝑓 já se encon-
tram completamente secas pode ser calculado como
𝑡𝑓
𝑋𝑚 = ∫ 𝑋 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
𝑜
𝑡𝑓 3ℎ (𝑇𝑔 − 𝑇𝑝 )
𝑋𝑚 = ∫ { 𝑋𝑜 − 𝑡 } 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
𝑜 𝑅𝐻𝜌
𝑡𝑓 3ℎ (𝑇𝑔 − 𝑇𝑝 ) 1 −𝑡
𝑋𝑚 = ∫ { 𝑋𝑜 − 𝑡} 𝑒 𝜏 𝑑𝑡
𝑜 𝑅𝐻𝜌 𝜏
𝑡𝑓
𝑋𝑚 𝑡 1 −𝑡
= ∫ {1− } 𝑒 𝜏 𝑑𝑡
𝑋𝑜 𝑜 𝑡𝑓 𝜏
Por exemplo, mesmo quando o tempo médio de residência é três superior ao tempo de secagem,
isto é,
𝜏 = 3 𝑡𝑓
Se encontra que
𝑋𝑚
= 0,15
𝑋𝑜
Exercício: Ustula-se sulfeto de zinco em reator de leito fluidizado, operando em regime conti-
nuo (entrada e saída dos sólidos). A área de seção reta do forno é de 40 𝑚2 ] e altura de leito
cerca de 2𝑚. As partículas se concentram, principalmente, na faixa 106/150 𝜇𝑚. Estime a fra-
ção de vazios e a velocidade de gás na condição de iminente fluidização (assuma propriedades
do ar a 900 oC e massa especifica dos sólidos igual a 3 𝑔/𝑐𝑚3 ). Estime a velocidade necessá-
ria para se atingir fração de vazios igual a 0,8. 0 engenheiro, futuro responsável pelo equipa-
mento, argumenta que para se atingir um grau de conversão mínimo seria necessário prever
um sistema de recirculação pois o padrão de fluxo dos sólidos se aproxima do padrão corres-
pondente a um reator de mistura perfeita. O fabricante contra-argumenta e afirma que uma
amostragem na saída revelaria que todas as partículas de sulfeto mostrariam igual grau de
oxidação. Qual deles teria razão, e sob que condições?
Exemplo: Faz-se uma camada (10% hematita- 90% sílica ) de 0,3 m de altura em um forno. A
altura do forno é igual 2 𝑚. As partículas de hematita (5000 𝑘𝑔/𝑚3 ) e sílica(2700 𝑘𝑔/𝑚3 )
são de mesmo tamanho, 0,2 𝑚𝑚. Se o gás apresenta propriedades como 1 kg/m3 e 4,5 𝑥 10−5
Pa.s, qual a velocidade mínima de operação, para que o leito esteja totalmente fluidizado?
Qual a velocidade para a qual as duas fases começam a se separar?
Como se trata de um leito composto de dois materiais diferentes se faz necessário apontar al-
gumas suposições que facilitem o cálculo, por exemplo que uma espécie não influencia o com-
portamento da outra (dependendo das frações volumétricas de uma e outra, e de como foram
dispostas no leito fixo esta suposição pode ser criticada).
Portanto o limite inferior de velocidade operacional é 0,0263 𝑚⁄𝑠; para assegurar que a he-
matita também fluidize.
Para qualquer velocidade acima da velocidade de iminente fluidização leitos constituídos indi-
vidualmente de sílica ou hematita podem se expandir até a extremidade do reator. Uma camada
de 0,03m de hematita(10% de 0,3m) atinge a extremidade do reator com 2 m de altura quando
𝑤 = 0,992
𝐿 (1 − 𝑤𝑜 ) 2 (1 − 0,45)
= = =
𝑙𝑜 (1 − 𝑤) 0,03 (1 − 𝑤)
𝑅𝑒 = 6,669
Cálculos semelhantes para a sílica indicam 𝑤 = 0,926 , para uma camada de 0,27 m
𝐿 (1 − 𝑤𝑜 ) 2 (1 − 0,45)
= = =
𝑙𝑜 (1 − 𝑤) 0,27 (1 − 𝑤)
𝑅𝑒 = 3,06
𝜌𝑀 ∆𝐻 𝑅 2
𝜏=
𝑘𝐶𝑎𝑂 ∆𝑇
onde 𝜌𝑀 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 ) é a densidade molar de 𝐶𝑎𝐶𝑂3 ; ∆𝐻(𝐽/𝑚𝑜𝑙) é a variação de entalpia da
reação 𝐶𝑎𝐶𝑂3 = 𝐶𝑎𝑂 + 𝐶𝑂2 ); 𝑘𝐶𝑎𝑂 (𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 ) é a condutibilidade térmica do 𝐶𝑎𝑂 e
∆𝑇 (𝐾) é a diferença entre temperaturas dos gases e de calcinação.8- Qual deve ser a taxa de
alimentação de 𝐶𝑎𝐶𝑂3 requerida para manter estável a operação? Assuma que o intervalo de
tempo necessário para calcinar o calcário pode ser estimado como sendo a soma daquele re-
querido para aquecer a partícula até 1000 oC (temperatura teórica de calcinação) e daquele
necessário para a reação química.
𝑁𝑢 = 2𝑅 ℎ⁄𝑘 ; 𝑅𝑒 = 2𝑅 𝜌 𝑉⁄𝜂 ; Pr = 𝜂 𝐶𝑝 ⁄𝑘
Então a interação (choques) entre partículas impede que a porção arrastável seja imedia-
tamente expulsa do aparelho. Se propõe escrever:
𝐸
= 𝑒 −𝐾𝐸 𝑡
𝐸𝑜
Esta formulação é válida para leitos constituídos de duas frações granulométricas, sendo
a menor inferior a 0,2. Neste caso 𝐾𝐸 pode ser obtido a partir do gráfico exposto na Fi-
gura 2-62 (Kunii Levenspiel, 1987).
2 𝑅 2 𝑔( 𝜌𝑝 − 𝜌)
𝑉𝑇 =
9𝜂
2 (50 𝑥 10−5 )2 𝑥 9,81 𝑥 (5250 − 0,0205)
𝑉𝑇 = = 1,30 𝑚⁄𝑠
9 𝑥 2,2 x 10−5
o que confirma a validade da lei de Stokes (caso contrário uma formulação mais geral, em ter-
mos de fator de fricção deveria ser adotada ) e, adicionalmente, que as partículas em questão
seriam de fato elutriáveis.
Ao valor da abcissa, Re, igual a 0,121, corresponde um valor de ordenada de 1,21 x 10−3 , por-
tanto:
𝑚𝐵 𝑔 𝑑2
𝜓 = 𝐾𝐸 ( ) = 1,21 x 10−3
𝐴 𝜂 (𝑉 − 𝑉 )2
𝑜𝑝 𝑇
o que resulta
𝐾𝐸 = 3,48 x 10−5 𝑠 −1
Exercício: Esferas de óxido de níquel, de densidade igual a 6600 𝑘𝑔⁄𝑚3 são fluidizadas com
ar quente, de densidade e viscosidade iguais a 0,8 𝑘𝑔⁄𝑚3 e 2,1 𝑥 10−5 𝑃𝑎. 𝑠. A velocidade do
ar é igual a 2,0 𝑚⁄𝑠 . Encontre o tamanho crítico a partir do qual as partículas se encontram
fluidizadas; qual o tamanho da partícula para a qual a fração de vazios é igual a 0,7? Estime
todos os adimensionais mencionados no diagrama de REH, em anexo; identifique as condições
operacionais no diagrama.
184
1/3 1/3
𝜌2 𝜌(𝜌𝑝 − 𝜌)𝑔
𝑉 ∗ = 𝑉 [𝑔(𝜌 ] ; 𝑑∗ = 𝑑 [ 𝜂2
]
𝑝 − 𝜌)𝜂
185
Exercício: Assuma que para todo e qualquer leito fluidizado as forças Peso, Empuxo e de Inte-
ração Fluido – Partícula se anulam e, como tal se pode escrever:
𝛥𝑃 (1 − 𝑤)2 𝜆2 𝜂 (1 − 𝑤)𝜆 𝜌 2
= (1 − 𝑤)( 𝜌𝑝 − 𝜌) 𝑔 = 150 3 2
𝑉 + 1,75 𝑉
𝐿 𝑤 𝑑 𝑤3 𝑑
Mostre que a equação precedente pode ser rescrita em função dos adimensionais de Galileu e
de Reynolds,
𝑑𝜌𝑉 𝑑 3 (𝜌𝑝 −𝜌)𝜌 𝑔
𝑅𝑒 = 𝜂
; 𝐺𝑎 = 𝜂2
e ainda considerando partículas esféricas, na forma
(1 − 𝑤) 1,75 𝜌
𝐺𝑎 = 150 𝑅𝑒 + 𝑅𝑒 2
𝑤3 𝑤3 𝑑
Finalmente trace o diagrama de Reh, admitindo que incipiente fluidização se dá para w = 0,4.
Inclua nos cálculos valores para número de Reynolds igual a 1, 10, 100, 1000 e 10000 e valo-
res de fração de vazio iguais a 0,5 , 0,6, 0,7 0,8, e 0,9.
186
Exercício: Considere que o estado fluidodinâmico de um leito pode ser caracterizado por meio
do diagrama de Reh, figura seguinte.
Pretende-se reduzir minério de ferro (Fe2O3, 1mm), a 1 atm e 950 oC, empregando
gás(monóxido de carbono, 4,44 𝑥 10−5 𝑃𝑎. 𝑠). Encontre a velocidade mínima de fluidização; a
velocidade necessária para se alcançar fração de vazios igual a 0,7; a fração de vazios após
redução a wustita. Verifique, de posse dos adimensionais citados, de fato se define um ponto na
região R (recomendada para a operação destes reatores).
O critério de arraste por elutriação vem do balanço de forças para a condição de sustentação
de partícula única:
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑃𝑒𝑠𝑜 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐸𝑚𝑝𝑢𝑥𝑜 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑑𝑒 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑎çã𝑜
Isto é
𝜋 𝑑3 1 𝑑2
𝑔 (𝜌𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 − 𝜌𝑔á𝑠 ) = 𝑓 𝜌𝑔á𝑠 𝑉 2 𝜋
6 2 4
Substituindo 𝑉 = 𝜂 𝑅𝑒⁄𝑑 𝜌𝑔á𝑠 vem que
2
𝜋 𝑑3 1 𝜂 𝑅𝑒 𝑑2
𝑔 (𝜌𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 − 𝜌𝑔á𝑠 ) = 𝑓 𝜌𝑔á𝑠 [ ] 𝜋
6 2 𝑑 𝜌𝑔á𝑠 4
E após simplificações
4 𝑑3 𝑔 (𝜌𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 − 𝜌𝑔á𝑠 ) 𝜌𝑔á𝑠
= 𝑓 𝑅𝑒 2
3 𝜂2
187
A pressão e a temperatura do gás de topo são conhecidas. Então a densidade do gás no topo é
𝑃(𝑃𝑎) 𝑀(𝑘𝑔⁄𝑚𝑜𝑙 ) 1,5 𝑥 1,013 𝑥 105 𝑥 33 𝑥 10−3 𝑘𝑔
𝜌𝑔á𝑠 = 𝑅(𝐽⁄𝑚𝑜𝑙.𝐾) 𝑇(𝐾)
= 8,314 𝑥 373
= 1,618 𝑚3
A velocidade de gás topo pode ser estimada a partir da produtividade específica do forno (por
m2 de seção reta do forno)
25 (𝑡𝑜𝑛⁄𝑚2 . 𝑑𝑖𝑎) 𝑘𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑔á𝑠 𝑔
𝑉= 𝑥 80 ( ) 𝑥 33 ( )⁄1,618 (𝑘𝑔⁄𝑚3 ) = 0,472 𝑚/𝑠
86400 (𝑠⁄𝑑𝑖𝑎) 𝑡𝑜𝑛 𝑚𝑜𝑙
Para pressão de topo igual a 3 atm (o dobro da anterior) a densidade do gás passa a ser (o
dobro da anterior)
𝑃(𝑃𝑎) 𝑀(𝑘𝑔⁄𝑚𝑜𝑙 ) 3,0 𝑥 1,013 𝑥 105 𝑥 33 𝑥 10−3 𝑘𝑔
𝜌𝑔á𝑠 = = = 3,236 3
𝑅(𝐽⁄𝑚𝑜𝑙. 𝐾) 𝑇(𝐾) 8,314 𝑥 373 𝑚
TRANSPORTE DE MASSA
Por exemplo, um sólido pode ser monocristalino ou policristalino, a depender como foi
processado termomecanicamente (a história!); a difusão no monocristal é intragranular
enquanto que no policristal a mesma pode ser intragranular e intergranular; como a região
intergranular é por natureza de maior conteúdo de defeitos nesta a movimentação atômica
é mais fácil embora a área intergranular disponível para o fluxo possa ser menor, Figura 3-
1.
O índice A, X sugere que a difusividade pode apresentar valores diferentes, de acordo com
a orientação coordenada; isto em geral decorre da textura do material sólido, por causas
naturais ou artificiais. A Figura 3-2 mostra um exemplo de material policristalino, com
textura de encruamento e a textura natural da madeira, exemplificando a direção preferen-
cial de fluxo.
𝑑𝐶
O termo 𝑑𝑥𝐴 é o gradiente de concentração, representativo do gradiente de potencial quí-
mico, força motriz da difusão ordinária.
A difusividade pode ter uma interpretação meramente estatística. Por exemplo, na Figura
3-3 se representa uma imagem de um sólido, tal que existe na direção OX um gradiente de
concentração. 𝐶(á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠⁄𝑚2 ) é a concentração da espécie de interesse no plano cristalo-
gráfico, 𝛿(𝑚) representa o espaçamento entre os planos. Admite-se que, em função de
vibrações térmicas sempre presentes acima do zero grau absoluto, os átomos estão propen-
sos a saltar, nas três direções, com uma frequência Γ (𝑠 −1 ). Então, considerando na direção
190
OX os átomos podem trocar de posição por saltos à esquerda ou à direita, com igual pro-
babilidade, se pode estimar o fluxo como
´
𝑛𝐴,𝑥 = 0,5 [𝐶𝐴1 − 𝐶𝐴2 ] Γ (á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠⁄𝑚2 𝑠)
É comum se relatar o fluxo em 𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚2 𝑠 e a concentração em 𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 . A relação entre
concentrações pode ser escrita como
𝐶(á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠⁄𝑚2 )
= 𝐶(á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠⁄𝑚3 )
𝛿 (𝑚)
Enquanto a diferença entre concentrações pode ser expressa como
𝑑𝐶
Δ𝐶 = − 𝛿
𝑑𝑥
O que permite escrever
´ [𝐶𝐴1 − 𝐶𝐴2 ] Γ
𝑛𝐴,𝑥 𝑑𝐶𝐴 𝛿2 Γ
𝑛𝐴,𝑥 (𝑚𝑜𝑙𝑠⁄𝑚2 𝑠) = = 0,5 =− [ 0,5 ]
𝑁 𝑁 𝑑𝑥 𝑁
Por analogia com a Lei de Fick, nesta interpretação puramente estatística do fenômeno, se
encontra que a difusividade está relacionada ao parâmetro
𝛿 2 Γ (𝑚2 𝑠 −1 )
Um outro tratamento considera que a espécie 𝑖 a ser transportada está sujeita a uma força
que é a soma de forças oriundas de gradientes de potencial, químico, eletrostático, etc. E
que se movimenta com uma velocidade 𝑣𝑖 sob a ação destas forças de acordo com uma
mobilidade própria, 𝐵𝑖 , característica dela mesma e do meio. Então
𝑛𝐴,𝑥 = 𝑣𝑖 𝐶𝑖 = 𝐵𝑖 (∑ 𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑠) 𝐶𝑖
𝑑𝜇𝑖 𝑑𝜑
𝑛𝐴,𝑥 = 𝐵𝑖 (− − 𝑧𝑖 𝐹 ) 𝐶𝑖
𝑑𝑥 𝑑𝑥
191
𝑑𝜇𝑖 𝑑 ln 𝛾𝑖 1 𝑑𝐶𝑖
= 𝐾𝐵 𝑇 [ + ]
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝐶𝑖 𝑑𝑥
Resulta
𝑑𝜇𝑖 𝑑𝜑
𝑛𝐴,𝑥 = 𝐵𝑖 (− − 𝑧𝑖 𝐹 ) 𝐶𝑖
𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑑 ln 𝛾𝑖 1 𝑑𝐶𝑖 𝑑𝜑
𝑛𝐴,𝑥 = 𝐵𝑖 (− 𝐾𝐵 𝑇 [ + ] − 𝑧𝑖 𝐹 ) 𝐶𝑖
𝑑𝑥 𝐶𝑖 𝑑𝑥 𝑑𝑥
Numa situação particular em que o coeficiente de atividade é praticamente constante a ex-
pressão anterior se simplifica em
𝑑𝐶𝑖 𝑧𝑖 𝐹 𝑑𝜑
𝑛𝐴,𝑥 = − 𝐾𝐵 𝑇 𝐵𝑖 [ + 𝐶𝑖 ]
𝑑𝑥 𝐾𝐵 𝑇 𝑑𝑥
Exemplo: Considere o eletro-refino de cobre, a partir de uma solução diluída de sulfato de co-
bre. As espécies iônicas são o 𝐶𝑢2+ e 𝑆𝑂42− e o transporte de ambas é afetado por gradientes de
concentração e de campo elétrico. Se pode escrever
𝑑𝐶𝐶𝑢2+ 2𝐹 𝑑𝜑
𝑛𝐶𝑢2+ = − 𝐷𝐶𝑢2+ [ + 𝐶𝐶𝑢2+ ]
𝑑𝑥 𝐾𝐵 𝑇 𝑑𝑥
𝑑𝐶𝑆𝑂42− 2𝐹 𝑑𝜑
𝑛𝑆𝑂42− = − 𝐷𝑆𝑂42− [ − 𝐶𝑆𝑂42− ]
𝑑𝑥 𝐾𝐵 𝑇 𝑑𝑥
Entretanto não existe fluxo líquido de 𝑆𝑂42− , apenas de 𝐶𝑢2+ . Além do mais as concentrações de
𝐶𝑢2+ e 𝑆𝑂42− precisam ser iguais como condição de eletroneutralidade local. Desta forma a equa-
ção anterior se escreve
𝑑𝐶𝑆𝑂42− 2𝐹 𝑑𝜑
0 = − 𝐷𝑆𝑂42− [ − 𝐶𝑆𝑂42− ]
𝑑𝑥 𝐾𝐵 𝑇 𝑑𝑥
Considere-se novamente o caso em que apenas a difusão ordinária é atuante. Então a for-
mulação da velocidade de transporte resulta em:
𝑑𝐶
𝑁𝐴,𝑥 = 𝑉𝑥 𝐶𝐴 − 𝐷𝐴,𝑥 𝑑𝑥𝐴
192
Ressalte-se que a verdadeira força motriz para o transporte difusivo ordinário, à temperatu-
ra e pressão constantes, é o potencial químico. Entretanto potencial químico e composição
estão relacionados de acordo com, ver Figura 3.4:
𝜇𝑖 = 𝜇𝑖𝑜 + 𝑅𝑇 ln 𝛾𝑖 𝑋𝑖
Figura 3.4: variação esquemática de potencial químico com composição no interior de uma
fase.
de modo que, no interior de uma dada fase, gradientes de composição se traduzem em gra-
dientes de potencial químico. Entretanto no transporte entre fases o gradiente de potencial
químico como força motriz precisa estar explícito na formulação.
193
Modo geral várias espécies, i = A, B, C, ... estão presentes, de sorte que para cada uma
delas é necessário quantificar a taxa de transporte:
𝑑𝐶
𝑁𝑖,𝑥 = 𝑉𝑥 𝐶𝑖 − 𝐷𝑖,𝑥 𝑑𝑥 𝑖
N A, x
Z
N A, y
N A, z
X
Figura 3.6: uma situação hipotética de convecção induzida por difusão de espécie.
195
Se este filme é levado ao contato com uma fase gasosa contendo a espécie solúvel A, então
é possível observar cenários diferentes de transporte, a depender de combinações de vari-
áveis como difusividade e tempo de contato. A configuração esquematizada na figura é
válida para o caso em que a capacidade de penetração da espécie é pequena. Esta suposi-
ção permite inferir que viscosidade e massa específica do líquido não se alteram substan-
cialmente e que a solução para o campo de velocidades permanece aplicável. Neste caso o
balanço de conservação de espécie A pode ser escrito, para regime permanente, como
𝜕 𝑁𝐴,𝑧 𝜕 𝑁𝐴,𝑥
+ = 0
𝜕𝑧 𝜕𝑥
Onde
𝑑 𝐶𝐴
𝑁𝐴,𝑥 = −𝐷𝐴 e 𝑁𝐴,𝑧 = 𝑉𝑧 𝐶𝐴
𝑑𝑥
Para se chegar a estas últimas duas aproximações foi assumido que, na direção OZ, o
transporte por convecção é muito mais importante que o transporte por difusão, o que é
razoável a menos que a velocidade de descida do líquido seja extremamente baixa; por
outro lado, na direção OX, mais razoável é ignorar transporte convectivo em comparação
com o difusivo.
Portanto
𝜌 𝑔 𝛿2 𝑥 2 𝜕𝐶 𝜕2 𝐶𝐴
𝐴
[1−(𝛿) ] = 𝐷𝐴
2𝜂 𝜕𝑧 𝜕𝑥 2
𝜕 𝐶𝐴
z=0 𝐶𝐴 = 0 ; x=0 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴𝑜 ; 𝑥 = 𝛿 =0
𝜕𝑥
As dificuldades citadas podem ser evitadas em alguns casos, alguns deles abordados a se-
guir.
Como se trata de “altas“ temperaturas uma análise termodinâmica indica ser o monóxido
de carbono o produto majoritário da reação de combustão, 2C(s) + O2 = 2 CO (g), e logo
os gases do capilar são constituídos de CO, N2 e O2, produzindo-se gradientes de compo-
sição como os esquematizados.
Neste caso se for considerada válida a suposição de Estado Quase Estacionário, para o
qual se assume “a não acumulação de reagentes e produtos em qualquer posição do sis-
tema” pode ser inferido:
a taxa de transporte de O2 é igual à taxa de consumo por reação química;
a taxa de transporte de CO é igual a taxa de produção por reação química.
197
De modo que sendo a estequiometria de reação retratada por O2 (g) + 2C (s) = 2 CO (g) ,
então
− 2 𝑁𝑂2 = 𝑁𝐶𝑂 .
De modo análogo se for possível assumir que o N2 seja um gás inerte (não reage com
qualquer outra espécie; insolúvel na grafita), então efetivamente o nitrogênio não é trans-
portado num ou noutro sentido:
𝑑 𝐶𝑁2
𝑁𝑁2,𝑥 = 𝑋𝑁2 ∑ 𝑁𝑖,𝑥 − 𝐷𝑁2 =0
𝑑𝑥
Isto é contribuição convectiva e difusiva se contrabalançam.
𝑑 𝐶𝐶𝑂
𝑁𝐶𝑂 = 𝑋𝐶𝑂 (𝑁𝐶𝑂 − 0,5 𝑁𝐶𝑂 ) − 𝐷𝐶𝑂
𝑑𝑥
𝑑 𝐶𝐶𝑂
𝑁𝐶𝑂 = 0,5 𝑋𝐶𝑂 𝑁𝐶𝑂 − 𝐷𝐶𝑂
𝑑𝑥
Resulta
𝐶𝑇 𝐷𝐶𝑂 𝑑 𝑋𝐶𝑂
𝑁𝐶𝑂 = −
1 − 0,5 𝑋𝐶𝑂 𝑑𝑥
Exemplo: CVD (Chemical Vapor Deposition) pode ser utilizado para a deposição do silício a par-
tir do SiH4(g). Neste método um fluxo de SiH4(puro, 1 atm, 800 K ) é passado sobre a extremidade
aberta de um capilar (5 mm de diâmetro; 5 cm de comprimento) e a deposição, de acordo com
𝑆𝑖𝐻4 (𝑔) = 𝑆𝑖(𝑠) + 2 𝐻2 (𝑔) , ∆𝐺 𝑜 = - 27640 – 93,7 T [J/mol], se dá no fundo do mesmo. Assu-
ma 𝐷𝐻2−𝑆𝑖𝐻4 = 1 cm2/s , Keq = 0,5 x 107. Derive a expressão do fluxo de SiH4. Explique todas as
suposições.
Por outro lado, como condição de regime quase permanente (de não acumulação de espécies no
capilar), combinada com a estequiometria da reação se escreve que
−2 𝑁𝑆𝑖𝐻4 = 𝑁𝐻2
Portanto
𝑑 𝐶𝑆𝑖𝐻4
𝑁𝑆𝑖𝐻4 = 𝑋𝑆𝑖𝐻4 (𝑁𝑆𝑖𝐻4 − 2 𝑁𝑆𝑖𝐻4 ) − 𝐷𝑆𝑖𝐻4
𝑑𝑥
𝐶𝑇 𝑑 𝑋𝑆𝑖𝐻4
𝑁𝑆𝑖𝐻4 (1 + 𝑋𝑆𝑖𝐻4 ) = −𝐷𝑆𝑖𝐻4
𝑑𝑥
− 𝑁𝑆𝑖𝐻4 𝑑 𝑋𝑆𝑖𝐻4
{ } 𝑑𝑥 =
𝐷𝑆𝑖𝐻4 𝐶𝑇 (1 + 𝑋𝑆𝑖𝐻4 )
Como se admitiu pressão e temperatura constantes, e regime quase permanente, o termo entre
chaves, na expressão anterior, pode ser tomado como constante. A integração da expressão pode
ser realizada considerando as condições de contorno:
2 ⁄
X= 0 ; condição de equilíbrio químico local 𝐾𝑒𝑞 = 𝑃𝐻2 𝑃𝑆𝑖𝐻4 = 5 𝑥 105 ; 𝑋𝑆𝑖𝐻4 ~ 0
X= L ; abundância de 𝑆𝑖𝐻4 ; 𝑋𝑆𝑖𝐻4 ~ 1
𝐿
− 𝑁𝑆𝑖𝐻4 (1 + 𝑋𝑆𝑖𝐻4 )
{ } 𝐿 = 𝑙𝑛 0 = 𝑙𝑛 2
𝐷𝑆𝑖𝐻4 𝐶𝑇 (1 + 𝑋𝑆𝑖𝐻4 )
𝐷𝑆𝑖𝐻4 𝐶𝑇
𝑁𝑆𝑖𝐻4 = − 𝑙𝑛 2
𝐿
Exemplo: Fibras de boro podem ser fabricadas pela deposição do mesmo, através de reação
BCl3(g) + 3/2 H2(g) = B(s) + 3 HCl(g) , em um fio de tungstênio. Assuma 20% BCl3, 80% H2 ,
diâmetro de fio igual a 12,5 m e 1 atm. Selecione a temperatura de operação e escreva uma ex-
pressão para a taxa de deposição.
BCl3(g) = B(s) + 3/2 Cl2(g) ∆𝐺 𝑜 = 96560 -12,35 T cal
HCl(g) = ½ H2(g) + ½ Cl2(g) ∆𝐺 𝑜 = 22490 + 1,53 T cal
Para a reação de interesse, 𝐵𝐶𝑙3 (𝑔) + 3/2 𝐻2 (𝑔) = 𝐵(𝑠) + 3 𝐻𝐶𝑙(𝑔) se tem que
∆𝐺 𝑜 = 29030 − 16,94 𝑇 𝑐𝑎𝑙
Então a reação será possível sempre que for menor que zero o valor da expressão
3
𝑃𝐻𝐶𝑙
∆𝐺 = 29030 − 16,94 𝑇 + 1,987 𝑥 𝑇 ln 1,5
𝑃𝐵𝐶𝑙3 𝑃𝐻2
Na ausência do produto HCl (ou numa fase em existem apenas traços de HCl) a reação será sem-
pre possível e a escolha de temperatura deve se basear em questões cinéticas(uma combinação de
temperaturas altas suficiente para favorecer a cinética e não tão alta que implique em alto consu-
mo energético). Assumindo, a título de exemplo, T= 1000K e 1200K( a reação é endotérmica,
valores maiores de temperatura favorecem a conversão dos gases a HCl e a deposição de Boro),
se encontra que
3 3
1000𝐾 𝑃𝐻𝐶𝑙 𝑃𝐻𝐶𝑙
𝐾𝑒𝑞 = 2,28 𝑥 10−3 = 1,5
1200𝐾
𝐾𝑒𝑞 = 2,6 𝑥 10−2 = 1,5
𝑃𝐵𝐶𝑙3 𝑃𝐻2 𝑃𝐵𝐶𝑙3 𝑃𝐻2
199
A expressão de fluxo deve levar em conta a geometria cilíndrica do fio, a estequiometria da reação
e a condição de regime quase permanente
Se admite que o fluxo é na direção radial, na direção de um fio de comprimento L. Assim em regi-
me quase permanente é constante o valor de
𝑑 𝐶𝐻2
2𝜋𝑟 𝐿 𝑁𝐻2 = 2𝜋𝑟 𝐿 { (𝑁𝐻2 + 𝑁𝐵𝐶𝑙3 + 𝑁𝐻𝐶𝑙 )𝑋𝐻2 − 𝐷 } = 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 (𝑚𝑜𝑙 𝐻2⁄𝑠)
𝑑𝑟
Aqui se admite que a difusividade é aquela do H2 em uma fase binária H2-BCl3, visto que a concen-
tração de HCl deve ser pequena. Em regime de não acumulação e devido à estequiometria da rea-
ção se tem que:
1,5 𝑁𝐵𝐶𝑙3 = 𝑁𝐻2
0,5 𝑁𝐻𝐶𝑙 = − 𝑁𝐻2
Isto é
2 𝑑 𝐶𝐻2
2𝜋𝑟 𝐿 𝑁𝐻2 = 2𝜋𝑟 𝐿 { (𝑁𝐻2 + 𝑁𝐻2 − 2 𝑁𝐻2 ) 𝑋𝐻2 − 𝐷 } = 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜
3 𝑑𝑟
1 𝑑 𝐶𝐻2
2𝜋𝑟 𝐿 𝑁𝐻2 = 2𝜋𝑟 𝐿 {− 𝑁𝐻2 𝑋𝐻2 − 𝐷 } = 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜
3 𝑑𝑟
A qual pode ser reescrita como
𝑑 𝐶𝐻2 1 1
−𝐷 = 𝑁𝐻2 + 𝑁𝐻2 𝑋𝐻2 = 𝑁𝐻2 [1 + 𝑋𝐻2 ]
𝑑𝑟 3 3
𝑑 𝑋𝐻2 1 1
−𝐷 𝐶𝑇 = 𝑁𝐻2 + 𝑁𝐻2 𝑋𝐻2 = 𝑁𝐻2 [1 + 𝑋𝐻2 ]
𝑑𝑟 3 3
𝑑 𝑋𝐻2
− 𝐷 𝐶𝑇 = 𝑁𝐻2 𝑑𝑟
1
[1 + 3 𝑋𝐻2 ]
Note-se que esta expressão não tem solução analítica direta, pois tanto 𝑋𝐻2 como 𝑁𝐻2 devem vari-
ar ao longo de r. Alternativamente, multiplicando e dividindo o 2º membro da equação pela área
de fluxo, 2𝜋𝑟 𝐿 , se obtém uma equação para o fluxo
𝑑 𝑋𝐻2 𝑑𝑟 𝑑𝑟
− 𝐷 𝐶𝑇 = {2𝜋𝑟 𝐿 𝑁𝐻2 } = 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜
1 2𝜋𝑟 𝐿 2𝜋𝑟 𝐿
[1 + 3 𝑋𝐻2 ]
O que permite calcular o fluxo de H2 e a taxa de deposição do Boro, assumindo condições de con-
torno(a 1200K se pode calcular, para equilíbrio, 𝑃𝐻𝐶𝑙 = 0,1327 𝑎𝑡𝑚 ; 𝑃𝐵𝐶𝑙3 = 0,15135 𝑎𝑡𝑚 ;
𝑒𝑞
𝑃𝐻2 = 0,7159 𝑎𝑡𝑚; 𝑋𝐻2 = 0,7159)
𝑒𝑞
𝑟 = 𝑅 ; equilíbrio local na superfície do fio; 𝑋𝐻2 = 𝑋𝐻2
𝑟 = 𝑅 + 𝛿; afastado do fio, na fronteira da camada limite ; 𝑋𝐻2 = 0,8
A aplicação direta da equação anterior não é trivial, pois a espessura da camada limite não é co-
nhecida a priori. Ver exemplo seguinte.
200
Exemplo: As faces de uma barra cilíndrica (seção reta circular) de grafita se encontram isoladas
por um deposito de platina, a exceção da superfície cilíndrica, exposta a um fluxo de 𝐶𝑂2 , e o
sistema se encontra a 1000 oC. Observa-se um processo químico referente à reação 𝐶𝑂2 + 𝐶 =
2 𝐶𝑂. Assuma que a grafita seja impermeável aos gases, que o controle do processo seja por
transporte na camada limite; considere a estequiometria da reação, além de equilíbrio local na
interface sólido-gás. Neste caso: deduza a equação pertinente ao fluxo de 𝐶𝑂2 ; escreva e justifique
as condições de contorno; encontre a expressão do fluxo [mols de 𝐶𝑂2 /s] ; determine a velocidade
de variação do raio da barra cilíndrica.
O que permite calcular o fluxo de CO2 e a taxa de desgaste do cilindro, assumindo condições de
contorno
𝑟 = 𝑅 ; equilíbrio local na superfície do cilindro; 𝑋𝐶𝑂2 ≈ 0
𝑟 = 𝑅 + 𝛿; afastado do cilindro, na fronteira da camada limite ; 𝑋𝐶𝑂2 = 1,0
Resulta
𝐷𝐶𝑇
𝑁𝐶𝑂2 = 𝑙𝑛 0,5
𝛿
201
A aplicação direta da equação anterior não é trivial, pois a espessura da camada limite não é co-
nhecida a priori.
Como aproximação pode-se englobar o processo de transporte na interface por meio de um único
parâmetro, o coeficiente de transferência de massa. Para fluxo radial e na direção de um cilindro,
em condições de baixo número de Reynolds se tem que (D. Basmadjian, Mass Transfer Principles
and Applications, CRC Press)
𝑆ℎ = 0,43 + 0,53 𝑅𝑒 0,5 𝑆𝑐 0,31 1 ≤ 𝑅𝑒 ≤ 10
Este fluxo é o responsável pelo desgaste da barra. Um balanço de massa, que reflete que a cada
mol de 𝐶𝑂2 transportado 1 mol de carbono é consumido permite escrever,
𝑑
𝜋 𝑅 2 𝐿 (𝑚3 )𝜌𝑔𝑟𝑎𝑓𝑖𝑡𝑒 (𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶 ⁄𝑚3 ) = 2𝜋𝑅𝐿 𝑁𝐶𝑂2
𝑑𝑡
𝑑𝑅
2 𝜌𝑔𝑟𝑎𝑓𝑖𝑡𝑒 𝜋 𝑅 𝐿 = 2𝜋𝑅𝐿 𝑁𝐶𝑂2
𝑑𝑡
𝑑𝑅 0,215 𝐷
𝜌𝑔𝑟𝑎𝑓𝑖𝑡𝑒 = 𝑁𝐶𝑂2 = − 𝐶𝑇
𝑑𝑡 𝑅
𝑑𝑅 0,215 𝐷
𝑅 = − 𝐶𝑇
𝑑𝑡 𝜌𝑔𝑟𝑎𝑓𝑖𝑡𝑒
Esta equação pode ser facilmente integrada, com a condição inicial, 𝑡 = 0 , 𝑅 = 𝑅𝑜
Considere-se agora o par de difusão, constituído das espécies sólidas, metais A e B, mutu-
amente solúveis. Inicialmente o par é formado pela junção de blocos dos metais puros;
neste caso no bloco constituído de A puro o potencial químico de B seria extremamente
baixo (formalmente igual a menos infinito) o que caracterizaria uma força motriz para o
transporte, como indicado na Figura 3-7.
202
Observa-se, entre outros efeitos (Kirkendall), a presença de convecção do meio que contém
A e B, devido à composição de movimentos dos átomos de A e de B, que apresentam, via
de regra velocidades de transporte diferentes. Isto é, a velocidade de transporte de A em B
pode ser diferente da velocidade de transporte de B em A .
Algumas simplificações podem ser empregadas. Por exemplo, o tratamento clássico do par
de difusão se dá pela introdução do Coeficiente de Interdifusão das espécies,
𝐷̃ = 𝑋𝐴 𝐷𝐵 + 𝑋𝐵 𝐷𝐴
Esta expressão sugere que a contribuição convectiva pode ser desprezada e que o transpor-
te é majoritariamente por difusão.
Neste caso
𝑑 𝐶𝐼
𝑁𝐼 (𝑛𝑜 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙, 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧) = 𝑉𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝐶𝐼 − 𝐷𝐼
𝑑𝑥
𝑑 𝐶𝐼
𝑁𝐼 (𝑛𝑜 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙, 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧) = −𝐷𝐼
𝑑𝑥
Como se trata de fluxo de um intersticial a contribuição convectiva pode ser desprezada. A equa-
ção de transporte fica então
𝜕 𝐶𝐴 𝜕 𝑉𝑥 𝐶𝐴 𝜕 𝑉𝑦 𝐶𝐴 𝜕 𝑉𝑧 𝐶𝐴
+ + + − 𝐷𝐴 ∇2 𝐶𝐴 = 𝑟𝐴
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝐷𝐴 ∇2 𝐶𝐴 = 0
204
𝜕 𝜕𝐶𝐴
𝐷𝐴 [ ]=0
𝜕𝑥 𝜕𝑥
admitindo regime permanente, difusividade constante, ausência de reação química e fluxo unidi-
recional. Então, naturalmente o perfil de concentração precisa ser linear, ver figura seguinte, pois
𝜕𝐶𝐴
= 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝜕𝑥
Em consequência nesta chapa metálica o fluxo de átomos de Hidrogênio pode ser avaliado como
A expressão anterior deixa explícito que a espécie que se difunde no metal é Hidrogênio nascen-
te(atômico), e não molecular. Desta forma o processo de transferência de um lado a outro da folha
metálica envolve ao menos as etapas: transporte de Hidrogênio molecular (H2) da fase gasosa à
alta pressão até a interface gás – metal; reação de dissociação na interface 1⁄2 𝐻2 (𝑔) = 𝐻 ;
transporte de Hidrogênio no metal, na forma atômica; associação de átomos de Hidrogênio para a
formação de Hidrogênio molecular na interface metal –gás à baixa pressão, 2 𝐻 = 𝐻2 (𝑔) ;
transporte de Hidrogênio molecular. Neste exemplo vai ser admitido que existe equilíbrio químico
local nas interfaces metal – gás, de acordo com a Lei de Sieverts
𝑜 𝐶𝐻
1⁄2 𝐻2 (𝑔) = 𝐻 𝐾𝐻 = 𝑒 − ∆𝐺 ⁄𝑅𝑇 = 0,5
𝑃𝐻2
0,5
𝐶𝐻 = 𝐾𝐻 𝑃𝐻2
Portanto a equação de fluxo fica como
á𝑡𝑜𝑚𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝐻 𝐷𝐻 𝐾𝐻 𝐿 𝑜
𝑛𝐻 ( 2
)= − [√𝑃𝐻2 − √𝑃𝐻2 ]
𝑚 𝑠 𝐿
O valor de constante da Lei de Sieverts pode ser aferida seja por meio de dados de variação de
energia livre de Gibbs seja por meio de dados de solubilidade. Como a solubilidade do Hidrogênio
em Níquel a 400 oC e 1 atm é de 250 ppm(em massa) se pode escrever:
205
𝐾𝐻 = 2192,5
Finalmente resulta
á𝑡𝑜𝑚𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝐻 4,9 𝑥 10−10 𝑥 2192,5
𝑛𝐻 ( ) = − [√1,5 − √0,1]
𝑚2 𝑠 0,001
Exemplo: Estime o fluxo de hidrogênio, em regime permanente, através de uma parede dupla
constituída de duas folhas metálicas de espessura igual a 1 mm cada. Um dos lados da parede se
encontra sob pressão de 1,5 atm de H2 e o outro a 0,1 atm. Dados relevantes são mostrados a
seguir
𝜌 [kg/m3] M [g/mol] 𝐷𝐻 [m2/s] S [ppm em peso, 1 atm, 400 oC]
-10
Ni 8770 58,71 4,9 10 4,25
Pd 11850 106,4 6,4 10-9 94
A figura seguinte esquematiza o perfil de concentrações nas chapas metálicas. Admitiu-se ausência
de movimento convectivo e de reação química, difusividades constantes, regime permanente, fluxo
unidirecional.
Figura: perfil esquemático de composição para fluxo de Hidrogênio através de parede metálica
dupla
Admitiu-se também equilíbrio local na interface entre os dois metais. Note-se que os perfis são
lineares em cada folha mas que as concentrações interfaciais não são iguais, necessariamente. De
fato a condição de equilíbrio requer que o potencial químico do Hidrogênio seja único na interfa-
ce, não importa o metal; portanto deve existir valor único de fugacidade de Hidrogênio ou pressão
parcial. Se o Hidrogênio obedece a Lei de Sieverts em ambos os metais implica
206
𝐶𝐻𝛿+ 𝐶𝐻𝛿−
= √𝑃𝐻2 =
𝐾𝐻𝑃𝑑 𝐾𝐻𝑁𝑖
Os valores de constantes da lei de Sieverts podem ser obtidos por meio dos dados de solubilidade
𝜌𝑁𝑖 (𝑔⁄𝑚3 ) 𝑥 𝑝𝑝𝑚 𝐻
á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 106 ⁄
𝐶𝐻 ( 3
)= 𝑀𝐻 (𝑔⁄á𝑡𝑜𝑚𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎) = 𝐾𝐻 √𝑃𝐻2 (𝑎𝑡𝑚)
𝑚
𝐾𝐻𝑁𝑖 = 37,27
𝐾𝐻𝑃𝑑 = 1113,9
Exemplo: considere-se calcular o fluxo de um intersticial através de uma parede esférica, tal como
mostrado na figura seguinte, em regime permanente e com difusividade constante.
Como condição de regime permanente, não acumulação de A no interior da casca esférica, é ne-
cessário que a quantidade A que atravessa uma casca esférica tal que 𝑅 ≤ 𝑟 ≤ 𝑅 + 𝛿 seja mesma,
qualquer que seja a posição. Então,
𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴
𝑛𝐴 (𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴⁄𝑠 ) = 4𝜋 𝑟 2 (𝑚2 ) 𝑁𝐴,𝑟 ( 𝑚2 𝑠 ) = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
207
𝑑 [𝐴]
𝑛𝐴 = 4𝜋 𝑟 2 (−𝐷𝐴 )
𝑑𝑟
𝑛𝐴 1 1
{ − } = [𝐴]𝑜 − [𝐴]1
4𝜋 𝐷𝐴 𝑅 𝑅 + 𝛿
[𝐴]𝑜 − [𝐴]1
𝑛𝐴 = 4𝜋 𝑅(𝑅 + 𝛿)𝐷𝐴 { }
𝛿
Exercício: O coeficiente de difusão do hidrogênio em sílica amorfa é dado como 𝑙𝑛 𝐷(𝑚2 ⁄𝑠) =
−16,471 − 5363⁄𝑇. Dados de solubilidade de Hidrogênio em vidro, a 447 oC, são dados na figu-
ra( Solubility of Gases in Glass II- He, Ne and H2 in Fused Silica; J.F. Shackelford et al; Journal
of Applied Physics, vol 43, no 4,1972). Com base nesta figura, qual a provável forma de difusão do
Hidrogênio: molecular ou atômica?
208
Determine, a 447 oC, a equação que relaciona a pressão parcial de Hidrogênio à solubilidade, na
forma, 𝐶(𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 ) = 𝛽 𝑃𝐻2 (𝑎𝑡𝑚). Estime quanto tempo é necessário para que a pressão parci-
al de Hidrogênio no interior de uma esfera de vidro, de 100 𝜇m de diâmetro interno e parede de 10
𝜇m seja reduzida, de 1 atm até 0,7 atm. Faça claras suas suposições
Exemplo: Uma esfera de aço(𝜌𝐹𝑒 = 7400 𝑘𝑔⁄𝑚3 ), de espessura igual a 0,001 m e raio interno
igual a 1 m, contem hidrogênio gasoso sob pressão de 1,0133 MPa e 400 oC. Considere 𝐷𝐻 =
1,65 𝑥 10−6 𝑒 −4630⁄𝑇 𝑚2 ⁄𝑠 e %𝐻 (𝑒𝑚 𝑝𝑒𝑠𝑜) = 2,09 𝑥 10−2 𝑒 −3950⁄𝑇 √𝑃𝐻2 (𝑎𝑡𝑚) e determine
o tempo necessário para que a pressão atinja metade do valor original.
O qual é responsável pela diminuição da pressão interna. Assumindo que o Hidrogênio seja gás
ideal
𝑃𝐻2 𝑉𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 = 𝑛𝐻2 𝑅𝑇
Ou
𝑑 𝑃𝐻2
(𝑎𝑡𝑚⁄𝑠) 𝑉𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 (𝐿) = 𝑛̇ 𝐻2 (𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐻2⁄𝑠)𝑅(𝑎𝑡𝑚. 𝐿⁄𝐾𝑚𝑜𝑙 )𝑇(𝐾)
𝑑𝑡
Portanto levando em conta que a pressão precisa diminuir se obtém a equação que permite avaliar
a velocidade de decaimento da mesma
𝑑 𝑃𝐻2 1000 𝜋𝐷 3 1 𝐷𝐻 𝐾𝐻 √𝑃𝐻2
= 𝜋𝐷 2 𝑅𝑇
𝑑𝑡 6 2 𝛿
𝑑 𝑃𝐻2 3 𝐷𝐻 𝐾𝐻
= 𝑅 𝑇 𝑑𝑡
√𝑃𝐻2 1000 𝐷 𝛿
209
Os valores das variáveis envolvidas neste cálculo são conhecidos, restando para ser avaliada a
constante da Lei de Sieverts, partir dos dados de solubilidade
%𝐻 (𝑒𝑚 𝑝𝑒𝑠𝑜) = 2,09 𝑥 10−2 𝑒 −3950⁄𝑇 √𝑃𝐻2 (𝑎𝑡𝑚)
Exemplo: Uma membrana plástica “A”, de espessura 𝛿 (0,0003 m)separa dois ambientes, nos
quais as pressões de H2O são iguais a 0,05 e 0 atm, respectivamente. As concentrações nas faces
da membrana podem ser consideradas as de equilíbrio, para o qual se conhece
𝐶 ( 𝑚𝑜𝑙 𝐻2𝑂⁄𝑐𝑚3 ) = 104 𝑃𝐻2𝑂 (𝑎𝑡𝑚). Estime o fluxo de H2O, em regime permanente, sabendo
que o coeficiente de difusão do H2O no polímero, 𝐷𝐻2𝑂 , vale 10 -9 [m2/s].
Como a água se dissolve no polímero na forma molecular a expressão corresponde da Lei de Si-
verts é
𝐶 ( 𝑚𝑜𝑙 𝐻2𝑂⁄𝑚3 ) = 𝐾𝐻2𝑂 𝑃𝐻2𝑂 (𝑎𝑡𝑚)
𝜕𝑇 𝜕2 𝑇
=𝛼
𝜕𝑡 𝜕𝑥 2
Resulta em
𝑇− 𝑇𝑜 𝑥
= erf [2 ]
𝑇𝑖 − 𝑇𝑜 √𝛼 𝑡
A partir desta expressão se pode definir a distância de penetração, que denota posição de
um observador ao tempo t, o qual acaba de perceber que alguma alteração (por exemplo,
ao nível de aproximadamente 1%) foi introduzida na face da barra situada em x=0, como
𝛿1% = 4 √𝛼 𝑡 (m)
expressão que permite estimar a quantidade total de calor trocado com o meio ambiente,
transcorrido um intervalo de duração igual a 𝑡𝑜 ,
𝑡
𝑄 = 2 𝑘 √𝜋 𝑜𝛼 (𝑇𝑜 − 𝑇𝑖 ) (J/m2).
Como se nota, a Figura 3-9 foi traçada em termos de uma grandeza genérica A . Isto pois,
pode ser identificado o problema de difusão de uma dada espécie, descrito como “difusão
211
𝜕𝐶 𝜕2 𝐶
=𝐷
𝜕𝑡 𝜕𝑥 2
𝐶 − 𝐶𝑜 𝑥
= erf [ ]
𝐶𝑖 − 𝐶𝑜 2√𝐷 𝑡
Como no caso da difusão de calor, desta expressão podem ser extraídas informações com
fluxo instantâneo na interface, fluxo médio na interface e coeficiente de transferência de
massa, espessura e intervalo de tempo críticos de validade da solução, distância de pene-
tração. Portanto a distância de penetração é
𝛿1% = 4 √𝐷 𝑡 m
enquanto o fluxo instantâneo de espécie na face em x=0 e a quantidade trocada com o meio
durante o intervalo de tempo t e são dadas, respectivamente, por
𝐷
𝑗𝑥=0 = (𝐶𝑜 − 𝐶𝑖 ) (mol/m2.s)
√𝜋 𝐷 𝑡
𝑡
𝑚 = 2 𝐷 √𝜋 𝑜𝐷 (𝐶𝑜 − 𝐶𝑖 ) (mol/m2)
Exemplo: Uma engrenagem de aço baixo carbono é submetida a uma operação de cementação,
cujo objetivo é o de elevar o teor superficial de carbono. Após tratamento térmico obtém-se uma
peça com um núcleo de baixo carbono, portanto tenaz, capaz de absorver choques sem se partir, e
uma superfície de alta dureza, resistente ao desgaste. O carbono pode ser considerado uma impu-
reza, mas, como se nota no esquema da figura seguinte, não se trata de um fluxo unidirecional de
massa. A solução deste problema de transiência requer, portanto, solução numérica em três di-
mensões. Entretanto, como aproximação, pode-se considerar que a profundidade afetada seja mui-
to pequena quando comparada com as menores dimensões da peça (por exemplo, espessura do
dente, largura da engrenagem). Esta suposição precisa ser validada a posteriori mas, se válida,
permite aplicar a solução pertinente à difusão de espécie em uma barra semi-infinita. Então a
distância de penetração é dada por
𝛿1% = 4 √𝐷 𝑡
Exemplo: Uma peça de aço contém, inicialmente, 0,12% de carbono. Deve passar por um trata-
mento de carbonetação superficial a 1200K, de forma que na superfície a concentração seja ele-
vada a 1,1%. Qual é o tempo estimado de cementação, para que o teor de carbono atinja 0,32% a
0,7mm da superfície? 𝐷𝐶 = 0,372 𝑒 −17816⁄𝑇 𝑐𝑚2 ⁄𝑠
Assumindo fluxo unidirecional, em sólido semi-infinito e carbono como impureza se pode escrever
𝐶 − 𝐶𝑜 𝑥
= 𝑒𝑟𝑓 ( )
𝐶𝑖 − 𝐶𝑜 2 √𝐷 𝑡
𝑥 0,07
0,915 = =
2 √𝐷 𝑡 2 √1,326 𝑥 10−7 𝑡
𝑡 = 11034 𝑠
Exemplo: Uma peça de aço 1020 é aquecida a 1250 K em presença de uma atmosfera CO/CO2
capaz de, através da reação 2 𝐶𝑂 = 𝐶 + 𝐶𝑂2 manter a superfície da mesma a 1%C. Determine o
perfil de composição após 1 hora, se 𝐷𝑐 = 2𝑥10−11 𝑚2 ⁄𝑠.
𝑥 𝑥
𝐶 = 1 − 0,8 𝑒𝑟𝑓 ( ) = 1 − 0,8 𝑒𝑟𝑓 ( )
2 √ 2𝑥10−11 𝑥 3600 5,37 𝑥 10−4
Exemplo: Uma barra de aço, com 0,7% de carbono, destinada à fabricação de Steel Cord ficou
retida no forno de reaquecimento (em atmosfera oxidante) por uma hora, a 1100 oC, devido a pro-
blemas no laminador. Qual a espessura da camada afetada por descarbonetação? Despreze a
formação de carepa e assuma 𝐷 = 0,372 𝑒 −17816⁄𝑇 (𝑐𝑚2 ⁄𝑠 ).
Logo o carbono se difunde da porção interior da barra até a interface metal atmosfera, onde é
consumido pela reação química. De
𝛿1% = 4 √𝐷 𝑡
𝛿1% = 4 √0,372 𝑒−17816⁄1373 (𝑐𝑚2 ⁄𝑠 ). 3600(𝑠)
A situação real, com formação de carepa é ilustrada na figura seguinte. Existe uma competição
entre formação de carepa (também um processo controlado por difusão, o que resulta em espessu-
ra de camada de carepa proporcional à raiz quadrada do tempo) e a difusão de carbono. Para o
214
tratamento deste problema ver Introduction to the High Temperature Oxidation of Metals, N.
Birks e al., Cambridge Press, 2009).
Exemplo: A figura presenta o perfil presumido de concentração de carbono, numa amostra de aço
submetida a uma atmosfera oxidante. Se forma uma camada de carepa, seguida de uma camada de
aço descarbonetado. A posição inicial da interface se situa em 𝑥 = 0; a formação da camada de
carepa faz com a interface metal/óxido se movimente até a posição 𝑥 = 𝑋.
A solução para o problema de difusão de carbono, válida para todo 𝑥 > 𝑋, é dada pela seguinte
equação
𝑥
𝑒𝑟𝑓𝑐 [ ]
𝐶𝑜 − 𝐶 2 √𝐷𝑡
=
𝐶𝑜 − 𝐶𝑠 𝑋
𝑒𝑟𝑓𝑐 [ ]
2 √𝐷𝑡
Pode se descrever a posição 𝑋 da interface metal óxido pela constante 𝐾𝐶 , em casos de cinética
controlada por difusão na camada de óxido, por exemplo, para um aço específico
𝑋 = [2 𝐾𝐶 𝑡]0,5
𝐾𝑐 = 0,367 𝑒 −20632/𝑇 𝑐𝑚2 ⁄𝑠
𝐷 = 0,372 𝑒 − 17816⁄𝑇 𝑐𝑚2 ⁄𝑠
Portanto dados os valores de temperatura e tempo, por exemplo 1100 oC, e 0,5 horas de
exposição, se pode encontrar o valor de 𝐾𝑐 e de 𝑋 e logo é possível traçar o perfil de composição.
Para as condições citadas,
𝑡 = 1800𝑠; 𝑇 = 1373𝐾 ; 𝐾𝐶 = 1,092 𝑥 10−7 𝑐𝑚2 ⁄𝑠 ; 𝐷 = 8,613 𝑥 10−7 𝑐𝑚2 ⁄𝑠 ; 𝑋 =
0,0198 𝑐𝑚; 𝐶𝑜 = 0,8 se encontra a variação exposta na figura.
após 3682 s. Assumindo que a pressão de Hidrogênio na face pressurizada se mantenha constante
e igual a 75 atm, que exista equilíbrio local nesta interface, se encontra
[%𝐻] − [%𝐻]𝑜 𝑥
= erf [ ]
− [%𝐻]𝑜 2√𝐷𝐻 𝑡
[%𝐻] − [%𝐻]𝑜 𝑥
= erf [ ] = erf[200 𝑥]
− [%𝐻]𝑜 2√1,697 𝑥 10−9 𝑥 3682
Não existe solução analítica para esta integral. Entretanto uma estimativa pode ser encontrada
pela utilização da equação de regressão exposta na figura.
Alternativamente pode ser considerado que todo o Hidrogênio presente na chapa, neste instante,
atravessou a interface em x=0. Daí, de
𝐷𝐻
𝑗𝑥=0 = ([𝐻]𝑜 − [𝐻]𝑖 ) (𝑚𝑜𝑙/𝑚2 . 𝑠)
√𝜋 𝐷𝐻 𝑡
𝐷𝐻
𝑗𝑥=0 ≈ [𝐻]𝑜 (𝑚𝑜𝑙/𝑚2 . 𝑠)
√𝜋 𝐷𝐻 𝑡
Vem
3682
𝐷𝐻
𝑛 (á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝐻) = ∫ [𝐻]𝑜 𝑑𝑡
0 √𝜋 𝐷𝐻 𝑡
217
3682
𝐷𝐻 [%𝐻]𝑜
𝑛 (á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝐻) = ∫ 𝜌𝐹𝑒 (𝑘𝑔⁄𝑚3 ) 𝑑𝑡
0 √𝜋 𝐷𝐻 𝑡 100 𝑀𝐻 (𝑘𝑔⁄𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎)
3682
𝐷𝐻 [%𝐻]𝑜
𝑚 (𝑘𝑔 𝐻) = ∫ 𝜌𝐹𝑒 (𝑘𝑔⁄𝑚3 ) 𝑑𝑡
0 √𝜋 𝐷𝐻 𝑡 100
3682
1,697 𝑥 10−9
𝑚 (𝑘𝑔 𝐻) = ∫ 𝑥 7000 𝑥 5,11 𝑥 10−6 𝑑𝑡
0 √𝜋 𝑥 1,697 𝑥 10−9 𝑡
3682
8,313 𝑥 10−7
𝑚 (𝑘𝑔 𝐻) = ∫ 𝑑𝑡
0 √ 𝑡
Exemplo: Uma chapa de ferro puro (2 mm de espessura; 1255 K) se vê submetida a uma atmosfe-
ra gasosa capaz, através da reação SiCl4(g) = Si + 2Cl2(g) ,de elevar a concentração superficial a
3% de Si. Estime o tempo necessário para que um sensor localizado no centro da chapa perceba a
influência da atmosfera circundante. Escreva a expressão para o fluxo de Silício na interface me-
tal/gás. Após este período de tempo qual terá sido a quantidade de Silício que penetrou na chapa?
Qual a composição média? Considere 𝐷𝑆𝑖−𝐹𝑒 = 8,0 𝑥 10−8 𝑐 𝑚2 ⁄𝑠 e sólido semi-infinito.
O tempo necessário para que o Silício se difunda até o centro da chapa pode ser estimado assu-
mindo difusão unidimensional, solido semi-infinito. Neste caso um observador não nota as altera-
ções nas faces da chapa enquanto o tempo de difusão for inferior àquele dado como
𝛿1% = 4 √𝐷 𝑡
0,001 = 4 √8,0 𝑥 10−12 𝑡
𝑡 = 7812 𝑠
A quantidade de Silício que penetrou por cada face, por unidade de área de interface, até este
instante pode ser calculada como
Como a concentração inicial de Silício na chapa é igual a zero, como o Silício é uma impureza,
[%𝑆𝑖]
[𝑆𝑖] ≈ 𝜌𝐹𝑒 (𝑘𝑔⁄𝑚3 )
100 𝑀𝑆𝑖 (𝑘𝑔⁄𝑚𝑜𝑙)
E logo
A massa total que adentra por cada face da chapa é dada pela integral,
218
7812 𝑠
𝐷𝑆𝑖 [%𝑆𝑖]
𝑚= ∫ 𝜌𝐹𝑒 𝑑𝑡
0 √𝜋 𝐷𝑆𝑖 𝑡 100
7812 𝑠
8,0 𝑥 10−12 3 7812
𝑑𝑡
𝑚= ∫ 𝑥 7000 𝑥 𝑑𝑡 = ∫ 3,3,5 𝑥 10−4 0,5
0 √𝜋 8,0 𝑥 10−12 𝑡 100 0 𝑡
Esta equação pode ser facilmente integrada, o que permite calcular a composição média.
Como indica o diagrama de fases seguinte a 1300 oC a composição da fase sólida Fe-Mn em equi-
líbrio com a fase líquida do sistema é da ordem de 51,3% de Mn.
Portanto um perfil esquemático de composição (%Mn) no interior da barra sólida é do tipo mos-
trado na figura seguinte, considerando fluxo unidirecional na direção or. Tal perfil, que retrata a
função 𝐶(𝑡, 𝑟) é descrito pela equação diferencial
𝜕𝐶 𝐷 𝜕 𝜕𝐶
= [𝑟 ]
𝜕𝑡 𝑟 𝜕 𝜕𝑟
A ser integrada com as condições: inicial, que descreve concentração uniforme no tempo 𝑡 = 0,
istoé 𝐶(𝑡 = 0 , ∀𝑟) = 𝐶𝑖 ; de contorno, que expressa temperatura superficial constante, 𝐶(𝑡 >
𝜕𝐶
0 , 𝑟 = 𝑅) = 𝐶𝑜 ; de contorno, que expressa simetria em relação ao eixo longitudinal, [ 𝜕𝑟 ] = 0.
𝑟=0
219
A solução é em forma de série de potências( Conduction of Heat in Solids; H.S. Carslaw et al,
Oxford University Press, 1959) e uma representação gráfica da mesma é apresentada na figura
seguinte. Como se tem que 𝐶𝑖 = 0; 𝐶𝑜 = 51,3 ; 𝐶 = 1 então (𝐶 − 𝐶𝑖 )⁄(𝐶𝑜 − 𝐶𝑖 ) = 0,02, o que
define , para o centro da barra, onde 𝑟⁄𝑅 = 0, um ponto sobre a curva onde se lê
𝐷𝑡⁄ ~ 0,04
𝑅2
𝑡= 8313 horas
Figura: perfil esquemático de composição para difusão radial em um cilindro e solução na forma
gráfica .
Exercício: Uma chapa de aço carbono 1018, de 1 mm de espessura, é submetida a 1050 oC a uma
atmosfera contendo Hidrogênio. O objetivo é remover o carbono da peça, por meio da reação
𝐶(𝑠) = 2 𝐻2 (𝑔) + 𝐶𝐻4 (𝑔)
Qual a composição da fase gasosa para a qual a concentração de carbono na superfície se torna
igual a 10−6 (𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟)? Considerando que difusividade do Carbono na austenita seja
dada por 𝐷 (𝑚2 ⁄𝑠) = 0,2 𝑥 10−4 𝑒𝑥𝑝(−17124⁄𝑇), quanto tempo será necessário para que a
concentração no centro da peça seja igual a 0,018% de carbono? Deixe clara suas suposições
O perfil de temperatura numa placa finita, de espessura 2b, em função da temperatura é dada na
figura seguinte (Conduction of Heat in Solids; H.S. Carslaw et al, Oxford University Press, 1959).
𝑇𝑖 é a temperatura inicial; 𝑇𝑜 é a temperatura imposta na superfície para todo t> 0 ; 𝛼 é a difusi-
vidade térmica.
220
Regime permanente implica em fluxo igual em toda e qualquer seção de fluxo. Para esta situação
de fluxo unidirecional, ver figura, implica em
𝜕 𝜕𝐶
(𝐷 )=0
𝜕𝑥 𝜕𝑥
𝜕𝐶 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑐𝑚3 )
− 𝐷(𝑐𝑚2 ⁄𝑠) = 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑐𝑚2 𝑠)
𝜕𝑥 (𝑐𝑚)
𝜕𝐶
isto é 𝐷 e variam no sentido inverso. O fluxo, constante, pode então ser calculado através da
𝜕𝑥
integração
𝐿 𝐶𝐿
∫ 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 . 𝑑𝑥 = − ∫ 𝐷 𝑑𝐶
0 𝐶𝑜
𝐿 𝐶𝐿
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 ∫ 𝑑𝑥 = − ∫ 𝐷 𝑑𝐶
0 𝐶𝑜
𝐶𝐿
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 . 𝐿 = − ∫ 𝐷 𝑑𝐶
𝐶𝑜
221
%𝐶
𝜌 (𝑔⁄𝑐𝑚3 )
100 𝐹𝑒 = 𝐶(𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑐𝑚3 )
𝑀𝐶 (𝑔⁄𝑚𝑜𝑙 )
%𝐶𝐿
𝜌𝐹𝑒
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 . 𝐿 = − ∫ (0,04 + 0,08 %𝐶) exp( − 15750⁄𝑇) 𝑑%𝐶
%𝐶𝑜 100𝑀𝐶
0,01
1 −8
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 = − 𝑥 2,46 𝑥 10 ∫ (0,04 + 0,08 %𝐶) 𝑑%𝐶
0,1 0,4
Exemplo: Uma chapa de ferro (espessura L igual a 0,01cm) é submetida a atmosferas gasosas
capazes de manter suas faces a 1,2% e 0,1% de C, respectivamente. Encontre o fluxo de carbono a
o
1200 C, em regime permanente, se
𝐷𝐶 = 1,625 + 0,747 %𝐶 − 1,088 %𝐶 2 + 1,476 %𝐶 3 (𝑐𝑚2 ⁄𝑠)
Exemplo: Considere o transporte, em regime permanente, de carbono, através de uma chapa fina
de ferro, de espessura L = 0,1 cm, a 800 oC, submetida em cada face, a atmosferas gasosas capa-
zes de manter a concentração superficial igual a 4% e 0% atômico. Como sugere o diagrama de
fases são formadas duas regiões monofásicas, das fases austenita(alto carbono) e ferrita (baixo
carbono). A composição de ambas as fases varia ao longo da espessura da chapa, desde 4% até
0%, mas exibe-se uma descontinuidade no ponto de contato. De acordo com o diagrama apresen-
tado as composições de equilíbrio das fases austenita e ferrita são C2 = 2,50% e C3= 0,10% de
carbono, respectivamente. Ao gradiente de composição de cada fase acompanha um gradiente de
potencial químico mas, no ponto de contato os potenciais são iguais:
𝜇𝐶 (800 oC, 1 atm, fase com 0,02%) = 𝜇𝐶 (800 oC, 1 atm, fase com 2,5%)
Assumindo carbono como impureza e gradiente linear de composição no interior de cada fase (o
que advêm da constatação que os coeficientes de difusão são independentes da composição):
𝜸
𝑫𝜶𝑪 = 𝟏𝟎−𝟔 (𝒄𝒎𝟐 ⁄𝒔) e 𝑫𝑪 = 𝟏𝟎−𝟔 (𝒄𝒎𝟐 ⁄𝒔)
Onde 𝜹 representa a espessura da fase austenita, facilmente calculável. Observe-se que o traçado
esquemático da curva de potencial químico, nesta não existe descontinuidade no ponto de contato
entre as fases; observe-se ainda que a curva de potencial químico acompanha, no interior de cada
fase, a curva de composição, o que justifica a forma fenomenológica da equação de Fick.
223
Exemplo: Um exemplo clássico que caracteriza a verdadeira força motriz de difusão é devido a
Darken e é conhecido como “up-hill diffusion”. O silício se comporta como substitucional numa
matriz de ferro enquanto o carbono se comporta como intersticial(e difunde-se mais rápido) ; deste
modo desuniformidades de silício persistem por períodos de tempo muito mais longos que aquelas
referentes ao carbono. Duas peças de aço, uma de composição original correspondente a 3,8% Si
e 0,478 %C (peça à esquerda, na figura seguinte) e outra de composição original correspondente
a 0,441 % C foram soldadas e mantidas a 1050 oC durante vários dias; a 1050 oC ambas as peças
são austeníticas e logo só uma fase estaria presente. A figura seguinte indica a distribuição do
soluto carbono após 13 dias.
O comportamento termodinâmico do silício é tal que, em ligas ferrosas, o mesmo aumenta a ativi-
dade do carbono. Portanto apesar de as duas peças apresentarem praticamente o mesmo teor em
carbono a atividade deste na peça da esquerda é significativamente maior que a atividade na peça
à direita. Esta tendência se mantém por um período prolongado porque a difusão do silício é com-
parativamente lenta; portanto existe -- ao menos temporariamente – um gradiente de potencial
químico desde a peça à esquerda (maior valor) até a peça à direita (menor valor) que age como
força motriz para a difusão de carbono no sentido citado. Este gradiente justifica que justamente à
esquerda da solda se encontre teores de carbono inferiores aos teores em posições justamente à
direita; daí o nome up-hill diffusion.
Exemplo: Um possível arranjo para a determinação da difusividade em uma fase gasosa binária
A-B se encontra representado na figura seguinte. O aparato consiste de um capilar de quartzo
contendo uma poça de metal A, líquido; um fluxo de gás A-B de composição conhecida é mantido
224
sobre a outra extremidade do capilar; todo o sistema é mantido sob pressão e temperatura cons-
tantes e operado sob regime permanente. Nestas condições se estabelece uma força motriz de difu-
são da espécie A como resultado da diferença de concentração (ou pressão parcial, ou potencial
químico) de A entre a interface líquido-gás e a extremidade do capilar; de modo semelhante se
estabelece um gradiente de concentração para o componente B. O fluxo das espécies pode ser
indiretamente medido por meio de uma termobalança que registre a perda de massa por evapora-
ção do metal na poça; daí se obtém o coeficiente de difusão.
Seja por exemplo o par Argônio – Mn (na poça), cuja experiência tenha sido conduzida sob as
condições experimentais seguintes: comprimento útil do capilar, L, igual a 0,02 m ; temperatura
de 1600 oC, para a qual a pressão de vapor do Mn líquido é igual a 5370 Pa; pressão total de
1,013 x 105 Pa; fluxo de argônio puro na extremidade do capilar ; perdas registradas pela termo-
balança de 5,84 x 10-3 mols de Mn.m-2.s-1.
onde CT representa a concentração total na fase gasosa, estimada como 𝐶𝑇 = 𝑅𝑇⁄𝑃 [mols/m3} a
partir da Lei dos gases ideais. Naturalmente, nesta equação: 𝑃 é a pressão total; R a constante
dos gases ideais ; T a temperatura absoluta.
𝐷 𝐶𝑇 1− 𝑋 𝐿
𝑁𝑀𝑛 = ln 1− 𝑋𝑀𝑛
𝑜
𝐿 𝑀𝑛
225
𝐿
Como a fração molar de Mn no ponto z = L , 𝑋𝑀𝑛 , pode ser considerada virtualmente nula, pois
nesta posição se passa uma corrente de argônio puro e como a fração molar de Mn na interface
𝑜
gás-líquido, 𝑋𝑀𝑛 , pode ser estimada como a razão entre a pressão de vapor de Mn (assumindo
equilíbrio local neste ponto) e a pressão total, a única incógnita na expressão anterior é justamen-
te o coeficiente de difusão.
Soluções analíticas das equações de transporte existem, para condições e geometrias espe-
cíficas. No caso mais geral se requer um procedimento numérico, por exemplo no caso de
fluxos turbulentos, intrinsecamente tridimensionais, para os quais se pode citar alguns tipos
de tratamento:
1- Simulação numérica direta (SND), a qual envolveria a resolução simultânea das equa-
ções de continuidade, Navier-Stokes e de conservação da espécie A. Redemoinhos de ta-
manhos variáveis, desde a ordem de grandeza do sistema até dimensões microscópicas, são
característicos de fluxos turbulentos; estes últimos são responsáveis pela transformação de
energia mecânica em calor, isto é, a dissipação energética típica destes processos. Deste
modo mesmo os menores redemoinhos precisam ser simulados de modo a reproduzir as
flutuações naturais em parâmetros como velocidade, temperatura, concentração. Reprodu-
zir estes menores redemoinhos implica em refinar a malha de integração de tal modo que o
processamento numérico se torna impeditivo. Os custos em tempo de CPU, capacidade de
armazenamento são elevados exceção feita de sistemas de dimensões reduzidas.
̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑑 ̅̅̅̅
𝐶
𝑉𝑥′ 𝐶𝐴′ = 𝐷𝐴 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑢𝑙𝑒𝑛𝑡𝑎 𝑑𝑥𝐴.
A implementação deste método requer a disponibilidade de modelos de turbulência, sejam
macroscópicos sejam microscópicos (como o (𝑘 − 𝜖), que permitam estimar as difusivida-
des turbulentas a partir do campo de velocidades médias, como indicam as Figuras 3-9 e 3-
10.
226
𝜕𝐶𝐴
𝑁𝐴,𝑟 = − 𝐷𝐴 = 𝑘𝑚 (𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴∞ )
𝜕𝑟
Figura 3-11: Amortecimento das flutuações, por efeito viscoso, nas proximidades da inter-
face.
onde
𝑘𝑚 𝐿
𝑆𝑤 (𝑆ℎ𝑒𝑟𝑤𝑜𝑜𝑑) =
𝐷𝐴
𝐿𝜌𝑉
𝑅𝑒 (𝑅𝑒𝑦𝑛𝑜𝑙𝑑𝑠) =
𝜂
𝜂
𝑆𝑐 ( 𝑆𝑐ℎ𝑚𝑖𝑑𝑡) =
𝜌 𝐷𝐴
onde:
2𝑅 𝑘𝑚
𝑆𝑤 =
𝐷𝐴
2𝑅 𝜌 𝑉
𝑅𝑒 =
𝜂
𝜂
𝑆𝑐 =
𝜌 𝐷𝐴
Exemplo: Considere ser aplicável a equação de Frossling e encontre a relação entre coeficiente
de transporte de massa e o tamanho da partícula, quando a velocidade relativa entre o fluido e o
corpo esférico é muito pequena e quando o estado de agitação do meio é intenso(quando a veloci-
dade relativa é muito alta).
2𝑅 𝑘𝑚
=2
𝐷𝐴
𝐷𝐴
𝑘𝑚 = 𝑅
Num outro extremo, para velocidades (ou agitação) extremamente elevada se escreve
𝑆𝑤 ~0,552 𝑅𝑒1/2 𝑆𝑐1/3
2𝑅 𝑘𝑚 2𝑅 𝜌 𝑉 1/2 𝜂 1/3
~0,552 [ ] [ ]
𝐷𝐴 𝜂 𝜌 𝐷𝐴
2𝑅 𝜌 𝑉 1/2 𝜂 1/3 1
𝑘𝑚 ~0,276 𝐷𝐴 [ ] [ ]
𝜂 𝜌 𝐷𝐴 𝑅
Exemplo: Considere a transferência de uma dada espécie, desde uma partícula de forma esférica
até um fluído que a circunda, estático. Pode–se escolher um sistema de coordenadas esférico, cen-
trado no centro da esfera, para descrever este movimento, figura seguinte. Esta escolha aproveita
a simetria física do problema, de modo que, em regime permanente todas as variáveis se tornam
função de raio r, apenas.
N ausência de convecção, desde que o fluido é estático, se pode escrever, para transporte em re-
gime permanente,
𝑑𝐶
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜(𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑠) = [− 𝐷 ] 4𝜋 𝑟 2
𝑑𝑟
expressão que leva em consideração áreas variáveis de fluxo. O valor de fluxo pode ser obtido
após separação de variáveis e, considerando as condições de contorno explícitas na figura, isto é,
𝑑𝑟
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 (− 2 ) = 4𝜋 𝐷 𝑑𝐶
𝑟
1 1
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 ( − ) = 4𝜋𝐷 ( 𝐶 ∞ − 𝐶 𝑜 )
∞ 𝑅
A equação de Higbie.
Para uma gota de metal, de raio R, se movendo no interior de uma escória, com velocidade
relativa v, uma estimativa de te é
230
𝑡𝑒 = 2𝑅 ⁄𝑉
Isto é, o tempo necessário para uma gota percorrer um diâmetro. A teoria de Higbie é ele-
gante, mas nem sempre é possível argumentar com segurança a favor de uma dada estima-
tiva de 𝑡𝑒
Observe-se que o perfil de composição tanto no sólido como no fluido é função do tempo e
da posição; que existe(ao contrário do problema análogo de transferência de calor) uma
descontinuidade na interface sólido/fluido, em termos de concentração da espécie A.
231
Um caso particular ocorre quando as distâncias de difusão no interior do sólido são curtas,
e/ou a velocidade de difusão de A no sólido é elevada e/ou a capacidade de transporte de A
através da película de fluido é pequena, isto é, quando,
𝐾𝑚 ( 𝑛𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜) 𝐿
= 𝐵𝑖𝑜𝑡 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎
𝐷𝐴 ( 𝑛𝑜 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜)
atinge valores críticos pequenos, por exemplo Biot <0,1. Neste caso o gradiente de concen-
tração no interior do sólido não se sustenta, a composição no interior do sólido pode ser
considerada uniforme (embora eventualmente variável ao longo do tempo), Figura 3-14.
Uma outra situação se refere ao caso em que uma placa de comprimento infinito e espessu-
ra 2L, inicialmente à temperatura Ti é mergulhada em um fluido à temperatura Tf . Um
perfil de temperatura (variável ao longo do tempo) pode ser esquematizado como mostrado
na Figura 3-15..
𝑇 (∀𝑥 ; 𝑡 = 0 ) = 𝑇𝑖
𝜕𝑇
] =0
𝜕𝑥 𝑥=0
𝜕𝑇
−𝑘 ] = ℎ (𝑇∞ − 𝑇𝑆 ) = ℎ (𝑇𝑓 − 𝑇𝑥=±𝐿 ) .
𝜕𝑥 𝑥=±𝐿
A solução para este caso, expressando a variação temporal no centro da placa, é apresenta-
da na Figura 3-16 em termos dos adimensionais
𝜉 = 𝑥⁄𝐿
𝐵𝑖𝑜𝑡 = ℎ 𝐿⁄𝑘
𝐹𝑜𝑢𝑟𝑖𝑒𝑟 = 𝛼 𝑡⁄𝐿2
𝑇 ∗ = (𝑇 − 𝑇𝑓 )⁄(𝑇𝑖 − 𝑇𝑓 )
Tal perfil pode ser estimado a partir da equação de transporte que considera apenas a con-
tribuição difusiva ( despreza-se a contribuição convectiva em face aos argumentos apresen-
234
Considera-se também,
1- condição inicial, distribuição uniforme de composição,
𝐶 (∀𝑥 ; 𝑡 = 0 ) = 𝐶𝑖
𝜕𝐶
] =0
𝜕𝑥 𝑥=0
𝐶∞ (𝑛𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜)
𝐿𝐸 =
𝐶𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜 (𝑛𝑜 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜)
𝐹𝑜𝑢𝑟𝑖𝑒𝑟 = 𝐷 𝑡⁄𝐿2
Figura 3-19: Distribuição da espécie A no interior na placa nas posições a) centro; b) 0,3 L
a partir do centro; c) 0,6 L a partir do centro; d)superfície da placa.
Combinação de soluções:
𝜕𝐶 1 𝜕 𝜕𝐶 𝜕2 𝐶
= 𝐷 [𝑟 (𝑟 )+ ].
𝜕𝑡 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑥 2
Como sugere a Figura 3- 21, outras combinações podem ser propostas para se obter a solu-
ção de problemas específicos.
Em alguns casos é suficiente conhecer a composição média do meio sólido após um dado
período de tempo de exposição ao agente que produziu as modificações; não é necessário
um detalhamento do perfil de concentração. A Tabela 3- II apresenta algumas soluções
para o problema da difusão da espécie A em sólidos; estas soluções são válidas apenas para
a geometria, condição inicial e contorno especificadas. Note que a concentração superficial
seria mantida constante ao longo do processo e que a solução é apresentada em termos de
concentrações médias.
∞
𝐶̅ − 𝐶𝑠 6 1 −𝑛2 𝜋 2 𝐷 𝑡
= 2 ∑ 2 exp[ ]
𝐶𝑖 − 𝐶𝑠 𝜋 𝑛 𝑅2
𝑛=1
Exemplo : Uma placa de aço de dimensões [m] 3 x 1,2 x 0,1 , inicialmente apresentando distri-
buição uniforme de hidrogênio é submetida ao vácuo durante 40 horas, e em temperatura tal que
𝐷𝐻 = 10−9 𝑚2 𝑠 −1 . Tal placa pode ser considerada “infinita” , com espessura 2L= 0,1 [m].
Portanto, 𝐹𝑜 = 𝐷 𝑡⁄𝐿2 = 5,8 𝑥 10−2 e, de acordo com a figura seguinte se encontra
(𝐶 − 𝐶𝑠 )⁄(𝐶𝑖 − 𝐶𝑠 ) = 0,74, o que implica que 25% do hidrogênio seria removido.
Exemplo: Um arame de aço (0,01 cm de espessura) passa através de um forno tubular a 1200 oC,
que contem gás carburante com potencial de elevar a superfície do fio a 0,8% de C. Estime a com-
posição média do fio, se o comprimento do forno é igual a 1,5 m e a velocidade do fio 15 cm/s.
𝐶̅ = 0,6%
240
Por convenção, escolhe-se o sinal ± de modo que a energia de ativação resulte sempre po-
sitiva. Mesmo que a verdadeira relação funcional entre a variável de interesse e a tempera-
tura não seja como exposto acima seria sempre possível escolher uma faixa de temperatura
suficientemente estreita para que a equação de Arrhenius possa ser utilizada enquanto
aproximação. Portanto se estiverem disponíveis valores do parâmetro de interesse entre T1
e T2, a energia de ativação é dada por:
±∆𝐸 1 1
𝛼𝑇1 [ − ]
= 𝑒 𝑅 𝑇1 𝑇2
𝛼𝑇2
Observa-se que estes cálculos não implicam que a relação verdadeira entre as variáveis
seja do tipo de Arrhenius. No entanto o valor de ∆𝐸 é útil, para se estimar a sensibilidade
da variável em estudo a variações de temperatura.
Muito comumente é costume se afirmar que reações químicas são fortemente afetadas pela
temperatura, ou fortemente dependentes da temperatura. Com isto, se quer dizer que pe-
quenos aumentos de temperatura levam a grandes aumentos na velocidade de reação. Por
exemplo: “a cada 10oC de aumento de temperatura a velocidade da reação química dobra“.
Se a equação de ARRHENIUS for utilizada para quantificar esta afirmativa, resulta um
valor de energia de ativação diferente, de acordo com a faixa de temperatura. Por exemplo:
seja dobrar a velocidade de reação por incremento de temperatura de 10 oC, desde 25 até
35oC ou desde 1000 até 1010oC. Neste caso, de
𝐾𝑇1 − ∆𝐸 1 1
= 𝑒 𝑅 [𝑇1− 𝑇2]
𝐾𝑇2
resulta que:
𝑇1 => 𝑇2 ∆𝐸
298K a 308K 52860 J/mol
1273K a 1283K 940724 J/mol
Note-se que a extensão da alteração devida a uma dada variação de temperatura depende
tanto da energia de ativação como da faixa de temperatura considerada.
Exercícios como este permitem indicar que parâmetros relativos a processos Pirometalúr-
gicos, usualmente realizados em temperaturas superiores a 800 oC, podem ser separados
em duas classes, de acordo com uma maior ou menor sensibilidade em termos de tempera-
tura.
Exemplo: Assuma ser válida a equação proposta por Einstein (após modificação devida a Suther-
land), para o cálculo do coeficiente de difusão de uma espécie em um meio fluido. De acordo com
a mesma, sendo 𝐾𝐵 a constante de Boltzmann, T a temperatura absoluta, R o raio da espécie a se
difundir e 𝜂 a viscosidade do fluido, então,
𝐾𝐵 𝑇
𝐷=
4𝜋𝑅𝜂
Valores típicos de viscosidade da água são 1,002 cP a 20 oC e 0,6529 cP a 40 oC. Logo, num even-
tual processo hidrometalúrgico controlado por difusão, um aumento de 20 oC em temperatura se
traduz em aumento de cerca de 63% na velocidade do processo (o que pode ser considerado signi-
ficativo),
𝐷313 313⁄0,659 − Δ𝐸
= = exp{ (1⁄313 − 1⁄293)}
𝐷293 293⁄1,002 𝑅
Difusão em gases
O coeficiente de difusão de uma dada espécie gasosa em uma fase binária pode ser predita
de maneira mais acurada pela teoria de Chapman-Enskog, de modo que tem-se:
0,0018583 𝑇 1,5 1 1
𝐷𝐴𝐵 = 2 Ω √𝑀 +
𝑃 𝜎𝐴𝐵 𝐴𝐵 𝐴 𝑀𝐵
242
𝑘𝐵 𝑇 − 0,4848 𝑘𝐵 𝑇
Ω = 1,4632 [ ] <2 R² = 0,9973
ℰ ℰ
𝑘𝐵 𝑇 − 0,2609 𝑘𝐵 𝑇
Ω = 1,2709 [ ] 2< <5 R² = 0,9945
ℰ ℰ
𝑘𝐵 𝑇 − 0,1596 𝑘𝐵 𝑇
Ω = 1,0765 [ ] 5< R² = 0,9995
ℰ ℰ
10−3 𝑇 1,75 1 1
𝐷𝐴𝐵 = 1⁄3 2
√𝑀 + (cm2/s)
1⁄3
𝑃 [𝑉𝐴 + 𝑉𝐵 ] 𝐴 𝑀𝐵
Tabela 3-IV: Valores de Integral de Colisão para cálculo de difusividades binárias de es-
pécies gasosas
𝑘𝐵 𝑇 𝑘𝐵 𝑇 𝑘𝐵 𝑇 𝑘𝐵 𝑇
ℰ Ω ℰ Ω ℰ Ω ℰ Ω
0,30 2,662 1,30 1,273 2,6 0,9878 4,6 0,8568
0,35 2,476 1,35 1,253 2,7 0,9770 4,7 0,8530
0,40 2,318 1,40 1,233 2,8 0,9672 4,8 0,8492
0,45 2,184 1,45 1,215 2,9 0,9576 4,9 0,8456
0,50 2,066 1,50 1,198 3,0 0,9490 5,0 0,8422
243
Assumindo-se que a relação entre DAB e T, para uma faixa restrita de temperatura, possa
ser expressa por uma equação do tipo de Arrhenius, resulta:
𝑜 − ∆𝐸⁄
𝐷𝐴𝐵 = 𝐷𝐴𝐵 𝑒 𝑅𝑇
Uma dificuldade inerente aos líquidos, para o cálculo da difusão de uma dada espécie de-
riva-se da falta de entendimento da estrutura verdadeira do estado líquido. A determinação
do coeficiente de difusão da espécie é dificultada em virtude da ocorrência da convecção
244
A equação anterior pressupõe que a força que se opõe à difusão da espécie pode ser calcu-
lada a partir da Lei de Stokes (que fornece a força de interação entre partícula esférica e
fluido em movimento) e, embora esta suposição possa parecer injustificável os resultados
de sua aplicação são razoáveis, como exemplifica a Tabela 3- VI.
Tabela 3- VI: Raios atômicos medidos e calculados para autodifusão em metais líquidos
Metal Temperatura (oC) Einstein (nm ) Pauling ( nm ) *
Na 110 – 630 1,51 – 4,53 A 1,57 A
Hg 274 – 364 1,20 – 1,24 1,44
In 448 – 1013 1,36 – 3,06 1,50
Ag 977 – 1397 1,37 – 1,37 1,34
Zn 394 – 837 1,29 – 0,75 1,25
Sn 575 – 956 1,30 – 2,22 1,42
* Pauling, Nature of the Chemical Bond, Cornell University Press, Ithaca, NY, 1960, pag
403.
Existem outras proposições para o cálculo de coeficientes de difusão, mas nenhuma com o
alcance correspondente aos métodos propostos para sistemas gasosos; valores experimen-
tais específicos também estão disponíveis. Por exemplo, como indica a Tabela 3- VII, váli-
da para difusão em ferro líquido, este processo pode ser considerado fracamente ativado
por temperatura.
Escórias de base silicato são líquidos iônicos com estrutura polimérica, em virtude do
compartilhamento dos átomos de oxigênio das unidades fundamentais 𝑆𝑖𝑂44− . O grau de
polimerização depende basicamente da temperatura e da quantidade de óxidos básicos pre-
sentes; em consequência, boa parte das propriedades da mesma, incluindo parâmetros co-
mo difusividade. A Tabela 3-VIII sugere que processos de difusão em escórias líquidas
podem ser considerados desde “fracamente ativados” , exemplo Na, até “ fortemente ativa-
dos” , exemplo Al.
245
Difusividade em sólidos
Como a energia de ativação representa uma barreira de energia a ser transposta para que se
dê o movimento da espécie, valores da mesma serão característicos do mecanismo de difu-
são operante. A difusão intersticial requer pouca distorção da matriz e portanto espera-se
encontrar valores de energia de ativação pequenos. A Tabela 3- IX ilustra o caso de ligas
ferrosas no estado sólido. Comparem-se os casos do H (átomo intersticial) e do Cr (átomo
substitucional)
246
̃ = 4 𝑥 10−12 𝑐𝑚2 ⁄𝑠
Por exemplo, para ligas Cu-Ni (7,5 ~11,8%), tem-se, para 1111 K, 𝐷
̃ = 10−10 𝑐𝑚2 ⁄𝑠 , de modo que
e para 999 K, 𝐷
̃1111
𝐷 10−10 − Δ𝐸
= = exp{ (1⁄1111 − 1⁄909}
̃909
𝐷 4 𝑥 10 −12 𝑅
onde:
2𝑅 𝑘𝑚 2𝑅 𝜌 𝑉 𝜂
𝑆𝑤 = ; 𝑅𝑒 = ; 𝑆𝑐 =
𝐷𝐴𝐵 𝜂 𝜌 𝐷𝐴
fluido. Expressões como estas permitem inferir o valor da energia de ativação, para um
processo específico.
Exemplo: Considere um forno tubular, com 5 cm de diâmetro, pelo qual flui um gás (50 %H2, 50
%H2O) sob vazão de 5 litros/min. Estime o coeficiente de transferência de massa entre o gás e
partículas esféricas de diâmetro de 0,8 cm, a temperatura de 700 K e 800 K, a 1 atm.
𝑄 5000 𝑐𝑚3⁄ 60 𝑠
𝑉= á𝑟𝑒𝑎
= 𝜋 52⁄4 𝑐𝑚2
Logo, a partir dos valores acima calculados de Km, um valor de energia de ativação pode ser es-
timado, assumindo-se uma relação do tipo:
− ∆𝐸 1 1
𝐾𝑚 (800𝐾) [ − ]
= 𝑒 𝑅 800 700
𝐾𝑚 (700 𝐾)
Reações Químicas:
Outra generalização bastante comum seria “reações químicas são fortemente ativadas pela
temperatura”, implicando em valores altos de energia de ativação; ainda que, quanto maior
a temperatura maior a velocidade da reação. De novo exceções podem ser encontradas.
Exemplo: Considere a reação de oxidação do nitrogênio (II) para nitrogênio (IV), representada
pela reação global:
𝑑 [𝑁𝑂2 ]
𝑑𝑡
= 𝐾𝑒𝑞 𝐾2 [𝑁𝑂]2 [𝑂2 ]
Como citado os dados experimentais e teóricos sugerem que o modelo pode ser válido. Observa-se,
nos resultados experimentais, que a velocidade de reação decresce com o aumento da temperatu-
ra, o que contradiz a citada afirmação de cunho geral – “A velocidade de uma reação química é
fortemente ativada pela temperatura, e aumenta com o aumento desta última”. Neste exemplo, a
“discrepância” explica-se pelos fatos: 𝐾2 aumenta com o aumento de temperatura e 𝐾𝑒𝑞 decresce
(e muito) com o aumento da temperatura. Então, 𝐾𝑒𝑞 𝐾2 decresce com o aumento da temperatura.
onde: S indica um sítio superficial ativo, de adsorção ; A a espécie reagente e B a espécie produ-
to. O mecanismo corresponde portanto a um processo onde A é transformado em B através da
reação A B , com a participação – catálise – da superfície de um sólido; como se nota a trans-
formação se dá na superfície do catalisador. Se adicionalmente for considerado estado estacioná-
rio quanto ao “produto intermediário” B.S então o mesmo é produzido na segunda reação à
mesma velocidade com que é consumido na terceira reação, isto é:
𝐾1 [A.S] = 𝐾2 [B.S].
isto é
d[B]/dt = 𝐾1 [A.S] = 𝐾2 [B.S]. = 𝐾1 . 𝐾𝑒𝑞 [A].[S]
onde 𝐸1 é a energia de ativação da etapa elementar lenta e 𝐻𝑎𝑑𝑠𝑜𝑟çã𝑜 a variação de entalpia de
adsorção. No caso de adsorção forte, isto é 𝐻𝑎𝑑𝑠𝑜𝑟çã𝑜 negativo e pequeno (em valor relativo) o
efeito da adsorção é o de reduzir efetivamente a barreira representada pela energia de ativação e
assim acelerar o processo.
Muito raramente um dado processo se restringe a uma única reação química, com seu me-
canismo característico. Mais comumente, várias reações químicas podem ocorrer ao lado
251
Modelos podem ser construídos para lançar mais luz sobre as bases científicas de um pro-
cesso, para testar hipóteses. Modelos podem ser construídos como ferramentas auxiliares
de controle de um sistema Laboratorial ou Industrial. Neste último pode-se exigir presteza
nas respostas. A relação custo/benefício toma parte na decisão de quão complexo deve ser
o modelo, desde que o grau de complexidade, em geral, ajuda a definir a velocidade de
processamento. Mesmo modelos construídos sob hipóteses falsas podem ser úteis quanto
ao controle de processos. Por exemplo, um modelo puramente estatístico – obtido da análi-
se de dados experimentais – pode não levar ao entendimento mais profundo do processo e,
mesmo assim, ser extremamente útil.
Mas, porque modelar? Modelos são úteis para controlar processos, para predizer a
velocidade dos processos, para possibilitar melhor entendimento técnico-científico. Como
ficará evidente a partir dos exemplos que seguem, uma abordagem pode incluir quantificar
as contribuições de cada etapa descritiva do processo e determinar qual delas é a
determinante, ou que controla o processo. Preferencialmente deve-se procurar atuar com
mais precisão sobre as etapas que controlam o processo.
Exemplo: Análogos eletricos e/ou hidráulicos são normalmente utilizados para fins de analise de
processos, subdivididos em etapas que ocorrem em série e/ou paralelo. A figuraseguinte sugere um
análogo hidráulico. Qual seria a etapa controladora?
252
Considere uma fase gasosa, onde esteja ocorrendo a seguinte reação química:
A reação, tal como escrita, implica na realização de choques entre moléculas de H2 e Br2,
cada qual com uma quantidade de energia suficiente para romper as ligações H-H e Br-Br
e formar ligações novas HBr. Se 𝑁𝑜 representa o número total de moléculas, na amostra, e
se ∆𝐸 representa a energia necessária então, de acordo com a distribuição de Boltzmann, o
número de moléculas com energia igual ou superior à necessária, é dada por:
− ∆𝐸⁄
𝑁 = 𝑁𝑜 𝑒 𝐾𝐵 𝑇
onde
𝐾𝐵 = constante de Boltzmann;
T = temperatura absoluta, K.
Em outras palavras, acima de zero absoluto, existe sempre uma fração de moléculas com
energia suficiente para conduzir o processo, mas o valor de ∆𝐸 limita o número de molécu-
las aptas à reação. Além do mais, as moléculas de H2 e Br2 devem encontrar-se num ângulo
(orientação) favorável, pois as ligações são espacialmente preferenciais.
a implicação é que se faz necessário o encontro de uma molécula de nitrogênio com três
moléculas de hidrogênio, devidamente energizadas, com orientações adequadas, evento
253
este pouco provável. De fato, reações químicas tais como as reações anteriores raramente
ocorrem da maneira como são escritas. Estas reações químicas devem ser entendidas como
sendo uma Representação Global de um processo, que a nível atômico/molecular ocorre
através de um conjunto de etapas elementares (ou reações químicas elementares) que defi-
nem um MECANISMO DE REAÇÃO, onde as mesmas acontecem em série e/ou em para-
lelo.
ocorre, de fato, por via de um mecanismo que envolve as seguintes, Reações Elementares,
em série:
Os termos Início, Propagação e Término são específicos de Cinética Química. Note-se que
as espécies químicas H e Br não aparecem seja como reagentes seja como produtos na rea-
ção global e, no entanto, tomam parte do processo. São por isto chamadas de CENTROS
ATIVOS (ou espécies intermediárias). Portanto, o termo de Reação de Início diz respeito à
formação destes centros ativos, que são posteriormente destruídos pela Reação de Térmi-
no.
Como citado anteriormente, cada uma das reações que compõem o mecanismo anterior é
elementar, isto é, ocorre tal como escrita. Então,
implica no encontro de um átomo de Br e uma molécula de H2, para formar uma molécula
de HBr e um átomo de H.
No caso de reações elementares, pode ser feito um tratamento simplificado da cinética das
mesmas. Seja a título de exemplo, a reação em meio gasoso:
A(g) + B(g) C(g) + D(g)
O símbolo indica que a reação anterior é REVERSÍVEL, isto é, ocorre no sentido dire-
to, símbolo e simultaneamente no sentido inverso, símbolo .
Figura 3-24: Reversibilidade durante reação química: a) componente direta é maior, obser-
va-se a produção de C e D ; b) componentes direta e reversa são iguais; existe equilíbrio ;
c) componente reversa é maior, observa-se a produção de A e B.
pode-se representar o estado energético do sistema através do mapa (calculado por meio de
Mecânica Estatística) tal como esquematizado na Figura 3-25. Nesta figura as linhas (1),
(2) e (3) representam curvas de nível, de iso-energia, com valores crescentes no sentido (1)
(2) (3). Existe um vale, representando distintas possibilidades estatísticas (energéti-
cas) de existência de molécula 𝐻2∗ , de modo semelhante para a molécula 𝐻2∗∗ . A superfície
descrita por estas curvas de nível é, neste caso, simétrica em relação ao plano AO (pois a
reação em si é a mesma, em ambos os sentidos),mas este não seria o caso geral.
Enquanto 𝐸𝐴,𝐵 e 𝐸𝐶,𝐷 representam as energias dos reagentes e dos produtos, respectivamen-
te, 𝐸𝑍 representa a energia de um ESTADO DE TRANSIÇÃO entre reagentes e produtos.
Z não representa um composto, molécula, espécie, mas uma configuração energética; en-
tretanto, é costume se referir a 𝐸𝑍 como ENERGIA de um COMPLEXO ATIVADO. A
figura indica ainda que, para conduzir a reação direta (por exemplo)
A + B C+ D
se faria necessário energizar o sistema (moléculas de A e B) de modo que o mesmo atinja
ao menos a energia 𝐸𝑍 ; em outra palavras, vencer uma barreira de energia, denominada
ENERGIA de ATIVAÇÃO e simbolizada por ∆𝐸. As mesmas considerações se aplicam à
reação reversa.
Duas suposições são parte fundamental à teoria. A primeira, de que existe, a todo momen-
to, um pseudo-equilíbrio entre o ESTADO DE TRANSIÇÃO (complexo ativado) e os rea-
gentes. Portanto, para a reação direta A + B Z
𝐶𝑍
⃗ 𝑒𝑞 =
𝐾 𝐶𝐴 𝐶𝐵
Naturalmente, de
⃗⃗⃗⃗⃗
∆𝐺 𝑜 = ⃗⃗⃗⃗⃗
∆𝐻 𝑜 − 𝑇 ⃗⃗⃗⃗
∆𝑆 𝑜
256
se escreve que:
⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑜 ⁄𝑅𝑇
⃗ 𝑒𝑞 = 𝑒 − ∆𝐻 ⃗⃗⃗⃗ 𝑜
𝐾 𝑒 ∆𝑆 ⁄𝑅
A outra suposição é que o complexo ativado se decompõe com frequência única e univer-
sal, dada por:
𝐾 𝑇
𝜐 = 𝐵ℎ
onde
𝐾𝐵 = constante de Boltzmann
h = constante de Planck
T = temperatura absoluta
𝐾𝐵 𝑇
𝑟= ⃗ 𝑒𝑞 𝐶𝐴 𝐶𝐵 ]
[𝐾
ℎ
𝐾𝐵 𝑇 ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑜 ⁄𝑅𝑇 ⃗⃗⃗⃗ 𝑜 ⁄𝑅
𝑟= (𝑒 − ∆𝐻 𝑒 ∆𝑆 )[𝐶𝐴 𝐶𝐵 ]
ℎ
ou, finalmente
⃗ 𝐶𝐴 𝐶𝐵
𝑟= 𝑘
Então, a velocidade da reação direta é proporcional ao produto das concentrações das espé-
cies reagentes e, por extensão, para uma reação direta e elementar do tipo
2A B ou A +A B
se pode escrever que
⃗ 𝐶𝐴 𝐶𝐴 = 𝑘
𝑟= 𝑘 ⃗ 𝐶𝐴2
𝐾𝐵 𝑇
𝑟= ⃗ 𝑒𝑞 𝐶𝐴 𝐶𝐵 ]
[𝐾
ℎ
é
𝐾𝐵 𝑇 ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑜 ⁄𝑅𝑇
𝑟= 𝑒 − ∆𝐺 [𝐶𝐴 𝐶𝐵 ]
ℎ
o que indica, para outras variáveis mantidas constantes, que quanto maior o valor de ∆𝐺 ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑜
menor a velocidade da reação. O valor de ∆𝐺 ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑜 pode ser então associado a uma barreira de
⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑜 = ∆𝐻
energia livre. Como ∆𝐺 ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑜 − 𝑇 ∆𝑆
⃗⃗⃗⃗ 𝑜 esta barreira envolve uma componente energé-
257
A + B C + D
Reação direta : 𝑟 = 𝐾⃗ 𝐶𝐴 𝐶𝐵
Reação reversa: 𝑟⃖ = 𝐾⃖⃗⃗ 𝐶𝐶 𝐶𝐷
Isto é,
⃗ 𝐶𝐴 𝐶𝐵 − 𝐾
𝑟 = 𝑟 − 𝑟⃖ = 𝐾 ⃖⃗⃗ 𝐶𝐶 𝐶𝐷
𝑟 = 𝐾𝐷 𝐶𝐴 𝐶𝐵 − 𝐾𝑅 𝐶𝐶 𝐶𝐷
⃗
𝐾 𝐶𝐶 𝐶𝐷
𝐾𝑒𝑞 = ⃖⃗⃗
=
𝐾 𝐶𝐴 𝐶𝐵
𝐾𝐵 𝑇 𝛾𝐴 𝛾𝐵
𝑟= [ ⃗ 𝑒𝑞 𝐶𝐴 𝐶𝐵
]𝐾
ℎ 𝛾𝑍
Esta última equação é mais geral, porém, na ausência de conhecimento específico dos va-
lores dos coeficientes de atividade costuma ser utilizada, na sua forma simplificada. Impli-
ca que pode ser preciso admitir que
𝐾 𝑇 𝛾 𝛾 𝐾 𝑇
⃗ = 𝐵 [ 𝐴 𝐵] 𝐾
𝐾 ⃗ 𝑒𝑞 ≈ 𝐵 ⃗ 𝑒𝑞
𝐾
ℎ 𝛾𝑍 ℎ
O equacionamento anterior é para ser aplicado a uma reação elementar. Em geral o meca-
nismo reacional pode ser a combinação de várias reações elementares, como já foi citado.
portanto a relação funcional entre a velocidade de uma reação, Temperatura, Pressão e
Composição pode ser bastante complexa Por exemplo pode ser mostrado que a equação de
velocidade referente ao processo de formação de HBr a partir de H2 e Br2 é do tipo,
Neste caso não existe ao menos como definir ordem da reação em relação aos partícipes.
Isto se deve basicamente pelo fato de que a reação se dá através de um mecanismo envol-
vendo várias reações elementares, cada qual exibindo sua própria dependência com estes
fatores.
Não obstante, algumas “regras” costumam ser lembradas quando se procura escrever uma
expressão para a velocidade de uma reação química, sem prévio conhecimento e análise do
mecanismo relativo à mesma.
Por exemplo, à temperatura constante, a velocidade de uma reação química gradualmente
diminui com o tempo (ou extensão da reação); no equilíbrio a velocidade é nula. A equa-
ção da velocidade de uma reação irreversível (ou reação direta, ou reação reversa) pode ser
escrita como
𝑟 = 𝑘 𝑓(𝐶𝑖 )
onde 𝑓(𝐶𝑖 ) representa uma função complexa de concentração, cujos os coeficientes podem
apresentar dependência da Temperatura; k é uma constante à temperatura fixa, daí receber
a denominação de constante de velocidade de reação.
A velocidade de reação química varia com a temperatura e esta dependência costuma ser
expressa através da equação de Arrhenius
− ∆𝐸⁄
𝑘 = 𝑘𝑜 𝑒 𝑅𝑇
Na maior parte dos casos, pode-se escrever
𝑟 = 𝑘 𝜋 𝐶𝑖𝛼𝑖
onde representa o operador multiplicação; 𝐶𝑖 a concentração do reagente i; 𝛼𝑖 um coefi-
ciente a ser determinado por ajuste numérico de dados experimentais à expressão proposta.
𝛼𝑖 é denominada ordem da reação relativa ao componente i e pode resultar em número
positivo ou negativo, inteiro ou fracionário.
259
Como citado anteriormente a reação química pode ser uma das várias transformações
envolvidas em um processo. Em princípio a etapa reação química deveria ser equacionada,
isto é, descrita matematicamente, a partir dos fundamentos descritos nesta seção.
Para este mecanismo simplificado são duas as etapas, já citadas: transporte de espécie na
camada limite e reação química na interface. A taxa de transporte de A na camada limite
pode ser quantificada como:
𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴
𝑉𝑇𝑀 ( ) = −𝑆(𝑚2 ) 𝐾𝑚 (𝑚⁄𝑠 ) {𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑖 }(𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐴⁄𝑚3 )
𝑠
Nesta expressão S representa a área de da seção de fluxo, ou área da interface; 𝐾𝑚 é o
coeficiente de transferência de massa através da camda limite; 𝐶𝐴 é a concentração de A,
Esta aproximação decorre de se assumir, Figura 3-28, que na interface entre uma partícula
e um fluido se aplica a Condição de Não-Deslizamento.
Desta forma na interface a velocidade relativa é nula, de modo que, na interface o fluxo
apresenta apena contribuição difusiva. Portanto, em função da definição de coeficiente de
transferência de massa se pode estimar o fluxo como
(𝐴) − (𝐴)𝑖
𝑁𝐴 (𝑚𝑜𝑙𝑠 / 𝑠, 𝑚2 ) = 𝐾 { (𝐴)𝑖 − (𝐴) } ≈ −𝐷𝐴 𝛿
261
Por outro a velocidade da etapa reação química pode ser avaliada através da relação
fenomenológica,
𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴 𝑛
𝑉𝑅𝑄 ( ) = −𝑆(𝑚2 ) 𝐾𝑅𝑄 {[𝐶𝐴𝑖 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 ](𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐴⁄𝑚3 )}
𝑠
Por esta relação se assume que 𝐶𝐴𝑖 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 representa, na interface, uma medida da força
motriz da reação, 𝐾𝑅𝑄 é a constante da equação da velocidade da reação (função da
temperatura apenas) e n é a ordem da reação, ambas determinadas experimentalmente. É
usual reportar 𝐾𝑅𝑄 na forma da equação de Arrhenius,
𝐾𝑅𝑄 = 𝐾𝑜 𝑒 − ∆𝐸⁄𝑅𝑇
Onde ∆𝐸 é a energia de ativação,
Tanto a equação proposta para o transporte como a equação proposta para a reação química
são corretas; mas carecem de aplicação imediata se o valor de 𝐶𝐴𝑖 não for conhecido. Para
transpor esta dificuldade é prática comum assumir que seja aplicável a condição de regime
Quase-Estacionário, de não acumulação de A no sistema, neste caso: “ todo A transportado
é consumido”. Neste caso se pode escrever que,
𝑛
𝑉 = 𝑉𝑇𝑀 = −𝑆 𝐾𝑚 {𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑖 } = 𝑉𝑅𝑄 = −𝑆 𝐾𝑅𝑄 {𝐶𝐴𝑖 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 }
Um caso particular é aquele para o qual se assume ordem unitária, n=1, isto é
𝑉 = 𝑉𝑇𝑀 = −𝑆 𝐾𝑚 {𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑖 } = 𝑉𝑅𝑄 = −𝑆 𝐾𝑅𝑄 {𝐶𝐴𝑖 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 }
262
Então existe solução analítica, que pode ser comparada ao análogo elétrico mostrado na
Figura 3-29. Por meio deste análogo se pode definir duas resistências
1 {𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑖 }
𝑅𝑇𝑀 = a partir de −𝑉 = 1
𝑆 𝐾𝑚
𝑆 𝐾𝑚
A solução portanto é
{𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 }
−𝑉 =
1 1
𝑆 𝐾𝑚 + 𝑆 𝐾𝑅𝑄
Como no caso do circuito elétrico, a maior resistência controla o valor do fluxo e então:
a) Controle por transporte de massa
∆𝐶 ∆𝐶
𝑅𝑇𝑀 ≫ 𝑅𝑅𝑄 isto é 𝑉 = − 𝑅 + 𝑅 ≈ − 𝑅
𝑇𝑀 𝑅𝑄 𝑇𝑀
ou
𝑒𝑞
𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴 𝐷𝐴
𝑉 [𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴⁄𝑠] ≈ 1 = −𝑆 (𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 )
𝛿
𝑆 𝐾𝑚
∆𝐶 ∆𝐶
𝑅𝑇𝑀 ≪ 𝑅𝑅𝑄 isto é 𝑉 = − ≈−
𝑅𝑇𝑀 + 𝑅𝑅𝑄 𝑅𝑅𝑄
𝑒𝑞
𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴
𝑉 [𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴⁄𝑠] ≈ 1 = −𝑆 𝐾𝑅𝑄 (𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 )
𝑆 𝐾𝑅𝑄
Geral
𝑆 {𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 }
−𝑉 =
1 1
𝐾𝑚 + 𝐾𝑅𝑄
Controle por transporte Controle por reação química
𝑜 𝑒𝑞 𝐷 𝐴 𝑜 𝑒𝑞 −𝑉 = 𝑆 𝐾𝑅𝑄 {𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 }
−𝑉 = 𝑆 𝐾𝑚 {𝐶𝐴 − 𝐶𝐴 } = 𝑆 {𝐶𝐴 − 𝐶𝐴 }
𝛿
Por exemplo, o grau de contato pode ser entendido como uma medida da área da interface
de contato entre as fases, onde se observa troca de matéria e reação química,
Se as duas fases são fluidas, a área de contato aumenta se uma das fases se encontra disper-
sa na outra, se existe emulsificação (emulsão é uma mistura entre dois líquidos imiscíveis,
tal que um deles - a fase dispersa – se encontra na forma de glóbulos no seio do outro). Os
dois fluidos de uma emulsão tendem a se separar naturalmente, sob efeito da gravidade
(posto que em geral as densidades são diferentes); existe uma tendência espontânea de coa-
lescência dos glóbulos da fase dispersa de forma a fazer diminuir a área interfacial, e deste
modo a energia interfacial. Daí, para manter estável uma emulsão, pode ser necessário o
aporte contínuo de energia mecânica, para contrabalançar estas duas tendências. Também
se infere que o grau de emulsão aumenta com o aumento da intensidade de agitação.
Se a fase 𝛼 é sólida então a área de contato pode ser aumentada pelo aumento do grau de
cominuição da mesma.
Em qualquer dos casos, se uma das fases se encontra dispersa em gotículas( ou glóbulos ou
partículas) de raio 𝑅 então a área interfacial é dada por 𝑆 = 3𝑀⁄𝜌 𝑅 onde M é a massa da
fase dispersa e 𝜌 sua densidade. Então a equação da velocidade do processo fica:
𝑒𝑞
3𝑀 {𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴 }
−𝑉 =
𝜌𝑅 1 + 1
𝐾𝑚 𝐾𝑅𝑄
Exceto nos casos em que um aumento de agitação conduz a um maior grau de dispersão,
como discutido anteriormente, a agitação afeta apenas o valor da espessura da Camada
Limite de concentração. Se espera que maior o grau de agitação mais intensas serão as cor-
rentes de convecção; então maior será a facilidade de renovação do fluido ao derredor da
interface e menor será a espessura da camada limite. Desta forma a agitação influencia a
velocidade do processo apenas se o controle é por transporte de massa:
𝐷𝐴 𝑜
−𝑉 = 𝑆 {𝐶𝐴 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 }
𝛿
264
O efeito de temperatura é mais complexo, pois esta afeta várias variáveis de processo. O
aumento de temperatura faz com que a concentração de equilíbrio, 𝐶𝐴𝑒𝑞 , diminua quando a
reação é exotérmica; o aumento de temperatura faz com que a concentração de equilíbrio,
𝐶𝐴𝑒𝑞 , aumente quando a reação é endotérmica.
O aumento de temperatura produz um aumento de mobilidade das espécies em um dado
meio; o valor de difusividade, 𝐷𝐴 , aumenta. Este efeito é moderado em flui-
dos(comparativamente à difusão substitucional em sólidos, aos efeitos sobre reações quí-
micas, por exemplo).
A espessura da camada limite é menor tanto menor a viscosidade da fase, quanto menor
sua densidade. A densidade diminui com o aumento de temperatura; para gases se observa
que a viscosidade aumenta quando a temperatura aumenta, para líquidos o contrário.
Em geral se admite que o efeito de temperatura sobre a variável de transporte, o qual pode
ser expresso por uma expressão do tipo de Arrhenius:
𝑜 −∆𝐸𝑚 ⁄𝑅𝑇
𝐷𝐴 𝐷𝐴𝑜 𝑒 −∆𝐸⁄𝑅𝑇
𝐾𝑚 = 𝐾𝑚 𝑒 = =
𝛿 𝛿
Como se nota as inclinações dos segmentos de reta estão associadas a energias de ativação,
se existe um controle (por transporte de massa, por reação química) bem definido, e se área
de contato e força motriz forem mantidas constantes em experiências realizadas em tempe-
raturas diferentes.
De modo geral (existem exceções) ∆𝐸𝑅𝑄 , energia de ativação da etapa reação química, se
mostra da ordem ou superior a 200 kJ/mol, Portanto, nos casos de controle por reação quí-
mica espera-se encontrar valores elevados de energia de ativação aparente do processo. O
contrário se espera para o caso de controle por transporte de massa, da ordem de 40 kJ/mol,
ou menor.
266
Exemplo: Experimentos de dissolução de uma amostra de prata (placa de 1 cm2 de área) exposta
a uma solução de cianeto ( 0,05 % em peso) revelaram que 4,77 mg de Ag se dissolveram em uma
hora. Estime a taxa de dissolução [mols/cm2,s]., Escreva a relação entre taxa de dissolução de Ag
e velocidade de transporte de 𝐶𝑁 − ., Considere o processo ser controlado por transporte de 𝐶𝑁 − e
estime a espessura da camada limite, se o coeficiente de difusão desta espécie é da ordem de 1,83 x
10 -5 cm2/s,
Considerando regime de não acumulação, no qual toda prata dissolvida é transportada por meio
do anion 𝐴𝑔𝐶𝑁2−
𝐴𝑔+ + 2 𝐶𝑁 − = 𝐴𝑔𝐶𝑁2−
Encontra-se
𝑛𝑨𝒈𝑪𝑵−𝟐 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑐𝑚2 𝑠) = − 2 𝑛𝐴𝑔 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑐𝑚2 𝑠)
𝛿 = 1,31 𝑥 10−6 𝑐𝑚
267
Exemplo: - Um processo de formação de uma solução sólida substitucional entre dois metais A e
B pode ser dividido nas etapas seguintes, em série: Transporte em meio gasoso por meio de uma
espécie contendo B; reação química na interface, de decomposição da espécie citada; interdifusão
A-B. O processo como um todo se mostra altamente influenciado por temperatura. Qual seria a
etapa controladora? Justifique
São três etapas em série. Espera-se que o transporte em fase gasosa seja fracamente influenciado
por temperatura. Que ambas, reação química e interdifusão substitucional, sejam fortemente afe-
tados por temperatura. Então descarta-se controle por transporte na fase gasosa, mas não é possí-
vel decidir, a priori, entre as duas outras etapas.
Exemplo: Um processo de formação de uma camada protetora de SiO2 sobre a superfície de uma
liga M-Si pode ser decomposto em duas etapas: 1 - reação química na interface; 2- difusão do
oxigênio no interior do metal, até a interface de reação, para qual se mede ln D = - 0,72 - 33200/T
, onde D[cm2 /s] é o coeficiente de difusão. O processo como um todo é altamente ativado por tem-
peratura. Pode ser afirmado que o controle é por reação química?
O que permite identificar um valor de energia de ativação da ordem de ∆𝐸 = 276 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙. Logo
a etapa difusiva é também(tal como seria a etapa reação química) fortemente ativada por tempera-
tura. Somente pelo valor da energia de ativação aparente não há como decidir entre as etapas
citadas.
Exemplo: A poeira dos EAF (Electric Arc Furnce; fornos elétricos a arco, para produção de aço)
contém usualmente cerca de 5 a 30% em peso de Zinco, 3 a 5% em peso de Chumbo, além de fer-
ro. Esta poeira pode ser tratada para separação de Zinco, por exemplo em fornos Waelz (essenci-
almente um forno tubular rotativo, com a utilização de combustível fóssil, operado para separar o
Zinco por volatilização). Uma parte do Zinco contido neste rejeito pode ser de difícil recuperação
(por volatilização), em virtude da alta estabilidade do composto 𝑍𝑛𝐹𝑒2 𝑂4 . Desta forma a clora-
ção seletiva da escória, visando a produzir cloretos de zinco, pode ser uma alternativa ao trata-
mento pirometalúrgico de vaporização. Como sugere a figura seguinte seria possível obter clore-
tos de Zinco e Chumbo, e reter o Ferro na forma de óxido, para posterior tratamento do resíduo.
A cinética de cloração de 𝑍𝑛𝐹𝑒2 𝑂4 , por meio de misturas gasosas Ar(argônio)-Cl2-O2, foi estu-
dada, na faixa de temperaturas 1023K ~1123 K (Chlorination Kinetics of 𝑍𝑛𝐹𝑒2 𝑂4 with Ar-Cl2-
O2 Gas; H, Matsuura, T, Hamano, F, Tsukihashi, Materials Transactions (The Mining and Mate-
rials Processing Institute of Japan), Vol, 47, No, 10 (2006) pp, 2524 - 2532). Nestes experimentos o
268
gás de cloração, na vazão de 200 cm3/min , foi colocado em contato com 2,5 gramas de 𝑍𝑛𝐹𝑒2 𝑂4
(grau analítico, 0,7 𝜇𝑚), contido em um recipiente de Alumina. O conteúdo do recipiente de Alu-
mina foi então pesado e analisado para se verificar o progresso da reação e a natureza dos produ-
tos
𝑋𝑍𝑛 𝑋𝑃𝑏
Figura: Diagrama de estabilidade, para 1073 K, = 0,252 e = 0,0159,
𝑋𝐹𝑒 +𝑋𝑍𝑛 +𝑋𝑃𝑏 𝑋𝐹𝑒 +𝑋𝑍𝑛 +𝑋𝑃𝑏
Mas devido ao fato de se tratar de um reator aberto pode ser observada, também, a reação
1/2 Fe2O3(s) + 3/2 Cl2(g) = FeCl3(g) + 3/4 O2(g) ∆𝐺 𝑜 = 145800 - 100,4 T J
Assuma que, ao menos nos instantes iniciais (pois para o contato com a camada superficial de
ZnFe2O4 não seria necessário transporte de Cl2 na camada de produto)do processo o controle seja
por reação química e que a equação de velocidade reação pode ser escrita na forma
𝑔 𝑛
𝑟 (𝑚𝑖𝑛 ) = 𝑘 𝑃𝐶𝑙2 ,
A partir dos dados da tabela seguinte encontre a equação da curva que retrata a relação entre
massa de amostra e tempo, na forma
𝑚 (𝑔) = 𝑚𝑜 + 𝑏. 𝑡 + 𝑎 𝑡 2
1 14 0,58198
1 15 3 0,86172
1 16 0,64885
1 16 0,65072
1 17 3 0,89123
1 18 0,70081
1 20 0,75561
1 20 0,74829
1 24 0,82469
1 26 0,86003
1 28 0,88506
1 30 0,90032
Considere que tenham sido determinados os valores dos parâmetros 𝑎 e 𝑏, conforme tabela se-
guinte, Estime a energia de ativação do processo e verifique se o valor obtido sugere que o proces-
so seja controlado por transporte de massa (ou então, que o valor obtido dá suporte à hipótese de
controle por reação química)
5,45 ∆𝐸
⁄ ⁄
= 𝑒 − 𝑅 (1 1073− 1 1023)
4,05
∆𝐸 = 54190 J/mol.
De forma semelhante a ordem pode ser determinada pela comparação de valores de 𝑟𝑜 obtidos
para diferentes pressões de Cl2, e mesma pressão de O2, mesma temperatura( o que assegura o
mesmo valor de K), por exemplo
𝑛
𝑟𝑜 (𝑃𝐶𝑙2 = 3 𝑥 104 ) 9,02 3 𝑥 104
≡ = [ ]
𝑟𝑜 (𝑃𝐶𝑙2 = 1 𝑥 104 ) 5,45 1 𝑥 104
n = 0,458
271
Exemplo: Nitrogênio, injetado em aço líquido para fins de agitação, pode ser absorvido pelo
mesmo. Considere panela de 185 toneladas de capacidade e 3 m de profundidade , e vazão de gás
da ordem de 0,8 Nm3/min estime o valor de pick-up de Nitrogênio.
A sequencia abaixo ilustra um possível procedimento de cálculo, ressaltando-se que, à medida que
a bolha ascende na coluna de aço algumas de suas propriedades podem variar; assim um cálculo
mais preciso precisa envolver a repetição destes procedimentos, em intervalos pequenos de tempo,
desde a injeção até o escape das bolhas.
De forma que a velocidade superficial do gás é, considerando que o gás atinge equilíbrio térmico
com o aço
𝑄 0,03
𝑉= 2
= = 3,421 𝑥 10−3 (𝑚⁄𝑠)
𝜋𝑅 𝜋 1,6752
𝑉 = 0,342 (𝑐 𝑚⁄𝑠)
Assumindo que devido à injeção são formadas bolhas com diâmetro médio (em centímetros) dado
por
𝑑 = 0,36 (𝜎 /𝜌𝑚 )1/2 𝑉𝑔0,44
onde 𝜎 representa a tensão interfacial metal gás (1760 dina/cm), 𝜌𝑚 a densidade do metal (7
g/cm3) se encontra
𝑑 = 0,36 (1760 /7)1/2 0,3420,44 = 3,56 𝑐𝑚
Estima-se a velocidade relativa entre o metal e a bolha como sendo igual à velocidade terminal de
ascensão, em regime turbulento, isto é com fator de fricção f igual a 0,44. Neste caso o balanço de
forças (Peso, Empuxo e Força de Interação) se escreve como
𝑑3 1 𝜋𝑑2
𝜋 𝑔 (𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑔á𝑠 ) = 𝑓 𝜌𝑎ç𝑜 𝑉𝑏2
6 2 4
4𝑑 𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑔á𝑠
𝑉𝑏 = √ 𝑔[ ]
3𝑓 𝜌𝑎ç𝑜
Portanto
4 𝑥 0,0356 7000 − 0,55
𝑉𝑏 ~ √ 𝑥 9,81 [ ] = 1,028 (𝑚⁄𝑠)
3 𝑥 0,44 7000
sendo que a massa específica do gás foi avaliada pela lei do gás ideal
272
̅
𝑃𝑀 307310 𝑥 28𝑥10−3
𝜌𝑔á𝑠 = 𝑅𝑇
= 8,314 𝑥 1873
= 0,755(𝑘𝑔⁄𝑚3 )
Então, com base na fórmula de Higbie e utilizando o valor calculado de velocidade relativa
estima-se o coeficiente de transferencia de massa para o nitrogênio na camada limite de metal ao
redor da bolha. A suposição a ser feita é que o tempo de renovação é igual ao tempo requerido
para que a bolha percorra um diâmetro:
𝐷𝑁 𝐷𝑁 𝑉𝑏
𝐾 = 2√ = 2√
𝜋 𝑡𝑒 𝜋𝑑
Por outro lado a suposição de equilíbrio local da reação 1/2 N2(g) = N, na interface gás
metal,implica em
𝑁𝑝𝑝𝑚
log 0,5 = − 188⁄𝑇 + 2,76
𝑃𝑁2
𝑁𝑝𝑝𝑚
log = − 188⁄1873 + 2,76
(307310⁄101300)0,5
𝑁𝑝𝑝𝑚 = 795
Note-se que a área efetiva de contato bolhas - metal, necessária para o calculo do pick-up de ni-
trogênio, depende(além da vazão de gás, do diâmetro de bolhas, do número de bolhas geradas) da
quantidade de gás retido no banho metálico, ou gas hold-up. Esta quantidade de gás se localiza
principalmente na pluma e pode ser estimada a partir da geometria da pluma e da fração de gás
na pluma. A título de simplificação assume-se que a pluma apresenta formato de um cone, de altu-
ra L(m) e semi-ângulo 𝛼 ( 9 graus) e que a fração média de gás na pluma, 𝜑, seja da ordem de
0,30. Estima-se então raio do cone da pluma, o volume da pluma, o volume de gás retido na plu-
ma como
1 1
𝑉𝑝𝑙𝑢𝑚𝑎 = 𝜋 𝑅𝐶 2 𝐿 = 𝜋 𝑥 0,4752 𝑥 3 = 0,709 (𝑚3 )
3 3
e que a área superficial de cada bolha é igual a 𝜋 𝑑 2 então a área superficial disponível para a
reação pode ser calculada como
𝑉𝐺𝐴𝑆 6 𝑉𝐺𝐴𝑆
Á𝑟𝑒𝑎 = 𝑁𝐵 𝑥 𝜋 𝑑2 = 3 𝜋 𝑑2 = = 36,57 𝑚2
𝜋𝑑 𝑑
6
Portanto o fluxo de nitrogênio é, finalmente,
á𝑡𝑜𝑚𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑁
𝑛𝑁 ( ) = 36,57 𝑥 5,26 𝑥 10−4 𝑥 374 = 7,194
𝑠
5,992 (𝑘𝑔⁄𝑚𝑖𝑛)
𝑥 1000 000 (𝑘𝑔) = 32,4 𝑝𝑝𝑚/𝑚𝑖𝑛
185 000 (𝑘𝑔)
Exemplo: Propõe-se adicionar óxido de molibdênio à escória de BOF, ao final de sopro, de modo
a promover a incorporação deste elemento ao aço. Este processo evitaria o emprego de liga Fer-
ro-Molibdênio, de alto custo, A reação pertinente pode ser escrita como:
De modo a determinar dados relativos à cinética deste processo foram realizados experimentos em
laboratório , envolvendo ferro líquido e escória sintética, ver figura. As composições de escória e
metal são citadas a seguir,
De acordo com os proponentes (Reduction of Molybdenum oxide from steelmaking slags by pure
liquid iron; Y,M, Gao, Y, Jiang; S, Huang, J, Min, Metall, Sect, B-Metall, 48(1) B(2012), 25-36),
274
um possível mecanismo para o processo envolve as etapas: 1- transporte de CaMoO4 desde o seio
da escória até a interface de reação (aço/escória) ; 2 transporte de Fe(l) desde o seio do metal até
a interface da reação; 3- reação química na interface; 4- transporte de Mo, desde a interface até o
seio do metal ; 5- transporte de CaO desde a interface até o seio da escória; 6- transporte de FeO
desde a interface até o seio da escória,
Destas várias etapas, a reação química, etapa (3), não deve ser controladora pois a temperatura é
alta. A etapa de transporte de Fe, etapa (2), não deve ser controladora em função da alta concen-
tração de ferro no aço. As concentrações de FeO e CaO na escória de final de sopro em um BOF
são naturalmente altas e não devem ser afetadas de maneira significativa pelas adições de óxido
de molibdênio (os teores finais requeridos são pequenos). Além do mais os experimentos mostra-
ram que a cinética independe da basicidade de escória, o que exclui a etapa(5) como etapa con-
troladora. As adições de MoO3 à escória são de até 5% em peso; desta forma a concentração de
FeO resultante na interface não deve ser muito diferente da concentração nominal da escória.
Portanto sugere-se que a etapa de transporte de FeO, etapa (6) não deve controlar o processo.
Estes argumentos sugerem que as etapas de transporte de 𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4 e/ou Mo possam ser as etapas
controladoras. Considere-se então os dados experimentais típicos mostrados nas tabelas seguintes,
e faça uma análise cinética dos experimentos.
Condições experimentais:
Temperatura oC 1550 1575 1600
Massa de ferro (g) 512,7 486,7 502,7
Massa de escória (g) 51,27 48,67 50,27
Densidade do ferro (g/cm3) 7,1 7,08 7,06
Densidade da escória (g/cm3) 3,5 3,5 3,5
Nível de ferro (cm) 6,9 6,5 6,8
Nível de escória (cm) 0,69 0,65 0,68
% inicial de 𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4 5,03 5,03 5,03
275
Assumindo que o controle seja por transporte de 𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4 na camada limite no lado da escória,
um possível perfil de composição ao redor da interface pode ser traçado, como se segue. Existe
uma camada limite no lado da escória; a composição do metal em Molibdênio é praticamente
constante.
Como a temperatura é alta pode ser assumido que exista equilíbrio local na interface
Ao final do sopro Ferro é claramente o solvente no aço e então se pode escrever 𝑎𝐹𝑒 = 𝑋𝐹𝑒 ≈ 1;
informa-se ainda que, para estes experimentos, as concentrações e então as atividades de FeO e
CaO praticamente não mudam (pois as adições de CaMoO4 são pequenas). Assumindo 𝑎𝐹𝑒𝑂 =
0,5, 𝑎𝐶𝑎𝑂 = 0,55 (valores válidos para 1600 oC; Thermochemistry for Steelmaking, Elliot et al,
Addison-Wesley, 1963) então se pode encontrar uma relação entre atividades de Ca-
MoO4(dissolvido na escória) e Mo (dissolvido no aço)
3
%𝑀𝑜 𝐾 𝑎𝐹𝑒
𝑜 = 3
𝛾𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4 [𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4] 𝑎𝐹𝑒𝑂 𝑎𝐶𝑎𝑂
3 𝑜
%𝑀𝑜 𝐾 𝑎𝐹𝑒 𝛾𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4
= 3 =𝜑
[𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4] 𝑎𝐹𝑒𝑂 𝑎𝐶𝑎𝑂
Por outro lado a equação que retrata a cinética do processo (a taxa de acumulação de Mo no me-
tal deve ser igual à taxa de transferência de 𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4 na camada limite no lado da escória) tem a
forma
𝑑 %𝑀𝑜 1 𝑐𝑚 𝑚𝑜𝑙
𝑚𝑎ç𝑜 (𝑔) 𝑔 = 𝛽 𝑜 ( ) 𝐴 (𝑐𝑚2 ) { (𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4) − (𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4)𝑖𝑛𝑡 }( 3 )
𝑑𝑡 100 𝑀𝑀𝑜 ( ) 𝑠 𝑐𝑚
𝑚𝑜𝑙
Onde 𝑚𝑎ç𝑜 , 𝑀𝑀𝑜 , (𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4), 𝛽 𝑜 e A, representam a massa de aço, a massa atômica do Molib-
dênio, a concentração molar de CaMoO4 na escória , o coeficiente de transferência de massa e a
área da interface metal-escória. Esta equação pode ser reescrita como:
𝑑 %𝑀𝑜
𝑚𝑎ç𝑜 = 𝛽 { [𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4] − [𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4]𝑖𝑛𝑡 }
𝑑𝑡
Com base na suposição de equilíbrio local na interface a equação precedente pode ser reescrita
𝑑 %𝑀𝑜
𝑚𝑎ç𝑜 = 𝛽 { [𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4] − [𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4]𝑖𝑛𝑡 } = 𝛽 { [𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4] − %𝑀𝑜⁄𝜑 }
𝑑𝑡
Finalmente um balanço de distribuição de Molibdênio entre escória e metal permite escrever que a
Massa Inicial de Molibdênio e igual a
𝑚𝑎ç𝑜 %𝑀𝑜 𝑚𝑒𝑠𝑐 [𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4] 𝑀𝑀𝑜
𝑀𝐼𝑀𝑜 (𝑔) = + { }
100 100 𝑀𝐶𝑎 + 𝑀𝑀𝑜 + 4 𝑀𝑂
Ou
100 𝑀𝐼𝑀𝑜 𝑚𝑎ç𝑜 %𝑀𝑜 𝑀𝐶𝑎 + 𝑀𝑀𝑜 + 4 𝑀𝑂
{ − }{ } = [𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4]
𝑚𝑒𝑠𝑐 𝑚𝑒𝑠𝑐 𝑀𝑀𝑜
Para estes experimentos em particular são obtidos os dados da tabela seguinte. Os valores de 𝛽
foram obtidos por ajuste com os dados experimentais; note-se que também o valor de
𝑜
𝜑 também passou por ajuste pois o valor de 𝛾𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4 é desconhecido . O modelo não reproduz com
precisão os instantes iniciais do experimento. Os valores de Energia de ativação decorrem da
aplicação da equação de Arrhenius,
𝛽 (𝑇1) ∆𝐸
ln = − (1⁄𝑇1 − 1⁄𝑇2)
𝛽 (𝑇2) 𝑅
𝑜
T(K) 𝑀𝐼𝑀𝑜 𝑚𝑒𝑠𝑐 𝑚𝑎ç𝑜 𝜑 𝛽 𝛾𝐶𝑎𝑀𝑜𝑂4 ∆𝐸 (𝐽⁄𝑚𝑜𝑙 )
1823 1,2375 51,27 512,7 1861
1848 1,1747 48,67 486,6 2096 0,8 0,0381 256735
1873 1,2133 50,27 502,7 2352 1,0 0,0381
Exemplo: Considere ser aplicável a equação de Kuwabara para o cálculo da taxa de circulação
de aço líquido, Q (ton/min) , pelas pernas de um reator RH, G é a vazão de argônio injetado na
perna de subida (Nm3/minuto); d é o diâmetro interno das pernas (m); 𝑃1 e 𝑃2 são a pressão no
bico de argônio e a pressão interna do vaso, respectivamente. Considere, numa determinada ope-
ração, vazão de 110 Nm3/hora, pressão de vácuo igual a 50 mbar, pernas com 650 mm de diâme-
tro. Estime a taxa de circulação e a velocidade média na perna de descida.
Então
277
𝑃1 0,333
𝑄 = 114 𝐺 0,333 𝑑1,333 (𝑙𝑛 )
𝑃2
110 0,333 1 0,333 𝑡𝑜𝑛
𝑄 = 114 ( ) 0,651,333 (𝑙𝑛 ) = 113,36
60 0,05 𝑚𝑖𝑛
Como condição de arraste de uma partícula de cal pode ser considerada a situação critica em que
peso, empuxo são contrabalançadas pela força de arraste. Assumindo fator de fricção, f=0,44
𝑑3 1 𝜋𝑑2
𝜋 𝑔 (𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑐𝑎𝑙 ) = 𝑓 𝜌𝑎ç𝑜 𝑉 2
6 2 4
4𝑑 𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑐𝑎𝑙
𝑉=√ 𝑔 [ ]
3𝑓 𝜌𝑎ç𝑜
4𝑑 7000 − 3300
0,813 = √ 𝑥 9,81 𝑥 [ ]
3 𝑥 0,44 7000
𝑑 = 0,042 𝑚
Para este tamanho de partículas , 0,042m, e velocidade crítica igual a 0,813 m/s, o coeficiente de
transferência de massa pode ser avaliado por meio da equação de Higbie, e sendo o coeficiente de
difusão de enxofre no ferro líquido da ordem de 5 𝑥 10−8 𝑚2 ⁄𝑠, vem
𝐷𝑆 𝐷𝑆 𝑉 5 𝑥 10−8 𝑥 0,813
𝐾 = 2√ = 2√ = 2√ = 1,11 𝑥 10−3 (𝑚⁄𝑠)
𝜋 𝑡𝑒 𝜋𝑑 𝜋 0,042
Considerando, finalmente, 100 toneladas de aço, com 0,01% de enxofre (o que corresponde a
21,875 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 ) e 1000 kg de cal, é possível estimar área de reação como
𝑉𝑐𝑎𝑙 2
6 𝑉𝑐𝑎𝑙 6 𝑥 1000 (𝑘𝑔)⁄3300 (𝑘𝑔⁄𝑚3 )
Á𝑟𝑒𝑎 = 𝜋 𝑑 = = = 43,28 𝑚2
𝜋𝑑 3 𝑑 0,042 (𝑚)
6
práticos uma partícula pode ser tomada como “impermeável” se a velocidade de tranporte
de reagente no interior da rede de poros é desprezível em relação à velocidade de reação
química. Neste caso o reagente reage principalmente na superfície externa e não tem
oportunidade de alcançar sítios de reação química S RQ , no interior da partícula, Figura 3-
32.
Como se mostra a seguir o Modelo de Partícula impermeável reagindo com meio fluido
em geral leva em consideração um processo envolvendo duas etapas:
Figura 3-33: Exemplos de aplicação do modelo; nem todas etapas de transporte são
mostradas
M (s) + n A n B G 0
Este processo pode ser descrito a partir de um modelo(simplificado) que considere ser o
sólido esférico e impermeável aos gases ( o que implica que a reação M + nA = nB se res-
tringe à superfície situada em r = R), sistema isotérmico, e que inclua as etapas (sub-
processos) apresentadas na Figura 3-35:
Figura 3-34: Esquema para o caso de partícula impermeável em reação com meio fluido,
Figura 3-35: Distribuição das espécies no meio fluido, de acordo com o modelo.
Neste caso pode ser oferecido, por exemplo, o seguinte tratamento matemático:
1. Transporte de massa, da espécie A, desde o seio do gás até a interface da reação, atra-
vés da camada limite:
280
𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴
𝑉𝑇𝑀 [ ] = Área de Fluxo x Coeficiente de Transporte x Gradiente de Concentração
𝑠
[𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑖 ]
𝑉𝑇𝑀 = −4𝜋𝑅 2 (𝑚2 ) 𝐷𝐴 (𝑚2 𝑠 −1 ) (𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴⁄𝑚4 )
𝛿
onde o sinal (-) foi incluído em função da natureza vetorial do fluxo, neste caso no sentido
contrário ao sentido positivo do eixo coordenado r.
o que indica que a velocidade do processo pode ser calculada, independentemente, através
de quaisquer das equações precedentes, desde que estejam disponíveis os valores das vari-
áveis envolvidas. De todas as variáveis citadas 𝐶𝐴𝑖 (concentração na interface) é a de de-
terminação mais improvável. Face a esta limitação é costume o emprego de uma analogia
elétrica, Figura 3-36.
281
onde 𝑅𝑇𝑀 𝑒 𝑅𝑅𝑄 representam as resistências ao transporte de massa e reação química, res-
pectivamente. Note-se que, novamente, se torna possível definir resistências características
de cada etapa, e conforme a condição a etapa controladora do processo.
Por exemplo:
Controle por transporte de massa
∆𝐶 ∆𝐶
𝑅𝑇𝑀 ≫ 𝑅𝑅𝑄 isto é 𝑉 = − ≈−
𝑅𝑇𝑀 + 𝑅𝑅𝑄 𝑅𝑇𝑀
ou
𝑒𝑞
𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴 𝐷𝐴
𝑉 [𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴⁄𝑠] ≈ 𝛿 = −4𝜋 𝑅 2 𝛿
(𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 )
4𝜋 𝑅2 𝐷𝐴
Controle por reação química, onde de modo análogo, neste caso, se escreve:
∆𝐶 ∆𝐶
𝑅𝑇𝑀 ≪ 𝑅𝑅𝑄 isto é 𝑉 = − ≈−
𝑅𝑇𝑀 + 𝑅𝑅𝑄 𝑅𝑅𝑄
𝑒𝑞
𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴
𝑉 [𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴⁄𝑠] ≈ 1 = −4𝜋 𝑅 2 𝐾𝑅𝑄 (𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑒𝑞 )
4𝜋 𝑅2 𝐾𝑅𝑄
Como antes se espera controle por reação química em “baixas” temperaturas e controle por
transporte de massa em “altas” temperaturas.
282
Como se pode notar, através dos exercícios seguintes, o mecanismo reacional que envolve
duas etapas em série (transporte e reação química) pode ser facilmente adaptado a outras
situações, que não envolvem necessárias partículas (sólidas); bolhas, gotas podem também
ser consideradas, bem como outras geometrias.
Exemplo: Sucata é normalmente adicionada em fornos de produção de aço (BOF, EAF), em ta-
manhos diversos (sucata leve, sucata pesada), à temperatura ambiente ou preaquecida com o obje-
tivo de economia de energia. Próximo à região dos arcos em um EAF as temperaturas são superi-
ores à temperatura de fusão da sucata, de modo que a incorporação desta ao banho pode se dar
por fusão seguida de mistura. Por outro lado quando uma peça de sucata( considere ferro puro,
𝑇𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 1537 oC) é imersa em gusa (por exemplo a 1350 oC) o processo de assimilação inclui
difusão de carbono. Avalie a velocidade de incorporação.
Considere-se o caso de uma barra espessa de ferro, R= 10 cm, se encontra imersa em gusa a 1350
o
C, e girando com velocidade, 𝜔, correspondente a 40 rpm. O coeficiente de transferência de
massa de carbono na camada limite no lado do gusa pode ser estimado. Por exemplo (Scrap Dis-
solution in Molten Iron Containing Carbon for the Case of Coupled Heat and Mass Transfer Con-
trol; AJAY KUMAR SHUKLA, BRAHMA DEO, and D,G,C, ROBERTSON; METALLURGICAL
AND MATERIALS TRANSACTIONS B VOLUME 44B, DECEMBER 2013—1407)
Onde Sh, Re, Sc representam os adimensionais de Sherwood, Reynolds e Schmidt. Os valores des-
tes podem ser obtidos através de
283
2𝑅 𝐾 2𝑅 𝜌 𝑉𝑠 𝜂/𝜌
𝑆ℎ = 𝐷
𝑅𝑒 = 𝜂
𝑆𝑐 = 𝐷
Neste caso, para os primeiros instantes de dissolução (à medida que a barra se dissolve o raio da
mesmas diminui; com isto o valor de K varia) e sendo
𝐷𝐶 (𝑚2 ⁄𝑠) = 4,74 𝑥 10 −4 𝑒𝑥𝑝{−38000 (𝑐𝑎𝑙 ⁄𝑚𝑜𝑙) /𝑅𝑇} = 3,62 𝑥 10−9
𝜌𝑔𝑢𝑠𝑎 = 6900 𝑘𝑔⁄𝑚3
𝜂𝑔𝑢𝑠𝑎 = 0,006 𝑃𝑎. 𝑠
𝑉𝑆 = 𝑤 (𝑟𝑎𝑑⁄𝑠) 𝑅(𝑚) = 4,19 𝑅
resulta
2𝑅𝐾 2𝑅 𝜌 𝑉 0,78 𝜂 0,356
= 0,163 { } { }
𝐷 𝜂 𝜌𝐷
Dai, às concentrações em peso (4,5 ; 2,38 ; 1,08 ; 0 ), ver diagrama anterior, correspondem
𝐶𝑜 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 ) = 26226; 𝐶1 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 ) = 13872; 𝐶2 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 ) = 6294; 𝐶3 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 ) = 0
Com estes dados é possível estimar o fluxo de carbono que atravessa a camada limite, 𝑛1 , o qual
se dá sob a força motriz { 𝐶𝑜 − 𝐶1 } 𝑚𝑜𝑙𝑠/𝑚3 .
𝑛1 = 𝐾(𝑚⁄𝑠) { 𝐶𝑜 − 𝐶1 } 𝑚𝑜𝑙𝑠/𝑚3
𝑛1 = 𝐾 { 𝐶𝑜 − 𝐶1 } 𝑚𝑜𝑙𝑠/𝑚2 𝑠
O fluxo de carbono que penetra na sucata, 𝑛2 , é diferente (menor que) do anterior. A diferença
{𝑛1 − 𝑛2 } é responsável pela carburação da peça de sucata, que eventualmente atinge valor de
composição correspondente à Liquidus. De modo a estimar o fluxo de carbono na peça de sucata
considera-se que o perfil de composição seja característico de um sólido semi-infinito. Neste caso
o fluxo é dado por
𝐷
𝑛2 = √𝜋 𝑡 {𝐶2 − 𝐶3 }
𝑑𝐶 1
=−√ {𝐶2 − 𝐶3 }
𝑑𝑥 𝐷𝜋𝑡
Portanto vem
𝐷 3,62 𝑥 10−9 0,2136
𝑛2 = √ {𝐶2 − 𝐶3 } = √ {6294 − 0 } = 𝑚𝑜𝑙𝑠/𝑚2 . 𝑠
𝜋𝑡 𝜋𝑡 √𝑡
Esta avaliação considera que a barra possa ser aproximada a um sólido semi-inifinito. Neste caso,
como o perfil de concentração na barra se altera ao longo do tempo o mesmo se dá com o fluxo.
Por exemplo, a quantidade de carbono retida, no intervalo entre 0 e 1 segundos, isto é, para ∆𝑡 =
1, vale
Este carbono, retido justo à frente da interface gusa - sucata, faz com que numa porção da sucata,
de comprimento ∆𝑀, a composição atinja o valor 𝐶1 . A figura a seguir esquematiza o processo de
retenção de carbono. A porção de sucata que tem concentração elevada a 𝐶1 é então incorporada
ao gusa, de modo que o avanço da interface pode ser calculado como Δ𝑀.
1 1
𝐶 = 6294 − 𝑋 √ 6294 = 6294 − 59 𝑥 106 √ 𝑋
3,62 𝑥 10−9 𝜋 𝑡 𝑡
Finalmente, se dX representa a espessura de uma camada infinitesimal, que tem sua concentração
elevada de C até 𝐶1 , para ser incorporada ao gusa, a quantidade de carbono necessário para tal é
1 1
𝑑𝑋. {𝐶1 − 𝐶} = 𝑑𝑋 {𝐶1 − 6294 + 59 𝑥 106 √ 𝑡 𝑋} = 𝑑𝑋 {7578 + 59 𝑥 106 √ 𝑡 𝑋}
a qual deve ser igual à quantidade de carbono retida no período de tempo correspondente, Δ𝑡,
0,2136
(𝑛1 − 𝑛2 ) Δ𝑡= {1,9767 − } Δ𝑡
√𝑡
Resulta
Δ𝑀
1 0,2136
∫ {7578 + 59 𝑥 106 √ 𝑋} 𝑑𝑋 = {1,9767 − } Δ𝑡
0 𝑡 √𝑡
Para o intervalo proposto, t =1, Δ𝑡 = 1, a equação anterior rende Δ𝑀 = 1,47 𝑥 10−4 𝑚. Se esta
taxa fosse mantida a dissolução iria requerer cerca de 0,05⁄1,47 𝑥 10−4 = 340 s. Entretanto,
dada a variação de raio com o tempo, este valor de taxa de dissolução precisa ser reavaliado a
cada incremento de tempo.
Exemplo: Parte do diagrama de fases Ferro – Cementita é apresentado em anexo. Considere que
duas peças metálicas, uma ferro puro e outra um aço com 0,76% de carbono são colocadas em
contato íntimo pouco acima de 727 oC, Forma-se a fase ferrita, justaposta à peça de austenita,
porém ostentando um gradiente de composição. Assuma equilíbrio local no ponto de contato e que
os sólidos possam ser considerados semi infinitos.
Escreva uma expressão para o fluxo de carbono que atravessa a interface e adentra a fase ferrita,
como função do tempo. Considere que, num intervalo de tempo dt, carbono é retirado da fase aus-
tenita (0,76%C) e transportado para a fase ferrita (0,02 %C) e como resultado deste processo a
extensão da fase austenita diminui de dx. Faça um balanço de massa e encontre a expressão de
𝑑𝑥⁄
𝑑𝑡 . Valores de coeficiente de difusão de carbono são, na ferrita
−80830 𝐽⁄𝑚𝑜𝑙.𝐾 𝑚2 2
6,2 𝑥10−7 𝑒𝑥𝑝 ( ) ⁄𝑠 e na austenita 10−5 𝑒𝑥𝑝 (−135560 𝐽⁄𝑚𝑜𝑙,𝐾 ) 𝑚 ⁄𝑠.
𝑅𝑇 𝑅𝑇
286
Como aproximação pode-se o problema da difusão do carbono na ferrita como aquele de difusão
em um sólido semi-infinito. Neste caso o fluxo de carbono que adentra a ferrita é
𝐶𝑜 − 𝐶𝑖
𝑗𝐶 (𝑚𝑜𝑙𝑠⁄𝑚2 𝑠) = −𝐷𝐶
√𝜋 𝐷𝐶 𝑡
Onde
𝜌𝐹𝑒 %𝐶 𝑜 7 𝑥 106 𝑥 0,02
𝐶𝑜 = = = 116,67 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝐶 ⁄𝑚3
100 𝑀𝐶 100 𝑥 12
𝜌𝐹𝑒 %𝐶 𝑖
𝐶𝑖 = =0
100 𝑀𝐶
são as concentrações molares de carbono, na ferrita (na interface com a austenita) e no ferro pu-
ro.
O fluxo na austenita pode ser estimado por metodologia semelhante, mas neste cálculos aproxima-
2
dos serão desprezados pois a difusividade de carbono na austenita ( 8,23 x 10−13 𝑚 ⁄𝑠) é muito
menor e o gradiente de composição na austenita é também pequeno.
Assim, num intervalo de tempo hipotético, de 0 a 1 segundos, ∆𝑡 = 1, este fluxo de carbono seria
capaz de retirar da austenita uma quantidade de carbono igual a
4 𝑥 10−4
𝐽𝐶 (𝑚𝑜𝑙𝑠⁄𝑚2 ) = − ∆𝑡
√ 𝑡
A evolução da transformação pode então ser estimada por repetição continuada do procedimento
anterior, para valores crescentes de tempo.
Exemplo: - Num desgaseificador RH , figura seguinte, aço com composição C[mol de carbo-
no/m3] é bombeado, por efeito de vácuo e injeção de argônio, através da perna de subida desde a
panela até a câmara de vácuo. A esta vazão de aço se denomina taxa de circulação, Q [m3/s]. O
efeito do vácuo é o de aumentar o potencial termodinâmico de reações de desgaseificação tais
como C + O = CO(g) e (o nível de vácuo pode ser tão baixo quanto 1 mm de Hg , o metal se en-
contra extremamente agitado na câmara de vácuo) logo o processo é bastante efetivo e a concen-
tração atinge o valor Cr. Num modelo descritivo(Sumida et al, Kawasaki Steel Technical Report,
no 8, set 1983, 69-76) deste reator admite-se duas etapas em série. A primeira consiste da reação
na câmara de vácuo, cuja velocidade é medida por nC = - aK {Cr – Ceq}, onde a[m2] representa
a área de interface de reação, K[m/s] a constante cinética, Cr a concentração na câmara de vá-
cuo e Ceq a concentração de equilíbrio (em geral desprezível). A segunda corresponde à transfe-
rência de aço não refinado pela perna de subida até a câmara de vácuo e desta, após descarbura-
ção, de volta à panela através da perna de descida. Esta etapa pode ser quantificada como nC = -
Q {C – Cr}, onde C é a concentração na panela. Considerando regime quase estacionário a taxa
𝑑𝐶 𝐶−𝐶𝑒𝑞
de acumulação de carbono pode ser calculada como 𝑉 𝑑𝑡 = − 1 1 , onde V[m3] representa o
+
𝑎𝑘 𝑄
volume total de aço no reator. Nesta última equação 1⁄𝑎𝑘 representa uma resistência relativa à
reação ocorrendo na câmara de vácuo e 1⁄𝑄 uma resistência relativa à circulação. 1- O que se
entende neste caso por regime quase estacionário? 2- Deduza a equação precedente. 3- Considere
V = 45 m3, Q´ = 180 ton/min, descarburação desde 500 ppm até 100 ppm em 15 minutos, e encon-
tre a resistência total do processo. 4 – Qual a resistência controladora?
A esta quantidade corresponde uma variação de conteúdo de carbono no aço no sistema, que pode
ser expressa como
𝑑𝐶 (𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐶 ⁄𝑚3 )
𝑉(𝑚3 )
𝑑𝑡 (𝑠)
Daí, vem a expressão sugerida
𝑑𝐶 𝐶 − 𝐶𝑒𝑞
𝑉 =𝑛=−
𝑑𝑡 1 1
+
𝑎𝑘 𝑄
Integração desta expressão, para o caso mais simples que as variáveis a, K, Q não variam ao lon-
go do processo, e para a qual 𝐶𝑒𝑞 pode ser desprezada(vácuo profundo) rende
𝑑𝐶 1 𝑑𝑡
=𝑛=−
𝐶 𝑉 1 + 1
𝑎𝑘 𝑄
1 1
𝑙𝑛 𝐶 ⁄𝐶𝑜 = − 𝑡
𝑉 1 1
+ 𝑄
𝑎𝑘
toneladas, diâmetro do snorkel 0,6m ; vazão de argônio 80 a 140 Nm3/hora. Assuma ser válida a
equação de Kuwabara para o cálculo da taxa de circulação de aço líquido:
𝑃1
𝑄 (𝑘𝑔⁄𝑠) = 7430 𝐺 0,333 𝑑1,333 (𝑙𝑛 )0,333
𝑃2
G é a vazão de argônio injetado na perna de subida (Nm3/s); d é o diâmetro interno das pernas
(m); P1 e P2 são a pressão no bico de argônio e a pressão interna do vaso, respectivamente.
Considere pressão de vácuo igual a 50 mbar. Assuma também que o processo de descarburação
possa ser descrito por uma equação do tipo
𝑑𝐶 𝐶 − 𝐶𝑒𝑞
𝑉 = −
𝑑𝑡 1 1
+
𝑄´ 𝑎 𝐾
Aqui C é a concentração de carbono (%); V é o volume de aço (m3); Q´ é a taxa de circulação
(m3/s) ; a é a área de reação (m2) e K a constante cinética da reação química/transporte de massa
na câmara de vácuo(m/s). Esta equação pode ser reescrita como
𝑑𝐶 1 𝐶 − 𝐶𝑒𝑞
= − = − 𝑘𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝐶 − 𝐶𝑒𝑞 )
𝑑𝑡 𝑉 1 + 1
𝑄´ 𝑎 𝐾
Para os 6 minutos iniciais de descarburação foram determinados os valores de 𝑘𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝑚𝑖𝑛−1 ):
0,34 (80 Nm3/h); 0,33 (110 Nm3/h); 0,34 (140 Nm3/h).
Considerando uma vazão de gás de 80 𝑁𝑚3 ⁄ℎ𝑜𝑟𝑎 ou G = 0,0222 𝑁𝑚3 ⁄𝑠 é possível estimar a
taxa de circulação de aço:
𝑃1
𝑄 (𝑘𝑔⁄𝑠) = 7430 𝐺 0,333 𝑑1,333 (𝑙𝑛 )0,333
𝑃2
0,333
1
𝑄 (𝑘𝑔⁄s) = 7430 𝑥 0,0222 0,333 0,6 1,333 (𝑙𝑛 ) = 1523,786
0,05
Ou ainda
𝑄 (𝑘𝑔⁄s) 1523,786
𝑄′ = 3
= = 0,2177 ( 𝑚3 ⁄𝑠)
𝜌𝑎ç𝑜 (𝑘𝑔⁄𝑚 ) 7000
1 𝐶− 𝐶𝑒𝑞
− = − 𝑘𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝐶 − 𝐶𝑒𝑞 )
𝑉 1 + 1
𝑄´ 𝑎𝐾
1 1
= 𝑘𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
1
𝑉 1
+
𝑄´ 𝑎 𝐾
1 1
= 5,66 𝑥 10−3
24,286 1 1
0,2177 + 𝑎 𝐾
Que leva à determinação de aK igual a 0,3741𝑚3 ⁄𝑠. As resistências características são da mesma
ordem de grandeza, nenhuma é dominante:
290
1
𝑅𝑅𝑒𝑎çã𝑜 𝑄𝑢í𝑚𝑖𝑐𝑎 = = 2,2729
𝑎𝑘
1
𝑅𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 = = 4,5935
𝑄
Finalmente, como a concentração inicial de carbono é dada como 0,03%. Daí vem
𝑑𝐶
= − 𝑘𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝐶 − 𝐶𝑒𝑞 )
𝑑𝑡
𝑑𝐶
= − 0,34 𝑥 0,03 %⁄𝑚𝑖𝑛
𝑑𝑡
As concentrações na câmara de vácuo são 500ppm de oxigênio e 80ppm de carbono, as quais cor-
respondem a
𝜌𝑎ç𝑜 (𝑔⁄𝑚3 ) 𝑝𝑝𝑚 𝑂 7 𝑥 106 𝑥 500
[𝑂] = = = 218,75 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 )
106 𝑀𝑂 (𝑔⁄á𝑡𝑜𝑚𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎) 106 𝑥 16
𝜌𝑎ç𝑜 (𝑔⁄𝑚3 ) 𝑝𝑝𝑚 𝐶 7 𝑥 106 𝑥 80
[𝐶] = = = 46,63 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 )
106 𝑀𝐶 (𝑔⁄á𝑡𝑜𝑚𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎) 106 𝑥 12,01
Portanto
0,69 {218,75 − [𝑂]𝑖 } = {46,63 − [𝐶]𝑖 }
𝑃𝐶𝑂
𝐾𝑒𝑞 = 494,11 =
%𝑂 %𝐶
E para 𝑃𝐶𝑂 = 50 𝑚𝑏𝑎𝑟 = 0,050 𝑎𝑡𝑚 implica
%𝑂 %𝐶 = 1,012 𝑥 10−4
𝜌𝑎ç𝑜 𝜌𝑎ç𝑜
[𝐶]𝑖 [𝑂]𝑖 = 1,012 𝑥 10−4 𝑥 𝑥
100 𝑀𝑂 100 𝑀𝐶
292
Por outro lado a taxa de circulação (Kuwabara) pode ser estimada como
𝑃1
𝑄 (𝑘𝑔⁄𝑠) = 7430 {𝐺(𝑁𝑚3 ⁄𝑠)}0,333 {𝑑(𝑚)}1,333 (𝑙𝑛 )0,333
𝑃2
0,333
1000
𝑄 (𝑘𝑔⁄s) = 7430 𝑥 0,033 0,333 𝑥 0,6 1,333 (𝑙𝑛 ) = 1740
50
Exemplo: Estime o tempo necessário para dissolver uma barra de grafita( 2cm de raio e compri-
mento L) em ferro puro a 1550 oC, assumindo equilíbrio local na interface. Assuma, também, 𝜌𝐹𝑒
= 7000 𝑘𝑔⁄𝑚3 ; 𝜌𝑔𝑟𝑎𝑓𝑖𝑡𝑒 = 192 𝑘𝑚𝑜𝑙𝑠⁄𝑚3 ; 𝐷𝐶 = 7,8 𝑥 10−5 𝑐𝑚2 ⁄𝑠 ; %C (saturação)=
1,34 + 2,54 𝑥 10−3 𝑇( 𝑜𝐶). O coeficiente de transferência de massa pode ser calculado a partir de
𝐾
𝜔𝑅
= 0,079 𝑅𝑒 −0,3 𝑆𝑐 −0,644, onde 𝜔 é a velocidade angular de rotação, neste exemplo 30 rpm..
Esta equação pode ser facilmente integrada, para fornecer a dependência entre o raio da barra e o
tempo de contato.
Exemplo: Podem ser encontradas na literatura relações para o cálculo de coeficientes de trans-
porte de massa, cuja aplicabilidade ao caso de interesse precisa ser avaliada. Gotas de pequeno
tamanho, dispersas em um banho, se movimentando no interior do mesmo podem ser aproximadas
a esferas rígidas. Neste caso a equação de Frossling pode ser aplicada para estimar o coeficiente
de transferência de massa na camada limite no lado do banho.
𝑆ℎ = 2 + 0,552 𝑅𝑒 0,5 𝑆𝑐1/3
Como proposto
0,5 1/3
2𝑅 𝐾 2𝑅. 𝜌𝑎ç𝑜 𝑉 𝜂𝑎ç𝑜
= 2 + 0,552 [ ] [ ]
𝐷𝑆 𝜂𝑎ç𝑜 𝜌𝑎ç𝑜 𝐷𝑆
294
E desde que a camada limite se encontra no metal as propriedades relevantes são desta fase
0,5 1/3
𝐷𝑆 2𝑅. 𝜌𝑎ç𝑜 𝑉 𝜂𝑎ç𝑜
𝐾= {2 + 0,552 [ ] [ ] }
2𝑅 𝜂𝑎ç𝑜 𝜌𝑎ç𝑜 𝐷𝑆
3 𝑥 10−8 2 𝑥 0,003. 𝑥 7000 𝑥 0,3 0,5 0,007 1/3
𝐾= {2 + 0,552 [ ] [ ] }
2 𝑥 0,003 0,007 7000 𝑥 3 𝑥 10−8
𝐾 = 3,86 𝑥 10−4 (𝑚⁄𝑠)
Em função da geometria esférica a velocidade de transporte de enxofre, desde o metal até a escó-
ria é
𝑉𝑆 = −4𝜋𝑅 2 (𝑚2 ) 𝑘(𝑚 𝑠 −1 ) [𝐶𝑆∞ − 𝐶𝑆𝑖 ](𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑆 ⁄𝑚3 )
A concentração interfacial precisa ser inferida, por exemplo assumindo equilíbrio local na interfa-
ce (isto é que, em função das altas temperaturas a etapa controladora é o transporte de massa). De
qualquer forma a composição da gota de escória precisa ser especificada para que a concentração
de equilíbrio possa ser calculada. Numa simplificação extrema pode ser admitido que, ao menos
𝑒𝑞
nos instantes iniciais se cumpra a condição 𝐶𝑆∞ ≫ 𝐶𝑆𝑖 ~𝐶𝑆 . Finalmente vem
𝑒𝑞
𝑉𝑆 = −4𝜋𝑅 2 𝑘 [𝐶𝑆∞ − 𝐶𝑆𝑖 ] = −4𝜋𝑅 2 𝑘 [𝐶𝑆∞ − 𝐶𝑆 ] ~ − 4𝜋𝑅 2 𝑘 𝐶𝑆∞
A velocidade de sedimentação da gota de aço pode ser estimada assumindo ser válida a lei de
Stokes,
2 2
𝑉𝑠 = 𝑅 2 𝑔 𝛥𝜌 = 𝑅 2 𝑔 (𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 )
9 𝜂𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 9 𝜂𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎
onde R representa o raio da gota, 2,5 x 10−4 m; 𝜂𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 , a viscosidade da escória (CaO-Al2O3,
CaF2; 1600 oC; Slag Atlas), cerca de 50 mil.,Pa.s; 𝜌𝑎ç𝑜 , a massa específica do aço, 7000 kg/m3;
𝜌𝑒𝑠𝑐ó𝑟𝑖𝑎 , a massa específica da escória, 3000 kg/m3.
Então,
𝑉𝑠 = 0,0109 m/s,
Desta forma o coeficiente de transferência de massa do enxofre, na camada limite do lado da escó-
ria (considerando o fluxo relativo de escória ao redor de uma gota de metal) pode ser estimado
,pela equação de Higbie, como,
𝐷
𝐾 = 2√
𝜋 𝑡𝑒
onde 𝑡𝑒 representa o tempo necessário para a renovação da camada de escória ao redor da gota.
Assumindo
2𝑅 0,5 𝑥10−3
𝑡𝑒 = = = 0,0459 𝑠
𝑉𝑠 0,0109
Este adimensional reflete a razão entre as velocidade de transporte na camada limite e a velocida-
de por transporte no interior da gota, por difusão. Se (em função das dimensões da gota, da tensão
interfacial) a gota pode ser considerado um corpo rígido, e se no interior da gota a difusão pode
ser tomada como muito mais importante que a convecção, então, para Biot < 1, se pode admitir
que a difusão no interior da gota seja rápida comparativamente ao transporte na camada limite.
Neste caso um perfil esquemático de concentração será como aquele esquematizado a seguir,
296
O que permite escrever, como um balanço de conservação de enxofre, que retrata a suposição de
que todo enxofre que deixa gota é transferido para a escória,
𝑑 𝑚𝑜𝑙𝑠
{𝑉𝐺 (𝑚3 ) [𝑆]( 3 )} = − 𝐴𝐺 (𝑚2 ) 𝐾(𝑚/𝑠){(𝑆)𝑖 − (𝑆)}(𝑚𝑜𝑙/𝑚3 )
𝑑𝑡 𝑚
Admitindo-se ainda que exista equilíbrio local na interface se pode escrever o coeficiente de parti-
ção de enxofre, entre escória e metal, como
(𝑆)𝑖
𝐿 =
[𝑆]
o que permite reescrever a expressão anterior como,
𝑑 𝑚𝑜𝑙𝑠
{𝑉𝐺 (𝑚3 ) [𝑆]( 3 )} = − 𝐴𝐺 (𝑚2 ) 𝐾(𝑚/𝑠){𝐿[𝑆] − (𝑆)}(𝑚𝑜𝑙/𝑚3 )
𝑑𝑡 𝑚
Como a desulfuração se faz com valores L>>1 ao menos nos instantes iniciais a equação anterior
pode ser reescrita como
𝑑
{𝑉 [𝑆]} = − 𝐴𝐺 𝐾𝐿[𝑆]
𝑑𝑡 𝐺
ou então
𝑑[𝑆] 𝐴𝐺
=− . 𝐾. 𝐿. , 𝑑𝑡
[𝑆] 𝑉𝐺
Integrada esta equação rende
[𝑆] 𝐴
− 𝐺 .𝐾.𝐿.,𝑡
= 𝑒 𝑉𝐺
[𝑆]𝑜
𝐴
Para uma esfera se tem que 𝑉𝐺 = 3/𝑅, o que fornece
𝐺
3𝐾.,𝐿.,𝑡
[𝑆] −
[𝑆]𝑜
=𝑒 𝑅 .
Desta forma, neste exemplo específico, para o qual L =100, para o qual a gota precisa percorrer
uma camada de 0,20 m de espessura de escória, com velocidade igual a 0,0109 m/s (isto é com
297
tempo de contato igual a 0,20 / 0,0109 = 18,35 s) pode se estimar que a desulfuração avança de
modo que,
3𝐾 ,𝐿 ,𝑡 3 𝑥 4,71 𝑥 10−5 𝑥 100 𝑥 18,35
[𝑆] −
[𝑆]𝑜
= 𝑒− 𝑅 =𝑒 2,5 10−4 ∼ 𝑧𝑒𝑟𝑜
O que sugere desulfuração quase completa (na realidade a desulfuração só avança até o equilí-
brio, situação para a qual L = (S)/[S]),
São duas etapas em série: transporte e reação química. Como se trata reação química interfacial
envolvendo de Hidrogênio não se antevê a influência de tenso ativos; daí é comum assumir que,
dada a condição de temperatura alta, que o controle do processo é por transporte de massa. Desta
forma a concentração interfacial de Hidrogênio será, na prática, a concentração de equilíbrio. A
condição de equilíbrio local no ponto de injeção pode ser avaliada como se segue.
A pressão atuante sobre a bolha, no ponto de injeção e assumindo equilíbrio térmico e fluido está-
tico é dada como:
𝑃 = 𝑃𝑎 (𝑃𝑎) + 𝜌𝑎ç𝑜 (𝑘𝑔⁄𝑚3 )𝑔(𝑚⁄𝑠 2 )𝐿(𝑚) = 1,013 𝑥 105 + 7000 𝑥 9,81 𝑥 2 = 238640 𝑃𝑎
O número de mols de gás na bolha é dado pela lei do gás ideal, PV = nRT,
𝜋 𝐷3
𝑃(𝑃𝑎) 𝑉 ( 𝑚3 ) = 𝑃(𝑃𝑎) ( ) (𝑚3 ) = 𝑛𝑜 𝑅(𝐽⁄𝐾. 𝑚𝑜𝑙 )𝑇(𝐾)
6
298
𝜋 0,0023
238640 𝑥 ( ) = 𝑛𝑜 8,31𝑥 1873
6
𝑛𝑜 = 6,42 𝑥 10−8
Requer
𝑝𝑝𝑚 𝑑𝑒 𝐻
𝐾= 0,5 = 24,65
𝑃𝐻2
0,5
𝑝𝑝𝑚 𝑑𝑒 𝐻 = 24,65 𝑃𝐻2
Como no ponto de injeção, numa bolha de Argônio puro, a pressão parcial de Hidrogênio é nula,
também o será a concentração interfacial do mesmo
0,5
𝑝𝑝𝑚 𝑑𝑒 𝐻 = 24,65 𝑃𝐻2 = 24,65 𝑥 0 = 0
A velocidade de ascensão da bolha de gás pode ser estimada assumindo fluxo turbulento ao redor
da bolha,
𝐷3 1 𝜋𝐷 2
𝜋 𝑔 (𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑔á𝑠 ) = 𝑓 𝜌𝑎ç𝑜 𝑉𝑔2
6 2 4
4𝐷 𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑔á𝑠
𝑉𝑔 = √ 𝑔[ ]
3𝑓 𝜌𝑎ç𝑜
𝑉𝑔 = 0,345 𝑚⁄𝑠
Um trajeto de 5cm é percorrido por esta bolha em 0,05 (𝑚)⁄0,345 (𝑚⁄𝑠) = 0,145 (𝑠), de forma
que a bolha será constituída, após este trajeto, de
Exemplo: Numa panela contendo aço líquido, 300 toneladas, injetam-se cerca de 1 m3 de argô-
nio/min. As dimensões da panela são, aproximadamente, altura H (3,65 m), diâmetro superior DS
(4,05 m) e diâmetro inferior DI(3,65 m ). Estime a velocidade de aço na pluma, 𝑉𝑃 , sabendo que
𝑄 1⁄3 𝐻 1⁄4
𝑉𝑃 = 4,78 . Nesta expressão Q denota a vazão de gás, H o nível de metal na panela e R o
𝑅1⁄4
raio do vaso (unidades no SI). Assuma que a velocidade superficial do aço na panela, 𝑉𝑆 seja igual
a 𝑉𝑃 . A partir deste valor estime o Tempo de Renovação, 𝑡𝑒 , da camada superficial de aço da
panela. Estime também, pela equação de Higbie, 𝐾 = 2 √𝐷𝑁 ⁄𝜋 𝑡𝑒 o coeficiente de transferência
de massa, para o nitrogênio, na camada limite do lado do metal, sabendo que
𝐷𝑁 = 1,1 𝑥 10−8 𝑚2 ⁄𝑠. Esboce o perfil de concentração nesta camada limite. Estime quanto de
nitrogênio este aço será capaz de absorver, após 10 minutos de exposição a um fluxo de nitrogê-
𝑁
nio, a 1,1 atm, se para o equilíbrio de dissolução de nitrogênio se tem que 𝐾𝑒𝑞 = 𝑝𝑝𝑚 0,5 e
𝑃𝑁2
log 𝐾𝑒𝑞 = − 188⁄𝑇 + 2,76.
Estima-se o tempo necessário para renovação da interface metal atmosfera, no topo da panela
como 𝑡𝑒 = 𝐷𝑆⁄𝑉𝑃 = 4,05⁄1,417 = 2,859 𝑠 Daí o coeficiente de transferência de massa, Nitro-
gênio, na camada limite ao lado do metal, pode ser estimado como
O perfil seguinte de composição é traçado assumindo um mecanismo com duas etapas em sé-
rie(transporte e reação química), ausência de efeitos interfaciais que bloqueiem a passagem de
Nitrogênio, temperaturas altas e equilíbrio local da reação de dissolução de Nitrogênio; isto é,
controle por transporte de massa.
300
𝑁𝑝𝑝𝑚
log 0,5 = − 188⁄𝑇 + 2,76 = 2,659
𝑃𝑁2
𝑁𝑝𝑝𝑚
0,5 = 456,69
𝑃𝑁2
Este fluxo corresponde a aproximadamente 300 toneladas de aço. Logo o pick-up de Nitrogênio
será
106
𝑛̈ 𝐻 (á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎⁄𝑠) 60 (𝑠⁄𝑚𝑖𝑛) 𝑀𝑁 (𝑔⁄𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎)𝑥
𝑀𝑎ç𝑜 (𝑔)
6
10
𝑛̈ 𝐻 (𝑝𝑝𝑚⁄𝑚𝑖𝑛) = 0,732 𝑥 60 𝑥 14 𝑥 = 2,05
300 𝑥 106
Área T(K) C VP
1,00 298,00 2,50 3,37
1,00 318,00 7,00 116,87
1,00 318,00 2,50 14,91
Com base nestes dados, qual a etapa que controla o processo? Qual seria o efeito de aumentar a
agitação neste processo? Qual o valor da energia de ativação? Qual a expressão que fornece o
valor do raio ao longo do tempo?
Os efeitos das variáveis de processo sobre os dados experimentais precisam ser coerentes com a
equação referente à etapa controladora, se houver. Por exemplo, considerando a temperatura
constante e igual a 318K, a velocidade de processo passa de 14,91 para 116,87 quando a força
motriz é alterada de 2,50 para 7,0. É fácil notar que as alterações em velocidade são proporcio-
nais ao quadrado das variações em concentração
𝑉𝑝 (1) 116,87
= = 7,838
𝑉𝑝 (2) 14,91
∆𝐶(1) 2 7 2
{ } = { } = 7,84
∆𝐶(2) 2,5
Portanto as indicações são de que se trata de controle por reação química, de segunda ordem
2
[Á𝑟𝑒𝑎 𝐾𝑅𝑄 (𝐶 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 − 𝐶 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 ) ]
Como o controle é por reação química maior agitação não deve trazer mudança apreciável. O
valor de energia de ativação pode ser estimado comparando, por exemplo, valores de velocidade
de processo em temperaturas diferentes, para a mesma força motriz
2
Á𝑟𝑒𝑎 𝐾𝑅𝑄 (𝐶 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 − 𝐶 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 ) (𝑇2) 𝐾𝑅𝑄 (𝑇2) ∆𝐸
⁄ ⁄
= = 𝑒 𝑅 (1 𝑇2− 1 𝑇1)
Á𝑟𝑒𝑎 𝐾𝑅𝑄 (𝐶 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 − 𝐶 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 )2 (𝑇1) 𝐾𝑅𝑄 (𝑇1)
14,91 ∆𝐸
⁄ ⁄
= 𝑒 − 𝑅 (1 318− 1 298)
3,37
∆𝐸 = 58 583 J/mol
3
Finalmente se 𝜌𝐴𝑙2𝑂3 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚 ) representa a densidade molar do hidróxido de alumínio e
𝑛𝐴𝑙𝑂2− (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑠) a taca de transporte (ou de consumo) de 𝐴𝑙𝑂2− então a partícula de hidróxido cres-
ce de acordo com
𝑑𝑅 2
4𝜋𝑅 2 𝜌𝐴𝑙2𝑂3 = 0,5 𝑥 4𝜋𝑅 2 𝐾𝑅𝑄 (𝐶 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 − 𝐶 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 )
𝑑𝑡
𝑑𝑅 𝐾𝑅𝑄 2
= 0,5 (𝐶 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 − 𝐶 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 )
𝑑𝑡 𝜌𝐴𝑙2𝑂3
Como o controle é por reação química na prática não se sente um gradiente de composição signi-
ficativo na camada limite. Isto porque, comparativamente à etapa reação química, o transporte é
bastante efetivo; neste caso a concentração na interface é igual à concentração no seio do licor.
Exemplo: Sementes de hidróxido de alumínio (de raio inicial Ro) são adicionadas a um licor
supersaturado em hidróxido de alumínio, Deste modo ocorre a precipitação do hidróxido por so-
302
bre as sementes, o que permite a recuperação posterior do produto, por sedimentação e filtra-
gem(Processo Bayer). Assuma que o processo possa ser explicado por meio de um mecanismo que
inclui duas etapas em série, transporte de massa na camada limite ao redor da partícula e reação
química (de 2ª ordem) na interface partícula-licor. Trace um diagrama 𝐶𝐴𝑙𝑂2− 𝑣𝑠 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 que
ilustre este modelo. Encontre a expressão para a velocidade de deposição. Encontre a expressão
que permite determinar a variação do raio do precipitado com o tempo. Encontre a expressão
relativa à velocidade de deposição após esta consideração.
1⁄2
𝑉
[ ] = 𝐶 𝑖 − 𝐶 𝑒𝑞
4𝜋𝑅 2 𝐾𝑅𝑄
𝑑𝑅 𝐾𝑚 1 2
𝐾𝑚 2
𝜌𝐴𝑙2𝑂3 = 0,5 {− 1⁄2
+ √ + 4 𝐾𝑚 (𝐶 ∞ − 𝐶 𝑒𝑞 )}
𝑑𝑡 2 𝐾𝑅𝑄 2 𝐾𝑅𝑄
Valores particulares desta expressão podem ser obtidos nos extremos nonde se tem controle por
transporte de massa, 𝐾𝑅𝑄 ≫ 𝐾𝑚 e por controle pela etapa reação química, 𝐾𝑅𝑄 ≪ 𝐾𝑚
Exemplo: Partículas de CaO são injetadas em gusa líquido, contendo 100 ppm de enxofre. O
nível de gusa é L = 2m e o tempo de residência das partículas, de diâmetro D = 200 𝜇m, é igual a
, próximo de 2 segundos. Assuma controle por transporte de massa(enxofre) na camada limite de
gusa líquido ao redor da partícula, e a validade da teoria de Higbie. Escreva a equação para o
fluxo de enxofre desde o gusa até a partícula. Estime a quantidade total transferida desde o ponto
de injeção até a interface metal/escória de topo. Estime a fração de CaO convertida em CaS. Con-
sidere 𝐾 = 2 √𝐷𝑆 ⁄𝜋 𝑡𝑒 , 𝐷𝑆 = 3 𝑥 10−4 𝑐𝑚2 ⁄𝑠 e 𝜌𝐶𝑎𝑂 = 3300 𝑘𝑔⁄𝑚3 .
Como as temperaturas são altas é razoável assumir que o controle seja por transporte de massa e
então a concentração interfacial de enxofre será, praticamente, a concentração de equilíbrio,
[𝑆]𝑖 ≈ [𝑆]𝑒𝑞 ; avaliar esta última requer conhecer a temperatura, a composição química do metal.
Por outro lado sendo a velocidade aproximada da partícula igual a 𝑉 = 2𝑚⁄2𝑠 = 1 𝑚⁄𝑠, o coe-
ficiente de transferência de massa é, de acordo com Higbie,
𝐾 = 2 √𝐷𝑆 ⁄𝜋 𝑡𝑒 = 2 √𝐷𝑆 𝑉⁄𝜋 𝐷 = 2 √3 𝑥 10−8 𝑥 1⁄(𝜋 200 𝑥 10−6 ) = 0,0138 𝑚⁄𝑠
Finalmente como
𝜌𝑎ç𝑜 (𝑔⁄𝑚3 ) 𝑝𝑝𝑚 𝑑𝑒 𝑆⁄106
3
[𝑆](á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑆⁄𝑚 ) =
𝑀𝑆 (𝑔⁄á𝑡𝑜𝑚𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎)
100
7 𝑥 106 𝑥
[𝑆](á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑆⁄𝑚3 ) = 106 = 21,875
32
O graus de conversão de CaO em CaS pode ser obtido ao se comparar a quantidade inicial de
CaO com a quantidade de enxofre transferido até a partícula, levando em consideração a reação
CaO + S = CaS + O,
𝜋 𝐷3 𝜋 [200 𝑥 10−6 ]3
𝜌𝐶𝑎𝑂 ⁄𝑀𝐶𝑎𝑂 = 3,3 𝑥 106 ⁄56 = 2,468 𝑥 10−7 𝑚𝑜𝑙𝑠
6 6
𝐿 1
𝑛̈ 𝑆 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑠) 𝑥 = 3,79 𝑥 10−8 𝑥 = 1,895 𝑥 10−8 𝑚𝑜𝑙𝑠 .
𝑉 2
metal) igual a 4 𝑥10−4 𝑐𝑚2 /𝑠. Suponha que a bolha possa ser considerada uma esfera rígida.
Considere que a relação entre a pressão parcial de cálcio e a concentração do mesmo dissolvido
na liga seja 𝐶𝐶𝑎 (mol/cm3) = 3,5 𝑥 10−4 𝑃𝐶𝑎 (atm), assuma equilíbrio local na interface gás-metal
e encontre a concentração de cálcio nesta interface. Assuma ser desprezível a concentração no
interior da fase metálica e estime o fluxo de cálcio devido a este gradiente de composição. Estime
o consumo de cálcio quando a bolha ascende de 50 cm a 45 cm de profundidade.
São duas etapas em série: transporte e reação química. É comum assumir que, dada a condição de
temperatura alta, que o controle do processo é por transporte de massa. Desta forma a concentra-
ção interfacial de Cálcio será, na prática, a concentração de equilíbrio. A condição de equilíbrio
local no ponto de injeção pode ser avaliada como se segue.
A pressão atuante sobre a bolha, no ponto de injeção e assumindo equilíbrio térmico e fluido está-
tico é dada como:
𝑃 = 𝑃𝑎 (𝑃𝑎) + 𝜌𝑎ç𝑜 (𝑘𝑔⁄𝑚3 )𝑔(𝑚⁄𝑠 2 )𝐿(𝑚) = 1,013 𝑥 105 + 7000 𝑥 9,81 𝑥 0,5 = 135635 𝑃𝑎
O número de mols de gás na bolha é dado pela lei do gás ideal, PV = nRT,
𝜋 𝐷3
𝑃(𝑃𝑎) 𝑉 ( 𝑚3 ) = 𝑃(𝑃𝑎) ( ) (𝑚3 ) = 𝑛𝑜 𝑅(𝐽⁄𝐾. 𝑚𝑜𝑙 )𝑇(𝐾)
6
𝜋 0,0033
135635 𝑥 ( ) = 𝑛𝑜 8,31𝑥 1873
6
𝑛𝑜 = 1,232 𝑥 10−7
305
A velocidade de ascensão da bolha de gás pode ser estimada assumindo um valor de fator de fric-
ção igual a 0,44
𝐷3 1 𝜋𝐷 2
𝜋 𝑔 (𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑔á𝑠 ) = 𝑓 𝜌𝑎ç𝑜 𝑉𝑔2
6 2 4
4𝐷 𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑔á𝑠
𝑉𝑔 = √ 𝑔[ ]
3𝑓 𝜌𝑎ç𝑜
𝑉𝑔 = 0,322 𝑚⁄𝑠
Um trajeto de 5cm é percorrido por esta bolha em 0,05 (𝑚)⁄0,322 (𝑚⁄𝑠) = 0,155 (𝑠), de forma
que a bolha terá perdido, após este trajeto,
1,367 𝑥 10−5 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑠) 𝑥 0,155(𝑠) mols de Cálcio
.
Exemplo: Considere aplicável a equação de Higbie. Zinco é removido do chumbo líquido através de
um tratamento com uma mistura de sais fundidos contendo PbCl2 ( Zn (no Pb) + PbCl2 = Pb +
ZnCl2 ), quando gotas da solução Pb-Zn atravessam a camada de escória. Assuma controle por
transferência de massa na camada limite do sal e determine a %Zn final, quando: 𝑑𝑔𝑜𝑡𝑎 =
2𝑥10−3 𝑚 ; 𝑉𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 = 0,1 m/s ; 8% de Zn no início; 𝐷𝑃𝑏𝐶𝑙2 = 10−9 𝑚2 ⁄𝑠; concentração de
PbCl2 no sal igual a 1000 mol/m3 ; espessura da camada de sal igual a 1,2 m ; 𝜌𝑃𝑏−𝑍𝑛 = 10000
kg/m3.
Assumindo que o controle seja o transporte de 𝑃𝑏𝐶𝑙2 através da camada limite na escória
𝑃𝑏𝐶𝑙2 − 𝑍𝑛𝐶𝑙2 é possível escrever (considerando regime quase permanente, que a taxa de trans-
porte seja igual à velocidade de reação química, e considerando a a estequiometria da reação de
refino)
𝑛𝑍𝑛 (𝑚𝑜𝑙𝑠⁄𝑠) = 𝜋 𝐷 2 (𝑚2 ) 𝐾(𝑚⁄𝑠){[𝑃𝑏𝐶𝑙2 ] − [𝑃𝑏𝐶𝑙2 ]𝑖 } 𝑚𝑜𝑙𝑠⁄𝑚3
A concentração de [𝑃𝑏𝐶𝑙2 ] na interface não foi fornecida; vai ser assumida ser desprezível, com-
parada com a composição média da escória,
Se o controle é por difusão na camada de escória então deve existir equilíbrio local na interface, o
que permite escrever,
𝑛𝑀𝑛𝑂 (𝑚𝑜𝑙𝑠⁄𝑠) = 𝜋 𝐷 2 (𝑚2 ) 𝐾(𝑚⁄𝑠){[𝑀𝑛𝑂] − [𝑀𝑛𝑂]𝑖 } 𝑚𝑜𝑙𝑠⁄𝑚3
Implícita na última equação está a suposição de que a sílica é muito mais estável que o óxido de
manganês, e que portanto a concentração de MnO no equilíbrio deve ser comparativamente baixa.
Após avaliar o coeficiente de transporte via equação de Higbie,
𝐷𝑀𝑛𝑂 𝐷𝑀𝑛𝑂 𝑉𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 10−10 𝑥 0,0432
𝐾 = 2√ = 2√ = 2√ = 4,7 𝑥 10−5 𝑚⁄𝑠
𝜋 𝑡𝑒 𝜋 𝑑𝑔𝑜𝑡𝑎 𝜋 2,5 𝑥 10−2
𝑚𝑀𝑛 (𝑔) = 𝑛𝑀𝑛 (𝑚𝑜𝑙𝑠⁄𝑠) 𝑡 (𝑠)𝑀𝑀𝑛 (𝑔⁄𝑚𝑜𝑙) = 4,878 𝑥 10−5 𝑥 11,574 𝑥 54,94 = 0,031
Exemplo: Uma gota de ferro liquido (D = 6,4 mm) contendo inicialmente 10 ppm de H2 é sub-
metida a um fluxo de argônio (V = 3 m.s -1, a 1920 K). Assuma que a solubilidade do H2 a 1920 K e
1 atm seja correspondente a 31 cm3 / 100 g de Fe e que inexistam gradientes no interior da gota.
Estime o tempo necessário para remoção de 90% do H2, se o controle é por difusão na camada
limite, no gás, 𝐷𝐻2−𝑔á𝑠 = 10−4 𝑚2 ⁄𝑠. A teoria da renovação da superfície fornece, para o caso
de uma gota que atravessa um fluido, a seguinte expressão para o coeficiente de transferência de
massa : 𝐾 = 2 √𝐷𝐴𝐵 ⁄𝜋 𝑡𝑒 onde te é tempo necessário para que a gota percorra, no fluido, uma
distância equivalente ao seu diâmetro.
como 𝐾𝐻 = 27,56.
Note-se que a pressão de H2 de equilíbrio está relacionada, via Lei de Sieverts, ao conteúdo de
Hidrogênio na gota. Então a equação precedente fica
𝜋 𝐷 2 𝐾 [𝐻] 2
𝑛𝐻2 (𝑚𝑜𝑙𝑠⁄𝑠) = { }
𝑅𝑇 𝐾𝐻
Finalmente um balanço de conservação de Hidrogênio pode ser escrito, que retrata a suposição de
que todo Hidrogênio retirado da gota é transportado na camada limite,
2
𝑑 [𝐻] 𝐾 [𝐻] 𝐾
= −12 { { } } = −12 { } [𝐻]2
𝑑𝑡 𝐷 𝑅𝑇 𝐾𝐻 𝐷 𝑅𝑇 𝐾𝐻2
𝑑 [𝐻] 0,244
= − 12 { } [𝐻]2
𝑑𝑡 0,0064 𝑥 8,31 𝑥 1920 𝑥 27,562
Esta equação pode ser facilmente integrada, para render o resultado esperado, sendo conhecida a
condição inicial, t=0, [H]= 105.
Exemplo: Bolhas de Argônio impuro (2% H2) , de 4 mm de diâmetro, são borbulhadas a 1 metro
de profundidade em um banho de Al puro a 970 K (a solubilidade correspondente do Hidrogênio
sob pressão de 1 atm é de 10−5 𝑁𝑚3 /𝑘𝑔). A concentração inicial é de 5 𝑥 10−6 𝑁𝑚3 /𝑘𝑔). As-
suma equilíbrio local na interface e determine a taxa inicial de transporte de Hidrogênio. Dados
para o Alumínio líquido são : 𝜌𝐴𝑙 = 2375 𝑘𝑔⁄𝑚3 ; 𝜂 = 1,25 𝑥 10−3 𝑃𝑎. 𝑠,
𝐷𝐻 = 1,75 𝑥 10−7 𝑚2 ⁄𝑠.
Logo a pressão parcial de Hidrogênio numa bolha, nestas condições é 0,0246 atm.
Como a 970 K e 1 atm a solubilidade do H2 corresponde a 10−5 𝑁𝑚3 ⁄𝑘𝑔 𝑑𝑒 𝐴𝑙, isto é
10−2 𝑁𝐿 1000 𝑔
22,4 𝑁𝐿 ⁄𝑚𝑜𝑙
𝑥 2 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝐻 por cada 2,375 𝑥 106 𝑔⁄𝑚3
8,928 𝑥 10−4 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝐻 por cada 4,21 𝑥 10 −4
𝑚 3
isto é, 2,121 𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝐻⁄𝑚3 a 1atm e 970K, a constante da Lei de Sieverts é
1 𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎
𝐻2(𝑔) = [𝐻] [𝐻] ( ) = 𝐾ℎ √𝑃𝐻2 (𝑎𝑡𝑚)
2 𝑚3
𝐾ℎ = 2,121
Calculo semelhante permite mostrar que, no interior do metal a concentração de Hidrogênio, [H],
vale 1,06 𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝐻⁄𝑚3 .
309
Assumindo equilíbrio local na interface, [𝐻]𝑖 = [𝐻]𝑒𝑞 , o valor de fluxo de H na interface do lado
do metal é dado como
𝑛𝐻 = 4 𝜋𝑅 2 (𝑚2 ) 𝐾(𝑚⁄𝑠) {[𝐻] − [𝐻]𝑒𝑞 } 𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝐻 ⁄𝑚3
𝑛𝐻 = 4 𝜋𝑅 2 𝐾 {[𝐻] − 𝐾ℎ √𝑃𝐻2 }
Finalmente o coeficiente de transferência de massa pode ser avaliado por intermédio da equação
de Higbie. Assumindo fluxo turbulento ao redor da bolha e fator de fricção igual a 0,44
𝑑3 1 𝜋𝑑2
𝜋 𝑔 (𝜌𝐴𝑙 − 𝜌𝐻2 ) = 𝑓 𝜌𝐴𝑙 𝑉 2
6 2 4
4𝑑 𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑐𝑎𝑙
𝑉=√ 𝑔 [ ]
3𝑓 𝜌𝑎ç𝑜
Finalmente se tem,
𝑛𝐻 = 4 𝜋𝑅 2 𝐾 {[𝐻] − 𝐾ℎ √𝑃𝐻2 } = 4 𝜋 0,0042 𝑥 3,1 𝑥 10−3 {1,06 − 2,121 √0,0246 }
𝑛𝐻 = 4,53 𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝐻⁄𝑠
Como exemplo introdutório considere que para a carbocloração de TiO2, contido em pasti-
lhas de (TiO2; grafita),de acordo com a reação:
TiO2 (s) + 2C (s) + 2 Cl2 (g) = TiCl4 (g) + 2CO
seja válido um modelo tal como o exposto anteriormente, isto é, composto das etapas rea-
ções químicas e de transporte de espécies.
310
Neste caso haja controle por reação química ou por transporte de massa seria possível es-
crever
𝑉𝑝 = 𝑉𝑝𝑜 𝑒 − ∆𝐸𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 ⁄𝑅𝑇
𝑟[𝑔 𝑇𝑖𝑂2/𝑚𝑖𝑛] 0,001 0,005 0,009 0,015 0,021 0,026 0,027 0,030
𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑀
𝜌𝑀 [𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑒 𝑀 𝑛𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎] ( )
𝑚3
𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑀 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜
𝛼=
𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑀 𝑜𝑟𝑖𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎
4 3 4
𝜋 𝑅𝑜 𝜌 𝑀 − 𝜋 𝑅 3 𝜌𝑀
𝛼= 3 3
4 3
3 𝜋 𝑅𝑜 𝜌𝑀
𝑅3
𝛼 =1−
𝑅𝑜3
𝑑 4 𝑑𝑅 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑀
{3 𝜋 𝑅 3 𝜌𝑀 } = 4 𝜋 𝑅 2 𝜌𝑀 ( )
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑠
𝑑𝑅 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑀 1 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴
4 𝜋 𝑅 2 𝜌𝑀 ( )= 𝑉𝑝 ( )
𝑑𝑡 𝑠 𝑛 𝑠
𝑑𝑅 1 𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑒𝑞
4 𝜋 𝑅 2 𝜌𝑀 =−
𝑑𝑡 𝑛 𝛿 1
2 +
4 𝜋 𝑅 𝐷𝐴 4 𝜋 𝑅 2 𝐾𝑅𝑄
Esta equação diferencial relata a variação do raio da partícula com o tempo e pode ser inte-
grada com a condição inicial t = 0; R = R0
Naturalmente
𝑑𝑅 1 𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴𝑒𝑞
=−
𝑑𝑡 𝑛 𝜌𝑀 𝛿 1
+
𝐷𝐴 𝐾𝑅𝑄
de modo que, caso seja possível admitir constância das variáveis do segundo membro, se
encontra:
312
𝑒𝑞
𝑅 1 𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴
1− = 𝑛𝜌 𝛿 1 𝑡
𝑅𝑜 𝑀 𝑅𝑜 +
𝐷𝐴 𝐾𝑅𝑄
A expressão anterior e a aquela de definição da fração reagida permitem definir uma fun-
ção 𝑔(), neste caso tal que,
𝑒𝑞
1 𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴
𝑔() = 1 − (1 − 𝛼)1⁄3 = 𝛿 1 𝑡
𝑛 𝜌𝑀 𝑅𝑜 +
𝐷𝐴 𝐾𝑅𝑄
Isto é, prevê-se uma variação linear entre g() e t, caso o modelo seja válido, vide Figura
3-39,
Exemplo: assuma que, num processo de dissolução de partículas metálicas esféricas em solução
ácida se aplique o modelo de partícula impermeável reagindo com meio fluido, e que o controle
seja por transporte de massa. Esta ultima suposição veio da constatação que a taxa de dissolução
é fortemente infuenciada pela agitação. Neste caso se aplica
1 𝐷𝐴 𝑒𝑞 𝐾𝑚 𝑒𝑞
𝑔() = 1 − (1 − 𝛼)1⁄3 = [𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴 ] 𝑡 = [𝐶 𝑜 − 𝐶𝐴 ] 𝑡
𝑛 𝜌𝑀 𝑅𝑜 𝛿 𝑛 𝜌𝑀 𝑅𝑜 𝐴
Assuma que os experimentos de dissolução foram repetidos, todas as condições mantidas iguais,
exceto que se trata de uma amostra de partículas esféricas com iguais partes de tamanhos
100 𝜇𝑚, 200 𝜇𝑚 , 300 𝜇𝑚 , 400 𝜇𝑚 e 500 𝜇𝑚 .
Neste caso se nota que cada classe de partículas requer um período de tempo característico para
dissolução; todas as condições mantidas constantes tempo de dissolução e tamanho da partícula
são inversamente proporcionais, pois se tem que
𝑒𝑞
𝐾𝑚 [𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴 ] 𝑡
1 − (1 − 𝛼)1⁄3 = [ ]
𝑛 𝜌𝑀 𝑅𝑜 𝑅𝑜
Para cada faixa granulométrica a fração reagida varia com o tempo de acordo com
𝑒𝑞
1 ⁄3 𝐾𝑚 [𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴 ]
1 − (1 − 𝛼) = 𝑡
𝑛 𝜌𝑀 𝑅𝑜
𝑒𝑞
𝐾𝑚 [𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴 ]
(1 − 𝛼)1⁄3 = 1 − 𝑡
𝑛 𝜌𝑀 𝑅𝑜
𝑒𝑞 3
𝐾𝑚 [𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴 ]
1 − 𝛼 = {1 − 𝑡}
𝑛 𝜌𝑀 𝑅𝑜
𝑒𝑞 3
𝐾𝑚 [𝐶𝐴𝑜 − 𝐶𝐴 ]
𝛼 = 1 − {1 − 𝑡}
𝑛 𝜌𝑀 𝑅𝑜
O que permite determinar um valor médio de taxa de dissolução por meio da equação seguinte,
válida enquanto o tempo de dissolução de cada classe não for excedido
𝛼̅ = 0,20 𝛼500 + 0,20 𝛼400 + 0,20 𝛼300 + 0,20 𝛼200 + 0,20 𝛼100
𝑡 ≤ 119 𝑠
Finalmente o valor da função 𝑔(̅ ) = 1 − (1 − 𝛼̅)1⁄3 pode ser obtido, como exemplifica a figura
seguinte. Como se nota, mesmo assumindo que o modelo se aplica, a curva 𝑔( ̅ ) vs t não resulta
em uma reta, pelo fato da amostra apresentar partículas com tamanho distribuído em ampla faixa
granulométrica.
314
Exemplo: Encontre a expressão que fornece a variação das dimensões de uma partícula imper-
meável, de forma cúbica, que reage com um componente de um meio fluido, de forma que suas
dimensões são reduzidas ao longo do processo.
Por outro lado, considerando uma reação de 1ª ordem na interface entre metal e óxido,
𝑉𝑅𝑄 = − 6 𝑎2 (𝑚2 ) 𝐾𝑅𝑄 (𝑚⁄𝑠) {𝐶 𝑠 − 𝐶 𝑒𝑞 } ( 𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑚3 )
𝑉𝑅𝑄 = − 6 𝑎2 𝐾𝑅𝑄 {𝐶 𝑠 − 𝐶 𝑒𝑞 }
Em regime de não acumulação, isto é todo reagente transportado na camada limite é transportado
no produto poroso e reage na interface metal-óxido se pode escrever
𝑉 = 𝑉𝐶𝐿 = 𝑉𝑅𝑄
Esta expressão pode ser combinada com aquela que credita este fluxo à variação das dimensões
do núcleo não reagido,
𝑑 3 3 1
𝑎 (𝑚 )𝜌𝑀𝑂 (𝑚𝑜𝑙 𝑀𝑂 ⁄𝑚3 ) = 𝑉 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝑠)
𝑑𝑡 𝑛
E então
𝑑𝑎
2
1 𝐶 𝑜 − 𝐶 𝑒𝑞
3𝜌𝑀𝑂 𝑎 =−
𝑑𝑡 𝑛 1 1