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28/12/2020 Estudando: Direito Eleitoral Básico | Prime Cursos

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Estudando: Direito Eleitoral Básico

Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura


AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE PEDIDO DO REGISTRO DA CANDIDATURA

(Lei Complementar n° 64/90 arts. 3° a 15)

1 – Hipótese de Cabimento:

Aqui você pode afirmar com toda certeza, a ação de impugnação de registro de candidatura só cabe em duas hipóteses que a
própria lei menciona.

(1°) Inexistência de Condição de Elegibilidade, ou seja, não foram observadas às condições de elegibilidade prevista na
Constituição (Ex.: Falta de Domicilio Eleitoral);

(2°) Existência de Causa de Inelegibilidade (Ex.: Condenação por quebra de decoro parlamentar).

2 – Objeto:

Essa ação possui dois objetos, um objeto é invariável, e o outro objeto muda conforme o instante em que a ação venha a ser
julgada definitivamente.

1° Declaração de Inexigibilidade, esse objeto é invariável, ou seja, seja qual for o momento em que a ação venha ser julgada
o candidato será declarado inelegível.

2° O segundo objeto é variável, ou seja, ele se modifica conforme o momento em que a ação venha a ser julgada, sendo certo
que a ação deve ser proposta antes do registro de candidatura, mas não necessariamente será julgada nesse momento,
podendo ser julgada durante a campanha eleitoral e até mesmo após a diplomação do candidato. Diante disso, o segundo
objeto poderá ser de três formas:

(A) Se a ação for julgada antes do registro da candidatura, além da declaração de inelegibilidade a
sanção será a Negação do registro de Candidatura.

(B) Se a ação vier a ser julgada entre o registro da candidatura e a diplomação, ou seja, durante a
campanha eleitoral, além da declaração de inelegibilidade a sanção será o Cancelamento do Registro.

(C) Se a ação vier a ser julgada depois da diplomação, além da declaração de inelegibilidade a sanção
será a Declaração de nulidade da Diplomação.

3 – Competência:

Aqui iremos utilizar uma premissa que servirá para todas as demais formas de impugnação.

Quando se fala em competência deve ser levado em conta a natureza da eleição,ou seja, se a eleição é local, regional ou
nacional. Quando eu digo Eleição Nacionaleu quero dizer eleição para escolha do Presidente da República, pois somete este
é eleito em âmbito nacional. Quando se diz Eleição Regional, nós estamos falando de quatro eleições possíveis: (1°) Eleição
de Governador do Estado; (2°) Eleição de Senador da República; (3°) Eleição de Deputado Federal; (4°) Eleição de Deputado
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Estadual; todas essas pessoas citadas acima são eleitas no âmbito do estado. Quando eu digo Eleição Local eu estou falando
de duas eleições: (1°) Eleição de Prefeito; e (2°) Eleição de Vereador; essas dus pessoas são eleitas dentro do âmbito do
Município.

Assim sendo, dependendo da natureza da eleição a competência muda. Vamos parar e pensar:

Se for uma situação de eleição local (Prefeito e Vereador) competente será o Juízo Eleitoral, só lembrando que juízo eleitoral
é uns dos órgãos que compõe a Justiça Eleitoral.

Se for uma situação de eleição regional (Governador, Senador, DeputadoEstadual e Federal) competente será o Tribunal
Regional Eleitoral (TRE).

Se for uma situação de eleição nacional (Presidente da República) competente será o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

4 – Legitimação:

Aqui mencionaremos uma regra que será comum a quase todas impugnações eleitorais, que é a seguinte:

A legitimação para as impugnações eleitorais costuma ser aferida à quatro pessoas ou órgãos:

(1°) Qualquer Candidato –

(2°) Partido Político –

(3°) Coligação Partidária –

(4°) Ministério Público Eleitoral -

Obs.1: Qualquer Candidato pode ajuizar ação de impugnação de registro de candidatura só em relação ao seu pleito, ou seja,
o candidato só pode impugnar a candidatura de terceiro se o terceiro participar da mesma eleição que ele participa, pois só
assim ele terá interesse processual. Se um candidato tentar impugnar o registro de candidato que participa de outra eleição
faltará a ele interesse processual (Ex: O candidato Lula pode impugnar a candidatura do candidato Geraldo Alckimim, pois
eles participam da mesma eleição (Presidente da República), mas não poderá impugnar a candidatura, p. ex., do Sérgio
Cabral, pois ele participa da eleição de Governador).

Obs.2: O partido político só pode promover essa ação se não estiver coligado. Caso o partido esteja coligado quem terá
legitimidade ativa para promover a ação será a coligação (essa questão foi perguntada na última prova do Ministério Público
RJ), caso o partido político coligado venha promover a ação está será extinta, pois o partido político coligado é parte ilegítima.

Obs.3: Ministério Público Eleitoral não é uma instituição, Ministério Público Eleitoral é uma função, a rigor exercida pelo
Ministério Público Federal e pelo Ministério Público Estadual (essa questão foi perguntada no 23° Concurso do MP-RJ). Se
vocês repararem a Constituição, art. 128, vocês vão perceber que ela não menciona o ministério público eleitoral, a
Constituição apenas faz menção ao Ministério Público Federal, Estadual, Militar e do Trabalho.

Se você quiser ser mais específico aqui você pode dizer o seguinte: Há três níveis hierárquicos no Ministério Público Eleitoral,
um deles ocupado pelo MP Estadual, e dois deles ocupados pelo MP Federal. Em 1° Instância, ou seja, no Juízo Eleitoral,
atua o Promotor Eleitoral, que é membro do Ministério Público do Estado. Perante os Tribunais Regionais Eleitorais atuam os
Procuradores Regionais Eleitorais, que são membros do Ministério Público Federal. Perante o Tribunal Superior Eleitoral, atua
o Procurador Geral Eleitoral, que também é membro do Ministério Público Federal.

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Bizu: Por isso é que o Ministério Público do Estado só faz pergunta sobre o pleito local(Prefeito e Vereador), pois só nessa
eleição é que ele atua.

5 – Decisão:

Decisão é uma re-leitura do objeto. Vamos parar e pensar o seguinte: Nós já dissemos que existe um objeto invariável, que é
a declaração de inelegibilidade, e existe outro objeto que varia conforme o momento em que a ação é julgada, podendo ser
negação do registro da candidatura, cancelamento do registro de candidatura ou declaração de nulidade da diplomação.

Se for anterior ao registro de candidatura nós verificamos que há duas conseqüências: Declaração de Inelegibilidade do
candidato e Negação do Registro de Candidatura, então a rigor nós temos uma decisão meramente declaratória e uma
decisão condenatória, porque nós vamos declarar o candidato inelegível, e vamos condenar o Estado a não conceder o
registro (obrigação de não fazer).

Se for posterior ao registro de candidatura e anterior a diplomação nós verificamos que há duas conseqüências: Declaração
de Inelegibilidade do candidato e Cancelamento do Registro de Candidatura, então a rigor nós temos uma decisãomeramente
declaratória e uma decisão constitutiva, porque nós vamos declarar o candidato inelegível, e vamos desconstituir o registro
que foi dado (Constitutiva negativa).

Se for posterior a diplomação nós verificamos que há duas conseqüências: Declaração de Inelegibilidade do candidato e
Declaração de Nulidade da Diplomação, então a rigor nós temos uma decisão duplamente declaratória, porque nós vamos
declarar o candidato inelegível, e vamos declarar nula a diplomação.

Nota 1: Lei Complementar n° 64/90, art. 3°, § 2° - “Não poderá impugnar o registro de candidato o representante do Ministério
Público que nos quatro anos anteriores tenha disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido ou exercido a atividade
político- partidário”. Confrontem esse dispositivo com a Lei Complementar n° 75/93, (Lei Orgânica do Ministério Público da
União), art. 80 “A filiação a partido político impede o exercício das funções eleitorais por membros do Ministério Público até
dois anos do cancelamento”. Reparem que as leis estipulam prazos diferentes, uma fala em quatro anos e a outra fala em
dois anos, reparem ainda que uma é mais ampla que a outra, pois a primeira fala que não pode postular ação e a segunda
fala que não poderá exercer atividade eleitoral. Pergunta-se: Qual lei aplicar? Só lembrando que a partir da Emenda
Constitucional n° 45 a atividade partidária por membro do MP está completamente vedada (art. 128, § 5°, II, alínea “e” CRFB).
Visto isso, em prova eu faria a seguinte pergunta:

Membro do Ministério Público que cancelou sua filiação à três anos pode promover a ação de impugnação ao registro de
candidatura?

Resposta: O membro do Ministério Público poderá ser designado Promotor Eleitoral, pois já transcorreu o tempo mínimo (2
anos) exigidos na LC n° 75/93 para que ele exerça atividade eleitoral. Agora, enquanto Promotor Eleitoral, quanto a
possibilidade de promover a ação de impugnação ao registro de candidatura há uma controvérsia envolvendo os dois
principais autores de direito eleitoral.

O Prof° Emerson Garcia (Titular Banca Eleitoral - MP) entende que o promotor que tiver cancelado sua filiação a três anos
não pode promover essa ação, pois ele aplica a LC n° 64/90, art. 3°, § 2° por ser mais específica que a outra (Princípio da
Especialidade). Dessa forma, para esse professor o membro do MP poderia ser nomeado Promotor Eleitoral, mas ficaria
durante o tempo que falta para completar dois anos numa situação intermediária, pois poderia ajuizar qualquer outra forma de
impugnação, menos a ação de impugnação do registro de candidatura, pois se presume que dentro dos quatro anos ele ainda
esteja ligado ao partido, dessa forma não seria imparcial.

O Prof° Joel Cândido entende que após dois anos o membro do MP poderia exercer plenamente a função eleitoral, inclusive
podendo postular a ação de impugnação do registro de candidatura. Ele fundamenta sua posição na Lei Complementar n°
75/93, art. 80. Portanto, ele não fundamenta no critério da especialidade, ele fundamenta no critério cronológico, ou seja,
malgrado não seja a norma mais específica é a norma mais nova.

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Jurisprudência no sentido do Prof° Emerson Garcia (Resolução TSE n° 20.100 de 1998, art. 22, § 3°)

Nota 2: Reparem que foi dito que qualquer candidato é parte ativa legítima, porém antes do registro da candidatura não há
candidato ainda, todos são pretendentes acandidato. Dessa forma perguntaria o seguinte: Pretendente a candidato é parte
legítima?

Resposta: Vocês vão encontrar aqui uma situação em que o Emerson Garcia e oJoel Cândido entendem da mesma forma,
porém há quem entenda diferente:

O Prof° Pávila Ribeiro entende que pretendente a candidato não é parte legítima, pois pra ele Candidato é aquela pessoa que
já teve seu pedido de registro de candidatura deferido no passado, e no momento da propositura da ação de impugnação do
pedido de registro ninguém teve seu pedido deferido ainda, pois o que se visa impugnar é o pedido de registro e não o próprio
registro. Dessa forma, o que o prof° Pávila quer dizer é que, para essa ação, somente serão partes legítimas o Partido
Político, a Coligação e o Ministério Público Eleitoral.

Emerson Garcia e Joel Cândido entendem que o pretendente a candidato é parte legítima, pois eles interpretam
extensivamente o termo candidato para dizer o seguinte: Candidato não é só aquele que já teve seu pedido de registro
deferido no passado, é também aquele que pode ter seu pedido deferido no futuro.

Atual jurisprudência acolhe a posição do Emerson Garcia e Joel Cândido, TSE Acórdão 5.698, entendeu que pretendente a
candidato é parte legítima.

Nota 3: Existe litisconsórcio passivo necessário nessa ação, ou seja, a ação deve ser proposta em face do candidato e do
partido político ou, se houver, coligação?

O Prof° Emerson Garcia entende que há um litisconsórcio necessário, ou seja, a ação deve ser proposta em face do
candidato e do partido político ou coligação partidária.

O Prof° Joel Cândido entende que é uma situação de litisconsórcio facultativo, ou seja, para ele basta que a ação seja
proposta em face do candidato ou em face do partido político (ou coligação partidária se houver), não é necessário que a
ação seja proposta em face dos dois.

A Jurisprudência hoje entende que nessa ação há um litisconsórcio facultativo, privilegiando a posição do Prof° Joel Cândido.
Ou seja, basta que a ação seja proposta em face do candidato ou em face do partido político. A razão desse entendimento é
lógica, qualquer defesa apresentada será aproveitada pelo outro. (TSE Acórdão 12.583 de 17/10/1995 e Acórdão 18.151 de
12/12/2000).

INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL

(Lei Complementar n° 64/90 arts. 19 a 26)

1 – Hipótese de Cabimento:

As duas últimas provas do Ministério Público perguntaram sobre isso aqui. A rigor essa forma de impugnação possui duas
hipóteses de cabimento. A primeira hipótese é o Abuso de Poder econômico ou político; A segunda hipótese é a Capitação
Ilegal de Sufrágio.

Entre uma coisa e outra há quatro diferenças:

1° Abuso de Poder Econômico ou Político se dá em favor do Candidato, Partido ou Coligação, ou seja, qualquer abuso do
poder econômico ou político visa favorecer o candidato, o partido ou a coligação. Ao passo que a Capitação ilegal se sufrágio
ocorre entre candidato e eleitores. Isso é uma outra situação! O abuso de poder político ou econômico ocorre em favor do
candidato, partido ou coligação, enquanto que a capitação ilegal de sufrágio só ocorre entre candidato e eleitor.

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2° No abuso do poder econômico ou político possui potencialidade lesiva, ou seja, ele quer ter potencialidade lesiva sobre o
pleito, desse modo, para que alguém seja condenado por abuso do poder econômico mister se faz que seja demonstrada a
potencialidade lesiva sobre a eleição. Ao passo que a Capitação ilegal de sufrágio não possui potencialidade lesiva, dessa
forma eu não preciso demonstrar a potencialidade lesiva sobre o pleito, pois não tutela a eleição em si, tutela a vontade do
eleitor, dessa forma basta que a vontade do eleitor seja alterada, mesmo que a eleição não seja, para que alguém responda
por capitação ilegal de sufrágio.

3° O abuso do poder político ou econômico protege a normalidade do pleito, ao passo que a capitação ilegal de sufrágio
protege a vontade do eleitor.

4° Abuso de poder econômico ou político vai ensejar duas sanções (posição da banca do MP): (1°) Declaração de
inelegibilidade; (2°) Cancelamento do Registro de Candidatura. A declaração de inelegibilidade é possível, pois trata-se de
matéria prevista na lei complementar 64/90 e A Constituição prevê que cabe a lei complementar dispor sobre às causas de
inelegibilidade. Ao passo que na Capitação ilegal de sufrágio eu não posso declarar ninguém inelegível, pois essa matéria não
está em lei complementar, está em lei ordinária, Lei n° 9.840/99, dessa forma em caso de procedência nós teremos as
seguintes sanções: (1°) Condenação ao pagamento de multa; (2°) Cancelamento do Registro de Candidatura, ou se a ação
vier a ser julgada após o candidato eleito poderia dar ensejo a uma eventual Declaração de nulidade da diplomação.

Nota 1: A Capitação ilegal de sufrágio só pode se dar entre candidato e eleitor, ou seja, só quem é candidato pode ser autor
de capitação ilegal de sufrágio, quem não é candidato não pode ser sequer partícipe da capitação ilegal de sufrágio. Por conta
desse motivo foi que o TRF, de forma correta, entendeu que a Governadora Rosinha e o Garotinho não teriam praticado
capitação ilegal de sufrágio na eleição Municipal de Campos, eles não eram candidatos, mas sim estavam atuando em favor
de candidato, o que me parece claro abuso de poder econômico ou político, todavia o Ministério Público de forma inteligente
optou pela capitação ilegal de sufrágio (depois eu vou explicar por quê.)

Nota 2: No 27° Concurso do MP, na prova específica, se perguntou o seguinte: Capitação ilegal de sufrágio precisa de
demonstração de potencialidade lesiva sobre o pleito?

Não, pois o que se protege não é a normalidade da eleição, o que se protege é a vontade do eleitor. Mesmo que essa
capitação ilegal de sufrágio não tenha nenhuma repercussão sobre o pleito, o simples fato de ela ter a possibilidade de alterar
a vontade do eleitor configura a capitação de sufrágio.

Nota 3: A ação que tenha como causa de pedir a capitação ilegal de sufrágio é muito mais efetiva do que a ação que tem
como causa de pedir o abuso de poder político ou econômico, por quê isso?

Segundo jurisprudência do STF a ação que tenha como cauda de pedir o abuso do poder econômico corre o sério risco de
não dar em nada, pois segundo a lei complementar 64/90, uma vez julgado o pedido procedente, o candidato será declarado
inelegível por 3 (três) anos, e a jurisprudência entende que a contagem desse prazo não é prospectiva, mas sim retroativa, ou
seja, três anos retroativamente a data do pleito. É a única ação do mundo que vai se exaurido com a ação proposta, pois, se
por ventura ela vier a ser julgada três anos após o pleito a sanção morre. Assim sendo, da data do transito em julgado você
retroage três anos para verificar se há sanção ou não. (Ex: Deputado Federal é condenado por essa ação 2 anos após o
pleito, dessa forma, retroagindo três anos a partir do transito em julgado, na data da eleição ele era considerado inelegível,
dessa forma, perderá o mandato.)

Isto posto, se essa ação vier a ser julgada após três anos da data da eleição não há mais qualquer sanção, por isso que o
Ministério Público, sempre que pode, evita essa ação.

Por quê não há mais sanção?

1° Não se pode mais falar em registro de candidatura, porque ele não é mais candidato. Ou porque foi eleito, e portanto
diplomado, ou porque, mesmo que não tenha sido eleito não há mais eleição.

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2° Conforme jurisprudência do STF, na data que transitar em julgado a decisão você retroage e caso consiga alcançar a data
da eleição o candidato perde o mandato, pois nesta data ela era considerado inelegível, todavia se ao retroagir você não
conseguir alcançar a data da eleição considera-se que na data da eleição ele era elegível, dessa forma poderá possuir um
cargo e conseqüentemente não perderá o mandato.

Por todo exposto é que a ação que tenha como causa de pedir a capitação ilegal de sufrágio é muito mais efetiva, porque aqui
além da possibilidade de cancelamento do registro há a possibilidade de se declarar a declarar a nulidade da diplomação,
mesmo que a ação seja julgada 3, 6 anos depois do pleito, muito embora você não possa cancelar o registro (pelos motivos
expostos acima), você ainda poderá declarar a nulidade da diplomação e o autor da capitação ilegal de sufrágio perderá o
mandato.

Mesmo que a ação venha a ser julgada quatro anos depois do pleito, ou seja, depois de exaurido o mandato, essa ação ainda
terá uma efetividade mínima, pois ainda será possível a condenação em multa.

Por tudo isso é que no caso da Rosinha e do Garotinho na eleição de Campos é que o Ministério Público optou pela causa de
pedir capitação ilegal de sufrágio.

Nota 4: Vários autores mencionam que não há no Brasil um exemplo de lei de iniciativa popular, mas existe sim. A lei
9.840/99 é de iniciativa popular, é o único exemplo existente hoje no Brasil.

2 – Objeto:

O objeto dessa ação já foi visto por nós. Se for caso de abuso de poder econômico ou político terá dois objetos possíveis:
Declaração de Inelegibilidade e Cancelamento do Registro de candidatura. Se a situação for de capitação ilegal de sufrágio os
objetos possíveis serão: Condenação ao pagamento de multa, e Cancelamento do Registro de candidatura ou Declaração de
nulidade da diplomação, dependendo do momento em que a ação venha a ser julgada.

O que é interessante colocar aqui é que, quando for caso de abuso de poder econômico ou político, sem prejuízo de uma
eventual declaração de inelegibilidade do candidato e eventual cancelamento do registro de candidatura essa ação também
servirá como pré-constituição de prova para efeito de eventual Recurso contra a Diplomação. Isso porque o recurso contra a
diplomação exige prova pré-constituída que pode ser formada por qualquer meio disponível ao requerente, inclusive na
investigação judicial eleitoral que verse sobre abuso do poder econômico ou político, pois sendo caso de capitação ilegal se
sufrágio não caberá recurso contra a diplomação, desse modo, beste caso, a investigação judicial eleitoral não poderia ser
usada como prova pré-constituída.

3 – Competência:

Também aqui na Investigação Judicial Eleitoral a natureza da eleição é primordial para a fixação da competência.

Se for uma situação de eleição local (Prefeito e Vereador) a Competência será igual a da ação de impugnação do pedido de
registro de candidatura, ou seja, a competência será do Juízo Eleitoral.

Agora, nas eleições regionais (Governador, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual) e nas eleições acionais
(Presidente) há mudanças. Se for uma situação de eleição regional competente será a Corregedoria Regional Eleitoral, que é
um órgão do Tribunal Regional Eleitoral, e não o TER em si, como na ação de impugnação do pedido de registro da
candidatura. Se a situação for de eleição nacional competente será a Corregedoria Geral Eleitoral, que é um órgão do
Tribunal Superior Eleitoral, e não o próprio TSE como acontece na ação de impugnação do pedido de registro de candidatura.

4 – Legitimação:

É exatamente igual a ação de impugnação do pedido de registro da candidatura, ou seja, há quatro legitimados ativos:
Qualquer Candidato, Partido Político, Coligação Partidária e Ministério Público Eleitoral, valendo para cá todas as
considerações que foram feitas sobre o tema. Ou seja, (1°) qualquer candidato, desde que participante da mesma eleição do

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investigado; (2°) O partido político só será legitimado se não estiver coligado, pois se estiver coligado o legitimado será a
coligação; e (3°) O Ministério Público Eleitoral não existe enquanto Instituição, ele é uma função exercida ora pelo MP
Estadual ora pelo MP Federal.

Só lembrando que a questão do pretendente a candidato aqui não é discutida, pois todos já são candidatos.

5 – Decisão:

Bom, a decisão depende de qual é a causa de pedir. Se a causa de pedir é o abuso de poder econômico ou político nós
temos duas sanções: (1°) Declaração de Inelegibilidade; e (2°) Cancelamento do Registro de Candidatura. Com relação a
declaração de inelegibilidade nós temos uma decisão meramente declaratória, e no que tange ao cancelamento do registro da
candidatura a decisão é Constitutiva, ou melhor dizendo, constitutiva negativa, pois está desconstituindo um registro que já foi
concedido.

Se a causa de pedir for capitação ilegal de sufrágio nós temos as seguintes sanções: (1°) Condenação ao pagamento de
multa, que é evidentemente uma decisão Condenatória; e (2°) Cancelamento do Registro de candidatura ou Declaração de
nulidade da diplomação, dependendo do momento em que essa ação venha a ser julgada. Desse modo, se ação vier a ser
julgada entre a homologação do pedido de candidatura e a diplomação uma eventual decisão de procedência dessa ação terá
como sanção o cancelamento do registro de candidatura, assim essa decisão será constitutiva negativa. Agora, se a ação vier
a ser julgada depois da diplomação a sanção possível será a declaração de nulidade da diplomação que possui natureza de
decisão meramente declaratória.

Nota 1: Natureza Jurídica da Investigação Judicial Eleitoral?

O que eu quero perguntar aqui é o seguinte: A investigação judicial eleitoral é jurisdicional ou não? E aqui vocês vão
encontrar duas posições:

Emerson Garcia entende que investigação judicial eleitoral tem natureza jurídica administrativa. Ele entende que, a rigor,
investigação judicial eleitoral é direito de petição, sendo assim, fundamentada no art. 5°, XXXVI CRFB.

Pedro Henrique Távora Niess entende que a natureza é jurisdicional. Para ele aqui não há direito de petição, há direito de
ação com fundamento no art. 5°, XXXV CRFB.

Não há jurisprudência que diga claramente se investigação judicial eleitoral tem natureza administrativa ou jurisdicional.
Agora, eu posso adiantar que há uma tendência no Brasil a se entender que tem natureza administrativa, não quer dizer que
seja direito de petição, há uma tendência em se entender que não é uma ação. (TSE Acórdão 15.275 de 19.03.99)

Nota 2: Pode ser instaurada investigação judicial eleitoral antes da abertura do prazo para registro de candidatura?

Joel Cândido entende que não existe a possibilidade de instauração de investigação judicial eleitoral antes da abertura do
prazo de campanha eleitoral. Ele entende que a investigação judicial eleitoral só pode ser instaurada durante a campanha,
mesmo que diga respeito a fatos ocorridos anteriormente à ela. O argumento utilizado por Joel Cândido é que antes do
registro de candidatura não existe tecnicamente campanha eleitoral e investigação judicial eleitoral só pode ser instaurada
durante a campanha.

Emerson Garcia admite que a investigação judicial eleitoral seja instaurada antes de iniciada a campanha eleitoral, pois ele
entende que, não obstante não haja campanha eleitoral há propaganda institucional, ou seja, há uma promoção pessoal que
pode configurar abuso do poder econômico ou político ou capitação ilegal de sufrágio.

Não há posição majoritária na doutrina e na jurisprudência.

Nota 3: É possível aplicar a sanção de declaração de nulidade da diplomação na ação que tenha como causa de pedir o
abuso do poder econômico ou político?

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Emerson Garcia (majoritária) entende que a sanção de declaração de nulidade da diplomação não se aplica para o caso de
abuso de poder econômico ou político.

Emerson Garcia fundamenta sua posição da Lei Complementar 64/90 art. 22, XIV e XV, argumentando que em nenhum
momento os mencionados dispositivos falam em uma eventual declaração de nulidade da diplomação.

José Antônio Fithtner (minoritária) entende que a sanção de declaração de nulidade da diplomação se aplica para os casos de
abuso de poder econômico ou político, pois assim evitaria uma eventual inefetividade dessa ação, e para fundamentar isso
ele vai até o art. 15 da Lei Complementar 64/90 que prevê a nulidade do diploma na sua parte final, que tecnicamente é
norma aplicada para ação de impugnação ao pedido de registro de candidatura, a aplica analogicamente a investigação
judicial eleitoral.

A atual posição do TSE não admite a sanção de declaração de nulidade da diplomação quando a impugnação judicial eleitoral
tem como causa de pedir o abuso do poder econômico ou político, acolhendo a posição do Emerson Garcia. (TSE Recurso
Ordinário n° 18 de 19.06.98, Rel. Maurício Correia e Agravo na Petição n°1.313 de 28.03.03, Rel. Sepúlveda Pertence).

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