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www.revistasobreontens.site
ISSN 2176-1876
Editorial
EDITORES
Prof. André Bueno [UERJ]
Prof. Dulceli Tonet Estacheski [UFMS]
Prof. Everton Crema [UNESPAR]
COMISSÃO CIENTÍFICA
Prof. Carla Fernanda da Silva [UFPR]
Prof. Carlos Eduardo Costa Campos [UFMS]
Prof. Gustavo Durão [UFRRJ]
Prof. José Maria Neto [UPE]
Prof. Leandro Hecko [UFMS]
Prof. Luis Filipe Bantim [UFRJ]
Prof. Maria Elizabeth Bueno de Godoy [UEAP]
Prof. Maytê R. Vieira [UFPR]
Prof. Nathália Junqueira [UFMS]
Prof. Rodrigo Otávio dos Santos [UNINTER]
Prof. Thiago Zardini [Saberes]
Prof. Vanessa Cristina Chucailo [UNIRIO]
Prof. Washington Santos Nascimento [UERJ]
COMISSÃO EDITORIAL
Prof. Aristides Leo Pardo [UNESPAR]
Prof. Caroline Antunes Martins Alamino [UFSC]
Prof. Jefferson Lima [UDESC]
Introdução
Brasil Colônia
As Expedições Militares
– 16/10/1769 p.11
– 28/10/1769 p.11
Reflexões
12
Antes de falarmos sobre as fontes utilizadas, faremos
considerações sobre ufanismos e ressentimentos contidos nos relatos
das expedições, e nem tão implícitos assim, como mostra Michel
Kobelinski em Heroísmos, sedições e heresias: a construção do
ufanismo e do ressentimento nos sertões da capitania de São Paulo
(1768-1774). O caráter militar das expedições, aliadas a necessidade
de se exaltar, impor-se, garantindo os sentimentos de nobreza e
superioridade, evidencia ainda mais o ufanismo, em detrimento dos
ressentimentos. As análises então, buscarão a alienação à esses
sentimentos, visando uma imparcialidade historiográfica.
Considerando o objetivo oficial das expedições (em tese), segundo
relato da compilação, página 71, como segue:
“[...] O empenho maior desta expedição deve ser o
entroduzir-se a fé de Nosso Senhor Jesus Cristo naqueles
incultos, e grandíssimos sertões, para o que serão
tratados os índios com afabilíssimo mimo, comprindo
enteiramente o que eles ajustarem, e tratarem,
animando-os com alguns mimos, a que entrem no grêmio
da Igreja, e obedeçam a Nosso Rei, que os há de estimar e
honrar, como tem feito os mais”. (SAMPAIO E SOUZA
[1768-1774], 1956, P. 69-72)
BIBLIOGRAFIA
17
ANITA GARIBALDI, A MULHER À FRENTE DE SEU TEMPO:
LUTA, POLÍTICA, LITERATURA, CINEMA E HISTÓRIA
Viviane Regina Árcega de Souza 1
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar a vida de Anita Garibaldi,
personagem que é conhecida como “heroína de dois mundos”. Anita é lembrada até
hoje por seus feitos militares, em uma época em que a guerra era associada à
masculinidade, e a sociedade era marcada pelo estabelecimento da ordem
patriarcal. Apesar da época em que nasceu, foi vista como uma mulher intrépida e
decidida, que defendia seus ideais libertários, desafiando um estereótipo feminino,
onde as mulheres eram frágeis e delicadas. Para tanto buscaremos mostrar como
Anita Garibaldi é vista em biografias como a de RAU, Wolfgang Ludwing, intitulada 1
Anita Garibaldi. O perfil de uma heroína brasileira, no qual o autor faz uma densa
pesquisa biográfica, sobre a vida de Anita. Outra obra a ser analisada é o livro de
WIERZCHOWSKI, Letícia, intitulado A Casa das sete Mulheres, nessa obra podemos
observar a história e a ficção em um romance que usa a Revolução Farroupilha
como pano de fundo para retratar a guerra sob a perspectiva dessas mulheres,
dentre elas, a vida de Anita Garibaldi. O texto analisado se articula a Minissérie A
casa das sete mulheres, uma adaptação da obra da escritora gaúcha Letícia
Wierzchowski, em que mostra o papel das mulheres na Guerra dos Farrapos.
Mas a escolha não foi tão simples, visto que o herói precisava
ter a cara da nação, servindo de referencial para grupos socialmente
diversificados. A construção ou mitificação dos ‘heróis’ tinha como
objetivo, atingir a massa populacional, ou seja, servir de exemplo para
a sociedade. Segundo Carvalho (2008) observa que não há regime
político que não cultue seus heróis. Para o autor, o herói tem que se
identificar e ser aceito pela população, segundo ele, a exemplo o caso
francês, na figura de Mariane, influenciou os primeiros republicanos
brasileiros. Ele afirma:
18
Que idéia do papel da mulher na construção da
sociedade nos é apresentada (...) o papel da mulher
é estar sempre em uma situação de subordinação,
realizando trabalhos domésticos, cuidando de filhos
e, também, em situação de consumo. Cuidar das
crianças, velar pelo marido, fazer compras, agir na
domesticidade do lar. Lugares de reclusão e de
participação menor nos negócios da sociedade.
Transmitindo tais valores, como esperar que as
novas gerações de mulheres venham a sentir-se
sujeitas de suas próprias histórias e entendê-las
como parte de um processo maior? (SILVA, 2005
p.157)
Porém, mesmo com essas limitações e preconceitos referentes
às mulheres, no início de novembro de 1839, Anita entrou em combate
em Imbituba. Em 15 de novembro, ocorreu o confronto com a
esquadra imperial sob o comando do Almirante Mariath, quando a
marinha farroupilha foi destruída. No final do mês, Garibaldi e Anita
acompanharam as tropas de Canabarro em retirada em direção ao Rio
Grande do Sul. Já no final de dezembro, lutaram na batalha de
Curitibanos, quando Anita caiu prisioneira, tendo empreendido a
lendária fuga do acampamento imperial e reencontrando Garibaldi oito
dias depois. Em 16 de setembro de 1840, nasceu Menotti em São José
das Mostardas. Como observa Rau (1975), Anita fez uma dura marcha
pelo planalto médio, quando quase perdeu seu bebê, Garibaldi e Anita
partiram para Montevidéu, onde lutaram com suas tropas, nesse
contexto podemos obsevar que ela não limitou sua participação 19
militares, ela continuou participando ativamente dos confrontos, como
mulher, esposa e mãe. Muitas mulheres como Anita, tiveram
participação, direta ou indiretamente com guerras e conflitos, porém
suas histórias foram esquecidas, destaca Rau:
22
Considerações Finais
DECCA, Edgar de. O que é romance histórico? Ou, devolvo a bola pra
você, Hyden White. In: AGUIAR, Flávio et al. (org.) Gêneros de
fronteira: cruzamentos entre o histórico e o literário. São Paulo: Xamã,
1997. p. 197-206.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. São Paulo, Círculo do livro,
1986.
Sites Pesquisados
http://www.fazendogenero7.ufsc.br/artigos/C/Cintia_Souto_42.pdf
10/03/2012 10h20min.
http://sgcd.assis.unesp.br/Home/PosGraduacao/Letras/ColoquioLetr
as/fernanda_ribeiro.pdf 14/04/2012 16h45min.
http://www.letras.ufmg.br/espanhol/Anais/anais_paginas_%20503-
1004/Anita%20Garibaldi.pdf 03/05/2012 20h34min
http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/mafua/article/view/1453/
1172
http://www.fecilcam.br/nupem/revistanupem/documentos/vol2exe3
ano2010/artigo11.pdf
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S0104- 27
68292005000200005&script=sci_arttext
http://www.fenae.org.br/portal/data/pages/3DFEE68235FD0EA001
37132DCD820FEE.htm
O DESAFIO DA MEMÓRIA: MEMÓRIA, MEMORIZAÇÃO
E HISTÓRIA NA CHINA TRADICIONAL
André Bueno
6
Inevitavelmente, Sima assumiu a escolha pelos materiais e versões
que propunha – até porque, ainda era recente na mente chinesa a
apocalíptica tentativa da dinastia Qin de apagar o passado. Ele estava
absolutamente consciente das dificuldades de reconstruir um tempo
passado, ao qual ele não poderia acessar senão por meio da imaginação
e das referências documentais que restaram. No entanto, Sima
consolida a importância do escrito: junto com isso, os chineses
admitem que aquilo que foi fixado é uma ‘referência do passado’,
exposta a crítica, mas indispensável como ponto de partida. Dominar o
texto torna-se, assim, uma extensão natural do processo de
memorização, tal como a memorização preserva a tradição guardada
no escrito. Ambos se nutrem um do outro, e a quebra dessa estrutura
provoca as tão temidas perdas históricas, cujo desdobramento é o
desconhecimento da cultura e a conseqüente crise social. Esse
entendimento do papel da memória se consolidaria na história chinesa,
por mais de um milênio, até surgirem as primeiras críticas.
A importância da memorização
7
Pois segundo Zhang, apenas assim:
Bibliografia
Aquiles K. G. Zin
Tudo começa no final dos anos 50. Década que vinha ainda
passando pelo clima tenso da Guerra Fria, a corrida pelo armamento
entre duas grandes potências da época, os Estados Unidos da América
e a União das Republicas Socialistas Soviéticas. Na música, temos
resquícios de Elvis Presley que traz uma novidade ao mundo, a mistura
do Country com o Rythm and Blues acelerado, o que vem a ser o Rock
and Roll. Porém, apesar deste gênero ter sido uma inovação para a
música, ele não parou por ali, era questão de tempo até que novos
artistas colocassem suas marcas dando origens às varias ramificações
que o Rock vem a ter mais tarde.
Este fato fez com que uma paixão pela produção atingisse em
especial o baixista da banda, Paul Samwell-Smith, que decidiu por
abandonar a banda, em julho de 1966, para se tornar exclusivamente
produtor. Foi então, que a banda resolveu, pela segunda vez, convidar
James Patrick Page para fazer parte da banda. Desta vez ele resolveu
aceitar e assumiu o posto de baixista, no qual não ficou por muito
tempo.
Foi então que Jeff Beck resolveu sair da banda para montar seu
próprio projeto, Beck’ Bolero. Sem Beck, Jimmy Page tomou as rédeas
da banda. Gravaram seu um álbum chamado “Little Games”, que foi de
certa forma, um fracasso e demonstrou que claramente a banda perdia
muito de sua qualidade musical sem Jeff Beck na formação. Isso fez
com que cada membro da banda começasse a querer seguir seu
próprio rumo.
1Há quem diga que Jimmy Page apenas imitou o truque do arco de violino do
guitarrista Eddie Philips, da banda The Creation, enquanto outros dizem que foi
uma ideia sugerida por um músico erudito americano.
O que restava para Jimmy Page naquele momento era um grupo
bagunçado, contratos a cumprir e quase nenhuma possibilidade de se
reerguer. Porém, para alegria dos fãs, a banda teve sua despedida com
um belo disco contendo algumas das melhores gravações da banda,
“Good Night Sweet Josephine” e “Think About it”. A primeira delas é uma
música escrita por Tony Hazard, enquanto a segunda é uma música
escrita e produzida por Page, considerada por muitos, a melhor
gravação que os Yardbirds já fizeram, marcando um digno fim para a
banda.
Page sabia que agora era sua chance de montar um projeto com
suas próprias ideias e propostas, já que era o único que restara da
banda. A partir disso, Jimmy Page resolve passar suas ideias para um
homem de sua confiança, era ele Peter Grant, o empresário (em
sociedade com Mickie Most) dos Yardbirds. Certa vez, enquanto
andava de carro com Grant, Page resolveu apresentar a ideia de um
novo projeto à ele, falando que queria fazer algo novo, algo nunca visto
antes. Page coloca que “acha que pode pegar o grupo e fazer melhor,
colocar novos membros, compor novas músicas, fazer melhor.” (WALL,
Mick. 2009, pág. 19).
Peter Grant acreditava na capacidade de Jimmy Page, um
guitarrista experiente, músico de estúdio desde seus 19 anos de idade
e que tinha muito a demonstrar ainda. A partir daí, Peter Grant e
Jimmy Page resolveram correr atrás de músicos para montar uma nova
banda, porém, Page sabia que começar do zero, com outro nome, seria
mais difícil, então resolveu aproveitar o remanescente sucesso do
nome “Yardbirds” para fazer seu projeto.
2 Tony Secunda, empresário da banda The Move que também estava interessado no
talento de Robert Plant.
Robert estava dentro, agora faltava arranjar um homem para a
bateria, o que não foi muito difícil devido à ajuda do próprio Plant. Ele
sugeriu à Page e Grant um amigo seu para tocar bateria, John Henry
Bonham. Depois de muitos bateristas do interesse de Page terem
recusado ou nem mesmo demonstrado interesse na proposta de Peter
Grant, chegara a hora de falar com Bonham.
Foi então que Page percebeu que sua chance chegara, sua banda
estava montada. Depois de algumas sessões de ensaios, ele percebeu
que a nova formação dos Yardbirds estava preparada para se
apresentar. Foi então que a banda ganhou o nome de New Yardbirds.
Vale lembrar que tudo que tinha “new” no nome significava algo
totalmente novo, algo completamente diferente do que já foi algum dia, 13
e foi isso que ajudou e muito no desenvolvimento da banda. Porém, a
banda não ficaria com este nome por muito tempo.
Apesar disso, não se pode dizer que o que eles fizeram foi algo
comum de ser feito, ainda mais à época. Eles não apenas faziam
Outro fator que fez desta banda inovadora foi o estilo vocal de
Robert Plant. Inspirado no Blues e no Jazz, Plant exalava sua voz em
forma de gritos e uivos suaves, alternando entre tons graves à tons
extremamente agudos para uma voz masculina. Essa característica se
tornou uma das marcas fundamentais do Led-Zeppelin, não há como
imaginar a banda com outro vocalista, por melhor que fosse.
A maior surpresa para a maioria dos ouvintes era a
voz única e o estilo de cantar de Robert Plant. Ali
estava um homem que se fazia ouvir enquanto
cantava uma oitava acima de seu registro natural,
de uma forma que parecia que suas cordas vocais se
romperiam a qualquer momento – uma Janis Joplin
de calças. (FRIEDLANDER, P., 2010, pág. 333).
15 CONSIDERAÇÕES FINAIS
FERRI, René. Led Zeppelin – Rock é Rock Mesmo. São Paulo: Heavy
Metal, 2001.
DOCUMENTÁRIOS:
41
Led-Zeppelin - Inside, 2010
Resumo: As presentes páginas têm por objetivo analisar o porquê da Capitania de São
Tomé ter sido uma das últimas a ser conquistada e colonizada de fato pelo homem
branco. Nas referidas terras, a resistência indígena apresentou características
diferenciadas e os portugueses que aqui aportaram, se depararam com os índios
Goytacazes, uma tribo guerreira, acostumadas com embates violentos e com quem
travaram inúmeras batalhas ao longo de quase um século, onde fizeram até donatários
desistirem de suas posses e abandoná-las, porém a ganância do homem branco levou 1
esta tribo a total extinção.
OS GOYTACAZES
7
PERO DE GÓES E A CAPITANIA DE SÃO TOMÉ
CONCLUSÃO
______, Osório Peixoto. 500 anos dos Campos dos Goytacazes. Campos dos
Goytacazes: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, 2004.
Neste artigo serão trabalhadas várias séries, como Naruto, Dragon Ball,
conhecidas do grande público, além de Adolf e Gen Pés Descalços,
menos conhecidas, porém, com maior notoriedade histórica. A série
que será mais analisada, entretanto, é Cavaleiros do Zodíaco. No seu
enredo encontram-se, englobando anime e mangá, elementos da
mitologia grega e romana, que constituem o enredo básico da série,
tanto na constituição dos deuses, da maioria dos personagens, e do
contexto geral da série, além de elementos da mitologia nórdica, da
mitologia cristã e elementos da mitologia Hindu.
Dessa forma, portanto, o trabalho irá propor uma questão básica: as
histórias em quadrinhos japonesas podem ser materiais de pesquisa
histórica? A partir disso, iremos pautar nossas discussões: Será
discutida qual a importância do mangá na formação de opinião, para
dessa maneira pontuar de que forma ele pode influenciar o
consumidor, e apresentar elementos históricos ou mitológicos a serem
analisados.
3
Após a capitulação do Japão, em 1945, não só a caricatura, mas
também os quadrinhos em grande proporção voltaram a ser
utilizados para a educação política das massas, agora esboçando
novas necessidades, como a reforma agrária, o desenvolvimento
de uma consciência de classe entre os combatentes, e a
educação dos prisioneiros. (LUYTEN, 2000, p. 178).
7
Entretanto, o mangá começou a se constituir no fim do século XIX e
início do XX. Paul Gravett (2004, p. 22) É nesse período que começa a
se constituir como um periódico, com enorme influência dos comics
americanos. Inicialmente eles se constituíam de pequenas tiras de
jornal de 4 a 6 quadros, com traço humorístico em sua maioria, com
traços simplificados. Para o autor:
9
2.1 EXEMPLOS DE ANÁLISES HISTÓRICAS TENDO COMO FONTE OS
MANGÁS
22
Orfeu era filho de Apolo e da musa Calíope. Seu pai oferecera-
lhe uma lira. Aprendeu a tocar o instrumento com tanta
perfeição que nada resistia ao encanto da sua musica. [...]
Himeneu fora convidado para abençoar o casamento de Orfeu
com Eurídice; mas embora estivesse presente, não trouxe feliz
agouro consigo. Sua tocha fumegava e fez com que os olhos de
todos os presentes lacrimassem. Em coincidência com esse
prognostico, Euridice, pouco depois do seu casamento, quando
passeavam com as ninfas, suas companheiras, foi vista pelo
pastor Aristeu, que ficou tão impressionado com a beleza dela
que se atreveu a falar-lhe. Ela assustou-se e ao fugir, pisou em
uma cobra que estava escondida no chão, foi mordida no pé e
morreu. (BULFINCH, 1962, p. 166 – 167).
Como trata Paul Gravett (2006), o mangá é uma das principais fontes
que apresentam a nação japonesa para o mundo. Durante a copa do
mundo de 2002, os principais meios de divulgação do evento foram em
imagens com traços de mangá (GRAVETT, 2006, p. 156). Consideramos
o mangá, como as demais fontes de pesquisa imagéticas, um material
diversificado para a constituição de uma construção histórica. Este
trabalho propôs demonstrar que a investigação e interpretação de
fatos históricos podem utilizar-se de subterfúgios e recursos
estruturais que dispõem os quadrinhos japoneses. A utilização de uma
representação quadrinizada, contendo traços de conteúdos históricos,
dinamiza e diversifica o fazer historiográfico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONOW, Stefan Chamorro. CASTRO, Nilo André Piana de. LUCAS, Taís
26
Campelo. Imagens da História na Indústria Cinematográfica. In:
PADRÓS, Enrique Serra Et. Al. (orgs.). Ensino de História: Formação
de Professores e Cotidiano Escolar. Porto Alegre: EST, 2002.
MOLINÉ, Alfons O Grande Livro dos Mangás. São Paulo, JBC, 2004.
FONTES
28
DO FUNDO DO OCEANO PARA OS TELÕES:
O TITANIC DE JAMES CAMERON
Cristiane Brand de Paula Gouveia 1
Resumo: O cinema, como bem coloca o teórico Christian Metz (1980), é uma
“linguagem sem língua”, que fala por si só, sendo analisado pelo seu conteúdo e por
sua produção. O filme torna-se então um documento que pode ser utilizado pelos
historiadores como uma importante ferramenta na disseminação dos conhecimentos
históricos, e para análise da sociedade que o assiste, como propomos neste trabalho,
nos utilizando do filme Titanic (1997) de James Cameron. O que pretendemos é fazer
uma análise da narrativa do filme, que será nossa fonte, para podermos compreender
como se dão as relações entre a escrita da história e a sua narração fílmica da
perspectiva do diretor, de sua visão do fato. O que pretendia o autor com a produção
1
pode nos levar a analisar o resultado obtido por ele de maneira mais consistente,
afinal, pensaremos os limites do que é proposto e pensando pelo diretor e o que de
fato acontece. Levar em consideração o no público alvo do filme, a indústria
cinematográfica da época e a repercussão do filme, nos permite refletir sobre as
intenções de Cameron, e consequentemente, compreender como o filme pode ter dado
uma ótica diferente do fato histórico que não havia sido alcançada por nenhuma
produção feita anteriormente. Ferro (1992) confirma o filme como um documento e é
assim que o analisaremos, nos utilizando de autores como Cristiane Nova e Paul
Veyne. Pretendemos pensar o cinema como meio de se construir o conhecimento
histórico, pensando a sua análise com um caráter reflexivo e crítico.
Cristiane Nova
O filme Titanic será no presente artigo analisado pelo que tem a nos 6
dizer sobre a indústria cinematográfica de 1997, que o produziu com
determinados fins, sobre o público que não só o recebeu, mas o aclamou
como sucesso e sobre a perspectiva dada ao fato histórico pelo diretor,
nos possibilitando pensar a influencia do cinema na sociedade e para a
História. Propomos ainda buscar compreender a escrita da história
realizada pelo diretor, que enxergaremos em certa medida como um
historiador, objetivando refletir sobre as maneiras como ele articula o
fato histórico com a ficção e de que maneira apresenta uma trama
conseguiu reviver o naufrágio e fazê-lo conhecido e lembrado
mundialmente.
Titanic, o plano de fundo do filme
A jovem que já tinha seu futuro escrito pelas mãos de sua mãe,
agora se via possibilitada de alcançar objetivos outrora inalcançáveis. A
força de um amor comove mais que a morte. Aliados, o amor que rompe
limites, com o poder devastador da morte, temos uma das chaves do
sucesso do filme, o elemento que comove e faz o espectador vibrar, o
sentimento.
24
“Para experimentar plenamente a tragédia do Titanic,
para ser capaz de compreendê-la no aspecto humano,
parecia necessário criar uma tocha emocional para
guiar o publico, apresentando dois protagonistas que o
conquistassem, e depois levá-los ao inferno”. (MARSH,
1997, p. 7)
3
Disponível em
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=TAuzzIAYI7k
primeiro objetivo, como diretor de cinema, fosse entreter o publico”
(MARSH, 1997, p. 13). O cuidado com os detalhes, que vão das roupas até
as lareiras, tornam o filme ainda mais próximo do Titanic real. Cameron
utilizou fotos do irmão gêmeo do Titanic, o Olympic, para reproduzir a
escadaria, a academia, e até mesmo os turcos usados para baixar os botes
salva-vidas. Foram utilizados carros como os que estavam no Titanic, e se
dá destaque para o Renault de passeio de Willian Carter, que se tornou
cenário da cena de amor entre Rose e Jack, cujo interior foi reproduzido
baseado nas imagens conseguidas por Cameron no fundo do oceano e por
documentos históricos. Atenta-se ainda para o cuidado com a reprodução
das acomodações, dos espaços, da decoração. Mas nada disso seria tão
real se os atores não entendessem o comportamento que cada pessoa
tinha que ter dentro de sua classe social. Pensando nisso, os atores
28
tiveram aulas de etiqueta, para saber como andar, falar e portar-se. Tudo
devia estar impecável para parecer o mais natural possível. Os penteados
e as roupas foram inspiradas em fotografias de pessoas da época. Até
mesmo a comida servida no jantar tinha de ser impecável. Os atores
comeram caviar e os pratos foram servidos com tanto requinte como
acontecia no Titanic.
Nesse momento do filme, Rose entra em cena e faz com que ele e
todo o publico perceba que há uma história por detrás disso, e é essa
história que, passa a ser explorada. O filme é contado por ela, que
diferente de Brock Lovett vê significado ímpar nos destroços do navio.
Rose faz-nos pensar sobre a possibilidade de resgatar uma memória.
Para HALBWACHS (2004, p.75), “a lembrança é em larga medida
uma reconstrução do passado com a ajuda de dados emprestados do
presente, e além disso, preparada por outras reconstruções feitas em
épocas anteriores e de onde a imagem de outrora manifestou-se já bem
alterada. Nesse sentido, podemos criar representações do passado
baseados na memória individual de outros e na memória histórica que se
tem do fato que para nós é desconhecido. Surge então uma nova narrativa
de um acontecimento marcante. O filme Titanic (1997), consegue fazer a
lembrança do naufrágio permanecer na memória histórica, tornando o
fato conhecido a pessoas que não o presenciaram.
35
A CIVILIZAÇÃO DAS IDEOLOGIAS CAVALHEIRESCAS:
MUDANÇA DO CONCEITO DE NOBREZA NA FRANÇA ENTRE
OS SÉCULOS XVI E XVII A PARTIR DE UMA TEORIA DO
PROCESSO CIVILIZACIONAL
Fernando Ferreira1
4
Para fazer tais análises, Elias utiliza; manuais de
comportamentos de época, “manuais de civilité” como os organizados
por Eramos de Roterdã, que evidência as mudanças comportamentais
desejáveis e as aspirações de uma sociedade refinada. Obras como as
de Shakespeare, destacam novos hábitos sociais desejáveis, também
percebidos em pinturas e cartas pessoais. Segundo Elias as novas
normas sociais ampliaram a sociedade civilizada, ao mesmo tempo em
que aumentam os mecanismos de controle. Nessa direção, salienta
Nietzsche, acerca do sofrimento que nasce junto à sociedade e sua
civilização, o homem civilizado é refém de sua vontade.
8
George Duby em seu livro intitulado “A sociedade
cavalheiresca” dedica uma grande parcela de seus estudos, analisando
as origens das famílias nobres francesas através de fontes primarias
existentes em pequenas regiões da França, encontradas
especificamente em abadias. Duby percebe, assim como Bloch, que as
primeiras designações para nobreza apenas expressavam uma situação
maior de posses e bens e a sua condiç~o de homem “livre”,
notadamente a evolução das estruturas sociais garante aos nobres
ricos, concessões de terras e títulos hereditários. No entanto essa
aristocracia não prezava suas posses e sim sua fidalguia, conceito que
ultrapassa sua eventual riqueza, ou seja, glorificam-se pelas conquistas
de seus antepassados. A glória militar era para a sociedade feudal,
prova de sua nobreza e assim, a legitimidade de seu orgulho, reside na
sua capacidade militar traduzida numa condição social distintiva.
A nobreza guerreira distingue dois qualitativos que
representam grupos em posições diversificadas dentro do feudalismo,
entretanto, com o tempo as categorias poderiam designar o mesmo
indivíduo, nobreza de sangue e de espada. Nem todo nobre era
cavaleiro, e vice versa, mas pelo contexto do feudalismo em que as
guerras eram frequentes e a principal atividade da nobreza se pautava
em sua função guerreira, era comum, nobres serem investidos como
cavaleiros, acumulando as distinções. A caracterização de um grupo
específico para atuar na condição de uma milícia guerreira, sugere uma
distinção social, já que se tratava de um grupo especializado voltado
para as atividades militares. No entanto desde o momento de sua
origem no contexto do feudalismo, esse conceito sofre um processo de
mudança com o desenvolvimento da sociedade em questão, em que o
estabelecimento de grupos especializados para as funções ligadas às
guerras, articulavam a nobreza como parte desse processo, por várias 9
questões, que envolvem desde o processo de vassalagem até a
glorificação das atividades militares, que passam a ser um qualitativo
cada vez mais difuso entre os nobres.
11
Para os primeiros escritores que deram o nome ao
feudalismo, para os homens da Revolução, que
trabalharam para o destruir, a noção de nobreza
parecia inseparável dele. No entanto, não há
associação de ideias mais redondamente errada.
Mesmo por pouco que nos interessemos por
conservar alguma exactidão ao vocabulário
histórico. Decerto que as sociedades da era feudal
nada tiveram de igualitário. (BLOCH, 1976 , p.330)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
NOTAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Disponível em:
http://www.bvgf.fgf.org.br/frances/obra/artigos/imprensa/em_defes
a. htm- texto 1. Acesso em 07 de julho de 2011.
Referências
OROZCO, M. Três décadas de “faça você mesmo”. Revista Cult. 2010 In:
http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/tres-decadas-de-faca-voce-mesmo/