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Rio de Janeiro, 03/10/2014.

PONTO 8

Lei delegada,

Decreto Legislativo e Resoluções

1. Lei delegada
1.1. Princípios. Exceção.
1.2. De quem para quem?
1.3. Natureza
1.4. Meio. Parâmetros.
1.5. Indelegabilidade?
1.6. Direito à delegação?
1.7. Vinculação?
1.8. Mais de uma lei?
1.9. Cancelamento?
1.10. Congresso pode criar lei?
2. Processo de criação
2.1. Iniciativa
2.2. Em seguida
2.3. Duas hipóteses
2.4. Sanção. Veto.
3. Decreto legislativo
4. Resoluções

São espécies normativas previstas no art. 59, CF.

1. Lei delegada

1.1. Princípios. Exceção.

Princípio da Indelegabilidade de atribuições. Esse princípio norteia a relação entre poderes para anunciar que um poder não pode delegar outras atribuições a outro poder. Via de regra, um poder não delega
atribuições de poder a outro. A exceção a esse princípio é a chamada lei delegada.

Quando nós falamos de uma delegação de um poder para outro, e temos como ponto de referência a figura do poder executivo, legislativo ou judiciário, essa é a delegação a qual damos o nome delegação
externa corporis, ou seja, para fora do corpo.

Não se delega um poder, uma atividade de um poder para outro, e a exceção é a lei delegada. A lei delegada só é possível em razão de uma delegação externa corporis.

1.2. De quem para quem?

Trata-se de uma delegação do poder legislativo para o poder executivo, ou seja, do Congresso Nacional para o Presidente da República. Temos aqui uma hipótese de atribuição de um poder para o outro.
1.3. Natureza

No tocante a natureza, a delegação é uma natureza externa corporis.

1.4. Meio. Parâmetros.

Como é feita essa delegação? Eu me refiro ao meio que se consolida, se concretiza essa delegação, instrumento pelo qual o Congresso Nacional formalmente delega essa atribuição ao Presidente da
República. Esse instrumento é a chamada resolução do Congresso Nacional (art. 68, parágrafo segundo, CF). O Congresso Nacional, nessa resolução, pode fixar alguns parâmetros, por exemplo, o período da
delegação. Obs.: A resolução pode fixar alguns parâmetros, mas não é obrigatório que isso ocorra.

1.5. Indelegabilidade?

A Constituição Federal traz de forma clara e expressa atos ou matérias indelegáveis. Ou seja, mesmo sendo a lei delegada uma exceção à regra geral, existem limites a essa delegação feita pelo Congresso
Nacional. Isto é, a lei delegada também possui os seus limites (art. 68, parágrafo primeiro, CF).

Obs.: Por que a medida provisória não seria uma exceção ao princípio da indelegabilidade? A sistemática de formação da lei delegada é distinta daquela da medida provisória. A delegação do Congresso
Nacional para o Presidente da República depende de uma solicitação do Presidente da República ao Congresso Nacional. A medida provisória já nasce na Constituição brasileira como sendo uma prerrogativa do
Presidente da República. A medida provisória (espécie normativa sui generis) nasce com força de lei, mas não é lei; ela pode vir a ser transformada em lei. A lei delegada, quando nasce, já nasce lei.

1.6. Direito à delegação?


Para que o Congresso Nacional emita, elabore essa resolução concedendo essa possibilidade para o Presidente da República, O Congresso Nacional precisa que o Presidente da República o solicite antes o ato
de delegação. A lei delegada necessita, em um primeiro momento, de uma solicitação do Presidente da República ao Congresso Nacional.
Quando o Presidente da República solicita ao Congresso Nacional a possibilidade de elaborar uma lei delegada uma delegação, eu posso dizer que existe um direito do Presidente da República a essa delegação?
O que é um direito objetivo? É o direito de agir diretamente, nada mais é do que a norma propriamente dita. Todas as normas existentes em um ordenamento jurídico podem ser consideradas um direito sob
um aspecto objetivo. Objetivamente, o direito é um conjunto de normas. Subjetivamente, o direito nada mais é do que a possibilidade de uma pessoa exigir de outra uma contraprestação. Quando o Presidente
da República solicita ao Congresso Nacional a delegação, existiria um direito subjetivo? Não. Por quê? Tipicamente, compete ao poder legislativo criar leis, criar normas jurídicas. O Congresso Nacional pode
negar a solicitação do Presidente da República. Se o Congresso negar, o Presidente da República pode fazer uma medida provisória? Se os limites, as condições da medida provisória forem respeitadas e se
enquadrar dentro das hipóteses, sim, pode.
1.7. Vinculação?
O Presidente da República não fica vinculado à delegação concedida pelo Congresso Nacional. Mesmo movimentando toda a máquina pública para fazer uma lei delegada, o Presidente da República pode
depois não querer fazer.
1.8. Mais de uma lei?
Pode o Presidente de a República elaborar trinta leis naquele período de delegação? Pode. Não há nenhuma previsão constitucional que limite o Presidente da República a fazer, por exemplo, apenas uma lei
delegada. Uma vez delegada a possibilidade de elaboração da lei delegada, pode o Presidente da República entender fazer mais de uma.
1.9. Cancelamento?
O Congresso Nacional pode cancelar a delegação concedida ao Presidente da República. A delegação do Congresso Nacional ao Presidente da República não é um “abrir mão do poder de legislar”, é uma mera
concessão feita pelo poder legislativo, que pode ser cancelada.
1.10. Congresso pode criar lei?
Durante o período da delegação, pode o Congresso Nacional, ao mesmo tempo, elaborar uma lei ordinária exatamente sobre a matéria que foi delegada ao Presidente da República? Sim. Nesse caso, poderá
ocorrer um conflito de normas. Embora haja essa questão, não se trata de um “abrir mão do poder de legislar”.
2. Processo de criação
2.1. Iniciativa e 2.2 Em seguida
Iniciativa: solicitação do Presidente da República ao Congresso Nacional. O Presidente da República solicita, e em seguida, temos a resolução autorizadora do Congresso Nacional.
2.3. Duas hipóteses
Quando o Presidente da República solicita e o Congresso Nacional decide que vai autorizar o Presidente da República a criar uma lei delegada por meio de uma resolução, o Congresso Nacional pode fixar
alguns parâmetros. Ex.: temporal.
Existe um parâmetro expresso na Constituição, que é o seguinte: Nessa resolução, o Congresso Nacional pode dizer: “Presidente, o senhor vai fazer esse projeto de lei delegada, que voltará ao Congresso
Nacional para ser votado.” É uma possibilidade, não é uma necessidade.
O voltar para a votação faz com que a lei delegada fique um pouco sem sentido, porque o Presidente pensará: “Ficaria mais fácil para eu fazer uma medida provisória, porque ela já nasce com força
normativa”.
Se o Congresso Nacional diz: “não precisa voltar”, o Presidente da República, ao receber a solicitação, elabora um projeto de lei delegada, sendo os passos seguintes a promulgação e publicação.
1ª hipótese: caso em que o Congresso Nacional exige que o projeto de lei delegada elaborado pelo Presidente da República retorne ao Congresso Nacional para votação.
Conseqüências jurídicas no caso em que o Congresso Nacional exige que o projeto de lei volte para votação:
- Art. 68, parágrafo segundo, CF.
- Art. 68, parágrafo terceiro, CF.
Se houver a necessidade do projeto voltar ao Congresso Nacional, primeiro ponto: a votação é única, vedada qualquer emenda. No caso de lei delegada, mesmo no caso em que examina o projeto de lei, não
pode dar sugestões e alterar aquele texto originário.
2ª hipótese: caso em que o Congresso Nacional não estabelece essa exigência.
Conseqüências jurídicas da segunda hipótese: O Presidente da República, ao concluir o projeto, encaminha para promulgação e publicação da lei delegada.
2.4. Sanção. Veto.
Em nenhuma hipótese cabe sanção ou veto sobre um projeto de lei delegada.
Lei delegada é lei ordinária.
A lei delegada é mais um exemplo, entre tantos, da concentração de poder em torno do poder executivo.
Rio de Janeiro, 15/10/2014.

3. Decreto Legislativo

O decreto legislativo nada mais é do que a espécie normativa por meio da qual são veiculadas as matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional. A CF previu um rol de matérias que são
realmente de competência exclusiva do CN, e quando o CN quiser dispor sobre estas matérias e, principalmente, veiculá-las por meio de alguma categoria normativa, fá-lo-á por meio de decreto legislativo. Art.
49, CF.

É importante associar, sempre, o decreto legislativo ao artigo 49 da CF. Para além do que está previsto no art. 49 da Constituição, há outra previsão de incidência do decreto legislativo: a medida
provisória. Art. 62, parágrafo onze e terceiro da CF.
Ocorre que, no caso de perda da eficácia da Medida Provisória - por decurso do prazo ou rejeição - o Congresso Nacional teria o prazo de 60 dias para editar um decreto legislativo para regular as relações
jurídicas decorrentes da época em que vigeu a Medida Provisória. Foi uma hipótese nova, foi trazida por Emenda Constitucional (Emenda nº 32 de 2001); foi esta emenda que criou a possibilidade prevista no
parágrafo 11 do artigo 62 da CF.

Artigo 49, CF- É de competência exclusiva do Congresso Nacional:

I- Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

Em se tratando de processo de formação e extremamente simples, inclusive tem por processo de votação a exigência de maioria simples.

4. Resoluções

A Constituição não trouxe um dispositivo determinando aquilo que deveria ser regulado por meio de resolução ou trazendo matérias a serem veiculadas por meio de resolução. Encontramos no Art. 59,
CF a Resolução como espécie normativa. São os regimentos internos de cada casa legislativa que vão definir o que deve ser veiculado por meio de resolução. Uma primeira medida é por exclusão. Eliminadas as
possibilidades relativas às demais espécies normativas, são os regimentos internos que irão definir o que será veiculado por resolução. Normalmente, matérias de importância menor do ponto de vista de
amplitude, por exemplo: procedimentos internos de uma Casa Legislativa.

PONTO 9

Sanção, veto, promulgação e publicação

1. Sanção
a) Conceito
b) Classificações
c) Convalidação?
2. Veto
a) Conceito
b) Natureza jurídica
c) Tipos de fundamento
d) Características:
i) Retratação
ii) Forma
iii) Motivação
iv) Total ou parcial
v) Supressão
vi) Superação
3. Promulgação
a) Conceito
b) Lei ou projeto de lei?
4. Publicação

1. Sanção

a) Conceito

A sanção nada mais é do que o ato de concordância, o ato de aquiescência do Presidente da República com o projeto de lei a ele encaminhado após aprovação pelo Congresso Nacional.

Na realidade, estamos diante de uma característica do ordenamento jurídico brasileiro: a necessidade do Poder Legislativo submeter parte do seu trabalho a uma espécie de chancela, de concordância do
Poder Executivo; esse é o reflexo da história constitucional brasileira: ligada a uma concentração de poderes na figura do Executivo.

b) Classificações

A sanção poder ser total ou parcial, ou seja, ela pode incidir sobre a totalidade do projeto de lei ou apenas sobre parte dele. A sanção parcial pode ser entendida também como um veto parcial.

A sanção pode ser expressa ou tácita. A sanção será expressa quando o Presidente da República expressamente se pronunciar pela sanção. A sanção tácita está ligada a uma inércia, a um silêncio, a um
não-fazer por parte do Presidente da República, e se dá da seguinte forma: caso o Presidente da República, no prazo de quinze dias após o recebimento do projeto de lei enviado pelo Congresso Nacional sobre
ele silenciar, ter-se-á por sancionado o referido projeto de lei (art. 66, parágrafo terceiro, CF). O silêncio presidencial implica sanção tácita. A sanção tácita somente pode ser total.

c) Convalidação?

Imaginem que um deputado federal brasileiro, na mais absoluta boa fé, elabore um bom projeto de lei e submeta a apreciação do CN é votado e aprovado por unanimidade vai ao Senado e aprovado
também, e é encaminhado ao Presidente da República para sanção ou veto. Entretanto, verifica-se que a matéria sobre a qual versa o projeto de lei é de competência exclusiva do Presidente da República. O
Presidente, então, acredita que a sua sanção superaria e solucionaria esse vício de iniciativa.

A pergunta é exatamente essa: pode a sanção presidencial convalidar um vício de iniciativa quando esta cabia ao Presidente da República e não foi por este exercida? O STF decidiu que a sanção presidencial
não convalida o vício de iniciativa. Do contrário, haveria desrespeito a um princípio constitucional fundamental que é o devido processo legal - na sua esfera legislativa. Se houve esse vício, está todo o processo
legislativo contaminado e deve ser refeito sobre a iniciativa do presidente.
No que tange à sanção parcial, há outra perspectiva; significa dizer que o que não foi parte de sanção parcial, o foi de veto parcial.

2. Veto

a) Conceito

O veto nada mais é do que o ato de discordância do Presidente da República, total ou parcial, com o projeto de lei a ele encaminhado após a aprovação pelo Congresso Nacional.

O Presidente da República possui quinze dias para vetar o projeto de lei, se não se tratará de uma sanção tácita.

b) Natureza jurídica

Para Pinto Ferreira, o veto nada mais seria do que um direito do Presidente da República.

Para Manuel Ferreira Filho, o veto nada mais seria do que um poder do Presidente da República.

Para Pontes de Miranda, o veto nada mais seria do que um poder-dever do Presidente da República.

O veto pode ter três tipos de fundamentos, sendo eles: jurídico, político ou jurídico- político. O veto jurídico é aquele que se funda em uma manifesta inconstitucionalidade do projeto de lei. O veto político
ocorrerá quando o Presidente da República entender que o projeto de lei é contrário ao interesse público. O veto jurídico-político vai se dar quando o Presidente entender que o projeto de lei é tanto
inconstitucional quanto contrário ao interesse público.

c) Características

i) Retratação: o veto é irretratável. Retratação é a possibilidade de arrepender-se; o presidente não tem como mudar a sua posição quanto à rejeição de um projeto de lei;
ii) Forma: o veto é sempre expresso, não existe veto tácito;

iii) Motivação: o veto tem que ser expresso e motivado, isto é, fundamentado, explicado;
iv) Total ou Parcial: o veto pode ser total ou parcial. Relativamente ao veto parcial, existe uma limitação constitucional; a Constituição que o veto não pode incidir sobre a pontuação ou apenas uma palavra,
pois poderia gerar significado diverso do pretendido pelo Congresso Nacional com a criação do dispositivo. Tem que vetar o parágrafo, o inciso ou a alínea inteira!!

v) O veto é sempre supressivo, ou seja, pelo veto o Presidente pode suprimir parte do projeto de lei. Mas ele não pode acrescentar; o veto é única e exclusivamente supressivo.

vi) O veto é superável.

Quando o Presidente da República veta um projeto de lei, esse projeto retorna ao Congresso Nacional para que este último possa ter uma oportunidade de se pronunciar, deliberar sobre o veto. Vetado um
projeto de lei, total ou parcialmente, este projeto de lei retorna ao Congresso Nacional; em sessão conjunta e por maioria absoluta de votos o Congresso Nacional pode derrubar (cancelar) o veto presidencial.
3. Promulgação

a) Conceito

Promulgação nada mais é do que o ato pelo qual se confere executoriedade à lei, atesta-se a sua existência e ordena-se a sua publicação.

A promulgação é um ato formal/solene.

b) Lei ou projeto de lei?

José Afonso da Silva, Alexandre de Moraes, Michael Temer, Manoel Gonçalves Ferreira Filho, etc. afirmam que promulgação é da lei. O Presidente promulga a lei; a transformação do projeto de lei em lei se
dá em momento anterior à promulgação.

Para Nelson de Souza Sampaio, a promulgação é do projeto de lei, porque a promulgação também tem o objetivo de transformar o projeto de lei em lei.

4. Publicação

Publicação é o ato pelo qual se confere notoriedade à lei. Publicação no Diário Oficial. É na publicação que se fixa a data de início de vigência da lei. A data de vigência da lei não é, necessariamente, a data de
publicação da lei. Geralmente o último artigo dispõe sobre o dia de vigência da lei.

Rio de Janeiro, 24/10/2014.

PONTO 10

Poder Judiciário

Supremo Tribunal Federal

1. Poder Judiciário
a) Noções Gerais. Função e ato.
b) Princípios.
2. Supremo Tribunal Federal
a) Origem
b) Órgão Poder
c) Autonomia e Sede
d) Composição
e) Investidura. Escolha, aprovação, nomeação e posse
f) Presidência
g) Requisitos especiais capacitórios
h) Idade
i) Garantias

2. Supremo Tribunal Federal

a) Origem

Decreto n. 848 de 1890. Governo Republicano provisório no Brasil. Quatro anos depois chega ao Brasil a primeira forma e espécie de controle de constitucionalidade. Em 1984, chega o controle difuso de
constitucionalidade no Brasil. Passado mais de setenta anos da chegada do controle difuso, o Brasil decide trazer também o controle concentrado de constitucionalidade. Emenda constitucional n. 16 de 1965.
Não houve uma substituição, mas uma aglutinação de controles de constitucionalidade.

b) Órgão poder

O SFT é um órgão vinculado ao poder judiciário. O STF é a chamada cúpula do poder judiciário brasileiro.

c) Autonomia e sede

Uma primeira característica fundamental do STF é a chamada autonomia e independência. O STF tem, por exemplo, capacidade de auto-gestão, auto-administração, auto-organização.

A sede é em Brasília e não existem filiais.

d) Composição

O STF é composto por onze ministros, subdivididos em duas turmas de igual hierarquia, cada turma contendo cinco ministros, sendo o outro Presidente do STF.

e) Investidura

Após a aprovação pelo Senado Federal de um nome para ocupar o cargo de ministro do STF, o Presidente da República nomeia esse nome previamente aprovado pelo Senado Federal (Art. 52, III, a, CF e art.
101, parágrafo único, CF).

Quem escolhe o nome que vai ser votado pelo Senado Federal é o Presidente da República. Após essa escolha, o nome segue para aprovação no Senado Federal. Aprovado o nome pelo Senado Federal,
passa-se para a nomeação. A posse é efetivamente dada pelo Presidente do STF.

Curiosidades: PEC n. 275 de 2013 propõe a mudança do número de ministros de treze para quinze e a mudança do nome STF para Corte Constitucional.

f) Presidência

Os ministros do STF escolhem o Presidente do STF. O mandato do Presidente do STF é de dois anos.

g) Requisitos

Primeiro requisito: A pessoa candidata ao cargo de ministro do STF precisa ser um brasileiro nato (Art. 12, parágrafo terceiro, CF).

Segundo requisito: ter pleno e fiel exercício dos direitos políticos.


Terceiro requisito: reputação ilibada. Estamos diante de um conceito jurídico indeterminado. Compete ao Presidente da República verificar a reputação ilibada no momento de escolha do ministro do STF.

Quarto requisito: notável saber jurídico. Conceito jurídico também indeterminado.

O indicado pelo Presidente da República não precisa ser bacharel em direito.

h) Idade

Idade mínima de 35 anos e máxima de 65 anos para ser empossado ministro do STF. Haverá a chamada aposentadoria compulsória aos 70 anos.

i) Garantias (Art. 95, CF)

- Inamovibilidade. Um juiz, via de regra, não pode ser movido. Existe uma exceção constitucional à inamovibilidade, que é o chamado interesse público (conceito indeterminado).

- Irredutibilidade de subsídios.

- Vitaliciedade.

Referem-se a todos os magistrados do Brasil.

Rio de Janeiro, 29/10/2014.

PONTO 11

Controle de constitucionalidade – Preventivo e Repressivo Difuso

3. Noções Gerais.
1.1. Princípios.
4. Preventivo.
a. Regra Geral. Exceção. Incidência.
b. Tipos. Poderes.
c. Poder Judiciário.
a) Meio;
b) Legitimidade;
c) Formal.
5. Repressivo. Espécies.
6. Controle Difuso.
1.1. Origem;
1.2. Características
a) Caso concreto;
b) Incidental;
c) Competência recursal.
1.3. Decisão: efeitos.
1.4. Após decisão, remessa.
1.5. Senado.
1.6. Demais considerações.

1. Noções gerais

O controle de constitucionalidade no Brasil existe em função, principalmente, de uma premissa básica ligada a uma presunção, chamada presunção de constitucionalidade das normas produzidas no Brasil.

Uma vez pronta, acabada, formada uma lei jurídica, passa essa lei imediatamente a gozar da presunção de constitucionalidade. Presume-se constitucional a norma produzida pelo Poder Legislativo.

Esta presunção de constitucionalidade no Brasil é uma presunção relativa. Uma espécie normativa produzida pelo Poder Legislativo é constitucional até que se prove o contrário. É relativa porque permite
prova em contrario. A presunção de constitucionalidade das leis brasileiras não é absoluta. Se fosse absoluta, não admitiria prova em contrário.

A premissa ligada à presunção de constitucionalidade é uma das principais bases sobre os quais se funda a possibilidade do controle de constitucionalidade no Brasil. Somente é possível, principalmente ao
Poder Judiciário, exercer o controle de constitucionalidade sobre uma norma jurídica porque a presunção de constitucionalidade da lei é relativa, e não absoluta.

O grande objetivo do controle de constitucionalidade no Brasil é eliminar do ordenamento jurídico brasileiro a norma jurídica que não se coaduna com a Constituição da República.

Para que o Poder Judiciário exerça o controle de controle de constitucionalidade, ele precisa ser provocado.

1.1. Princípios

- Princípio da supremacia da Constituição Federal

A Constituição Federal é a norma hierarquicamente superior a todas as outras. É aquela quem manda no ordenamento jurídico. As demais normas devem respeito à Constituição. Caso não existisse essa
hierarquia, um controle de constitucionalidade ficaria inviável.

- Princípio da rigidez da Constituição Federal

A rigidez reforça a idéia de supremacia. A rigidez reforça a superioridade hierárquica da Constituição Federal.

Existem duas formas de controle de constitucionalidade no Brasil: o chamado controle preventivo e o chamado controle repressivo.

2. Preventivo

No tocante ao controle preventivo, poderá ser exercido de três maneiras.

O controle preventivo poderá ser exercido por três órgãos/poderes: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário.

A regra geral do ordenamento jurídico brasileiro é a de que o controle de constitucionalidade incida sobre normas jurídicas prontas e acabadas, ou seja, a regra geral é a de que o controle de
constitucionalidade recaia sobre, por exemplos, leis, e não sobre projetos de lei. Porém, excepcionalmente, previu o legislador brasileiro a possibilidade de existência de um chamado controle preventivo de
constitucionalidade.

Esse controle preventivo incide sobre projetos de lei, e não sobre leis. O objetivo, portanto, é prevenir, por exemplo, que um projeto de lei que já se mostra inconstitucional se transforme em lei.
Controle preventivo exercido pelo:

- Poder Legislativo

Existe no Poder Legislativo a chamada Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Essa Comissão é formada por parlamentares, deputados e senadores. A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania faz
análise prévia sobre um projeto de lei recém nascido. (

- Poder Executivo

Quando o PR verifica que o projeto de lei é manifestamente inconstitucional. Se o PR veta, entende-se que o PR está exercendo um controle preventivo de constitucionalidade.

- Poder Judiciário

Quando um parlamentar (deputado ou senador) se sentir prejudicado pela tramitação de um projeto de lei em desconformidade com o processo legislativo constitucionalmente previsto, pode este
parlamentar impetrar um mandado de segurança diretamente junto ao Supremo Tribunal Federal, insurgindo contra aquela tramitação inconstitucional. Obs.: prejudicado enquanto parlamentar.

O objetivo principal do mandado de segurança será interromper ou estimular a correção do vício que faz daquela tramitação inconstitucional.

Obs.: Este controle preventivo exercido pelo Poder Judiciário a partir e por meio da impetração do mandado de segurança está ligado, no Brasil, sempre a um caso concreto. Ex.: “estou me sentindo
prejudicado com aquele projeto de Lei, n. XYWQ.” Não pode haver abstração. É sempre difuso, ligado a um caso concreto.

Obs.: O mandado de segurança não foi criado para o controle preventivo. O controle preventivo faz uso do mandado de segurança para que possa acontecer. O mandado de segurança serve para atacar uma
ilegalidade ou abuso de poder, normalmente, praticado por uma autoridade pública.

O controle repressivo possui duas espécies: o chamado controle difuso e o chamado controle concentrado.

O controle concentrado possui subespécies. Essas subespécies estão ligadas a maneira pela qual ele pode ser exercido, estão ligadas ao que eu chamo de instrumentalidade. Pode se dar a partir de ações
distintas.

São ações principais:

- ADIN (Ação direta de inconstitucionalidade). É a principal ação dentro do controle repressivo concentrado.

- ADC (Ação declaratória de constitucionalidade)

- AIO (Ação de inconstitucionalidade por omissão)

- ADTF (argüição de descumprimento de preceito fundamental)

2.2. Regra geral. Exceção. Incidência.

2.3. Tipos. Poderes.


2.4. Poder Judiciário

a) Meio

b) Legitimidade

c) Formal

Rio de Janeiro, 12/11/2014.

3. Repressivo. Espécies.

Difuso e concentrado.

4. Controle difuso.

4.1. Origem

A origem do controle difuso de constitucionalidade sempre os remete aos EUA, mais especificamente a um caso chamado Madson x Marbury (1803). A Suprema Corte Americana julga este caso invoca a idéia
da supremacia da Constituição dos EUA para dar por iniciado o chamado controle difuso de constitucionalidade. O controle difuso tem sua origem nesse julgamento.

Judicial review é a expressão americana que mais se aproxima a idéia de controle difuso de constitucionalidade por nós utilizada.

1894, quando no Brasil foi feita a Lei Federal nº 221.

O Brasil, seguindo na época uma tendência de ser influenciado pelos EUA, traz, em 1894, a idéia de controle difuso de constitucionalidade.

Outros nomes que se dão ao controle difuso: Controle indireto de constitucionalidade, controle pela via de exceção, controle concreto de constitucionalidade, controle incidental, etc.

4.2. Características

a) Caso concreto

Difuso significa espalhado, difundido, que se irradia. Essa espécie de controle tem esse nome porque é aquele que pode acontecer em qualquer caso concreto, por exemplo, em uma ação que eventualmente
que o Richard venha a propor contra um órgão do poder público, privado ou contra pessoa física ou jurídica, etc. O controle difuso tem esse nome porque pode acontecer em qualquer caso concreto.

b) Incidental

Imaginem que o senhor José proponha uma ação judicial contra dona Maria porque ele entende que tem o direito de receber de Maria uma indenização. Ele entende que tem esse direito porque existe uma
lei no ordenamento jurídico brasileiro, valido e vigente.

A ré é citada para responder por meio de uma contestação. O advogado estuda a lei e o caso. Na contestação, o advogado defende, cria sua tese, ligada a essência da causa, chega a uma conclusão nova:
“poxa, essa lei na qual José funda seu direito é inconstitucional”. Na contestação, o advogado reserva um capítulo para dizer o seguinte: “Essa lei sob a qual se funda José, é inconstitucional”. O juiz sentencia da
seguinte forma: “examino a questão constitucional e a afasto”, ou seja, entendo que não existe nenhum tipo de inconstitucionalidade.
O objeto central dessa ação é um pedido indenizatório. A questão constitucional surgiu de forma incidental no processo. Incidentalmente, surge no processo uma questão constitucional.

c) Competência recursal

Maria resolve recorrer. O recurso cabível contra uma sentença no âmbito cível é o chamado recurso de apelação.

Quando uma apelação é interposta contra uma sentença, o juiz de primeiro grau tem eu encaminhar essa apelação para o segundo grau.

A segunda instância nos Tribunais dos Estados é subdivida nas Câmaras Cíveis. Quando a apelação é interposta e encaminhada para segunda instancia, tem que ser distribuída por sorteio. Imagine que a
apelação de Maria caia na 3º vara cível. As Câmaras Cíveis são compostas por desembargadores. O desembargador relator desse processo, quando percebe que há uma questão constitucional, ele suscita uma
questão de ordem e encaminha a matéria para o Pleno Tribunal de Justiça. O Pleno do Tribunal é a união de todos os desembargadores.

É uma questão prejudicial ao mérito. O processo perde sua razão de ser.

O que eu acabo de dizer para vocês é uma exigência expressa da Constituição.

Art. 97, CF. O art. 97é, pela doutrina, chamado cláusula de reserva de plenário. Quando em um processo uma questão constitucional surgir, deve ser julgada pelo Pleno do Tribunal, ou seja, pelo plenário do
Tribunal.

Toda vez que em processo judicial existir uma questão constitucional sendo discutida, e já tiver sido proferido um acórdão em segundo grau de jurisdição, contra esse acórdão pode caber a interposição de
um recurso específico. Este recurso específico é aquele que terá o condão para encaminhar a matéria ao STF, e para esse recurso dá-se o nome de recurso extraordinário.

Se os requisitos processuais estão presentes, cabe recurso extraordinário.

4.3. Decisão: efeitos.

- efeito inter partes

- efeito ex tunc

4.4. Após decisão; remessa.

Toda vez que o STF declara a inconstitucionalidade de uma lei – parcial ou totalmente – no controle difuso (caso concreto), fica o STF, em seguida, obrigado a encaminhar essa decisão ao Senado Federal.

O STF envia a matéria para o Senado Federal decida se vai suspender ou não a lei do ordenamento jurídico.

4.5. Senado.

Os efeitos dessa decisão do Senado Federal são erga omnes, ou seja, vale para todos, e ex nunc, ou seja, os efeitos não são retroativos.

Uma indagação que se fazia: estaria o SF obrigado a suspender (eliminar) a lei? Princípio da separação dos poderes. O SF sempre acompanha a decisão do STF.

Logo no início, já surge uma questão ser discutida. “no todo ou em parte”. Redação infeliz. O que se quis dizer foi o seguinte: se o STF declarou uma lei parcialmente inconstitucional, se o Senado decidir
acompanhar essa decisão, ele vai suspender parcialmente aquela lei do ordenamento jurídico. Se o STF declarou totalmente inconstitucional uma lei, o SF suspenderá ao todo aquela lei do ordenamento jurídico.
4.6. Demais considerações

O Ministro Gilmar Ferreira Mendes ocupou a Presidência do STF, tornou muito visível uma teoria sua, que acabou ganhando força, chamada teoria da transcendência dos motivos determinantes da sentença/
teoria da abstrativização do controle difuso.

Requisito do pré-questionamento

Requisito repercussão geral (EM nº 45 de 2004) (conceito jurídico indeterminado)

Rio de Janeiro, 14/11/2014.

PONTO 12

Controle concentrado

1. Considerações iniciais
2. Ação direta de inconstitucionalidade (ADIN)
a) Objetivo;
b) Caso concreto?
c) Legitimidade ativa e passiva;
d) Processo objetivo e disponibilidade;
e) Efeitos da decisão;
f) Demais considerações
3. Ação de inconstitucionalidade por omissão (AIO)
4. Ação declaratória de constitucionalidade (ADS)

1. Considerações iniciais

2. Ação direta de inconstitucionalidade

a) Objetivo

Relativamente ao controle concentrado, a ação proposta para que esse controle ocorra tem o objetivo claro e específico de eliminar do ordenamento jurídico uma lei que se considera inconstitucional.

b) Caso concreto?

c) Legitimação ativa e passiva

Legitimação ativa para propositura de ação direta de inconstitucionalidade: art. 3º, caput e incisos, CF. Temos um rol taxativo de pessoas e órgãos que podem propor ADIN.

Formalmente, o legitimado passivo seria o órgão do qual emanou a lei ou ato normativo que se quer impugnar por meio da ação direta de inconstitucionalidade.
d) Processo objetivo e disponibilidade

A ação, uma vez proposta, se desgarra de quem a propôs.

No que tange a ADIN, temos a figura da indisponibilidade, uma vez proposta a ação, quem propôs, não pode mais dispor sobre.

e) Efeitos da decisão

O STJ tem que decidir se julga procedente o pedido ou se julga improcedente o pedido.

Imaginem que o STF, em um julgamento de ADIN, declara a inconstitucionalidade da lei. Quais os efeitos dessa decisão? A regra é efeitos erga omnes e efeitos ex tunc. Retroage a data de publicação da lei.

Lei 9.868/99. Isso gerava uma insegurança jurídica muito grande. Esta lei traz um artigo de muita relevância: art. 27. Esse artigo traz a figura da modulação dos efeitos da decisão que declara a
inconstitucionalidade de uma lei no controle concentrado. A lei 9.868/99 vai servir de apoio para o controle concentrado.

O art. 27 estabelece que o STF, ao declarar a inconstitucionalidade de uma lei no controle concentrado pode modular os efeitos no que tange os efeitos de retroatividade. Passou-se a permitir que o STF
pudesse escolher o que fazer com a retroatividade.

Art. 7º: Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade.

Parte final do parágrafo segundo do art. 7º. “manifestação de outros órgãos ou entidades”. Brecha encontrada para que o Brasil pudesse adotar um tipo de intervenção de terceiros no processo, que é a figura
do amicus curiae.

Advogado Geral da União. A participação do AGU no processo de ADIN é obrigatória. Ele deve ser ouvido no processo. O objetivo da participação do AGU é defender a lei ou ato normativo que está sendo
impugnado (art. 103, parágrafo terceiro, CF).

f) Demais considerações

3. Ação de Inconstitucionalidade por omissão (AIO)

Esta ação é proposta porque se verifica uma conduta inconstitucional omissiva. A inconstitucionalidade que leva a propositora dessa ação reside em uma omissão.

Nas normas constitucionais de eficácia limitada, existe a necessidade do poder legislativo criar uma lei.

O objetivo da AIO é tentar fazer com que o poder legislativo legisle.

Os legitimados para propositura da AIO são os mesmos para propositura da ADIN.

Art. 103, parágrafo segundo, CF.

Não há obrigatoriedade da presença do AGU.

4. Ação declaratória de constitucionalidade (ADC)


Não nasceu com a Constituição de 1988. A EC nº3 de 1993 inseriu no ordenamento jurídico brasileiro a ADC.

O objetivo da ADC é fazer com que o STF declara a constitucionalidade de uma lei. O principal objetivo da ADC é transformação de uma presunção relativa de constitucionalidade em uma presunção absoluta
de constitucionalidade de uma lei. Se o STJ julga procedente o pedido em uma ADC, primeira conseqüência: esta lei não poderá ser declarada inconstitucional.

Legitimados: art. 103, CF.

Existe um requisito para a propositura da ADC: quando se propõe uma ADC, a pessoa tem que provar junto com a PI a existência de uma grande controvérsia jurídica em relação àquela matéria.

O art. 24 da Lei 9.868/99 estabelece um fenômeno chamado via de mão dupla, que se refere tanto a ADIN quanto a ADC. Se a pessoa entra com uma ADIN e o STJ julga improcedente, ele declara a
constitucionalidade.

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