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32º Encontro Anual da Anpocs

GT 10: Cultura, Economia e Política

Em Pirenópolis: as cavalhadas e projetos de fomento ao turismo


local

Céline Spinelli1

1
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (PPGSA – IFCS – UFRJ). Participa do grupo de pesquisa Ritual,
Etnografia e Sociabilidades Urbanas, sob orientação da Profª. Drª. Maria Laura Viveiros de
Castro Cavalcanti. Bolsista do Cnpq. E-mail: celinespinelli@gmail.com.
Introdução

A cidade goiana Pirenópolis e algumas de suas festas tradicionais têm


recebido destaque na mídia contemporânea. Isso resulta de um processo de
ressignificação de aspectos da realidade local iniciado na década de 1970,
responsável por gerar diversas mudanças na pequena cidade, àquela época
voltada para seu próprio universo cultural e sua rotina pacata. O tombamento do
centro histórico de Pirenópolis como patrimônio nacional foi um dos primeiros
indícios desse processo de valorização local; outro desdobramento desse
mesmo processo, mais recente e singular, foi a construção de uma arena onde
hoje se realizam as cavalhadas, tradicional encenação em que se alude às
batalhas medievais entre mouros e cristãos.
Diretamente envolvidas na construção da imagem hoje difundida da
cidade a nível nacional, as cavalhadas de Pirenópolis serão o enfoque da
análise proposta. Tendo em vista que elas são o objeto da minha pesquisa de
mestrado, emprego neste trabalho, além da fonte bibliográfica, informações e
impressões obtidas na pesquisa etnográfica com observação participante
(Geertz, 1989), realizada na cidade em diferentes reprises.
O principal objetivo do trabalho consiste em abordar formas como, na
prática, políticas foram articuladas a aspectos da cultura local, visando a
implementação do turismo na cidade. Ao longo do texto, procurarei: a) situar as
cavalhadas no âmbito das festas em homenagem ao Divino Espírito Santo, junto
às quais acontecem; b) pensar alguns aspectos do cavalhódromo, arena
inaugurada para abrigar a encenação; por fim, considerando a atual prática das
cavalhadas e seus personagens, c) observar quais elementos podem ter
motivado o lugar de destaque no universo festivo local.

1. A cidade e a festa: primeiras considerações

Pirenópolis é uma cidade povoada por cerca de 20.000 habitantes,


situada a 110 quilômetros ao norte de Goiânia. Rodeada por morros
verdejantes, ela comporta ruas de pedras e um centro histórico em que foram
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preservadas as casas de arquitetura colonial. A primeira visita pode gerar a
sensação de que se está descobrindo uma pequena e charmosa cidade
interiorana, impressão que se acentua pelos repiques regulares dos sinos da
Igreja Matriz. Na época da Pentecostes, entre o mês de maio e de junho, nos
deparamos em Pirenópolis com ruas coloridas por bandeirolas e burburinho em
horários precisos, quando algo está previsto para acontecer; com música e
pessoas afáveis. Essa é a época em que os habitantes da cidade paralisam boa
parte de suas atividades, para poderem compartilhar um dos momentos festivos
mais importantes da cidade: a festa do Divino Espírito Santo.
Essa festa carrega múltiplos significados para a população local e
aglutina diversas manifestações culturais, dentre elas: a Folia, as cavalhadas, o
reinado de Nossa Senhora do Rosário, o juizado de São Benedito, novenas e
missas. Embora seu cerne ritual transcorre na época da Pentecostes, ou seja,
50 dias após a Páscoa, a Festa do Divino é pensada e prevista ao longo de todo
o ano. Um dos motivos dessa dimensão duradoura da festa repousa no fato de
que, no domingo de Pentecostes, são sorteados o imperador e os mordomos:
pessoas que estarão no encargo de realizar a festa do ano subseqüente. A
presença ininterrupta da figura de um imperador, também conhecido como
festeiro, assegura a continuidade da festa, cuja produção começa a se
intensificar a partir do mês de janeiro de cada ano.
Além da temporalidade, também é amplo o espaço abarcado pela Festa
do Divino em Pirenópolis, visto que ela se faz presente tanto no meio rural,
como no urbano. Na zona rural, a festa é marcada pela Folia do Divino: oito dias
em que um grupo de foliões percorre fazendas angariando fundos a serem
entregues ao imperador. Eles trazem consigo, além da bandeira do Divino,
rezas, músicas e cantorias (Veiga, 2002). No âmbito urbano se passam as
demais etapas da festa, algumas delas simultâneas ao giro dos foliões.
As cavalhadas se situam no quadro urbano da festa. Elas podem ser
definidas, de acordo com o senso comum, como uma encenação de luta que
refere a históricas batalhas entre mouros e cristãos, seguida de torneio com
provas de habilidades. Grosso modo, o que se pode observar em cena são 24
cavaleiros, doze vestidos de azul (os cristãos), os outros doze de vermelho.
Cada grupo se ordena conforme a seguinte hierarquia: um rei, um embaixador,
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e os demais, soldados. As cavalhadas se estendem por três tardes, tendo início
no domingo de Pentecostes. A preparação das mesmas, no entanto, começa no
mês de janeiro, com os denominados terços, encontros semanais para refeição
e reza coletiva.
No ano de 2008, os terços se iniciaram no dia 11 de janeiro e somente se
encerraram no dia 07 de abril, havendo dois por semana, toda segunda e sexta-
feira. Tendo em vista que o ritual propriamente dito começou a ser encenado no
dia 11 de maio, é possível considerar a prática dos cavaleiros representativa do
caráter processual (Turner, 2005) que marca a Festa do Divino como um todo. A
longa preparação dos cavaleiros é um dos aspectos, dentre outros, que
permitem pensarmos o lugar que hoje as cavalhadas ocupam frente ao conjunto
das festas locais, bem como na esfera social de maneira mais ampla. Para isso
é preciso observar a cidade sob outras perspectivas: é o que faremos no item a
seguir.

2. Mais da cidade e da festa: o lugar das cavalhadas no universo


local

Antiga cidade de mineração, fundada com o nome Minas de Nossa


Senhora do Rosário de Meia Ponte nas primeiras décadas do século XVIII,
Pirenópolis tornou-se, após o declínio da extração aurífera, um centro de
produção agrícola. O final do século XIX foi marcado por um momento de
estagnação econômica, que só foi superado com o processo de revitalização
iniciado em meados do século XX, decorrente da intensificada exploração do
quartzito para a construção civil, bem como da nova realidade que representava
a construção das capitais nacional e estadual nos arredores. Pirenópolis
moldou-se, aos poucos, como uma pequena cidade atrativa: foi procurada por
comunidades alternativas que nela vieram se instalar ao longo das décadas de
1970 e 1980, trazendo consigo a prática do artesanato, e passou também a se
tornar um chamariz para habitantes das capitais vizinhas. O afluxo de pessoas
ocupando cargos importantes na política nacional, vindas de Brasília; políticas

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de restauração arquitetônica, e o tombamento como patrimônio nacional do
centro histórico da cidade, marcaram a roupagem que hoje envolve Pirenópolis.
Atualmente, junto à extração de quartzito, outro importante motor da
economia local é o turismo. Ele é fundamentado em três pilares: patrimônio
histórico; ecologia e natureza, com destaque para as numerosas cachoeiras;
elementos culturais, com ênfase para gastronomia e, sobretudo, para festas
locais. Quanto a esse último aspecto, pude observar pela pesquisa etnográfica
que a cavalhada ocupa um lugar de destaque no universo festivo da cidade.
Conforme a historiadora Mônica Martins (2001), isso vêm se processando desde
a década de 1970, época em que, com a criação da Goiastur, o turismo foi
impulsionado na cidade, promovendo consigo alguns elementos culturais, dentre
eles a Festa do Divino.
Penso que a cavalhada é, por várias razões, uma parte atrativa da Festa
do Divino. Primeiro, porque comporta cores e enfeites cintilantes, que revestem
tanto os cavaleiros como os cavalos. Segundo, justamente porque tem cavalos:
elemento identificador para o público local, pois esse é em parte formado por
habitantes do meio rural, e também porque o animal indica uma realidade de
passado agropecuário; atração para os visitantes urbanos, que se deparam com
os trotes nas ruelas de pedra, o que acrescenta um tom passadista à pequena
cidade de arquitetura colonial. Em terceiro lugar, a cavalhada de Pirenópolis
pode servir de atrativo pela tradicional presença dos numerosos mascarados.
Esses, com suas máscaras de papel imitando a feição de animais, fazem nova
alusão (especialmente com a cara de boi) ao passado econômico da cidade, ao
mesmo tempo em que destacam os dotes dos artesãos locais. Mas, o que neles
é mais marcante são suas atuações, capazes de dar vida a múltiplos
personagens através da mímica e do grotesco, do lúdico e do riso. Assim, a
cavalhada em Pirenópolis atiça amplo conjunto de percepções sensitivas,
podendo sensibilizar uma diversificada gama de espectadores.
O destaque das cavalhadas como objeto de atração da Festa do Divino
pode ser observado nos próprios prospectos que circulam pela cidade. No ano
de 2007, ao solicitar informações sobre o município e a festa junto ao Centro de
Atendimento ao Turista (CAT), recebi dois folders: um, continha a programação
da festa; outro, um mapa da cidade. Ao abrir uma vez o primeiro deles, de tal
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modo que apareçam somente as informações iniciais, o que se vê é uma oração
e um histórico de Pirenópolis, acompanhados da foto de um mascarado com
cara de boi e de outra, do grupo dos cavaleiros de cavalhadas. Mais um
desdobramento de páginas e surge a programação completa da Festa do
Divino, sendo que somente tem destaque, dentre todas as atividades, a palavra
“cavalhadas”, que aparece escrita em letras grandes. No segundo folder, a
imagem de um mascarado aparece justo na capa, seguida de um slogan no qual
se lê: “Piri é logo ali - turismo eco-histórico”.
É interessante observar que, nos prospectos acima descritos, as festas
tradicionais da cidade, que se amalgamam na época da grande festa em
homenagem ao Divino Espírito Santo, são de algum modo representadas pelas
cavalhadas, e essas, por sua vez, são simbolizadas pela imagem do mascarado.
Esse personagem, como já observou Ana Cláudia Alves (2004), é recorrente na
obra de pintores e artesãos locais, nos jornais e em matérias publicitárias.
Assim, é possível considerar que hoje os mascarados representam não só a
festa, mas também a cidade de Pirenópolis, sendo elemento significativo para
pensar como na cidade se articulou uma idéia de patrimônio cultural, políticas
públicas e interesses econômicos direcionados para o turismo.
O processo de ressignificação de aspectos da realidade local, aliado à
proximidade geográfica em relação a Brasília e aos interesses de projeção da
cidade histórica, foram responsáveis por gerar a visibilidade que recentemente
Pirenópolis alcançou nos meios de difusão de massa. A cidade e suas
cavalhadas foram, por exemplo, tema do curta-metragem ficcional de Adolfo
Lachtermacher, Cavalhadas de Pirenópolis, lançado no Rio de Janeiro em 2004
e apresentado em festivais de cinema por todo o país. Mais de vinte filmes de
curta e longa metragem usaram a cidade como cenário; a televisão,
especialmente pela atuação da emissora Rede Globo, também auxiliou a
popularizar Pirenópolis, que já foi apresentada em programas como Globo
Rural, Globo Ecologia, Jornal Nacional, Domingão do Faustão e em novelas
como Renascer e Estrela-Guia (Berocan, 2002, p. 12).
Essa divulgação, e ainda os interesses políticos que a motivaram, foram
influentes para o fato de ter sido a cavalhada de Pirenópolis a eleita para
representar em terras francesas, no ano de 2005 (ano do Brasil na França), a
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tradicional encenação brasileira da luta entre mouros e cristãos. Nessa ocasião,
o atual grupo de cavaleiros foi se apresentar em Chantilly, pequena cidade nos
arredores de Paris conhecida pelo seu castelo e hipódromo. Cavaleiros de
Pirenópolis montados em cavalos franceses, encenando uma tradição diante de
público estrangeiro: trata-se de um indício de que as cavalhadas de Pirenópolis
são hoje emblemáticas no Brasil.
A prática local tem aos poucos se alterado devido à divulgação da cidade
e de suas festas. Modificações nas indumentárias dos cavaleiros costumam ser
os sinais mais evidentes de que alguma mudança, na representação ou na
forma de concebê-la, pode estar se processando. Em Pirenópolis, como se pode
ver cotejando fotografias antigas e descrições de pesquisadores (Bandão, 1974;
Silva, 2001) com a realidade atual, as roupas que antes se assemelhavam à
farda militar são hoje significativamente mais adornadas. Inclusive, mesmo o
texto explicativo publicado no site de turismo da cidade2 sobre as cavalhadas
trata de alterações nas vestes dos cavaleiros. Elas são apresentadas nos
seguintes termos: “hoje, com a criação de tecidos sintéticos e a nova estética
carnavalesca, os cavaleiros se apresentam um tanto mais luxuosos”.
É importante salientar que considerar essas inovações não implica admitir
que as cavalhadas tenham hoje adquirido uma feição turística ou até
“espetacular”, que antes não lhes caracterizava. Significa, isto sim, buscar situar
a cavalhada dentro de um processo de transformação, ainda ativo, que tem feito
dela outra, em relação ao que era há algumas poucas décadas. Vale observar
que esse momento pelo qual têm passado as cavalhadas de Pirenópolis não é
isolado, frente ao quadro de manifestações da contemporânea cultura popular
brasileira. Talvez ele se assemelhe em alguns aspectos com o que ocorreu em
relação ao Boi-Bumbá de Parintins (Amazonas), por exemplo, que foi
ressignificado com a participação da mídia, de agências governamentais, da
indústria cultural e do turismo (Cavalcanti, 2000). Aliás, como esse boi, que
ganhou seu bumbódromo (em 1988), em Pirenópolis a cavalhada acaba de
inaugurar seu “dromo”. Acredito que a construção do cavalhódromo, tido como o

2 O site http://www.pirenopolis.tur.br/ fornece todos os tipos de informações sobre Pirenópolis.

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primeiro espaço forjado no país para esse tipo de manifestação cultural,
materializa o processo pelo qual estão passando as cavalhadas pirenopolinas.

3. O cavalhódromo

O cavalhódromo corresponde a uma estrutura de concreto em forma


quadrangular. Visto a partir da entrada principal, ele é constituído por uma torre
de tijolos com partes pintadas de vermelho, enfeitada por espécies de
arabescos, e ostentando como símbolo uma meia-lua. Essa torre está no centro
de uma fileira de camarotes, que se distribuem em dois níveis. Justo à sua
frente, no lado oposto do campo, há outra torre, essa com tinta branca e
detalhes azuis, contendo no centro superior uma cruz. À direita, numa parte
elevada, há um conjunto de arquibancadas destinadas ao público. No seu topo,
um amplo camarote destinado às autoridades, seguido pelo espaço da banda.
Do outro lado do campo, num nível baixo, completa o cenário em que hoje se
desenrolam as cavalhadas, outra pequena arquibancada e novo grupo de
camarotes. Esses camarotes são nominais, pertencem a famílias locais e são
construídos, nos lugares previstos pela nova estrutura, com madeira e teto de
palha, como forma de preservar a tradição.
A construção do que se projetou para ser o “estádio múltiplo uso arena
das cavalhadas” se iniciou em 2003, embora o projeto tenha sido aprovado em
decreto que data do ano 20003. Como o próprio nome indica, o espaço foi
planejado para comportar diversas atividades: futebol e outras práticas
desportivas, com a construção de salas de ginástica no interior da estrutura;
shows e eventos. No entanto, a obra foi inaugurada ainda incompleta, em 2006,
para que as cavalhadas pudessem ocorrer no campo que tem sido há anos seu
tradicional local de realização. Desde então passaram-se dois anos, a obra
permanece inacabada, os serviços paralisados e o espaço se mantém fechado

3 Esses dados podem ser consultados através do site do Gabinete Civil da Governadoria do
Estado de Goiás: http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/decretos/2000/decreto_5.342.htm. O
decreto em questão é o de número 5.342, tornado público no dia 29 de dezembro de 2000.

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ao longo de todo ano, somente sendo aberto para a realização das cavalhadas.
Isso explica o nome comumente atribuído à estrutura: cavalhódromo.
Penso que é interessante salientar a forma como essa obra foi
apresentada no ano de 2006 em informativo do Seplan (Secretaria de
Planejamento e Orçamento): como um significativo projeto para o “incremento
do turismo” local; uma “obra de grande importância”, que “deve beneficiar toda a
população e turistas que freqüentam a cidade” 4. Esse aspecto corrobora a idéia
de que se buscou, mediante um projeto político visando a implementação do
turismo local, transformar a cavalhada num produto com potencial para ser um
chamariz e arrecadar divisas para a cidade.
As opiniões a respeito do cavalhódromo são diversas entre os habitantes,
mas costumam se dividir em duas categorias opostas: aprovação e
desaprovação. Dentre os aspectos positivos constavam, nos dizeres de meus
interlocutores, as seguintes justificativas: que a estrutura em concreto diminui as
possibilidades de acidentes ocasionais devidos à proximidade com os cavaleiros
ao longo da encenação; que, pelo gramado do campo e pelas altas
arquibancadas, não há mais nuvens de poeira que encobrem a audiência; por
fim, que há mais conforto. Já aqueles que ficaram insatisfeitos com a obra
enfatizaram: a perda de alguns elementos tradicionais decorrentes do modo
como a estrutura de concreto foi projetada; seu caráter desproporcional em
relação à cidade; a própria iniciativa do governo, considerada autoritária, já que
a população local não foi consultada para manifestar seu interesse em alterar o
espaço onde ocorrem suas tradicionais cavalhadas. Nesse último sentido, os
mais críticos salientavam, ainda, que o investimento poderia ter sido canalizado
para obras públicas de mais valia, como o reparo de problemas de infra-
estrutura e saneamento básico.
Já no cavalhódromo em dia de festa, alguns elementos podem ser
destacados. Um aspecto que pode chamar a atenção de um observador de
primeira viagem é a quantidade de faixas com escritos dispostas ao longo do
campo. O espectador que se debruçasse no parapeito da arquibancada geral e
desse uma rápida passada de olhos pelo campo poderia ler uma das cerca de

4
http://www.seplan.go.gov.br/rev/revista23/cap.11.pdf.

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trinta faixas distribuídas pelas muretas internas do cavalhódromo. Elas hoje são
constitutivas da festa, tendo em vista que são confeccionadas sob ordem da
Prefeitura, e se complementam no intuito de veicular os seguintes tópicos:
agradecimento e/ou cumprimento; propaganda; parabenização. Elas
costumavam mencionar algum patrocinador, a própria Prefeitura ou o Governo
do Estado.
Essas faixas não são novidade nas cavalhadas de Pirenópolis. Ao
menos, já na década de 1970 (Brandão, 1974) se podia ler uma frase atual, sob
a arquibancada das autoridades: “o prefeito saúda os mouros e cristãos”. O que
talvez diferencie o momento contemporâneo das cavalhadas é a quantidade
desses letreiros, aspecto que pode justificar o comentário recorrente por parte
dos pirenopolinos de que a política está hoje mais presente na festa. Isso
significa admitir que, mesmo se a questão política integra a cavalhada
pirenopolina desde longa data, ela hoje recebe mais destaque. De fato, além
das faixas em agradecimento aos políticos que prestigiavam as cavalhadas, as
intervenções do locutor também operam no sentido de enfatizar a presença
deles. Acompanhando a festa no “camarote das autoridades”, aparentemente
uma das funções do locutor corresponde a tornar público, através do
agradecimento, os patrocinadores da festa e as autoridades presentes.
Diferentes interpretações podem ser acionadas para elucidar a presença
significativa de políticos na cavalhada de Pirenópolis. Uma delas é a
proximidade geográfica em relação ao Distrito Federal e os significados
conferidos à pequena cidade, responsáveis por terem feito dela um reduto tão
atrativo para os brasilienses, que alguns políticos de renome aí compraram
casas, onde vêm se alojar para descanso da rotina da cidade grande. Outro viés
implica considerar que a construção do cavalhódromo corresponde a um projeto
político, que comporta mais funções do que unicamente ser um espaço de
encenação da luta entre mouros e cristãos.

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4. No cavalhódromo: as principais atrações da festa

4.1 Os cavaleiros em cena

Atualmente se apresentam, na abertura do primeiro e do último dia das


cavalhadas, diversos grupos, infantis e jovens, que fazem uma breve
demonstração de cada uma das manifestações culturais que integram a festa do
Divino. Esses grupos são acompanhados em sua incursão na arena pela banda
local, de nome Phoênix. Após essa abertura, o campo é ocupado por diversos
mascarados, personagens que compõem a festa do Divino e se apresentam
notadamente nos dias de cavalhadas, podendo ser considerados parte
integrante dessa última. Só então, depois do campo liberado pela segunda vez,
os cavaleiros entram em cena.
Ao som das músicas previstas para esse fim, os cavaleiros se lançam no
campo a galope, montados em seus belos cavalos. Mouros e cristãos entram
separadamente, embalados por sua respectiva música, que anuncia a hora da
entrada à platéia e aos próprios cavaleiros. Cada grupo ingressa na arena pelo
seu castelo, efetua um movimento em forma de círculo com meia-volta na
metade do campo, retornando em direção ao castelo, onde os cavaleiros se
enfileiram. A primeira ação encenada é a morte de um personagem situado no
território cristão, que porta uma máscara de onça e se dissimula sob uma
“árvore” (um galho), que é colocada em campo para essa função. A onça, como
costuma ser chamado esse personagem, representa um espião mouro em terras
cristãs. Após a morte do espia e evacuado o campo, têm início as embaixadas,
tentativa pacífica de conversão pela oratória. Como as palavras não vencem a
fé, é declarada a guerra: diversos movimentos sincronizados, que terminam com
um pedido de trégua, quatro horas após o início da encenação.
No segundo dia, os movimentos de guerra são retomados pelos
cavaleiros mouros e cristãos. O final desse dia é marcado pela prisão e rendição
dos mouros. Eles aceitam o batismo cristão, que é realizado com todos os
cavaleiros apeados, os mouros de joelhos. Depois da conversão, os cavaleiros
mouros e cristãos correm engrazados, ou seja, intercalados entre si. É assim

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que eles deixam o campo pelo castelo cristão, para nele retornarem, do mesmo
modo e pelo mesmo castelo, só no terceiro e último dia.
A etapa final das cavalhadas é marcada pela troca de flores entre os
cavaleiros das cores opostas, prova da irmandade alcançada, e prossegue com
competições. Com as três armas que portam (lança, pistola e espada), todos
têm que demonstrar habilidades com as tiradas de cabeças, primeiro, e de
argolinha, depois. A primeira prova consiste em abater representações de
cabeças humanas feitas em papelão e postas diametralmente no campo; a
segunda, em retirar a galope uma pequena argola dependurada numa estrutura
de madeira em forma de dólmen. Terminadas as provas, os cavaleiros fazem
uma última carreira, lenços em mãos sinalizando a despedida; sorrisos no rosto
indicando que, em um ano, tudo recomeçará.
As cavalhadas de Pirenópolis podem realmente ser consideradas um
espetáculo. As roupas dos cavaleiros, vistosas devido a suas cores intensas,
são um dos elementos que chamam a atenção do espectador. Elas são
constituídas, dentre outras coisas, por calças, coletes e longas capas de veludo.
As capas são enfeitadas com uma espécie de plumagem denominada boá e
com inúmeras lantejoulas e pedras, com as quais as bordadeiras desenham
símbolos, conforme o gosto do cavaleiro. Os reis e embaixadores se distinguem
dos soldados pela armadura que portam: um peitoral e capacete, enquanto que
os demais se apresentam com chapéu de aba mole e peitoral de veludo preto.
Além da indumentária dos cavaleiros, os cavalos são atração garantida
para os olhos da platéia. Sendo todos da raça Manga Larga, esses animais têm
grande porte e se caracterizam pela forma como movimentam as patas
dianteiras: elas se elevam bastante do chão, como se propositadamente, por
puro gosto de acompanhar a música. Os cavalos são enfeitados com cortes de
veludo e com flores; todos têm a cara coberta por uma máscara de metal, bem
como tornozeleiras. Eles são personagens importantes e devem ser
reconhecidos como tais; afinal, sem os cavalos, não haveria cavaleiros.

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4.2 A atuação irreverente dos mascarados

Nos dias de cavalhadas entra em campo toda pessoa que se propôs a


encobrir o rosto com uma máscara. São muitos os comportamentos que se pode
observar nos mascarados, já que não há regras que delimitam a atuação desse
personagem multifacetado: mascarado faz barulho, dança, grita com voz aguda
em falsete, brinca e provoca. Eles podem divertir a platéia, assim como podem
ser bastante incômodos quando resolvem importunar alguém até que essa
pessoa ceda um real.
Dentre os mascarados que se apresentaram em 2007, registrei três tipos
recorrentes. Foi possível observar: mascarados muito bem trajados, com roupas
vistosas e com as tradicionais caras de boi; outros com roupas comuns e
máscaras de pano ou de borracha; mascarados que se apresentavam em
grupo, com fantasia temática - era o caso da “turma do índio”, dos homens
vestidos de mulheres, do grupo em que todos só vestiam fraldas, ou então do
grupo em que todos vestiam fantasias confeccionadas com bandeira de
propaganda eleitoral.
Quanto aos dois primeiros tipos, era possível ouvir comentários divididos
a respeito dos sentidos da máscara de boi em comparação com a de borracha.
Alguns espectadores consideravam a máscara tradicional “mais bonita”,
“correta” ou preferencial, julgando as inovadoras, “feias” e sem propósito. Essas
opiniões se coadunam com a visão dos realizadores da cavalhada, expressa na
fala do locutor quando diz que se deveria “banir as máscaras de borracha”. Isso
e o fato de haver premiação no final do último dia para o mascarado mais “bem
vestido”, sendo critério para poder participar do concurso estar ostentando uma
fantasia tradicional, demonstra um dos vieses que assume hoje a relação entre
tradição e inovação nas cavalhadas de Pirenópolis.
Quanto aos mascarados em grupo, vale destacar que esses eram os
mais ruidosos e expansivos. Ocorre que a possibilidade de compartilhar
coletivamente um momento de livre atuação e de diversão é um fator, dentre
outros, que incita grande número de pessoas a sair às ruas com fantasias.
Como indica Ana Cláudia Alves, “tanto os mascarados a cavalo como os que
saem a pé costumam ter grupos de origem, são amigos do ano inteiro que
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compartilham máscaras e fantasias, cavalos, disfarçando-se juntos”; já os que
saem sozinhos “buscam se juntar a outros durante os dias de festa, formando
grupos flutuantes” (2004, p. 140). Por um lado, como argumenta a autora citada,
o mascarado isolado pode ser vulnerável, por razões como a dificuldade de
enxergar com uma máscara ou de circular com o cavalo, aspectos por vezes
potencializados pelo excesso de bebida alcoólica consumida. Por outro lado,
penso que o coletivo é capaz de gerar (e de alimentar) uma permissividade que
a máscara individualmente não oferece.
O fato de se apresentar como mascarado em dias de festa proporciona
diferentes formas de visibilidade. Logo, a promoção da imagem individual
travestida pela máscara pode ser utilizada de diversas maneiras, como por
exemplo: através de um exibicionismo aparentemente gratuito, como quando um
mascarado estanca diante de uma pessoa com uma máquina fotográfica em
mãos e começa a posar; ou então pela ocupação do espaço público para
comunicar opiniões diversas. Essa utilização do espaço para intervenções, que
costumam ser feitas por intermédio de faixas ou cartazes, parece ser calculada.
Já que a população local se encontra, em dias de festa, na arena onde ocorrem
as cavalhadas, é esse o palco em que se pode alcançar maior visibilidade,
sendo o cavalhódromo um local privilegiado também para a atuação dos
mascarados.
No ano de 2007, vários foram os mascarados que ingressaram em campo
carregando faixas. Eles o faziam geralmente em dupla, apresentando o anúncio
à platéia enquanto desfilavam lado a lado. Ao que pude perceber, eram quatro
os principais enfoques que constavam nos letreiros, similares aos oficiais
(saudação; elogio e/ou agradecimento; parabenização), exceto que havia um
elemento novo: a crítica. Na festa de 2004, ano de eleições municipais, muitas
faixas manifestavam posicionamento contrário ou favorável aos candidatos. Ana
Cláudia Alves registrou as seguintes: “vende-se vereador para qualquer partido
por preço de galinha”; “na compra de dois vereadores, ganhe um puxa-saco”
(2004, p.142)
Aqui, é possível observar um dos aspectos mais significativos da atuação
dos mascarados: seu caráter subversivo e irreverente. Se, por um lado, as
pessoas que entram em campo interessadas em expressar posicionamento
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político podem corroborar o sistema, elogiando a atuação de um prefeito ou
governador, elas podem, igualmente, manifestar descontentamento e produzir
crítica social. Em conseqüência, as intervenções dos mascarados expõem
publicamente “os conflitos e tensões cotidianos da sociedade pirenopolina,
numa estratégia a um só tempo catártica e acomodadora” (op. cit., p. 142). Isso
faz deles possíveis “metacríticos do rito”, à medida que se dispõem a brincar
com o “universo de relações sociais e conflitos evidenciados dentro e fora do
ambiente festivo” (Veiga, 2002, p. 169). Porém, vale salientar que essa atuação
é consentida pela organização do evento: “na programação oficial consta a
saída dos mascarados, ao meio dia de sábado; no cerimonial das cavalhadas,
sua participação é garantida, porém controlada; do mesmo modo, o horário em
que podem circular nas ruas é estabelecido pelo poder público” (Alves, 2004,
p.5).
O elemento mais característico do personagem mascarado, responsável
em grande medida por assegurar o lugar que ocupa na festa, é evidentemente a
própria máscara. Ao ocultar a verdadeira identidade, ela aciona ou potencializa
o caráter transgressor por parte daqueles que a utilizam, estimulando a
liberdade de ação. No entanto, numa pequena cidade como Pirenópolis, por
vezes os habitantes reconhecem as pessoas mesmo sob a máscara. É o que
pude perceber através de comentários subseqüentes às cavalhadas, no ano de
2007, quando os mascarados do ano foram temática de animosa conversação
no âmbito de uma família que gentilmente me acolhera para um almoço (da
qual, aliás, pessoas tinham participado como mascarados ao longo de todo
evento). Foi perceptível, ainda, que hoje não parece ser levado tão a sério o
interdito que antes impedia qualquer mascarado de retirar sua proteção em
público.
Penso que o anonimato ou não do mascarado comporta questões
importantes. Se a máscara deixa de suprir a função de conferir ao personagem
uma nova identidade (fazendo do homem, cara de boi ou de borracha) sua
característica de produzir permissividade esvaece de sentido. No entanto, o
momento ritual em si se caracteriza por criar condições para intervenções
públicas que ressignificam a ordem cotidiana (Da Matta, 1979; Caillois, 2004).
Assim, mesmo se por ventura todos tiverem acesso à verdadeira identidade do
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personagem, ele continua ocupando um papel de metacrítico do sistema social,
à medida em que atua no contexto do ritual. Esse último aspecto é o que mais
importa: no cavalhódromo ou mesmo na rua, ao longo do dia da cavalhada, os
mascarados adquirem lugar no ritual; o mesmo não ocorre pela parte da noite,
quando o rito cavalhada dá espaço a outros, como as missas do divino ou
músicas do circuito comercial na rua ou nos ranchos (espaços fechados em que
a festa segue madrugada afora, embalada por músicas dançantes).
No cavalhódromo, os mascarados são os únicos personagens que podem
transitar livremente por toda a arena da festa. Enquanto que os cavaleiros
mouros e cristãos ocupam exclusivamente o espaço de dentro do campo e a
platéia só pode ficar fora dele, os mascarados podem estar nos dois lugares.
Isso significa que eles são capazes de interconectar ambos os espaços, além de
poderem intermediar a relação entre cavaleiros e platéia. Portanto, os
mascarados se caracterizam pelo caráter ambíguo de serem atores e
espectadores simultaneamente, uma vez que, antes de estabelecer um elo entre
o cavaleiro que encena e o público que observa, o mascarado pode encenar e
observar, dependendo de seu lugar em campo.
Assistindo à festa foi possível constatar que toda incursão dos
mascarados em campo representava um momento complexo do ritual. Os
personagens entram em cena quando o espaço está vago, e sob permissão dos
organizadores. No entanto, depois de estarem na arena, transcorre longa
negociação para que saiam dela. Esse negociar, que envolve tensões e
mediação de forças, é protagonizado pelos mascarados, pelo coordenador da
festa que está no campo e pelo locutor. Para obrigar a desocupação do campo,
os dois últimos repetem várias vezes aos mascarados que essa será a última
entrada em campo, caso não respeitem de imediato a ordem de retirada, e até
ameaçam chamar a polícia para forçar a saída dos remanescentes. O processo
é acompanhado de risos e de vaias pela platéia, que reage frente à atuação dos
mascarados e à sua insistência em permanecer em cena.

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Considerações finais

A Festa do Divino em Pirenópolis mobiliza praticamente toda população


local nos preparativos, ou no ato de compartilhar o momento festivo. Penso que
essa é uma das principais razões do seu sucesso, que a torna responsável por
atrair considerável público para a cidade; pessoas que se deslocam não só do
estado de Goiás, mas de todo Brasil. Para esse atual afluxo de turistas, foi
importante a divulgação da cidade e de suas festas pela mídia a nível nacional,
um dos desdobramentos do processo de valorização local e de ressignificação a
que Pirenópolis foi sujeita nas últimas décadas.
Hoje, as cavalhadas são reconhecidas como um dos principais atrativos
no âmbito das festas locais. Esse destaque se alicerça em diferentes fatores,
dentre os quais tem ênfase a estética dos cavaleiros, bem como a presença e
atuação do personagem mascarado. É importante salientar, todavia, que o
enredo da cavalhada tem como desfecho invariável a vitória cristã e a
conseqüente conversão dos mouros. Essa representação da supremacia da fé
cristã de forma festiva, recorrente em diferentes manifestações culturais
brasileiras de vertente popular, pode ser pensada como uma espécie de “teatro
catequético”: lúdico e sutil instrumento de evangelização (Araújo, 2004).
Ademais, no caso específico das cavalhadas pirenopolinas, se admite no
discurso local dominante que elas tenham sido introduzidas na cidade por
padres jesuítas, justamente com o fim de catequizar.
Observada sob esse prisma, a cavalhada assume outra dimensão, de
cunho religioso e político, que ultrapassa o aspecto estético destacado ao longo
do trabalho como sua marca registrada. No entanto, através da pesquisa
etnográfica pude observar que as pessoas na platéia não demonstravam
particular interesse acerca do que se está propriamente buscando representar
na encenação das cavalhadas.
Vários são os motivos que levam o público ao cavalhódromo nos dias de
festa, dentre os quais o simbolismo, implicado na luta entre mouros e cristãos,
não ocupa um lugar de destaque. São reconhecidos como atrativos pelos
espectadores, sobretudo as roupas, os cavalos e as armaduras. Talvez seja por
isso que os agentes do turismo local tenham enfatizado a estética como
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destaque das cavalhadas; ou então foi, ao contrário, o envolvimento da festa
com interesses do turismo local, que fizeram do elemento estético um dos
principais atrativos das atuais cavalhadas.
Outro aspecto importante a ser considerado em Pirenópolis, no que diz
respeito a políticas públicas visando o turismo, foi a construção do
cavalhódromo. Penso que o projeto de edificar uma arena para as cavalhadas
literalmente concretiza a imagem que delas se vem moldando: por um lado,
como atração turística; por outro lado, como marco identificador da cidade. Se a
obra alcançará a nível nacional a mesma repercussão e sucesso que a prática
cultural, isso só o tempo dirá.

Referências

ALVES, Ana Cláudia Lima e. Minotauros, capetas e outros bichos: a


transgressão consentida na Festa do Divino de Pirenópolis – de 1960 ao tempo
presente. Brasília, 2004, 187p. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-
Graduação em História. Universidade de Brasília. Orientadora Profª. Drª. Maria
T. Ferraz Negrão de Mello.
ARAÚJO, Alceu Maynard. Folclore nacional I: festas, bailados, mitos e lendas.
São Paulo: Martins Fontes, 2004.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Cavalhadas de Pirenópolis: um estudo sobre
representações de mouros e cristãos em Goiás. São Paulo: Oriente, 1974.
CAILLOIS, Roger. El hombre y lo sagrado. Trad. de Juan José Domenchina.
México: Fondo de Cultura Econômica, 2004.
CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. “Os sentidos no espetáculo”.
Revista de Antropologia, vol.45, no.1. São Paulo: USP, 2002, pp.37-80.
__________. “O Boi-Bumbá de Parintins, Amazonas: breve história e etnografia
da festa”. História, Ciência e Saúde. Manguinhos, vol. VI (suplemento), pp. 1019
- 1046. Rio de Janeiro: Fio Cruz, 2000.

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DA MATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do
dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1979.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
PEREIRA, Niomar de Souza. Cavalhadas no Brasil: de cortejo a cavalo a lutas
de mouros e cristãos. São Paulo: Escola de Folclore, 1983.
SILVA, Mônica Martins da. A Festa do Divino: Romanização, Patrimônio &
Tradição em Pirenópolis (1890-1988). Goiânia: Instituto Goiano do Livro/Agepel,
2001.
TURNER, V. Floresta dos símbolos: aspectos do ritual Ndembu. Trad. de Paulo
Gabriel Hilu da Rocha Pinto. Niterói: Ed.UFF, 2005.
VEIGA, Felipe Berocan. A Festa do Divino Espírito Santo em Pirenópolis, Goiás:
Polaridades simbólicas em torno de um rito. Niterói, 2002, 220p. Dissertação
(Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Ciência Política.
Universidade Federal Fluminense. Orientador Prof. Dr. Marco Antonio da Silva
Mello.

Fontes eletrônicas

http://www.pirenopolis.tur.br/

http://www.pirenopolis.com.br/

http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/decretos/2000/decreto_5.342.htm.

http://www.seplan.go.gov.br/rev/revista23/cap.11.pdf.

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