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Modelo de Educação Desportiva: aprendendo a se tornar um esportista

competente, literato e entusiasta.

Referência Bibliográfica: METZLER, M.W. Sport Education: learning to become


competente, literate, and enthusiastic sportspersons. In: METZLER, M.W.
Instructional Models for Physical Education. Holcomb Hathaway, Publishers; Third
edition. 2011

Tradução:

Gibson Moreira Praça

Marcelo Vilhena Silva

Pedro Emílio Drumond Moreira

INTRODUÇÃO

O ensino e a aprendizagem da maioria das formas institucionalizadas do esporte


têm sido centrais para a Educação Física nos Estados Unidos por mais de 100 anos.
Muitos dos programas escolares mais jovens iniciaram-se em uma base esportiva,
decorrentes da ampla popularidade do esporte na cultura americana tanto entre
participantes quanto entre espectadores. Os tradicionais benefícios da participação
esportiva – habilidades, estratégias, cooperação e competição saudável – foram
frequentemente utilizados enquanto objetivos curriculares para o ensino do esporte em
todos níveis escolares. A américa ama a atividade esportiva em todas suas variadas
formas, então nossas escolas foram rápidas em usá-las como veículo primário para
alcançar os três principais alvos dos Sete Princípios Cardinais da Educação de 1918: uso
digno do tempo de lazer, saúde e segurança, e caráter ético (Van Dalen e Bennett,
1971). A busca destes alvos através do esporte permanece como um pilar da educação
física norte-americana por mais de cinquenta anos após isso.

É evidente que o lugar do esporte no currículo da educação física vem sendo


reduzido nos dias atuais, ao mesmo tempo que a participação no esporte ainda apresenta
um estável crescimento na nossa sociedade. O crescimento contínuo entre grupos
populacionais que tipicamente tinham negado o acesso à participação esportiva –
meninas, mulheres, pessoas com deficiência e idosos – é nada menos que fenomenal.
Concorrendo com esta expansão estava o crescimento de organizações esportivas
familiares (como os jogos da juventude, jogos interescolares e ligas comunitárias) e
estruturas (como clubes privados e centros de recreação comunitários) que permitem a
oportunidade de participação para qualquer um que que deseja e pode lidar com os
custos. É ainda claro que os americanos amam participar de esportes, ainda que esteja se
tornando menos frequentes nos programas de educação física conseguir uma
experiência esportiva positiva. Esta é uma triste realidade para educadores físicos os
quais cresceram e iniciaram suas carreiras no modelo esportivo. Contudo, existe um
currículo e modelo instrucional que pode permitir aos estudantes de quase todas idades
acesso a experiências esportivas positivas e educacionais como parte de um programa
de educação física escolar. O Modelo de Educação Desportiva (MED), uma abordagem
desenvolvida por Daryl Siedentop (1998) é “delineado para permitir experiências
esportivas autênticas e educacionalmente ricas para meninas e meninos no contexto da
educação física escolar” (p.18). De acordo com Siedentop, o Modelo de Educação
Esportiva tem fortes implicações para o currículo e a instrução – representando então
um modelo de dois níveis. No nível curricular, ele coloca o esporte em um centro
organizado para o programa de educação física: tudo aquilo que é ensinado e aprendido
é realizado no contexto das formas desenvolvimentistas apropriadas do esporte.
Enquanto um modelo instrucional, “suas propostas são facilmente atingidas através da
combinação de instrução direta, pequenos grupos de trabalho cooperativo e ensino por
pares” (SIEDENTOP, 1998, p. 18), todos delineados sob uma abordagem compreensiva
para ensinar e aprender esportes.

Você deve estar consciente que o modelo apresentado neste capítulo (o que será
algumas vezes referido apenas como Modelo de Educação Esportiva - MED) não é
utilizado para ensinar o esporte per se (como futebol americano, basquetebol, futebol e
tênis), embora os alunos certamente irão aprender muito sobre cada forma esportiva
oferecida neste modelo. Ao invés disso, o modelo é estruturado para ensinar o conceito
e a condução do esporte, um grupo de objetivos muito mais ampliado que reúne
afiliação coletiva, justiça, etiqueta, tradições, apreciação, estratégia, valores, estrutura e,
é claro, os padrões de movimento inerentes que são parte de qualquer modalidade
esportiva incluída no programa de educação física. Estes sublimes objetivos separam o
Modelo de Educação Esportiva de simplesmente aprender-se o futebol, basquetebol,
tênis e etc. Estes objetivos e os processos que professores usam para realiza-los com o
modelo dão ao MED um único olhar enquanto ele é conduzido na educação física,
permitindo os estudantes a aprender muitas perspectivas sobre a forma esportiva através
da participação autêntica.

VISÃO GERAL

A estrutura básica do MED é adaptada do modelo familiar de ligas esportivas


organizadas. Pense por um momento sobre o que você precisaria se você estivesse
iniciando uma competição juvenil ou uma liga esportiva interescolar. Quais papéis e
empregos deveriam ser conduzidos? Você precisaria de jogadores, treinadores, árbitros,
marcadores de pontos, preparadores, administradores e equipe de apoio (gerentes,
zeladores e similares). Você também precisaria de tempo de prática, um calendário
(com competições), regras da liga, equipamento e facilitadores. Todas essas
características e outras fornecem a estrutura que permite aos alunos experimentar e
aprender a partir da sua participação em competições juvenis e interescolares.

Há ainda uma principal exceção que distingue o MED da estrutura esportiva em


ligas. Nas em jogos da juventude ou ligas interescolares organizadas que acabamos de
descrever, crianças e jovens frequentemente aprendem esporte apenas a partir de uma
perspectiva – do jogador, e, tipicamente, jogador de uma única posição. Eles raramente
conseguem uma ampla experiência esportiva na qual eles possam aprender as muitas
outras facetas de cada experiência esportiva e então chegar a um mais completo
entendimento e uma maior apreciação do amplo escopo da cultura esportiva. Além
disso, sua experiência é fortemente controlada pelo treinador, que toma praticamente
todas as decisões, sendo os jogadores responsáveis por cumprir os direcionamentos do
treinador. No MED, todos alunos são jogadores, mas eles também aprendem um ou
mais papéis necessários ao funcionamento de uma liga. Sua experiência base se amplia
enquanto eles aprendem as habilidades, decisões, costumes e responsabilidades que
andam juntas com estes papéis na estrutura da liga. Por exemplo, um estudante não
apenas “chama bolas e rebatidas” em um jogo de baseball para preencher uma
necessidade de determinado papel. Ele torna-se um árbitro no sentido mais integral do
termo através do aprendizado de todas as coisas necessárias para cumprir bem aquela
função durante uma sessão esportiva como um todo.

Alunos no MED assumem papéis ativos na tomada de decisões que determinam


a organização e estrutura da liga – eles não são participantes passivos. Por exemplo, aos
alunos que se tornam parte do “conselho da liga”, é dada autonomia para decidir
situações como modificações nas regras, procedimentos de seleção de equipes,
elaboração do calendário e resolução de conflitos. Alunos que assumem o papel de
treinador são responsáveis pela seleção das equipes, designação de posições,
planejamento da prática e estratégia de jogo. Alunos que atuam como equipe de suporte
devem garantir que a área de jogo esteja corretamente organizada e que todo
equipamento requerido esteja pronto. Na realidade, os alunos não apenas “estão” na liga
por uma sessão. Eles se tornam “parte da liga” em muitas maneiras, o que fornece uma
experiência esportiva educacional mais profunda, ampliada e positiva.

Sidentop (1994) cita os três maiores alvos do Modelo de Educação Esportiva:


desenvolver esportistas competentes, literatos e entusiastas.

1. Um esportista competente tem habilidades suficientes para participar satisfatoriamente


do jogo, entende e pode executar estratégias apropriadas à complexidade do jogo e é um
jogador bem informado.
2. Um esportista literato entende os valores e regras, rituais e tradições do esporte e
distingue entre boas e más práticas esportivas, seja no esporte juvenil ou profissional.
Um esportista literato é tanto um participante mais capaz quanto um consumidor mais
consciente, seja enquanto torcedor ou espectador.
3. Um esportista entusiasta participa e se comporta de forma a preservar, proteger e
aumentar a cultura esportiva, enquanto um membro de grupos esportivos, como
entusiastas são envolvidos, participam do desenvolvimento do esporte nos níveis local,
nacional ou internacional.

Siedentop (1994), cita 10 objetivos de aprendizagem específicos para estudantes


no MED:

1- Desenvolver habilidades e capacidades físicas específicas para esportes em particular


2- Apreciar e ser capaz de executar planos estratégicos nos esportes
3- Participar em um nível apropriado para o desenvolvimento do estudante
4- Compartilhar o planejamento e administração das experiências esportivas
5- Promover a liderança responsável
6- Trabalhar efetivamente em um grupo através de alvos comuns
7- Apreciar os rituais e convenções que dão aos esportes em particular significados únicos
8- Desenvolver a capacidade de tomar decisões razoáveis acerca de questões esportivas
9- Desenvolver e aplicar o conhecimento sobre arbitragem e treinamento
10- Decidir voluntariamente tornar-se envolvido em atividades esportivas após o período
escolar

Como você pode ver, o Modelo de Educação Esportiva tenta educar os


estudantes em todos os aspectos do esporte atribuindo a eles mais do que um papel ativo
(jogador, além de um ou mais “papel de apoio”). Uma vez que os estudantes tenham
experiências esportivas positivas na educação física, é esperado que eles estendam sua
participação e envolvimento para além do programa de educação física.

O Modelo de Educação Esportiva tem seis conceitos-chave que conferem a ele


uma única identidade (SIEDENTOP, 1994). Como você descobrirá, cada um destes
conceitos é uma adaptação de um esporte organizado característico.

1- Épocas desportivas: O MED utiliza a época desportiva como uma estrutura


organizacional ao invés das mais tradicionais unidades de ensino da educação física.
Uma época desportiva implica um período mais longo que inclui um período de
organização e prática, uma pré-temporada, uma época regular e uma pós-temporada ou
competição-alvo. As épocas desportivas no MED devem incluir um mínimo de 20 aulas,
quando possível (GRANT, 1992).
2- Afiliação: Os estudantes se mantém como membros do mesmo time ao longo de toda a
época desportiva. Essa afiliação estendida promove muitos dos objetivos afetivos e
sociais do modelo por permitir aos membros do time a oportunidade de trabalhar em
direção a objetivos em comum, tomar decisões em grupo, experimentar o sucesso e a
falha como um grupo e desenhar uma identidade coletiva para o time.
3- Competição formal: Os estudantes tomam muitas das decisões que determinam a
estrutura e a operação da época desportiva. Eles podem modificar as regras do jogo para
promover justiça e melhor participação. Um calendário formal de competição permite a
cada time e seus jogadores tomarem decisões imediatas e de longo prazo para a
temporada. O calendário competitivo fornece aos times e jogadores um foco para a
prática e a preparação.
4- Evento culminante: A época desportiva se encerra com um evento culminante que pode
possuir diferentes formas: um campeonato em rodízio, uma competição por times ou
uma competição individual. Este evento deve ser festivo e permitir a todos estudantes
participar com alguma capacidade (exceto como espectadores).
5- Registro estatístico: Os jogos fornecem uma grande quantidade de oportunidades para
fazer registros de performance que podem ser usados para ensinar estratégias, aumentar
o interesse dentro dos times, publicitar resultados e acessar o aprendizado do estudante.
Os registros podem ser simples ou complexos, dependendo da capacidade dos
estudantes em mantê-los e compreendê-los. Devido ao fato dos registros serem
públicos, eles ajudam a fornecer um pano de fundo para o calendário competitivo (por
exemplo, quando o melhor time defensivamente está pronto para jogar com o melhor
time ofensivamente). Treinadores e jogadores podem usar estatísticas de jogo para
analisar suas próprias forças e as dos seus oponentes.
6- Celebração: Eventos esportivos são conhecidos por serem festivos. Times tem nomes
que se tornam parte da sua tradição e contribuem para o folclore do esporte. Locais de
jogo são coloridos e frequentemente decorados com placas e faixas. Embora em uma
escala reduzida – de modo a não prejudicar o evento em si – professores durante o MED
tentam tornar suas próprias épocas desportivas e competições tão festivas e celebradas
quanto possível.

O Modelo de Educação Esportiva faz um esforço direto para reduzir e eliminar


algumas das características negativas que estão associadas ao esporte em nossa
sociedade:

1- A competição representa um significado de levar os estudantes a desenvolver suas


habilidades, conhecimento e estratégia. Ela é usada de uma maneira educacional.
2- Todos devem participar – tanto enquanto jogadores como em outros papéis. O MED
não permite a exclusão como a maioria das experiências esportivas que permitem
apenas aos melhores jogadores a oportunidade de participar
3- Estudantes possuem um papel ativo, não passivo, na determinação do contexto e
estrutura do esporte. Eles aprendem a tomar decisões que normalmente pertencem dos
adultos nas configurações esportivas.
4- Estudantes podem decidir por elaborar e jogar versões experimentais apropriadas do
esporte – não necessariamente as versões adultas são impostas a eles.
5- Devido ao fato da educação física ocorrer em um contexto escolar, o professor tem a
responsabilidade final na manutenção dos objetivos e conduzir o MED em consonância
com as missões mais importantes da escola e do programa – ensinar as crianças. Não
devem existir mensagens contraditórias ou prioridades mal encaixadas, como algumas
vezes há em relação às ligas esportivas interescolares e juvenis.
O MED confia fortemente nas estratégias de aprendizagem cooperativa, nas
quais os times (treinadores e jogadores juntos) mantenham grande parte da
responsabilidade de estarem preparados para a temporada. O professor e o conselho da
liga (composto de estudantes) decidem a estrutura básica da época desportiva, e os times
são determinados. Uma vez em um time, os estudantes utilizam a aprendizagem
cooperativa para determinar suas necessidades para a época, como seu time será
organizado e como eles irão s prepara para a temporada. Eles executam planos de
treinamento, seleção de posições, planos de substituição e estratégias de jogo. Ainda
que um estudante seja designado como “treinador”, este papel compreende coordenar os
esforços do time, não de fazer o time funcionar. Muito do ensino em um time toma a
forma do aprendizado entre os pares, com colegas de equipe ajudando uns aos outros a
aprender as habilidades e estratégias necessárias para o sucesso do time. A quantidade
de responsabilidade da aprendizagem cooperativa e ensino pelos pares dependerá da
capacidade dos estudantes para a realização dos papéis fora do jogo. O MED pode ser
adaptado para estudantes que estão abaixo da quarta série e ainda manter muitas das
características chave do modelo.

ALINHAMENTO COM OS PADRÕES NACIONAIS DA NASPE 1

A apresentação 11.1 mostra o alinhamento entre o MED e os padrões da


NASPE. Como você pode ver, o Modelo de Educação Esportiva é consistente e
fortemente alinhado com as normas 1, 2, 5 e 5. Seu alinhamento com as normas 3 e 4
dependerá do esporte específico a ser praticado em cada sessão. Se o esporte
selecionado envolve altos índices de atividade física de moderada a vigorosa (por
exemplo basquetebol e tênis), então o modelo está fortemente alinhado com estas
normas. Contudo, se a atividade selecionada envolve menores índices de atividade física
de moderada a vigorosa (softball, golfe ou tiro com arco), então o modelo tem um fraco
alinhamento com estas duas normas.

Figura 11.1

Alinhamento do Modelo de Educação Esportiva com os padrões nacionais da NASPE


Classificação
do
Padrão NASPE Alinhamento Comentários
1. Demonstra competência nas habilidades 1 Habilidades são praticadas
motoras e padrões de movimento necessários e desenvolvidas para sua

1
National Standards for Physical Education, Estados Unidos.
para a realização de uma variedade de
atividades físicas aplicação no jogo
2. Demonstra conhecimento dos conceitos,
princípios, estratégias e táticas dos movimentos, Estes resultados são
bem como da forma como eles se aplicam ao alcançados nas práticas e
aprendizado e à performance nas atividades nos jogos que são parte da
físicas 1 época esportiva no MED
A quantidade de atividade
física dependerá do
esporte sendo praticado e
do design das práticas e
3. Participa regularmente de atividade física 1-3 jogos
O alinhamento dependerá
do esporte sendo
4. Conquista e mantém níveis saudáveis de praticado e do design das
atividade física 1-3 práticas e jogos
Este é um dos melhores
5. Exibe comportamento responsável pessoal e modelos para aprender
social em relação a si próprio e aos demais nos comportamentos pessoais
contextos de atividade física 1 e sociais na educação física
6. Valoriza a atividade física para a saúde, O modelo é forte em todos
diversão, desafio e/ou interação social 1 estes resultados
Categorias de Classificação
1. Alinhamento forte
2. Alinhamento moderado
3. Alinhamento fraco

ALICERCES

Teoria e Racionalidade

Os alicerces do Modelo de Educação Esportiva podem ser encontrados em


alguns dos mais antigos escritos de Daryl Sidentop sobre questões filosóficas no campo
da educação física. O livro “Educação Física: ensino e estratégias de currículo para
idades de 5 a 12 anos (Siedentop, Mand e Taggarat, 1986) contém referências para
colocar em prática a teoria que eventualmente se tornaria o alicerce deste modelo
instrucional e curricular alguns anos depois. Na tradição de Johan Huizinga e Roger
Callois, Siedentop reconhece o esporte como uma forma de jogo que tem ocupado um
lugar especial nas sociedades ao redor do mundo e ao longo da história. Sendo o jogo
uma atividade humana tão fundamental, é essencial que as sociedades o passem adiante
(através do ensino) de geração em geração. Outras formas de jogo incluem a música,
arte e dramaturgia, as quais compartilham muitas das características da atividade
esportiva em nossa cultura.
A racionalidade do Modelo de Educação Esportiva é um tanto simples. Se o
esporte, enquanto uma forma aceita de jogo, é uma valiosa parte de qualquer sociedade,
é responsabilidade da sociedade (e seu interesse) encontrar formas de formalizar o
processo acerca de como as pessoas vem a aprender e participar na cultura esportiva. De
maneira simples, nós devemos ensinar cada nova geração a nossa cultura esportiva, e
um dos melhores locais para realizar isso é dentro dos currículos escolares. Certamente,
crianças e jovens não só podem como aprendem sobre a cultura esportiva de muitas
outras maneiras e em outros lugares (ligas esportivas jovens, ligas das igrejas, ensino
privado, parques de diversão e em casa), mas o melhor lugar para permitir uma
experiência esportiva ampliada, educacional e igualitária é através do nosso sistema
educacional. Portanto, o MED é desenhado como uma forma de passar adiante nossa
cultura esportiva e promover as características mais positivas do esporte.

PREMISSAS ACERCA DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM

O Modelo de Educação Esportiva assume certos princípios a respeito do ensino


e da aprendizagem. Estes princípios são listados separadamente abaixo.

PREMISSAS ACERCA DO ENSINO

1. O professor necessita de usar uma combinação de estratégias para facilitar os alvos de


aprendizagem variados no Modelo de Educação Esportiva. Estas estratégias incluem a
instrução direta, aprendizado cooperativo e ensino por pares/pequenos grupos.
2. O professor deve servir como o maior gestor de pessoal nas sessões do MED ao invés
de estar no controle direto de toda atividade de aprendizado.
3. Os professores devem guiar os estudantes a tomar decisões que reflitam os valores
inerentes, tradições e condutas das atividades esportivas.
4. O professor deve planejar e facilitar oportunidades aos estudantes para assumir e
aprender as responsabilidades de papéis não esportivos no MED.

PREMISSAS ACERCA DA APRENDIZAGEM

1. Com facilitação e direcionamento corretos, estudantes podem assumir muitas tomadas


de decisão e outras responsabilidades no MED. Oportunidades para o aprendizado dos
estudantes ocorrerão enquanto eles se engajam no processo de tomada e condução das
decisões.
2. Alunos podem trabalhar cooperativamente em uma estrutura de equipe para escolher e
alcançar alvos do grupo.
3. Participação ativa, ao invés da passiva, é a melhor forma para aprender esportes.
4. Alunos podem determinar formas de desenvolvimento apropriadas de esporte para eles
próprios, mas em alguns momentos necessitam do direcionamento do professor para
fazê-lo.
5. A estrutura do Modelo de Educação Esportiva promove uma experiência esportiva
verdadeiramente autêntica que pode ser generalizada para a participação em outras
configurações.

O PRINCIPAL TEMA DO MODELO DE EDUCAÇÃO ESPORTIVA: APRENDER A


SER UM ESPORTISTA COMPETENTE, LITERATO E ENTUSIASTA

O proponente do Modelo de Educação Esportiva, Daryl Siedentop, sucintamente


coloca que ele pretende que o modelo promova “o desenvolvimento de esportistas
competentes, literatos e entusiastas (Siedentop, 1994, p.4). Ele continua ao dizer que o
modelo deve ensinar os estudantes de todas as idades a serem jogadores no profundo
sentido da palavra. O jogador é alguém que venha a conhecer o esporte a partir de uma
variedade de perspectivas, torna a participação esportiva central em sua vida e extrai um
significado pessoal profundo da participação esportiva. Pense em alguma coisa em que
você seja realmente entusiasta em sua vida. Talvez você tenha um hobby, toque música,
tenha um esporte favorito ou tenha vindo a conhecer algo “de dentro para fora”.
Provavelmente você veio a ter, nesse ponto, um interesse inicial que permitiu a você se
tornar conhecedor e proficiente. Eventualmente, a atividade se torna uma parte muito
importante da sua vida. Este nível de significado é o que o MED se esforça para inspirar
nos estudantes da educação física, e isso é refletido como o principal tema do modelo.
Alunos não irão simplesmente “jogar o jogo” – eles irão aprender as tradições
esportivas incorporadas no jogo e na estrutura esportiva até que eles alcancem
condições para se tornar esportistas competentes, literatos e entusiastas.

APRENDENDO OS DOMÍNIOS PRIORITÁRIOS E AS INTERAÇÕES ENTRE OS


DOMÍNIOS

DOMÍNIOS PRIORITÁRIOS

O Modelo de Educação Esportiva promove resultados de aprendizado aos


estudantes que atravessam todos os três principais domínios de aprendizagem. Embora
de tempos em tempos o aprendizado em um domínio seja o objetivo primário,
geralmente existirá um equilíbrio entre todos os três domínios do início ao fim de uma
época esportiva no MED. As três partes temáticas do modelo deixam este ponto claro:
competência se refere à capacidade de discernir e executar movimentos estratégicos
habilidosos (psicomotores, mas com elevado suporte cognitivo); a literácia se refere à
capacidade de compreender e apreciar a cultura e a forma esportiva (de maneira
cognitiva e afetiva); e o entusiasmo se refere à colocação do esporte como parte central
da vida e atividade diária (de maneira afetiva). O professor deve abordar todos estes três
domínios quando utilizar uma unidade de ensino de acordo com o MED (chamada de
época desportiva ou temporada), então as amplas oportunidades de aprendizado são
promovidas para cada área de desenvolvimento do estudante. Estudantes terão
diferentes tipos de atividades de aprendizado, com mudança no domínio prioritário para
cada um, por isso não é apropriado criar uma lista fechada de domínios prioritários
como tem sido feito com outros modelos. Ao invés disso, professores devem entender
quais tipos de aprendizagem são favorecidas em cada parte do MED e devem estar
certos de que os estudantes tenham um equilíbrio na ênfase dos domínios durante a
sessão. O quadro 11.2 mostra como os domínios prioritários podem modificar-se
durante momentos e atividades no MED.

Figura 11.2

Domínios Prioritários no Modelo de Educação


Esportiva  
Atividade de Aprendizado Domínio prioritário temporário
1. Cognitivo
Realização de decisões organizacionais
2. Afetivo
1. Psicomotor
Prática na pré-temporada (como um jogador) 2. Cognitivo
3. Afetivo
1. Cognitivo
Prática na pré-temporada (como um treinador) 2. Afetivo
3. Psicomotor
1. Cognitivo
Aprendizado das tarefas de suporte 2. Afetivo
3. Psicomotor
1. Afetivo
Trabalho como o membro de um time 2. Cognitivo
3. Psicomotor
1. Psicomotor
Durante os jogos competitivos (como um jogador)
2. Cognitivo
3. Afetivo
1. Cognitivo (táticas e
Durante os jogos competitivos (como um estratégias)
treinador) 2. Afetivo (liderança)
3. Psicomotor

INTERAÇÕES ENTRE DOMÍNIOS

Determinar as interações entre os domínios no MED é ainda mais complicado


devido aos muitos eventos inesperados que podem ocorrer durante uma sessão
esportiva. Por exemplo, enquanto um time de estudantes trabalha cooperativamente para
se preparar para a parte competitiva da sessão, eles precisarão abordar todas as
dinâmicas complexas necessárias para deixar o time pronto: desenvolvimento das
habilidades, coesão de grupo, análise das fraquezas e pontos fortes do time, designação
de posições e a assunção de papéis de liderança. O desenvolvimento das habilidades
deve ser suportado pela análise das capacidades dos jogadores; o desenvolvimento da
coesão coletiva deve ser fomentado pela definição clara de papéis e designação de
posições. E, devido ao fato do professor assumir um papel menos diretivo enquanto os
times estão no estágio de preparação, é difícil para ele reconhecer e modificar a
interação entre os domínios para todos os times em uma classe.

Mesmo pensando que o professor assume um papel menos diretivo no Modelo


de Educação Esportiva, ele deve ainda sutilmente observar os muitos eventos
complexos que ocorrerão durante a sessão e reconhecer os momentos em que as
interações entre os domínios não estão contribuindo para o desenvolvimento do
estudante. Por exemplo, o time pode dedicar muito tempo na prática das habilidades
(domínio psicomotor) e um tempo não suficiente no planejamento das estratégias
(domínio cognitivo). Esta lacuna no planejamento pode ainda limitar os tipos de
interação verbal que promovem aprendizado no domínio afetivo/social. O time pode se
tornar fortemente competente nas habilidades em detrimento do desenvolvimento em
outras áreas e alvos importantes. Quando o professor reconhece tais situações, ele pode
sugerir que os alunos vejam a cena como um todo para reconhecer que o sucesso do
time é mais provável se eles aprenderem a abordar o esporte a partir de múltiplas
perspectivas.

REQUISITOS DE DESENVOLVIMENTO DOS ESTUDANTES


Prontidão dos estudantes para o aprendizado. O MED será efetivo em uma ampla
gama de níveis de turma se o professor conjuga a complexidade da organização da
sessão com a capacidade dos estudantes em assumir papéis fora do jogo (treinador e
“trabalhos de apoio”). Com níveis mais baixos, o professor precisará reter mais o
controle do sistema de gestão e de muitas das interações instrucionais. Isto pode ser
acompanhado de uma instrução mais direta que não coloca demandas irreais para os
estudantes como aprender funções algumas vezes complexas de treinador e alguns
trabalhos de apoio. À medida em que a maturidade dos estudantes aumenta nas turmas
mais velhas, os alunos passam a assumir mais responsabilidades do seu próprio
aprendizado e dos outros em seu próprio time. Eles podem ainda assumir uma ampla
parte do sistema de gestão na sessão do MED.

Devido ao fato do modelo de educação esportiva ser novo para muitos


professores e estudantes, existem poucas orientações para seguir em relação à
determinação da prontidão do estudante. Em séries elementares, é melhor que o
professor experimente o MED pouco a pouco, aumentando os papéis dos estudantes no
modelo e interagindo com eles frequentemente para conseguir seu feedback do
processo. Estudantes secundários não devem ter problemas com a implementação
completa do Modelo de Educação Desportiva – embora o professor tenha que aclimatá-
los a esta nova forma de ensino da educação física.

Receptividade do estudante ao modelo. Usando o perfil de Reichmann e Grasha


(1974) para as preferências de aprendizado do estudante, o MED geralmente trabalhará
melhor com aqueles estudantes que são classificados como participantes, colaborativos
(no seu time), competitivo (contra outros times) e independentes. Aprendizes
participativos são naturalmente atraídos pelo MED porque eles aproveitam a afiliação
na equipe e a chance de contribuir para o sucesso do time. Estudantes necessitam de ser
cooperativos e competitivos no Modelo de Educação Esportiva, embora num primeiro
olhar tais atitudes aparentam-se um pouco contraditórias. Alunos devem reconhecer
momentos em que o time necessita de trabalhar cooperativamente para alcançar seus
objetivos, sendo competir bem contra os oponentes um destes. O MED promove
oportunidades valiosas aos estudantes para aprender a ser cooperativos e competitivos
em momentos e formas apropriadas. O aluno independente apreciará oportunidades de
aprender novos papéis fora do jogo e assumir responsabilidades nestes papéis. Alguns
destes papéis (por exemplo, treinador, árbitro) requerem que estudantes tomem
importantes decisões por si próprios, novamente atraente para o aluno independente.

VALIDAÇÃO DO MODELO

Devido ao fato do MED se basear em três diferentes modelos de ensino –


Aprendizagem Cooperativa, Instrução Direta e Ensino pelos Pares – é possível elaborar
uma validação geral a partir da pesquisa de base em cada um destes modelos. Além
disso, um crescente corpo de pesquisa tem sido originado diretamente do Modelo de
Educação Esportiva. Esta linha de pesquisa iniciou-se para promover descrições da
efetividade do modelo em alunos de diferentes níveis e idades, diferentes conteúdos
esportivos e diferentes localizações geográficas.

Os principais estudos de revisão acerca do MED têm sido conduzidos nos


últimos anos. A primeira revisão incluiu aproximadamente 30 estudos completados
antes de 2004 (Wallhead e O’Sullivan, 2005). Ao todo, estes autores concluíram que os
resultados eram pouco claros a respeito da capacidade do modelo de promover
resultados relacionados ao desenvolvimento das habilidades, capacidades físicas e a
promoção da equidade entre os gêneros. Contudo, eles também concluíram que a
pesquisa no Modelo de Educação Esportiva documentou um número de resultados
positivos na educação física, principalmente: elevação afiliação a um time, bom
comportamento esportivo, capacidades de jogo, liderança, responsabilidade e
aumentado envolvimento dos alunos – independente de habilidade, gênero ou
experiência.

Um segundo importante estudo de revisão acerca do MED foi conduzido por


Kinchin (2006). Alguns dos seus achados relacionam-se com a implementação do
Modelo de Educação Esportiva, indicando (1) um elevado aumento na quantidade de
materiais de suporte sendo gerados atualmente por professores do modelo ao redor do
mundo; (2) que o Modelo de Educação Esportiva pode ser implementado de maneira
bem-sucedida desde alunos das séries elementares até o ensino médio e (3) as unidades
de ensino do MED foram desenvolvidas para uso em uma ampla variedade de
conteúdos, incluindo alguns novos (como segurança na bicicleta, dança e atividades na
natureza/ao ar livre). Kinchi também resume a pesquisa acerca dos resultados de
aprendizagem no MED e conclui que existe forte evidência de que (1) estudantes são
mais atraídos para a abordagem do MED do que as abordagens previamente utilizadas
para sua instrução; (2) estudantes valorizam a afiliação que ocorre com a participação
estendida em um mesmo time; (3) estudantes aproveitam do componente de ensino
pelos pares do MED; (4) e os estudantes também aprendem a partir das
responsabilidades que eles assumem nos “papéis de apoio”. Existe evidência conflituosa
nos resultados relacionados ao desenvolvimento das habilidades e à capacidade do
MED em promover equidade e inclusão. Kitchin também reporta achados na
perspectiva dos professores que utilizam o modelo, citando seu endosso geral ao modelo
– mesmo com as dificuldades encontradas para uma completa implementação do
modelo nas escolas.

A terceira mais importante revisão acerca do Modelo de Educação Esportiva foi


conduzida por Peter Hastie (no prelo), um dos maiores experts neste modelo no mundo
tanto como professor quanto como pesquisador. A análise de Hastie incluiu o período
entre 2004 e 2010 e abordou 36 estudos que foram conduzidos em oito diferentes países
e dezesseis modalidades esportivas. Hastie resumiu os achados destes estudos em torno
dos três principais temas do MED e concluiu que a evidência para a competência das
habilidades é crescente e em desenvolvimento, o suporte para a literácia está emergindo
e as respostas entusiastas pelos estudantes têm sido significativamente substanciadas.

Ainda que Wallhead e O’Sullivan (2005), Kinchin (2006) e Hastie (no prelo)
apontem a necessidade de pesquisas adicionais acerca do MED, este é atualmente um
dos poucos modelos instrucionais na educação física que podem ser planejados e
implementados pelos professores a partir de uma forte base de pesquisas.

VALIDAÇÃO DO CONHECIMENTO NA PRÁTICA

Versões desenvolvimentistas apropriadas do modelo tem se tornado comuns no


programa de educação física, atestando efetividade do modelo na promoção dos seus
principais objetivos em muitas situações. No principal texto do modelo, Siedentop
(1994) promove exemplos testados em campo nos níveis educacionais iniciais (futebol,
basquetebol, ginástica e corrida), fundamentais (voleibol) e médios (atividade física,
rúgbi e tênis). Em outras adaptações, Hicks (1998) usou o MED para uma época de
Ultimate Frisbee em alunos da quarta série, enquanto Watts (1998) planejou uma
unidade de ensino no MED para ensinar o pickleball a crianças da sexta série. Bennett e
Hastie (1997) utilizaram o modelo em um curso de atividade física colegial.
O Modelo de Educação Esportiva tem sido implementado de maneira ampla.
Dugas (1994) descreveu um caminho curricular no modelo na Escola de Ciências e
Matemática de Lousiana que incluía mais de vinte diferentes unidades abrangendo
quatro diferentes épocas desportivas. Muitas escolas na Austrália e Nova Zelândia
também adotaram o MED. Grant (1994) reportou que 21 escolas na Nova Zelândia
começaram a utilizar o modelo na base de teste. O teste foi tão bem-sucedido que mais
de 150 escolas adotaram o modelo para seu programa como um todo apenas um ano
depois. Crescimento similar foi reportado na Austrália Ocidental por Alexander,
Taggart e Luckman (1998), começando com 53 professores e crescendo para mais de
100 um ano depois. Deve ainda ser mencionado que as implementações do MED tanto
na Nova Zelândia quanto na Austrália foram endossadas e apoiadas em parte por suas
respectivas agências regionais de educação, permitindo uma rápida e mais efetiva
propagação do modelo juntamente com alguns recursos para o desenvolvimento de
pessoal necessário.

O Modelo de Educação Esportiva é atualmente utilizado por professores de


educação física em um grande número de países e em unidades de ensino que incluem
uma ampla variedade de esportes coletivos, atividades físicas e danças. Muito da
aceitação ao modelo vem do crescimento no número de professores que o utilizam e que
o passam adiante. A internet permitiu ao MED se tornar familiar para professores em
muitos países fora dos Estados Unidos, tornando-o um modelo instrucional para a
educação física verdadeiramente internacional.

A lista de professores, escolas e distritos escolares como um todo que estão


atualmente utilizando o MED continua a crescer a uma taxa impressionante.
Certamente, parte deste crescimento é atribuível aprendizado demonstrado pelos
estudantes e observado pelos professores que utilizam o modelo. Algumas evidências
deste efeito foram apresentadas por registros publicados por professores que têm
utilizado o modelo. Alexander, Taggart e Thorpe (1995), Carlson e Hastie (1997) e
Grant (1992) apresentaram experiências fortemente positivas por professores e alunos a
partir do MED.

Kinchin (2006) apontou que uma grande quantidade de materiais de suporte foi
desenvolvida para o MED, permitindo que mais e mais professores se beneficiassem das
experiências daqueles que já utilizavam o modelo. Siedentop, Hastie e van der Mars
(2004) apresentaram uma excelente atualização acerca do modelo com muitos recursos
para os professores usarem. Um destes recursos (Bulger, Mohr, Rairigh e Townsend,
2007) apresenta, ao todo, doze exemplos de planos para épocas desportivas testados em
campo que podem ser facilmente adaptáveis por professores interessados.

Possivelmente, muitos professores começaram a utilizar o MED em parte por


causa das suas próprias experiências esportivas e sua familiaridade com a cultura e
organização esportivas. É provavelmente seguro dizer que praticamente todo professor
de educação física tem uma substancial história em uma ou mais práticas esportivas,
tanto como jogador quanto como treinador. A mudança de formas mais formais e
competitivas do esporte para o Modelo de Educação Esportiva é provavelmente
tranquila para professores conduzirem nas turmas e programas de educação física.

VALIDAÇÃO INTUITIVA

O esporte tem sido utilizado há mais de cem anos como um veículo primário
para alcançar muitos dos padrões e resultados de aprendizagem objetivados na educação
física. O potencial educacional da experiência esportiva é enorme se ela puder ser
estruturada e implementada em um nível de desenvolvimento apropriado para os
estudantes e se muitas das características positivas do esporte forem apropriadamente
enfatizadas e aprendidas. Talvez este novo modelo reinvente algo que tem sido
praticado por educadores físicos por mais de um século, sendo tão atraente porque ele
permite aos professores retornar às suas raízes e revisitar o esporte enquanto um objeto
educacional – sem muitas das práticas negativas que tem impregnado os contextos
esportivos (educacional, colegial, jovem).

CARACTERÍSTICAS DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM

CONTROLE

A figura 11.3 mostra o perfil de controle para o Modelo de Educação Esportiva


quando utilizado para instrução na educação física. Como você notará, o controle se
modificará para muitos aspectos dependendo se os estudantes estão nos seus próprios
times ou vivenciando os papéis de apoio. Cada elemento do perfil é explicado abaixo.
1. Seleção do conteúdo: professores tem duas opções para decidir qual esporte
oferecer em uma sessão do MED. Uma opção é direta, que é: o professor toma a
decisão e informa aos alunos. A segunda opção é dar aos estudantes uma gama
de escolhas possíveis e deixá-los selecionar o esporte para cada época esportiva.
Esta opção se torna interativa na medida em que os professores orientam os
alunos sobre cada possível escolha enquanto levam em conta fatores contextuais.
2. Controle de gestão: o professor toma muitas das decisões de gestão iniciais que
conferem à época esportiva do MED sua estrutura geral: como os times serão
selecionados, quais papéis fora de jogo serão necessários e como os alunos serão
designados a eles, quanto tempo a sessão durará, como será preparado o
equipamento e regras gerais de campo para a época. Após tomar estas decisões e
comunicar aos alunos, estes assumem praticamente todo o controle para coloca-
las em execução. Os alunos irão planejar e conduzir muitas das tarefas
gerenciais do dia-a-dia durante a época esportiva.
3. Apresentação das tarefas: muitas das apresentações das tarefas para o
desenvolvimento das estratégias e capacidades acontecem nas sessões de prática
dos times antes e durante a época esportiva. Estas apresentações devem,
preferencialmente, ser realizadas na forma de aprendizado pelos pares e em
grupos de aprendizagem cooperativa – ambos conduzidos pelos alunos. O
professor irá realizar apresentações das tarefas para os papéis de apoio na forma
de pequenos workshops para cada tarefa demandada (arbitragem, tarefas de
gestão para organização do espaço, regras de pontuação para os estatísticos e
etc.). Devido ao fato de muitos estudantes terem baixa ou nenhuma experiência
nestas tarefas e o tempo de execução nelas ser curto, a instrução direta do
professor é usualmente a maneira mais efetiva para ensinar os papéis aos alunos.
Professores podem também levar convidados para conduzir clínicas durante a
aula para ensinar estes papéis. Alguns exemplos de convidados seriam o convite
de árbitros oficiais para ensinar as regras, o preparador físico da escola para
ensinar primeiros socorros e estatísticos locais para ensinar formas de registro e
divulgação dos resultados. Estas clínicas utilizam, preferencialmente, a instrução
direta, mas um convidado experiente comandará um aumento na atenção dos
estudantes.
4. Padrões de engajamento: assim como na apresentação das tarefas, os padrões de
engajamento dos estudantes irão diferir entre seus papéis no jogo e fora dele.
Como membros de um time, os alunos se engajarão em tarefas em duplas ou
pequenos grupos de aprendizado cooperativo. Cada time tem a responsabilidade
de estar pronto para a época esportiva, então os membros devem ser capazes de
tomar decisões em grupo e assumir um papel muito ativo no ensino dos colegas
de equipe. Nos papéis fora de jogo, estudantes irão se engajar como participantes
ativos enquanto eles aprendem o conhecimento, as habilidades e procedimentos
para cada papel designado. Inicialmente, é provável que os alunos demandem
instrução direta do professor para se tornar familiar com as ações primárias de
cada trabalho. Após isso, eles receberão uma grande quantidade de aprendizado
durante a própria realização das tarefas à medida em que elas são conduzidas
durante a competição. Muito da sua interação se dará com outros estudantes no
contexto do jogo.
5. Interações instrucionais: a maioria das interações instrucionais serão controladas
pelos estudantes enquanto eles trabalham nos próprios times em atividades em
dupla ou em pequenos grupos de aprendizado cooperativo. Um ou mais
estudantes de cada time serão designados com capitães ou co-capitães e
assumirão muitas das funções do professor. O professor estará disponível como
uma pessoa de recursos, mas a maioria das instruções é conduzida a partir da
interação entre os estudantes.
6. Ritmo: os membros do time irão decidir o que é necessário preparar para a época
competitiva e elaborar um planejamento de pré-temporada. Eles podem também
decidir quanto tempo eles vão necessitar para a preparação, dando a eles o total
controle do ritmo antes e entre os jogos.
7. Progressão das tarefas: assim como em relação ao ritmo, os times tomam
decisões a respeito da ordem das tarefas de prática enquanto se preparam antes
da sessão e durante os jogos. A lista de conteúdos para cada time na turma deve
ser diferente em alguma medida, dependendo das capacidades específicas dos
jogadores.

INCLUSIVIDADE

O Modelo de Educação Desportiva é inerentemente desenhado para a instrução


inclusiva na educação física. A partir do ponto em que todos os estudantes devem ser
jogadores em um time, todos são automaticamente incluídos em algum nível. Se o
professor for cuidadoso para formar equipes equilibradas em relação ao nível das
habilidades, experiência e gênero, então todos os times devem trabalhar equitativamente
bem para garantir que os membros contribuam com o seu potencial, promovendo a
inclusão no seu nível mais importante – dos estudantes para eles mesmos. De acordo
com Hastie (1998), três características do MED beneficiam diretamente estudantes
marginalizados: (1) pequenos grupos necessitam da contribuição de todos para o
sucesso; (2) a afiliação continuada com um time promove o senso de coesão e pertença;
(3) a prática regular permite que estudantes menos habilidosos melhorem suas
capacidades ao longo da época esportiva.

Nem todos os estudantes vem à educação física com os mesmos interesses e


capacidades para praticar o jogo durante a época esportiva. Isto pode ser frequentemente
a fonte de insatisfação por parte dos estudantes e isolamento que pode trabalhar contra
um ambiente inclusivo. Contudo, devido ao fato de todos os estudantes assumirem
papéis fora de jogo, eles podem ser participantes ativos no esporte a partir de uma
segunda perspectiva e realizar valiosas contribuições para o funcionamento da época
esportiva. Cada estudante deve assumir um “papel de apoio”, então não há um jogo para
de favoritos na designação destes papéis. Todos alunos devem fazer sua parte, o que
também promove um ambiente inclusivo na educação física.
APRENDIZADO DAS TAREFAS

APRESENTAÇÃO DAS TAREFAS

Devido ao uso de estratégias pelos pares, cooperativas e diretas, a apresentação


das tarefas no MED variará de acordo com a série dos estudantes, dependendo da sua
prontidão para o desenvolvimento. Em séries iniciais, o professor provavelmente
assumirá frequentemente um papel mais direto em comparação a alunos mais velhos.
Contudo, o desenho do modelo suporta atividades controladas pelos estudantes e
aprendizado cooperativo como o mais alto degrau possível para os estudantes em uma
turma. Algumas vezes o professor precisará estar muito no controle; em outras, o
professor pode apresentar tarefas aos estudantes como problemas de aprendizagem,
assim como na aprendizagem cooperativa (capítulo 10). Quando em dúvida, o professor
deve iniciar dando aos estudantes uma considerável quantidade de autonomia e então
realizar os ajustes que a situação permite.

Ensinado os jogadores: na versão completa do MED, organiza a seleção dos times,


supervisiona a organização da sessão e deixa cada time trabalhar cooperativamente para
determinar qual aprendizado deve ser colocado e como ele será alcançado. A função da
apresentação da tarefa é deixada para cada time e seus líderes determinar e conduzir.
Em algumas situações, pode ser necessário ao professor planejar um pequeno período
de instrução direta para toda a turma antes da seleção dos times. Isto permite que todos
os estudantes tenham um nível básico de proficiência e pode facilitar o processo de
seleção dos times. Após os times serem selecionados e trabalharem em conjunto, o
professor pode treinar um ou mais estudantes em um time para implementar a
apresentação das tarefas para os outros alunos. Este será o primeiro passo no uso das
estratégias de aprendizado cooperativo e em pares.

Ensinando papéis de apoio: o professor provavelmente assumirá uma abordagem de


instrução direta quando ensinar aos estudantes os papéis de apoio que eles foram
designados para a época esportiva. Podem haver diversos trabalhos para ensinar e
minutos limitados para dizer aos pequenos grupos de estudantes acerca das habilidades,
conhecimentos e responsabilidades de cada tarefa. O professor pode usar o modelo de
“clínica” no qual ele dá aos estudantes informações diretas e modela apresentações das
tarefas para cada tarefa corretamente. Estas são basicamente sessões de “como fazer”.
Este papel pode também ser executado por convidados – outros professores da escola,
árbitros certificados, estatísticos e preparadores físicos, apenas para mencionar alguns.
Vídeos instrucionais e outros materiais visuais podem também ensinar estes papéis de
apoio.

ESTRUTURA DA TAREFA

A estrutura da tarefa será fortemente influenciada por qualquer modificação feita


no esporte em si – modificações decididas pelos estudantes ou professor antes do início
da época esportiva. Por exemplo, uma modificação típica no futebol é ter time com
reduzido número de jogadores, como times de três ou quatro pessoas. O “Flag Football”
pode ser jogado com quatro a seis jogadores por time, e o basquetebol de três contra três
funciona perfeitamente. Estas modificações reduzem fortemente a complexidade dos
jogos assim como o tempo necessário para preparar para a época esportiva. Estas
modificações irão influenciar os tipos de tarefas de aprendizagem que os jogadores nos
times irão necessitar maximizar ou aprimorar antes e durante a época esportiva.

Ensinando os jogadores: a estrutura das tarefas de aprendizagem no MED será similar


àquela utilizada por treinadores esportivos nas práticas e jogos de preparação. Quando
juntos, como um time, cada grupo de estudantes irá essencialmente praticar como
qualquer outra equipe competitiva. A amplitude da estrutura das tarefas deve incluir
aquecimentos, preleções, habilidades, exercícios de condicionamento físico, jogadas
ensaiadas, amistosos e sessões de estratégia – todas planejadas pelo líder do time e
implementadas com estratégias de aprendizado cooperativo ou em pares. Jones e Ward
(1998) sugerem que o professor divida o calendário de prática e as rotinas necessárias,
então deixe os alunos elaborar os planos específicos para o período de tempo do
professor.

Ensinando papéis de apoio: a estrutura da tarefa para ensinar aos alunos os vários
papéis de apoio pode ter também um olhar familiar, baseado em como as pessoas
aprendem importante papéis de suporte no esporte. Árbitros devem inicialmente
conhecer as regras, e eles podem conseguir informações a partir do professor, vídeos,
DVDs ou com palestrantes. Realizar e passar em testes deve ser um pré-requisito para
este papel. Na sequência, eles precisarão aprender os procedimentos e técnicas para
apitar em determinado esporte – tipicamente assistindo a modelos corretos em uma
progressão do simples para o complexo. Os árbitros estudantes podem então praticar
suas próprias técnicas sob a supervisão do professor enquanto os times jogam partidas
na pré-temporada. Rapidamente eles estarão preparados para assumir um jogo
competitivo por completo, a qual se torna então a estrutura da tarefa para a progressão
da aprendizagem – uma estrutura um tanto autêntica! O professor pode planejar
estruturas de tarefa similares e progressões para todas tarefas de apoio na época
desportiva do MED.

PROGRESSÃO DOS CONTEÚDOS

A unidade para o Modelo de Educação Esportiva é modelada após uma sessão


em ligas esportivas competitivas. O professor terá que planejar antes da sessão os
processos necessários para fazer a liga funcionar; ele listará as coisas a fazer a esse
respeito, realizando uma progressão organizacional. Muitas das reais progressões dos
conteúdos serão realizadas no nível do time, enquanto professores e jogadores decidem
o que eles precisam fazer para estar prontos para a sessão e como eles fazem os ajustes
durante a sessão. O professor pode realizar algum direcionamento, mas este processo
será prioritariamente decidido por estudantes, caso contrário não há uma típica
progressão do conteúdo para o MED.

PADRÕES DE ENGAJAMENTO PARA O APRENDIZADO

De acordo com Siedentop (1994), existem três padrões de engajamento


predominantes para as atividades de aprendizado no MED: instrução direta,
aprendizagem cooperativa e ensino pelos pares. A instrução direta é mais frequente
utilizada para treinar os estudantes para a realização dos papéis de apoio. Isto pode ser
feito em pequenos workshops que foquem em cada um dos papéis designados e ensina
os estudantes como iniciar a condução das suas responsabilidades. O tempo é
comumente curto para isto, então um tipo direto de engajamento é um tanto efetivo.
Após o treinamento dos estudantes, eles se engajam em um autêntico papel de
aprendizagem antes, durante e depois cada momento nas tarefas de apoio. Dado isto,
eles aprendem o que precisa ser feito para estar pronto para as competições, como
conduzir um papel ativo durante a competição e assumir responsabilidades para
quaisquer tarefas pós-competição. Os alunos não são apenas trabalhadores temporários;
eles na verdade assumem aqueles papéis quando não estão jogando em seu time. A
aprendizagem cooperativa ocorre regularmente em cada time enquanto jogadores e
treinadores tomam e conduzem muitas das decisões necessárias para ajudar o time a
alcançar os objetivos. Este processo tende a ser bastante democrático porque
normalmente não há uma figura autoritária central presente. A resolução de conflitos
pode ser necessária de tempos em tempos, mas isto também faz parte do processo de
aprendizagem cooperativa. O aprendizado pelos pares é usado frequentemente enquanto
aqueles membros mais habilidosos de um time podem ajudar os menos habilidosos a
melhorar, melhorando a performance do time como um todo. Os alunos rapidamente
reconhecem que um time é tão forte quanto seu elo mais fraco, então é do interesse de
todos auxiliar os membros menos habilidosos utilizando seu melhor recurso para esta
melhora – os outros membros do time.

PAPÉIS E RESPONSABILIDADES DO PROFESSOR E DOS ALUNOS

Cada modelo instrucional terá certas operações que necessitam ser completadas
para dar ao modelo a função para a qual ele foi elaborado. Algumas das operações são
conduzidas pelo professor; outras são conduzidas por um ou mais estudantes. A figura
11.4 mostra as principais operações do MED e indica quem é o responsável por elas
durante cada sessão.

Figura 11.4

Papéis dos estudantes e professor no Modelo de Educação Esportiva


Operação e
responsabilidade Pessoa (as) responsável (eis) no MED
Decidir o esporte para O professor pode decidir ou dar aos estudantes uma lista de
cada época possibilidades
O professor fornece a estrutura básica e então deixa os
estudantes determinarem regras específicas e procedimentos.
Tipicamente, os estudantes elegem um conselho esportivo que
Organizar a época cria todas as regras para a época esportiva
O professor estabelece algumas regras básicas e deixa os
Selecionar capitães e estudantes (ou o conselho esportivo) determinar os
times procedimentos
Determinar as regras e as Os estudantes (ou o conselho esportivo) podem criar sugestões
modificações no jogo para serem aprovadas pelo professor
Preparar os times para as
competições e treiná-los Os estudantes/treinadores ou capitães são responsáveis (o
durante os jogos professor pode ser utilizado como um recurso)
Treinar os alunos para os O professor é o recurso principal. Pessoas de fora do ambiente
papéis de suporte escolar (por exemplo, juízes oficiais) podem também ser usados
Levar o equipamento,
preparar a área de jogo e
retornar o equipamento
para o local inicial Os estudantes nos papéis de gestão são os responsáveis
Apitar os jogos Estudantes nos papéis de árbitros são os responsáveis
Manter anotações e Estudantes nos papéis de estatísticos são os responsáveis
estatísticas da temporada
1. Estudantes/treinadores ou capitães avaliam seus próprios
jogadores
Avaliar a aprendizagem
2. Estudantes/estatísticos podem analisar a performance dos
jogadores com as estatísticas do jogo

VERIFICAÇÃO DO PROCESSO INSTRUCIONAL

Desde que o Modelo de Educação Esportiva utilize uma combinação entre


instrução direta, aprendizagem cooperativa e aprendizagem pelos pare, algumas vezes
pode ser difícil determinar exatamente o que o professor ou os estudantes devem estar
fazendo para implementar o modelo de acordo com seu desenho. Contudo, existem
padrões de referência na abordagem geral deste modelo que podem auxiliar os
professores a saber se eles estão atendendo aos parâmetros. As figuras 11.5 e 11.6
listam estes padrões de referência.

Devido ao fato dos estudantes assumirem papéis de jogador e de apoio, padrões


de referências separados são necessários para verificar cada tipo de participação. A
figura 11.6 apresenta alguns padrões de referência para cada papel.

FIGURA 11.5

Referências para o professor no Modelo de Educação Desportiva


Referência Como verificar
O professor fornece a estrutura geral da 1. Revisar o plano de sessão do professor
época esportiva 2. Revisar os objetivos e metas do professor
O professor interage com estudantes 1. Revisar o plano de sessão do professor
para determinar a estrutura específica,
as regras e as modificações nos jogos da 2. Entrevistar um pequeno grupo de estudantes
época esportiva, para obter a perspectiva deles.
O professor designa alunos para tarefas 1. Revisar o plano de sessão do professor
de apoio ou permite que os estudantes 2. Entrevistar um pequeno grupo de estudantes
as escolham para obter a perspectiva deles.
1. Revisar o plano de sessão do professor
O professor supervisiona a seleção dos
2. Entrevistar um pequeno grupo de estudantes
times para criar um equilíbrio
para obter a perspectiva deles.
1. Revisar o plano de sessão do professor
O professor treina os alunos para realizar
2. Escrever uma "descrição do trabalho" para cada
as tarefas de apoio de maneira
tarefa
proficiente
3. Designar alunos para todas tarefas
O professor promove o aprendizado Observar as interações do professor com os
cooperativo quando os times estão alunos. As interações são mais indiretas, com uma
praticando e competindo abordagem de solução dos problemas?
O professor resolve os conflitos Observar a conduta do professor quando um
conflito surge
1. Revisar o plano de sessão do professor
2. O professor designa avaliações para os
O professor planeja a avaliação da
objetivos chave da performance; as avaliações
performance dos jogadores
podem ser implementadas pelo professor e/ou
por estudantes/treinadores
1. Revisar o plano de sessão do professor
O professor promove o entusiasmo na
2 O professor mantém uma lista de planos e ideias
participação
para manter o entusiasmo dos estudantes

FIGURA 11.6

Referências para os alunos no Modelo de Educação Esportiva


Referências para o
jogador Como verificar
1. Monitorar a performance nas avaliações designadas pelo
Jogadores são professor acerca do conhecimento e habilidades de jogo
competentes. 2. Utilizar o GPAI (Griffin, Mitchell e Oslin, 1997) para avaliar a
performance de jogo
1. Os jogadores são aprovados em um teste sobre as regras,
história e tradições do jogo
Jogadores são literatos 2. Os jogadores demonstram as nuances do jogo (vestuário,
seleção do equipamento, etiqueta, apreciação da qualidade da
performance)
1. Os times podem planejar e implementar estratégias e táticas
apropriadas a partir de uma abordagem competitiva
Jogadores entendem as
2. Os jogadores podem interpretar um registro de Scout
estratégias
3. Os jogadores podem corretamente analisar resumos estatísticos
dos jogos
Jogadores estão Observar e monitorar eventos que representam o entusiasmo na
entusiasmados participação (torcida, celebração, envolvimento no jogo)
Jogadores trabalham
cooperativamente nos Monitorar as interações nos times com sistemas de registro dos
seus times eventos
1. Monitorar jogos como exemplos de comportamentos esportivos
Jogadores apresentam positivos e negativos
um bom 2. Apontar estudantes nas tarefas de apoio para a função de
comportamento "Verificador do bom comportamento esportivo"; eles registram
esportivo momentos de cumprimento do bom comportamento esportivo e
produzem breves registros no final da aula.
Referências para as
tarefas de apoio Como verificar
Estudantes podem
selecionar as próprias Entrevistar os estudantes após a seleção das tarefas. Eles sentem
tarefas de apoio. que tiveram a chance de escolher a tarefa que desejavam?
1. Estudantes recebem treinamento em todas tarefas de apoio
Estudantes são bem
2. Todos os estudantes são aprovados em um teste escrito ou oral
informados.
acerca do seu trabalho específico.
Estudantes podem 1. Estudantes recebem treinamento em todas tarefas de apoio
realizar as habilidades
necessárias à sua tarefa 2. Todos os estudantes são aprovados em um teste prático acerca
de apoio do seu trabalho específico.
1. Cada tarefa de apoio te um checklist diário para todas
Estudantes podem responsabilidades
conduzir as tarefas de 2. O professor observa e registra quando os estudantes completam
apoio com pequena cada tarefa
supervisão do 3. O professor monitora o número de tipo de questões que os
professor. estudantes possuem acerca da sua tarefa durante o progresso da
época

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

A avaliação no Modelo de Educação Esportiva deve incluir resultados para


ambos papéis que os alunos exercem durante a época esportiva: jogador e apoio. A
avaliação em ambos deve refletir os principais alvos do MED: formar esportistas
competente, literatos e entusiastas (SIEDENTOP, 1994). Com o intuito de avaliar estes
alvos apropriadamente, será necessário utilizar uma variedade de sistemas de avaliação,
muitos dos quais devem ser de natureza autêntica.

AVALIANDO OS JOGADORES

Aprender a ser um jogador nos esportes requer diversos tipos de conhecimento e


capacidades: habilidades básicas, conhecimento das regras e estratégias, performance
tática no jogo, pertencimento a um time e bom comportamento esportivo. Alguns destes
podem ser avaliados por maneiras tradicionais, mas a maioria irá requerer do professor a
elaboração de instrumentos de avaliação inovadores e autênticos para monitorar o
aprendizado do estudante.

1. As habilidades básicas podem ser avaliadas com simples listas de checagem


implementadas por estudantes-treinadores e colegas de equipe. Um jogador pode
realizar a habilidade enquanto outro aluno avalia se os elementos chave da
performance foram completados para um nível de proficiência estabelecido.
2. O conhecimento das regras e estratégias pode ser avaliado com pequenos testes
escritos ou atividades de pergunta e resposta que cubram a maioria das regras
que serão usadas na sessão. É importante que as regras sendo avaliadas
combinem com aquelas que serão aplicadas à competição. Faz pouco sentido
avaliar os estudantes acerca das regras oficiais do jogo quando regras adaptadas
são utilizadas durante a época esportiva.
3. A performance tática no jogo pode ser avaliada por algumas formas, mas é
importante que as avaliações aconteçam durante o jogo. Estatísticas de jogo
podem obtidas por alunos na função de estatístico podem ser usadas como um
tipo de avaliação quando elas eficientemente refletem os requisitos de
performance de cada posição dos jogadores. Listas de checagem podem ser
feitas para cada jogador (por posição) representando a boa performance,
enquanto outros observadores podem observar esta lista durante o progresso do
jogo. Uma versão do GPAI (Game Performance Asssessment Instrument)
(GRIFFIN, MITCHELL e OSLIN, 1997) pode ser utilizada para avaliação
durante o jogo e alunos em funções de apoio podem ser treinados para utilizar o
instrumento. O GPAI é um sistema de listas de checagem que monitora o
posicionamento, execução, decisão e envolvimento dos jogadores para
determinar um Índice de Performance Geral. A partir do momento que ele é
utilizado durante os jogos, é uma técnica de avaliação autêntica.
4. O pertencimento a um time pode ser avaliado pela observação das interações
entre os jogadores e o treinador-estudante ao longo da sessão uma lista de
checagem de comportamentos que refletem a participação positiva no time pode
ser desenvolvida, com os membros dos times observando eles periodicamente
neles próprios e nos colegas. O professor pode revisar estes itens objetivando
prevenir problemas em potencial e reforçar contribuições positivas ao
pertencimento a um time.
5. Os bons comportamento esportivos podem ser avaliados por pelo menos três
maneiras. O professor e os alunos podem compilar uma lista de bons
comportamentos esportivos para o esporte em questão antes do início da época
esportiva. Os times podem completar a lista de checagem durante a pré-
temporada praticamente da mesma forma que eles fazem para a lista de
pertencimento ao time – em relação a eles mesmos e aos colegas de equipe. Os
times podem completar a lista de checagem dos outros times ao final dos jogos
durante a época esportiva. Hicks (1998) treinou estudantes no papel de
“Analistas do bom esporte” durante os jogos. Os analistas observaram da linha
lateral e anotaram cada registro de bom comportamento esportivo que eles
puderam ver ou ver de cada time. Eles deveriam registrar coisas do tipo “Os
Bulldogs caminharam corretamente após o jogo e foram apertar as mãos dos
Águias”, ou o Jimmy (dos Falcões) ajudou Paul (dos Blusas Amarelas) quando
ele caiu durante o jogo, ou ainda Melissa disse a Danielle (do mesmo time)
“bom trabalho, continue tentando” quando ela errou as três primeiras tentativas.
Os anotadores devem então criar breves textos após o final de cada jogo.

AVALIANDO OS PAPÉIS DE APOIO

Estudantes treinados para realizar papéis de apoio devem mostrar conhecimento


adequado a respeito de como esta tarefa funciona, como executar os procedimentos e
técnicas necessários e, o mais importante, como dar conta das responsabilidades de
tomada de decisão durante a competição. Cada tipo de conhecimento demandará uma
técnica de análise diferente.

1. O conhecimento da tarefa deve ser avaliado antes do início da época


esportiva para garantir que os estudantes tenham o conhecimento pelo menos
rudimentar para a tarefa na qual foram designados. Árbitros devem saber as
regras a como conduzir uma competição; analistas devem conhecer as
definições das estatísticas de performance chave; gestores devem conhecer
como a área de jogo deve ser preparada (organização das linhas, medidas e
limpeza, quais equipamentos são necessários para um jogo e como verificar
se o equipamento está funcionando adequadamente. O aluno/treinador deve
ter o mais ampliado conhecimento: como avaliar as capacidades dos
jogadores, como designar posições, como conduzir os treinamentos e como
elaborar estratégias de jogo. Todas estas áreas de conhecimento podem ser
avaliadas com a realização de testes orais ou escritos antes do início da época
esportiva. Se os estudantes não possuem este conhecimento fundamental
quando a época se inicia, as coisas podem dar errado ou nem mesmo se
iniciar, demandando diversas aulas para serem clareadas.
2. Todas tarefas demandam dos estudantes executar certas técnicas que
refletem componentes da performance e permitem o funcionamento
tranquilo do jogo. Árbitros devem conhecer as formas de chamar atenção;
treinadores devem conhecer os sinais para pedidos de tempo ou jogadas para
seu time; anotadores devem saber quando e como utilizar os equipamentos
de maneira segura e eficiente. Este conhecimento pode ser avaliado
solicitando aos estudantes que demonstrem as técnicas enquanto o professor
utilizar uma lista de checagem para avaliar os parâmetros chave da tarefa.
Estas técnicas podem ser avaliadas em tarefas estáticas (simples
demonstração para o professor) ou durante jogos amistosos (permitindo ao
professor realizar correções diretamente no ponto).
3. Na análise final, o mais importante é que os estudantes preencham as
responsabilidades nas tomadas de decisão das tarefas para as quais foram
designados durante os jogos. Isto representa a mais autêntica avaliação do
seu conhecimento, técnicas e tomadas de decisão para a tarefa designada. O
professor pode elaborar uma pequena lisa de checagem para cada tarefa e
usá-la para monitorar a performance dos estudantes durante os jogos. Isto
também seria possível solicitando a cada estudante que preencham uma lista
após cada jogo para uma auto avaliação.

NECESSIDADES DE IMPLEMENTAÇÃO E MODIFICAÇÕES

EXPERIÊNCIA DO PROFESSOR

Os professores no Modelo de Educação Esportiva necessitam de ter boa


experiência em muitas das áreas discutidas no capítulo 3. A experiência do professor é
exercida sobre o que Knop e Pope (1998) chama de “esporte educativo” (p.47) na
educação física – uma mescla de estrutura esportiva competitiva e instrução apropriadas
ao desenvolvimento.

Aprendizes: os alunos no MED devem ser capazes de aprender três papéis muito
diferentes: jogador, colega de equipe e apoio. Cada papel traz diferentes exigências
psicomotores, cognitivas e afetivas. O professor no MED deve estar bem consciente de
como os estudantes serão capazes de aprender em cada papel, não permitindo que as
expectativas extrapolem este nível.

Instrução apropriada ao desenvolvimento: estreitamente relacionada ao


conhecimento do professor acerca dos alunos é a capacidade de promover versões
apropriadas ao desenvolvimento do esporte para cada turma de educação física. O MED
raramente implica que os alunos devem aprender versões completas ou “adultas” dos
esportes (SIEDENTOP, 1994). A estrutura do jogo é simplificada, as regras são
modificadas, o registro das informações é mantido em um nível que os estudantes
possam seguir e passar para o papel, o professor garante um ambiente positivo e seguro
e os papéis de apoio se enquadram aos níveis de maturidade dos estudantes – tudo de
forma que os estudantes possam aprender o esporte no seu estágio atual de
desenvolvimento.
Conteúdo esportivo da educação física: ainda que o professor assuma um papel mais
facilitador no MED, seu conhecimento da forma esportiva na época (jogo) e inevitável.
O professor deve não apenas conhecer a forma esportiva da perspectiva do jogador, mas
ele deve também conhecer cada uma das variações dos papéis de apoio, as estruturas
esportivas organizacionais e sua customização. Desde que a maioria das decisões são
tomadas pelos estudantes durante a época esportiva, o professor deve ser capaz de ter
uma visão ampliada e antecipar situações potencialmente perigosas antes que elas
ocorram. Tudo isso é possível quando se conhece bem o esporte e de muitas
perspectivas.

Equidade: o esporte não funciona bem quando características de equidade não estão
inteiramente inseridas e resolvidas. De fato, se as inequidades não são tratadas, o
esporte se tornará pouco educativo e contra produtivo em relação aos seus alvos e
objetivos. Inequidades surgem quando o ambiente esportivo permite a um grupo de
estudantes mais acesso à íntegra participação em relação a outros grupos de estudantes.
Esta inequidade pode ser baseada em diferenças relacionadas ao gênero, etnia ou
capacidade. O professor no MED deve ser capaz de antecipar, reconhecer e ajustar
situações de inequidade, dando a todos estudantes chances similares de participar e
aprender através do esporte. A equidade pode ser promovida pela criação de regras e
políticas que dão a todos estudantes uma chance justa de participar, como:

1- Todos os jogadores devem jogar em todas as posições (em um jogo ou um


calendário pré-estabelecido).
2- As regras do time são votadas por todos os membros.
3- Todos os jogadores devem jogar a mesma quantidade de tempo em todos os
jogos.

Relacionado ao conceito de equidade está a justiça de uma competição. Mais


uma vez, o professor deve usar o seu conhecimento acerca dos estudantes, do jogo e do
processo democrático para selecionar equipes justas para a época esportiva. E o
professor deve estar preparado para realizar ajustes quando os times estão obviamente
não equilibrados para a competição. Algumas sugestões para alcançar a justiça
poderiam ser:
1- Criar disposições para que todos os times tenham o mesmo número de
garotos e garotas de acordo com quantas crianças de cada gênero há na
turma.
2- Pedir aos estudantes para classifica-los de acordo com o nível de habilidade,
e criar disposições para que os times sejam balanceados quanto a este fator
da mesma forma do balanceamento de gênero.
3- Permitir aos estudantes revisar os times antes que eles estejam finalizados e
indicar se eles acreditam que os times estão justos.
4- Conduzir um processo de “negociação” limitado brevemente antes do início
das épocas esportivas, permitindo a cada time substituir um jogador do
plantel atual. Todas as “trocas” devem ser aprovadas pela maioria dos
integrantes dos times envolvidos e pelos jogadores a serem trocados.

Avaliação: o Modelo de Educação Esportiva se baseia fortemente na autêntica


avaliação da performance, conhecimento e comportamentos dos estudantes. Em um
certo sentido, o MED é inteiramente autêntico porque ele sempre promove aos
estudantes um contexto realístico (uma equipe e uma época esportiva) na qual eles
preparam e aplicam suas capacidades. Para monitorar os jogadores durante o jogo, os
professores podem elaborar sistemas que os estatísticos treinados usam para criar
registros da performance de cada jogador em aspectos chave. Manter estes registros ao
longo de uma sessão permite uma clara imagem para avaliar a performance dos
jogadores. Listas de checagem podem também avaliar a performance dos estudantes em
funções de apoio – bem como conter uma descrição da tarefa. O professor pode
observar um estudante enquanto ele realiza sua tarefa e assinalar cada parte da tarefa
que foi completada. Watts (1998) colocou os estudantes para avaliar eles próprios cada
dia após a finalização das tarefas, liberando o professor para fazer outras coisas quando
a aula termina.

Clima social positivo: se você se lembrar, uma das características chave do Modelo de
Educação Esportiva citados por Siedentop (1994) é que ele deve ser festivo. A natureza
festiva do esporte deve enfatizar a positividade, permitindo a todos os estudantes
participar e aproveitar por completo, lutar por uma competição forte e justa e promover
os mais altos padrões de comportamento esportivo. O professor deve saber como
organizar um clima social na época esportiva para permitir que estas coisas aconteçam –
e para prevenir a ocorrência de comportamentos opostos. Em vários momentos, o
professor irá ver a si próprio sendo um mentor, mediador, treinador, pai, psicólogo do
esporte e líder de torcida – tudo pelo propósito de ciar um clima positivo na época
esportiva do MED.

HABILIDADES-CHAVE DE ENSINO

Com a combinação de instrução direta, aprendizado cooperativo e aprendizado


pelos pares, o professor no MED usará uma ampla variedade de habilidades
instrucionais efetivas no modelo. O ponto chave a ser entendido é que cada habilidade
será aplicada espontaneamente – na maioria dos casos, enquanto o professor encontra
necessidades situacionais durante a época esportiva.

Planejamento: muito do planejamento ocorre uma vez que o professor e/ou os alunos
tenham decidido qual esporte será jogado na época esportiva. Isto levará a um intenso
período de planejamento formal pelo professor, seguido por um longo período no qual
os planos devem ser atualizados regularmente com o percurso da época. O período de
planejamento inicial determinará a estrutura geral da época que se inicia e incluir muitas
considerações:

1- Quanto tempo durará a época?


2- Quais equipamentos e instalações serão necessários?
3- Quais modificações, se existirem, serão feitas no jogo?
4- Qual será o formato da competição?
5- Como os times serão selecionados?
6- Quais tarefas de apoio serão necessárias e como os estudantes serão alocados
nelas?
7- Como os estudantes serão treinados para as tarefas de apoio?
8- Se existir um conselho esportivo, como ele será selecionado?
9- Qual será o calendário competitivo?
10- Como as tarefas de apoio serão planejadas e avaliadas?
11- Como cada lição/treinamento será estruturada?
12- Qual sistema de recompensa será utilizado?

Uma vez que a estrutura geral tenha sido determinada e os times estejam
preparados para a época esportiva, o planejamento formal será transformado em um tipo
de planejamento sob demanda e, às vezes, imprevisível. Jones e Ward (1998) sugerem
que o professor planeje apenas as linhas gerais para cada aula e permita aos times
organizar sua própria estrutura de prática para a pré-temporada. O trabalho do professor
é saber o que os times irão precisar a cada dia e estar certo de que estas coisas estarão
disponíveis. Uma vez que o calendário competitivo se inicie, as principais
responsabilidades de planejamento do professor são organizar os alunos de apoio
(alguns dos quais trazem o equipamento necessário e preparam o espaço), alocar tempo
para os jogos e preparar o material para avaliação. Além disso, pouco pode ser
planejado; a maioria das decisões e ações do professor ocorrerão em tempo real
enquanto os eventos na aula acontecem.

Tempo e gestão da classe: o professor necessita de criar um plano geral para cada
classe e evento competitivo, mas a maioria da gestão da turma será deixada para os
estudantes após as práticas e o início da época esportiva. A principal responsabilidade
do professor é garantir que os cronogramas estão sendo cumpridos, para que a época
esportiva não fique atrasada.

Determinando papéis de suporte apropriados ao nível de desenvolvimento:


conforme mencionado anteriormente, a maioria da apresentação das tarefas e estruturas
será determinada pelos estudantes enquanto o time se prepara para a época esportiva.
Contudo, o professor ainda mantém a responsabilidade de treinar os estudantes para os
papéis de apoio que são essenciais à operação da época esportiva. A questão chave para
o professor relembrar é que os estudantes estão sendo treinados para papéis tipicamente
assumidos pelos adultos na maioria dos contextos esportivos: treinadores, gerentes e
estatísticos. O professor deve entender quanto de cada papel os estudantes podem
aprender e a melhor maneira de ensinar isso a eles. Muitas vezes, as tarefas não podem
ser apresentadas em versões oficiais ou próximas à realidade dos adultos; elas devem
ser apresentadas aos estudantes em termos que eles possam compreender e colocar em
prática. Similarmente, a maioria dos estudantes não será capaz de realizar os aspectos
técnicos de uma tarefa como um adulto treinado, então o professor deve mostrar
maneiras apropriadas ao desenvolvimento dos alunos de forma a tornar o trabalho
possível.

Comunicação: os professores no MED precisam ser efetivos tanto na comunicação


direta quanto indireta com os estudantes. Professores serão mais diretos quando eles
estão explicando a organização da época esportiva e quando eles estão treinando os
estudantes para as tarefas de apoio. Muita dessa comunicação se baseia no que é usado
na instrução direta.
Professores irão necessitar também de boas habilidades de comunicação indireta,
frequentemente na forma de questionamentos. Enquanto os times estão praticando e os
estudantes estão em tarefas de apoio, é melhor encorajar uma abordagem de
aprendizado da solução de problemas, caracterizada mais pela proposição de
questionamentos do que instruções ou colocações diretivas.

Informação instrucional: assim como a apresentação da tarefa e a estrutura, as


operações para fornecer aos estudantes informações instrucionais irão diferir entre o
aprendizado para as funções no jogo e para a tarefas de apoio. Para os jogadores,
praticamente toda informação será fornecida por meio do aprendizado cooperativo e
ensino pelos pares. Estudantes (enquanto treinadores e colegas de equipe) irão observar
uns aos outros durante a realização das tarefas e fornecerão o direcionamento e
feedback necessários para promover a proficiência. Para as tarefas de apoio, a maioria
da informação instrucional virá do professor, que é concomitantemente treinador e
supervisor.

Revisão e encerramento: os segmentos de revisão e encerramento possuem objetivos


familiares no Modelo de Educação Esportiva. Na pré-temporada, o professor pode
realizar comentários gerais sobre como os times estão progredindo e responder questões
dos estudantes individualmente ou no time. O professor pode também prever a lição do
próximo dia para permitir aos times interagir fora da classe se eles desejarem. Durante a
parte competitiva da época esportiva o professor usa a os segmentos de revisão e
encerramento para resumir os principais eventos e resultados e dar aos jogadores e times
que merecerem um reconhecimento público pela boa qualidade no jogo e bom
comportamento. Hicks (1998) utilizou “Avaliadores do Bom Esporte” em uma época
esportiva de Ultimate Frisbee entre alunos da quarta série, solicitando aos monitores a
realização de breves comentários positivos e negativos acerca do comportamento
esportivo no segmento de revisão. Quando um time completa toda uma época esportiva
sem observações negativas acerca do comportamento esportivo, um desenho de um
rosto alegre (Smiley Face) era colocado em um cartaz, e a eles era concedido um ponto
extra na sessão de apuração dos resultados. A parte de encerramento da lição pode
permitir que os estudantes designados para papéis de suporte reúnam-se e guardem o
equipamento nos locais apropriados enquanto o resto dos estudantes é dispensado ou
estão em um período de descanso.

REQUISITOS CONTEXTUAIS
Para implementar o Modelo de Educação Esportiva a partir de uma versão
apropriada, três fatores contextuais devem ser considerados: (1) recursos. (2) estudantes
e (3) formato da competição. Em algum nível, todos três se tornarão relacionados e
devem ser verificados pelo professor antes de decidir se o Modelo de Educação
Esportiva é uma forma apropriada para conduzir uma unidade de ensino.

1- Recursos. Considerando os recursos, o professor deve estar certo de que um


tempo suficiente (dias de aula), equipamento e espaço estão disponíveis para
permitir que o modelo funcione propriamente. Grant (1992) sugeriu que fossem
realizadas não menos de 20 aulas durante uma época esportiva no MED. Embora
isso pareça excessivo quando comparado ao tamanho da maioria das unidades
didáticas na educação física atual, este modelo se baseia fortemente nos
benefícios cumulativos derivados da prática estendida, do calendário
competitivo e da longa afiliação aos times. Professores precisarão de
equipamento suficiente e espaço para permitir a todos os times praticar de uma
só vez e manter jogos simultâneos. As demandas por estes dois tipos de recursos
podem ser reduzidas utilizando versões reduzidas dos jogos (por exemplo 3vs.3
no basquete ou 4vs.4 no futebol) e regras modificadas.
2- Estudantes. Estudantes são demandados a assumir algumas das principais
operações gerenciais, instrucionais e avaliativas no Modelo de Educação
Esportiva. O professor deve estar certo de que os estudantes podem lidar com
estas responsabilidades antes de selecionar este modelo para a educação física. O
número de estudantes em uma turma é também algo a ser considerado quais
formas esportivas são possíveis em uma época esportiva. Turmas com poucos
alunos serão limitadas a esportes individuais ou em pequenos grupos (tênis,
basquetebol 3vs.3 ou voleibol 3vs.3), enquanto turmas maiores poderão praticar
jogos maiores na sua versão integral (basquetebol 5vs.5 ou voleibol 6vs.6, por
exemplo).
3- Formato da Competição. O formato da competição se refere ao time de
calendário competitivo para a época esportiva no MED. Formatos típicos são
ligas simples, com todos os times jogando entre si; divisões, com todos times
jogando em sua divisão até os playoffs; ranking, no qual os times/indivíduos
sobem à frente daqueles que derrotam e permanecem nesta posição até que eles
percam para um time com pior posição no ranking; e triangulares, nos quais três
times competem ao mesmo tempo. Os formatos possíveis dependerão dos dois
fatores anteriormente mencionados, baseados no número de times e espaço
disponível para a competição.

SELECIONANDO E MODIFICANDO O MED

O Modelo de Educação Esportiva é um dos poucos modelos instrucionais


apresentados neste livro que foi desenvolvido exclusivamente para os programas de
educação física. Siedentop (1994) e outros (Tannehill, 1998) descrevem muitos
exemplos de como o MED tem sido implementado em todas as séries escolares dos anos
elementares até o ensino médio. Ele é comprovadamente um modelo instrucional viável
para uma ampla variedade de formas esportivas, incluindo:

1- Esportes individuais
2- Esportes Coletivos
3- Programas de Condicionamento Físico
4- Festivais tipo “Olimpíadas”

ADAPTAÇÃO ÀS DIFERENTES SÉRIES

O Modelo de Educação Esportiva pode funcionar em qualquer configuração na


qual os estudantes são capazes de assumir uma quantidade apropriada ao seu
desenvolvimento de tomada de decisão e outras responsabilidades com o intuito de
fomentar os muitos resultados incorporados ao modelo. As adaptações devem ser
baseadas nas capacidades dos estudantes como jogadores (praticantes e membros das
equipes) e nas suas capacidades de assumir os papéis de suporte que são essenciais ao
funcionamento da época esportiva no MED. O Modelo de Educação Esportiva não será
efetivo em alcançar a totalidade dos seus alvos se o professor assumir um papel diretivo
frequentemente. A figura 11.7 apresenta todas possíveis formas de adaptar este modelo
aos alunos de diferentes séries.

FIGURA 11.7

Adaptações às diferentes séries na Educação Física para o MED


Séries Selecionar o MED? Adaptações possíveis
Pré-escolar Não -
Anos iniciais
Não
(1ª-3ª séries) -
1. O professor decide muito da estrutura da época
esportiva
2. Regras e procedimentos dos jogos são modificados
(jogos com menor duração, jogos reduzidos)
Ensino
3. O professor supervisiona a escolha dos times e as
Fundamental I Sim
decisões do conselho esportivo
(4ª e 5ª séries)
4. As tarefas de apoio dos estudantes são simples de
aprender e conduzir
5. O professor organiza sessões de prática para os
times ou a turma toda para cada lição (aula).
Ensino 1. Regras e procedimentos dos jogos são modificados
Fundamental II Sim 2. O professor monitora as decisões do conselho
(6ª a 9ª séries) esportivo
Ensino Médio Sim Nenhuma requerida
Faculdade Sim Nenhuma requerida

ADAPTAÇÕES PARA ACOMODAR DIFERENTES GRUPOS DE APRENDIZES

O Modelo de Educação Esportiva pode ser altamente inclusivo para a educação


física se o professor estabelece claramente os parâmetros para a tomada de decisão e
responsabilidades dos estudantes e fornece formas autênticas para os estudantes
aprenderem tanto como jogadores quanto nos papéis de apoio. A figura 11.8 exibe
algumas estratégias que acrescentam uma variedade de necessidades especiais de
aprendizado encontradas em muitas escolas na atualidade.

DICAS DE PLANEJAMENTO PARA O MED

Professores que escolherem usar o MED podem se beneficiar das seguintes dicas
adicionais de planejamento.

1. Permitir aos estudantes assumir responsabilidades e tomadas de decisão sempre


que eles puderem lidar comisso. Quanto mais “responsáveis” pelo sucesso da
época esportiva, mais eles serão motivados para alcançar os objetivos. O mesmo
vale para definir os papéis de apoio. Quando os estudantes têm maior poder de
escolha na seleção e realização de uma tarefa, mais eles estarão motivados para
aprender e fazê-la bem.
2. Fornecer aos estudantes claramente quais são as decisões e responsabilidades
assumidas. Algumas decisões virão do professor, as quais precisam estar claras
para os estudantes.
3. Não permitir que a escolha dos times seja um processo público; isso tem o
potencial de prejudicar aquelas crianças tradicionalmente prejudicadas quando o
capitão seleciona times na maneira tradicional.
4. Independentemente de quem escolha os times, esteja certo de que eles estão tão
equilibrados e justos quanto possível nos seguintes fatores: nível de habilidade,
gênero, raça/etnia, desenvolvimento cognitivo, criatividade, liderança, domínio
linguístico e outras. Quando os estudantes percebem os times como justos, eles
se concentrarão mais no progresso do time e ficarão menos preocupados com os
outros times.
5. Após a escolha dos times, não permita que os estudantes foquem nas fraquezas
do próprio time; leve-os a dar ênfase nas capacidades únicas dos membros do
time e no trabalho com estas capacidades para alcançar os objetivos do time.
6. Permita aos estudantes determinar versões do esporte apropriadas à idade que
permitam a eles uma melhor experiência de participação (por exemplo,
basquetebol 3vs.3 ou futebol com campo reduzido).
7. Encontre formas de fazer com que a sessão se pareça se seja percebida como
uma verdadeira época esportiva: planejando práticas estruturadas, elaborando
apelidos aos times, anunciando os jogos no jornal ou site da escola, divulgando
os resultados em locais públicos e, o mais importante, mantendo uma atmosfera
festiva.
8. Mantenha a autenticidade das responsabilidades das tarefas de suporte, fazendo
com que os estudantes possam ter uma experiência completa relacionada ao
aprendizado, às decisões, aos problemas e às recompensas inerentes a estas
tarefas.

FIGURA 11.8

Estratégias para adaptar o MED a diferentes grupos de aprendizes


PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIAS NA FALA OU AUDIÇÃO
1. Selecionar um conteúdo da época esportiva que não colocará estes estudantes em
desvantagem como jogadores ou submetê-los a potencial risco em responsabilidades com as
tarefas de apoio.
2. Encorajar os estudantes com deficiência na fala a inventar formas criativas para conduzir
as tarefas de apoio efetivamente
3. Encorajar os times a desenvolver sinais manuais para chamar os times no campo ou
quadra.
PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIAS VISUAIS
1.Encorajar a designação de papéis de apoio fisicamente ativos, não aqueles que requerem
uma boa visão, como a inserção das estatísticas de jogo em um pequeno caderno de
registros
2. Utilizar equipamentos modificados (por exemplo, bolas com aviso sonoro) que podem ser
rastreadas por estudantes com deficiência visual
3. Encorajar os times a desenvolver sinais sonoros criativos para chamar os times no campo
ou quadra.
PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIAS FÍSICAS
1. Adaptar as regras 2/ou equipamentos para promover altos níveis de performance para
todos estudantes
2. Encorajar os estudantes a realizar tarefas de apoio que dependam menos das
características físicas, como treinador ou professor.
PARA ESTUDANTES QUE NÃO FALAM A LÍNGUA LOCAL
1. Utilizar alunos como tradutores, quando possível. Colocar alunos bilíngues no mesmo time
daqueles que não falam a língua local
2. Fornecer apresentações das tarefas em uma linguagem apropriada, ou utilizar legendas
traduzidas quando possível.
3. Selecionar conteúdos para as épocas esportivas que refletem os interesses de alunos de
muitas culturas diferentes, não apenas os esportes tradicionais de um país.
PARA ESTUDANTES COM BAIXOS NÍVEIS DE HABILIDADE
1. Decretar regras que permitam a todos os jogadores assumir papéis chave durante a época
esportiva.
2. Permitir a marcação de pontos extras quando todos os membros do time contribuem para
o sucesso.
3. Fornecer encorajamento e elogios adicionais.
PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIAS COGNITIVAS
1. Fornecer aos estudantes com deficiências cognitivas encorajamento adicional para a
participação.
2. Permitir a marcação de pontos extras quando todos os membros do time participam de
uma maneira positiva.
3. Enfatizar a contribuição real dos estudantes com deficiências cognitivas, não aquilo que
poderia ser feito caso não houvesse essa condição.

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