Personalidade
As pessoas são diferentes, o que nos distingue uns dos outros têm uma relação
íntima com algo chamado de personalidade: são padrões fenotípicos de
pensamentos, sentimentos e comportamentos que nos definem de forma singular.
Crianças com temperamento sereno podem influenciar os pais a serem mais
continentes, assim como as de temperamento irritadiço normalmente implicam em
comportamentos paternos mais negligentes.
Fatores como temperamento, engloba os traços de determinação heredogenética, e
o caráter, que abrange os traços moldados ao longo do desenvolvimento, resultante
das experiências de aprendizagem obtidas por diferentes influências ambientais,
também estão envolvidas na gênese da personalidade.
Transtorno de Personalidade
De acordo com o DSM-5, um TP diz respeito a um padrão persistente de vivência
íntima e de comportamento que ser desvia acentuadamente das expectativas da
cultura do indivíduo. Esse padrão invasivo e inflexível, tem seu início na
adolescência ou no começo da vida adulta e permanece estável ao longo do tempo,
provocando sofrimento ou prejuízos significativos.
Entre os transtornos de humor, a Distimia e a Ciclotimia apresentam um
relacionamento mais completo com os transtornos de personalidade, com aspectos
comuns: início precoce, curso crônico, prejuízo na qualidade de vida e limitações
impostas ao funcionamento psicossocial. Essas similaridades fizeram com que a
distimia e a ciclotimia fossem confundidas com os TPs durante muito tempo.
Temperamento
Refere-se a traços básicos, relativamente estáveis, expressos principalmente nas
características formais de reações e de comportamento. Esses traços estão
presentes desde cedo nas crianças.
Interfaces
Certas características de personalidade podem preceder as manifestações do TB,
coexistir ou ser secundárias a elas. A diferenciação, porém, é difícil uma vez que a
descrição do aparecimento dos sintomas do TB pode não ser exata.
Há muito tempo busca-se validadores que discriminem TB e TP, pois são patologias
frequentemente comórbidas, apresentam sintomas sobrepostos nos critérios
diagnósticos e, na prática clínica, muitas vezes é difícil saber a qual categoria
pertencem
Borderline ou Bipolar?
O transtorno de personalidade borderline (TPB) e TB são frequentemente
confundidos na prática clínica. Entre os motivos para esta confusão podemos
salientar:
1. A sobreposição de seus sintomas;
2. O fato de muitos dos diagnósticos em psiquiatria serem definidos quase na
sua totalidade com base na fenomenologia, levando a problemas na validade
e a incertezas nas fronteiras com outros diagnósticos;
3. A maior ênfase atual das neurociências em psiquiatria (o que tende a
privilegiar sintomas de humor sobre traços de personalidade);
4. A baixa empatia do clínico como portador de TPB;
5. Um menor otimismo acerca do prognóstico;
6. A ampliação das fronteiras do TB para um espectro mais amplo (o que levou
ao conceito de bipolaridade diferente daquele da psiquiatria clássica)
O TPB apresenta características fenomenológicas diferentes dos TB, não possui os
mesmos fatores etiológicos de risco e não está associado com a mesma história
familiar, tendo um curso e desfecho único. O TPB é caracterizado por um padrão
difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem, dos afetos, com
impulsividade acentuada no início da vida adulta.
Um fato particularmente interessante em relação a impulsividade é que normalmente
os indivíduos com TB apresentam sentimento de culpa e remorso após o ato,
enquanto os portadores de TPB com frequência não demonstram esse aspecto, ou
seja, não identificam o ato como culposo. Para auxiliar no diagnóstico diferencial
entre TB e TPB é necessário aguardar a observação longitudinal do paciente, e o
diagnóstico não deve ser realizado em caso de superposição sintomatológica no
corte transversal.
De um lado, o TB É um transtorno de fundo genético com uma grande quantidade
de alterações neurobiológicas que requer tratamento medicamentoso como
estratégia central no planejamento terapêutico e, de outro lado, o TPB É uma
condição mais ambiental com poucas evidências de alterações neurobiológicas e
que requer psicoterapia como ponto central do tratamento. São duas entidades
destintas, uma mais biológica e a outra com um forte componente psicológico/
ambiental como fator determinante.