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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE QUÍMICA

APOSTILA DE FÍSICO QUÍMICA


EXPERIMENTAL
Ao leitor

A Físico-Química é a ciência que nos proporciona instrumentos para


interpretar e dominar os fenômenos naturais. Na base dessa ciência
encontram-se os princípios fundamentais da termodinâmica, classicamente
ensinados a partir do comportamento dos sistemas macroscópicos.

Ela também compreende a física, sendo a disciplina que estuda as


propriedades físicas e químicas da matéria, através da combinação de duas
ciências: a física, onde se destacam áreas como a termodinâmica e a
mecânica quântica, e a química. Suas funções variam desde interpretações
das escalas moleculares até observações de fenômenos macroscópicos.

Nesta apostila, você encontrará várias propriedades da físico química


e seus métodos práticos. Tenha boas experiências!
SUMÁRIO

PRÁTICA 1 – LEI DE BOYLE .................................................................................... 6


1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 9
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................... 10
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 10
5. CONCLUSÃO.................................................................................................... 13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 13
PRÁTICA 2 – RAZÃO ENTRE AS CAPACIDADES CALORÍFICAS PARA
GASES ........................................................................................................................... 15
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16
2. OBJETIVOS.......................................................................................................... 17
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ............................................................. 17
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 18
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 20
PRÁTICA 3 – DETERMINAÇÃO DA CONDUTÂNCIA MOLAR DE SOLUÇÃO
AQUOSA DE ÁCIDO ACÉTICO E ÁCIDO CLORÍDRICO EM DIFERENTES
CONCENTRAÇÕES ................................................................................................... 21
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 22
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 25
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................... 25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 26
5 CONCLUSÃO.................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 31
PRÁTICA 4 - DETERMINAÇÃO DE VOLUMES PARCIAIS MOLARES ........ 32
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 33
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 37
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................... 37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 39
5. CONCLUSÃO.................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 50
PRÁTICA 5 - DETERMINAÇÃO DO CALOR DE NEUTRALIZAÇÃO. ........... 51
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 52
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 54
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................... 54
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 55
5. CONCLUSÃO.................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 61
PRÁTICA 6 - DETERMINAÇÃO DO ABAIXAMENTO DO PONTO DE
CONGELAMENTO. .................................................................................................... 63
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 64
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 65
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................... 65
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 67
5. CONCLUSÃO.................................................................................................... 79
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS .................................................................... 79
PRÁTICA 7 - ISOTERMA DE ADSORÇÃO. .......................................................... 80
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 81
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 84
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................... 84
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 85
5. CONCLUSÃO.................................................................................................... 91
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS .................................................................... 92
PRÁTICA 8 - DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE VELOCIDADE E
TEMPO DE MEIA VIDA DA REAÇÃO DE DECOMPOSIÇÃO DO PERÓXIDO
DE HIDROGÊNIO ....................................................................................................... 94
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 95
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 99
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................... 99
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 101
5 CONCLUSÃO.................................................................................................. 110
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS .................................................................. 111
PRÁTICA 9 - DIAGRAMA BINÁRIO LÍQUIDO-VAPOR .................................. 112
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 113
2. OBJETIVOS .................................................................................................... 116
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................ 116
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 118
5. CONCLUSÃO.................................................................................................. 123
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS .................................................................. 124
PRÁTICA 10 - DETERMINAÇÃO DA LEI DE VELOCIDADE DA REAÇÃO
DO CRISTAL-VIOLETA COM O HIDRÓXIDO DE SÓDIO ............................. 125
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 126
2. OBJETIVOS .................................................................................................... 128
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................ 128
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 129
5. CONCLUSÃO.................................................................................................. 138
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS .................................................................. 138
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE QUÍMICA
FÍSICO QUÍMICA EXPERIMENTAL

PRÁTICA 1 – LEI DE BOYLE

UBERLÂNDIA – MG
1. INTRODUÇÃO

Robert Towneley e Henry Power são os primeiros cientistas a observarem a relação


entre pressão e o volume de um gás, sendo que Towneley tinha contato com Robert Boyle,
um químico e físico nascido na Irlanda no século XVII. Este contato fez com que Boyle
testasse laboratorialmente, ensaios feitos com ar, as observações de Towneley e Power.
Em 1662, Robert Boyle publicou um trabalho chamado "The Spring and Weight of the
Air” no qual apresenta uma série de experimentos onde media o volume de gases em
função da pressão exercida sobre estes, para temperaturas distintas.

Boyle usou um tubo longo de vidro moldado em forma de J, com o lado menor
lacrado, no qual verteu mercúrio, prendendo ar no lado menor do tubo. Quanto mais
mercúrio ele adicionava, mais o gás era comprimido, conforme representado na Fig. 1.
Ele concluiu que o volume de uma quantidade fixa de gás (o ar neste caso) diminui quando
a pressão sobre ele aumenta.

Figura 1 - (a) Aparato utilizado por Boyle na execução dos experimentos; (b) Variação
no volume de gás mediante adição de mais líquido no tubo aberto.

Este trabalho é hoje conhecido com a Lei de Boyle. Essa Lei diz que, sob
temperatura constante (condições isotermas), o produto da pressão (P) e do volume (V)
de uma massa gasosa é constante, sendo, portanto, inversamente proporcionais. Qualquer
aumento de pressão produz uma diminuição de volume e qualquer aumento de volume
produz uma diminuição de pressão.
Na Fig. 2 a) se encontra representada a variação da pressão de uma amostra de gás
quando o volume se altera. Cada curva é chamada de isoterma (termo geral para um
gráfico que mostra a variação de uma propriedade à temperatura constante). De acordo
com a Lei de Boyle as isotermas dos gases são hipérboles. Outra representação gráfica,
com a pressão contra o inverso do volume na qual se obtêm uma linha reta, aparece na
Fig. 2 b).

Figura 2 - a) A lei de Boyle resume o efeito da pressão sobre o volume de uma quantidade
fixa de gás, em temperatura constante. Quando a pressão da amostra de gás aumenta, o
volume diminui; b) Em um gráfico da pressão contra o inverso do volume, obtém-se uma
linha reta.

a) b)

Sendo assim, de acordo com a lei de Boyle, o produto PV é uma constante.


Chamemos esta constante de a:

PV = a (para n e T constantes)

A pressão de um gás no interior de um recipiente é medida com um manômetro.


Na sua versão mais simples, um manômetro é um tubo em U cheio com um liquido pouco
volátil. Se uma boca do tubo for aberta, a pressão, p, da amostra gasosa equilibra com a
soma das pressões exercidas pela coluna do líquido mais a pressão externa (pext). Desse
modo, em um manômetro de tubo aberto, a pressão do gás, P, é a soma da pressão
atmosférica com a pressão da coluna de mercúrio:
(Patm + P Hg) . Vgás = a

(Patm + PHg) . Vgás = a

O volume do gás, V, é o produto da altura, h, pela área da seção transversal do tubo, A,


em que o gás estava contido (V = Área x Altura):

(Patm + PHg) . A. hgás = a

Como A é constante, pode-se combinar a constante a com A definindo a’ = a/A:

(Patm + PHg) . hgás = a/A

(Patm + ρHg . hHg . g) hgás = a’

Rearranjando os termos, obtém-se a seguinte equação:

 a  1 P
h Hg     atm Equação 1
 gh
 Hg  gás  Hg g

As variáveis são as duas alturas enquanto que os demais termos são constantes. Assim,
lançando hHg em função de 1/hgás deve-se obter uma reta cuja tangente é a/(Hg g) e cuja
intersecção é Patm/(Hg g).

O significado de a’ obtém-se da equação dos gases ideais: PV  nRT , ou seja, a


= nRT pois n é constante, R é a constante real dos gases e a temperatura é
aproximadamente constante durante o experimento. Esta equação é conhecida como a
Lei dos gases perfeitos, em que é uma notação de estado aproximada para qualquer gás e
fica cada vez mais exata à medida que a pressão do gás tende a zero.

2. OBJETIVOS

Os objetivos deste experimento é verificar se os dados experimentais se ajustam à Lei


de Boyle e se comportam idealmente, através da verificação do comportamento gráfico
desses dados, e determinar a aceleração gravitacional a partir dos mesmos dados
experimentais de modo que para tanto se utiliza a Eq. 1 descrita anteriormente realizando
ajuste dos mínimos quadrados (linearização da reta) e interpretação física dos coeficientes
da equação de reta obtida.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 MATERIAIS
 Barômetro
 Termômetro
 Manômetro
 Régua

3.2 METODOLOGIA

O volume do gás confinado em um manômetro, deverá ser variado por meio de


diferentes níveis de uma coluna de Hg, deslocando-se a mesma. As leituras das alturas de
gás confinado e da diferença dos níveis de Hg deverão ser realizadas por dez vezes por
meio de uma régua de 0,30 metros.

A temperatura e pressão atmosférica na condição ambiente deverão ser aferidas


utilizando-se um barômetro. Para obtenção da gravidade pelo método experimental,
sugere-se realizar os cálculos e um tratamento gráfico com o programa Origin 8.0.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

[EXEMPLO]

Os dados experimentais de pressão atmosférica e temperatura ambiente obtidos são,


respectivamente, 915 hPa (915x10² Pa) e 23 °C (296,15 K).

Os valores referentes às medidas de hgás e hHg coletados durante a execução do


procedimento experimental, além dos valores de 1/ hgás utilizados na regressão linear,
estão apresentados na Tab. 1:

Tabela 1 – Dados experimentais de hgás e hHg e valores de 1/ hgás

hgás (m) 1/hgás (m-1) hHg (m)


0,208 4,81 0,200

0,235 4,25 0,130

0,240 4,17 0,092

0,245 4,08 0,065

0,250 4,00 0,042

0,265 3,77 0

0,270 3,70 -0,006

0,275 3,64 -0,017

0,278 3,60 -0,024

0,283 3,53 -0,031

0,290 3,45 -0,038

Utilizou-se os dados experimentais da Tab. 1 e a fórmula descrita acima (Eq. 1)


para a construção do gráfico de hHg (Y) em função de 1/hgás (X). Os pontos são ajustados
pelo Método dos Mínimos Quadrados para que se obtenha a reta que melhor se ajuste aos
mesmos e para posterior análise do significado físico dos coeficientes da equação de reta
de modo a obter o valor da aceleração gravitacional. Tanto os pontos plotados quanto a
linearização são mostrados na Fig. 3:

0,20 Pontos Experimentais


Linear Fit
0,15
hHg / m

0,10

0,05

Y = -0,70104 + 0,18894 X
0,00 r = 0,98844

-0,05

3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0


-1
1/hgás / m
Figura 3 – Gráfico de hHg em função de 1/hgás e a linearização dos pontos
experimentais.

Conforme pode ser observado no gráfico acima, os pontos experimentais não


formam uma linha totalmente reta, no entanto, apresentam uma tendência a isso indicando
que os mesmos se ajustam a Lei de Boyle que é válida para gases ideias, mas também é
uma boa aproximação para gases reais (como é o caso do ar atmosférico utilizado no
experimento), desde que a temperatura mantenha constante durante todo experimento.
Comparou-se a Eq. 1 com a equação de uma reta, da forma de y = a+ bx, e assim
𝑃
tem- se que, o coeficiente linear da equação obtido é igual a 𝑎 = − 𝑔𝜌𝑎𝑡𝑚 .
𝐻𝑔

Sendo assim, de posse do valor do coeficiente linear (a) os dados de densidade do


mercúrio e gravidade são coletados na literatura e algumas conversões de unidade são
necessários para se obter o valor da aceleração gravitacional.

Tabela 2 - Dados coletados da literatura.

Parâmetros Valor
Densidade do Mercúrio (23 °C) 13, 5389 g.cm-3
Gravidade em Uberlândia* 9,79 m.s-2
*O valor da gravidade em Uberlândia é fornecido pelo Instituto de Geografia da
Universidade Federal de Uberlândia (IGUFU) e repassado pela professora.

Conversões de unidades:

Densidade do mercúrio a 23 °C é 13, 5389 g/cm3 = 13538,9 Kg/m3


Pressão atmosférica é igual a 915 hPa = 91500 Pa = 91500 Kg/m.s2

𝑃
Como 𝑎 = −0,70104 𝑚 e 𝑎 = − 𝑔𝜌𝑎𝑡𝑚 :
𝐻𝑔

𝑃𝑎𝑡𝑚
𝑔=−
𝑎𝜌𝐻𝑔

91500 Kg/m. s 2
𝑔=−
(−0,70104𝑚) ∙ 13538, 9 Kg/m3

𝒈 = 𝟗, 𝟔𝟒 𝒎 ∙ 𝒔−𝟐

Calcula-se então o erro percentual relativo:


Erro (%) = Valor Verdadeiro – Valor Experimental x 100
Valor Verdadeiro

Erro (%) = 9,79 – 9,64 x 100


9,79

Erro (%) = 1,53 %

As possíveis fontes de erro relacionadas procedimentos experimentais podem


estar ligadas ao operador, ou seja, erros grosseiros (erros de medição, no caso, na leitura
dos valores de altura) e sistemáticos ligados a problemas na precisão ou montagem dos
equipamentos (escala do equipamento não é muito precisa) ou mesmo a temperatura que
possivelmente variou durante a execução do procedimento e que de acordo com a Lei de
Boyle deve ser constante durante todo experimento.

5. CONCLUSÃO

Com a realização do experimento, conclui-se que os dados coletados referentes às


medidas da altura do gás (hgás) e altura do mercúrio (hHg) se ajustam a Lei de Boyle desde
que a temperatura permaneça constante durante o experimento fornecendo uma boa
aproximação para um gás real na medida em que ele se comporta como ideal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

As leis empíricas e a Equação de Estado dos Gases Ideais. Disponível em:


<http://www.qmc.ufsc.br/quimica/pages/aulas/gas_page2.html> Acesso em: 30 de maio
de 2013.
ATKINS, P.; PAULA, J. Atkins: Físico Química. v.1. 7ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002.
p. 8.
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o
Meio Ambiente. Vol. único. 3ª ed. São Paulo: Bookman, 2007. p.239.
WEAT, R C. Handbook of Chemistry and Physics. 57th edition. Ed.CRC Press, 1976-
1977. p.F-7.
LIMA, L. S, Lei de Boyle. Disponível em:
http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php/Lei_de_Boyle.
LIMA, L. S, Lei de Avogadro. Disponível em:
<http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php/Lei_de_Avogadro>.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE QUÍMICA

PRÁTICA 2 – RAZÃO ENTRE AS CAPACIDADES CALORÍFICAS PARA


GASES

UBERLÂNDIA – MG
1. INTRODUÇÃO

A termodinâmica é o estudo das transformações da energia causada pela mudança de


temperatura, pressão e volume, e de outras grandezas fundamentais em casos menos
gerais. O estudo desse ramo da físico-química permite uma discussão qualitativa e
quantitativa dos efeitos das variações das condições de um determinado sistema.

Alguns dos processos em que ocorre a variação das condições de um sistema podem
ocorrer em condições ditas como sendo ideais, como:

 Processos isotérmicos: ocorre a temperatura constante tendo como variantes a


pressão e o volume;
 Processos isobáricos: ocorre a pressão constante tendo como variantes o volume
e a temperatura
 Processos isovolumétricos: ocorre a volume constante tendo como variantes a
pressão e a temperatura
 Processos adiabáticos: não há troca de calor entre o sistema e as vizinhanças,
sendo a quantidade de calor constante e igual a zero (Q=0) durante todo o
processo.
Considerando um sistema adiabático, a primeira lei da termodinâmica (“A energia
interna de um sistema isolado é constante”) se reduz para

ΔU = W = -PextΔV Equação 1

Nessas condições a única forma de alteração da energia interna ocorre na forma


de realização de trabalho. Esse trabalho pode ser realizado na forma de expansão, ou seja,
o trabalho é negativo (o sistema perde energia) e a energia interna diminui e
consequentemente a sua temperatura, e na forma de uma compressão, o trabalho é
positivo e a energia interna aumenta assim como sua temperatura. Para o caso de gases,
esse processo de expansão e compressão ocorre de forma reversível. Um processo
reversível consiste na condição de permanência de um equilíbrio durante todo o caminho
de determinado processo, desde o estado inicial até o final.

Uma forma de obter algumas características de determinado gás frente a variações


das condições termodinâmicas é por meio de sua capacidade calorífica (C). Essa
propriedade expressa o efeito da adição de calor sobre a temperatura do sistema, ou seja,
é uma medição da energia que é necessária adicionar ou retirar do sistema para modificar
a sua temperatura. A equação 2 resume essas propriedades.
𝑄
𝐶 = lim Equação 2
ΔT→0 ΔT

No entanto, a capacidade calorífica é uma função de estado e como tal depende


apenas do estado atual do sistema e é independente da maneira pela qual o estado é
atingido, dessa forma a mesma não fornece informações do comportamento de um gás ao
longo do processo de expansão e compressão. Para isso adotam-se condições específicas,
como nas transformações com volume ou pressão constantes, no qual a ligação com os
termos de energia e entalpia são válidos e resultam nas expressões de capacidade
calorífica a volume constante e a pressão constante, equações 3 e 4 respectivamente.

𝑄𝑣 𝜕𝐸
𝐶𝑣 = lim = ( )𝑣 Equação 3
ΔT→0 ΔT 𝜕𝑇
𝑄𝑝 𝜕𝐻
𝐶𝑝 = lim = ( )𝑝 Equação 4
ΔT→0 ΔT 𝜕𝑇
As mesmas podem ser expressas em termos da quantidade de matéria, resultando
nas capacidades caloríficas molares a volume e a pressão constantes, equações 5 e 6
respectivamente.
𝐶𝑣
𝐶𝑣, 𝑚 = ( 𝑛 ) Equação 5

𝐶𝑝
𝐶𝑝, 𝑚 = ( 𝑛 ) Equação 6

Por meio dessas expressões, da primeira lei da termodinâmica e considerando um


gás perfeito é possível obter uma equação que forneça a razão entre as capacidades
caloríficas molares a volume e a pressão constantes (Equação 7). Com essa equação é
possível classificar o gás alocado no aparato experimental como sendo mono ou
diatômico.

𝐶𝑝, 𝑚 log 𝑃1 − log 𝑃2


= Equação 7
𝐶𝑣, 𝑚 log 𝑃1 − 𝑙𝑜𝑔𝑃3

2. OBJETIVOS
Determinar a razão entre as capacidades caloríficas molares de um gás e verificar
se o gás utilizado tem o comportamento mais próximo de um gás monoatômico ou
diatômico.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.1 MATERIAIS

 Bomba a vácuo
 Colunas de água
 Mangueiras
 Manômetro
 Barômetro
3.2 METODOLOGIA

A partir de um aparato previamente montado, liga-se a bomba a vácuo e fecha-se


a mangueira, para que o ar circule dentro da garrafa por no mínimo 2 minutos. Ademais,
equilibra-se as duas colunas de água, tomando-se este, como ponto de referência zero.

Posteriormente, abre-se a mangueira, observando-se uma pequena variação da


altura da água no manômetro. Para uma melhor observação desta variação, fecha-se
lentamente a segunda mangueira e, em seguida, a terceira mangueira até que a coluna da
direita atingisse uma altura superior à 85 mm.

Após estabelecimento do equilíbrio entre as alturas das duas colunas, registra-se


o valor. Em conseguinte abre-se a tampa do galão e rapidamente a feche. Observa-se após
a estabilização das colunas, uma nova variação de altura da água no manômetro e registra-
se. Ademais, afere-se a temperatura e pressão atmosférica nas condições ambientes com
o auxílio de um barômetro.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
[EXEMPLO]

Utilizando-se da equação da Primeira Lei da Termodinâmica U= dq + dw e


sabendo-se que o trabalho de expansão é dado por – pdv e dq = 0 (sistema adiabático),
em que U, q, w, p e v representam respectivamente Energia Interna do sistema, calor,
trabalho, pressão e volume, tem-se a equação (8).

U = -pdv Equação 8

A variável pressão (p) pode ser dada por p = n R T / n (equação dos gases ideais),
em que n, R, T representam número de mol, constante universal dos gases e temperatura,
respectivamente. A variável U também pode ser dada pelo produto nCv,mDt. Assim,
obtém-se a equação 9:
− 𝑛𝑅𝑇𝑑𝑣
𝑛 𝐶𝑣, 𝑚 𝑑𝑇 = ∫ Equação 9
𝑣

Integrando os termos da equação no intervalo de T1 a T2 para o primeiro termo e


V1 e V2 para o segundo termo da igualdade, e substituindo T1/T2 por P2v2/P1v1, obtém-
se a equação 10:

𝑃2 𝑣2 𝑣2
𝐶𝑣, 𝑚 𝑙𝑛 + 𝐶𝑣, 𝑚 𝑙𝑛 = −𝑅 ln Equação 10
𝑃1 𝑣1 𝑣1

Por fim, utilizando a equação 10, sabendo-se que Cp, m = Cv, m + R e substituindo
v2/v1 por P1/P3 em que T1 e T2 são iguais, a equação a qual permite calcular a razão
entre as capacidades caloríficas molares do gás é dada pela equação 11:
𝐶𝑝, 𝑚 𝑃1 𝑃1
= ln ÷ ln Equação 11
𝐶𝑣, 𝑚 𝑃2 𝑃3

A pressão denominada por P1 deve ser medida após a inserção do gás no


recipiente e seu valor calculado considerando a diferença da coluna de água à pressão
atmosférica (P2) por se tratar de um manômetro de tubo aberto. A medida de pressão P3
é fornecida quando a tampa do recipiente é aberta por alguns segundos (expansão
adiabática reversível), situação emq eu o gás cai momentaneamente para o valor da
pressão atmosférica, e é calculada pelo valor da diferença apresentando na coluna de água
também adicionando ao valor da pressão atmosférica por se tratar de um manômetro de
tubo aberto. Os valores para cada pressão, já convertidos em mmHg considerando
temperatura ambiente igual a 25°C, em duplicata, são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1- Valores das diferenças na coluna de água e valores de pressão (mmHg) a 25°C,
em que ρ H2O = 0,997 g.cm-3 e ρHg = 13,534 g.cm-3

Medida P1/mmHgH2O P1/mmHg P3/mmH2O P3/mmHg

1 575 730,1688 149 698,7853

2 528 726,7063 141 698,1960

Utilizando a equação 11 e os dados da Tabela 1, é possível calcular os valores para


a razão entre as capacidades caloríficas molares do gás. Na medida 1, o valor calculado é
de 1,36; e para a medida 2, o valor calculado é de 1,37. Fazendo-se a média aritmética
destes valores (1,36 + 1,37 / 2), o valor obtido para a razão entre capacidades caloríficas
referente à gases diatômicos. Este resultado se justifica pela utilização do gás atmosférico
no experimento, o qual é composto em grande parte por gases diatômicos. Considerando
o ar atmosférico de composição sem partículas suspensas, vapor d’água ou gases variáveis
em pequenas quantidades, a porcentagem de N2 representa 78,08% e O2 20,95%, as quais
somadas representam 99% da composição do ar atmosférico. Com o valor obtido
experimentalmente (1,365) e sabendo-se o valor teórico (1,40), é possível calcular o erro
relativo por meio da equação 12:

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 − 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜


𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 = | | 𝑥 100% 𝐸𝑞. 12
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜

1,365 − 1,40
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 = | | 𝑥 100% = 2,5%
1,40

Sabendo-se que o sinal negativo obtido no cálculo do erro relativo apenas


representa que o valor experimental é menor que o valor teórico o valor encontrado de
erro relativo igual a 2,5% está dentro da faixa aceitável de até 10% de erro.
5. CONCLUSÃO
Por meio deste experimento, é possível concluir que o gás em estudo, adquire de
forma significativa valores semelhantes à razão entre as capacidades caloríficas esperadas
para gases de natureza diatômicas e que remete a ideia de que o ar atmosférico contém
grandes quantidades desta natureza (aproximadamente 99%). O valor da razão calculada
é de 1,365; valor muito próximo do teórico, apresentando erro relativo aceitável de 2,5%.
Este pequeno erro pode estar relacionado a erros experimentais ou arredondamento nos
cálculos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APARICIO, R. Primeira Lei da termodinâmica- Entalpia/Calorimetria, 2009.
Disponível em http://www.labec.iqm.unicamp.br/cursos/QG107/aula4_4x.pdf>.

ATINKINS, P.; PAULA, J. Físico-Química. LTC-Rio de Janeiro, v. 1, 9 ed, 2012

ESALQ-USP. O processo adiabático. Disponível em


<http://www.leb.esalq.usp.br/aulas/lecel1302/termodinamica3.pdf>.

KNIGTH, R. D. Física: Uma abordagem estratégica. Bookman – São Paulo, v. 2, 2 ed,


2008, p. 392

Material Didático UFPA, Termodinâmica, Disponível em


http://www2.ufpa.br/quimdist/Livros/Qu%EDmia%20Geral%20Def%20PDF/Cap%EDt
ulo%20VI%20Termodin%E2mica.pdf>.

RUSSEL, J. R. Química Geral, v.1 Disponível em


<http://www.academia.edu/4300295/Quimica_Geral_1_-_Russel>.

SILVA, M. A. Princípios da termodinâmica, 2008. Disponível em: <http://


www.brasilescola.com/fisica/principio-termodinamica.htm>.
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PRÁTICA 3 – DETERMINAÇÃO DA CONDUTÂNCIA MOLAR DE SOLUÇÃO


AQUOSA DE ÁCIDO ACÉTICO E ÁCIDO CLORÍDRICO EM DIFERENTES
CONCENTRAÇÕES

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1. INTRODUÇÃO

A condutividade elétrica é usada para especificar o caráter elétrico de um material, ou


seja, é indicativa da facilidade com a qual um material é capaz de conduzir uma corrente
elétrica. Medidas de condutância elétrica, feita pelos condutivímetros, permitem
diferenciar eletrólitos fracos e eletrólitos fortes, ressaltando que eletrólito é toda a
substância que dissociada ou ionizada origina íons positivos e negativos, pela adição de
um solvente ou aquecimento, tornando-se um condutor de eletricidade.

A condutividade elétrica em sólidos tem analogia com a condutividade em solução.


Em ambos os casos ela é dependente da natureza do condutor, do comprimento e da área
exposta, embora os mecanismos de condução sejam explicados de maneira diferente.
Desse modo, a resistência R, de um condutor uniforme é proporcional ao comprimento l
do material e inversamente proporcional a área de seção transversal A do condutor,
conforme mostra a equação 1:

Equação 1

A constante da substância ρ (Ω m), é conhecida como resistividade, ou ainda


resistência específica. A grandeza κ (S m-1) é a condutividade, ou condutância específica,
e corresponde ao inverso da resistividade. A condutividade para uma solução de
eletrólitos, κ, é dada pela equação 2. Normalmente usa ρ para condutores metálicos e κ
para soluções de eletrólitos. A grandeza L (S) é chamada de condutância.

Equação 2

Em que, y= l/A é a constante da célula condutométrica, e dependente da instrumentação


utilizada.

A partir da equação 2, pode-se obter a condutância de uma solução, L = κ / y,


sendo necessário conhecer tanto a condutividade medida, κ, como a constante da célula
condutométrica; que normalmente já é determinada pelo fabricante e pode ser encontrada
no manual do aparelho. No entanto, com o tempo seu valor pode mudar ligeiramente
devido a impurezas adsorvidas nos eletrodos e deve ser verificada sempre que for usada².
Em soluções, faz-se necessário corrigir a condutividade observada, κobs , por meio

da subtração da condutividade do solvente, κsolv, de forma que:

κcorr = κobs − κsolv , Equação 3

Em que, κsolv é a condutividade da água destilada usada para preparar as soluções.

A condutividade não é a melhor grandeza para se comparar os eletrólitos devido


a forte dependência da concentração dos mesmos (mais acentuada no caso dos eletrólitos
fortes), como mostra a figura 1:

Figura 1: Condutividade molar variando com a concentração

Para este propósito é melhor determinar a condutividade molar (Λm), Eq. 4;

Λm = κcorr /c Equação 4

Em que, C representa a concentração do soluto iônico.

A condutividade basicamente aumenta com a concentração devido ao aumento do


número de íons em solução. Tanto para eletrólitos fortes como para os fracos, a medida
que a solução se torna cada vez mais diluída, a condutividade molar aproxima-se de um
valor limite, Λ∞, chamado de condutividade a diluição infinita. A dependência da
concentração com a condutividade molar em eletrólitos fortes é definida pela lei de
Kohlrausch, determinada empiricamente, de acordo com a Eq. 5:
Equação 5

Em que, E é um coeficiente experimental com dimensão de S (cm7 mol3).

De acordo com essa lei, que é válida apenas para soluções infinitamente diluídas,
ajustando-se os pontos experimentais em um gráfico da condutividade molar versus a raiz
quadrada da concentração, determina-se pelo coeficiente linear o valor da condutividade
a diluição infinita, e a partir do coeficiente angular o valor da constante E. A lei de
Kohlrausch, também afirma que em diluição infinita, a dissociação do eletrólito é
completa e, portanto, cada íon liberado contribui para a condutividade do eletrólito; ou
seja, é a soma algébrica da condutividade a diluição infinita dos seus constituintes iônicos.
Com o aumento da concentração da solução, a lei torna-se inaplicável por causa do
aumento nas interações entre os íons, bem como outros motivos.

Os eletrólitos fracos não se dissociam completamente e possuem condutividade


menor do que eletrólitos fortes. Com o aumento da concentração o equilíbrio de
dissociação é deslocado na direção das moléculas não dissociadas. O grau de dissociação,
, de eletrólitos fracos é definido a partir do quociente da condutividade molar dividido
pela condutividade molar a diluição infinita, equação 6:

Equação 6

A constante de dissociação ácida, Ka (mol cm-3), de um ácido fraco é definida pela da lei
da diluição de Ostwald, conforme mostra a equação 7:

Equação 7

O valor limite da condutividade molar de eletrólitos fracos à diluição infinita (Λ∞)


é atingido a concentrações extremamente baixas não sendo possível fazer medidas exatas
nestas concentrações. Assim, Λ∞ não pode ser obtida pelas curvas extrapoladas a partir
dos gráficos de Λm versus c1/2, para eletrólitos fracos. Nestes casos, a partir da equação 8,
obtém uma expressão linear entre o inverso da condutividade, o produto da condutividade
molar e a concentração de eletrólitos fracos:
Equação 8

Construindo um gráfico, através dessa expressão, utilizando 1/Λm versus Λmc,


conclui-se que a condutividade molar a diluição infinita, Λ∞, pode ser obtida analisando
o coeficiente linear da reta igual a 1/ Λ∞. E também a determinação do Ka pode ser feita
através do coeficiente angular da reta; 1/Ka(Λ∞)2 .

2. OBJETIVOS

Os objetivos do presente experimento são: utilização adequada do condutivímetro de


bancada; determinação da condutância molar do eletrólito fraco (ácido acético) e do
eletrólito forte (ácido clorídrico); verificar se os dados experimentais seguem as leis de
Ostwald e de Kohlrausch respectivamente, através da verificação do comportamento
gráfico desses dados; e calcular o grau de ionização do ácido acético.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.1 MATERIAIS
 14 balões volumétricos de 100 ml
 Solução de ácido acético 1 mol/L
 Solução de ácido clorídrico 1 mol/L
 Água deionizada
 2 Becker de 50 ml
 Pipetas graduadas de 1, 5, 10, 25 ml
 Condutivímetro
 Papel toalha

3.2 METODOLOGIA

Primeiramente, deve-se preparar 50 mL de soluções de ácido acético e 50 mL de ácido


clorídrico em variadas concentrações (0,5, 0,1, 0,05, 0,01, 0,005, 0,001 mol/L) a partir da
diluição da solução concentrada (1 M). Ademais, medir a condutância específica de todas
as soluções de ácido acético e ácido clorídrico, utilizando-se o condutivímetro de
bancada. Assim deve-se registrar os respectivos valores obtidos para cada uma das
medidas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

[EXEMPLO]

Conforme descrito anteriormente, Friedrich Kohlrausch e colaboradores


determinaram que em baixas concentrações as condutividades molares dos eletrólitos
fortes variam linearmente com a raiz quadrada da concentração, seguindo então a Lei de
Kohlrausch apresentada a seguir:

m = °m – K.c1/2

Sendo assim, plotou-se o gráfico de m em função da c1/2 a partir dos dados


experimentais registrados na Tabela 1 apresentada a seguir:

Tabela 1 - Dados experimentais obtidos para as soluções de ácido clorídrico.

Solução 1 2 3 4 5 6 7
Concentração/ mol L-1 0,001 0,005 0,01 0,05 0,1 0,5 1,0
Concentração/ mol.cm-3 1,0x10-6 5,0x10-6 1,0x10-5 5,0x10-5 1,0x10-4 5,0x10-4 1,0x10-3
c1/2 x 10-3 1,0 2,24 3,16 7,07 10,0 22,4 31,6
Condutividade do
Eletrólito 0,095 0,243 0,538 2,55 5,08 25,17 39,22
K x 10-3 / S.cm-1
Temperatura T / °C 22,9 23,4 22,9 23,0 23,0 22,9 22,6
Condutividade Molar
m/ S mol-1 cm2 95,5 48,6 53,79 51,0 50,8 50,34 39,22

 A unidade de concentração é convertida de mol.L-1 para mol.cm-3 considerando a


relação 1 L = 10³ cm³

Abaixo a Fig. 2 na qual está apresentado o gráfico m em função da c1/2:


100

90

80

-2
m / S.mol cm
70

-1 60

50

40

30
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030
1/2 1/2 -3/2
c / mol . cm

Figura 2 – Gráfico de Condutividade Molar (m) em função da c1/2

Analisando-se o gráfico acima apresentado é possível afirmar que o Ácido


Clorídrico (ácido forte) de fato obedece a Lei de Kohlrausch visto que é observada uma
relação linear no início do gráfico, ou seja, quando a concentração tende a zero (CHCl 
0). Como o ácido é forte sua constante de ionização é muito elevada de modo que um
pequeno aumento na concentração da solução já é suficiente para que haja a formação de
pares iônicos suficientes para fazer com que a condutividade atinja um comportamento
mais constante, ou seja, esteja mais limitada.

No gráfico ainda se observa alguns pontos que fazem com que o comportamento
não seja “tão semelhante” ao esperado, isso se deve ao fato de que o experimento é
realizado com soluções diluídas a partir de uma solução HCl 1 M preparada previamente
por um operador diferente (técnico do laboratório). É possível citar ainda como fonte de
erros a qualidade dos reagentes com os quais as soluções são preparadas encontravam-se
fora do prazo de validade, ou seja, apresentam qualidade e grau de pureza duvidosas, além
disso, a água deionizada apresentava condutividade além do limite esperado.

Os eletrólitos fracos não estão completamente ionizados em solução, de modo,


que há uma dependência acentuada entre a concentração e a condutividade molar que
provém do deslocamento do seguinte equilíbrio de dissociação:

HA(aq) + H2O(l) ↔ H3O+(aq) + A-(aq)


A condutividade depende do número de íons em solução, ou seja, mais
especificamente do grau de ionização α do eletrólito, de modo que no equilíbrio defini-se
que, para o ácido há como molaridade c tem-se:

Ignorando os coeficientes de atividade, a constate de dissociação do ácido, Ka, é dada


aproximadamente por

Equação 9

de onde segue:

Equação 10

O ácido está completamente desprotonado na diluição infinita, e sua condutividade


molar é então °m. Como somente a fração α está realmente presente como íons numa
solução real, a condutividade molar medida °m é dada por:

Equação 11

De posse de Ka, as Equações 2 e 3 levam à dependência entre a condutividade molar


e a concentração. Pode-se usar, com mais proveito, a dependência entre °m e a
concentrações nas medidas da condutividade molar limite. Inicialmente reordena-se a
Equação 1 da seguinte forma:

Equação 9.1

Então utilizando a Equação 3, obtém-se a Lei da Diluição de Ostwald :


A partir dessa equação plotou-se o gráfico de 1/m em função m x conc afim de
verificar se o ácido acético segue a Lei de Ostwald. Os dados experimentais utilizados
para a construção do presente gráfico encontram-se registrados na Tabela 2:

Tabela 2 - Dados experimentais obtidos para as soluções de ácido acético.

Solução 1 2 3 4 5 6 7
Concentração/ mol L-1 0,001 0,005 0,01 0,05 0,1 0,5 1,0
Concentração/ mol.cm-3 1,0x10-6 5,0x10-6 1,0x10-5 5,0x10-5 1,0x10-4 5,0x10-4 1,0x10-3
Condutividade do
Eletrólito 64,8 97,55 138,9 326,9 470,3 1025 1358
K x10-6 / S.cm-1
Temperatura T / °C 22,6 22,4 22,6 22,4 22,5 22,6 22,6
Condutividade Molar
m/ S mol-1 cm2 64,8 19,51 13,89 6,538 4,703 2,05 1,358
1/m /
S-1 mol cm-2 0,0154 0,0512 0,0720 0,1530 0,2126 0,4878 0,7364

 Nesse caso, sabendo-se que m = K/c, tem-se que m.c = K.

Figura 3 – Gráfico do inverso da Condutividade Molar (1/m) em função de m x conc.

0,8

B
Data4B
2
Cond. Molar / S . mol. cm

0,6
-1

0,4
-1

0,2

0,0

0 2 4 6 8 10 12 14
-4 -1
Cond. Molar x Conc.. 10 / S.cm
A equação de reta obtida a partir da linearização dos pontos do gráfico é:

Y = -0,016 + 529,015X

r = 0,9959

De acordo com o observado é possível afirmar que nesse caso há uma relação linear
entre o inverso da Condutividade Molar (1/m) e a m x conc para os dados experimentais
coletados, podendo afirmar que o ácido acético segue a Lei de Ostwald.

Considerando-se a análise física dos coeficientes da equação de reta obtida da


linearização dos dados experimentais e sabendo-se que a condutância a diluição infinita
(o) do ácido acético é 390 S mol-1 cm2 calcula-se o Ka do ácido acético:
1/(Ka . o2) = 529,015
Ka = 1/(529,015 . 390²)
Ka = 1,24x10-8
Utilizando-se a Eq. 1 calcula-se o grau de ionização do ácido acético,
considerando a solução 1 M:

Ka = α² . c/ (1 – α)

1,24x10-8 = α² . (1,0x10-3)/(1 – α)

Resolvendo a equação do 2º grau resultante do rearranjo da equação acima


temos:

α = 0,35 %

No gráfico ainda se observa que o erro é considerável visto que o Ka calculado


em relação ao Ka teórico para o ácido acético (1,8x10-5), isso se deve ao fato de que o
experimento é realizado com soluções diluídas a partir de uma solução HAc 1 M
preparada previamente por um operador diferente (técnico do laboratório). É possível
citar ainda como fonte de erros a qualidade dos reagentes com os quais as soluções são
preparadas encontravam-se fora do prazo de validade, ou seja, apresentam qualidade e
grau de pureza duvidosas, além disso, a água deionizada apresentava condutividade além
do limite esperado. Vale considerar ainda a variação da temperatura que pode ter afetado
nos dois casos as medidas de condutividade, obviamente que não de forma considerável
visto que a variação é pequena conforme registrado nas Tabelas 1 e 2.

5 CONCLUSÃO

Com a realização do experimento, deve-se ter como aprendizado utilizar corretamente


o condutivímetro. Assim, a partir dos dados coletados referentes às condutâncias molares,
o comportamento dos ácidos clorídrico e acético se ajustam as Leis de Kohlrausch e de
Ostwald, respectivamente. Além disso, o valor do Ka (1,24x10-8) e grau de ionização (α
= 0,35 %) do ácido acético puderam ser calculados. Os erros associados ao experimento
devem-se a fatores que não puderam ser controlados pelos operadores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, P. W.; JONESL. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e


o Meio ambiente, 5 ed., Rio Grande do Sul: Bookman, 2010, p. 74

ATKINS, Peter; PAULA, Físico-Química. Vol. 1. Rio de Janeiro: LTC, 2008, Cap. 21,
189.

CHANG, R. Físico Química para ciências químicas e biológicas, v.1, 3 ed. São Paulo:
McGrawHil, 2010, p. 250

PILLING, S. Determinação da condutividade de eletrólitos fortes e fracos e da


constante de dissociação de ácidos fracos (ex. ácido acético). Disponível em:
<http://www1.univap.br/spilling/FQE2/FQE2_EXP7_Eletrolitos.pdf>.

QG 100 – QUÍMICA – Aulas Práticas. Disponível em:


http://www.iqm.unicamp.br/graduacao/guima/QG100/qg10001sem09.pdf>.

Relatório de Aula Prática de Condutometria. Disponível em:


<http://www.ebah.com.br/content/ABAAABcKoAA/condutometria
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE QUÍMICA
GQB044 – FÍSICO QUÍMICA EXPERIMENTAL

PRÁTICA 4
DETERMINAÇÃO DE VOLUMES PARCIAIS MOLARES

UBERLÂNDIA – MG
1. INTRODUÇÃO

As propriedades extensivas de uma mistura, ou seja, propriedades que dependem da


extensão do sistema, geralmente são consideradas como funções de temperatura, pressão
e quantidade de matéria. Porém, se estas propriedades, tais como volume, entropia,
energia de Gibbs, etc., forem considerados à temperatura e pressão constantes, estas
dependerão apenas da quantidade de matéria. Por fim, se estas propriedades forem
expressas como uma quantidade molar, elas então se tornarão propriedades intensivas
(não dependem da extensão do sistema). Em uma solução, a qual por definição possui
pelo menos dois componentes, o mesmo não pode ser levado em consideração apenas
quantidades molares, em vez disso, torna-se mais adequado empregar as quantidades
molares parciais.
A grandeza parcial molar é definida como a contribuição (por mol) que uma
substância faz a uma propriedade total da mistura, este conceito é muito importante no
estudo de sistemas homogêneos, uma vez que traduz a variação duma determinada
propriedade com a temperatura, pressão e a composição de outros componentes da
mistura constantes.
Quando se estuda misturas de gases fala-se sobre pressões parciais, que é a
contribuição para a pressão total de um componente da mistura gasosa. Quando se estuda
soluções líquidas, outras quantidades molares parciais são importantes, como, por
exemplo, a energia de Gibbs molar parcial ou volume molar parcial.
A grandeza parcial molar mais fácil de visualização é o volume parcial molar, a
contribuição que um componente faz ao volume total da uma amostra, ou seja, o volume
parcial molar é definido como a variação do volume total da mistura quando se adiciona
1 mol de uma substância à um grande excesso de mistura.
O volume parcial molar, Vj de uma substância J numa certa composição é:

Eq. 1

onde nJ é o número de mols do componente J e n significa que o número de mols de todos


os componentes da solução da mistura permanecem constantes.
Os volumes parciais molares dos componentes de uma mistura variam de acordo
com a composição, pois as vizinhanças de cada tipo de molécula se alteram a medida que
a composição passa de A puro para a de B puro. É a modificação do ambiente de cada
molécula, e, portanto, das forças que atuam entre as moléculas, a responsável pela varia
das propriedades de uma mistura em função de sua composição.
Devido às interações moleculares, a medida do volume total, resultante da mistura
de dois líquidos reais (ex.: etanol e água), desvia do volume total calculado a partir dos
volumes das espécies individuais (contração de volume). Para descrever este
comportamento não ideal da mistura, se define quantidades parciais molares (das
propriedades extensivas da matéria, inclusive volume), como parâmetros dependentes da
composição (relação de interações com vizinhos mais próximos). Estes valores podem
ser determinados experimentalmente.
Em uma mistura ideal, o volume (Vid) e o volume molar médio ( ) da mistura
dos componentes A e B (mistura binária), independe do tamanho do sistema e pode ser
determinado se a composição (XA e XB) e o volume molar dos componentes puros (VA e
VB) são conhecidos. A expressão que descreve estes parâmetros é descrita na equação a
seguir e representa a característica de misturas ideais, ou seja, misturas onde as interações
moleculares são desprezíveis:

vid
Vid   VA x A  VB xB Eq. 2
nA  nB

As componentes A e B podem ser calculadas se suas composições


quantitativamente são conhecidas:

Eq. 3

A Eq. 2, entretanto, perde validade quando misturas reais estão envolvidas (ex.:
etanol-água). Para estes casos os volumes reais da mistura (Vr e ) desviam dos valores
ideais devido ao volume de contração que ocorre na mistura. Assim, os volumes Vr e V̅r
da mistura real podem ser calculados se os volumes ideais dos componentes A e B puros
são trocados pelos volumes parciais molares VA e VB onde:
Eq. 4

Quando a composição varia por adição de dnA moles de A e dnB moles de B, o


volume total da mistura varia da seguinte forma: [1,6]

Eq. 5
O volume parcial molar de uma substância é o coeficiente angular da curva do
volume total da mistura contra a composição.

Figura 1 – Curva do volume total de amostra contra a composição.

Em geral, as grandezas parciais molares variam com a composição, como


mostram os coeficientes angulares diferentes nos pontos a e b. Observe na Fig. 1 que o
volume parcial molar em b é negativo: o volume total da amostra diminui com a adição
de A.
Se os volumes parciais molares se mantiverem constantes à medida que aumenta
o volume (mantendo a composição constante), o volume final pode ser calculado pela
integração:

Eq. 6
Embora seja considerado as duas integrações como dependentes, como V é uma
função de estado, o resultado final na Eq. 6 é válido, independente de como a solução é
preparada na realidade.
Caso sejam conhecidos o volume real médio da mistura pode ser calculado pela
equação abaixo:

Eq. 7

A diferença entre os volumes molares real ideal define a variação média de volume
molar de mistura (  M V ). O volume molar médio da mistura (  M V ) é uma medida
intensiva do desvio do comportamento ideal da mistura (volume de excesso), podendo
ser representado pela seguinte equação:

Eq. 8

Assim, de acordo com as equações adequadas para ( V A e V B ), os volumes


parciais molares do etanol (A) e da água (B), para composições específicas (XA e XB) são
obtidos através dos valores medidos de (  M V ), conhecidos os volumes molares das

substâncias puras e o quociente diferencial d(  M V )/dXA.


Volumes parciais molares podem ser medidos de diversas maneiras. Um dos
métodos consiste em medir a dependência entre o volume e a composição e ajustar o
volume observado a uma função de número de mols de um dos componentes. Uma vez
que a função seja encontrada, seu coeficiente angular pode ser determinado em qualquer
composição de interesse fazendo-se a derivada.
Figura 1 – Curva do volume parcial molar expresso por ajuste de um polinômio.

Através da medição dos volumes parciais molares temos que:


 A medição experimental da variação do volume com a composição da mistura
 O ajuste de uma função (normalmente um polinómio) que se ajusta bem à curva
experimental.
 A função pode ser derivada em qualquer ponto de modo a poder determinar o
volume parcial molar de um componente para qualquer composição da mistura.
Assim, apesar de os volumes totais serem sempre positivos, os volumes parciais
molares podem ser negativos.

2. OBJETIVOS

Os objetivos do presente experimento é medir as densidades de diferentes misturas


(etanol-água) de composições especificadas através do picnômetro de Weld, numa
temperatura fixa. Através dos valores obtidos, calcular os volumes reais, como também
os volumes molares médios de mistura, das misturas etanol-água investigadas, e os
volumes parciais molares de ambos componentes para as composições selecionadas e
então compará-los com os volumes molares das substâncias puras a 20oC. Usando uma
mistura desejável, investigar a validade de determinados volumes parciais molares
comparando o volume calculado desta mistura com o volume medido.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 MATERIAIS
 Álcool etílico absoluto PA;
 Água destilada;
 Micropipeta
 2 pipetas graduadas de 10 ml
 2 béqueres de 250 ml
 9 frascos de vidro com tampa cap. 100 ml
 1 Picnômetro de 10 ml
 Pêra de borracha
 Balança
 Papel toalha
 Termômetro de vidro escala de 10° a 110°

3.2 METODOLOGIA

Parte 1 – Calibração do Picnômetro com água destilada


Primeiramente, calibre o picnômetro de 25,0 mL, pesando-se a massa de sua
capacidade volumétrica de água, cuja densidade é conhecida.

Parte 2 - Preparação das misturas água/álcool e determinação dos volumes


parciais molares

Ademais, prepare misturas de etanol-água (como mostrada da tabela 1), adicionando-


se cuidadosamente com uma pipeta (de Pasteur) gota a gota em um frasco com tampa
(tarado) o primeiro componente (água), até atingir a massa desejada (anotou-se). Após
zerar a balança, adicione o segundo componente (etanol) no mesmo frasco, até atingir o
peso desejado, e tampe-o rapidamente.

Preencha até a marca do picnômetro, cada uma das misturas conhecidas e


posteriormente, pese o picnômetro tomando o cuidado de verificar o volume e secando-o
exteriormente. Através das diferenças de peso é possível determinar a massa do volume
da mistura.

Tabela 1 – Massas de água e etanol pesadas


Frasco mágua / g metanol / g

1 1,420 30,630

2 2,974 29,447

3 4,752 27,968

4 6,966 26,321

5 9,705 24,194

6 12,653 21,724

7 16,964 18,386

8 22,198 14,187

9 29,437 8,369

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

[EXEMPLO]

Parte 1 – Calibração do Picnômetro com água destilada


Nessa etapa do procedimento realiza-se a calibração de um picnômetro de 25,0
ml com água destilada para obter-se o seu volume real a 25°C, de modo que o efetua-se
o cálculo utilizando a Equação 9 e considerando a densidade da água nessa temperatura
como sendo 0,99 g.cm-3 .

ρ = m/vreal
vreal = ρ . m Eq. 9
vreal = .
vreal = 27,933 cm-3= 27,933mL
Parte 2 – Preparação das misturas água/álcool e Determinação das Frações
Molares Parciais
As massas de álcool, água e da mistura total utilizadas para preparar as soluções
álcool/água encontram-se apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2 – Massas de álcool, água e da mistura total utilizadas na preparação das


soluções.
Frasco mágua / g metanol / g mmistura / g

1 1,420 30,630 32,05

2 2,974 29,447 32,421

3 4,752 27,968 32,72

4 6,966 26,321 33,287

5 9,705 24,194 33,899

6 12,653 21,724 34,377

7 16,964 18,386 35,35

8 22,198 14,187 36,385

9 29,437 8,369 37,806

Sabendo-se que a massa molar de cada componente é: MH2O = 18,02 g.mol-1 e MEtOH
= 46,08 g.mol-1, calcula-se o número de mols para cada um dos componentes da mistura,
por meio da Equação 10, e também o número de mols total de cada mistura. Esses valores
estão apresentados na Tabela 3.

Nº de mols = Massa /Massa Molar Eq. 10

Tabela 3 – Número de mols de álcool, água e total para cada mistura


Frasco nágua / mol netanol / mol nmistura / mol

1 0,078822 0,664877 0,743699

2 0,165082 0,639198 0,80428


3 0,263775 0,607094 0,870869

4 0,386671 0,571343 0,958014

5 0,538708 0,525173 1,063881

6 0,702347 0,471557 1,173903

7 0,941643 0,3991 1,340743

8 1,232173 0,307953 1,540127

9 1,633998 0,181664 1,815661

A partir dos números de mols apresentados na Tabela 3, calcula-se as respectivas


frações molares utilizando-se a Equação 11 (em que A e B referem-se a um dos
componentes da mistura), de forma que os valores obtidos estão apresentados na Tabela
4.

XA = nº mols A/ nº mols (A+B) Eq. 11


Observação: XH2O + XEtOH = 1

Tabela 4 – Fração Molar de cada componente da mistura


Frasco XH2O XEtOH

1 0,105986 0,894014

2 0,205254 0,794746

3 0,302888 0,697112

4 0,403617 0,596383

5 0,506361 0,493639

6 0,5983 0,4017

7 0,702329 0,297671

8 0,800047 0,199953

9 0,899946 0,100054
Parte 3 – Determinação dos Volumes Molares Parciais
Após a pesagem e preparo de cada uma das soluções coloque-as no picnômetro
previamente calibrado e calcula-se a densidade de cada solução, de acordo com a Equação
12, e também o volume real de cada mistura a partir do volume real do picnômetro obtido
na Parte 1 dessa sessão, de acordo com a Equação 13. Esses dados de densidade e volume
real para cada uma das misturas estão apresentados na Tabela 5.

ρ solução = msolução/vreal picnômetro Eq. 12

vreal mistura = mmistura / ρsolução Eq. 13

Tabela 5 - Massas das soluções colocadas no interior do picnômetro e suas respectivas


densidades e volumes reais
Frasco msolução / g ρ solução / g.cm-3 vreal mistura / mL

1 22,245 0,796371 40,24504

2 22,640 0,810512 40,00062

3 23,029 0,824439 39,68761

4 23,472 0,840298 39,61333

5 23,994 0,858986 39,46399

6 24,506 0,877315 39,18432

7 25,229 0,903199 39,13868

8 26,011 0,931194 39,07348

9 26,790 0,959082 39,41892

Para se obter os valores dos respectivos volumes parciais molares, calcula-se


primeiramente os valores do volume real médio, por meio da Equação 7), o qual leva em
consideração as forças intermoleculares presentes na mistura (como por exemplo, ligação
de hidrogênio) e o volume molar ideal (Equação 14), sem levar em consideração as forças
intermoleculares, considerando-se apenas um volume aditivo, o qual perde sua validade
em misturas reais.
Eq. 14

Além disso, a variação do volume molar (volume molar médio) é uma medida
intensiva do desvio do comportamento ideal da mistura, podendo ser representado pela
Equação 8 ou de forma mais simplificada pela equação 15:

Eq. 14

Os valores para tais volumes calculados por meio das equações acima mencionadas
estão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 – Dados de volume real médio, volume molar ideal e variação do volume
molar
Frasco Vreal médio/ mL Videal / mL ΔmV / mL

1 54,11471 54,01593 0,098775

2 49,73472 50,02496 -0,29024

3 45,57242 46,09971 -0,52729

4 41,34944 42,04997 -0,70053

5 37,09438 37,91925 -0,82487

6 33,37951 34,22294 -0,84343

7 29,19179 30,04055 -0,84876

8 25,3703 26,11192 -0,74162

9 21,7105 22,09556 -0,38505

Comentários:
Com relação a contração de volume quando realizadas as misturas de água e etanol
vale salientar alguns pontos:
 No etanol puro, a interação intermolecular só tem a possibilidade de formarem um
tipo de par potencial, que é o par potencial etanol-etanol. Além das interações
intermoleculares, o etanol puro apresenta um determinado grau de
empacotamento das moléculas e uma determinada entropia, sendo esses três
parâmetros de análise dependentes da temperatura e da pressão sobre o sistema.
Os tipos de interações intermoleculares existentes nesse sistema são diversos e o
importante é que essas interações ocorrem com tal intensidade de modo a conferir,
juntamente com o empacotamento e a entropia, propriedades características ao
etanol, como sua densidade, por exemplo.
 Na água pura vale o mesmo raciocínio feito na análise do sistema contendo etanol
puro.
 Ao se acrescentar água no etanol, a dinâmica de ambas as substâncias puras
transforma-se na dinâmica de sua mistura, não mais homogênea no tipo de
moléculas. Nessa mistura, além da existência dos pares potenciais água-água e
etanol-etanol, um novo tipo de par potencial surge, o par potencial água-etanol. A
intensidade par potencial água-etanol é maior que dos pares água-água e etanol-
etanol. O surgimento de uma interação intermolecular mais intensa contribui para
a contração do sistema que ocorre juntamente com uma mudança no grau
empacotamento das moléculas. Deve-se salientar também, que há um aumento na
entropia do sistema quando comparado às substâncias puras, surgindo, por
exemplo, a entropia de mistura. Colocando-se numa "balança" os três parâmetros
comentados, e analisando-os antes e após mistura, conclui-se que os volumes não
são ADITIVOS, e que neste caso há uma contração do sistema.
 Além disso, vale salientar que essas mudanças nas interações intermoleculares
podem ser observadas experimentalmente, pois, ao se misturar água e etanol há
um aumento de temperatura do sistema, informando ao experimentador que
energia é liberada (processo exotérmico), em outras palavras, as interações que se
formaram, são mais intensas do que as que existiam antes.

Os valores representados na Tabela 7 referem-se aos valores obtidos


experimentalmente, no entanto, os valores teóricos dos volumes molares de cada mistura
podem ser encontrados pela Equação 15 (onde A referisse à componente água e E ao
etanol):
Vr = VA.XA + VE.XE Eq. 14
Onde, V e X referem-se ao volume molar parcial do componente e sua fração molar
na mistura. Enquanto os índices A e E correspondem, respectivamente, aos componentes
da mistura água e etanol.
Os volumes parciais molares de cada componente são também dependentes da
composição da mistura, ou seja, da fração molar em que se encontram na solução, assim,
para etanol e água podem ser obtidos pela equação de Gibbs-Duhem, Equação 15:
Vi = ΔmV – [dΔmV/dxi]. Xj + Vi,puro
Eq. 15
Os valores de volume molares das substâncias puras encontram-se apresentados na
Tabela 7.
Tabela 7 – Valores de Volumes Molares da Água e Etanol puros.
Componente da Mistura (20 °C) Vm,puro / mL.mol-1

Água 18,073

Etanol 58,277

Dessa forma, a partir dos valores de volume molares das substâncias puras e dos
volumes molares médios (ΔmV) é possível determinar os volumes molares parciais de
água e etanol para cada composição de mistura preparada. Para se determinar o
coeficiente diferencial dΔmV/dxi da equação 15, plota-se um gráfico do volume parcial
médio (ΔmV) em função da fração molar para cada componente conforme apresentado na
Figura 1.
Conforme será observado o comportamento observado é referente ao de uma
curva de equação polinomial, na qual se aplicando a derivada em relação à variável X
(fração molar) torna-se possível substituir o valor da derivada na equação 15 e se
encontrar o valor teórico para o volume molar parcial para cada componente, a equação
da curva corresponde a uma equação binomial, com forma genérica semelhante as
equações quadráticas e apresentadas na Equação 16.
y = ax² + bx + c Eq. 16

Com o intuito de encontrar os valores teóricos em relação ao etanol construiu-se o


gráfico da Figura 1:
Figura 1 - Gráfico do volume parcial molar médio da solução em função da fração
molar do etanol (Xetanol).
0,2

-1
Volume Parcial Molar Médio / cm³.mol
0,0

-0,2

-0,4

-0,6

-0,8

-1,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Fração Molar de Etanol XEtOH

Ao se construir o gráfico obteve-se a seguinte equação de ajuste polinomial:


y = 4,2313x2 - 3,5234x - 0,1345
r = 0,98427
Derivando-se a equação em relação a x, ou seja, determinando-se o termo dΔmV/dxi
da equação 15, tem-se:
y = 8,4626x – 3,5234

a) Volumes Molares Parciais da Água


Sendo x a fração molar de etanol na mistura, na equação de reta obtida a partir da
derivação da equação do ajuste polinomial, e substituindo-se cada um dos nove valores
encontrados para cada mistura é possível se calcular também os valores de cada derivada
e assim os valores teóricos de Vágua, onde a equação 15 pode ser reescrita da seguinte
forma:
Vágua = ΔmV – (8,4626Xetanol – 3,5234).Xetanol + Vágua,pura Eq. 15.1

Os valores da derivada do volume molar médio e dos volumes molares parciais de


água para cada uma das misturas encontram-se apresentados na Tabela 8.
Tabela 8 - Valores das derivadas e teóricos para o volume parcial molar da água de
acordo com a equação obtida.
Frasco dΔmV/dxetanol Vágua / mL

1 4,042281433 14,55792

2 3,20221672 15,23781

3 2,375983598 15,88938

4 1,523548401 16,46386

5 0,654066019 16,92526

6 -0,123974324 17,27937

7 -1,004331633 17,5232

8 -1,831275616 17,69755

9 -2,676685828 17,95576

b) Volumes Molares Parciais do Etanol


De forma análoga ao feito anteriormente substituindo-se cada um dos nove valores
encontrados para cada mistura é possível se calcular também os valores de cada derivada
e assim os valores teóricos de Vetanol, onde a equação 15 pode, ainda, ser reescrita da
seguinte forma:
Vetanol = ΔmV – (8,4626Xetanol – 3,5234).Xágua + Vetanol,puro Eq. 15.2

Os valores da derivada do volume molar médio e dos volumes molares parciais de


etanol para cada uma das misturas encontram-se apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 - Valores das derivadas e teóricos para o volume parcial molar do etanol de
acordo com a equação obtida.
Frasco dΔmV/dxetanol Vetanol / mL

1 4,042281433 57,94735
2 3,20221672 57,32949

3 2,375983598 57,03005

4 1,523548401 56,96154

5 0,654066019 57,12094

6 -0,123974324 57,50774

7 -1,004331633 58,13361

8 -1,831275616 59,00049

9 -2,676685828 60,30082

Construiu-se então, um gráfico dos volumes parciais molares de cada componente em


função das frações molares, figura 2:

Figura 2 - Comportamento dos volumes parciais molares (cm3.mol-1) em função

da fração molar de etanol.


60,5 18,0
Volume Molar Parcial de Etanol

Volume Molar Parcial de Água


60,0 17,5

59,5 17,0
-1

Água
(VH O) / cm³.mol
(VEtOH) / cm³.mol

59,0
2

16,5
58,5
16,0
58,0
15,5
-1

Etanol
57,5
15,0
57,0
14,5
56,5
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Fração Molar de Etanol , XEtOH

O comportamento teórico esperado com resultado do experimento encontra-se


apresentado na Figura 3.
Figura 3 - Comportamento teórico dos volumes parciais molares em função da fração
molar dos componentes.

Ambos gráficos apresentados nas Figuras 2 e 3 demonstram, conforme previsto pela


teoria, a variação do volume parcial com a composição da mistura, ou seja, apresentam a
dependência do volume parcial de cada componente com a sua respectiva fração molar
de forma que as variações destes volumes são resultados das mudanças de
empacotamento da solução e nas interações intermoleculares das moléculas no sistema
conforme comentado anteriormente.
Os erros experimentais estão associados a temperatura ambiente do laboratório acima
de 25°C, erros do operador durante a execução do experimento ou erros de calibração das
vidrarias, no entanto, os mesmos são praticamente desprezíveis dado a semelhante dos
resultados obtidos com as informações teóricas esperadas.

5. CONCLUSÃO

De forma conclusiva é possível afirmar que os objetivos do presente procedimento


podem ser alcançados de forma que é possível determinar os volumes reais e médios das
misturas de diferentes composições de etanol-água além dos volumes molares parciais.
No gráfico de volume parcial molar médio da solução em função da fração molar do
etanol pode ser observado que os pontos experimentais ajustaram adequadamente ao
ajuste polinomial realizado, bem como o gráfico de volumes parciais molares (cm3.mol-
1
) em função da fração molar que apresentou comportamento muito semelhante a o teórico
indicando que os resultados obtidos são satisfatórios e que os erros associados ao
experimento são pouco expressivos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

As Propriedades da mistura / (Aulas 18 a 21). Disponível em:


<http://rfreire.files.wordpress.com/2012/12/fq_aula-18-a-21-as-propriedades-das-
misturas.pdf>.

ATKINS, P.; PAULA, J. Físico-Química. Vol. 1. Rio de Janeiro: LTC, 2008, Cap. 5, 131
e 132.
Capítulo 5 – Misturas Simples. Disponível em:
<http://www.dep.uminho.pt/mcpaiva/pdfs/CPII/0607F08.pdf>.

CASTELLAN, G. Fundamentos de Físico-Química, Rio de Janeiro: LTC Editora, 2007,


p. 264

CHANG, R.; Fisíco-química, para ciências químicas e biológicas. v.3. p.56. 3ª ed.

Determinação de volumes parciais molares. Roteiro de Laboratório – Universidade


de Coimbra. Disponível em: < http://eq.uc.pt/~abel/TL_2-1.doc.
Físico Química II / Misturas Simples. Disponível em: <http://
www.quimica.ufpb.br/.../FQ2_Cap2%20(Misturas%20Simples)ppt
LIDE, D. R. Handbook of chemistry and physics, 73 ed. Boca Raton: CRC, 1992.

LIDE, D. R. Handbook of Chemistry and Physics. 74. ed. CRC Press, P. F5 e F7. 1998.

Prática de Termodinâmica: Volume Parcial Molar. Disponível em: <http://


enq.ufsc.br/disci/eqa5517/pratica_vpm.doc> Acesso em 18 julho 2013, 21:42.
Scientia Est Potentia – Álcool e Água. Disponível em: <http://francisco-
scientiaestpotentia.blogspot.com.br/2009/08/alcool-e-agua.html

SHOEMAKER, D.P.; GARLAND, C.W. & NIBLER, J.W. Experiments in Physical


Chemistry, 5th edition, MacGraw-Hill Book Company, Singapore, 1989.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE QUÍMICA

PRÁTICA 5
DETERMINAÇÃO DO CALOR DE NEUTRALIZAÇÃO.

UBERLÂNDIA – MG
1. INTRODUÇÃO

A matéria pode absorver ou transferir calor, a esse processo de troca térmica


(durante um processo químico ou físico), principal fonte de estudo da calorimetria, faz
com que ocorra uma variação de temperatura. Um caso especial se dá quando essas trocas
térmicas ocorrem à pressão constante, como por exemplo, em um frasco aberto. Essa
condição restringe a primeira lei da termodinâmica à Q p = ΔH, ou seja, a quantidade de
calor fornecida ao sistema é igual a variação de entalpia (desde que o sistema não efetue
trabalho além do de expansão).

A entalpia, H, de um sistema é a soma da energia interna, U, e da energia de


expansão, ou energia elástica, PV, como mostra a Equação 1:

H=U + PV Eq. 1

Quando as reações químicas se processam a pressão constante, os calores


envolvidos são iguais às variações das entalpias dessas reações. Para uma dada reação
química, a variação de entalpia, ΔH, é a diferença entre as entalpias dos produtos e dos
reagentes, de acordo com a Equação 2:

ΔH = ΣH produtos – ΣH reagentes Eq. 2

Independentemente dos caminhos percorridos pelos reagentes até a formação dos


produtos, a variação de entalpia deverá ser sempre a mesma.

As medidas de entalpia das reações são geralmente executadas através do emprego


de calorímetros, fornecem informações sobre a natureza química e especialmente sobre
as energias das ligações químicas. A utilização inversa das informações sobre as energias
das ligações permite, por outro lado, a previsão dos calores das reações.

A termoquímica, também chamada de termodinâmica química, estuda o calor


(energia) envolvido, seja absorvido ou produzido nas reações químicas e quaisquer
transformações físicas, tais como a fusão e a ebulição, baseando-se em princípios da
termodinâmica. A termoquímica, genericamente, é relacionada com a troca de energia
acompanhando transformações; diz respeito às mudanças de energia manifestadas como
“calor de reação” ou variação de entalpia, H. Uma reação na qual o calor é perdido pelos
reagentes para o meio ambiente, é dita exotérmica, onde ΔH é negativo; aquela onde o
calor é absorvido é chamada de endotérmica e o H é positivo.

A entalpia de neutralização é o calor produzido quando um ácido e uma base


reagem, em solução aquosa, para produzir um mol de água. Esse tipo de reação é sempre
exotérmico, ou seja, libera energia, pois parte da energia dos íons é utilizada para formar
as ligações, que formam as moléculas de água e a energia restante é liberada. Desse modo,
o valor da entalpia de neutralização será sempre negativo.

O valor da variação de entalpia ou calor de neutralização (∆H neutralização) será


sempre o mesmo para reações que ocorrem entre ácidos e bases fortes já que a ionização
dos ácidos e a dissociação das bases ocorrem de forma completa e isso significa que em
meio aquoso eles fornecem 100 % de íons H+ e OH-. Assim, a formação da água se dará
através da única reação responsável pela manifestação de calor, descrita abaixo:

A entalpia de neutralização pode ser representada graficamente, pela Figura 1:

Figura 1: Representação da entalpia de neutralização.

No entanto, se a reação de neutralização ocorre com a presença de uma base ou


de um ácido fracos, o valor do calor liberado será menor do que o ∆Hneutralização = -57,7
kJ. Isso ocorre porque parte da energia liberada é usada também para ionizar mais ácido,
ou para dissociar mais base.

A quantidade de calor liberado é determinada por simples medidas de massa e de


temperatura e utilizando o calor específico do vidro e da solução aquosa diluída. Mediante
o uso da equação 3:
Q = m . c . ΔT Eq. 3

Em que, Q é a quantidade de calor (cal), m é a massa (g), c é o calor específico e ΔT


a variação de temperatura (temperatura final - temperatura inicial).

2. OBJETIVOS

Os objetivos a capacidade do calorímetro e aplicar as técnicas experimentais simples


na determinação de do presente experimento são determinar parâmetros termodinâmicos
como o calor de reação que acompanham processos físicos e químicos.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 MATERIAIS
 Ácido clorídrico 1 mol/L
 Hidróxido de sódio 1 mol/L
 Água destilada à temperatura ambiente
 Água destilada gelada
 Frasco de Dewar
 Pipeta volumétrica de 50 mililitros
 Proveta de 50 mililitros
 Termopar
 Béquer de 250 mililitros
 Densímetros

3.2 METODOLOGIA

1º Parte - Determinação da Capacidade Calorífica do Calorímetro


Primeiramente, com auxílio de uma pipeta volumétrica, coloque no calorímetro
150,0 mL de água destilada à temperatura ambiente. Agite moderadamente o calorímetro.
Ademais, quando o calorímetro atingir o equilíbrio térmico, ou seja, a temperatura
manteve constante, anote a temperatura (T1).
Com uma pipeta volumétrica, mede-se 50,00 mL de água gelada, com a
temperatura rigorosamente conhecida (T2), e introduza a água gelada no calorímetro
rapidamente abrindo-se e fechando-se a tampa logo após a introdução. Agite a mistura e
anote a temperatura após ficar constante (Teq). Ademais, esvazie o calorímetro e repita o
procedimento por mais uma vez.

2º Parte - Determinação do Calor de Neutralização


Com um densímetro, mede-se a densidade das soluções de ácido e base. Com uma
pipeta volumétrica, adicione no calorímetro 150,0 mL de solução de hidróxido de Sódio
1,000 M (Fc = 0,895). Ademais, agite moderadamente o calorímetro e anote a temperatura
quando constante (TiNaOH).
Em seguida, mede-se e anota-se a temperatura da solução de ácido clorídrico 1,000
M (Fc = 1,030) (TiHCl). Coloque 50,00 mL da solução de ácido clorídrico no calorímetro,
abrindo-se e fechando-se rapidamente a tampa. Agite a mistura e anote a temperatura ao
ficar constante (Tf). Por fim, esvazie o calorímetro e repita o processo por mais uma vez.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

[EXEMPLO]

Alguns parâmetros importantes no tratamento de dados do experimento estão


apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Dados de parâmetros utilizados no tratamento dos dados experimentais.
Parâmetro Valor

ρH2O (25 °C) 0,9974205 g.cm-3

ρHCl (25 °C) 1,017 g.cm-3

ρNaOH (25 °C) 1,045 g.cm-3

cH2O 4,184 J.g-1.°C-1

ΔH° neutralização -55,9 KJ.mol-1

1º Parte - Determinação da Capacidade Calorífica do Calorímetro


Na primeira etapa do procedimento com o intuito de se obter o valor da capacidade
calorífica (Ccal) do calorímetro realizou-se medidas de temperatura da água, líquido com
densidade (ρH2O) e calor específico (cH2O) conhecidos e apresentados na Tabela 1, no
mesmo. As medidas de temperatura (T1, T2 e Tf) efetuadas durante essa 1ª parte da
execução do procedimento estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Medidas de temperatura para determinação da Capacidade Calorífica


do calorímetro
Temperatura / °C 1ª Medida 2ª Medida

T1 23,4 22,9

T2 9,0 13,0

Tf 20,7 20,9

Utilizando-se os dados de densidade da água 997,4205 Kg.m-3, 997,6575 Kg.m-3


e 999,7838 Kg.m-3, respectivamente, nas temperaturas de 23,4 °C, 22,9 °C e 21°C é
possível calcular a, mas de água utilizada tanto nas medidas de temperatura conforme
apresentado a seguir:

ρ = m/v
m = ρ.v
1ª Medida

H2O quente H2O fria

m = (997,4205 Kg.m-3).(150x10-6 m3) m = (999,7838 Kg.m-3).(50x10-6 m3)

m = 0,1496 Kg m = 0,0499 Kg

m = 149,6 g m = 49,9 g

2ª Medida

H2O quente H2O fria

m = (997,6575 Kg.m-3).(150x10-6 m3) m = (999,7838 Kg.m-3).(50x10-6 m3)

m = 0,1496 Kg m = 0,0499 Kg

m = 149,6 g m = 49,9 g
O calor produzido na reação é igual ao calor necessário para aumentar a temperatura
da solução e do calorímetro (considerando-se o calorímetro perfeitamente adiabático),
assim:
q reação = q solução + q calorímetro
Onde q é o calor específico dado por:
q = m.c (tf - ti)
Especificando-se cada termo se obtém a seguinte relação de temperatura, massa
e calor específico em relação à água:

1ª Medida
mH2O,q . cH2O .(Tf-T1) + mH2O,f . cH2O (Tf-T2) + Ccal (Tf-T1) = 0
(149,6g).(4,184 J.g-1.°C-1).(20,7°C-23,4°C) + 49,9g.(4,184 J.g-1.°C-1).(20,7°C -
9,0°C) + Ccal (20,7°C – 23,4°C) = 0
753,12 J = 2,7.Ccal
Ccal = 278,93 J.°C-1
2ª Medida
mH2O,q . cH2O .(Tf-T1) + mH2O,f . cH2O (Tf-T2) + Ccal (Tf-T1) = 0
(149,6g).(4,184 J.g-1.°C-1).(20,9°C-22,9°C) + 49,9g.(4,184 J.g-1.°C-1).(20,9°C -
13,0°C) + Ccal (20,9°C – 22,9°C) = 0
397,48 J = 2,0.Ccal
Ccal = 198,74 J.°C-1

2º Parte - Determinação do Calor de Neutralização


Na segunda parte do experimento é possível se obter o valor do ΔH de neutralização
já que o valor da capacidade calorífica do calorímetro é obtido experimentalmente na 1°
etapa do experimento.
As medidas de temperatura (T1 e Tf) efetuadas durante essa 2ª parte da execução do
procedimento estão apresentados na Tabela 3.
Tabela 3 – Medidas de temperatura para determinação do Calor de Neutralização
Temperatura / °C 1ª Medida 2ª Medida

Ti,NaOH 23,1 22,9

Ti,HCl 21,3 21,2

Tf 25,8 25,8

Assim como na primeira etapa é necessário se obter as massa de NaOH e HCl


utilizadas no experimento, as mesmas forma também obtidas a partir das respectivas
massas específicas:
Ácido Base

mNaOH = ρ.V mNaOH = ρ.V

mNaOH = (1,017g.ml-1) x (50 ml) mNaOH = (1,045g.ml-1) x (150 ml)

mNaOH = 50,85 g mNaOH = 156,75g

Para a reação de neutralização vale se observar que o calor cedido é igual ao calor
absorvido, de modo que:
q cedido + q absorvido= 0
qneut.+ mNaOH . CNaOH . (Tf-T1,NaOH) + MHCl . CHCl . (Tf-Ti,HCl) + Ccal . (Tf-Ti,NaOH) = 0
Vale considerar aqui que como as soluções utilizadas eram diluídas, considerou-se
que o valor do calor específico para o NaOH e HCl eram correspondentes ao da água,
então calculou-se:
1ª Medida
qneut. + 156,75 g.(4,184 J.g-1.°C-1).(25,8°C – 23,1°C) + 50,85g.(4,184 J.g-1.°C-1).
(25,8°C – 21,3°C) + 278,93 J.°C-1.(25,8°C - 23,1°C) = 0
qneut.= -3,48x10³ J
2ª Medida
qneut. + 156,75 g.(4,184 J.g-1.°C-1).(25,8°C – 22,9°C) + 50,85g.(4,184 J.g-1.°C-1).
(25,8°C – 21,2°C) + 278,93 J.°C-1.(25,8°C - 22,9°C) = 0
qneut.= -3,69x10³ J
O valor para a entalpia de neutralização é o valor molar do calor q de reação Sendo
assim, fez-se necessário o cálculo do reagente limitante da reação por meio da
estequiometria da mesma de forma que o valor de q pudesse ser dividido pelo número de
mols encontrando-se, consequentemente, o valor da entalpia.
Resumidamente escreve-se a reação de neutralização entre HCl e NaOH em
solução aquosa diluída da seguinte forma:

HCl(aq) + NaOH(aq)  NaCl(aq) + H2O(l) ΔH° = -55,90 KJ.mol-1

Observando-se o valor de entalpia da reação acima descrita pode-se afirmar que a


mesma é exotérmica (ΔH< 0), ou seja, ocorre com liberação de calor. O valor deste calor
obtido experimentalmente para 1 mol de ácido é o próprio ΔH de neutralização (variação
de entalpia de neutralização).
De acordo com o observado acima a estequiometria da reação é de 1 mol HCl : 1 mol
NaOH, de modo que as seguintes relações podem ser estabelecidas:
1 mol HCl  1 mol NaOH
36,56 g HCl  40,0 g NaOH
50,85 g HCl  X
X = 55,63 g NaOH

Conforme calculado acima utilizou-se 156,75g de NaOH sendo possível concluir que:
HCl é o Reagente Limitante e NaOH é o Reagente em Excesso. Desse modo calculou-
se o número de mols de ácido, utilizando sua concentração levando-se em consideração
o fator de correção obtido pelo técnico por meio de procedimento adequado antes da
execução do presente experimento:
Creal = C x Fc
Creal = 1,000 x 1,030
Creal = 1,030 mol.L-1
Desse modo é possível estabelecer as seguintes relações a fim de calclular o
número de mols de HCl:
1,030 mol HCl  1000 mL solução
Y  50 mL solução
Y = 0,0515 mol HCl
1ª Medida
ΔH°neut = qneut/n° mols
ΔH°neut = (-3,48x10³ J)/0,0515

ΔH°neut = -67,6 KJ.mol-1

2ª Medida
ΔH°neut = qneut/n° mols
ΔH°neut = (-3,69x10³ J)/0,0515

ΔH°neut = -71,7 KJ.mol-1

Afim de ponderar os valores de entalpia de neutralização obtidos efetuou-se a


média aritmética dos valores obtidos nas duas medidas:
ΔH°neut. médio = (ΔH°neut 1 + ΔH°neut 2)/2
ΔH°neut. médio = [(-67,6)+(-71,7)]/2

ΔH°neut. médio = -69,7 KJ.mol-1

Um fator que pode imediatamente ser observado é o sinal de negativo no


resultado encontrado, confirmando a exotermicidade da reação.
Sabendo-se que o valor tabelado da entalpia de neutralização desta reação igual a -
55,90 KJ.mol-1, é possível calcular o erro percentual relativo associado ao experimento:

Erro (%) = Valor Verdadeiro – Valor Experimental x 100


Valor Verdadeiro

Erro (%) = |(-55,9) – (-69,7)| x 100


(-55,9)

Erro (%) = 24,7 %

É possível observar que o erro experimental está acima do limite desejável de modo
que as possíveis fontes de erro estão associadas à utilização inadequada do calorímetro,
como por exemplo, a indevida vedação antes e após a adição dos reagentes, a necessidade
de rapidez durante a adição dos mesmos para que não se alterasse a temperatura de
estabilização do sistema e também a própria limitação do aparato experimental
(calorímetro) utilizado que não se encontrava nas condições ideais de uso.
Mais detalhadamente: a Lei Zero da Termodinâmica afirma que dois corpos em
contato durante certo tempo atingem o equilíbrio térmico. No entanto, isso apenas ocorre
de o sistema se encontrar termicamente isolado das vizinhanças, ou seja, é necessário que
o experimento seja realizado num adiabaticamente. Embora o calorímetro utilizado na
execução de tal procedimento se tratar de um bom isolante térmico é possível que tenha
ocorrido trocas de calor entre ele e o meio externo, e não somente com a água do seu
interior. Essa troca pode ter ocorrido devido a imperfeições intrínsecas do aparelho e
notadamente devido a falhas ao utilizá-lo. Sendo assim, aos valores obtidos não se
encontram contabilizadas essas trocas térmicas ocorridas entre o calorímetro e o meio
externo.

5. CONCLUSÃO

De maneira conclusiva deve-se afirmar que é possível determinar a capacidade


calorífica do calorímetro e o calor de neutralização da reação entre um ácido forte (HCl)
e uma base forte (NaOH). O valor obtido experimentalmente para o ΔH de neutralização
deve ser consideravelmente distante do valor esperado com um erro associado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, P. e PAULA, J. – Físico-Química. 7ª edição, LTC, Rio de Janeiro, 2003. V.


p.49
BROWN, T. L.; LEMAY, E.; BURTSTEN, B. E. Química: a ciência central. São
Paulo- Pearson Prentice Hall, 2005, p. 55

Determinação do calor de reação. Disponível em:


<http://www.qmc.ufsc.br/geral/Exp.Quimica5119/EXPERIENCIA3_efeitos_termicos.p
df >

Entalpia de neutralização. Disponível em:


<http://www.mundoeducacao.com.br/quimica/entalpia-neutralizacao.htm

Física e Vestibular. Disponível em:


<http://www.fisicaevestibular.com.br/termica5.htm>
Introdução à calorimetria. Determinação de calor de neutralização (reação ácido-
base) e calor de dissolução de sólidos. Verificação experimental da lei de Hess.
Disponível em: <http://www1.univap.br/spilling/FQE1/FQE1_EXP1_Termoquimica.pdf

LIDE, D. R. Handbook of Chemistry and Physics. 74. ed. CRC Press, P. F5 e F7. 1998.

Rangel, R. N. Práticas de Físico-Química. Edgard Blucher, São Paulo, 2006.


UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE QUÍMICA

PRÁTICA 6
DETERMINAÇÃO DO ABAIXAMENTO DO PONTO DE CONGELAMENTO.

UBERLÂNDIA – MG
1. INTRODUÇÃO

Propriedades coligativas, são propriedades das substâncias puras que são modificadas
quando se adiciona um soluto não volátil as mesmas. Essas propriedades, portanto, não
são explicadas pela natureza da substância, mas sim pela quantidade de suas moléculas,
partículas ou átomos. No entanto, tais propriedades incluem o abaixamento da pressão de
vapor, elevação do ponto de ebulição, abaixamento do ponto de congelamento e pressão
osmótica.
As propriedades coligativas compartilham a mesma origem: o abaixamento do
potencial químico µ do solvente líquido devido à adição do soluto (não volátil). A redução
do potencial químico é consequência da variação da entropia, uma vez que essa redução
ocorre mesmo quando a solução é ideal, na qual o ∆Hmistura = 0. Na ausência de soluto, o
solvente líquido puro apresenta uma entropia que reflete a desordem de suas moléculas e
a sua pressão de vapor reflete a tendência da solução em assumir uma entropia maior
(liquido → vapor). Quando o soluto é adicionado, há uma contribuição extra para a
entropia do líquido, uma vez que a entropia do líquido puro é maior do que a entropia do
líquido em solução, devido a menor tendência para passar para a fase vapor.

S°líquido > S líquido em solução, logo ↓Pvapor

Essa adição do soluto afeta também as temperaturas de ebulição, congelamento e


pressão osmótica.

O abaixamento do ponto de congelamento, uma propriedade coligativa, relaciona-


se ao fato da temperatura de congelamento de uma solução ser menor do que a do solvente
puro.

Para que um líquido mude do estado líquido para o sólido é necessário que a
pressão máxima de vapor na fase líquida seja igual à da fase sólida, desse modo se um
líquido puro está sendo resfriado e está se aproximando do seu ponto de congelamento e
nesse momento adiciona-se soluto à solução, as moléculas desse irão interagir e a pressão
de vapor do líquido irá abaixar, interrompendo a solidificação. Para conseguir solidifica-
la torna-se necessário diminuir ainda mais a temperatura. Quanto mais soluto conter a
solução, menor será seu ponto de solidificação, ou seja, essa depende apenas da
quantidade das espécies envolvidas. Matematicamente, esse abaixamento do ponto de
congelamento pode ser calculado pela seguinte expressão:
∆tc = Kc . C . i Eq. 1

Em que:

∆tc = variação da temperatura de congelamento;


Kc = constante crioscópica específica para cada solvente;
C = molalidade;
i = fator de Van’t Hoff (quantidade de partículas produzidas por fórmula de soluto).

O fator i pode ser expresso em função do coeficiente de dissociação do eletrólito


α, e da soma estequiométrica dos íons liberados na dissociação do eletrólito q, conforme
a Equação 2:

i = 1 + α(q-1) Eq. 2

O estudo da crioscopia é muito útil no cotidiano, sendo que algumas de suas


aplicações é a adição de aditivos e fluidos à água dos radiadores dos carros em países
muito frios para diminuir a temperatura de congelamento da água, evitando assim
prejuízos econômicos, pois pode danificar o motor do carro, aumentando os gastos com
manutenção de veículos.

2. OBJETIVOS

Os objetivos do presente experimento são determinar a diminuição no ponto de


congelamento da água pura e após adição de uma quantidade de um eletrólito forte (NaCl)
em diferentes concentrações, da sacarose e hidroquinona. Com esses valores, determinar
a Massa Molar dos solutos e o número de íons gerados em solução de eletrólito (fator de
van’t Hoff).

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 MATERIAIS
* Proveta de 50 ml
* Sal de cozinha
* Gelo picado
* Hidroquinona
* Sacarose
* Termostato
* Bastão de metal
* Ampolas de vidro
* Etanol
* Água destilada
* Recipiente de metal cilíndrico

3.2 METODOLOGIA

Para o experimento, utiliza-se um esquema experimental contendo dois frascos


cilíndricos envoltos por uma jaqueta externa refrigerante e contendo um termômetro, para
controle de temperatura.
Ao recipiente externo (jaqueta externa) que envolve os recipientes concêntricos
(frasco de congelamento + frasco cilíndrico) adicione gelo moído e sal (NaCl), com o
cuidado de se deixar um buraco cilíndrico pra que se pudesse inserir posteriormente a
jaqueta interna refrigerante. Preencha o frasco cilíndrico, que envolve o frasco de
congelamento, com 50,00 ml de etanol técnico, para que a transmissão de calor entre o
frasco mais interno (solvente/solução) e o mais externo (jaqueta refrigerante), fosse o
mais uniforme possível. Coloque 15,00 ml de água pura com auxílio de uma pipeta dentro
do tubo interno de amostra e insira o tubo interno contendo a amostra de água.

Quando a temperatura da amostra atingir -15oC e estabilizar, inicie o processo de


medida da temperatura, com auxílio de um termômetro da amostra (água) em função do
tempo de contato (intervalos aproximados de um minuto), até ser possível observar o
congelamento da água. Durante o processo de medida homogeneíze o líquido (água)
através de agitação mecânica para que houvesse um congelamento uniforme. Jogue fora
água congelada do tubo interno e lavou-se com o tudo com água destilada.

Repita o procedimento por quatro vezes adicionando-se no tubo interno 601 e 903 mg
de cloreto de sódio dissolvidos em 15,00 ml de água destilada e 602 mg de sacarose e 601
mg de hidroquinona também dissolvidos em 15 ml de água destilada obtendo-se e
anotando-se as leituras das diferentes temperaturas para cada uma das soluções
preparadas em intervalos de um minuto.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

[EXEMPLO]

O valor da temperatura de equilíbrio na jaqueta externa do experimento é -18 °C e a


mesma se manteve praticamente constante durante toda a execução do procedimento.
a. Discussão do comportamento da variação da temperatura com o tempo para
as diversas soluções
Os valores de temperatura medidos, até que a mesma se mantivesse constante, quando
se analisou o solvente puro (água destilada), as soluções de cloreto de sódio (601 e 903
mg), a solução de sacarose e a solução de hidroquinona encontram-se nas Tabelas 2, 3 e
4, 5, 6 e 7, respectivamente.
Uma consideração a ser feita é o fato de que a medida para o solvente é feita duas
vezes já que as medidas das soluções de NaCl é feita por um grupo (1) e das soluções de
sacarose e hidroquinona por outro grupo (2).

Tabela 2 - Dados da variação de temperatura em função do tempo para o solvente


puro (água destilada) – Grupo 1.
Tempo (t) / min Temperatura / °C

0 15

1 5

2 1

3 -1

4 -1

5 -1

6 -1

7 -1

8 -1

Tabela 3 - Dados da variação de temperatura em função do tempo para solução


contendo 601 mg de cloreto de sódio.
Tempo (t) / min Temperatura / °C

0 21

1 9

2 6

3 0

4 -3

5 -5

6 -4

7 -4

8 -4

Tabela 4 - Dados da variação de temperatura em função do tempo para solução


contendo 903 mg de cloreto de sódio.
Tempo (t) / min Temperatura / °C

0 15

1 7

2 2

3 -2

4 -4

5 -6

6 -5

7 -5

8 -5

Tabela 5 - Dados da variação de temperatura em função do tempo para o solvente


puro (água destilada). – Grupo 2
Tempo (t) / min Temperatura / °C

0 18,0

1 9,0

2 3,0

3 0,8

4 -0,1

5 0,0

6 0,0

7 0,0

8 -0,1

9 -0,6

Tabela 6 - Dados da variação de temperatura em função do tempo para para solução


contendo 602 mg de sacarose.
Tempo (t) / min Temperatura / °C

0 20,0

1 9,0

2 3,1

3 -0,2

4 -0,1

5 -0,2

6 -0,2

7 -0,2

8 -0,2

9 -0,2
Tabela 7 - Dados da variação de temperatura em função do tempo para solução
contendo 601 mg de hidroquinona.
Tempo (t) / min Temperatura / °C

0 18,5

1 7,0

2 2,5

3 -0,4

4 -0,6

5 -0,6

6 -0,6

7 -0,6

8 -0,6

9 -0,6

Com os valores de temperatura apresentadas nas tabelas acima plotou-se os


respectivos gráficos a fim de estudar o comportamento das soluções em cada caso e
também compará-los. Os gráficos encontram-se abaixo nas figuras 1, 4, 5 e 6.
Figura 1 - Gráfico da variação da temperatura em função do tempo para o solvente puro
(Grupo 1).
16

14
Solvente Puro (Água Destilada)

12
Temperatura / °C

10

-2

0 2 4 6 8
Tempo t / min
A partir da análise do gráfico acima se observa que para o solvente puro a temperatura
decresce de maneira aproximadamente linear até que o equilíbrio seja atingido indicando
que essa é a temperatura de congelamento da água (região linear do gráfico). Nesse caso
considerou-se, então, que a temperatura de equilíbrio do solvente puro como sendo – 1°C.
Desse modo é possível observar que os resultados obtidos se encontram em concordância
com o esperado para solventes puros, ou seja, apresenta comportamento semelhante
apresenta na Figura 3.
Figura 2 – Curva de resfriamento esquemática para solventes puros.

Figura 3 - Gráfico da variação da temperatura em função do tempo para as soluções de


Cloreto de Sódio 601 e 903 mg.

20 Solução NaCl 601 mg


Solução NaCl 903 mg
15
Temperatura / °C

10

-5

0 2 4 6 8
Tempo t / min

Ao analisar o comportamento gráfico da variação da temperatura em função do tempo


para soluções eletrolíticas contendo os solutos não-voláteis observa-se um mínimo
semelhante a um “pico” no abaixamento da temperatura (ponto 5 em ambos os casos) que
representa justamente o abaixamento do ponto de congelamento do solvente devido a
presença destes solutos não voláteis, do inglês supercooling. Desse modo é possível
observar que os resultados obtidos se encontram em concordância com o esperado pela
literatura para soluções, ou seja, apresenta comportamento semelhante apresenta na
Figura 4.
Figura 4 – Curva de resfriamento esquemática para soluções

Figura 5 - Gráfico da variação da temperatura em função do tempo para o solvente puro


(Grupo 2).
20
Solvente Puro - Água Destilada

15
Temperatura / °C

10

0 2 4 6 8
Tempo t / min

No caso desse gráfico as mesmas conclusões são válidas em relação as discussões


propostas para o gráfico na Figura 1. No entanto, aqui se considerou a temperatura de
equilíbrio do solvente puro como sendo 0 °C.
Figura 7 - Gráfico da variação da temperatura em função do tempo para as soluções de
Sacarose 602 mg e Hidroquinona 601 mg.

20 Solução Sacarose
Solução Hidroquinona

15
Temperatura / °C

10

0 2 4
Tempo t / min 6 8

Quando se analisa o gráfico acima (Figura 6) é possível observar certa semelhança


com o esperado pela literatura conforme apresentado na Figura 5, no entanto, de uma
forma menos acentuada. Isso ocorre porque as soluções aqui consideradas são não
eletrolíticas, dadas as estruturas das moléculas de sacarose e hidroquinona. Sendo assim
é possível afirmar que os efeitos da adição do soluto não volátil são mais intensos nas
soluções eletrolíticas isso porque quando uma substância se dissocia em um solvente, o
número de partículas carregadas e móveis em solução aumenta de modo que a ação iônica
afeta as propriedades coligativas.

b. Cálculo da massa molar dos solutos

Quando se estuda o abaixamento do ponto de congelamento, o equilíbrio


heterogêneo de interesse é o existente entre o solvente sólido puro e a solução, conforme
apresentado na ilustração a seguir, considerando-se A o solvente e B o soluto.
Como µA(l) = µA°(s), então:

μ(solução) = μ(líquido puro) + R.T.lnX Eq. 3

Quando se acrescenta o soluto ao líquido puro, a fração molar X do solvente


diminui e, consequentemente, o potencial da solução também diminui, fazendo com que
para o restabelecimento do equilíbrio seja necessário um abaixamento da temperatura o
que caracteriza o abaixamento crioscópico. Esse abaixamento pode ser expressão pela
seguinte relação:
ΔT = i . kc . ɱ Eq. 4

Onde kc é uma constante com valor igual a 1,86 K.Kg.mol-1, ɱ é a molalidade da


solução (ɱ = nº mols de soluto/Kg de solvente) e i é o coeficiente de Van’tHoff que varia
de acordo com a natureza e a identidade do soluto, de modo que:

Tabela 8 – Valores de i na equação de variação da temperatura crioscópica para os


diversos tipos de soluto.
Tipo de Solução Valor de i

Sais MX 2

Sais MX2 3

Não Eletrolíticas 1

Em termos entrópicos, observa-se que ao se formar uma solução líquida, a tendência


de o solvente ficar no estado líquido aumenta. O líquido passa a ter menor tendência em
passar para os estados sólido e gasoso. Isto ocorre porque ao se formar uma solução há
um aumento de entropia (S), o que faz com que o sistema (solução) seja mais estável que
o líquido puro (menor energia de Gibbs, pois ΔG= ΔH - TΔS). Por isto que a temperatura
de congelamento diminui; ou seja, é necessário baixar mais a temperatura para conseguir
que o solvente passe de líquido para sólido.
Rearranjando-se a Eq. 4 e de posse dos valores da variação da temperatura de
congelamento do solvente puro e das soluções contendo soluto não-volátil é possível
calcula a massa molar deste soluto pela relação descrita na Equação 5:

MM = (i x Kc x msoluto)/[(Tsolvente – Tsoluto) x (Kg solvente)] Eq. 5


Conforme já anotado anteriormente através da observação dos gráficos listou-se
abaixo a temperatura de congelamento para cada uma das soluções. Desse modo:
Tc(água destilada) – Grupo 1 = -1 °C = 272,15 K
Tc(solução de NaCl 601 mg) = -4,0°C = 269,15 K, portanto ΔT = 3,0 K
Tc(solução de NaCl 903 mg) = -5,0°C = 268,15 K, portanto ΔT = 4,0 K
Tc(água destilada) – Grupo 2 = 0°C = 273,15 K
Tc(solução de sacarose) = -0,2°C = 272,95 K, logo ΔT = 0,2 K
Tc(solução de hidroquinona) = -0,6°C = 272,55 K, logo ΔT = 0,6 K

Como em todos os casos o solvente utilizado na preparação das soluções é a água


(15,0 mL = 15,0x10-6 m³) então por meio da densidade da mesma a 21 °C (temperatura
medida com auxílio de um termômetro) cujo valor é 997,9955 Kg.m-3 é possível calcular
a massa de solvente, dado necessário para efetuar os cálculos de massa molar.
msolvente = (997,9955 Kg.m-3) x (15,0x10-6 m³)
msolvente = 1,4970 x 10-2 Kg

a) Solução NaCl 601 mg


Conforme já discutido anteriormente para sais do tipo MX como o cloreto de
sódio (NaCl) tem-se i = 2. Isso porque cloreto de sódio é um eletrólito iônico forte
ele se dissocia formando as espécies Na+ e Cl-, havendo portanto a contribuição de
duas espécies na solução.
MM = (i x Kc x msoluto)/[(Tsolvente – Tsoluto) x (Kg solvente)]
MM = [2 x (1,86 K.Kg.mol-1) x (0,601x10-3 Kg)/[(3,0 K) x (1,4970 x 10-2 Kg)]
MM = 0,04978 Kg.mol-1

MM = 49,78 g.mol-1
Sabendo-se que o valor real da massa molar do cloreto de sódio é 58,44 g. mol-1,
calcula-se o erro percentual relativo:
Erro (%) = Valor Verdadeiro – Valor Experimental x 100
Valor Verdadeiro

Erro (%) = |(58,44) – (49,78)| x 100


(58,44)

Erro (%) = 14,8 %

b) Solução NaCl 903 mg


MM = (i x Kc x msoluto)/[(Tsolvente – Tsoluto) x (Kg solvente)]
MM = [2 x (1,86 K.Kg.mol-1) x (0,903x10-3 Kg)/[(4,0 K) x (1,4970 x 10-2 Kg)]
MM = 0,05609 Kg.mol-1

MM = 56,09 g.mol-1

Sabendo-se que o valor real da massa molar do cloreto de sódio é 58,44 g. mol-1,
calcula-se o erro percentual relativo:
Erro (%) = Valor Verdadeiro – Valor Experimental x 100
Valor Verdadeiro

Erro (%) = |(58,44) – (56,09)| x 100


(58,44)

Erro (%) = 4,02 %

c) Solução de Sacarose 602 mg


Como a sacarose é um composto molecular atuando apenas uma espécie na solução,
tem-se i = 1.
MM = (i x Kc x msoluto)/[(Tsolvente – Tsoluto) x (Kg solvente)]
MM = [1 x (1,86 K.Kg.mol-1) x (0,602x10-3 Kg)/[(0,2 K) x (1,4970 x 10-2 Kg)]
MM = 0,37399 Kg.mol-1

MM = 373,99 g.mol-1
Sabendo-se que o valor real da massa molar da sacarose é 342,30 g. mol-1, calcula-
se o erro percentual relativo:
Erro (%) = Valor Verdadeiro – Valor Experimental x 100
Valor Verdadeiro

Erro (%) = |(342,30) – (373,99)| x 100


(342,30)

Erro (%) = 9,26 %

d) Solução de Hidroquinona 601 mg


Como a hidroquinona é um composto molecular (composto orgânico também
conhecido como benzeno-1,4-diol tendo a fórmula química C6H4(OH)2) atuando apenas
uma espécie na solução, tem-se i = 1.
MM = (i x Kc x msoluto)/[(Tsolvente – Tsoluto) x (Kg solvente)]
MM = [1 x (1,86 K.Kg.mol-1) x (0,601x10-3 Kg)/[(0,6 K) x (1,4970 x 10-2 Kg)]
MM = 0, 12445 Kg.mol-1

MM = 124,45 g.mol-1

Sabendo-se que o valor real da massa molar da hidroquinona é 110,11 g. mol -1,
calcula-se o erro percentual relativo:
Erro (%) = Valor Verdadeiro – Valor Experimental x 100
Valor Verdadeiro

Erro (%) = |(110,11) – (124,45)| x 100


(110,11)

Erro (%) = 13,02 %

Os erros obtidos para as massas molares encontradas são razoáveis, sendo que para a
solução de NaCl 601 mg e para a solução de hidroquinona os erros são acima do limite
aceitável (10 %). Era esperado um erro maior para a solução de NaCl 901 mg quando
comparado com a solução NaCl 601 mg já que solução de 900 mg de NaCl a maior
concentração de uma solução promove uma maior interação entre os íons que ficam mais
próximos e mais solvatados, no entanto, isso não é observado. De forma geral, os erros
podem ser atribuídos ao manuseio dos instrumentos durante o experimento, a uma
possível observação equivocada no termômetro, a fatores tais como temperatura e pressão
no dia do experimento, no entanto, com relação aos erros associados aos dados obtidos
pelo grupo 1 se devem principalmente a falta de precisão do termômetro utilizado nas
medições (o mesmo era graduado apenas de 1 °C em 1 °C).

5. CONCLUSÃO

Após a realização do presente experimento é possível concluir que a adição de um


soluto não volátil a uma solução resulta na diminuição da temperatura de congelamento
da mesma (efeito crioscópico) em função da redução do potencial químico do solvente
em contato com o soluto. Além disso, de posse das temperaturas de congelamento para o
solvente puro e para as soluções de cloreto de sódio e de sacarose e hidroquinona é
possível se calcular a massa molecular destes solutos, analisando-se assim a influência da
adição de solutos não-voláteis em soluções eletrolíticas e solução não eletrolíticas, tendo
sido possível ainda um estudo mais detalhado do fator de Van’tHoff. Os erros percentuais
relativos podem existir devido a erros de execução.

REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS

ATKINS, P. e PAULA, J. – Físico-Química. 7ª edição, LTC, Rio de Janeiro, 2003. V. 1.


p. 180 – 182.
BASTOS, A.C.L.M.; RODRIGUES, E. M. S.; SOUZA, J.P.I. Físico Química. Vol.
Único. Editora Universitária UFPA. Belém, UFPA, 2011. p. 163-170.
Crioscopia ou Criometria. Disponível em:
<http://www.alunosonline.com.br/quimica/crioscopia-ou-criometria.html>
Físico-química. Disponível em: <http://www2.ufpa.br/quimdist/livros_bloco_6/livros-
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LIDE, D. R. Handbook of chemistry and physics, 73 ed. Boca Raton: CRC, 1992.
Propriedades Coligativas. Disponível em:
<http://educar.sc.usp.br/quimapoio/propried.html> Acesso em: 28 jul. 2013, 21:35.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE QUÍMICA

PRÁTICA 7
ISOTERMA DE ADSORÇÃO.

UBERLÂNDIA – MG
1. INTRODUÇÃO
Adsorção é um fenômeno que ocorre na interface entre duas substâncias, podendo ser
entre um sólido e um líquido, um sólido e um gás ou um líquido e um gás. É
caracterizada pelo aumento da concentração da substância líquida, gasosa ou em
solução na superfície da fase condensada (sólido ou líquido). A fase condensada é
chamada de adsorvente, e adsorve partículas da segunda substância ou solução em seus
poros; a substância ou solução que tem suas partículas adsorvidas na superfície da fase
condensada é chamada de adsorbato. A quantidade de adsorvato adsorvida na superfície
depende da sua natureza e concentração (ou pressão), da natureza do adsorvente e da
temperatura.
A adsorção em solução consiste em uma massa conhecida de sólido adsorvente sendo
agitada num volume conhecido de solução, a uma dada temperatura, até que a velocidade
de adsorção de novas moléculas seja igual a velocidade de dessorção das moléculas
adsorvidas, ou seja, até que não haja mais variação na concentração da solução
sobrenadante. Essa concentração pode ser expressa por uma variedade de métodos e os
dados experimentais são expressos usualmente em termos de isoterma aparente de
adsorção, na qual se representa graficamente a quantidade de soluto adsorvida numa dada
temperatura por unidade de massa de adsorvente contra a concentração de equilíbrio.
Os átomos e as moléculas podem ligar-se de duas formas a uma superfície sólida, isto
é, a adsorção pode ser física ou química. Na adsorção química (conhecida também como
quimissorção), átomos ou moléculas unem-se à superfície do adsorvente por ligações
químicas (geralmente covalentes), levando a formação de um composto químico de
superfície, ou complexo de adsorção. Neste caso, o calor de adsorção é da mesma
ordem de grandeza dos calores de reação. Nesse tipo de adsorção, os átomos ou
moléculas são ligados a superfície do sólido, havendo a possibilidade de o adsorvente e o
adsorvato não se separarem.
A adsorção física (também chamada de fisissorção) é não-específica e rápida, ocorre
por meio de interações fracas, como as interações de van der Waals (forças dipolo-dipolo
e forças de polarização, envolvendo dipolos induzidos) entre o adsorvato e adsorvente,
podemos melhor defini-la como sendo aquela que ocorre quando as forças
intermoleculares de atração das moléculas na fase fluida e da superfície sólida são
maiores que as forças atrativas entre as moléculas do próprio fluido. O calor de adsorção
é pequeno e da mesma ordem de grandeza dos calores de condensação. Nesse tipo de
adsorção, não há ligações sendo formadas ou quebradas, de modo que o processo é
reversível.
Na adsorção física podem formar-se camadas moleculares sobrepostas, enquanto que
na adsorção química se forma uma única camada molecular adsorvida (monocamada).
Dentre os fatores que influenciam o processo de adsorção, estão: os tipos de estrutura dos
poros (ultramicropóros, supermicropóros, mesoporos e macroporos); as propriedades do
adsorvente e os grupos funcionais que desempenham papel importante no mecanismo e
na capacidade de adsorção; a temperatura; a solubilidade do soluto; o pH do meio;
agitação e tempo de contato.
Há na literatura um número expressivo de trabalhos relacionados aos diversos
materiais adsorventes (que possuem propriedades adsortivas), tais como as argilas,
zeólitas, nanoadsorventes magnéticos e o uso de carvão ativado. O carvão ativado é um
dos materiais mais utilizados no processo de adsorção, por apresentar intensa porosidade
interna e em muitos casos, podendo ser preparado utilizando-se bioadsorventes
preparados a partir de biomassas, tais como cascas de frutas, derivados de lixo, do bagaço
da cana, etc.
Vários fatores podem influenciar na intensidade de adsorção de um composto, esta
pode ser afetada pelas características do carvão (distribuição e volume dos poros, área
superficial) e condições operacionais (vazão, tempo de contato, pH, temperatura, pressão,
concentração do adsorvente).
A quantidade de substância adsorvida na superfície decresce com o aumento da
temperatura, já que todos os processos de adsorção são exotérmicos. A uma temperatura
constante a quantidade adsorvida aumenta com a concentração do adsorbato (em solução
ou na fase gasosa), e a relação entre a quantidade adsorvida (x) e a concentração (c) é
conhecida como a isoterma de adsorção, sendo as mais utilizadas no estudo da adsorção
as isotermas de Langmuir, Freundlich e Brunauer, Emmett, Teller (BET).
Somente a concentrações muito baixas é que x é proporcional a concentração.
Geralmente a quantidade adsorvida aumenta menos do que proporcionalmente à
concentração, devido à saturação gradual da superfície.
Diversos pesquisadores propõem, a partir de dados experimentais, expressões
matemáticas que se ajustam a diferentes curvas isotérmicas em condições experimentais
definidas. No entanto, os modelos usualmente aplicados ao ajuste são os modelos de
Isoterma de Freundlich, que melhor se aplica a fenômenos de adsorção que ocorrem com
formação de multicamadas e a Isoterma de Langmuir, na qual os sítios do adsorvente são
todos equivalentes e considera-se que as moléculas adsorvidas não interagem umas com
as outras nem saltam de um sítio para outro e a adsorção completa-se quando todos os
sítios forem ocupados, correspondendo a uma monocamada de adsorbato.
A isoterma de Langmuir pode ser descrita pela Eq. 1:

Equação 1
Onde:
m = a massa do sólido (adsorvente);
a = constante que está relacionada com a área do sólido, sendo uma medida da capacidade
de adsorção do adsorvente para um dado adsorbato;
b = constante que está relacionada com a entalpia de adsorção;
x – quantidade adsorvida;
c - concentração do adsorbato.
Sistemas que são descritos pela Isoterma de Freundlich, são descritos pela Eq. 2:

Equação 2
O expoente 1/n é adimensional, tem valor entre 0,1 e 1,0 e está relacionado com a
intensidade da adsorção.
A Eq. 2 também pode ser escrita de forma a fornecer a equação de uma reta, de acordo
com a equação abaixo:

Equação3
É importante se conhecer as isotermas de adsorção, pois elas nos dão condições para
avaliar a capacidade de retenção de adsorbatos por um carvão ativado, fornecem
informações importantes sobre o mecanismo de adsorção e mostram a relação de
equilíbrio entre a concentração na fase fluida e a concentração nas partículas adsorventes
em uma determinada temperatura.
A adsorção é apresentada como uma alternativa importante e economicamente viável
em muitos casos e tem grandes aplicações tecnológicas. Alguns adsorventes são
utilizados em larga escala em processos de secagem, como catalisadores (catálise
heterogênea), purificação de gases e líquidos, controladores de poluição (como
componentes de catalisadores em veículos), etc. Muitas drogas são adsorvidas
seletivamente, e assim sua atividade no organismo se deve à adsorção que sofrem nos
diversos tecidos. Matérias corantes que seriam perdidos em águas de despejo podem ser
recuperadas pela adsorção do carvão e o próprio processo de tintura é muitas vezes um
procedimento de adsorção de corante na fibra.

2. OBJETIVOS

O objetivo do presente experimento é determinar a isoterma de adsorção do ácido


acético sobre a superfície de carvão ativo, discutindo se a adsorção é química ou física,
relatar os fatores que influenciam na adsorção, e o valor obtido de K e n.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 MATERIAIS
 Pipeta volumétrica de 5 e 10 ml
 Pipeta graduada de 10 ml
 Balão volumétrico de 250 ml
 5 balões volumétricos de 100 ml
 3 Erlenmeyers de 125 ml
 Solução de NaOH 0,5 mol/L (FC= 0,92)

3.2 METODOLOGIA

PARTE 1

Primeiramente, prepare 250 mL de uma solução de 2 M de ácido acético e pegue uma


alíquota de 5 mL dessa solução e a mesma é padronizada utilizando uma solução de
NaOH.

Repita a padronização e calcule a concentração pela média dos dois valores obtidos.
Prepare (com o restante da solução padronizada) volumes de 100 mL de soluções de ácido
acético nas concentrações 2,0; 0,70; 0,25; 0,10; 0,050 M. Ademais, pese seis amostras de
2 g de carvão ativo que são transferidos para sete frascos com rolhas (o carvão tem que
ser pesado rapidamente para impedir a adsorção de impurezas da atmosfera). Transfira
100 mL das soluções de ácido acético preparadas para cada um dos frascos que contém
carvão ativo, numerando-os de 1 a 5 e deixe o sistema em repouso durante uma semana.

PARTE 2

Filtre as soluções, que não apresentaram boa decantação, separando-as do carvão. A


seguir, pegue duas alíquotas de cada uma das cinco soluções e titule com a mesma solução
de NaOH 0,5 M padronizada utilizada na semana anterior. Por fim, retire uma alíquota de
5 mL dos três primeiros frascos e 10 mL dos dois últimos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
[EXEMPLO]

Parte 1 – Padronização da Solução de Ácido Acético

Inicialmente, para efetuar-se os cálculos da concentração da solução 2 mol.L-1 de


Ácido Acético preparada realizou-se a titulação de neutralização baseada na reação entre
o hidróxido de sódio e o ácido acético cuja estequiometria é 1:1. Isso indica que o número
de mols de NaOH gastos na titulação é igual ao número de mols consumidos de ácido
acético, conforme demonstrado na reação a seguir:

H3CCOOH(aq) + NaOH(aq) → H3CCOONa(aq) + H2O(l)

1 : 1

A solução padrão de NaOH utilizada na titulação apresentava concentração


0,50 mol.L-1, como o Fator de Correção (Fc) é igual a 1,790, a concentração real dessa
solução é 0,895 mol.L-1. Posteriormente realizaram-se os seguintes cálculos:

 Volumes gastos de NaOH na titulação:

1ª medida - v1 = 11,20 mL
C = n/v
nOH- = C.v
nOH- = (0,895 mol.L-1) x (11,20.10-3 L)
nOH- = 0,010024 mol

2ª medida - v2 = 11,15 mL

C = n/v
nOH- = C.v
nOH- = (0,895 mol.L-1) x (11,15.10-3 L)
nOH- = 0,009979 mol

O cálculo do número médio de OH- é calculado a seguir:

(nOH-)médio = [(nOH-)1 + (nOH-)2]/2


(nOH-)médio = (0,010024 mol + 0,009979 mol)/2
(nOH-)médio = 0,0100015 mol

Como a estequiometria da reação é 1:1 pode afirmar que:

nOH- = nH+
nH+ = 0,0100015 mol
Dessa forma, de posse do número de mols da H+ consumidos na reação e
sabendo-se que é pipetada uma alíquota de 5,00 mL para a titulação calcula-se a
concentração da solução de HAc:
C = n/v
C = (0,0100015 mol)/(5,00x10-3 mL)
C = 2,0003 mol.L-1

Parte 2 – Determinação das isotermas de adsorção

A partir desta solução 2,00 M preparou-se as demais soluções de concentrações


2,0; 0,7; 0,25; 0,10 e 0,05 M. Em seguida essas soluções de ácido acético são deixadas
em repouso com carvão ativas por duas semanas e depois tituladas. Com a titulação do
filtrado, obteve-se a quantidade de ácido que não é adsorvida pelo carvão e,
consequentemente a concentração restante de ácido acético em cada frasco. Na Tabela 2
estão apresentados os dados experimentais referentes aos volumes gastos de solução
padrão NaOH 1,0037 mol.L-1 durante as titulações as titulações realizadas.

Tabela 2 – Dados de volumes gastos de solução padrão NaOH 1,0037 mol.L-1


durante as titulações das soluções de HAc deixadas em repouso por duas semanas.
Amostra Vsç. HAc / mL Volume NaOH (1) Volume NaOH (2)
1 5,0 9,9 9,9

2 5,0 3,3 3,4

3 5,0 1,1 1,2

4 10,0 0,7 0,7

5 20,0 0,6 0,6

A partir das titulações iniciais do ácido acético, das quantidades colocadas em


cada frasco e dos resultados das titulações, calculou-se as concentrações iniciais e finais
de ácido acético adsorvido, e também os parâmetros necessários para os cálculos
relacionados às relações de Langmuir e Freundlich que serão posteriormente discutidos.
Os dados encontram-se apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 – Parâmetros úteis a serem utilizados na análise das relações de Langmuir


e Freundlich

Amostra c log c M(A)i M(A)f x m x/m c/(x/m) log(x/m)

1 2,00 0,301 12,010 11,934 0,076 2,0034 0,0379 52,770 -1,421

2 0,70 -0,155 4,203 4,038 0,165 2,0157 0,0818 8,557 -1,087

3 0,25 -0,602 1,501 1,386 0,115 2,0097 0,0572 4,371 -1,243

4 0,10 -1,000 0,540 0,422 0,118 2,0082 0,0588 1,701 -1,231

5 0,050 -1,301 0,300 0,181 0,119 2,0014 0,0594 0,842 -1,226

Na tabela acima temos:

c (mol.L-1) – concentração do ácido acético (adsorbato);

M(A)i (g) – massa de ácido acético inicial;


M(A)f (g) – massa de ácido acético final;

x (g) – massa de ácido acético inicial (M(A)i) – massa de ácido acético final (M(A)f)

(quantidade adsorvida);

m (g) – massa de carvão ativo (sólido adsorvente).

Com a finalidade de discutir acerca da adsorção do ácido acético em carvão ativo


consdera-se dois tipos de adsorções: Langmuir e Freundlich. Distintamente Langmuir
tratou de adsorção química e Freundlich de adsorção física [1]. As equações de Langmuir,
Eq. 1, e de Freundlich, Eq. 2, estão apresentadas a seguir, de modo que ambas a equações
são rearranjadas de maneira a fornecer uma equação de reta no formato y = a + b.x.

Eq. 1

Eq. 2

Através equação de Freudlich que lineariza a isoterma de adsorção física traçou-


se um gráfico de c/(x/m) em função de c, que corresponde a Fig. 1.
60

B
50 Data1B

40
c.(x/m) / mol.L-1

30
-1

20

10

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0


-1
c / mol.L

Figura 1 - Gráfico de c/(x/m) em função de c (Isoterma de Langmuir - Química)


Através equação de Freudlich que lineariza a isoterma de adsorção física traçou-
se um gráfico de log (x/m) em função de log c, que corresponde a Fig. 2.

-1,04 B
Data3B

-1,12
log (x/m) / u.a.

-1,20

-1,28

-1,36

-1,44
-1,6 -1,2 -0,8 -0,4 0,0 0,4
log c / u.a.

Figura 2 - Gráfico de log (x/m) em função de log c (Isoterma de Freundlich – Física)

A fim de encontrar as isotermas e para o cálculo das constantes da equação,


obteve-se a equação da melhor reta que passa pelos pontos experimentais do gráfico
empregando se o Método de Ajuste Linear por Mínimos Quadrados. A aplicação desse
método para uma reta genérica com equação y = a + b.x, consiste em obterem-se os
parâmetros a e b. Abaixo as equações de reta obtidas da linearização dos dados
experimentais.

Isoterma de Langmuir – Química  y = 26,684x - 2,8958


r = 0,98257

Isoterma de Freundlich – Física  y = -0,0655x - 1,2777


r = - 0,35401

De acordo com o que é possível observar após a execução dessa etapa e da análise
dos gráficos, é possível afirmar que o gráfico que apresentou comportamento mais linear,
ou seja, mais próximo ao de uma reta, é a isoterma construída em função dos parâmetros
de Langmuir, com coeficiente de linearidade (r) consideravelmente próximo a 1 (r =
0,98257), enquanto que para o gráfico plotado em função dos parãmetro s de Freundlich
obteve-se uma coportamento gráfico bem distante da linearidade (r = - 0,35401). Sendo
assim, é possível concluir que a adosorção ocorrida no presente experimento é química.

Cálculo dos parâmetros K e n


y = -0,0655x - 1,2777

log K = -1,2777
k = 0,053
K corresponde à constante de adsorção
n-1 = -0,0655
n = -15,27
O termo n é adimensional, tem valor menor do que um, e está relacionado com a
intensidade da adsorção. É possível observar discrepância enorme, posteriormente
discutida, entre o valor calculado e o teórico (valor entre 0 e 1,0).
Além disso, o resultado obtido experimentalmente não se encontra de acordo com
as informações obtidas da literatura para esse tipo de adsorção.
. Primeiramente anota-se as seguintes informações obtidas a partir da realização
do procedimento: o ácido acético (H3CCOOH) é uma dentre as diversas substâncias
químicas capazes de agir como adsorvato frente ao carvão ativado, isso porque seu caráter
polar conferido pelo grupo carboxila e pela pequena cadeia carbônica permite uma
interação com o carvão, sendo este último um bom adsorvente. Em solução de ácido
acético contendo carvão ativado, é possível perceber a adesão desse ácido, à medida que
a quantidade de ácido acético livre no meio diminui.
O carvão ativado é classificado como um adsorvente hidrofóbico. Os ácidos
carboxílicos têm em suas moléculas pelo menos dois grupos funcionais, o grupo alquila
e o grupo carboxila, de forma que o grupo alquila está orientado perpendicularmente à
superfície do adsorvente não polar e o grupo carboxila em direção à solução; o contrário
pode ser aplicado aos adsorventes polares.
O adsorvente (carvão) é utilizado em pó o que possibilita que seja maior a
superfície de contato entre as moléculas em solução e a superfície adsorvente visto que
no processo de adsorção ocorre uma acumulação de moléculas sobre a superfície do
adsorvente de modo que o equilíbrio é atingido mais rápida e eficientemente.
Dentre as vantagens de se utilizar o carvão ativado, como agente adsorvente no
experimento, estão:
 O carvão ativado apresenta a possibilidade de recuperar o produto puro e
reutilizá-lo;
 Alta eficiência de remoção em baixa concentração inicial;
 Reduzido custo de energia;
 É facilmente separado do líquido tratado o que permite uma fácil e flexível
operação do processo.

Pode-se afirmar, então, que a adsorção do ácido acético no carvão ativo é um


processo físico já que a titulação do ácido restante é realizada, ou seja, reagiu como ácido
na presença de NaOH, indicando assim que não houve formação de nenhuma nova
substância, e portanto ocorreu apenas interação física.

Como fontes de erros associados ao experimento e que possivelmente explicam


tamanha discrepância entre o resultado obtido experimentalmente e o previsto pela
literatura, pode-se citar: uso de soluções padrões de NaOH diferentes nas duas etapas de
titulação, a má qualidade do adsorvente que pode ter afetado na qualidade e disposição
(afetando a área de contato com a solução), as condições operacionais de pH, a presença
de contaminantes dado o grande período de tempo entre a primeira e segunda etapas do
experimento, reagentes como o Ácido Acético fora do prazo de validade, perda de
adsorvente durante a pesagem dada as dificuldades para a realização das mesmas, além
das falhas do observador (passagem do ponto de viragem nas titulações, no preparo das
soluções ou mesmo na leitura de meniscos).

5. CONCLUSÃO

O esperado para uma isoterma de adsorção de ácido acético em carvão ativado é um


comportamento linear, ou o mais próximo possível, para os dados quando se utiliza a
equação de Freundlich indicando um processo físico. Deve ser possível entender mais
sobre os processos de adsorção além de revisar o preparo de soluções e técnicas analíticas
de análise (titulação de neutralização).
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS

ATKINS, P. e PAULA, J. – Físico-Química. 7ª edição, LTC, Rio de Janeiro, 2003. V. 1.


p. 180 – 182.

Avaliação da remoção íons nitrato utilizando carvão ativado modificado com


diferentes reagentes como sólido sorvente. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/38518/000823876.pdf?sequence=1>

Efluentes hídricos. Adsorção em carvão ativado. Disponível em:


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CAPÍTULO V - Métodos de Remoção de Cromo de Águas Residuais. Disponível em:


<http://www.icp.csic.es/cyted/Monografias/MonografiasTeneria/capitulov.pdf>

Físico – Química Experimental II – Isotermas de Adsorção. Disponível em:


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FREITAS, A. F.; MENDES, M. F.; COELHO, G. L. V. Estudo Termodinâmico Da


Adsorção De Ácidos Carboxílicos Em Carvão Ativado. Revista Universidade Rural:
Série Ciências Exatas e da Terra. Seropédica, RJ: EDUR, v. 24, n. 1-2, p.28-42, 2005.

GUINESI, L.S.; ESTEVES, A.A.; CAVALHEIRO, E.T.G. Adsorção de íons cobre(II)


pela quitosana usando coluna em sistema sob fluxo hidrodinâmico. Química Nova,
São Paulo, v. 30, n. 4, p. 809-814, 2007.

Isotermas de adsorção: Estudo da adsorção do ácido acético sobre o carvão vegetal


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<http://www.ppgq.quimica.ufpb.br/teses/Tese_Samara_Cinthya_Lucena.pdf>
NETZ, P. A. e ORTEGA, G. G. – Fundamentos de Físico-Química, uma abordagem
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NIE, H.L., et al. Adsorption mechanism of Cu2+ from aqueous solution by chitosan-
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Remoção de Cálcio (II) em solução aquosa por meio de carvões ativados submetidos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE QUÍMICA

PRÁTICA 8

DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE VELOCIDADE E TEMPO DE MEIA


VIDA DA REAÇÃO DE DECOMPOSIÇÃO DO PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO

UBERLÂNDIA – MG
1. INTRODUÇÃO
O peróxido de hidrogênio, conhecido popularmente como água oxigenada, é um
líquido incolor a temperatura ambiente, cuja fórmula molecular é H2O2. Ele possui
diversas aplicações entre elas: agricultura, desinfecção de alimentos, mineração e
metalurgia, plastificantes e polímeros, produtos de uso pessoal e cosméticos, sabões e
detergentes.

Ao estudar a termodinâmica, consideramos apenas os estados inicial e final de um


processo químico e ignoramos o que acontece entre eles. A segunda lei da termodinâmica
permite estabelecer o caráter espontâneo ou não espontâneo de um determinado processo,
incluindo reações químicas. Porém, nenhum dos postulados contidos nessa lei faz
referência ao tempo necessário para que esse processo ou reação aconteça; nada a respeito
da velocidade na qual o processo espontâneo se realiza. A transformação do diamante em
grafite, por exemplo, é uma transformação espontânea, uma vez que o carbono grafite é
mais estável que na forma diamante. Esta transformação, contudo, não ocorre em
velocidade apreciável de modo que não podemos constatar sua ocorrência no cotidiano.

Na cinética química, estamos interessados nos estágios intermediários do processo,


os detalhes das mudanças que átomos e moléculas sofrem durante as reações. Portanto o
estudo da velocidade das reações químicas é chamado de cinética química. E esse estudo
da cinética das reações químicas tem por objetivo a correlação matemática de dados
experimentais, visando estabelecer hipóteses sobre os fatores determinantes da
velocidade de uma reação e elucidar os mecanismos de reação envolvidos.
A velocidade de uma reação é a taxa de variação de concentração de qualquer um dos
reagentes com o decorrer do tempo ou a taxa de variação da concentração de qualquer um
dos produtos com o decorrer do tempo. As velocidades das reações químicas são
determinadas através de leis empíricas, chamadas leis da velocidade, deduzidas a partir
do efeito da concentração dos reagentes e produtos na velocidade da reação. As reações
químicas ocorrem com velocidades diferentes e estas podem ser alteradas, porque além
da concentração de reagentes e produtos, as velocidades das reações dependem também
de outros fatores como:
 Concentração de reagentes: quanto maior a concentração dos reagentes maior será
a velocidade da reação. Para que aconteça uma reação entre duas ou mais
substâncias é necessário que as moléculas se choquem, de modo que haja quebra
das ligações com consequente formação de outras novas. O número de colisões
irá depender das concentrações de A e B (reagentes da reação).
 Superfície de contato: um aumento da superfície de contato aumenta a velocidade
da reação. Um exemplo é quando dissolvemos um comprimido de sonrisal
triturado e ele se dissolve mais rapidamente do que se estivesse inteiro, isto
acontece porque aumentamos a superfície de contato que reage com a água.
 Pressão: quando se aumenta a pressão de um sistema gasoso, aumenta-se a
velocidade da reação. Por exemplo, um aumento na pressão de P1 para P2 reduz o
volume de V1 para V1/2, acelerando a reação devido à aproximação das moléculas.
 Temperatura: quando se aumenta a temperatura de um sistema, ocorre também
um aumento na velocidade da reação. Aumentar a temperatura significa aumentar
a energia cinética das moléculas. No nosso dia-a-dia podemos observar esse fator
quando estamos cozinhando e aumentamos a chama do fogão para que o alimento
atinja o grau de cozimento mais rápido.
 Catalisadores: os catalisadores são substâncias que aceleram o mecanismo sem
sofrerem alteração permanente, isto é, durante a reação eles não são consumidos.
Os catalisadores permitem que a reação tome um caminho alternativo, que exige
menor energia de ativação, fazendo com que a reação se processe mais
rapidamente. É importante lembrar que um catalisador acelera a reação mais não
aumenta o rendimento, ou seja, ele produz a mesma quantidade de produto, mas
num período de menor tempo.
Os dados experimentais da cinética química são registros de concentração de
reagentes e produtos, em diversos tempos, mantendo-se geralmente constante a
temperatura durante toda a experiência.
Considerando a reação genérica:
aA + bB  cC + dD
A velocidade da reação depende, via de regra, da concentração dos reagentes,
v = k[A]x[B]y Eq. 1
Onde, k é a chamada constante de velocidade de reação e os índices x e y estão
relacionados à forma com a qual a velocidade depende das concentrações e são chamadas
de ordens parciais da reação. Neste caso x é a ordem de reação em relação ao reagente A
e y a ordem em relação a B. A soma dos índices x e y fornece a ordem global da reação.
É importante notar que x e y não são obrigatoriamente iguais aos coeficientes
estequiométricos (a e b) da equação química balanceada.
A ordem da reação é determinada unicamente a partir dos dados experimentais,
observando o melhor ajuste ou concordância da equação de velocidade com os mesmos,
não podendo, portanto, ser deduzida da equação química balanceada. Na prática, as
reações mais importantes são as reações de ordem zero, primeira e segunda ordens.
A decomposição peróxido de hidrogênio ocorre de acordo com a seguinte reação:
2 H 2 O 2 (l) → O 2 (g) + 2 H 2O (l)
Como há a liberação de oxigênio molecular, pode-se utilizar deste fato para medir
a taxa de decomposição pela liberação deste e, por conseguinte, determinar as constantes
de velocidade. Por aproximação, pode-se afirmar que a decomposição em questão é uma
reação de primeira ordem:
- d[A]/dt = k[A] Eq. 2
Que pode ser diretamente integrada, pois k é uma constante independente de t.
Inicialmente, em t = 0 a concentração de A é [A]0, e em um instante t qualquer é [A].
Considerando então estes valores como sendo os limites inferior e superior, de integração,
temos:
ln([A] / [A0]) = - k.t Eq. 3
Para uma reação de 1ª ordem, a concentração do reagente A decresce
exponencialmente com o tempo, a uma taxa determinada pela constante k, então pode-se
graficar valores de ln([A]/[A0]) em função de t e obter um gráfico de acordo com
representado abaixo, e obter a constante de velocidade da decomposição pelo coeficiente
angular da reta.
Para sistemas gasosos, concentração, pressão e volume estão interrelacionados.
Nesse caso:
V∞ = volume de produto no equilíbrio;
V = volume de produto em um determinado tempo t
Substituindo na Eq. 3, temos:
ln (V∞-V) / V∞ = - k.t Eq. 4
Pode-se também comprovar que a reação é de 1ª ordem por meio da grandeza
chamada meia-vida (t1/2).

Eq. 5
Esta expressão nos mostra que a meia-vida (t1/2) de uma reação de 1ª ordem não
depende da concentração inicial, ou seja, o tempo para a concentração inicial de um
reagente reduzir.
Como a reação de decomposição do peróxido de hidrogênio acontece muito
lentamente em condições normais, catalisadores podem ser adicionados a fim de se
acelerar esse processo. Como já mencionado anteriormente catalisadores são, por
definição, substâncias que aceleram a reação pela diminuição da energia de ativação, mas
não são consumidos, fazendo parte apenas de compostos intermediários. Portanto um
catalisador aumenta a velocidade da reação, sem ser consumido na mesma. Em uma
mesma temperatura, uma fração maior de moléculas de reagente pode cruzar a barreira
de energia mais baixa da trajetória catalisada e se transformar em produtos, como pode
ser visualizado no gráfico abaixo:

Figura 1: Representação gráfica de uma reação química com intermédio de um


catalisador.

Um catalisador homogêneo é aquele que está na mesma fase da mistura reacional


(para reagentes gasosos o catalisador é um gás; para reagentes líquidos o catalisador
homogêneo se dissolve na solução). Um catalisador heterogêneo está numa fase diferente
da do sistema reacional (por exemplo, um catalisador sólido para uma reação em fase
gasosa).

2. OBJETIVOS

O objetivo do experimento é analisar os diferentes tipos de catalisadores e estudar


a influência dos mesmos na reação de decomposição de peróxido de hidrogênio por meio
da determinação da constante de velocidade da reação e o tempo de meia-vida.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1.MATERIAIS UTILIZADOS
- 1 Pipeta volumétrica de 10 mL

- 1 Pipeta volumétrica de 25 mL

- 4 Béqueres de 50 mL

- 1 Balão volumétrico de 100 mL

- 1 Balão de fundo redondo de 250 mL

- 1 Bureta de 100 mL

- H2O2 34% (m/m)

- PbO

- PbO2

- MnO2

3.2 METODOLOGIA
Monta-se o esquema experimental, substituindo o reator por um balão de 250 mL
e o banho por uma manta de aquecimento.

Preencha o reator com solução aquosa do catalisador de modo a deixar um espaço


entre a superfície da solução e a tampa inferior a 2 cm, e coloque o banho termostatizado
numa temperatura fixa. Preencha o frasco nivelador e a bureta com água até que o nível
na bureta atingisse a marca superior. Espere 30 minutos a termostatização e introduza no
reator quantidade determinada de H2O2 34 % em massa, feche o frasco com a rolha de
borracha e agite cuidadosamente. Neste momento inicia-se a reação t0 onde é feita a
primeira leitura de volume na bureta, tomando a precaução de igualar os volumes do
frasco nivelador e a bureta e o cronômetro é disparado. Depois de terminada a reação
(volume constante) o reator é introduzido na manta de aquecimento e aquecido à fervura
até completa decomposição do peróxido restante. A reação é considerada completa
quando o nível de gás para de variar. Durante este procedimento o frasco nivelador é
mantido na posição mais alta possível. Depois da completa decomposição o reator é
resfriado à temperatura do banho e mantido durante 25-30 minutos, quando mede-se o
nível da bureta nivelado com o frasco nivelador (V no t).

1) Influência da natureza do catalisador na reação de decomposição de H2O2

- Dilui-se 10 mL de H2O2 34% (m/m) em 100 mL de água destilada.

- Pesa-se 0,125 g de dióxido de chumbo (PbO2) em um béquer. Adicione 15 mL de água


e transfira para o balão de fundo redondo de 250 mL. Após a termostatização, introduza
3 mL de peróxido de hidrogênio no mesmo balão de fundo redondo. Este é conectado a
um sistema fechado que, ao captar o oxigênio liberado, possibilitou-se a medida de seu
volume.

- Realize as medidas de volumes de oxigênio de 10 em 10 s, conforme a reação ocorria


(medidos em temperatura ambiente).

- Após aproximadamente 4 minutos, aqueça o sistema reacional para que todo o peróxido
se decomponha.

- Após o sistema resfriar, atingindo a temperatura ambiente, efetue a medida do volume


de oxigênio que corresponde ao V∞. Repita os passos anteriores para o catalisador
monóxido de chumbo (PbO) e para o catalisador dióxido de manganês (MnO2), com a
ressalva de que neste caso a massa de catalisador é 0,038 g. Os volumes de oxigênio são
registrados de 1 em 1 s.

2) Influência da concentração de H2O2 na velocidade da reação

- Escolha o catalisador que apresentou a maior eficiência no processo de decomposição


do H2O2
- Repita os passos anteriores para o catalisador mais eficiente (fixando a massa deste) e
varie a quantidade de peróxido de hidrogênio para 1,5 mL.

3) Influência da massa de catalisador na velocidade da reação

- Repita os passos anteriores para o catalisador mais eficiente, variando-se a massa deste
para o dobro da massa inicial, mantendo-se 3 mL de H2O2.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
[EXEMPLO]

Primeira etapa Parte 1 –

Os dados obtidos a partir das medições dos volumes de O2 produzidos nas reações
de decomposição do H2O2 utilizando-se os catalisadores: PbO2, PbO e MnO2,
respectivamente.

Tabela 1 – Dados experimentais das medidas de volume do gás oxigênio formado na


reação de decomposição do peróxido de hidrogênio, para o catalisador Dióxido de
Chumbo em relação à variação de tempo medido (V∞ = 35.0 mL)

Tempo /s V / cm3

10 14

20 18

30 18,6

40 19,4

50 19,8

60 20

70 20,2

80 20,4

90 20,8

100 20,8
110 20,8

120 20,8

130 20,8

140 20,8

150 20,8

Tabela 2 – Dados experimentais das medidas de volume do gás oxigênio formado na


reação de decomposição do peróxido de hidrogênio, para o catalisador Óxido de Chumbo
em relação à variação de tempo medido (V∞ = 36,4 mL)

T/s V / cm³ T/s V / cm³


10 1,9 190 15,8
20 2,4 200 16
30 4,2 210 16,6
40 5,8 220 17
50 6,8 230 17,4
60 7,9 240 17,6
70 8,6 250 18,2
80 9,6 260 18,6
90 10,2 270 19
100 11 280 19
110 11,4 290 19,4
120 12,1 300 19,6
130 12,6 310 19,8
140 13,4 320 20
150 13,8 330 20,2
160 14,3 340 20,6
170 15 350 20,8
180 15,4

Tabela 3 – Dados experimentais das medidas de volume do gás oxigênio formado na


reação de decomposição do peróxido de hidrogênio, para o catalisador Dióxido de
Manganês em relação à variação de tempo medido (V∞ = 33,2 mL)

T/s V / cm³ T/s V / cm³


2 2,4 38 25,2
4 8 40 25,4
6 11 42 25,6
8 14 44 25,6
10 16 46 25,6
12 18 48 25,8
14 19,3 50 25,8
16 21 52 25,8
18 22 54 26
20 22,4 56 26
22 23 58 26
24 23,6 60 26
26 24 62 26
28 24,4 64 26,2
30 24,6 66 26,2
32 25 68 26,2
34 25 70 26,2
36 25,2 72 26,2

A seguir a demonstração da obtenção da Lei de Velocidade de 1ª Ordem integrada,


já que k é constante independente de t. Em t igual a zero, o que corresponde o estado
inicial, a concentração de A é [Ao] e num instante qualquer a concentração de A, é [A].
Logo,

Eq. 6

A integração de ambos os lados da igualdade fornece a seguinte relação:

Eq. 7
Aplicando o logaritmo nepteriano nos dois lados da igualdade e valendo-se das
propriedades do logaritmo a Eq. 7 pode ser reescrita da seguinte forma:
ln[A] = ln[A]o – kt Eq. 8
Para sistemas gasosos tem-se que V∞ corresponde ao volume de nivelamento da
coluna e VT ao volume final da coluna, sendo a diferença destes correspondentes à
variação do volume do líquido na coluna de nivelamento e, portanto, ao volume de
oxigênio produzido na decomposição do peróxido de hidrogênio.
Observa-se que a equação 3 refere-se à uma equação de reta do tipo: y = a.x + b,
dessa forma, construindo-se um gráfico de ln(V∞-VT) em função do tempo, obtém-se uma
reta cujo o coeficiente angular é igual a constante de velocidade da reação procedida com
um dado catalisador.
Além disso, outro parâmetro de interesse cinético que pode ser obtido também a
partir desse experimento é o tempo de meia vida, que trata-se do tempo gasto para que a
concentração da espécie reagente na reação caia a metade, ou seja, [A]0 = [A]/2, obtendo-
se a Equação 8.

Eq. 9
Então a equação 9 pode ser escrita conforme já descrito na Equação 4, citada no item 1,
a qual é abaixo desenvolvida :

ln(0,5) = - k. t1/2
- ln(0,5) =k. t1/2
ln(2,0) = k. t1/2

Eq. 10
Com base na construção de gráficos do ln(V∞ - Vt) contra o tempo medido, utilizando
a equação da reta fornecida, através do coeficiente de linearidade da mesma é possível
determinar qual dos catalisadores utilizados é o mais seletivo. De acordo com as
informações contidas na Tabela 1, construiu-se o gráfico de ln(V∞-Vt) em função do
tempo de reação para os três catalisadores utilizados, apresentados na Figuras 5, 6 e 7.
22

21
Y = 19,16111 - 0,06367X
20 r = -0,83845
19

ln (Vinf - V0)
18

17

16

15

14

0 20 40 60 80 100
tempo / min

Figura 5 - Variação logarítmica do volume de O2 proveniente da decomposição do


H2O2 pelo tempo, utilizando-se o catalisador PbO2.

35

30 Y = 31,64588 - 0,05168X
r = -0,96898
ln (Vinf - V0)

25

20

15

0 50 100 150 200 250 300 350 400


tempo / min

Figura 6 - Variação logarítmica do volume de O2 proveniente da decomposição do


H2O2 pelo tempo, utilizando-se o catalisador PbO.
30

Y = 30,06667 - 1,15X
25 r = -0,97043

ln (Vinf - V0)
20

15

10

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
tempo / min

Figura 7 - Variação logarítmica do volume de O2 proveniente da decomposição do


H2O2 pelo tempo, utilizando-se o catalisador MnO2.

A Tabela 4 resume os cálculos feitos anteriormente para as constantes de velocidades da


reação e os tempos de meia vida.

Tabela 4 - Constantes de velocidades da reação de decomposição do H2O2 com os três


catalisadores utilizados, bem como os seus respectivos tempos de meia vida.
Catalisador Constante de velocidade k /s-1 Tempo de meia vida t1/2 /s

PbO2 0,064 10,83

PbO 0,052 13,33

MnO2 1,150 0,61

Depois de realizar os cálculos para cada catalisador escolheu-se o mais eficiente. Para
a escolha deste, analisaram-se as constantes de velocidade e o tempo de meia-vida de
cada reação de decomposição com o seu respectivo catalisador, sendo que, o catalisador
que apresentou maior constante de velocidade e o menor tempo de meia vida é
considerado o catalisador mais eficiente, o qual neste experimento é o Dióxido de
Manganês, como mostrado a tabela 2, conforme previsto pela teoria.

Parte 2 – Influência da concentração na velocidade da reação


Nessa etapa do experimento, o dióxido de manganês, escolhido previamente
como melhor catalisador, é então testado, só que para um volume reduzido de peróxido
igual a 1,5 mL de H2O2 30% (m/m). Os dados referentes às variações de volume de gás
oxigênio liberado na reação de decomposição do peróxido de hidrogênio são listados
como mostra a tabela 5.

Tabela 5 - Tabela referente às medidas de volume do gás oxigênio formado na reação


de decomposição do peróxido de hidrogênio, para o catalisador MnO2 para um volume
de 1,5 mL H2O2 30% (m/m) em relação à variação de tempo medido. V∞ = 18,8 cm3

t/s V / cm³
2 1
4 1,6
6 2
8 2,6
10 3
12 3,6
14 4,2
16 4,6
18 5,2
20 5,8
22 6,2
24 6,4
26 7
28 7,4
30 7,8
32 8
34 8,4
36 8,6
38 9
40 9,2
42 9,4
44 9,6
46 9,8
48 10

O gráfico referente aos dados experimentais para a reação de decomposição de 1,5 mL de H2O2
30% (m/m) catalisada com dióxido de manganês encontra-se na figura 6.
18
Y = 17,52681 - 0,19974X
16 r = - 0,98808

ln (Vinf - V0)
14

12

10

8
0 10 20 30 40 50
tempo / s

Figura 6 - Variação logarítmica do volume de O2 proveniente da decomposição de


1,5 mL de H2O2 pelo tempo, utilizando-se o catalisador MnO2.

A equação fornecida pelo gráfico deste catalisador é y = 17,52681 – 0,19974x,


que se comparada com a equação 3 fornece a constante de velocidade da reação. Assim,
k = 0,19974 s-1
É possível se verificar que a mudança na concentração do Peróxido de Hidrogênio
30% (m/m), através da mudança do volume utilizado, provocou mudanças na constante
de velocidade e no tempo de meia vida da reação. A constante de velocidade diminuiu
consideravelmente e por consequência, o tempo de meia vida aumentou seu valor inicial
mais do que o dobro.
Segundo a teoria, existe uma independência entre o tempo de meia vida para uma
reação de primeira ordem e a concentração inicial de uma espécie A, como já
demonstrado na equação 4, no entanto, verificou-se que houve uma variação tanto na
velocidade da reação quanto no tempo de meia vida, diferindo do que se esperava pela
teoria.

Parte 3 – Influência da massa do catalisador na velocidade da reação


Nessa parte do experimento manteve-se o volume de peróxido de hidrogênio
constante variando-se a massa do catalisador dióxido de manganês. Os dados referentes
às variações de volume de gás oxigênio liberado na reação de decomposição de 3,0 mL
de peróxido de hidrogênio com 0,076 g (dobro da massa inicial) são listados como mostra
a tabela 6.
Tabela 6 - Medidas experimentais de volume de O2(g) formado na reação de
decomposição de 3,0 mL de peróxido de hidrogênio, com 0,076 g do catalisador MnO2,
em relação à variação de tempo medido. V∞ = 37,0 cm3
t/s V / cm³
2 2
4 3
6 4
8 5
10 6,5
12 8,2
14 10
16 12,4
18 15
20 16
22 17
24 18
26 19
28 19,8
30 20,2
32 21
34 21,4
36 22,6
38 22,8
40 23
42 23,2
44 23,4

O gráfico referente aos dados experimentais para a reação de decomposição de 3,0 mL


de H2O2 30% (m/m) catalisada com 0,076 g de dióxido de manganês encontra- se na Figura 7.
35
Y = 35,3026 - 0,55486X
r = - 0,96909
30

ln (Vinf - V0)
25

20

15

0 10 20 30 40 50
tempo / s

Figura 7 - Variação logarítmica do volume de O2 proveniente da decomposição de 1,5


mL de H2O2 pelo tempo, utilizando-se o catalisador MnO2.

A equação fornecida pelo gráfico deste catalisador é y = 35,3026 – 0,55486x, que


se comparada com a equação 3 fornece a constante de velocidade da reação. Assim,
k = 0,55486 s-1
Observa-se que a condição inicial é a mais “ideal” para se obter uma maior
velocidade e menor tempo de meia-vida para a reação de decomposição do peróxido de
hidrogênio.
Os desvios de resultados em relação ao previsto pela teoria podem ser atribuídos
a erros experimentais, uma vez que a reação na presença de catalisador é rápida, e tempo
monitorado deveria ser marcado ora de 10 em 10 segundos para os catalisadores de
Chumbo, e de 2 e 2 segundos para o catalisador de Manganês, em algumas medidas, pode
ter havido confusão na visualização do volume de gás oxigênio na bureta, além da
dificuldade em manter sempre o frasco nivelador e a bureta na mesma altura, além da
variação de temperatura e pressão ao longo do experimento que pode ter influenciado nos
resultados experimentais.

5 CONCLUSÃO
Conclui-se com este experimento que a reação de decomposição do peróxido de
hidrogênio apresenta cinética de primeira ordem visto que a plotagem dos dados
apresentou a linearidade esperada. Observa-se que a reação de decomposição catalítica
do peróxido de hidrogênio apresenta maior eficiência na presença do catalisador dióxido
de manganês, nas condições iniciais com 3,0 mL de H2O2 30% e 0,038g de MnO2. Neste
experimento, verifica-se também que a mudança na concentração do peróxido provoca
uma mudança na constante de velocidade da reação e por consequência no tempo de meia
vida, o mesmo é observado para a mudança na massa do catalisador utilizado. Os desvios
da teoria podem ser relacionados a erros experimentais de observação por parte do
manipulador dos instrumentos e também à dificuldade de manutenção de temperatura e
pressão. Apesar dos erros encontrados pode-se concluir que o experimento é bem
realizado e seus objetivos alcançados.

REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS

ATKINS, P. e PAULA, J. – Físico-Química. 9ª edição, LTC, Rio de Janeiro, 2012. V. 2.


p. 321 – 340.
Brasil escola. Termodinâmica. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/fisica/termodinamica.htm
Cinética Química – Introdução e Resolução das Leis de Velocidade. Disponível em:
<http://kalilbn.wordpress.com/cinetica-quimica-i-introducao-e-reacoes-de-primeira-
ordem/>.

Cinética Química. Disponível em:


<http://www.agracadaquimica.com.br/quimica/arealegal/outros/60.pdf>

Cinética Química. Disponível em:


<http://www.iq.ufrgs.br/ead/fisicoquimica/cineticaquimica/reacoes.html
Físico - Química. Disponível em: <http://www2.ufpa.br/quimdist/livros_bloco_6/livros-
2011/FISICO-QUIMICA%20TEORICA.pdf>.
Meia - vida. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Meia-vida>. Acesso em 21
Setembro 2013, 16:22.
Peróxido de hidrogênio. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%B3xido_de_hidrog%C3%AAnio>.
Peróxido de hidrogênio. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/quimica/peroxido-de-hidrogenio.htm>.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE QUÍMICA

PRÁTICA 9
DIAGRAMA BINÁRIO LÍQUIDO-VAPOR

UBERLÂNDIA – MG
1. INTRODUÇÃO
Os diagramas de fases são mapas que contêm as pressões e temperaturas onde cada
uma das fases de uma substância seja mais estável. Uma fase representa uma forma da
matéria a qual seja homogênea em relação à composição química e ao estado físico. Estes
diagramas são considerados como as mais compactas formas de se exibirem as mudanças
de estado físico de uma substância ou uma mistura e sua composição. Entretanto, os
equilíbrios de fases de sistemas compostos por duas espécies são mais complexos, pois é
acrescentada uma variável. Assim nesse caso, tem-se como variáveis a pressão, a
temperatura e a composição da mistura, e por isso seria necessário o tratamento de
sistemas envolvendo gráficos tridimensionais.

Um diagrama de fases é P vs T que indica a estabilidade de uma substância pura em


cada fase do sistema. Mostra as várias regiões nas quais as fases desse sistema são
termodinamicamente estáveis.

Figura 1: Representação esquemática de um diagrama de fases.

O diagrama é composto por pontos, linhas e áreas com significados próprios.


 Pontos: Além dos pontos de ebulição, fusão e sublimação.
 Tríplice: É o único ponto de coordenadas (P, T) no qual há um equilíbrio trifásico,
ou seja, a substância pura pode existir nos três estados físicos: sólido, líquido e
gasoso.
 Crítico: É o ponto que representa as condições limites (Pc, Tc) acima das quais,
pelo princípio da continuidade dos estados, não é possível distinguir líquido de
gás, por isso são denominados de fluidos.
 Linhas: Indicam as misturas bifásicas, ou seja, os valores de T e P nos quais duas
fases coexistem em equilíbrio.
Sólido-Líquido: Todos os pontos (P, T) nos quais sólidos e líquidos podem coexistir.
Líquido-Gás: Pontos de coexistência de líquido e gás.
Sólido-Gás: Pontos de Coexistência de sólido e gás.
 Áreas: São regiões onde só há estabilidade de uma fase.
Sólida: Todas as condições de P e T nas quais apenas a fase sólida é estável.
Líquida: Todas as condições de P e T nas quais apenas a fase líquida é estável.
Gasosa: Todas as condições de P e T nas quais apenas a fase gasosa é estável.
As curvas que separam as regiões são denominadas curvas de equilíbrio e mostram
os valores de pressão e/ou temperatura nos quais duas ou mais fases coexistem em
equilíbrio, onde o eixo da abscissa representa a fração molar ou mássica e o eixo da
ordenada à temperatura de equilíbrio Líquido-Vapor.

Neste sentido, todos os diagramas de fases podem ser discutidos em termos de uma
relação geral, a regra das fases, deduzida pela primeira vez por J.W.Gibbs. A regra das
fases é a equação que determina o número de ariáveis independentes do sistema,
estabelece o aspecto geral do diagrama de fases e expressa a relação genérica entre os
graus de liberdade (F) de um sistema, o número de fases (P) e o número de componentes
(C) no equilíbrio para qualquer sistema.

Equação 1
Lembrando que grau de liberdade (F) é o número de variáveis de estado intensivas
que podem ser variadas independentemente, sem perturbar o número de fases em
equilíbrio.
As misturas não ideais formam azeótropos, esse nome é dado a uma mistura de
líquidos composta por um ou mais componentes que em condições específicas entram em
ebulição em uma mesma temperatura, é considerado como uma substância pura (apesar
de não ser), pois a constituição da fase gasosa da mistura é igual à composição da fase
líquida, haja vista o fato de a mistura possuir ponto de ebulição fixo e constante, o que
faz com que haja a ebulição da mistura como um todo e não como componentes em
separado.
Há algumas classificações de azeótropos, baseando-se nos valores de ponto de
ebulição:
 Para misturas com ponto de ebulição maiores do que os das substâncias que as
compõem classificam-se como: azeótropo de máximo.
 Para misturas com ponto de ebulição menores do que os das substâncias que o
compõem: azeótropo de mínimo.
Isto se deve por desvios da lei de Raoult que ocorrem por causa das fortes forças de
atração entre as moléculas do composto. No desvio negativo, as atrações entre moléculas
diferentes são mais fracas do que nas iguais, e no positivo, a força de atração das
moléculas dos componentes são mais fortes do que entre moléculas idênticas
São representados pelos seguintes gráficos:

Figura 2: Sequência de diagramas binário líquido-vapor de uma solução “ideal”, de um


azeótropo de mínimo e máximo, respectivamente.

Na figura acima, existem diagramas Tvs x de três misturas binárias. O gráfico à


esquerda é de uma mistura ideal de A e B, sem formação de azeótropo, com as linhas de
líquido e vapor saturados variando desde a temperatura de ebulição de A, a mais baixa,
até a de B, a mais alta. O gráfico central é de uma mistura binária de C e D que forma um
azeótropo de mínimo. Veja que a temperatura no azeótropo é menor do que as
temperaturas de ebulição de C e de D quando puros. O gráfico à direita é de uma mistura
binária E e F que forma um azeótropo de máximo. A temperatura no azeótropo é maior
do que as temperaturas de ebulição de E e F quando puros.
2. OBJETIVOS
O objetivo do experimento é construir um diagrama de fases de uma mistura de
clorofórmio e acetona, os quais desviam da idealidade (lei de Raoult). Essa construção é
realizada destilando-se soluções de clorofórmio e acetona e medindo-se a composição das
fases líquida e vapor utilizando um refratômetro de Abee.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 MATERIAIS
- Sistema de destilação.
- Clorofórmio PA.
- Acetona PA.
- Béquer de vidro de 250 mL.
- Funil de vidro.
- Duas provetas de 50 mL

3.2 METODOLOGIA

Adicione ao balão de destilação 69,0 mL de acetona (componente mais volátil) e destile


até que a temperatura se torne constante. Desligue a manta de aquecimento e colete
aproximadamente 3,0 mL do destilado e verificado o ponto de ebulição e o índice de refração da
amostra. Após o resfriamento do balão de destilação colete 3,0 mL do resíduo e medido o índice
de refração do mesmo. Após esta etapa adicione 15 mL de clorofórmio (componente menos
volátil) ao balão de destilação e retomada a destilação. Quando a mistura contida no balão entrar
em ebulição, desligue a manta de aquecimento, recolha mais 3,0 mL do destilado e verifique o
ponto de ebulição e o índice de refração da amostra. Após o resfriamento do balão de destilação
retire 3,0 mL do resíduo e meça o índice de refração do mesmo. Repita este procedimento
adicionando diferentes volumes de clorofórmio conforme o informado na Tabela 1.
Tabela 1: Volumes da mistura acetona/clorofórmio.

Volume de acetona (mL) Volume de clorofórmio (mL)

69,0 0

69,0 15,0

69,0 22,0

69,0 37,5

69,0 60,0

Lave o balão de destilação, adicione ao mesmo 65,0 mL de clorofórmio


(componente menos volátil) e destile até que a temperatura se torne constante. Desligue
a manta de aquecimento e colete aproximadamente 3 mL do destilado e verifique o ponto
de ebulição e o índice de refração da amostra. Após o resfriamento do balão de destilação
colete 3,0 mL do resíduo e meça o índice de refração do mesmo. Após essa etapa adicione
5,0 mL de acetona ao balão de destilação e retome a destilação. Quando a mistura contida
no balão entrar em ebulição, a manta de aquecimento é desligada, e recolhe-se 3,0 mL do
destilado e verifique o ponto de ebulição e o índice de refração da amostra. Após o
resfriamento do balão de destilação retire 3,0 mL do resíduo e meça o índice de refração
do mesmo. Repita este procedimento variando os volumes de acetona conforme o
informado na Tabela 2.

Tabela 2: Volumes da mistura clorofórmio/acetona.

Volume de clorofórmio (mL) Volume de acetona (mL)

65,0 0

65,0 5,0

65,0 12,5
65,0 20,0

65,0 32,5

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
[EXEMPLO]

Os valores de ponto de ebulição e os índices de refração obtidos a partir da destilação


das amostras das misturas acetona/clorofórmio e clorofórmio/acetona estão apresentados,
respectivamente nas Tabelas 3 e 4, em que D se refere ao líquido destilado e L ao líquido
residual do balão de destilação.

Tabela 3 – Valores de temperatura de ebulição e de índice de refração para a mistura


acetona/clorofórmio.
Vacetona/mL Vclorof./mL TE/°C IR (D) IR (L)

69,0 0,0 51,0 1,349 1,348

69,0 15,0 53,0 1,369 1,368

69,0 22,0 57,9 1,392 1,399

69,0 37,5 59,5 1,415 1,415

69,0 60,0 58,5 1,429 1,425

Tabela 4 – Valores de temperatura de ebulição e de índice de refração para a mistura


clorofórmio/acetona.
Vclorof./mL Vacetona/mL TE/°C IR (D) IR (L)
65,0 0,0 55 1,442 1,4425

65,0 5,0 57 1,440 1,4355

65,0 12,5 58 1,4265 1,4215

65,0 20,0 59 1,4035 1,407

65,0 32,5 58.5 1,381 1,393

De acordo com os valores de índice de refração obtidos para cada amostra denotou-
se a respectiva composição das misturas, dados apresentados na Tabela 6 e 7, de acordo
com o observado na Tabela 5.
Tabela 5 – Índice de Refração da mistura acetona-clorofórmio

Tabela 6 – Composição em porcentagem molar da mistura acetona/clorofórmio de acordo


com o índice de refração obtido.
Xacetona (%) Xclorof. (%)

(D) (L) (D) (L)

100,0 100,0 0,00 0,00

86,40 87,50 13,60 12,50

61,40 53,55 38,60 46,45

35,45 35,45 64,55 64,55

18,60 23,50 81,40 76,50

Tabela 7 – Composição em porcentagem molar da mistura clorofórmio/acetona de acordo


com o índice de refração obtido.

Xacetona (%) Xclorof. (%)

(D) (L) (D) (L)

1,45 0,725 98,55 99,275

4,25 10,325 95,75 89,675

27,725 27,725 78,325 72,275

44,70 44,70 51,45 55,30

60,25 60,25 26,70 39,75


A partir dos dados de fração molar e de temperatura, construiu-se o diagrama de fases
com a temperatura em função da composição molar da solução de clorofórmio,
apresentado na Figura 5 .
Figura 5 - Gráfico do diagrama de fases da temperatura em função da fração molar de
clorofórmio na solução clorofórmio/acetona.

59 Destilado
Resíduo

58
Temperatura / °C

57

56

55

30 40 50 60 70 80 90 100
Fração Molar de Clorofórmio / %

Analisando o comportamento do gráfico acima apresentado observa-se que o


mesmo se refere a uma mistura azeotrópica. De modo que como já exposto anteriormente,
trata-se de um azeótropo positivo (com ponto de máximo), ou seja, uma mistura onde a
interação das moléculas dos diferentes compostos é mais intensa que entre as moléculas
dos reagentes puros.
Como os dados utilizados para a construção do gráfico são experimentais a curva
não possui todos os pontos exatamente sobre as fronteiras (curvas de equilíbrio), sendo,
portanto, esses pontos desviados devido aos desvios da Lei de Raoult, de modo que a
curva traçada engloba os pontos mais próximos ao comportamento ideal deste tipo de
mistura.
Pela regra das fases de Gibbs (F = C – P + 2) é possível analisar fisicamente o
gráfico de modo que algumas regiões individuais do mesmo podem ser identificadas:
Tem-se que dentre as três propriedades intensivas (temperatura, pressão e
composição) na região abaixo da curva do líquido:
FL= 2 – 1+ 2 → F= 3
Ou seja, três dessas propriedades podem ser alteradas sem que haja mudança no
equilíbrio do sistema. Na região entre as duas curvas:
FL/V= 2 – 2 + 2 → F= 2
Então duas das propriedades intensivas podem ser alteradas. E na região acima da
curva de vapor:
Fv = 2 – 1 + 2 → F= 3
Portanto nesta região também três propriedades intensivas podem ser alteradas
sem que haja mudança no equilíbrio do sistema.
A maioria das soluções de fato utilizadas em laboratórios fogem à idealidade (não-
ideais) fazendo com que seus diagramas de fases, ou seja, gráficos de temperatura em
função da fração molar determinados experimentalmente são um pouco mais complicados
que aqueles que se comportam idealmente. Nesse caso com o sistema analisado apresenta
um desvio negativo da lei de Raoult o gráfico apresenta um ponto de ebulição máximo.
Esse desvio negativo ocorre devido a exotermicidade da reação que leva a formação da
solução de acetona/clorofórmio. Isso é mesmo que dizer que as forças de atração entre as
moléculas do soluto e do solvente na solução são mais fortes que as que existem no estado
puro do soluto e do solvente e assim, as moléculas têm menos capacidade de escapar na
solução do que no estado puro. Como resultado a pressão parcial da solução é inferior ao
calculado pela Lei de Raoult e a temperatura de ebulição maior. Desse modo, a mistura
não pode ser separada completamente em componentes puros apenas por destilação
fracionada.
Quando há formação de um azeótropo ocorrem sucessivas ebulições até resultar
em um destilado que tenha aproximadamente a mesma composição do liquido do frasco,
no caso deste experimento, a acetona é o líquido de menor ponto de ebulição e o
clorofórmio possui maior ponto de ebulição, o destilado obtido é o chamado azeótropo.
Depois que o destilado azeotrópico é produzido as destilações adicionais não resultarão
em mais separações e o liquido entrará em ebulição à temperatura constante.
De acordo com a literatura, a mistura azeotrópica de clorofórmio/acetona ocorre
com uma mistura contendo 20% em composição de acetona e 80% da composição de
clorofórmio e esse azeótropo apresenta ponto de ebulição fixo em 64, 7 °C enquanto que
de acordo com o gráfico obtido a temperatura de ebulição da mistura ocorreu em
58 °C. Além disso, de acordo com os dados obtidos experimentalmente a mistura
azeotrópica de clorofórmio/acetona ocorreu aproximadamente com uma fração molar de
clorofórmio de 78,95% e de acetona de 21,05%, concluindo-se que os dados
experimentais encontram-se consideravelmente próximos do valor esperado pela teoria.
Calculou-se então, o erro percentual relativo, apresentado a seguir:

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 − 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐸𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙


𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 (%) = × 100
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜

64,7 − 58
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 (%) = × 100
64,7

𝑬𝒓𝒓𝒐 𝒑𝒆𝒓𝒄𝒆𝒏𝒕𝒖𝒂𝒍 𝒓𝒆𝒍𝒂𝒕𝒊𝒗𝒐 (%) = 𝟏𝟎, 𝟑𝟓 %

O erro indica certa discrepância do dado experimental em relação ao teórico, isso está
relacionado com os erros associados a execução do procedimento e demais variáveis
envolvidas no mesmo, dentre os quais cita-se: os valores tabelados são medidos ao nível
do mar, no caso de Uberlândia onde se realizou o experimento, ocorre uma variação desse
valor devido à diferença de pressão e temperatura, o que ocasiona uma queda na
temperatura real de ebulição para a mistura, este fator pode justificar parte do erro
encontrado, impurezas presentes nos reagentes, na leitura do índice de refração ou erro
na leitura do termômetro.

5. CONCLUSÃO

De acordo com os dados obtidos e com a construção do diagrama de fases é


possível se encontrar o ponto de azeótropo para a mistura. No ponto de máximo a
composição da mistura é de 78,95% de clorofórmio e 21,05% de acetona
consideravelmente próximo ao da literatura que é, respectivamente, 80 e 20 %. Além
disso, esse ponto refere-se a temperatura de ebulição de 58°C com um erro percentual
relativo de 10,35 %, próximo ao limite aceitável, em relação ao valor encontrado na
literatura (64,7°C). Dessa forma os objetivos do presente experimento são alcançados.
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS

Apelblat, A.; Tamir, A.; Wagner, M.; Thermodynamics Of Acetone-Chloroform


Mixtures. Fluid Phase Equilibria. v.4. p. 229-255.1980.

ATKINS, P. e PAULA, J. – Físico-Química. 9ª edição, LTC, Rio de Janeiro, 2012. V. 1.


p. 113 – 117.
Brasil escola. Diagrama de fases. [S.L.]. Disponível em:
<www.brasilescola.com/fisica/diagrama-fases.htm>.

CHANG,R.; Fisíco-química, para ciências químicas e biológicas. v.3. p.56. 3ª ed.

Físico – Química Experimental II – Diagrama binário liquido - vapor. Disponível


em: <http://pt.scribd.com/doc/57259172/Relatorio-8>.
Físico – Química. Disponível em:
<www2.ufpa.br/.../Módulo%20III%20Unidade%201%20conteúdo.pdf>
LIDE, D. R. Handbook of chemistry and physics. v.3. 73 rd. ed. Boca Raton: CRC.
1992. p.F7.
Propriedade física das soluções. [S.L.]. Disponível em:
<http://w3.ualg.pt/~cfonseca/Quim_Geral/PDF/Solucoes.pdf>.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE QUÍMICA

PRÁTICA 10

DETERMINAÇÃO DA LEI DE VELOCIDADE DA REAÇÃO DO CRISTAL-


VIOLETA COM O HIDRÓXIDO DE SÓDIO

UBERLÂNDIA – MG
1. INTRODUÇÃO

A velocidade de uma reação é definida como sendo a variação da concentração de um


reagente por unidade de tempo. As concentrações são geralmente expressas em mol por
litro, e o tempo em minutos ou segundos. A velocidade de uma reação é frequentemente
dependente da concentração ou pressão parcial de um reagente, porém não de um produto,
sendo normalmente escritas em termos de velocidade de consumo de reagentes.

O violeta de metila é uma mistura de tetrametila, pentametila e hexametila


pararosanilinas é utilizado como indicador de pH e corante, também chamado de violeta
cristal ou cristal violeta. Pela mistura de diferentes versões, o fabricante pode criar
diferentes tons de violeta no corante final. Quanto mais metilado o composto (que possui
mais grupos metila ligados), mais azul profundo na cor final será.

Para a determinação da ordem de uma reação ou sua lei de velocidade, pode-se utilizar
a mudança de coloração da reação do cristal de violeta com o hidróxido de sódio. Para
acompanhar a reação utiliza-se um equipamento denominado espectrofotômetro, em que
se verifica a mudança da coloração da mistura que é um dos indicativos de que uma
determinada reação está se processando.

A lei de velocidade generalizada para uma reação bimolecular leva em conta as


concentrações presentes dos dois reagentes, como mostrado a seguir:

d cristal

dt

 k 2 OH   cristal
m n

Equação [1]

Considerando o Método do Isolamento em que um dos reagentes encontra-se em


grande excesso, de tal forma, que essa espécie praticamente não varia durante todo o
processo, sendo considerada constante. Fazendo a concetração de OH- constante, tem-se
a simplificação da lei de velocidade, de acordo com a Eq. 2:

d cristal
  k cristal
n

dt
Equação [2]
Sendo a concentração de OH-, englobada na nova constante

𝑘 = 𝑘2 [𝑂𝐻 − ]𝑚 K

Equação [3]

Com esses dados, é possível determinar K e n, relacionando a variação da


concentração do cristal violeta com o tempo, independente da concentração de hidroxila.
Para descobrir o valor de n, integra-se a equação [2] e assim obtem-se várias relações
entre concentração e tempo, a fim de obter uma relação que melhor descreva os dados
experimentais.

A seguir, tem-se uma tabela que ilustra a ordem de reação e suas equações
correspondentes:

Tabela 1 - Ordem da reação e respectivas equações de velocidade.

Se a ordem da reação em relação ao cristal violeta for 1, o gráfico experimental de ln


[A] em função de t deve ser uma reta cujo coeficiente angular é o valor de –k. Para testar
estas relações com os dados experimentais, é conveniente definir as variáveis que serão
graficadas uma em função da outra de modo que o gráfico seja uma reta. Se ao graficar
as variáveis escolhidas, for obtido outro tipo de curva, descarta-se a ordem de reação
testada e testa-se outra, a fim de se encontrar qual a ordem de reação adequada ao
procedimento experimental.

A concentração do violeta cristal em um determinado tempo será monitorada através


da medida de absorbância, obtida em um espectrofotômetro. A medida da absorbância de
uma solução padrão para obtenção da lei de Lambert-Beer para o cristal violeta será dada
através da seguinte equação:
A = ε d [cristal]

Equação [4]

Em que, ε é a absortividade molar e d é a distância percorrida pelo feixe através da


amostra (largura da cubeta utilizada). Portanto, pode-se colocar a lei na forma [cristal] =
Kespec. A, onde Kespec. é uma reunião conveniente das constantes que serão determinadas
experimentalmente com a medida de absorbância (A) da solução padrão.

Ao definir n, o valor de k é obtido simultaneamente pela reta. O valor de k, juntamente


com a concentração conhecida de hidroxila podem ser usados então na equação [3] para
obtenção da ordem de reação m, em relação à hidroxila, mas existe uma segunda incógnita
(k2). Podemos obter uma segunda equação com as mesmas incógnitas se repetirmos a
experiência com outra concentração inicial (também alta) de hidroxila. Será obtido outro
valor para k e o sistema de duas equações do tipo da equação [3] poderá ser resolvido.

2. OBJETIVOS
Os objetivos experimento são determinar a Lei de Velocidade da reação do cristal
violeta com o hidróxido de sódio e determinar a ordem de reação em relação aos
reagentes.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1. MATERIAIS UTILIZADOS


- Solução de cristal violeta 0,030 g/L;

- Solução de NaOH 0,10 mol L-1;

- 2 Pipetas graduadas de 10 ml;

- 2 Balões volumétricos de 100 mL;

- 2 Balões volumétricos de 50 mL;

- 1 Proveta de 100 mL;

- 1 erlenmeyer de 250 mL;


- Cronômetro;

- Espectrofotômetro.

3.2. METODOLOGIA
Primeiramente, prepare uma solução de cristal violeta tomando-se 10 mL da
solução 0,030 g/L e diluindo a mesma para 100 ml. Meça a absorbância da solução
preparada em λ = 590 nm e calcule a constante espectroscópica Kespec..

Posteriormente prepare outra solução de cristal violeta tomando-se 10 mL da


solução 0,030 g/L e diluindo a mesma para 50 mL. Em seguida, prepare uma outra
solução de NaOH tomando-se 4 mL da solução 0,10 mol L-1 e dilua a mesma para 50 mL.

Misture as duas soluções anteriormente preparadas para dar início à reação.


Coloque primeiro uma das soluções em uma proveta e a outra em um erlenmeyer; misture
rapidamente as duas soluções no erlenmeyer, iniciando-se ao mesmo tempo a contagem
de tempo. Observe que a concentração de cristal violeta no momento da mistura era a
mesma da primeira solução de cristal violeta preparada no início do procedimento, e,
portanto, a absorbância medida naquele item é a absorbância Ao do início da reação.

Coloque um pouco da mistura em uma cubeta e meça as absorbâncias em


intervalos de 4 em 4 minutos a partir do início da contagem de tempo.

Repita o procedimento a partir da segunda solução de cristal violeta preparada,


desta vez preparando-se uma solução de NaOH duas vezes mais concentrada. Observe
que a absorbância Ao ainda era a mesma medida para a primeira solução preparada, pois
a concentração inicial de cristal violeta não mudou na repetição.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
[EXEMPLO]

a. Concentração das soluções de cristal violeta utilizadas na determinação


da absorbância.
 Solução Cristal Violeta (1)

0.030 g  1000 mL

x  10 mL

x = 0,0003 g

C = 0,0003 g/ 0,100 L = 3x10-3 g/L

 Solução Cristal Violeta (2)

0.030 g  1000 mL

x  10 mL

x = 0,0003 g

C = 0,0003 g/ 0,050 L = 6x10-3 g/L

 Solução de hidróxido de sódio

0,10 g _________ 1000 mL

x _________ 4 mL

x = 0,0004 g

C = 0,0004 g/ 0,050 L = 8x10-3 g/L

b. Determinação da Ordem de Reação

Inicialmente foi realizada a medida do valor de absorbância para o A0, sendo que o valor
encontrado foi de 0,667, em λ = 590 nm.

Na primeira medição, utilizou-se a solução de violeta-cristal n° 1 e na segunda


medição, a solução de cristal-violeta n° 2.

Tabela 2 - Dados Experimentais de absorbância em relação ao tempo de reação


determinados experimentalmente

Primeira Medição Segunda Medição

Tempo / min Absorbância Tempo / min Absorbância


0 0,667 0 1,204

4 0,505 4 0,556

8 0,433 8 0,473

12 0,383 12 0,410

16 0,332 16 0,354

20 0,292 20 0,310

24 0,258 24 0,271

28 0,231 28 0,242

32 0,206 32 0,217

36 0,185 36 0,204

Utilizando-se a lei de Lambert-Beer, determinamos a absortividade molar de cada


solução:

- Para a solução de cristal-violeta (1):

A = ε d [cristal]

0,667 = ε (1 cm) (3 x 10-3 g . L-1)

ε = 222,33 g-1 . L . cm-1

- Para a solução de cristal-violeta (2):

A = ε d [cristal]

0,667 = ε (1 cm) (6 x 10-3 g . L-1)

ε = 111,17 g-1 . L . cm-1

Conforme já explicitado na seção 1, a lei de velocidade generalizada para uma


reação bimolecular leva-se em consideração as concentrações dos dois reagentes
(hidróxido de sódio e cristal-violeta). A partir do método da concentração em excesso,
integra-se a equação com três valores de n de modo a obter diferentes relações entre
concentração e tempo para posterior comparação com os dados experimentais. As
equações integradas estão demonstradas abaixo:

Para n = 0

[cristal] – [cristal]O = - Kt

[cristal] = [cristal]O – Kt

Para n =1

ln [cristal] – ln [cristal]O = - Kt

ln [cristal] = ln [cristal]O – Kt

Para n = 2

1 1
= 𝐾𝑡 +
[𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑙] [𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑙]𝑂

Usando a lei de Lambert-Beer, temos:

Para n = 0 Para n = 1 Para n = 2


1 1
At – AO = - Kt ln At – ln AO = - Kt = 𝐾𝑡 + A
At 𝑂
At = AO – Kt ln At = ln AO – Kt

É interessante perceber que, o uso da lei de Lambert-Beer para substituir os


valores de concentração do cristal [cristal]t pela absorbância At na determinação da lei de
velocidade da reação foi pertinente. Para comprovar isso, basta observar que outra forma
de obter a lei de velocidade da reação seria inicialmente determinar a concentração ao
longo do tempo. A concentração pode ser determinada usando a lei de Lambert-Beer:

A = ε d [cristal]

𝐴
[𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑙] =
εd
Com os dois conjuntos de dados absorbância-tempo obtidos (tabela 02), tornou-se
possível, com a aplicação da lei de Lambert-Beer, testar a validade de cada valor de n
proposto no roteiro do experimento.

Para esse fim, foram construídas as tabelas 03 e 04 a seguir:


Tabela 3 - Valores de At, ln At e 1/ At em função do tempo para a primeira medição

Tempo (min) Absorbância, At ln [At] 1/[At]

4 0,556 -0,58699 1,79856

8 0,473 -0,74866 2,11417

12 0,410 -0,89160 2,43902

16 0,354 -1,03846 2,82486

20 0,310 -1,17118 3,22581

24 0,271 -1,30564 3,69004

28 0,242 -1,41882 4,13223

32 0,217 -1,52786 4,60829

36 0,204 -1,58964 4,90196

Tabela 4 - Valores de At, ln At e 1/ At em função do tempo para a segunda medição

Tempo (min) Absorbância, At ln At 1/At

4 0,492 -0,70928 2,03252

8 0,373 -0,98618 2,68097

12 0,298 -1,21066 3,35570

16 0,228 -1,47841 4,38596

20 0,179 -1,72037 5,58659

24 0,152 -1,88387 6,57895


28 0,132 -2,02495 7,57576

32 0,116 -2,15416 8,62069

36 0,105 -2,25379 9,52381

Concluída essa etapa, graficou-se A, ln A e 1/A em função do tempo para a


escolha da expressão mais adequada.

Utilizou-se dos valores das Tabelas 3 e 4 para a construção dos gráficos


apresentados nas figuras 1, 2 e 3 referentes aos gráficos da ordem de reação,
respectivamente, n = 0, n= 1 e n = 2 tanto para a primeira quanto segunda medição.

Figura 1– Gráfico de Absorbância em função do tempo com n = 0 para: a) primeira


medição; b) segunda medição.

0,60
0,008 M 0,50
0,55
y = 0,553 - 0,001081 x 0,016 M
0,45 y = 0,457 - 0,011 x
0,50 r = 0,941
0,40 r = 0,8644
0,45
Absorbância

0,35
Absorbância

0,40
0,30
0,35 0,25
0,30 0,20

0,25 0,15

0,20 0,10

0,05
0,15
0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 5 10 15 20 25 30 35 40
t / min t / min

a) b)
Figura 2 – Gráfico de ln At em função do tempo com n = 1 para: a) primeira medição; b)
segunda medição.

0,016 M
-0,6 -0,6 y = -0,626 - 0,048 x
0,008 M
r = 0,9713
y = - 0,502 - 0,031 x -0,8
-0,8 r = 0,9893
-1,0
-1,2
-1,0
-1,4
lnA

-1,6
-1,2

lnA
-1,8

-1,4 -2,0
-2,2

-1,6 -2,4
-2,6
0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 5 10 15 20 25 30 35 40

t / min
t / min

a) b)

Figura 3 – Gráfico de 1/At em função do tempo com n = 2 para: a) primeira medição; b)


segunda medição.

0,008 M
y = 1,2915 + 0,1006 x 0,016 M
5,0 r = 0,99565 10 y = 0,7253 + 0,2434 x
r = 0,99471
9
4,5
8
4,0
7

3,5 6
1/A

5
3,0
1/A

4
2,5
3
2,0 2

1,5 1
0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 5 10 15 20 25 30 35 40
t / min
t / min

a) b)

Analisando o comportamento da reta de linearização dos pontos para cada ordem


de reação e coeficiente de correlação das retas obtidas (r), fica claro que, assumindo n =
2 obtemos um melhor grau de linearidade. Dessa forma, determinou-se o valor de k
através dos gráficos (figuras 5a e 5b):

Para n = 2

1 1
= 𝐾𝑡 +
At A𝑂

Primeira medição: y = 1,2915 + 0,1006x

Segunda medição: y = 0,7253 + 0,2434x


1 1
Como [𝐴]
= [𝐴]0 + 𝑘𝑡, encontrou-se um valor de k*1 = 0,1006 e k*2 = 0,2434. Agora é
possível determinar as incógnitas k2 e m com o seguinte sistema de equações.

k*1 = 0,1006 = K2 x 0,008m (Eq. 5)

k*2 = 0,2434 = K2 x 0,016m(Eq. 6)


0,2434
Logo, k2 = 0,016𝑚

Montando-se um sistema para encontrar o valor de m a partir das equações 5 e 6,


tem-se:
0,2434
0,1006 = 0,016𝑚 x (𝑜, 𝑜𝑜8)𝑚

0,2434
0,016𝑚 = 0,1006x (𝑜, 𝑜𝑜8)𝑚

0,016𝑚 = 2,4195 x (𝑜, 𝑜𝑜8)𝑚

2 x (𝑜, 𝑜𝑜8)𝑚 = 2,4195 x (𝑜, 𝑜𝑜8)𝑚

2𝑚 = 2,4195

m x ln2 = ln 2,4195
0,8836
m= 0,693

m = 1,27

Com o valor de m encontrado, foi possível encontrar o valor de k, correspondente


a constante de velocidade da reação entre o cristal violeta e o hidróxido de sódio:

Pela equação 5:
0,1006 = K x 0,0081,27
0,1006
k = 2,1723𝑥10−3

k = 46,31 dm3mol-1min-1

Pela equação 6:

0,2434 = K x 0,0161,27
0,2434
k=
5,2388𝑥10−3

k = 46,46 dm3mol-1min-1

Diante dos valores obtidos de k médio encontramos o valor de k2 = 46,39 dm3mol-


1
min-1.

Para calcularmos a ordem da reação em função da [cristal], podemos utilizar a


equação 7.

v = k[cristal]n.[OH-]m

onde a soma de n mais m representa a ordem global da reação, portanto como m é igual
a 1,27 e a reação é de segunda ordem, temos que n é igual a 0,73.

É interessante perceber que, o uso da lei de Lambert-Beer para substituir os


valores de concentração do cristal [cristal]t pela absorbância At na determinação da lei de
velocidade da reação foi pertinente. Para comprovar isso, basta observar que outra forma
de obter a lei de velocidade da reação seria inicialmente determinar a concentração ao
longo do tempo. A concentração pode ser determinada usando a lei de Lambert-Beer
(equação 6):

A = ε d [cristal]

𝐴
[𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑙] =
εd
Por fim, ainda com o intuito de validar os resultados, verificou-se a soma das ordens
de reação m e n que foi aproximadamente igual à molecularidade da reação do cristal-
violeta com o hidróxido de sódio (molecularidade 2):

m+n=1+1=2

Durante o experimento em questão pode ter ocorrido alguns erros de leitura como:
alterações durante a diluição dos corantes, visto que qualquer quantidade acima ou abaixo
pode afeitar no resultado; restos de outras soluções também podem afetar a leitura da
solução, e o tempo de reação pode ter passado alguns minutos a mais ou a menos por falta
de atenção do operador.

5. CONCLUSÃO
A abordagem do tema estudado é de grande importância, uma vez que a técnica
fotocalorimetrica é bastante utilizada na indústria, principalmente na indústria têxtil,
tintas e tratamento de efluentes, as quais alguns de nós teremos bastante contato no futuro.
Os objetivos propostos devem ser alcançados, uma vez que após analisados os dados
pudemos obtém-se a linearidade do gráfico de ln [A] versus o tempo (min), indicando que
a ordem da reação é de segunda ordem, além de determinarmos a ordem parcial (n e m)
de cada reagente.
Além disso, vale colocar que alguns erros de leitura podem ocorrer durante a execução
do presente experimento fazendo com que os ados se desviassem em parte do esperado.

REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS

ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o


Meio Ambiente. Vol. único. 3ª ed. São Paulo: Bookman, 2007. p.643.

CHANG, R. Físico Química para ciências químicas e biológicas, v.1, 3 ed. São Paulo:
McGrawHil, 2010, p.445

Determinação da lei de velocidade da reação do cristal-violeta com o hidróxido de


sódio. Apostila de Físico-Química Experimental. Universidade Federal de Uberlândia.
2013.

GUILARDI, S. Cinética Química. Material didático – Universidade Federal de


Uberlândia, 2014.

RANGEL, R. N. Práticas de Físico-Química, 3ª Ed, Edgard Blucher: p.128-132, 1995.


SANTOS, G.S. Identificação e quantificação do cristal violeta em aguardentes de
mandioca (tiquira). Química nova, v.28, n. 4, p.583, 2005

SKOOG, W., HOLLER, C. Fundamentos de Química Analítica, Tradução da 8ª Edição


norte-americana, Editora Thomson, São Paulo-SP, p. 680,683, 2006.

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