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TRABALHO II
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2017
Conselho editorial roberto paes e gisele lima
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2017.
CDD 344.01
Prefácio 9
1. Férias 11
Apresentação 12
Férias 13
Histórico 13
Conceito 14
Fundamentos 15
Natureza Jurídica 17
Aquisição e Duração 18
Período Concessivo 20
Fracionamento das Férias 21
Concessão Extemporânea das Férias 21
Remuneração 22
Abono de Férias 23
Férias Coletivas 23
Efeitos na Cessação do Contrato de Trabalho 24
Extinção Contratual e Férias Vencidas 25
Extinção Contratual e Férias Simples 25
Extinção Contratual e Férias Proporcionais 25
Prescrição 27
Prescrição na Vigência do Contrato de Trabalho 28
Prescrição no Término do Contrato de Trabalho 28
Sindicato 201
Conceito 201
Características e Finalidades 201
Entidades Sindicais 203
Contribuições Sindicais 206
Conflitos Coletivos de Trabalho 209
Formas de Solução dos Conflitos Coletivos 210
Negociação Coletiva de Trabalho 211
Convenção e Acordo Coletivo 211
Greve 213
Conceito 213
Natureza Jurídica 213
Finalidade 214
Tipos de Greve 214
Lockout 216
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
9
1
Férias
Férias
Apresentação
OBJETIVOS
• Compreender a origem, o conceito, a natureza jurídica e a abrangência das férias e seus
efeitos no contrato de trabalho;
• Identificar a proteção constitucional do instituto;
• Atentar para a necessidade de concessão aos empregados de um descanso anual;
• Analisar as regras gerais para a aquisição e concessão do direito de férias;
• Conhecer as formas de remuneração e de abono das férias;
• Estudar o prazo prescricional;
• Solucionar as questões envolvendo a aplicação do instituto.
capítulo 1 • 12
Férias
Histórico
Perceba que o direito referente à temática das férias foi objeto de conquista ao
longo dos séculos e inicialmente não foi destinado a toda a classe de trabalhadores,
e sim a determinados grupos de empregados, com destaque no século XIX.
Em 1821, a Dinamarca, através de lei, passou a conceder uma semana de
férias aos empregados domésticos no mês de novembro. Posteriormente, a França,
por meio de um Decreto Imperial, passou a autorizar um descanso de 15 (quinze)
dias aos funcionários públicos, não os estendendo aos empregados.
A Inglaterra, por sua vez, em 1872 promulgou lei tratando das férias destinada
especificamente aos empregados das indústrias.
No Brasil, as férias foram concedidas aos empregados do Ministério da Agricultura
por meio do Aviso Ministerial expedido pelo Ministro da Agricultura, Comércio e
Obras Públicas em 18 de dezembro de 1889. No ano seguinte, mais precisamente em
17 de janeiro de 1890, as férias anuais remuneradas foram concedidas aos ferroviários
e operários diaristas pelo Aviso Ministerial de 17 de janeiro de 1890.
No século XX, houve substancial avanço na regulamentação das férias com
o advento do Decreto n.º 4.982, de 24 de dezembro de 1925, que ampliou as
férias remuneradas de 15 (quinze) dias para os empregados de estabelecimentos
bancários, comerciais e industriais, abrangendo uma gama significativa de pessoas.
Decreto n.º 23.103, de 19 de agosto de 1933, cuidou das férias dos empre-
gados de instituições de assistência privada, de estabelecimentos bancários e co-
merciais; já o Decreto n.º 3.768, de 18 de janeiro de 1934, estabeleceu férias para
os empregados da indústria, de empresas de comunicação, transporte, serviços
públicos e jornalísticas.
A temática das férias continuou a ser regulada pela Lei n.º 222, de 10 de julho
de 1936, pela Lei n.º 229, de 10 de julho de 1936, pela Lei n.º 450, de 19 de
junho de 1937, e pelo Decreto-Lei n.º 505, de 16 de junho de 1938.
Finalmente, com o advento da Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943,
o direito de férias passou a ser regulamentado de forma abrangente, esclarecendo
que o Capítulo IV do Título II da CLT recebeu nova redação com o advento do
Decreto-Lei 1.535, de 13 de abril de 1977.
capítulo 1 • 13
Existe Projeto de Lei da Câmara nº 38 de 2017 que altera dispositivos da CLT
modificando inclusive o regramento das férias.
A íntegra do referido Projeto de Lei pode ser obtida no site:
https://www25.senado.leg.br
CURIOSIDADE
A Constituição de 1934 foi a primeira no Brasil a prever as férias anuais remuneradas.
A Constituição de 1937, no art. 137, passou a estabelecer o direito do operário em gozar
das férias desde que preenchido o período aquisitivo nela fixado. A Constituição de 1946,
a Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional n.º 1 de 1969 também consagraram o
instituto das férias que posteriormente foi agasalhado pela Constituição da República Fede-
rativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, que inovou concedendo, além do
gozo de férias anuais remuneradas, o direito do empregado em receber um terço a mais que
o normal. (MARTINS, 2012, p. 417)
Conceito
ATENÇÃO
O artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece que toda pes-
soa tem direito a repouso e lazer com limitação razoável das horas de trabalho, além de férias
periódicas remuneradas.
capítulo 1 • 14
O reconhecimento pela Organização das Nações Unidas do direito às férias revela uma
preocupação mundial com a saúde e a segurança do trabalhador e consagra a proteção do
instituto por diversos países.
A íntegra da declaração pode ser encontrada no sítio eletrônico da Organização das
Nações Unidas: http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdfs.
Fundamentos
capítulo 1 • 15
produtividade; 3) psicológico, provocando a ajuda do equilíbrio mental do obrei-
ro; 4) político, por viabilizar uma melhor relação entre empregado e empregador;
e 5) cultural, propiciando a abertura do beneficiário das férias para outras culturas
e ideias. (RUSSOMANO, 2005.)
Entenda que é importante o uso satisfatório das férias para que o obreiro possa
restabelecer seu equilíbrio orgânico.
ATENÇÃO
Além do posicionamento da doutrina, é imprescindível que o operador do direito esteja
atento ao entendimento da jurisprudência do país que congrega a interpretação do Poder
Judiciário brasileiro sobre as temáticas que lhe são levadas.
Na justiça do trabalho, o Tribunal Superior do Trabalho ocupa um papel nuclear por refle-
tir a jurisprudência predominante.
O TST possui oito Turmas julgadoras, cada uma composta por três ministros, e tem atri-
buição de julgar Recursos de Revista, Agravos, Agravos de Instrumento, Agravos Regimen-
tais e Recursos Ordinários em Ação Cautelar. Das decisões das Turmas, a parte pode, em
alguns casos, recorrer à Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SBDI-1).
CURIOSIDADE
A sexta turma do TST julgou um caso emblemático, consubstanciado pelo Recurso de
Revista n.º 1185-72. 2010.5.10.0017, outorgando dano moral no valor de R$ 5.000,00 (cin-
co mil reais) a uma gerente de uma empresa de publicidade em Brasília, que trabalhou por
quase treze anos, recebendo um salário de R$ 18.305,00 (dezoito mil trezentos e cinco
reais), por ter passado cinco anos sem sair de férias.
Para o ministro Augusto César, o empregador, ao privar a empregada de gozar das férias,
causou à mesma uma lesão de ordem moral, afetando o direito à convivência familiar, social
e ao direito fundamental ao lazer.
A íntegra do acórdão está disponível no sítio oficial do TST no seguinte link:
http://bit.ly/2tc8Bm3.
capítulo 1 • 16
Natureza Jurídica
capítulo 1 • 17
equivalente em espécie, ou seja, em obrigação de dar (pagar), passando a ter na-
tureza jurídica indenizatória, exceto nos termos do art. 449, CLT, e do art. 148,
CLT, quando constituirão crédito privilegiado na falência, dissolução da empresa
ou recuperação. (CASSAR, 2014, p. 777)
Em relação à natureza jurídica das férias, pode se verificar a presença de um
aspecto positivo e de um aspecto negativo. O aspecto positivo é demonstrado pelo
dever do empregador em conceder as férias e efetuar o pagamento da respectiva re-
muneração; já o aspecto negativo consiste na vedação da prestação de serviços pelo
empregado e na vedação direcionada ao empregador de exigir o trabalho durante
o período das férias. (MARTINS, 2012, p. 420)
Não se trata de uma recompensa outorgada ao empregado após o decurso de
um ano de serviço prestado a outra parte da relação contratual: constitui direito
dele que decorre também de uma necessidade fisiológica e psicológica.
Aquisição e Duração
1) 30 (trinta) dias corridos desde que não tenha faltado aos serviços mais de
5 (cinco) vezes;
2) 24 (vinte e quatro) dias corridos quando houver tido de 6 (seis) a 14 (qua-
torze) faltas;
capítulo 1 • 18
3) 18 (dezoito) dias corridos quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte
e três) faltas;
4) 12 (doze) dias corridos quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32
(trinta e duas) faltas.
capítulo 1 • 19
Porém, se o empregado contratado sob o regime de tempo parcial houver
deixado de comparecer ao trabalho por mais de 7 (sete) dias injustificadamente
no decurso do interstício aquisitivo, terá o período de férias reduzido pela metade,
regra estabelecida pelo parágrafo único do art. 130 – A da CLT.
O Projeto de Lei da Câmara nº 38 de 2017 prevê a revogação do disposto no
artigo 130-A.
Período Concessivo
capítulo 1 • 20
Porém nada obsta que o empregado escolha um determinado período de férias
e submeta ao crivo patronal para aprovação.
Os membros de uma mesma família que laborem no mesmo estabelecimento
poderão, se assim o desejarem, gozar as férias em idêntico período, desde que não
haja prejuízo ao serviço. (§1º, art. 136, CLT)
Oportuno ressaltar que o comando contido no caput do art. 136 da CLT é
abrandado pelo § 2º, ou seja, o empregado estudante, menor de 18 (dezoito) anos,
possui o direito de gozar das férias no mesmo período das férias escolares, o que
parece razoável do ponto de vista jurídico/social.
Como regra geral, as férias deverão ser concedidas num único período contí-
nuo, o que está estatuído no artigo 134 da CLT; no entanto, é possível o fracio-
namento das férias.
capítulo 1 • 21
Ocorre que, por vezes, o empregador descumpre o citado comando legal, dei-
xando de outorgar as férias ou efetuando a concessão extemporaneamente, ou seja,
fora do prazo legal. Nesses casos, o legislador fixou uma série de regras que deverão
ser aplicadas no caso concreto, a saber:
Remuneração
capítulo 1 • 22
Porém, quando o salário for pago por hora, caracterizado por jornadas va-
riáveis, será apurada a média do período aquisitivo tendo como base o valor do
salário no momento da concessão das férias.
Outra forma de cálculo se apresenta na hipótese de salário pago por tarefa;
nesse caso, tomar-se-á por base a média da produção no período aquisitivo do
direito a férias.
Nas hipóteses de salário pago por percentagem, viagem ou comissão, será apurada
a média percebida pelo obreiro nos doze meses que precederem a concessão das férias.
A parcela do salário que for paga em utilidades, como habitação, alimentação,
entre outros, será apurada para fins de cálculo das férias, com a respectiva anotação
na CTPS do empregado.
Também serão computados no salário, que servirá de base de cálculo da remunera-
ção das férias, os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, perigoso ou insalubre.
A Súmula n.º 60 do TST determina que o adicional noturno, pago com habi-
tualidade, compõe o salário do empregado para todos os efeitos.
Por fim, o pagamento das férias deverá ser realizado até dois dias antes de sua
concessão, propiciando ao beneficiário usufruir do valor no período de descanso.
Abono de Férias
O abono das férias, previsto no Decreto-Lei n.º 1.535, de 1977, que outorgou
nova redação ao artigo 143 da CLT, criou a possibilidade para o empregado de
requerer a conversão em pecúnia da fração de 1/3 das férias anuais no valor da
remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes.
Reconheça que se trata de uma faculdade do empregado, que poderá decidir
por optar pela concessão do abono das férias, contanto que formalize o requeri-
mento em até quinze dias antes do término do período aquisitivo.
O empregador não pode compelir o empregado a utilizar o abono. Repetimos:
trata-se de um direito que pode ser exercido pelo empregado a critério dele.
Férias Coletivas
capítulo 1 • 23
As férias coletivas são caracterizadas quando concedidas a todos os emprega-
dos da empresa, de determinados estabelecimentos ou de setores da empresa, na
dicção do art. 139 da CLT, englobando uma comunidade de empregados.
A adoção das férias coletivas constitui valioso instrumento a cargo do empre-
gador devido à oportunidade de paralisar as atividades da empresa em períodos-
-chave, como, por exemplo, o natal e o ano-novo.
É muito comum a concessão de férias coletivas no Brasil em períodos que
antecedem o natal e englobam o ano-novo, já que algumas indústrias cessam suas
atividades nessa época.
Alguns aspectos de ordem formal merecem ser examinados: o empregador pos-
sui o dever de comunicar ao Ministério do Trabalho, com antecedência mínima de
quinze dias, as datas de início e fim das férias. No mesmo prazo, precisará remeter
cópia da informação realizada junto ao Ministério do Trabalho aos sindicatos repre-
sentativos da categoria profissional, além de afixar avisos no local de trabalho.
A concessão das férias deverá ser anotada na CTPS do trabalhador. A empresa
que outorgar férias coletivas para mais de trezentos funcionários poderá proceder à
citada anotação através de carimbo, cujo modelo será aprovado pelo Ministério do
Trabalho, não sendo necessária a referência ao período aquisitivo a que compreen-
dem, para cada empregado, as férias concedidas (art. 141, caput, e § 1º, CLT).
Caberá à empresa entregar ao funcionário cópia visada do recibo correspon-
dente ao pagamento das férias.
Compreenda que as férias coletivas poderão ser fracionadas em dois períodos
anuais, desde que nenhum deles seja menor que dez dias corridos.
Os trabalhadores que tiverem sido admitidos há menos de doze meses pode-
rão gozar das férias, sendo iniciado novo período aquisitivo.
capítulo 1 • 24
As férias simples não são caracterizadas pela mora do empregador. Nelas, o
período aquisitivo já está completo, porém o período concessivo ainda está em vigor.
Já as férias proporcionais são aquelas em que o período aquisitivo ainda não
se consumou, não havendo que se falar em período de gozo.
Feitos esses esclarecimentos, algumas questões merecem análise e tratamento.
São elas:
capítulo 1 • 25
Ocorrendo o período aquisitivo incompleto, as férias proporcionais serão
calculadas no percentual de 1/12 avos por mês integrante do contrato. Convém
lembrar que a fração superior a 14 dias tem validade de um mês para a contagem
das férias, nos termos do parágrafo único do art. 146 da CLT.
No tocante à temática das férias proporcionais, uma peculiaridade merece ser
destacada: elas não serão devidas em qualquer tipo de extinção do contrato de
trabalho, como ocorre com as férias vencidas e férias simples.
Se a extinção do contrato de trabalho se deu por cometimento de justa causa
do empregado, ele não terá direito ao recebimento das férias proporcionais acres-
cidas de um terço, nos termos do art. 146 e parágrafo único da CLT.
Situação que merece ser examinada é aquela relativa à extinção do contrato re-
sultante de culpa recíproca. A redação original da Súmula n.º 14 do TST asseverava
que, nesse caso, as férias proporcionais não eram devidas. Todavia, o referido enten-
dimento jurisprudencial era deveras criticado pela doutrina, já que não se podia dar
o mesmo tratamento da extinção por culpa exclusiva do obreiro à extinção por culpa
recíproca, em que há parcela de responsabilidade também do empregador.
Assim, corrigindo a impropriedade do entendimento do TST, em 19 de novem-
bro de 2003 o citado tribunal conferiu nova redação à Súmula n.° 14, fazendo com
que prevalecesse o pagamento de metade das férias proporcionais, acrescidas de 1/3
em caso de extinção do contrato por culpa recíproca, o que parece razoável, já que a
ruptura do pacto laboral se deu por culpa do empregado e por culpa do empregador.
A terceira situação é a extinção do contrato de trabalho por ato do empre-
gador, ou seja, por iniciativa patronal, como, por exemplo, a dispensa sem justa
causa; nesse caso, as férias proporcionais acrescidas de 1/3 serão devidas, as quais
também incidirão em caso de rescisão indireta, nas hipóteses estabelecidas no ar-
tigo 483 da CLT.
A quarta modalidade se refere à extinção do contrato por pedido do empre-
gado; popularmente conhecida como “pedido de demissão”, a redação anterior da
Súmula n.º 261 do TST fazia diferenciação entre duas situações: 1) se o contrato
de trabalho tivesse duração superior a doze meses, o empregado teria direito ao re-
cebimento das férias proporcionais acrescidas de 1/3 constitucional; 2) por outro
lado, se o contrato se trabalho tivesse duração inferior a doze meses, o empregado,
em caso de extinção do contrato, não teria direito às férias proporcionais acresci-
das de 1/3 constitucional.
Todavia, por força no disposto na Convenção 132 da OIT, foi outorgada nova
redação à Súmula n.° 261 do TST nos seguintes termos:
capítulo 1 • 26
SUM-261 FÉRIAS PROPORCIONAIS. PEDIDO DE DEMISSÃO.
CONTRATO VIGENTE HÁ MENOS DE UM ANO (nova redação)
- Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 - O empregado que se
demite antes de complementar 12 (doze) meses de serviço tem direito
a férias proporcionais. Histórico: Redação original - Res. 9/1986, DJ
31.10.1986, 03 e 04.11.1986 - Republicada com correção DJ 06, 07
e 10.11.1986 Nº 261 Férias proporcionais – Pedido de demissão –
Contrato vigente há menos ano. O empregado que, espontaneamente,
pede demissão, antes de completar doze meses de serviço, não tem
direito a férias proporcionais. (Sem grifo no original)
Prescrição
capítulo 1 • 27
Prescrição na Vigência do Contrato de Trabalho
RESUMO
Neste capítulo, você teve a oportunidade de estudar as férias, seu conceito, natureza
jurídica, elementos estruturais e tipologia.
Também pôde verificar o período aquisitivo, concessivo, pagamento, efeitos no contrato de tra-
balho e prescrição, o que permite ter um entendimento satisfatório sobre esse importante instituto.
Aproveite para examinar as Súmulas e realizar as questões objetivas retiradas dos exa-
mes da Ordem dos Advogados do Brasil e de Concursos Públicos a seguir elencadas.
capítulo 1 • 28
Súmulas Selecionadas Referentes ao Tema
Súmula nº 7 do TST
Súmula nº 10 do TST
Súmula nº 14 do TST
capítulo 1 • 29
Súmula nº 60 do TST
Súmula nº 81 do TST
capítulo 1 • 30
Súmula nº 328 do TST
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Saraiva Editora, 2016.
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Saraiva Editora, 2016.
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Acesso em: 05 fev. 2017.
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BARROS, A. M. de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016.
CASSAR, V. B. Direito do Trabalho. 9. ed. São Paulo: Grupo Editorial Nacional, 2014.
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DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 15 ed. São Paulo: LTr, 2016.
GRONDA, R. El contrato de trabajo. Buenos Aires: La Ley, 1945 apud MARTINS, S. P. Direito do
Trabalho. São Paulo: Atlas, 2012.
MARTINS, S. P. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2012.
capítulo 1 • 31
RUSSOMANO, M. V. Curso de Direito do Trabalho. Curitiba: Juruá, 2005.
SÜSSEKIND, A. L.; MARANHÃO, D.; VIANNA, S; TEIXEIRA, L. Instituições de Direito do Trabalho. v.
1. 21. ed. 2. tiragem atualizada por Arnaldo Süssekind Lima Teixeira. São Paulo: LTr, 2004.
______________. Instituições de Direito do Trabalho. v. 2. 21. ed. 2. tiragem atualizada por Arnaldo
Süssekind Lima Teixeira. São Paulo: LTr, 2004.
ATIVIDADE
1. (OAB/SP – 131º Exame) Sobre as férias coletivas, é correto dizer que abrangem
a) pelo menos, dez empregados.
b) pelo menos, cem empregados.
c) uma empresa, determinados estabelecimentos da empresa ou, pelo menos, setores
da empresa.
d) a totalidade dos empregados de um estabelecimento da empresa.
capítulo 1 • 32
d) vencidas, na ruptura contratual, incidirão em benefício do obreiro, qualquer que seja a cau-
sa de extinção do contrato de trabalho, inclusive havendo justa causa obreira.
e) coletivas não poderão ser gozadas em dois períodos, sendo obrigatoriamente gozadas em
30 dias corridos.
capítulo 1 • 33
d) O empregado que faltar dez vezes ao serviço injustificadamente dentro de um período de
doze meses terá direito a 24 (vinte e quatro) dias corridos de férias.
e) Aos maiores de cinquenta anos, as férias poderão ser fracionadas em dois períodos, uma
vez que a lei prevê essa possibilidade.
GABARITO
1) C;
2) C;
3) D;
4) B;
5) D.
capítulo 1 • 34
2
Indenização por
Tempo de Serviço
Indenização por Tempo de Serviço
Apresentação
OBJETIVOS
• Compreender a gênese e a importância da indenização por tempo de serviço;
• Identificar a instituição do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, sua evolução histórica
e a proteção constitucional do instituto;
• Refletir sobre os efeitos do FGTS na vigência e na extinção do contrato de trabalho;
• Conhecer as hipóteses de saque do FGTS;
• Analisar o prazo prescricional aplicável;
• Solucionar as questões envolvendo a aplicação do FGTS.
capítulo 2 • 36
Indenização por Tempo de Serviço
capítulo 2 • 37
Após o advento da Lei nº 5.107, de 13/09/1966, passou a ser assegurada ao
empregado, como explicam Saraiva & Souto (2014, p. 299), a seguinte escolha:
1) optar pela indenização prevista nos artigos 477 e 478 da CLT para ter
direito à indenização em caso de dispensa imotivada, podendo alcançar a estabi-
lidade decenal ao completar 10 (anos) de ininterruptos serviços para o mesmo
empregador, garantindo o direito de ser dispensado nos casos de cometimento de
falta grave apurada por meio da Ação Judicial mencionada;
capítulo 2 • 38
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
Histórico
Entenda que o FGTS não existiu desde sempre no Direito do Trabalho. Ele
foi fruto de opção Legislativa outorgada com o advento da Lei nº 5.107, de 13 de
setembro de 1966.
O FGTS foi criado com dupla finalidade, isto é, com o objetivo de possibilitar
uma reserva em dinheiro para o empregado, que poderia sacar o fundo desde que
fosse dispensado pela empresa nas situações previstas, e também com o objetivo de
arrecadação de financiamento para aquisição de imóveis pelo conhecido Sistema
Financeiro de Habitação.
A Constituição de 1967 trouxe a previsão do Fundo de Garantia, o que tam-
bém foi consagrado pela Emenda Constitucional nº 1 de 1969.
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço também foi objeto de outras leis.
A Lei nº 5.958, de 10/12/1973, tratou da opção retroativa do FGTS pelo empre-
gado desde que houvesse concordância do empregador.
Em seguida, a Lei nº 6.858, de 24/11/80, cuidou do pagamento do FGTS
não recebido em vida pelo empregado aos seus dependentes habilitados perante a
Previdência Social ou aos seus sucessores na forma da lei civil, com regulamenta-
ção posterior efetivada pelo Decreto nº 85.845, de 26/03/1981. Posteriormente,
a Lei nº 6.919, de 1981, facultou às empresas a extensão do regime do FGTS
para seus diretores não empregados, a qual foi devidamente regulamentada pelo
Decreto nº 87.567, de 1982.
Fruto de uma conquista para os portadores da Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (SIDA/AIDS), surgiu a Lei nº 7.670, de 1988, que assegurou aos por-
tadores da SIDA/AIDS alguns benefícios; entre eles, o direito ao levantamento
dos valores correspondentes ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),
independentemente de rescisão do contrato individual de trabalho ou de qual-
quer outro tipo de pecúlio a que o empregado tenha direito.
Após a Constituição de 1988, no inciso III, art. 7º, ter estabelecido a uni-
versalidade do FGTS aos empregados urbanos e rurais, surgiu a Lei nº 7.839, de
12/10/89, que foi regulamentada pelo Decreto nº 98.813, de 1990.
Finalmente, a Lei nº 8.036, de 11/05/90, ao fazer revogação da lei anterior,
tratou do instituto do FGTS e foi regulamentada pelo Decreto nº 99.684/90.
capítulo 2 • 39
Existe Projeto de Lei da Câmara nº 38 de 2017 que altera dispositivos da CLT.
A íntegra do referido Projeto de Lei pode ser obtida no site:
https://www25.senado.leg.br
PERGUNTA
1) Quem poderá receber os montantes das contas individuais do Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP não recebidos em
vida pelos respectivos empregados?
Conforme determina o art. 1º da Lei nº 6.858, de 24/11/80, os respectivos valores
serão pagos em cotas iguais aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou
na forma da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos suces-
sores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de inventário
ou arrolamento.
CURIOSIDADE
O empregado portador de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS) possui
seus direitos garantidos pelo art. 1º e pelo art. 2º da Lei nº 7.670, de 1988, a saber:
capítulo 2 • 40
Art. 1º A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - SIDA/AIDS fica
considerada, para os efeitos legais, causa que justifica:
I - a concessão de:
a) licença para tratamento de saúde prevista nos artigos 104 e 105 da
Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952;
b) aposentadoria, nos termos do art. 178, inciso I, alínea b, da Lei nº
1.711, de 28 de outubro de 1952;
c) reforma militar, na forma do disposto no art. 108, inciso V, da Lei nº
6.880, de 9 de dezembro de 1980;
d) pensão especial nos termos do art. 1º da Lei nº 3.738, de 4 de
abril de 1960;
e) auxílio-doença ou aposentadoria, independentemente do período de
carência, para o segurado que, após filiação à Previdência Social, vier
a manifestá-la, bem como a pensão por morte aos seus dependentes;
II - levantamento dos valores correspondentes ao Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço - FGTS, independentemente de rescisão do
contrato individual de trabalho ou de qualquer outro tipo de pecúlio a
que o paciente tenha direito.
Parágrafo único. O exame pericial para os fins deste artigo será realizado
no local em que se encontre a pessoa, desde que impossibilitada de se
locomover. (Sem grifos no original).
Perceba que o inciso III, art. 7º, da CRFB assegurou aos trabalhadores urba-
nos e rurais o direito ao FGTS, isto é, universalizou o FGTS.
A partir do advento da Carta Magna, a alternatividade de sistemas deixou de
existir; assim, a possibilidade de escolha pelo empregado quanto a qual regime
escolher simplesmente desapareceu.
capítulo 2 • 41
Opção com Caráter Retroativo
capítulo 2 • 42
Para o TST, a concordância do empregador é indispensável para viabilizar a
opção retroativa para o sistema do FGTS pelo empregado.
Conceito
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, consagrado pelo inciso III, art.
7º, da CRFB, constitui um direito do empregado e é realizado mediante recolhi-
mentos feitos mensalmente em conta bancária vinculada em nome do emprega-
do. Os valores depositados na conta só podem ser objeto de saque nas hipóteses
descritas em lei.
O FGTS funciona como se fosse uma poupança do trabalhador, cujos valores
só podem ser levantados nos casos de dispensa imotivada e nas demais situações
tipificadas na legislação.
Natureza Jurídica
capítulo 2 • 43
do trabalhador, apta a socorrê-lo nos momentos excepcionais elencados em lei.
Entretanto, para o empregador, constitui um dever, já que ele possui a obri-
gação de efetuar o recolhimento, enquanto, para a sociedade, o fundo possui
caráter social, destinado a financiar o Sistema Financeiro de Habitação (SFH),
teoria que reputamos como correta.
Cavalcante & Jorge Neto (2008, p. 762) citam também a teoria da natureza
dupla ao diferenciar os empregados optantes dos não optantes.
Embora o assunto seja polêmico na doutrina, o TST, através do verbete da
Súmula nº 98, tratou da questão nos seguintes termos:
Súmula nº 98 do TST
Beneficiários
capítulo 2 • 44
domésticos através de inserção voluntária mediante requerimento do empregador
nos termos do art. 3º-A da Lei nº 5.859/72, atualmente revogada.
Com o advento da Emenda Constitucional nº 72/2013, o FGTS passou a ser
obrigatório a partir de 01 de outubro de 2015. A Lei Complementar 150, de 1º
de junho de 2015, regulamentou o assunto, seguida pela publicação da Resolução
do Conselho Curador do FGTS nº 780/2015, da Circular CAIXA nº 694/2015 e
da Portaria Interministerial n.º 822/2015.
A Lei nº 7.839, de 1989, assegurou o FGTS aos empregados temporários,
que posteriormente foi revogada pela Lei nº 8.036/90, a qual manteve o direito à
classe dos temporários.
É oportuno destacar que os não empregados também podem receber o
FGTS, nos termos estabelecidos pelo art. 16 da Lei 8.036/90, desde que a em-
presa equipare seus diretores não empregados aos trabalhadores vinculados ao
regime do FGTS.
O FGTS deve ser depositado pelo empregador enquanto perdurar o contrato
de trabalho, com exceção dos períodos de suspensão contratual.
Excepcionalmente, o FGTS será devido nos termos do art. 4º da CLT, c/c
art. 28, Decreto nº 99.684/90, nos casos de serviço militar, acidente de trabalho,
licença-maternidade, entre outros, hipóteses em que o contrato de trabalho está
interrompido, conforme se verifica pela leitura do art. 28 do citado diploma legal:
capítulo 2 • 45
Administração
Base de Cálculo
O FGTS deve ser depositado pelo empregador, pessoa física ou jurídica, men
salmente, isto é, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada.
Resta saber qual o percentual que deve ser observado pelo empregador ao
efetuar o recolhimento.
O art. 15 da Lei nº 8.036/90 estabelece a importância correspondente a 8%
(oito) por cento da remuneração paga ou devida no mês anterior a cada trabalha-
dor, incluídas na remuneração as parcelas de que cuidam os artigos da CLT 457 e
458 e a gratificação de natal.
A Súmula nº 63 do TST determina que a contribuição para o FGTS deverá
incidir sobre a remuneração mensal devida ao empregado, abrangendo as horas
extras e adicionais eventuais.
Questão interessante é que a transferência do empregado para o exterior não
tem o condão de afastar o recolhimento de FGTS pelo empregador, segundo os
termos da OJ - SDI-1 232 do TST:
capítulo 2 • 46
OJ-SDI1-232 FGTS. INCIDÊNCIA. EMPREGADO TRANSFERIDO
PARA O EXTERIOR. REMUNERAÇÃO (inserida em 20.06.2001)
O FGTS incide sobre todas as parcelas de natureza salarial pagas ao
empregado em virtude de prestação de serviços no exterior. (Sem
grifos no original).
Hipóteses de Movimentação
capítulo 2 • 47
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus
dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência Social,
segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte.
Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da conta
vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará
judicial, expedido a requerimento do interessado, independentemente
de inventário ou arrolamento; V - pagamento de parte das prestações
decorrentes de financiamento habitacional concedido no âmbito
do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), desde que:
a) o mutuário conte com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho sob o
regime do FGTS na mesma empresa ou em empresas diferentes;
b) o valor bloqueado seja utilizado, no mínimo, durante o prazo de 12
(doze) meses;
c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80 (oitenta) por cento do
montante da prestação;
VI - liquidação ou amortização extraordinária do saldo devedor de
financiamento imobiliário, observadas as condições estabelecidas
pelo Conselho Curador, dentre elas a de que o financiamento seja
concedido no âmbito do SFH e haja interstício mínimo de 2 (dois) anos
para cada movimentação;
VII – pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia
própria, ou lote urbanizado de interesse social não construído,
observadas as seguintes condições:
a) o mutuário deverá contar com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho
sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou empresas diferentes;
b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o SFH;
VIII - quando o trabalhador permanecer três anos ininterruptos, a partir
de 1º de junho de 1990, fora do regime do FGTS, podendo o saque, neste
caso, ser efetuado a partir do mês de aniversário do titular da conta.
IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos trabalhadores
temporários regidos pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974;
X - suspensão total do trabalho avulso por período igual ou superior a 90
(noventa) dias, comprovada por declaração do sindicato representativo
da categoria profissional.
capítulo 2 • 48
XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for
acometido de neoplasia maligna.
XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização, regidos
pela Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, permitida a utilização
máxima de 50 % (cinquenta por cento) do saldo existente e disponível
em sua conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na
data em que exercer a opção.
XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for
portador do vírus HIV;
XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes
estiver em estágio terminal, em razão de doença grave, nos
termos do regulamento;
XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a
setenta anos.
XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de
desastre natural, conforme disposto em regulamento, observadas as
seguintes condições:
a) o trabalhador deverá ser residente em áreas comprovadamente
atingidas de Município ou do Distrito Federal em situação de
emergência ou em estado de calamidade pública, formalmente
reconhecidos pelo Governo Federal;
b) a solicitação de movimentação da conta vinculada será admitida
até 90 (noventa) dias após a publicação do ato de reconhecimento,
pelo Governo Federal, da situação de emergência ou de estado de
calamidade pública; e
c) o valor máximo do saque da conta vinculada será definido na forma
do regulamento. (Sem grifos no original).
Note que, as situações em que o trabalhador está autorizado a sacar os valores exis-
tentes a título de FGTS não são poucas – e, no tocante à extinção do contrato de traba
lho, se referem basicamente à: dispensa sem justa causa do empregado, rescisão indireta,
terminação do contrato por culpa recíproca e extinção contratual por força maior.
Assim, se empregado é dispensado por justa causa, não poderá, no momento
da dispensa, movimentar a conta vinculada de FGTS.
A extinção normal dos contratos a termo também possibilita o saque pelo
empregado do FGTS.
capítulo 2 • 49
A extinção total da empresa, o fechamento de seus estabelecimentos filiais ou
agências, assim como o falecimento do empregador individual, desde que acarre-
tem a extinção do contrato de trabalho, são fatos que autorizam a movimentação
do FGTS pelo empregado.
A morte do empregado possibilita a seus dependentes habilitados perante a
Previdência Social o recebimento do FGTS – e, em caso de inexistência de depen-
dentes habilitados, o valor deverá ser recebido pelos sucessores do empregado falecido.
É interessante notar que o trabalhador que se aposenta pela Previdência Social
também tem direito ao saque do FGTS.
Nas situações descritas nos incisos V, VI, VII da Lei nº 8.036/90, é permitido ao
trabalhador receber o FGTS em razão do fomento ao Sistema Financeiro de Habitação.
O legislador se preocupou em proteger o empregado doente, assim como seus
dependentes, ou seja, se eles forem acometidos por neoplasia maligna, pelo vírus
do HIV ou por outras doenças graves, que acarretem estágio terminal, a lei auto-
riza expressamente o saque do FGTS pelo beneficiário.
O art. 20 da Lei nº 8.036/90 elenca outros casos autorizadores de movimen-
tação da conta vinculada do FGTS.
Nas situações de terminação do contrato de trabalho, deverá o empregado ter
em mãos o termo de rescisão do contrato de trabalho em número de guias sufi-
cientes para possibilitar a realização do saque do FGTS.
Cabe lembrar que o TRCT constitui documento oficial para movimentação
da conta vinculada do FGTS nas hipóteses legais.
REFLEXÃO
O FGTS também se destina à proteção do trabalhador que é atingido por desastre natural
e possui necessidade pessoal, urgente e grave, nos moldes do XVI, art. 20, da Lei nº 8.036/90.
Os empregados moradores da Região Serrana do Rio de Janeiro puderam, por ocasião
da tragédia ocorrida em janeiro de 2011, sacar os valores existentes de FGTS.
O governo federal entendeu que a movimentação da conta vinculada de FGTS pelos em-
pregados moradores dos municípios de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, que decretaram
estado de calamidade pública, era medida essencial destinada a minimizar os prejuízos sofridos
pela população, a fim de possibilitar a manutenção do mínimo existencial, bem como viabilizar
a movimentação do comércio local, por ocasião do maior desastre natural registrado no Brasil.
O valor máximo de saque estabelecido à época foi de dez salários mínimos, o que equi-
valia a R$ 5.400,00 (cinco mil e quatrocentos reais).
capítulo 2 • 50
Indenização de 40%
CURIOSIDADE
Em caso de ter ocorrido saque na conta vinculada do FGTS, o empregado dispensado
sem justa causa possui direito à multa de 40%? Sim, é o que determina a OJ-SDI1-42 do
TST a seguir transcrita:
capítulo 2 • 51
“OJ-SDI1-42, TST: FGTS. MULTA DE 40%. (nova redação em
decorrência da incorporação das Orientações Jurisprudenciais nºs
107 e 254 da SBDI-1, DJ 20.04.2005)
I - É devida a multa do FGTS sobre os saques corrigidos monetariamente
ocorridos na vigência do contrato de trabalho. Art. 18, § 1º, da Lei nº
8.036/90 e art. 9º, § 1º, do Decreto nº 99.684/90. (ex-OJ nº 107 da
SBDI-1 - inserida em 01.10.97)
II - O cálculo da multa de 40% do FGTS deverá ser feito com base no
saldo da conta vinculada na data do efetivo pagamento das verbas
rescisórias, desconsiderada a projeção do aviso prévio indenizado, por
ausência de previsão legal. (ex-OJ nº 254 da SBDI-1 - inserida em
13.03.02).” (Sem grifos no original)
Prescrição do FGTS
capítulo 2 • 52
Ocorre que, a Súmula nº 95 do TST foi cancelada, sendo editada posterior
mente a Súmula nº 362 do referido Tribunal que estabeleceu prazo prescricio
nal diverso nos seguintes termos:
Histórico:
Nova redação – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Nº 362 FGTS – Prescrição
É trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não recolhimento da contribuição
para o FGTS, observado o prazo de 2 (dois) anos após o término do contrato de trabalho
Redação original - Res. 90/1999, DJ 03, 06 e 08.09.1999
Nº 362 FGTS - Prescrição
Extinto o contrato de trabalho, é de dois anos o prazo prescricional para reclamar em
Juízo o não recolhimento da contribuição do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
(Sem grifos no original)
Perceba que, com o advento da Súmula nº 362 do TST, houve uma redução
drástica no prazo prescricional, ou seja, a prescrição trintenária para a cobrança do
FGTS não é mais uma realidade na Justiça do Trabalho.
capítulo 2 • 53
RESUMO
Neste capítulo, você teve a oportunidade de estudar o Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço, sua origem, fundamento e aplicação prática, assim como sua importância na cons-
tância e na ruptura do pacto laboral.
Também pôde perceber as hipóteses de incidência da multa de 40% e o prazo prescri-
cional aplicável com o objetivo de caracterizar suas particularidades e efeitos jurídicos.
Aproveite para examinar as Súmulas e realizar as questões objetivas retiradas dos exa-
mes da Ordem dos Advogados do Brasil e de Concursos Públicos, a seguir elencadas.
Súmula nº 63 do TST
Súmula nº 98 do TST
capítulo 2 • 54
Súmula nº 362 do TST
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CASSAR, V. B. Direito do Trabalho. 9. ed. São Paulo: Grupo Editorial Nacional, 2014.
CAVALCANTE, J. de Q. P.; NETO, F. F. J. Direito do Trabalho. 4. ed., Tomo I. Rio de Janeiro:
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DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo: LTr, 2016.
NASCIMENTO, A. M. Curso de Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
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SÜSSEKIND, A. L.; MARANHÃO, D.; VIANNA, S; TEIXEIRA, L. Instituições de Direito do Trabalho. v.
1. 21. ed. 2. tiragem atualizada por Arnaldo Süssekind Lima Teixeira. São Paulo: LTr, 2004.
ATIVIDADE
1. (Prova: Analista Judiciário/Área Judiciária/2013/Órgão: TRT/9ª REGIÃO/Banca: FCC).
Com fundamento na legislação aplicável ao FGTS, a conta vinculada do trabalhador
NÃO poderá ser movimentada na hipótese de:
a) falecimento do trabalhador.
b) dispensa indireta.
c) culpa recíproca.
d) aposentadoria concedida pela Previdência Social.
e) pedido de demissão.
capítulo 2 • 56
2. (Prova: - Especialista Portuário II - Advogado /2011/Vunesp).
Sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, é correto afirmar que:
a) a conta vinculada do trabalhador no FGTS não poderá ser movimentada no caso de des-
pedida sem justa causa.
b) o FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas em nome dos trabalhadores, e
essas contas são penhoráveis.
c) os trabalhadores domésticos não poderão ter acesso ao regime do FGTS.
d) as empresas sujeitas ao regime da legislação trabalhista não poderão equiparar seus dire-
tores não empregados aos demais trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS.
e) o direito de adquirir moradia com recursos do FGTS, pelo trabalhador, só poderá ser exer-
cido para um único imóvel.
capítulo 2 • 57
d) cujos membros representantes dos trabalhadores têm estabilidade no emprego da inscri-
ção da candidatura até cinco meses após o término do mandato.
e) que se reunirá ordinariamente, a cada bimestre, por convocação de seu Presidente.
GABARITO
1) E;
2) E;
3) A;
4) E;
5) D.
capítulo 2 • 58
3
Estabilidade
e Garantia de
Emprego
Estabilidade e Garantia de Emprego
Apresentação
OBJETIVOS
• Compreender a gênese e a importância da estabilidade e da garantia de emprego;
• Identificar as hipóteses de proteção ao trabalhador;
• Conhecer os vários tipos de estabilidades existentes;
• Refletir sobre a dimensão e os efeitos da estabilidade na vigência e na extinção do contrato
de trabalho;
• Solucionar as questões envolvendo a aplicação da estabilidade e da garantia de emprego.
Fundamentos da Estabilidade
capítulo 3 • 60
Nessa conjectura, o empregado que, via de regra, precisa trabalhar para garan-
tir seu sustento, e que possui o salário como sua principal fonte de subsistência, é
tido como a parte mais fraca na relação contratual.
Origem da Estabilidade
capítulo 3 • 61
Princípio Constitucional de Proteção contra Despedida Arbitrária
Conceito da Estabilidade
Tipologia da Estabilidade
A estabilidade pode ser classificada quanto a sua origem e quanto a sua duração.
É interessante notar que existe mais de uma forma de estabilidade. Nesse sen-
tido, a estabilidade pode ser derivada de:
1) Lei;
2) Contrato;
3) Unilateral.
capítulo 3 • 62
Exemplo clássico de estabilidade legal é a estabilidade decenal contida no art.
492 da CLT.
Esse artigo assegurou ao trabalhador, após completar 10 (dez) anos de serviços
ininterruptos na empresa, a estabilidade, ou seja, o mesmo só poderia ser demitido
se cometesse falta grave e desde que ela fosse apurada através de ação de iniciativa
do empregador denominada de Inquérito para Apuração de Falta Grave, nos mol-
des dos artigos da CLT 853 e 494.
Assim, o empregado que completasse 10 (anos) na mesma empresa só poderia
ser dispensado em situações específicas, isto é, se praticasse falta grave ou em cir-
cunstância de força maior devidamente comprovada.
A estabilidade contratual pode ser fixada no contrato individual de trabalho
celebrado pelas partes, em acordo coletivo ou em convenção, e a estabilidade uni-
lateral advém do regulamento da empresa.
Note que a classificação da estabilidade decorre de sua fonte primária, ou seja,
do local em que está prevista.
Compreenda que a estabilidade que decorre da lei pode ser definitiva e tam-
bém pode ser provisória.
A estabilidade definitiva, como o próprio nome sugere, é aquela que assegura
o emprego até: a morte do empregado, sua aposentadoria em qualquer de suas
modalidades, morte do empregador pessoa física, extinção da empresa, culpa re-
cíproca, justa causa ou nas hipóteses previstas no parágrafo único do art. 165 da
CLT. (CASSAR, 2016, p. 1176)
As estabilidades definitivas são as elencadas nos artigos:
capítulo 3 • 63
Perceba que, além das estabilidades que decorrem da lei, a estabilidade defini-
tiva também pode se originar do contrato se as partes assim acordarem.
A estabilidade provisória é aquela que tem seus efeitos limitados no tempo e
garantidos nas hipóteses previstas no ordenamento jurídico, a saber:
Estabilidade Decenal
capítulo 3 • 64
prestados para o mesmo empregador, sem ter optado pelo FGTS, foi assegurado o
direito adquirido à estabilidade.
Conceito
Fundamentos
Trabalhadores Excluídos
capítulo 3 • 65
era garantida a indenização proporcional ao tempo de serviço na forma dos artigos
da CLT 477 e 478, conforme previsão do § 2º, art. 499, CLT.
Porém, se o empregado tivesse exercido somente as funções inerentes ao
cargo de confiança para o mesmo empregador por dez anos ou mais, não teria
direito à estabilidade.
O legislador deixou de assegurar a estabilidade aos empregados de escritório,
aos de consultório de profissionais liberais, como, por exemplo, os empregados
de consultório médico, o que foi objeto de crítica pela doutrina por muitos anos.
Afastamento da Estabilidade
CURIOSIDADE
O inquérito para apuração de falta grave nada mais é do que uma Ação Trabalhista que
deve ser ajuizada pelo empregador nos casos de cometimento de falta grave pelo emprega-
do estável. Se no inquérito judicial ficar comprovada a prática de falta grave pelo empregado,
aferida nos termos do artigo 482 da CLT, o vínculo de trabalho deixa de existir com a cessa-
ção da estabilidade através de rescisão motivada do contrato de trabalho.
capítulo 3 • 66
A falta grave equivale às hipóteses legais de extinção do contrato de trabalho
por justa causa elencadas no art. 482 da CLT.
Nesse cenário, se o empregado praticar alguma das condutas a seguir descritas,
que estão previstas expressamente no artigo citado, estará cometendo falta grave:
• Ato de improbidade;
• Incontinência de conduta ou mau procedimento;
• Negociação habitual por conta própria ou alheia sem autorização do em-
pregador e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha
o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
• Condenação criminal do empregado transitada em julgado, desde que não
tenha havido suspensão da execução da pena;
• Desídia no desempenho das funções;
• Embriaguez habitual ou em serviço;
• Violação de segredo da empresa;
• Ato de indisciplina ou de insubordinação;
• Abandono de emprego;
• Ato lesivo da honra ou da boa fama cometido no serviço contra qualquer
pessoa ou ofensas físicas, exceto em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
• Ato lesivo da honra ou da boa fama;
• Ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos,
exceto em legítima defesa, própria ou de outrem;
• Prática constante de jogos de azar;
• Atos atentatórios à segurança nacional.
OBS: O Projeto de Lei n.º 38 de 2017 prevê mais uma hipótese de falta grave
ao inserir a alínea "m" no artigo 482 da CLT, nos seguintes termos:
capítulo 3 • 67
Na hipótese de restar provado que o empregado estável dispensado não come-
teu falta grave, o mesmo deverá ser reintegrado ao serviço, tendo o empregador a
obrigação de efetuar pagamento dos salários e demais vantagens que o empregado
teria direito no período da suspensão.
É interessante notar que o legislador infraconstitucional, no art. 495 da CLT,
não utilizou o termo reintegração para se referir ao retorno do empregado, e pre-
feriu empregar o termo readmissão.
A readmissão, segundo a jurisprudência, deve ocorrer se a falta cometida pelo
empregado verificada na Ação Judicial não configurar falta grave, sendo autoriza-
da sua readmissão, retornando ao trabalho com o tempo de serviço que possuía
quando foi afastado.
O empregador deve reintegrar o trabalhador nas hipóteses determinadas e
estará sujeito, em caso de descumprimento, às sanções referidas no art. 729 da
CLT a seguir transcritas:
capítulo 3 • 68
Extinguindo-se a empresa sem a ocorrência de motivo de força maior, ao em-
pregado estável despedido era assegurado o recebimento de indenização, por res-
cisão do contrato por prazo indeterminado, paga em dobro.
Nas situações de fechamento do estabelecimento, agência, filial, ou supressão
necessária de atividade, sem a presença de motivo de força maior, era garantido aos
empregados estáveis o direito à indenização paga em dobro.
O cálculo da indenização deve ser realizado com base na maior remuneração
recebida pelo empregado, com acréscimo da gratificação natalina, conforme deter-
mina a Súmula n.° 148 do TST, e multiplicado pelo número de anos do obreiro
na empresa em dobro. (BARROS, 2016, p. 634)
Pode ocorrer que o empregador pratique a justa causa, isto é, que cometa qual-
quer das condutas elencadas no art. 483 da CLT dando ensejo à rescisão indireta
do contrato. Nesse caso, o empregado estável terá direito a receber a indenização
em dobro, com base nos artigos 496 a 498 da CLT.
Perceba que o empregado estável pode renunciar à estabilidade se optar por
realizar o pedido de demissão com o objetivo de colocar fim à relação contratual.
Porém, o pedido de demissão do empregado, para ser válido, deve observar as
formalidades estabelecidas no art. 500 da CLT. Nesse caso, deverá ser realizado com
a assistência do respectivo Sindicato; se não houver, perante autoridade local com-
petente do Ministério do Trabalho e Previdência Social ou da Justiça do Trabalho.
Compreenda que o empregador utilizava de artifícios para impedir que o emprega-
do alcançasse a estabilidade decenal, como, por exemplo, quando procedia à dispensa
do empregado sem justa causa quando este estava próximo de alcançar a estabilidade.
Essa prática foi definida pela jurisprudência como despedida obstativa da es-
tabilidade. A Súmula nº 26 do TST, atualmente cancelada, presumia ser obstativa
à estabilidade a dispensa sem justo motivo do empregado que alcançava 9 (nove)
anos de serviço na empresa, já que a intenção do empregador era clara e não podia
ser agasalhada pela jurisprudência.
Ocorrendo a dispensa obstativa, o empregado não era reintegrado no empre-
go, fazendo jus à indenização em dobro.
CURIOSIDADE
O Tribunal Superior do Trabalho, em casos de despedida obstativa, possui en-
tendimento de reconhecer a nulidade do ato, o que se deu no processo nº TST-
-RR-3779900-06.2007.5.09.0652 transcrito abaixo:
capítulo 3 • 69
ESTABILIDADE PRÉ-APOSENTADORIA DISPENSA
OBSTATIVA CARACTERIZAÇÃO.
1. De acordo com o ordenamento jurídico positivo, a ruptura imotivada
do vínculo de emprego constitui direito potestativo do empregador.
2. Entretanto, muito embora se reconheça a natureza potestativa de tal
direito, não se cuida, como no caso de qualquer outra garantia que se
possa extrair do direito posto, de faculdade de caráter absoluto, uma
vez que a lei prevê diversas limitações ao seu exercício, como é o caso,
v.g., do aviso prévio e das garantias provisórias de emprego.
3. Nesse contexto, convém lembrar que o art. 129 do Código Civil,
aplicável aos contratos de trabalho por força do disposto no art. 8º
da CLT, comina de nulidade os atos obstativos do exercício de direito
a respeito do qual se estabeleça condição cujo implemento seja,
intencionalmente, obstaculizado por aquele a quem tal condição
desfavoreça. Tal previsão ostenta o evidente objetivo de repudiar a má-
fé na execução de negócios jurídicos.
4. Assim, também o ato jurídico consistente na dispensa de
empregado deve obediência às restrições impostas por tal dispositivo
legal, razão pela qual, se o rompimento do ajuste laboral se der
com a finalidade de frustrar o adimplemento de condição para
exercício de um direito, deve ser considerado nulo.
5. Na hipótese dos autos, consoante registra o Tribunal “a quo”, o
Reclamante teria sido dispensado quando lhe faltavam apenas
cerca de 8 meses para ingressar no período de estabilidade
pré -aposentadoria, previsto em norma coletiva, tendo ocorrido a
despedida após mais de 30 anos de serviços prestados ao Reclamado.
Por conseguinte, revela- se inexorável a conclusão de que a
dispensa configurou ato obstativo da aquisição do direito
à estabilidade, tal como bem concluiu a decisão regional, de
modo que esta merece ser mantida. Na mesma direção segue a
jurisprudência predominante do TST. Recurso de revista conhecido
e desprovido. (Sem grifos no original)
Entenda que a despedida obstativa não ocorre somente nos casos de estabilidade dece-
nal e pode ser verificada em outras hipóteses, como o caso acima analisado.
capítulo 3 • 70
Estabilidade do Dirigente Sindical
REFLEXÃO
Na prática, como será apurado o cometimento da falta grave pelo empregado? A Súmula nº
379 do TST determina a necessidade de instauração de inquérito judicial nos seguintes termos:
capítulo 3 • 71
O inquérito judicial em questão é de iniciativa do empregador, esclarecendo que existe
entendimento doutrinário em sentido contrário, como o defendido por Cassar (2016, p. 1191).
É oportuno ressaltar que o art. 512 da CLT determinava ser necessária a prévia
criação de associação profissional; entretanto, com o advento da Carta Magna,
foi consagrada a liberdade sindical e tornou-se desnecessária a anterior criação de
associação profissional. Por essa razão, os dirigentes de associação profissional não
são abrangidos pela estabilidade provisória.
Esse fato provocou, no ano de 1998, o cancelamento da Súmula nº 222 do
TST que assegurava a estabilidade no emprego aos dirigentes de associações pro-
fissionais legalmente registradas.
A estabilidade é reservada para o dirigente sindical. O TST, por muito tem-
po, entendeu que o empregado eleito representante do sindicato patronal não
capítulo 3 • 72
possuía direito à estabilidade, já que, por motivos claros, não representava a classe
dos empregados.
Porém, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Recurso Extraordinário 217355 MG, cujo acórdão foi publicado em 02/02/2001,
de relatoria do Ministro Maurício Corrêa, estendeu a estabilidade para o dirigente
sindical patronal nos seguintes termos:
Alguns requisitos devem ser preenchidos para que o empregado possa adquirir
o direito à estabilidade provisória.
capítulo 3 • 73
A garantia de emprego se limita aos empregados que foram eleitos para o cargo
de administração sindical, que representam sua categoria profissional, na respec
tiva base territorial do sindicato e desde que a entidade sindical tenha comunica
do, por escrito, à empresa o registro da candidatura em 24 horas – e, se eleito, sua
eleição e posse tenham sido feitas no mesmo prazo. (CASSAR, 2016, p. 1185)
Assim, devem estar presentes os seguintes requisitos:
a) Empregado Eleito
O art. 522 da CLT estabelece que a administração do sindicato será exercida
por uma diretoria composta no máximo de sete e no mínimo de três membros e
de um Conselho Fiscal integrado por três membros. Esses órgãos são eleitos pela
Assembleia Geral.
O presidente do sindicato será eleito pela diretoria. Constitui atribuição ex-
clusiva da Diretoria do Sindicato e dos Delegados Sindicais a representação e a
defesa dos interesses da entidade perante os poderes públicos e as empresas.
Só têm direito à estabilidade os empregados que foram eleitos. Nesses ter-
mos, os empregados que não passaram pelo processo eleitoral, como é o caso
daqueles nomeados ou designados para cargo de dirigente sindical ou de delegado
sindical, não gozarão da estabilidade nos moldes do art. 523 da CLT.
capítulo 3 • 74
Também haverá a perda da estabilidade ao empregado que deixar de exercer
a atividade ou profissão referente à categoria que representava sindicalmente nos
termos do art. 540, § 1º, CLT.
Estão transcritas abaixo algumas decisões proferidas pelos Tribunais Regionais
do Trabalho no tocante ao âmbito da base territorial do sindicato:
capítulo 3 • 75
EXTINÇÃO DA EMPRESA NA BASE TERRITORIAL DO SINDICATO
- DIRIGENTE SINDICAL - AUSÊNCIA DE ESTABILIDADE. A teor
da Súmula 369, IV, do TST, a extinção do estabelecimento do
empregador na base territorial do sindicato constitui motivo hábil
para fundamentar a dispensa do dirigente sindical. Considerando,
ainda, que não ficou comprovada a existência de outra filial da
empresa nos municípios abrangidos pela representação do
sindicato, a transferência do reclamante para tais localidades constitui
matéria afeta ao poder diretivo da reclamada, na medida em que o
empregado não poderia exercer a representação sindical que lhe foi
outorgada, esvaziando-se, assim, o respectivo mandato. Na mesma
direção, o entendimento sedimentado na Súmula 339, II, também do
TST, asseverando que a garantia de emprego então prestigiada somente
tem razão de ser quando em atividade a empresa. Recurso desprovido
no particular. TRT-9 - 64622008872906 PR 6462-2008-872-9-0-6
(TRT-9). Publicação: 16/11/2010. (Sem grifos no original)
c) Comunicação
O art. 543, § 5º, da CLT determina que a entidade sindical comunicará por escrito
à empresa, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e a hora do registro da candi-
datura do empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo o comprovante.
O Ministério do Trabalho e Previdência Social fará no mesmo prazo a comu-
nicação no caso de eleição decorrente da lei.
O objetivo da comunicação realizada pela entidade sindical é o de dar publi
cidade ao ato, de cumprir uma formalidade, haja vista que, o empregador pode fi-
car sabendo de outras formas da candidatura do empregado. É o que acontece, por
exemplo, quando o próprio trabalhador certifica o empregador de sua candidatura.
PERGUNTA
O que acontece quando a entidade sindical deixa de comunicar ao empregador, no prazo de
24 (vinte e quatro) horas, o dia e a hora da candidatura do empregado e, consequentemente, de
sua eleição e posse? Em outras palavras, a omissão do sindicato pode gerar dano ao trabalhador?
Apesar de existir divergência na doutrina, o TST, por meio do inciso I da Súmula nº 359,
fixou o entendimento de que é assegurada a estabilidade provisória ao empregado diri-
gente sindical, mesmo que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da
capítulo 3 • 76
posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência
ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho.
Entendimento esse que reputamos correto, já que não é plausível deixar de assegurar
ao empregado a estabilidade provisória por fato alheio a sua vontade, isto é, a omissão do
sindicato não pode servir para penalizar o trabalhador.
Contudo, nos termos da Súmula nº 369, V, do TST, não tem direito à esta-
bilidade o empregado que registra sua candidatura no curso do aviso prévio. A
intenção foi a de não premiar o trabalhador que procede o registro da candidatura
com a finalidade de impedir sua dispensa.
Essa súmula trata da estabilidade do dirigente sindical e revela o entendimen-
to do Tribunal sobre o assunto in verbis:
capítulo 3 • 77
Também não têm direito à estabilidade os dirigentes das entidades fiscalizadoras
dos profissionais liberais, como, por exemplo, OAB, CREA, CRM, entre outras.
Inquérito Judicial
REFLEXÃO
A OJ 253, SDI-I, externa o entendimento majoritário do TST e estabelece como únicos titulares
da estabilidade provisória os empregados eleitos diretores de cooperativa e afirma que os membros
suplentes não são beneficiários da estabilidade instituída pelo art. 55 da Lei 5.764, de 1971.
capítulo 3 • 78
Estabilidade do Integrante da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
PERGUNTA
A estabilidade prevista no art. 10, II, b, do ADCT é exclusiva do empregado ocupante do
cargo de direção ou se aplica ao suplente?
O inciso I da Súmula nº 339 do TST cuidou do assunto ao disciplinar que o suplente da
CIPA também é titular da garantia de emprego prevista no art. 10, II, "a", do ADCT a partir da
promulgação da Constituição Federal de 1988.
capítulo 3 • 79
O STF possui o mesmo entendimento, o que se constata na Súmula 676: “A garantia
da estabilidade provisória prevista no art. 10, II, "a", do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, também se aplica ao suplente do cargo de direção de comissões internas de
prevenção de acidentes (CIPA)”.
PERGUNTA
Podem os integrantes da CIPA que representam o empregador gozar da estabilidade
prevista no art. 10, II, b, do ADCT?
A questão é controversa no TST: a jurisprudência do tribunal tem se inclinado no sentido
de que a estabilidade não pode ser válida ao representante do empregador, porém existem
posicionamentos em sentido diverso::
capítulo 3 • 80
TRT-18 - 1186200814118005 GO 01186-2008-141-18-00-5
(TRT-18). Data de publicação: 09/06/2009. (sem grifos no original)
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DA CIPA. REPRESENTANTE
DO EMPREGADOR. Os membros da CIPA indicados pelo
empregador não têm garantia de emprego ante a ausência de
amparo legal. Exegese dos artigos 10, inciso II, alínea a, do ADCT e
165 da CLT. Recurso de revista não conhecido. TST - RECURSO DE
REVISTA RR 2695400572000509 2695400-57.2000.5.09.0009
(TST). Data de publicação: 24/08/2007. (Sem grifos no original)
capítulo 3 • 81
g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas
pelo empregador para avaliar os impactos de alterações no
ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde
dos trabalhadores;
h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação
de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à
segurança e saúde dos trabalhadores;
i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA
e de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;
j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras,
bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho
relativas à segurança e saúde no trabalho;
l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o
empregador da análise das causas das doenças e acidentes de
trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados;
m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões
que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores;
n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;
o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a
Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – Sipat;
p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas
de Prevenção da AIDS. (Sem grifos no original)
capítulo 3 • 82
A NR 05 do MTPS é a norma regulamentadora que dispõe sobre a Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes, estabelecendo suas regras, e sua íntegra está
disponível no link: http://bit.ly/2te20rg.
Período da Estabilidade
PERGUNTA
A extinção da empresa afasta a estabilidade do empregado eleito para CIPA?
Note que a estabilidade conferida ao integrante da CIPA não constitui vantagem pessoal:
funciona como uma garantia para o exercício das atividades inerentes à Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes. Uma vez extinto o estabelecimento, não se constata a despedida arbi-
trária do trabalhador, que não terá direito à reintegração ou à indenização do período estabilitário.
O entendimento citado está evidenciado no inciso II da Súmula n.° 339 do TST.
capítulo 3 • 83
Estabilidade do Integrante do Conselho Curador do FGTS
capítulo 3 • 84
Após o advento da Lei 8213/1991, alguns autores começaram a sustentar que
a estabilidade definida pelo art. 118 da citada lei padecia do vício de inconstitu-
cionalidade sob o argumento de que a instituição de nova hipótese de estabilidade
violava o art. 7º, I, da CRFB e o art. 10, do ADCT, que exigem a regulamentação
da proteção da relação de emprego por meio de lei complementar.
Com base nesse argumento, foi ajuizada pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI) Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI nº 639 e distribuída
para o Supremo Tribunal Federal, que julgou improcedente o pedido formulado
no tocante à inconstitucionalidade e declarou a constitucionalidade do art. 118
da Lei nº 8.213/1991.
Atualmente prevalece o entendimento de inexistência de inconstitucionalida-
de desse artigo por força da decisão proferida pelo STF e por força do disposto no
inciso I da Súmula nº 378 do TST.
Para que o empregado tenha direito à estabilidade contida no art. 118 da Lei
nº 8.213/1991, é necessário o preenchimento de certos requisitos:
capítulo 3 • 85
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo
anterior, as seguintes entidades mórbidas:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região
em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de
exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
capítulo 3 • 86
O art. 21 da Lei nº 8.213/1991 elenca as situações de equiparação ao acidente
de trabalho:
capítulo 3 • 87
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário
de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade
da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe
evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação
da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de
propriedade do segurado.
capítulo 3 • 88
PERGUNTA
E, se no caso concreto, a empresa deixar de emitir a CAT, como deve o empregado proceder?
Nos casos em que o empregador é omisso, o acidente de trabalho poderá ser comunicado
pelo próprio empregado acidentado, por seus dependentes, pela entidade sindical, pelo médico
que o assistiu ou por qualquer autoridade pública, é o que dispõe o § 2º, art. 22, Lei 8.213-91.
capítulo 3 • 89
Perceba que somente os representantes dos empregados fazem jus à estabilida-
de, já que a norma infraconstitucional foi clara nesse particular. Assim, os repre-
sentantes do empregador não são tutelados com a garantia no emprego.
Titulares
A norma contida no art. 10, II, b, ADCT deve ser aplicada às empregadas
urbanas, rurais e às trabalhadoras avulsas.
Com o advento da Lei 11.324, de 19 de julho de 2006, passou a ser vedada
a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada doméstica gestante, que
atualmente também é titular da estabilidade.
A Lei Complementar n.º 150, de 2015, tratou da estabilidade da trabalhadora
doméstica e fez menção expressa para incluí-la como beneficiária da norma veicu-
lada no art. 10, II, b, ADCT.
capítulo 3 • 90
REFLEXÃO
A 3ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, no julgamento do RR-200600-
19.2008.5.02.0085 ocorrido em 5 de agosto de 2015, condenou a financeira Aymoré Cré-
dito, Financiamento e Investimento S.A. a pagar indenização a uma analista de sistema de
Jundiaí - SP demitida seis dias após dar entrada em um processo de adoção.
O relator do recurso, Ministro Alexandre Agra Belmonte, esclareceu que a mãe deve
usufruir da licença-adotante tranquilamente, sem correr o risco de ser despedida, e por esse
motivo também deve ser beneficiada pela estabilidade provisória estatuída no art. 10, inciso
II, alínea "b", ADCT.
A íntegra do julgado pode ser obtida no link: http://bit.ly/2rbbqDA.
Requisitos
Para que a empregada possa ter direito à estabilidade prevista no art. 10, II, b,
ADCT, a mesma deve preencher um requisito objetivo, ou seja, deve estar grávida.
Resta saber se a comunicação da gravidez ao empregador constitui requisito
essencial para a aquisição da estabilidade.
Na doutrina, o tema é controvertido. Para os adeptos da teoria da responsa-
bilidade subjetiva, a empregada deve comprovar a gravidez para o empregador,
ou seja, deve dar ciência ao empregador do fato e fazer a comprovação mediante
apresentação de atestado médico ou de exame, o que é essencial para a aquisição
da estabilidade.
No entanto, para os defensores da teoria da responsabilidade objetiva, a garan-
tia no emprego não depende da comunicação da gravidez ao empregador.
Para pôr fim à celeuma e no intuito de pacificar o tema, o TST editou a
Súmula nº 244 do TST, que, em seu inciso I, estabelece que o desconhecimento
do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da inde-
nização decorrente da estabilidade.
Compreenda que a jurisprudência adotou a teoria da responsabilidade objeti-
va, não elencando como essencial para a aquisição da estabilidade a comunicação
ao empregador.
Nesse sentido, o desconhecimento pelo empregador do estado gravídico da
empregada, por si só, não tem o condão de afastar o pagamento de indenização
oriunda da estabilidade ou a respectiva reintegração.
capítulo 3 • 91
PERGUNTA
É lícito ao empregador exigir que a empregada na admissão ou no curso do contrato de
trabalho se submeta ao exame médico de esterilização ou de gestação?
Não, o empregador não pode forçar ou determinar que a empregada faça os citados
exames. A referida prática configura crime tipificado no art. 2º da Lei nº 9.029/95, com pena
em abstrato de detenção de um a dois anos e multa.
O art. 373 – A, IV, da CLT veda ao empregador exigir atestado ou exame, de qualquer
natureza, com o objetivo de comprovar a esterilidade ou gravidez, tanto na admissão quanto
na permanência no emprego.
A íntegra da Lei nº 9.029/95 está disponível e pode ser consultada no link:
http://bit.ly/2sUBynf.
capítulo 3 • 92
No caso concreto, a Corte Regional deu provimento ao recurso ordinário
da empresa, destacando que "nenhuma das partes tinha conhecimento
da gravidez, motivo pelo qual não há como se atribuir ao empregador a
responsabilidade sobre a indenização correspondente.". A estabilidade
da empregada gestante encontra-se prevista no artigo 10, II, b, do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT e lhe é garantida
ainda que esta ou a empresa desconheçam o estado gravídico no
momento da dispensa. Constata-se dos elementos constantes dos
autos que a empregada já se encontrava em estado gravídico no
momento de sua dispensa, razão pela qual há de ser reconhecido o
direito à estabilidade provisória, conforme jurisprudência reiterada
desta Corte. Recurso de revista conhecido por contrariedade ao item
I da Súmula nº 244 do TST e provido. TST - RECURSO DE REVISTA
RR 32367520135020372. Data de publicação: 22/03/2016. (Sem
grifos no original)
capítulo 3 • 93
O TST tem entendido que o marco inicial da estabilidade se dá com a concep-
ção e tem se posicionado de modo a tutelar os interesses da empregada gestante e
do nascituro. Dessa forma, a obreira que obteve a confirmação da gravidez após ter
sido dispensada sem justa causa poderá pleitear a reintegração ou o recebimento
de indenização desde que a concepção tenha ocorrido no curso do pacto laboral.
Entenda que o fato gerador da estabilidade ocorre com a concepção. O obje-
tivo da norma constitucional foi o arrimo à gestante, que não deve sofrer dispensa
obstativa. Se a gravidez é anterior à dispensa, estará caracterizada a estabilidade.
Prevalece o entendimento que a responsabilidade do empregador é objetiva.
PERGUNTA
Em caso de a concepção ter ocorrido no curso do aviso prévio, terá a empregada direito
à estabilidade?
Sim. O art. 391-A da CLT, incluído pela Lei nº 12.812, de 2013, é claro ao determinar
que a confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda
que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, assegura à empregada
gestante a estabilidade estatuída na alínea b do inciso II do art. 10 do ADCT.
Efeitos da Dispensa
capítulo 3 • 94
Estabilidade nos Contratos a Termo
Licença-Maternidade
capítulo 3 • 95
No ano de 2013, o art. 71-A da citada lei estendeu o salário-maternidade devido
pelo período de 120 (cento e vinte) dias à segurada ou ao segurado da Previdência
Social que adotar ou obtiver a guarda judicial para fins de adoção de criança, escla-
recendo que o salário-maternidade será pago diretamente pela Previdência Social.
É oportuno mencionar que, nas situações de morte da segurada que fizerem
jus ao recebimento do salário-maternidade, será garantido o pagamento do be-
nefício por todo o período ou pelo tempo restante ao cônjuge ou companheiro
sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, salvo no caso do falecimento do
filho ou de seu abandono.
Para receber o salário-maternidade, a segurada deverá estar afastada do trabalho
ou da atividade desempenhada; caso contrário, haverá a suspensão do benefício.
À empregada avulsa é garantida a percepção do salário-maternidade nos ter-
mos do art. 72 da Lei nº 8.213/91.
A empregada doméstica também tem direito ao salário-maternidade, que de-
verá ser pago diretamente pela Previdência Social em valor correspondente ao do
seu último salário de contribuição.
Para Martins (2016, p. 454), os portadores do vírus HIV não têm direito à
estabilidade pelo simples fato de estarem acometidos pela doença, já que as estabi-
lidades decorrem de lei e ela não tem amparo legal.
Para o referido autor, não se pode presumir que a dispensa imotivada do em-
pregado acometido pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, por si só, seja
discriminatória. Discriminatória seria a dispensa do empregado após comunicar
ao empregador sobre sua doença.
Entretanto, o Tribunal Superior do Trabalho possui entendimento em sentido
diametralmente oposto, o que é verificado pela Súmula nº 443:
capítulo 3 • 96
Assim, ocorrendo a dispensa do empregado portador do vírus HIV ou de outra
doença grave que suscite estigma ou preconceito, haverá presunção em que a mes-
ma foi discriminatória, cabendo ao empregador fazer prova em sentido contrário.
A jurisprudência trabalhista procurou proteger os interesses do trabalhador do
ente para que não sofra nenhum tipo de discriminação no ambiente de trabalho
por força das moléstias que o acometem. O TST procurou preservar o princípio
constitucional nuclear da dignidade da pessoa humana e amparar o trabalhador
em situação de vulnerabilidade.
O empregado portador de HIV demitido poderá requerer a reintegração no emprego.
capítulo 3 • 97
Reintegração e Readmissão
RESUMO
Neste capítulo, você teve a oportunidade de estudar a estabilidade, bem como seus fun-
damentos, facetas, tipologia e efeitos inerentes ao Direito do Trabalho, com ramificações em
leis especiais e com ênfase no Direito Constitucional.
Também pôde perceber os mecanismos e os direitos dos empregados estáveis dispen-
sados arbitrariamente ou sem justa causa, como a possibilidade de reintegração no emprego
e, em alguns casos, com o pagamento de indenização e demais consectários.
capítulo 3 • 98
Súmulas Selecionadas Referentes ao Tema
capítulo 3 • 99
Súmula nº 339 do TST
capítulo 3 • 100
V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente
sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe
assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543
da Consolidação das Leis do Trabalho. (Sem grifos no original)
capítulo 3 • 101
Súmula nº 390 do TST
capítulo 3 • 102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
__________. Constituição da República Federativa do Brasil. 15. ed. Vade Mecum. São Paulo:
Saraiva, 2016.
__________. Consolidação das Leis do Trabalho. 15. ed. Vade Mecum. São Paulo:
Saraiva, 2016.
__________. Decreto n.º 22.872, de 1933. Disponível em: <http://bit.ly/2sUDP23>. Acesso em: 15
mar. 2017.
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mar. 2017.
__________. Decreto n.º 24.615, de 1934. Disponível em: < http://bit.ly/2s3r6Km >. Acesso em: 15
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BARROS, A. M. de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016.
CASSAR, V. B. Direito do Trabalho. 9. ed. São Paulo: Grupo Editorial Nacional, 2014.
CATHARINO, J. M. Compêndio Universitário de Direito do Trabalho. São Paulo: Jurídica e Universitária,
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CAVALCANTE, J. de Q. P.; NETO, F. F. J. Direito do Trabalho. 4. ed., Tomo I. Rio de Janeiro:
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DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo: LTr, 2016.
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RUSSOMANO, M. V. Curso de Direito do Trabalho. Curitiba: Juruá, [s./d.].
SARAIVA, R.; SOUTO, R. T. Direito do Trabalho. 16. ed. São Paulo: Grupo Editorial Nacional, 2014.
capítulo 3 • 103
ATIVIDADE
1. (Prova: Juiz do Trabalho/Órgão: TRT/6ª REGIÃO/Banca: FCC)
De acordo com o entendimento sumulado pelo TST, reconhece-se estabilidade pro-
visória no emprego:
A) ao dirigente sindical, mesmo tendo ocorrido a extinção da atividade empresarial no âmbito
da base territorial do sindicato.
B) ao empregado acidentado que tenha sido contratado por tempo determinado.
C) ao membro eleito da CIPA, salvo se suplente.
D) à empregada gestante, inclusive a doméstica, desde que contratada por prazo indeterminado.
E) ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista como consequên-
cia da admissão mediante aprovação em concurso público.
capítulo 3 • 104
A respeito de aviso prévio, de relações de trabalho e de estabilidade e garantias
provisórias de emprego, julgue os itens seguintes. A garantia de estabilidade provi-
sória da gestante não se estende à empregada contratada por tempo determinado.
C) Certo
E) Errado
GABARITO
1) B;
2) D;
3) C;
4) E;
5) C.
capítulo 3 • 105
capítulo 3 • 106
4
Aviso Prévio
e Terminação
do Contrato de
Trabalho
Aviso Prévio e Terminação do
Contrato de Trabalho
Apresentação
OBJETIVOS
• Compreender a gênese, o conceito, a natureza jurídica, os fundamentos e a abrangência
do aviso prévio;
• Identificar a proteção constitucional do instituto;
• Refletir sobre os efeitos do aviso prévio na extinção do contrato de trabalho;
• Aprender as tipologias de aviso prévio;
• Analisar as tipologias de terminação contratual;
• Examinar as dimensões da terminação contratual no Direito Individual do Trabalho;
• Solucionar as questões envolvendo a aplicação dos institutos.
Aviso Prévio
Gênese e Importância
capítulo 4 • 108
Posteriormente, o art. 6º da Lei 62/35 determinou a obrigação do empregado em
comunicar o empregador a extinção unilateral do contrato de trabalho com antece-
dência mínima de oito ou trinta dias, sem traçar obrigação semelhante ao empregador.
A CLT passou a incorporar o comando contido no art. 6º da Lei 62/35 e tra-
tou precisamente do assunto no Capítulo VI, do Título IV, nos artigos 487 a 491,
estendendo a obrigatoriedade da comunicação também ao empregador, amplian-
do a abrangência prevista na Lei 62/35. O legislador constituinte elencou como
direito dos trabalhadores urbanos e rurais o aviso prévio proporcional ao tempo
de serviço, sendo, no mínimo, de trinta dias, no inciso XXI do art. 7º da CRFB.
capítulo 4 • 109
3) O pagamento deve ser efetuado. Se o aviso prévio for trabalhado, o emprega-
do deverá receber a contraprestação pecuniária pelos serviços prestados, e, se o
aviso prévio for indenizado, deverá haver pagamento em caráter indenizatório.
Entendemos que essa definição é a correta.
No aviso prévio trabalhado, a parcela recebida pelo empregado tem caráter
nitidamente salarial.
Porém, quando o aviso prévio é indenizado, ou seja, quando não há trabalho prestado
no período, a verba não se confunde com salário e possui natureza jurídica indenizatória.
O aviso prévio funciona como uma garantia para as partes integrantes da relação
contratual e se aplica tanto ao empregado quanto ao empregador. Se o empregador
decidir romper o contrato de trabalho, deverá dar ciência antecipada ao obreiro a
fim de que esse possa procurar, se for de seu interesse, nova inserção no mercado de
trabalho. No entanto, se o empregado tem a iniciativa de comunicar a extinção do
contrato, deverá fazê-lo com a antecedência fixada em lei para possibilitar que o em-
pregador consiga fazer a substituição necessária ou outro eventual ajuste, de acordo
com a estratégia empresarial, elidindo, assim, a rescisão inesperada.
Irrenunciabilidade
O aviso prévio é um direito que não pode ser renunciado pelo empregado. A
Súmula n.° 276 do TST é enfática nesse sentido. O pedido de dispensa de cumpri-
mento do aviso não isenta o empregador de pagar o valor devido, exceto quando
houver comprovação de ter o empregado obtido novo emprego.
Um das finalidades do aviso prévio, em caso de dispensa procedida pelo em-
pregador, é viabilizar que o empregado possa conseguir um emprego novo; por
esse motivo, o aviso prévio é irrenunciável.
Contudo, poderá haver a renúncia do aviso se o empregado comprovar ter obti-
do outra colocação no mercado de trabalho, já que a finalidade do aviso foi atingida.
Cabimento
O artigo 487, caput, da CLT criou uma regra geral ao estabelecer que o aviso
prévio deverá incidir sobre os contratos, por prazo indeterminado, nos quais não
se sabe de antemão a data em que irá ocorrer a ruptura contratual.
Nesse ponto, o aviso prévio aplicado aos contratos por prazo indeterminado
visa a proteger as partes a fim de evitar a ruptura abrupta do contrato de trabalho.
capítulo 4 • 110
Assim, em regra, o aviso prévio não deverá ser observado nos contratos a ter-
mo, ou seja, naqueles que já têm data de extinção definida. Nessa modalidade de
pacto laboral, se uma das partes opta por rompê-lo antes do termo já estabelecido,
não é cabível o aviso prévio, e sim uma indenização calculada nos moldes preco-
nizados nos artigos 479 e 480 da CLT.
No entanto, nos contratos a termo que contenham cláusula assecuratória do
direito recíproco de antecipação do término contratual, desde que acionada de for-
ma expressa, o aviso prévio será devido, já que a ruptura do contrato passará a ser re-
gulada pelas regras que disciplinam o contrato de trabalho por prazo indeterminado.
É necessário que as partes, em se tratando de contrato a termo, fiquem atentas
para verificar se há incidência ou não da cláusula assecuratória do direito recíproco
de antecipação da extinção contratual.
Nos contratos por prazo indeterminado, o aviso prévio não será devido em
todas as formas de extinção contratual. Deverá incidir na hipótese da rescisão do
contrato de trabalho sem justa causa, ou seja, quando o empregador optar por
dispensar o empregado sem justo motivo, e quando o empregado, por sua vez,
comunicar ao empregador sua opção em terminar o pacto laboral.
Situação que merece destaque é a extinção da empresa, a qual foi tratada pela
Súmula nº 44 do TST que assim determina: “A cessação da atividade da empresa,
com o pagamento da indenização, simples ou em dobro, não exclui, por si só, o
direito do empregado ao aviso prévio”.
Em caso da extinção da empresa, verifica-se que o obreiro não deu causa ao
ocorrido e não pode ser penalizado por fato alheio à sua vontade, mormente por
não ter cometido qualquer ato que pudesse ensejar a aplicação da justa causa.
Nesse sentido, a extinção da empresa é equiparada à rescisão do contrato de tra-
balho sem justa causa.
Nos contratos de trabalho por prazo indeterminado, se ocorrer a dispensa por
justa causa não haverá a incidência do aviso prévio, já que o contrato, nesse caso,
termina de imediato.
O art. 487 da CLT dispõe que o instituto do aviso prévio é devido nas hipó-
teses de inexistir justo motivo para a dispensa.
É necessário analisar se há incidência do aviso prévio quando a ruptura do
contrato de trabalho se dá por culpa recíproca das partes.
A redação primitiva da Súmula nº 14 do TST estabelecia que, se ficasse reco-
nhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho, o empregado não
faria jus à percepção do aviso prévio, denotando o entendimento jurisprudencial
capítulo 4 • 111
da época. No entanto, a Resolução 121/2003 outorgou nova redação à Súmula,
elucidando a mudança do entendimento dos Ministros integrantes da Corte, que
fixaram o direito do empregado a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso
prévio, férias proporcionais e 13º salário, no caso de ruptura por culpa recíproca.
O posicionamento atual do TST está contido na Súmula n.° 14 e é seguido
pela doutrina que o reputa como correto.
Entretanto, para Martins (2012, p. 425), cujo entendimento é minoritário,
ocorrendo a extinção do contrato por culpa recíproca não há que se falar em re-
cebimento de 50% do valor do aviso prévio pelo obreiro por ocorrer a imediata
terminação do contrato de trabalho. O referido doutrinador não concorda com o
comando contido na Súmula n.° 14 do TST.
Resta saber se há incidência do instituto nos contratos de experiência. O TST,
na Súmula n.º 163, determina que o aviso prévio será devido nos contratos de
experiência desde que haja a rescisão antecipada.
Em suma, o aviso prévio como regra geral é devido no contrato de trabalho
com duração indeterminada desde que a ruptura contratual tenha ocorrido nas
seguintes hipóteses: resilição unilateral por ato do obreiro, também conhecida
como pedido de demissão, dispensa do empregado sem justa causa, na extinção da
empresa sem caracterização de força maior, resolução contratual por infração do
empregador (dispensa indireta) e na falência, nos termos do art. 487, parágrafo 4º,
e do art. 449, ambos da CLT.
Se o contrato for por prazo determinado o aviso prévio, só será devido em caso
de existência de cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão.
Tempo
capítulo 4 • 112
elencou como direito dos empregados urbanos e rurais o aviso prévio proporcional
ao tempo de serviço, sendo, no mínimo, de trinta dias no teor da lei.
Prazo Mínimo
Perceba que o art. 487, I, da CLT trouxe o prazo mínimo de oito dias na hi-
pótese de pagamento semanal ou por tempo inferior, e o legislador constituinte
assegurou um lapso temporal mínimo de trinta dias; por essa razão, Delgado (2016,
p. 1305) e Barros (2016) sustentam que o inciso I, art. 487, da CLT não foi recep-
cionado pela Constituição Federal, não podendo ser aplicado o prazo de oito dias.
Em sentido diverso, Martins (2012, p. 418) faz uma ponderação interessante ao
dizer que a Constituição Federal assegurou o mínimo de trinta dias como sendo um
direito do obreiro; dessa forma, se o aviso prévio for dado pelo empregado, não há
óbice para a aplicação do prazo de oito dias caso o pagamento seja feito por semana
ou por tempo inferior. Porém, se o aviso prévio partir do empregador em relação
ao empregado, a comunicação terá de ser realizada no prazo mínimo de trinta dias.
Prazo Máximo
O inciso XXI do art. 7º da CRFB fixou um prazo base para o aviso prévio e
deixou de estipular prazo máximo. Assim, as partes podem optar por estabelecer
prazo superior a trinta dias, inclusive por meio de convenção coletiva, acordo
coletivo ou cláusula contratual. Enquanto o prazo mínimo do aviso constitui um
direito do empregado, o prazo máximo consiste em faculdade outorgada às partes
que integram a relação de emprego.
Se a norma coletiva fixar aviso prévio de sessenta dias e deixar de mencionar
sobre alcance e efeitos jurídicos, será aplicado o entendimento previsto na OJ 367
do TST: “OJ 367 do TST – SDI-I-TST – Aviso prévio de 60 dias. Elastecimento
por norma coletiva. Projeção. Reflexos nas parcelas trabalhistas”.
O prazo de aviso prévio de 60 dias, concedido por meio de norma coletiva
que silencia sobre o alcance de seus efeitos jurídicos, computa-se integralmente
como tempo de serviço nos termos do § 1º do art. 487 da CLT, repercutindo nas
verbas rescisórias.
capítulo 4 • 113
Proporcionalidade
O art. 7º, XXI, CRFB estabeleceu como direito do trabalhador urbano e rural
o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias
nos termos da lei. Entenda que o mínimo de trinta dias de aviso prévio previsto na
Constituição Federal constitui norma de aplicabilidade imediata. Apenas a pro-
porcionalidade que deveria ser regulada por lei ordinária.
Celso Furtado (1991) já denunciava que a regulamentação das normas constitu-
cionais no Brasil é fruto de processo moroso, e com a regulamentação da proporcio-
nalidade do aviso prévio não foi diferente. É que somente três anos e oito dias após
a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil é que o Poder
Legislativo aprovou a Lei nº 12.506/2011 e regulamentou o inciso XXI do art.
7º, efetivando o direito ao aviso prévio proporcional. Assim, a Lei nº 12.506/2011
merece destaque, já que, além de ter regulado o tema, trouxe substancial inovação e
passou a conceder aos empregados que contêm mais de um ano de serviço na empre-
sa três dias para cada ano de serviço prestado ao mesmo empregador, até o máximo
de 60 (sessenta) dias, não podendo ultrapassar 90 (noventa dias).
capítulo 4 • 114
nas rescisões contratuais ocorridas antes da publicação da Lei nº 12.506/2011.
Nesse sentido, o empregado fará jus à proporcionalidade desde que a rescisão te-
nha ocorrido após a publicação da lei, o que foi ratificado pela Nota Técnica 184
de 2012 do Ministério do Trabalho e Emprego ao determinar que a lei não poderá
retroagir para alcançar situação de aviso prévio já iniciado.
Como fundamento jurídico para não aplicação da Lei nº 12.506/2011 a
fatos pretéritos, aponta-se o princípio da irretroatividade da lei consagrado pelo
art. 5º, XXXVI, CRFB, pela Súmula nº 441 do TST e pela Nota Técnica 184
de 2012 de MTE.
CURIOSIDADE
Foram julgados pelo Supremo Tribunal Federal os Mandados de Injunção nº 943, 1.010,
1.074 e 1.090, que tinham como objeto a proporcionalidade do aviso prévio devido à omissão
legislativa; na ação, os impetrantes exigiam que a Suprema Corte apresentasse uma solução.
O plenário do STF reconheceu a mora legislativa no tocante à regulamentação do dis-
posto no art. 7º, XXII, da Constituição e considerando que o julgamento dos Mandados de
Injunção teve início antes da promulgação da Lei nº 12.506/2011, fundamentou a proce-
dência dos pedidos regulamentando o assunto, autorizando os relatores a decidir mono-
craticamente que os impetrantes têm direito ao aviso prévio indenizado de acordo com os
ditames da Lei nº 12.506/2011, no tocante aos mandados de injunção impetrados antes do
citado diploma legal.
A íntegra dos acórdãos proferidos está disponível no sítio oficial do STF:
http://www.stf.jus.br/.
capítulo 4 • 115
Entenda: o empregado que possui 12 (doze) meses ou menos de serviço junto
ao empregador terá garantido o prazo mínimo do aviso prévio de 30 (trinta) dias
assegurado constitucionalmente e ratificado por lei.
Para cada ano de serviço, haverá um acréscimo de 3 (três) dias que irá incidir sobre
o aviso prévio de 30 (trinta) dias. É oportuno mencionar que, para ocorrer a adição
dos 3 (três) dias, o empregado deverá prestar serviço para o mesmo empregador.
Resta saber se o período de 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma
empresa deve ser contado a partir do primeiro ano completo ou será devido a
partir do segundo ano completo?
O assunto é polêmico na doutrina: para Cavalcante e Jorge Neto (2008),
cotejando o disposto no art. 7º, XXI, CRFB, que garante a proporcionalidade
do aviso prévio com o comando do art. 1º, caput, e parágrafo único, da Lei nº
12.506/2011, o trabalhador que tiver mais de um ano terá direito ao acréscimo de
3 (três) dias, isto é, a proporção de 3 (três) dias deverá incidir a partir do primeiro
ano completo, não sendo necessário esperar o implemento de 2 (dois) anos para
a adição dos três primeiros dias da proporcionalidade do aviso prévio. O referido
autor, nesse assunto, possui um posicionamento que mais se compatibiliza aos
interesses do empregado e que reputamos correto.
O aviso prévio poderá ter uma variação de trinta a noventa dias conforme o
tempo de serviço do empregado para o mesmo empregador; veja que, durante o
primeiro ano trabalhado, o empregado terá, no mínimo, trinta dias.
Para que o empregado tenha direito aos noventa dias, ou seja, ao prazo máxi-
mo da proporcionalidade estipulado pela Lei nº 12.506/2011, terá de preencher
certos requisitos: a) trabalhar para o mesmo empregador; b) pelo tempo de pelo
menos vinte anos.
capítulo 4 • 116
12.506/2011 veio a regulamentar o referido direito; por essa razão, a proporciona-
lidade será aplicada em benefício do empregado urbano e rural. Se o empregado for
demitido sem justa causa, fará jus ao acréscimo de que trata a lei. Contudo, se o em-
pregado pedir demissão, não terá de cumprir o aviso prévio proporcional: a propor-
cionalidade não pode ser exigida do empregado. O prazo do aviso será de trinta dias.
Não se trata de mácula ao princípio da igualdade consagrado no art. 5º, caput,
da Carta Magna, já que o 7º, XXI, do mesmo diploma outorga expressamente um
direito ao trabalhador, e não ao empregador.
A CLT não definiu a forma pela qual deverá ser instrumentalizada a conces-
são do aviso prévio. Com o silêncio da legislação, a doutrina passou a sustentar
que é prescindível que o aviso prévio se revista de forma especial, podendo ser
feito por escrito ou de forma verbal. Se o próprio contrato de trabalho pode ser
celebrado verbalmente, não há motivo para a exigência do aviso prévio por escrito.
Contudo, na prática cotidiana, inclusive para fins de comprovação, o aviso
prévio tem sido concedido, na maioria dos casos, por escrito, em documento ela-
borado em duas vias, para que uma fique em poder do empregado e a outra em
poder do empregador. A concessão por escrito do aviso prévio, embora não seja
imposta por lei, se reveste de prudência e revela transparência nas rupturas dos
contratos de trabalho, facilitando sua prova.
Se o aviso prévio, por sua vez, for outorgado verbalmente, e a outra parte da
relação de emprego não reconhecer a sua concessão, haverá um impasse nesse sen-
tido, gerando responsabilidade para aquele que detém o ônus da prova, ou seja,
para a parte que pretendeu rescindir o contrato de trabalho.
Efeitos
O aviso prévio produz uma série de efeitos: cabe examinar os reflexos produ-
zidos nas rescisões por iniciativa do empregado e por iniciativa do empregador.
capítulo 4 • 117
empregado o direito a receber os salários relativos ao período do aviso, garantida a
integração no cômputo do período no tempo de serviço.
Assim, a integração do tempo de serviço do aviso prévio ao contrato de traba-
lho é um efeito a ser considerado. O pacto não termina imediatamente, mas tão
somente após expirado o prazo do aviso, com o que há a contagem do tempo de
serviço no respectivo contrato. (MARTINS, 2012, p. 419)
A Orientação Jurisprudencial 82 da SDI-1 do TST esclarece que, mesmo sen-
do o aviso prévio indenizado, isto é, não trabalhado, ocorre a sua integração no
tempo de serviço para todos os efeitos. A regra possui aplicabilidade prática, já que
a data de baixa que deve ser lançada pelo empregador na CTPS do empregado é a
do término do aviso prévio.
O cômputo do aviso prévio no tempo de serviço gera efeitos pecuniários, e
tem incidência nos depósitos de FGTS nos termos da Súmula nº 305 do TST.
ATENÇÃO
Para efeitos de contagem, considera-se como mês o lapso temporal igual ou superior
a quinze dias.
Outro reflexo a ser considerado está previsto na Súmula nº 182 do TST: é que
o tempo do aviso prévio, mesmo indenizado, conta-se para efeito da indenização
adicional contida no art. 9º da Lei nº 6.708, de 30.10.1979. O aviso prévio irá
integrar o tempo de serviço e servirá para constatar se o empregado foi dispensado
nos trinta dias anteriores à data-base da categoria, a fim de verificar o direito à
indenização adicional de um salário mensal. (MARTINS, 2012, p. 422)
O § 6º, art. 487, CLT, incluído pela Lei 10.218, de 11 de abril de 2001, trouxe
mais um efeito do aviso prévio ao prever que o reajustamento salarial coletivo, deter-
minado no curso do aviso, atinge o empregado já avisado da dispensa, mesmo que
tenha recebido antecipadamente os salários correspondentes ao período do aviso.
Como dito anteriormente, uma das finalidades do aviso prévio é dar ciência
ao empregado da rescisão contratual, possibilitar que o mesmo não seja pego de
surpresa, para que, caso deseje, possa procurar outra colocação no mercado de
trabalho; por esse motivo, o legislador infraconstitucional optou por flexibilizar
a jornada de trabalho no período do aviso. Nesse sentido, o art. 488, caput, da
CLT determina que, se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, o horário
capítulo 4 • 118
normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso, será reduzido em 2
(duas) horas diárias, sem prejuízo do salário integral.
É facultado ao obreiro trabalhar sem a redução das 2 (duas) horas diárias pre-
vistas no art. 488, caput, da CLT, e em contrapartida poderá faltar ao serviço, sem
prejuízo do salário integral, por 1 (um) dia, na hipótese do inciso l, e por 7 (sete)
dias corridos, no caso do inciso lI do art. 487 da CLT.
Note que a decisão de trabalhar com redução diária de 2 (duas) horas ou de
faltar o serviço por sete dias é exclusivamente do empregado, que irá verificar a
opção que melhor atende às suas necessidades: não pode haver nesse caso interfe-
rência do empregador, que deverá acatar a decisão do obreiro.
Nesse ponto, a Súmula n.º 230 do TST determina ser ilegal substituir o pe-
ríodo que se reduz da jornada de trabalho, no aviso prévio, pelo pagamento das
horas respectivas. Restará frustrada a finalidade do aviso prévio se o empregador
não aplicar a redução das 2 (duas) horas diárias ou conceder os 7 (sete) dias de
folga ao empregado. A omissão patronal impossibilita que o empregado possa ser
novamente inserido no mercado de trabalho. Nesse caso, será considerada ineficaz
a comunicação realizada pelo empregador, que deverá pagar outro aviso prévio.
capítulo 4 • 119
trabalhista que exista. Em caso de inexistência de créditos, o empregador, caso
queira, poderá ajuizar uma Ação Trabalhista tendo como objeto a cobrança do
citado direito. A CLT não contém regra disciplinando os descontos, não deta-
lhou o assunto. A omissão do legislador deve ser interpretada como vontade de
não legislar; não cabe à doutrina fazer interpretações quando a lei é silente. Com
base nesses fundamentos, reputamos como correto o posicionamento adotado por
Martins (2012, p. 423).
Remuneração
capítulo 4 • 120
Perceba que o momento da extinção do contrato é dotado de aspectos jurí-
dicos peculiares e produz inúmeros efeitos práticos, tendo especial relevância no
Direito do Trabalho.
Existe Projeto de Lei da Câmara nº 38 de 2017 que altera dispositivos da CLT, inclusive
no tocante ao tema em estudo.
A íntegra do referido Projeto de Lei pode ser obtida no site:
https://www25.senado.leg.br
Princípios
capítulo 4 • 121
no inciso XXI, CRFB, o legislador garantiu ao empregado o direito ao aviso prévio
proporcional ao tempo de serviço de no mínimo 30 (trinta) dias, esclarecendo que a
Lei nº 12.506/2011 regulamentou a proporcionalidade do aviso prévio.
Apesar de não ser absoluto, o princípio em estudo visa a proteger o empre-
gado contra despedidas arbitrárias e gera presunções favoráveis a ele, tido como a
parte mais vulnerável na relação contratual.
A Súmula n.° 212 do TST, mantida pela Resolução 121/2003, agasalhou de
forma expressa o citado princípio.
Nomenclatura
As relações humanas são dinâmicas, e os contratos, por sua vez, são passíveis de
modificação ao longo de seu curso. O contrato de trabalho, como se sabe, mesmo
sendo permeado pelos princípios citados, não se perpetua infinitamente no tempo.
Sua data de extinção pode ser conhecida antecipadamente pelas partes,
como ocorre nos contratos a termo, ou desconhecida, como ocorre nos con-
tratos por prazo indeterminado, porém, tanto num caso como no outro, irá se
operar a terminação contratual.
Na doutrina e na jurisprudência, mais de uma terminologia é utilizada para
se referir à extinção do contrato de trabalho. Os autores costumam empregar as
expressões terminação, dissolução, extinção e cessação para se referir ao término
capítulo 4 • 122
do contrato de trabalho, as quais também constam no Capítulo V, §§ 1º e 2º, art.
477, 482, 483, 484 da CLT.
Compreenda que as citadas expressões na CLT são tidas como sinônimas e
que alguns doutrinadores fazem diferenciação entre elas. No entanto, para o pre-
sente estudo, o importante é saber que todas as expressões se destinam a descrever
um fato: a terminação do contrato de trabalho.
CONCEITO
Os contratos, quanto à sua morfologia, podem ser examinados em relação à sua consti-
tuição e quanto ao prazo de duração. No tocante ao termo, os contratos são classificados em:
contratos por prazo determinado e contratos por prazo indeterminado. Os contratos por prazo
determinado são aqueles cuja duração no tempo é preestabelecida desde seu nascimento, as
partes já têm como certa e previsível a data da extinção contratual. (DELGADO, 2016, p. 527)
capítulo 4 • 123
indeterminado possui duração continuada, não tem data para terminar; logo, uma
vez extinto, estará demonstrada a extinção anormal do pacto, não sendo possível a
extinção normal do contrato de trabalho firmado por prazo indeterminado.
É oportuno citar o posicionamento de Maranhão (2004, vol. I, p. 554), que
adequou ao Direito do Trabalho as formulações de Henri de Page e passou a uti-
lizar a nomenclatura dissolução para se referir aos casos em que o contrato de
trabalho chega a seu fim de forma anormal, antecipada, abrangendo as seguintes
espécies: 1)resilição; 2) resolução; 3) revogação; 4) rescisão; 5) força maior.
Para Maranhão (2004, vol. I, p. 554), ocorre a resilição quando empregador e
empregado, por mútuo acordo, decidem romper o contrato de trabalhado celebrado
antes de operado seu termo ou atingida sua finalidade. Note que a resilição contra-
tual é comparada à figura do distrato referendada pelo Código Civil em seu art. 472.
Embora o mútuo acordo seja a regra da resilição contratual, Maranhão (2004,
vol. I, p. 554) sustenta de forma excepcional que a resilição também pode se dar
por vontade de apenas uma das partes.
Dá-se a resolução contratual em duas situações: a) quando ocorrer a dissolu-
ção do contrato por inexecução faltosa por parte do empregado ou do emprega-
dor; b) quando o contrato estiver subordinado a uma condição resolutiva.
Opera-se a revogação quando se tratar de contrato a título gratuito, podendo
ela se estender ao contrato de mandato oneroso.
A rescisão ocorre nos casos de nulidade e não depende da natureza do contrato.
A despeito das espécies de extinção contratual elencadas até o presente mo-
mento, constata-se que o pacto laboral também pode ser afetado por força maior,
impossibilitando, assim, sua continuidade.
capítulo 4 • 124
Os direitos trabalhistas são tidos como irrenunciáveis e, por consequência,
não podem ser objeto de transação, sendo certo que empregado e empregador
podem acordar além do que está previsto em lei, mas não menos. Se o empregado
não pretende mais trabalhar, deve pedir demissão e não fazer um distrato que não
lhe beneficiaria, mormente porque a Lei nº 8.036/90 não autoriza o levantamento
do FGTS em caso de distrato. (CASSAR, 2014)
Para Delgado (2016, p. 1962), em função do impedimento de transação,
realizando a supressão de parcelas juslaborativas, o distrato igualmente não se-
ria cabível na prática e seria desinteressante do ponto de vista econômico para o
empregador na medida em que teria de pagar todas as verbas rescisórias devidas
inerentes à dispensa sem justa causa.
É oportuno ressaltar que o TST, em 27.09.2002, editou a OJ nº 270 da SDI-I,
agasalhando uma transação realizada pelas partes que se assemelha ao distrato nos
chamados Planos de Demissão Voluntária.
O Projeto de Lei n.º 38 de 2017 prevê a inserção dos artigos 477-A e 477-B
na CLT, da seguinte forma:
ATENÇÃO
No entanto, o plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraor-
dinário nº 590.415, com repercussão geral reconhecida, em sessão plenária realizada em
30/04/2015, mudou o entendimento do TST, consubstanciado pela OJ nº 270 da SDI-I,
entendendo como válida a cláusula que dá quitação ampla e irrestrita de todas as parce-
capítulo 4 • 125
las decorrentes do contrato de emprego, desde que esse item conste de Acordo Coletivo
de Trabalho e dos demais instrumentos assinados pelo trabalhador. A decisão da Suprema
Corte reformou o entendimento do TST, consolidado na Orientação Jurisprudencial 270 da
Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1), no sentido de que os direitos
trabalhistas são indisponíveis e irrenunciáveis – e, assim, a quitação somente libera o empre-
gador das parcelas especificadas no recibo, como prevê o artigo 477, parágrafo 2º, da CLT.
O relator do Recurso Extraordinário, Ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que, no direi-
to individual do trabalho, o trabalhador recebe a proteção do Estado em razão da vulnerabili-
dade existente entre empregado e empregador. Porém, no caso das negociações coletivas,
o poder econômico do empregador é contrabalançado pelo poder social, político e de transa-
ção dos sindicatos que representam os empregados.
A decisão proferida pelo STF, além de ter alterado o entendimento já pacificado pelo TST
por mais de uma década está sendo aplicado em mais de dois mil processos que estavam
paralisados, aguardando o julgamento do Recurso Extraordinário.
Assim, na atualidade, será válida a cláusula que dá quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas decorrentes do contrato de emprego nos chamados planos de dispensa incentivada
(PDI) ou voluntária (PDV), desde que esse item conste de Acordo Coletivo de Trabalho e dos
demais instrumentos assinados pelo trabalhador.
A íntegra desse leading case pode ser encontrada no sítio oficial do STF: http://bit.
ly/2snznf5 >.
Por fim, resta dizer que tema tormentoso é saber se existe uma efetiva repre-
sentatividade do sindicato em relação a todos os integrantes da categoria. O TST
tem se inclinado a analisar cuidadosamente e com ressalvas o conteúdo de nego-
ciações coletivas e cláusulas ajustadas.
Como já mencionado, é possível que a resilição se dê também nos contratos por
prazo indeterminado através de declaração unilateral de vontade de uma das partes.
Compreenda que a declaração unilateral de uma das partes independe de acei-
tação da outra; assim, a resilição por ato unilateral configura um direito potesta-
tivo do declarante. Imagine o seguinte exemplo: um empregado, após um ano da
celebração de um contrato de duração sucessiva, ou seja, de um contrato por prazo
indeterminado, por questões pessoais, comunica ao empregador sua vontade em
romper a relação de emprego. Nesse caso, o empregador não poderá impedir que a
resilição por ato unilateral ocorra pelo caráter receptício da declaração; assim, com
a manifestação de vontade do declarante, o ato praticado estará perfeito.
capítulo 4 • 126
CONCEITO
Direito potestativo é o ponto máximo de afirmação da centralidade do indivíduo na ordem
jurídica, isto é, constitui prerrogativa ou vantagem que se exerce e se afirma independentemente
da vontade dos que hão de tolerar suas consequências jurídicas. (DELGADO, 2016, p. 2.282)
Conceito
Natureza Jurídica
Forma
A lei não define forma determinada para a feitura da dispensa, sendo majori-
tário na doutrina que a declaração unilateral pode ser verbal ou escrita.
capítulo 4 • 127
Requisitos
Para que a dispensa ocorra validamente, alguns requisitos devem ser preenchi-
dos. São eles: declaração unilateral de vontade, capacidade do empregado e do em-
pregador, legitimidade do denunciante e homologação do recibo de quitação, nos
termos do art. 477, §1º, da CLT, para os contratos com mais de um ano de vigência.
Os requisitos elencados para a dispensa, especialmente o último, denotam
a proteção que o ordenamento jurídico brasileiro outorgou ao empregado, tido
como a parte mais vulnerável do ponto de vista simbólico, político e econômico.
ATENÇÃO
O Projeto de Lei da Câmara n.º 38 de 2017 prevê a revogação do §1º do art. 477 da CLT.
Parcelas Devidas
A dispensa sem justa causa constitui uma das formas de ruptura do contrato
de trabalho mais onerosas para o empregador.
O empregador que exerce o direito potestativo de resilir unilateralmente o
contrato pagará ao empregado, além do saldo de salário, as seguintes parcelas:
aviso prévio de, no mínimo, 30 (trinta) dias, o qual irá se projetar no contrato de
trabalho para contagem de tempo e efeitos pecuniários; se o empregado contar
com mais de um ano de serviço, terá direito à proporcionalidade fixada pela Lei nº
12.506/2011, férias proporcionais acrescidas de 1/3, férias integrais não gozadas
simples ou em dobro, a depender do caso concreto, acrescidas do terço constitu-
cional, 13º salário proporcional, liberação dos depósitos de FGTS com expedição
das respectivas guias, multa de 40% sobre o total do FGTS, indenização adicional
por dispensa no trintídio anterior à data-base, multa do art. 477, 8º, da CLT se o
pagamento for feito fora do prazo preconizado, além de outras indenizações even-
tualmente devidas, devendo ser analisado cada caso concreto, bem como a multa
do art. 457 da CLT.
Nos casos de dispensa arbitrária, o empregador tem obrigatoriedade em efe-
tuar a anotação da baixa na CTPS do empregado, de emitir o Termo de Rescisão
do Contratual acompanhado do código de saque do FGTS, além de emitir as
capítulo 4 • 128
guias de comunicação de dispensa e de seguro-desemprego para que o empregado
possa se habilitar ao recebimento do seguro-desemprego.
O Projeto de Lei da Câmara 38 de 2017 prevê a inclusão do §10 no artigo
477 da CLT, in verbis:
capítulo 4 • 129
pagar uma indenização adicional correspondente ao salário do empregado na data
da comunicação da dispensa, o que é objeto da Súmula n.° 242 do TST.
capítulo 4 • 130
A íntegra da Convenção nº 158 da OIT pode ser encontrada no link:
http://bit.ly/2snUvSw.
CURIOSIDADE
Todavia, está pendente de julgamento no STF, após o pedido de vista do Ministro Dias
Toffoli, a ADI nº 1625, na qual a Conferência Nacional dos Trabalhadores da Agricultura
questiona o Decreto nº 2.100, de 1996, que outorgou publicidade à denúncia da Convenção
nº 158 da OIT realizada unilateralmente pelo Presidente da República.
O pedido de vista do Ministro Dias Toffoli foi feito após a apresentação de voto-vista do
Ministro Teori Zavascki, que sustentou ser necessária a participação do Poder Legislativo
na revogação de tratados e pontuou que a denúncia dos tratados internacionais feita pelo
Presidente da República depende de autorização do Congresso Nacional.
Todavia, o Ministro sugeriu a modulação de efeitos para que a eficácia do julgamento seja
prospectiva para preservar os efeitos da declaração de inconstitucionalidade do Decreto nº
2.100, de 1996, atacado e dos demais atos de denúncia já praticados pelo chefe do executivo.
Atualmente, o julgamento está suspenso, aguardando o voto do Ministro Dias Toffoli. O
julgamento dessa ADI será um marco no STF, um divisor de águas sobre o tema, já que pode
alterar o item procedimental de denúncia dos tratados internacionais.
Os votos proferidos no julgamento da ADI nº 1625 podem ser encontrados no sítio oficial
do STF: http://bit.ly/2dBuzuT.
Nomenclatura
capítulo 4 • 131
Conceito
Forma
Requisitos
Peculiaridades
O pedido de demissão por ato discricionário do empregado gera para ele o de-
ver de respeitar o aviso prévio. A falta do aviso causa para o empregador o direito
capítulo 4 • 132
de descontar os salários correspondentes ao período do aviso nos termos do art.
487, § 2º, CLT.
Parcelas Devidas
capítulo 4 • 133
Se o empregador comete a justa causa, verifica-se a figura da rescisão indireta,
cujas hipóteses estão elencadas no art. 483 da CLT. Porém, se o empregado pratica
a justa causa, haverá a dispensa motivada nos termos do art. 482 da CLT.
Nomenclatura
As expressões justa causa e falta grave, utilizadas pela doutrina e pela CLT, são
aptas a designar o procedimento incorreto cometido pelo empregado que motiva
sua dispensa, não havendo razão para diferenciá-las.
Para Maranhão (2004, p. 568), não procede a distinção entre justa causa e
falta grave; assim, “a justa causa[da] por definição é a falta grave”.
O termo falta grave consta expressamente no parágrafo único do art., 240, art.
453, art. 492, art. 493, art. 495, § 3º, art. 543, todos da CLT. Já o termo justa
causa é mencionado nos artigos da CLT 479, 480, e 482. O referido diploma
normativo utiliza as expressões rescisão injusta no art. 474, ato faltoso no art. 158,
faltas justas no art. 491 e justo motivo nos artigos 391 e 487 para se referir ao tipo
estudado de ruptura contratual. Nessa obra, utilizaremos as nomenclaturas justa
causa e falta grave como sinônimas.
capítulo 4 • 134
Conceito
Justa causa é todo ato doloso ou culposo de forma grave cometido pelo empre-
gado que mine a confiança e boa-fé existentes entre ele e o empregador, tornando
inviável a continuidade da relação. (MORAES, 1946, p. 56)
A justa causa é uma penalidade disciplinar máxima aplicada ao trabalhador
por ato de seu empregador. (CASSAR, p. 839)
Forma
Sistemas
Existem três sistemas atrelados à justa causa, a depender do país que emana a
legislação existente, a saber: 1) genérico; 2) taxativo; 3) misto.
O sistema genérico, adotado pela Itália, possibilita a extinção do contrato
de trabalho sem que a lei especifique as hipóteses de justa causa. Caberá ao Poder
Judiciário na análise de cada caso concreto fazer a adequação do fato à norma.
Em sentido diametralmente oposto, no sistema taxativo o legislador infra-
constitucional especifica de forma discriminada as hipóteses de justa causa. Note
que só a lei pode criar a justa causa: as normas coletivas e os regulamentos das
capítulo 4 • 135
empresas não podem trazer novas hipóteses de falta grave, isto é, a competência
exclusiva para tratar do assunto é do legislador.
O Brasil adotou o sistema taxativo, já que os tipos de justa causa estão pre-
vistos em lei, como é o caso das hipóteses que constam do art. 482 da CLT. De
forma minoritária Catharino (1972, p. 779) sustenta que o Brasil adotou o siste-
ma exemplificativo.
O sistema misto é fundado em uma combinação entre os sistemas genérico
e taxativo, ou seja, apesar de a lei determinar de maneira especificada as situações
de justa causa, é permitido o enquadramento da justa causa em alguns casos por
conta da abstração e generalidade da norma.
Requisitos
capítulo 4 • 136
Utilizando por analogia a Súmula nº 403 do STF, Delgado (2016, p. 1.165) suge-
re um prazo de 30 dias para aplicação da penalidade.
Se porventura existir auditoria instaurada ou inquérito administrativo, deverá
ser respeitado o prazo destinado ao trâmite interno dos procedimentos. Note que
o prazo para aferição da atualidade e consequente aplicação válida da justa causa
não é contado da data da prática do ato, e sim de sua ciência pelo empregador.
CONCEITO
O perdão tácito é resultado de uma conduta incompatível com a vontade de punir, de tal
modo que revela a presunção do perdão.
A jurisprudência considera o perdão tácito a demora na punição ou a ausência de puni-
ção pelo empregador.
capítulo 4 • 137
pelo ato ocorrido no dia 10/01/2017. Contudo, se o empregado for contumaz e
praticar nova agressão, ela ensejará, por sua vez, a aplicação de outra penalidade.
A gravidade da falta constitui o quinto requisito para a justa causa. Não é
qualquer causa que pode dar ensejo à extinção motivada do contrato de trabalho
pelo empregador. Compreenda que a gravidade da falta cometida pelo empregado
é essencial à caracterização do instituto, tese inteiramente acolhida pela doutrina.
PERGUNTA
Como verificar se a falta praticada pelo empregado é grave? O conceito de gravidade
não é absoluto. Para Moraes (1972, p. 50), a gravidade da conduta não pode ser aferida
abstratamente: a culpa do empregado deve ser examinada no caso concreto, levando-se
em conta e mensurando a personalidade do agente, sua capacidade de discernimento, sua
condição psicológica, seus antecedentes, grau de cultura, entre outros fatores.
Perceba que o empregador não necessita sofrer prejuízo material para a carac-
terização da justa causa; como pontua Nascimento (2011 p. 1215), a disciplina da
empresa pode ser maculada, mesmo inexistindo dano patrimonial.
A causalidade é outro requisito para a justa causa e consiste na conexão, na
ligação, no nexo de causa e efeito. Em consequência, a justa causa deve ser anterior
e determinante da extinção do contrato de trabalho.
O ato praticado pelo empregado tido como grave deve ser a causa e a aplicação
de penalidade decorrente do poder diretivo do empregador: o efeito.
Questão relevante e que tem gerado dissenso na doutrina é a necessidade ou
não de comunicação ao empregado do justo motivo da ruptura contratual. Para
Nascimento (2011 p. 1.216), no Brasil não é indispensável que se faça a comuni-
cação das razões que motivaram a justa causa ao obreiro. Para Moraes (1968, p.
29), a comunicação ao empregado dos motivos da dispensa por justa causa é essen-
cial e denota a transparência na relação contratual, posicionamento que adotamos.
Como dito anteriormente, o Brasil adota o sistema taxativo; por esse motivo,
a justa causa obrigatoriamente tem que estar prevista em lei. O art. 482 da CLT
elenca um rol taxativo de condutas que podem ser enquadradas como justa causa.
capítulo 4 • 138
Você estudará, a seguir, as tipologias de justa causa.
Improbidade
Incontinência de Conduta
A alínea b do art. 482 da CLT prevê a segunda hipótese de justa causa: a in-
continência de conduta ou mau procedimento.
É interessante notar que a CLT utiliza a conjunção “ou” entre as duas expres-
sões, e a doutrina diferencia a infração de incontinência de conduta da justa causa
por mau procedimento.
Para a doutrina majoritária, a incontinência de conduta está relacionada ao
elemento sexual, traduzida pela conduta culposa do empregado que macule a mo-
ral, sob o ponto de vista sexual, prejudicando o ambiente de trabalho e as obriga-
ções advindas do contrato. (DELGADO, 2016, p. 1.330)
capítulo 4 • 139
As casuísticas mais comuns são: a famosa cantada no ambiente de trabalho
cometida por um empregado em relação a um terceiro, a prática de atos libidino-
sos pelo empregado, o envio de e-mail corporativo com conteúdo pornográfico,
visualização de pornografia em equipamento de propriedade da empresa ou no
espaço físico patronal.
Minoritariamente, Cassar (2014, p. 1.084) sustenta que a incontinência de
conduta não precisa estar necessariamente ligada à moral sexual e cita o exemplo
de um contador de congregação religiosa que é devedor contumaz, sendo habi-
tualmente interpelado no trabalho em função das dívidas contraídas. Esse fato
fere a confiança que os fiéis devem ter na instituição religiosa e no empregado que
realiza a contabilidade.
Mau Procedimento
capítulo 4 • 140
Negociação Habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador
quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o
empregado ou for prejudicial ao serviço
Condenação Criminal
capítulo 4 • 141
Assim, se o empregado foi condenado criminalmente, mas existe recurso para
ser julgado no processo em que figura como réu, a justa causa não poderá ser apli-
cada, já que está ausente o requisito do trânsito em julgado da decisão.
Além do trânsito em julgado, outro elemento é necessário para a justa causa: que
não poderá haver a suspensão condicional da pena também conhecida como sursis.
Note que a justa causa é causada pelo empregado que, se estiver preso, não
poderá trabalhar para o empregador por questões óbvias, porém, se estiver bene-
ficiado com o sursis, não haverá impedimento de comparecimento ao trabalho.
CURIOSIDADE
Os requisitos para aplicação da suspensão condicional da pena estão elencados no art.
77 e nos artigos seguintes do Código Penal.
Desídia
capítulo 4 • 142
minoritariamente, Lacerda (1976, p. 51) sustenta que a desídia pode se dar por
ato culposo ou doloso.
A doutrina majoritária entende que, para aplicação da justa causa por falta
de diligência do empregado, não há necessidade de ter havido anteriormente a
aplicação de outras punições mais brandas, como, por exemplo, advertência e sus-
pensão, já que o empregador não tem a obrigação de recorrer a essas penalidades.
Embriaguez
A embriaguez do empregado, para fins de justa causa, pode ser habitual ou em serviço.
A embriaguez habitual se dá quando o empregado frequentemente ingere
bebida alcoólica fora do serviço.
Apesar da etimologia da palavra embriaguez estar ligada à ingestão de bebida
alcoólica, note que ela também pode ser caracterizada pelo uso de outras drogas
que promovam alteração comportamental daquele que as utiliza.
Nesse sentido, a embriaguez abrange a utilização de substâncias químicas tóxi-
cas, nocivas, entorpecentes ou embriagantes, como crack, cocaína, heroína, ópio,
haxixe, maconha, entre outros que provoquem um estado inebriante.
A ingestão das referidas substâncias psicoativas interfere no funcionamento do
cérebro, provoca no empregado baixa concentração no trabalho, perda de memó-
ria, prejudica a realização das tarefas e altera seu comportamento.
A embriaguez habitual se dá fora do horário e do local de trabalho e se ca-
racteriza pela frequência com que ocorre, refletindo na execução das obrigações
contratuais por parte do empregado.
A doutrina e a jurisprudência divergem quanto à possibilidade de demissão
por justa causa na hipótese de se constatar a dependência crônica. É interessante
saber que a Organização Mundial de Saúde classifica o alcoolismo e outras depen-
dências químicas como patologias.
Nesse sentido, em se tratando de doença em que existe dissenso quanto à
aplicação da justa causa, já seria incongruente punir o empregado por motivo
de vulnerabilidade.
A 6ª Turma do TST, no julgamento do recurso AIRR-397-79.2010.5.10.0010,
manteve a decisão do TRT que invalidou a dispensa por justa causa do reclamante
e determinou a sua reintegração no emprego por entender que o empregado era
portador de alcoolismo crônico, doença classificada como Síndrome de dependên-
cia do álcool (CID 10 F – 10.2).
capítulo 4 • 143
Nesses casos, por questões humanísticas o melhor a ser feito pelo empregador
é optar pela suspensão do contrato de trabalho para que o empregado possa ser
submetido a tratamento médico e, se possível, posterior retorno ao trabalho.
A embriaguez em serviço é a que ocorre no local de trabalho e não precisa ser
habitual para a aplicação da penalidade da justa causa.
O contrato de trabalho deve ser embasado na confiança que existe entre em-
pregado e empregador. A fidúcia, a relação de respeito, deve ser preservada para
que o contrato possa continuar a ser cumprido.
Porém, se o empregado sem autorização do empregador divulga segredo da
empresa, há nítida quebra da confiança necessária, sendo oportuna a aplicação
da justa causa. É o caso do empregado que subtrai documentos sigilosos internos
da empresa com a intenção de fornecê-los para uma empresa concorrente em que
pretende trabalhar, por exemplo.
São exemplos de justa causa, com base no art. 482, g, CLT: o empregado que
repassa a senha do cartão de crédito da empresa para terceiros, a apropriação e co-
mercialização irregular de programas de informática desenvolvidos pela empresa,
a retirada de amostra de matéria prima, guardada em local restrito, utilizada na
fabricação de produtos pelo empregador, a divulgação não autorizada de fórmulas,
projetos ou patentes de invenção do empregador.
A intenção do empregado, a quebra da confiança, a divulgação não autorizada
e a violação do sigilo servem para revelar a prática da justa causa, sendo dispensável
que a violação do segredo cause prejuízo concreto para a empresa.
Indisciplina e Insubordinação
O art. 482, h, CLT traz dois tipos diferentes que, se praticados pelo emprega-
do, configuram a justa causa: ato de indisciplina e ato de insubordinação.
O empregador, no exercício de seu poder hierárquico e diretivo, emite uma
série de ordens que devem ser cumpridas por seus empregados, especialmente em
razão da subordinação existente e expressamente prevista no art. 3º da CLT.
Essas ordens ou determinações podem ser dirigidas diretamente a um empre-
gado específico ou podem ser dotadas de generalidade, sem destinatário certo, se
aplicando a todos os que trabalham no local.
capítulo 4 • 144
A indisciplina está relacionada ao não cumprimento pelo empregado de or
dens gerais de serviço emanadas do empregador e que se destinam a todos os que
trabalham na empresa. Exemplo: fumar no local de trabalho quando existe uma
placa sinalizando a proibição de fumar, o não cumprimento de regras que constam
do regulamento da empresa, a entrada em recinto com ordem de proibição.
A insubordinação, por sua vez, se dá quando o empregado descumpre uma
ordem direta, pessoal, de serviço, provinda do empregador. Compreenda que,
nesse caso, a ordem não é dotada de generalidade, já que tem destinatário especí-
fico: é o caso, por exemplo, de um empregado que, após receber uma ordem para
utilizar um crachá de identificação, se recusa a cumpri-la.
Tanto o ato de indisciplina quanto o ato de insubordinação decorrem da ne-
gativa do empregado em atender às ordens do empregador. A existência da falta
está atrelada à violação da obrigação de obediência. Contudo, se diferenciam na
medida em que, na indisciplina, a ordem do empregador é geral, destinada a to-
dos os empregados, e na insubordinação a ordem é pessoal, dirigida para aquele
empregado específico.
Abandono de Emprego
capítulo 4 • 145
causa sem observância do prazo estabelecido pela Súmula nº 32 do TST. É o que
ocorre, por exemplo, quando fica evidenciado que o empregado já está trabalhan-
do em outro local cumprindo a mesma jornada de trabalho. Nesse caso, não seria
razoável exigir que o empregador esperasse o prazo citado para proceder à dispensa
por justa causa.
O elemento subjetivo é a intenção do obreiro em não mais comparecer ao
emprego, de abandoná-lo.
Não é aconselhável que o empregador realize convocações de retorno para o
empregado através de avisos publicados em jornais, já que se trata de comunicação
ficta, não podendo haver presunção de conhecimento do empregado. Não seria
razoável admitir que o empregado proceda diariamente à leitura de jornais e que
fique ciente de sua convocação.
Na prática, os empregadores têm enviado telegrama endereçado ao obreiro
com aviso de recebimento (AR), o convocando para o imediato retorno ao serviço
e alertando sobre as consequências jurídicas de sua inércia.
O envio de convocação realizada pelo empregador serve inclusive como meio
de prova das faltas reiteradas do empregado.
Perceba que o abandono de emprego se diferencia do abandono do serviço
na medida em que o primeiro constitui falta do empregado punida com a dis-
pensa por justa causa, enquanto o segundo revela a insubordinação ou indisci-
plina do empregado que sai mais cedo do local de trabalho, desobedecendo ao
comando patronal.
capítulo 4 • 146
O primeiro requisito legal para a configuração da justa causa, nesse caso, é que
a ofensa se dê no local de trabalho e que seja dirigida a outro empregado ou a um
terceiro que não faz parte do contrato de trabalho. É o caso de um empregado que
deliberadamente acusa falsamente um cliente do estabelecimento comercial em
que trabalha de ter praticado um crime.
LEITURA
Os tipos penais de calúnia, injúria e difamação estão elencados nos artigos 138 a 140 do CP.
capítulo 4 • 147
A prática de jogo de azar, por si só, não caracteriza a infração trabalhista,
sendo imprescindível que afete o contrato de trabalho, o ambiente da empresa.
(DELGADO, 2016, p. 1.339)
Em sentido diverso, existem autores, como Nascimento (2011, p. 1.145), que
sustentam que a prática de jogos lícitos não pode ser enquadrada na alínea l do
art. 482 da CLT.
LEITURA
Essencial o exame do art. 50, o Decreto- Lei nº 3.688, de 03/10/1941, que define a
prática de jogos de azar como contravenção penal.
O parágrafo único do art., 482 da CLT considera justa causa para dispensa do
obreiro a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos
atentatórios à segurança nacional.
Para Delgado (2016, p. 1.339), o dispositivo citado não foi recepcionado pela
CRFB, já que ela não autoriza prisões ou condenações pela via administrativa, sob
pena de usurpação da atividade jurisdicional, da ampla defesa e do devido proces-
so legal, posicionamento que adotamos.
Em sentido diverso, Martins (2012, p. 397) entende que é possível a aplica-
ção da justa causa quando caracterizada a prática de atos atentatórios à segurança
nacional atualmente previstos pela Lei nº 7.170, de 14/12/1983.
O Projeto de Lei n.º 38 de 2017 prevê mais uma hipótese de justa causa, nos
seguintes termos:
capítulo 4 • 148
Outras Hipóteses
Parcelas Devidas
capítulo 4 • 149
Entenda que, nesse caso, o descumprimento das normas que regem o Direito
do Trabalho se dá por ato culposo do empregador.
Nomenclatura
Conceito
Requisitos
Requisitos Objetivos
capítulo 4 • 150
Requisitos Subjetivos
Requisitos Circunstanciais
Forma
Para que ocorra a rescisão indireta, basta que o empregado emita declaração de
vontade ao empregador, aplicando a penalidade.
Em regra, não é necessário que o empregado ajuíze uma Reclamação Trabalhista
para só então poder considerar extinto o contrato de trabalho.
Esse tipo de resolução contratual se opera ope iuris, e não ope judicis.
capítulo 4 • 151
CONCEITO
A expressão em latim ope iuris significa por força do direito.
A expressão em latim ope judicis está atrelada à manifestação do Poder Judiciário.
O art. 483 da CLT, nas alíneas de a até g, elenca um rol taxativo dos diversos
tipos de infrações empresariais. Nesses casos, poderá o empregado considerar res-
cindido o contrato de trabalho quando ocorrer: a) exigência de serviço superior
às forças do empregado, defeso por lei, contrário aos bons costumes ou alheio ao
contrato; b) tratamento pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com
rigor excessivo; c) perigo manifesto de mal considerável; d) descumprimento das
obrigações do contrato; e) prática pelo empregador ou seus prepostos contra o
obreiro ou pessoas de sua família de ato lesivo da honra e boa fama; f ) prática pelo
empregador ou seus prepostos de ofensas físicas ao empregado, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem; g) redução pelo empregador de trabalho
do empregado, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a
importância dos salários.
Assédio Moral
O assédio moral remonta a tempos imemoriais e chega a ser tão antigo quanto
o próprio trabalho. Trata-se de fenômeno mundial que tem se agigantado na atua-
lidade, comprometendo a vítima.
Pode ser praticado o assédio moral tanto pelo empregado quanto pelo em-
pregador. Perceba que o estudo nesse tópico será voltado para o assédio moral
cometido pelo empregador ou por seus prepostos.
O assédio constitui forma de violência moral que abala a estrutura psíquica do
indivíduo e pode ser conceituado como sendo:
capítulo 4 • 152
Toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se, sobretudo, por
comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer
dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica
de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente
de trabalho. (HIRIGOYEN, 2002-a, p. 65)
Para que se evidencie o assédio moral, a doutrina entende que devem estar
presentes os requisitos: a intensidade da violência psicológica e o prolongamento
no tempo.Isso quer dizer que um ato isolado não pode ser considerado como assé-
dio moral, sendo imprescindível os seguintes elementos: sua reiteração, a intenção
de ocasionar dano moral ou psíquico ao empregado e o dano psíquico permanente
ou temporário.
Para Barros (2016, p. 605), o quarto requisito é dispensável, bastando a pre-
sença dos três primeiros, entendimento que adotamos.
No ambiente de trabalho, o assédio moral ganha contornos mais dramáticos,
e é mais comum que seja praticado pela chefia em relação ao empregado subordi-
nado, sendo chamado de assédio moral vertical descendente pela relação de hie-
rarquia e de subordinação existente. Também pode ser do empregado em relação
a um superior hierárquico (assédio moral vertical ascendente) e de um colega de
trabalho em relação ao outro (assédio moral horizontal).
O assédio moral revela uma infração do empregador que pode ser identificada
na alínea a do art. 483 da CLT, quando é exigido do obreiro que realize serviços
superiores às suas forças que sejam proibidos por lei, contrários aos bons costumes
ou alheios ao contrato; na alínea b do mesmo artigo, quando o empregador trata
o obreiro com rigor excessivo; e, por fim, na alínea e, com o cometimento de
atos lesivos à honra e à boa fama contra o empregado ou pessoas de sua família.
(DELGADO, 2016, p. 1.365)
Evidenciado o assédio moral cometido pelo empregador ou por seus prepos-
tos, estará configurada a falta grave e a rescisão indireta do contrato de trabalho,
sendo comum que o empregado ajuíze Reclamação Trabalhista para receber as
verbas devidas e não pagas, além da indenização por dano moral. Os empregados
que são vítimas do assédio moral podem apresentar depressão, insônia, dores de
cabeça, alterações de humor, entre outros sintomas.
capítulo 4 • 153
CURIOSIDADE
Técnicas e exemplos clássicos do assédio moral:
(Fonte: http://www.assediomoral.ufsc.br/?page_id=430).
capítulo 4 • 154
Assédio Sexual
O assédio sexual constitui falta grave patronal, caracterizada pelo agir infra-
cional do empregador ou de seus prepostos, apta a gerar a rescisão indireta do
contrato de trabalho com base na alínea e do art. 483 da CLT.
O assédio sexual é crime previsto no art. 216-A do CP, com pena de detenção de
1 (um) a 2 (dois) anos, e significa constranger alguém com intenção de obter vanta-
gem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
1) aviso prévio (art. 7º, XXI, CRFB e artigos 487 e ss., CLT);
2) férias proporcionais acrescidas de 1/3 (art. 7º, XVII, CRFB e art. 147, CLT);
3) 13º salário proporcional (art. 7º, VIII, CRFB, Lei nº 9.011/95, Decreto
nº 57.155/65);
4) levantamento dos valores depositados a título de FGTS (art. 7º, III, CRFB
e art. 20, I, Lei nº 8.036/90);
5) multa de 40% sobre o FGTS (art. 7º, I, CRFB e art. 10, I, ADCT);
6) contribuição social de 10% do FGTS (Lei Complementar nº 110/01);
7) levantamento do seguro-desemprego nos termos da legislação com a entre-
ga de guias pelo empregador, sob pena de pagamento de indenização substitutiva;
8) indenização por dispensa de 30 dias anterior à data-base (Lei nº 7.238/84);
9) antecipação do vencimento das parcelas salariais;
10) pagamento das parcelas vencidas com natureza indenizatória.
capítulo 4 • 155
Culpa Recíproca
capítulo 4 • 156
Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre
empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes
verbas trabalhistas:
I – por metade:
a) o aviso prévio, se indenizado; e
b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço, prevista no § 1º do art.
18 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990;
II – na integralidade, as demais verbas trabalhistas.
Rescisão Contratual
capítulo 4 • 157
Atividade Ilícita
O contrato de trabalho, entre outras causas, também pode ser extinto pela
ocorrência de fato não imputado aos contratantes; entre os quais, podemos citar o
factum principis e a força maior, que serão analisados nessa ordem.
Factum principis
Força Maior
A força maior foi definida no art. 501 da CLT como todo acontecimento
inevitável em relação à vontade do empregador e para a realização do qual este
não concorreu, seja direta ou indiretamente. São elementos estruturais da força
capítulo 4 • 158
maior a imprevisibilidade, a inevitabilidade do acontecimento e a ausência de
culpa do empregador.
O parágrafo 1º do art. 501 da CLT determina que a imprevidência do empre-
gador exclui a força maior, deixando claro que a ausência de culpa é primordial
para a ocorrência da força maior.
A legislação trabalhista não diferencia a força maior do caso fortuito; assim, a
força maior é entendida pela doutrina como um gênero que engloba a força maior
stricto sensu e o caso fortuito. O § 2º do art. 501 da CLT estabelece que a ocorrên-
cia do motivo de força maior que não afetar substancialmente nem for suscetível
de afetar a situação econômica e financeira da empresa não se aplica às restrições
relativas ao disposto no capítulo.
Para a incidência de força maior que enseje a extinção do contrato de traba-
lho, a impossibilidade de sua execução deve ser absoluta; por essa razão, cada caso
concreto deverá ser examinado.
Constatada a ocorrência de força maior que determine a extinção da empresa
ou de um dos estabelecimentos em que trabalhe o empregado, ele terá direito a
receber indenização da seguinte forma estabelecida no art. 502 da CLT:
• Se o obreiro for estável, fará jus à indenização nos termos dos artigos 477 e 478;
• Se o empregado não tiver direito à estabilidade, fará jus à metade da inde-
nização que seria devida em caso de rescisão sem justa causa;
• Se o contrato for a termo, o empregado receberá pela metade a indenização
contida no art. 479 da CLT.
Por fim, o art. 503 determina que o empregador, em caso de força maior ou de
prejuízos comprovados, poderá reduzir os salários dos empregados da empresa pro-
porcionalmente aos salários de cada um, não podendo a redução ultrapassar a faixa
de 25% (vinte e cinco por cento), além de respeitado o salário mínimo da região.
É garantido o restabelecimento dos salários reduzidos quando cessados os efei-
tos decorrentes do motivo de força maior.
Extinção da Empresa
capítulo 4 • 159
outras palavras, se o empregador encerra suas atividades, não há como assegurar a
continuidade do pacto laboral.
Resta saber se, nesses casos, o empregado terá direito à percepção das verbas
rescisórias devidas.
O fechamento de uma empresa não pode retirar do obreiro o direito de auferir
as verbas devidas; assim, o empregado fará jus ao recebimento das mesmas verbas
rescisórias devidas em casos de dispensa sem justa causa.
Apesar de existir divergência na doutrina quanto ao pagamento de aviso prévio
nos casos de falência, a Súmula nº 44 do TST é clara ao determinar que a cessação da
atividade da empresa não exclui, por si só, o direito do empregado ao aviso prévio.
Morte
Morte do Empregado
Morte do Empregador
capítulo 4 • 160
do saldo de salário, 13º salário, férias vencidas e proporcionais acrescidas de 1/3 e
aos depósitos de FGTS.
Conforme já estudado no item anterior, não será cabível o aviso prévio.
Contudo, se os herdeiros resolverem continuar o contrato de trabalho com con-
cordância do empregado, não há que se falar em término contratual.
Aposentadoria
• Invalidez;
• Espontânea;
• Compulsória.
Aposentadoria Espontânea
capítulo 4 • 161
Porém, a Suprema Corte, ao conceder liminar em Ação Direta de
Inconstitucionalidade n.º 1.770-4 e 1.721-3, suspendeu a eficácia dos parágrafos
citados e fundamentou que a aposentadoria espontânea não determina o fim da
relação de trabalho. É o caso em que o empregado continua trabalhando.
Nesse sentido, o empregado terá direito ao levantamento do FGTS e, quan-
do for dispensado imotivadamente pelo empregador, fará jus ao recebimento da
multa de 40%, abrangendo a integralidade do período trabalhado, como dispõe
a OJ 361 do TST.
Aposentadoria Compulsória
capítulo 4 • 162
Termo de Quitação
O art. 477, § 6º, CLT estabelece dois prazos para o pagamento das verbas
rescisórias, um prazo mais curto e outro naturalmente mais longo, a depender do
tipo de situação.
Se ocorrer a extinção de um contrato de trabalho por tempo determinado
pela decorrência de seu termo final preestabelecido, o pagamento das parcelas
constantes do instrumento de rescisão ou do recibo de quitação deverá se dar até o
primeiro dia útil imediato ao término do contrato. O prazo exíguo se justifica, já
que nesse tipo de contrato o empregador sabia de antemão a data do vencimento,
o que também ocorre nos contratos de duração indeterminada quando o aviso
prévio for trabalhado.
O prazo mais amplo irá incidir nas hipóteses em que não há dação de aviso
prévio: dispensa por justa causa e morte do empregado, quando o aviso for inde-
nizado; dispensa sem justa causa, extinção da empresa e quando houver liberação
do cumprimento do aviso prévio: pedido de demissão, dispensa sem justa causa.
(DELGADO, 2016, p. 1.269)
capítulo 4 • 163
Contudo, se o empregador não respeitar os prazos descritos para a quitação,
deverá arcar com a multa de 160 BTN por trabalhador e com o pagamento da
multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente
corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o
trabalhador der causa à mora.
Por fim, cabe destacar que, havendo ajuizamento de Reclamação Trabalhista
em caso de rescisão de contrato de trabalho, e surgindo controvérsia sobre o mon-
tante das verbas rescisórias, o empregador é compelido a pagar ao trabalhador, à
data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas ver-
bas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento.
A intenção é fazer com que o empregador desidioso pague o mais rápido possí-
vel os valores devidos ao empregado, que necessita da quantia para se restabelecer.
O Projeto de Lei da Câmara n.º 38 de 2017 prevê novas regras para o paga-
mento ao modificar substancialmente o art. 477 da CLT, da seguinte forma:
§ 1º (Revogado).
....................................................
§ 3º (Revogado).
capítulo 4 • 164
§ 6º A entrega ao empregado de documentos que comprovem a
comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem
como o pagamento dos valores
constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão
ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato.
a) (revogada);
b) (revogada).
§ 7º (Revogado).
.....................................................
§ 10. A anotação da extinção do contrato na Carteira de Trabalho e
Previdência Social é documento hábil para requerer o benefício do
seguro-desemprego e a movimentação da conta vinculada no Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço, nas hipóteses legais,
desde que a comunicação prevista no caput deste artigo
tenha sido realizada.
RESUMO
Neste capítulo, você estudou o aviso prévio, seus fundamentos, tipologia e aplicações
práticas, assim como sua importância na ruptura do pacto laboral.
Obedecendo a uma sequência lógica, foram descritos e particularizados o aviso prévio
trabalhado e o indenizado.
Foram abordadas as formas de extinção do contrato de trabalho, que foram analisadas
separadamente com o intuito de caracterizar suas particularidades e efeitos jurídicos, assim
como o entendimento legal, doutrinário e jurisprudencial existente.
Obedecendo a uma sequência lógica, a homologação das verbas trabalhistas, as forma-
lidades respectivas, o prazo para pagamento e o recibo de quitação foram examinados no
final do capítulo.
capítulo 4 • 165
Súmulas Selecionadas Referentes ao Tema
Súmula nº 13 do TST
Súmula nº 14 do TST
Súmula nº 32 do TST
Súmula nº 44 do TST
capítulo 4 • 166
Súmula nº 160 do TST
capítulo 4 • 167
Súmula nº 212 do TST
capítulo 4 • 168
Súmula nº 276 do TST
capítulo 4 • 169
Súmula nº 330 do TST
capítulo 4 • 170
Súmula nº 389 do TST
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capítulo 4 • 171
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capítulo 4 • 172
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Süssekind Lima Teixeira. São Paulo: LTr, 2004.
ATIVIDADE
1. (Prova: Técnico Judiciário/Área Administrativa/2011/Órgão: TRT/4ª REGIÃO/
Banca: FCC)
As irmãs Simone, Sinara e Soraya tiveram seus contratos de trabalho rescindidos.
A dissolução do contrato de trabalho de Simone decorreu de culpa recíproca de
ambas as partes; a rescisão do contrato de trabalho de Sinara foi indireta, tendo em
vista que a sua empregadora praticou uma das faltas graves passíveis de rescisão
contratual; e Soraya foi dispensada com justa causa. Nesses casos, o aviso prévio:
a) não será devido a Simone, Sinara e Soraya, por expressa disposição legal.
b) será devido apenas a Simone, em 50% do seu valor.
c) será devido a Simone, Sinara e Soraya, sendo o seu valor integral para Simone e Sinara e
de 50% para Soraya.
d) será devido apenas a Simone e Sinara, sendo o seu valor integral para Sinara e de 50%
para Simone.
e) será devido apenas a Simone e Sinara, sendo para ambas em valor integral
capítulo 4 • 173
c) Seguro-desemprego.
d) Indenização de 20% sobre o FGTS.
capítulo 4 • 174
c) Ambos praticaram ato de insubordinação.
d) A conduta de ambos não encontra tipificação legal passível de dispensa por justa causa.
GABARITO
1) D;
2) C;
3) C;
4) B;
5) A.
capítulo 4 • 175
capítulo 4 • 176
5
Prescrição e
Decadência, Trabalho
da Mulher e do Menor,
Segurança e Medicina
do Trabalho, Direito
Coletivo do Trabalho,
Greve e Lockout
Prescrição e Decadência, Trabalho da Mulher e
do Menor, Segurança e Medicina do Trabalho,
Direito Coletivo do Trabalho, Greve e Lockout
Apresentação
OBJETIVOS
• Compreender a importância da prescrição e da decadência;
• Analisar as hipóteses de prescrição e de decadência e seus efeitos no contrato de trabalho;
• Identificar as normas de proteção ao trabalho da mulher e do menor;
• Conhecer as normas de segurança e medicina do trabalho;
• Refletir sobre a importância dos preceitos existentes referentes à proteção ao trabalhador;
• Entender a abrangência do Direito Coletivo do Trabalho;
• Examinar a estrutura do Direito Coletivo do Trabalho e suas peculiaridades;
• Conhecer a previsão constitucional da greve;
• Ponderar sobre a importância das normas existentes referentes ao Direito Coletivo do
Trabalho e a greve;
• Solucionar as questões envolvendo a aplicação dos institutos.
capítulo 5 • 178
Prescrição e Decadência
Conceito
capítulo 5 • 179
Distinção
CONCEITO
O direito potestativo é caracterizado pelo estado de sujeição que o seu exercício gera
para outra pessoa, ou seja, seus efeitos ocorrem exclusivamente pela vontade do titular que
independe da manifestação de vontade do outro.
capítulo 5 • 180
195 e 198 do mesmo código, de onde se extrai ser possível a decadência quando o
titular do direito potestativo for incapaz nos termos do art. 3º do CC.
A Orientação Jurisprudencial SDI2-18 prevê a interrupção do prazo decaden-
cial nos seguintes termos:
Tipologias de Prescrição
capítulo 5 • 181
O Projeto de Lei da Câmara nº 38 de 2017 prevê a alteração do art. 11 da
CLT, modificando a prescrição, nos seguintes termos:
I – (revogado);
II – (revogado).
CURIOSIDADE
O art. 7º, XXIX, da CRFB estabelece o prazo prescricional da seguinte forma: “Ação,
quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
capítulo 5 • 182
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extin-
ção do contrato”. (Sem grifos no original)
EXEMPLO
Determinado empregado é demitido sem justa causa por seu empregador no mês de
março do ano de 2016. O empregado terá o prazo de dois anos, a contar da ruptura con-
tratual, para ajuizar Reclamação Trabalhista, objetivando receber o último salário não pago
e férias. Após o prazo de dois anos, sem o ajuizamento da ação correspondente, o direito
restará prescrito.
Prescrição Total
capítulo 5 • 183
Súmula nº 294 do TST - PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL.
TRABALHADOR URBANO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003.
Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas
decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto
quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de
lei. (Sem grifos no original)
Entenda que a prescrição total começa a fluir a partir momento em que foi
consolidado o ato único do empregador. (BARROS, 2016, p. 680)
Em suma, a prescrição total é aquela aplicada às lesões contratuais que decor-
rem do contrato e de suas alterações.
Prescrição Parcial
A prescrição será parcial nos casos em que a lesão do direito se referir a pres-
tações advindas da lei que se protraem no tempo, as chamadas prestações suces-
sivas. Nesse sentido, a prescrição só alcançará as verbas que venceram há mais de
cinco anos, contados do ajuizamento da Reclamação Trabalhista. É que, nessas
situações, a lesão do direito é renovada mês a mês. (BARROS, 2016, p. 680)
A Súmula nº 308 do TST consagra a prescrição parcial in verbis:
capítulo 5 • 184
Regras Especiais
Anotação CTPS
Menor
O menor foi tratado pelo ordenamento jurídico brasileiro como a parte vul-
nerável nas relações de direito material e nas relações jurídicas; por essa razão,
existem normas constitucionais e infraconstitucionais que tutelam os interesses
do menor, outorgando-lhe proteção: é o que se verifica no Código Civil e na CLT.
O art. 440 da CLT determina que contra o menor de 18 anos não corre ne-
nhum prazo prescricional, já que não seria razoável exigir que o titular do direito
ainda menor procurasse o Poder Judiciário para ver sua pretensão satisfeita.
PERGUNTA
Pode o magistrado acolher a prescrição contra menor de idade?
Não. É o que se depreende da leitura do art. 440 da CLT amplamente utilizado nos acór-
dãos proferidos pelo TRT, o que se verifica na decisão abaixo:
capítulo 5 • 185
RO 506292 5062/92. Terceira Turma, ART. 440/CLT: CONTRA
OS MENORES DE 18 ANOS NÃO CORRE NENHUM PRAZO
DE PRESCRIÇÃO - Tratando-se de causa impeditiva ao prazo
prescricional, a menoridade do trabalhador, afasta-se do
pequeno obreiro qualquer ameaça de prescrição, seja ela
bienal, quinquenal, parcial... e, em decorrência, pleiteáveis os
direitos constituídos sob a maioridade a qualquer tempo. As causas
"suspensivas" ou "interruptivas" do prazo prescricional pressupõem
a existência de prazo fluente anterior ao obstáculo que suspendeu
ou interrompeu o curso da prescrição. O imperativo legal é de
suma importância para a proteção da infância e visa a inibir a
exploração inconsequente e a deformação moral e intelectual
do menor que trabalha, quase sempre por necessidade própria
e familiar. RO 506292 5062/92. Terceira Turma. Publicação:
09/03/1993, 08/03/1993. DJMG. Relator: Rodrigo da Silva Pinheiro.
TRT 3ª Região. (Sem grifos no original)
FGTS
capítulo 5 • 186
Súmula nº 362 do TST
Histórico:
Nova redação – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Nº 362 FGTS – Prescrição
É trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não
recolhimento da contribuição para o FGTS, observado o prazo de 2
(dois) anos após o término do contrato de trabalho.
Redação original - Res. 90/1999, DJ 03, 06 e 08.09.1999
Nº 362 FGTS - Prescrição.
Extinto o contrato de trabalho, é de dois anos o prazo prescricional
para reclamar em Juízo o não recolhimento da contribuição do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço. (Sem grifos no original)
Férias
capítulo 5 • 187
AGRAVO DE PETIÇÃO. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO
PRESCRICIONAL DAS FÉRIAS E DO 13º SALÁRIO. O art. 149
da CLT determina que a contagem do prazo prescricional das
férias é feita a partir do fim do período concessivo, ou, se for o
caso, após a cessação do contrato de trabalho. No caso, o prazo
concessivo das férias relativas ao período 2000/2001 somente se
finda em 10/09/2002, logo não há que se falar em prescrição. Da
mesma forma, não há que se falar em prescrição parcial do 13º do ano
de 2001, eis que a parcela somente é devida no mês de dezembro,
conforme preconiza o art. 1º da Lei 4.749, de 12/08/1965. Agravo a
que se nega provimento. (TRT 17ª R., AP 0047300-13.2006.5.17.0013,
2ª Turma, Rel. Desembargadora Claudia Cardoso de Souza, Rev.
Desembargadora Wanda Lúcia Costa Leite França Decuzzi, DEJT
10/02/2009). TRT 17ª Região. AP00473001320065170013.
Agravante: Pousada da Praia Ltda. - ME, Agravado: Felipe Domingos
Spelta. Publicação. 10/02/2009. Relator: DESEMBARGADORA
CLÁUDIA CARDOSO DE SOUZA. (Sem grifos no original)
A história demonstra que a mulher ao longo dos séculos sofreu severa discri-
minação no mercado de trabalho. Por ocasião da Revolução Industrial do século
capítulo 5 • 188
XVIII, a mulher passou a receber salários mais baixos do que os empregados do
sexo masculino, sendo submetida a severas condições de trabalho.
Visando a coibir as inúmeras e crescentes práticas discriminatórias, foram edi-
tadas leis contendo normas específicas para o trabalho da mulher.
Compreenda que a mulher não tem a mesma condição física que o homem e,
por critérios biológicos, não pode executar todas as tarefas atribuídas aos empre-
gados do sexo masculino.
O fundamento fisiológico e o fundamento social são apontados pela dou-
trina como aptos a justificar o tratamento diferenciado à mulher, que não é do-
tada da mesma resistência física do homem, já que sua constituição física é mais
frágil. A defesa da família também interessa à sociedade, que deve primar pela
proteção à maternidade através da tutela diferenciada ao trabalho da mulher.
(NASCIMENTO, 2016, p. 909)
O Capítulo III do Título III da CLT estabelece as regras de proteção ao traba-
lho da mulher e, especificamente no art. 372 da mesma CLT, fixou que os precei-
tos que regulam o trabalho masculino são aplicáveis ao trabalho feminino desde
que não afrontem a proteção especial conferida pela CLT.
Para assegurar a não discriminação da mulher no mercado de trabalho, foi in-
cluído na CLT, pela Lei nº 9.799, de 26/5/1999, o art. 373-A, que veda a adoção
de práticas discriminatórias pelo empregador, que não pode:
capítulo 5 • 189
O rol contido no art. 373-A da CLT não é taxativo: traz apenas exemplos de
condutas que não devem ser adotadas ou incentivadas pelo empregador face ao res-
peito às características próprias da mulher, inclusive no que se refere à maternidade.
No tocante à jornada de trabalho, a CLT não diferenciou aquela observada
pelo homem e pela mulher – e ela deve ser, via de regra, de oito horas diárias.
Nesse sentido, a duração máxima de trabalho é de 44 horas semanais por força do
contido no art. 7º, XIII, da CRFB.
No que se refere ao trabalho noturno, devem ser observadas as regras inseridas
nos § 1º e 2º do art. 381 da CLT, que determinam, respectivamente, o acréscimo
de percentagem adicional de 20% (vinte por cento) no mínimo sobre o salário da
obreira e um período noturno diferenciado para a mulher, já que cada hora do pe-
ríodo noturno de trabalho terá 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos.
O legislador se preocupou em fixar regras mínimas atinentes aos métodos e
aos locais de trabalho da mulher, e no art. 389 da CLT asseverou que é obrigação
das empresas empregadoras:
capítulo 5 • 190
Proteção à Maternidade
CURIOSIDADE
Uma pesquisa realizada pelo IBGE denominada Pesquisa Nacional por Amostra de Do-
micílio revelou que, no ano de 2013, havia 3,2 milhões de trabalhadores de 5 a 17 anos
de idade no Brasil, o que representou uma redução de 10,6% (379,8 mil pessoas) de crian-
ças e adolescentes nessas condições em relação a 2012.
capítulo 5 • 191
Foram registrados, na composição da população ocupada de 5 a 17 anos de idade,
506,4 mil pessoas em situação de trabalho infantil, quantidade representada por crian-
ças de 5 a 13 anos de idade, sendo 60,5 mil entre 5 a 9 anos de idade e 445,9 mil na faixa
de 10 a 13 anos de idade. Tanto entre as crianças quanto entre os adolescentes, os homens
eram a maioria dos ocupados.
Entenda que, apesar da queda de empregados em relação ao ano de 2012, o número
de crianças e adolescentes envolvidos em atividades econômicas é alarmante.
Os dados da pesquisa foram integralmente retirados do sítio oficial do IBGE:
http://bit.ly/2rX1mAU.
capítulo 5 • 192
as 20 horas de um dia e às 4 horas do dia seguinte para as atividades pecuárias, ou
das 21 horas de um dia às 5 horas do dia seguinte para a agricultura, são vedados
aos menores por critérios biológicos e de ordem social.
O trabalho do menor, nos termos do parágrafo único do art. 403 da CLT,
não poderá ser prestado em locais lesivos à sua formação, ao seu desenvolvimento
físico, psíquico, moral e social, tampouco em horários e locais que não permitam
a frequência à escola.
Conforme se verifica no art. 405 da CLT, o menor também não pode trabalhar em:
PERGUNTA
Caso a autoridade competente verifique que o trabalho executado pelo menor é prejudi-
cial à sua saúde, o que poderá fazer?
capítulo 5 • 193
Pelo disposto no art. 407, uma vez constatado pela autoridade competente que o traba-
lho executado pelo menor é prejudicial à sua saúde, à sua moralidade ou ao seu desenvolvi-
mento físico, poderá obrigá-lo a abandonar o serviço, devendo a respectiva empresa, quando
for o caso, proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar de funções.
Para trabalhar em praças, ruas e logradouros, e desde que não ocorra prejuí-
zo à sua formação normal, o menor dependerá de prévia autorização do Poder
Judiciário, que deverá examinar se a ocupação é indispensável à própria subsistên-
cia ou à de seus pais, avós ou irmãos.
Nos termos do art. 405, § 5º, da CLT e do art. 390, caput e parágrafo único,
da CLT é vedado ao menor empregar força muscular superior a 20 quilos para o
trabalho contínuo ou 25 quilos para o trabalho ocasional, a fim de não causar
danos ou empecilhos ao seu desenvolvimento , salvo se a remoção do material for
realizada por tração ou impulsão de vagonetes sobre trilhos de carros de mão ou
de aparelho mecânico.
A jornada de trabalho do menor é dotada de algumas peculiaridades e, por
força do art. 412, após cada período de trabalho efetivo, contínuo ou dividido em
2 (dois) turnos, deverá haver um intervalo de repouso, não inferior a 11(onze)
horas para assegurar satisfatório período de descanso.
Como regra, o empregador não poderá prorrogar a duração normal diária do
trabalho do menor, exceto:
capítulo 5 • 194
Contratação
Contrato de Aprendizagem
A aprendizagem foi definida pelo art. 62 da Lei 8.069/90 como sendo a for-
mação técnico-profissional realizada segundo as diretrizes e bases da legislação
de educação em vigor, desde que fundadas na garantia de acesso e frequência
obrigatória ao ensino regular, na atividade compatível com o desenvolvimento do
adolescente e com horário especial para o exercício das atividades.
O contrato de aprendizagem foi estabelecido no art. 428 da CLT como um
contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, com
obrigações tanto para o empregador quanto para o aprendiz. Pelo contrato de
aprendizagem, o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quator-
ze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem
uma formação técnico-profissional metódica, ajustada ao seu desenvolvimento fí-
sico, moral e psicológico, e o aprendiz se compromete a executar com diligência e
zelo tarefas necessárias a essa formação.
Para que o contrato de aprendizagem seja válido, deverá ocorrer a anotação na
CTPS, além de matrícula e frequência do aprendiz na escola, caso não haja con-
cluído o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido
sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica.
Compreenda que o art. 429 da CLT determina que os estabelecimentos de
qualquer natureza são compelidos a empregar e matricular nos cursos dos Serviços
Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equivalente a cinco por cento,
no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos empregados existentes em cada
estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional.
O limite contido no artigo citado não se aplica quando o empregador for en-
tidade sem fins lucrativos que tenha por escopo a educação profissional.
capítulo 5 • 195
A duração do trabalho no contrato de aprendizagem não poderá ultrapassar
seis horas diárias, sendo vedadas a prorrogação e a compensação de jornada.
No entanto, a jornada poderá ser de até oito horas diárias para os aprendizes
que já tiverem completado o ensino fundamental se nelas forem computadas as
horas destinadas à aprendizagem teórica.
O contrato de aprendizagem possui limite e não poderá ser estipulado por
mais de dois anos, salvo quando se tratar de aprendiz portador de deficiência.
A extinção do contrato de aprendizagem se dará no seu termo ou quando o
aprendiz completar vinte e quatro anos, ressalvada a hipótese prevista no § 5º, art.
428, da CLT, e quando o aprendiz:
Fundamentos
capítulo 5 • 196
recursos, voluntários ou de ofício, das decisões proferidas pelos Delegados Regionais
do Trabalho em matéria de segurança e medicina do trabalho.
As empresas devem cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medi-
cina do trabalho, instruir os empregados, por meio de ordens de serviço, quanto
às prevenções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocu-
pacionais, empregar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente e facilitar a atividade de fiscalização. A fiscalização e a imposição de
penalidades deverão ser efetuadas pelas Delegacias Regionais do Trabalho.
Para que o ambiente de trabalho se torne seguro, livre de riscos desnecessários,
o legislador atribuiu aos empregados a obrigação de observar as normas de segu-
rança e medicina do trabalho e colaborar com a empresa nesse sentido.
O art. 158, parágrafo único, da CLT classifica como ato faltoso do emprega
do a recusa injustificada à observância das instruções expedidas pelo empregador
e ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.
Existem inúmeras Normas Regulamentadoras que se referem à segurança e
à medicina no trabalho. São elas: NR -1 (fixa as disposições gerais), NR-2 (trata
da inspeção prévia), NR-3 (cuida do embargo ou interdição), NR–4 (trata dos
serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho),
NR-5 (cuida da comissão interna de prevenção de acidentes), NR-6 (trata dos
equipamentos de proteção individual), NR-7 (se refere aos programas de controle
médicos de saúde ocupacional), NR-8 (trata das edificações), NR-9 (cuida do pro-
grama de prevenção e riscos ambientais), NR-10 (se refere às instalações e serviços
em eletricidade), NR-11 (cuida dos transportes, movimentação, armazenagem e
manuseio de materiais), NR-12 (se refere às máquinas e equipamentos), NR-13
(abrange as caldeiras e vasos de pressão), NR-14 (cuida dos fornos), NR-15 (trata
das atividades e operações insalubres), NR-16 (se refere às atividades e operações
perigosas), NR-17 (tem por objeto a ergonomia), NR-18 (trata das condições e
meio ambiente de trabalho na indústria e na construção), NR-19 (trata dos explo-
sivos), NR-20 (dispõe sobre explosivos), NR-21 (trata dos trabalhos a céu aberto),
NR-22 (dispõe sobre segurança e saúde ocupacional na mineração), NR-23 (cuida
da proteção contra incêndios), NR-24 (trata das condições sanitárias e de con-
forto nos locais de trabalho), NR-25 (resíduos industriais), NR-26 (sinalização
de segurança), NR-27 (registro profissional do técnico de segurança do trabalho
no Ministério do Trabalho), NR-28 (fiscalização e penalidades), NR-29 (norma
regulamentadora de segurança e saúde no trabalho portuário), NR-30 (norma
regulamentadora de segurança e saúde no trabalho aquaviário), NR-31 (norma
capítulo 5 • 197
regulamentadora de segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvi-
cultura, exploração florestal e aquicultura), NR-32 (segurança e saúde no trabalho
em serviços de saúde), NR-33 (segurança e saúde no trabalho em espaço confi-
nados), NRR-1 (disposições gerais), NRR-2 (trata do serviço especializado em
prevenção de acidentes do trabalho rural), NRR-3 (comissão interna de prevenção
de acidentes de trabalho rural), NRR-4 (equipamento de proteção individual) e
NRR-5 (produtos químicos).
capítulo 5 • 198
Direito Coletivo do Trabalho
capítulo 5 • 199
Movimento Associativista
Organização Sindical
capítulo 5 • 200
Sindicato
Conceito
CURIOSIDADE
Para Octávio Bueno Magano, “o sindicato pode ser definido como uma associação de
pessoas físicas ou jurídicas que exercem atividade profissional ou econômica para a defesa
e a promoção dos respectivos interesses”. (MAGANO, 1993, p.86)
Características e Finalidades
O sindicato é uma associação civil sem fins lucrativos, ou seja, é pessoa jurídica
de direito privado e tem por finalidade a defesa dos interesses de seus integrantes.
Os sindicatos nos Brasil são estruturados por:
a) categoria econômica;
b) categoria profissional;
c) categoria profissional diferenciada.
capítulo 5 • 201
O § 1º do art. 511 da CLT determina que a solidariedade de interesses eco-
nômicos dos que desenvolvem atividades idênticas, similares ou conexas compõe
o vínculo social básico que se denomina categoria econômica.
A categoria profissional se dá pela similitude de condições de vida advinda
da profissão ou do trabalho em comum, em situação de emprego na mesma ativi-
dade econômica ou em atividades econômicas conexas e similares, nos termos do
§ 2º do art. 511 da CLT, e a categoria profissional diferenciada é constituída pelos
empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto
profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares.
Perceba que os sindicatos dos trabalhadores se organizam, via de regra, pela
categoria em razão do paralelismo sindical que deve existir entre a categoria eco-
nômica e a profissional.
A categoria pode ser definida como o conjunto de pessoas que desempenha
sua atividade num determinado setor.
Os sindicatos possuem prerrogativas e deveres conforme elencado no art. 513
e 514 da CLT. São prerrogativas dos sindicatos:
Os deveres dos sindicatos estão descritos no art. 514 da CLT e consistem em:
capítulo 5 • 202
cooperação operacional na empresa e a integração profissional na classe, sempre
que possível, e de acordo com as suas possibilidades.
Entidades Sindicais
CURIOSIDADE
As confederações podem ser formadas por federações de sindicatos dos emprega-
dores e dos empregados conforme dispõe os § 1º e 2º do art. 535 da CLT in verbis:
capítulo 5 • 203
§ 2º - As confederações formadas por federações de Sindicatos
de empregados terão a denominação de: Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Indústria, Confederação Nacional dos Trabalhadores
no Comércio, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes
Marítimos, Fluviais e Aéreos, Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Transportes Terrestres, Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Comunicações e Publicidade, Confederação Nacional dos
Trabalhadores nas Empresas de Crédito e Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura.
§ 3º - Denominar-se-á Confederação Nacional das Profissões Liberais
a reunião das respectivas federações.
§ 4º - As associações sindicais de grau superior da Agricultura e Pecuária
serão organizadas na conformidade do que dispuser a lei que regular a
sindicalização dessas atividades ou profissões. (Sem grifos no original).
Perceba que as confederações são entidades sindicais que estão no topo da hierarquia:
As centrais sindicais são definidas como entidades que se encontram acima das
categorias profissionais e econômicas, mas que não integram as entidades sindicais.
O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que incumbe ao
Ministério do Trabalho realizar o registro das entidades sindicais e primar pelo
capítulo 5 • 204
princípio da unicidade, até que venha lei a dispor sobre o assunto, nos moldes
veiculados na Súmula nº 677 do STF.
CURIOSIDADE
É oportuno citar a jurisprudência posterior ao enunciado da Súmula nº 677 do STF in verbis:
capítulo 5 • 205
O registro da entidade sindical junto ao Ministério do Trabalho está previsto
na Portaria nº 343, MTE, de 05/05/2000, alterada pelas Portarias nº 376, de
23/05/2000, nº 144, de 05/04/2004, e nº 200, de 12/12/2006.
Para a feitura do registro, a entidade sindical deverá fornecer as cópias auten-
ticadas dos documentos descritos no art. 2º da Portaria nº 343, de 2000, MTE,
esclarecendo que os demais procedimentos estão elencados na Portaria.
Contribuições Sindicais
capítulo 5 • 206
O art. 578 da CLT trata da contribuição sindical obrigatória e especifica-
mente utiliza a expressão “imposto sindical” para se referir à citada contribuição.
A contribuição sindical obrigatória é devida por aqueles que participam de
uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão libe-
ral, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão – e é
recolhida uma única vez, anualmente.
PERGUNTA
Em que consiste a contribuição sindical obrigatória? O artigo 580 da CLT assim estabelece:
capítulo 5 • 207
4 acima de 150.000 até 800.000 vezes o maior valor-de-referência.. 0,02%
capítulo 5 • 208
A contribuição confederativa está prevista no art. 8º, IV, da CRFB. Em se
tratando de categoria profissional, será descontada em folha para custeio do siste-
ma confederativo da representação sindical, independentemente da contribuição
prevista em lei.
É oportuno mencionar que o Precedente Normativo 119, SDC/TST, e a
Súmula nº 666 do STF revelam que a contribuição confederativa é válida para os
empregados sindicalizados, não sendo aplicável aos demais obreiros.
A Súmula nº 666 do STF foi convertida na Súmula vinculante nº 40, STF,
que assim determina: “A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da
Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”.
A contribuição assistencial consta no art. 513, “e”, CLT, e consiste no recolhi-
mento aprovado por convenção ou acordo coletivo mediante desconto em folha.
As mensalidades dos sindicalizados são voluntárias e consistem em contri-
buições comuns às associações de qualquer natureza, e são pagas por trabalhado-
res sindicalizados.
capítulo 5 • 209
aplicação de normas jurídicas já existentes, como a interpretação de cláusula de
convenção coletiva. (MARTINS, 2016)
Os sindicatos, as federações e as confederações são os agentes legitimados para
intermediar os conflitos coletivos de trabalho.
Entretanto, poderá ser constituída uma comissão de negociação para delibera-
ção e negociação nos termos do art. 4º, § 2º, Lei nº 7.783/89, e do art. 617, § 1º,
CLT, na hipótese de ausência de entidades sindicais.
capítulo 5 • 210
Negociação Coletiva de Trabalho
capítulo 5 • 211
assembleia geral especialmente convocada para essa finalidade, consoante disposto
nos respectivos Estatutos, pendendo a validade do comparecimento e votação, em
primeira convocação, de 2/3 (dois terços) dos associados da entidade, e na hipó-
tese de convenção, e dos interessados, no caso de acordo, e, em segunda, de 1/3
(um terço) dos mesmos.
O parágrafo único do art. 612 da CLT determina que o quórum de compare-
cimento e votação deverá ser de 1/8 (um oitavo) dos associados em segunda con-
vocação nas entidades sindicais que possuam mais de 5.000 (cinco mil) associados.
As convenções e os acordos deverão conter os seguintes dados obrigatórios:
denominação dos sindicatos convenentes ou dos sindicatos e empresas acordantes;
prazo de vigência; categorias ou classes de trabalhadores abarcadas pelos respec-
tivos dispositivos; condições ajustadas para regular as relações individuais de tra-
balho durante sua vigência; normas para a conciliação das divergências sugeridas
entre os convenentes por motivos da aplicação de seus dispositivos; disposições
referentes ao processo de sua prorrogação e de revisão total ou parcial de seus
dispositivos; direitos e deveres dos empregados e empresas; e penalidades para os
sindicatos convenentes, os empregados e as empresas, em caso de violação de seus
dispositivos, nos termos do disposto no parágrafo único do art. 613 da CLT.
Os sindicatos convenentes ou as empresas acordantes deverão promover, no
prazo de oito dias da assinatura da convenção ou do acordo, o depósito de uma
via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no Departamento Nacional do
Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou
nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e Previdência Social, nos demais
casos, conforme exigência do art. 614 da CLT, e entrarão em vigor três dias após a
data da entrega dos mesmos no órgão competente.
Para outorgar publicidade e transparência, cópias autênticas das convenções e dos
acordos deverão ser afixadas de modo visível, pelos sindicatos convenentes, nas respecti-
vas sedes e nos estabelecimentos das empresas compreendidas no seu campo de aplicação.
A convenção coletiva de trabalho possui natureza contratual e normativa por
ser oriunda de acordo de vontade das partes e por ter efeitos erga omnes. As demais
regras existentes sobre o tema estão elencadas nos artigos 611 a 625 da CLT.
O Projeto de Lei da Câmara nº 38 de 2017 altera sensivelmente o assunto em es-
tudo ao prever a introdução na CLT dos artigos 510 - A, 510 - B, 510 - C, 611-A, 611-
B e a modificação dos artigos 545, 578, 579, 582, 583, 587, 602, 614, 620 e 634 .
A íntegra do referido Projeto de Lei pode ser obtida no site:
https://www25.senado.leg.br
capítulo 5 • 212
Greve
Conceito
Natureza Jurídica
capítulo 5 • 213
A greve é um direito fundamental de caráter coletivo que decorre da autonomia
privada coletiva própria às sociedades democráticas. (GODINHO, 2016, p. 1.413)
Finalidade
O grupo que deflagra e que adere a greve tem como desiderato primeiro a ob-
tenção de melhores condições de trabalho e de remuneração junto ao empregador.
A greve serve como um meio de pressionar o empregador para ceder em pontos
específicos que são objeto de conflito.
A greve é uma demonstração de força da classe trabalhadora e tem se mostrado
constante na realidade social brasileira.
Tipos de Greve
A greve pode ser classificada em greve lícita e ilícita conforme observância das
determinações impostas pela legislação aplicável.
Quanto à sua extensão, a greve pode ser global, atingindo um número ex-
pressivo de empresas, e greve parcial, alcançando um número menor de empresas
ou apenas determinados setores delas.
Quanto a seu exercício, a greve pode ser contínua, intermitente, rotativa ou
branca. A greve rotativa, também chamada de greve rodízio, consiste na para-
lisação que primeiramente afeta um setor da empresa e é realizada em cadeia,
afetando o sincronismo no trabalho, e é praticada por grupos alternados. A greve
intermitente é a que vai e volta: os empregados podem chegar mais cedo no traba-
lho ou mais tarde, a depender da estratégia adotada. Já a greve branca é aquela em
que os obreiros assumem os postos de trabalho, porém não trabalham.
A greve de rendimento, conhecida como operação tartaruga, é aquela em que
os empregados desempenham suas tarefas com vagar, e ela é adotada nos Estados
Unidos, Itália e Argentina.
PERGUNTA
A greve por motivações políticas pode ser considerada abusiva pela jurisprudência brasileira?
O Tribunal Superior do Trabalho, no Recurso Ordinário 51534-84.2012.5.02.0000, con-
siderou abusiva a greve realizada por professores da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC) e deu parcial provimento ao Recurso Ordinário interposto pela Fundação São
capítulo 5 • 214
Paulo para determinar a compensação de 100% dos dias não trabalhados, em relação aos
empregados auxiliares de administração escolar, nos seguintes termos:
capítulo 5 • 215
Perceba que, nos termos do art. 7º da Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989,
a participação em greve suspende o contrato de trabalho, esclarecendo que as
relações obrigacionais, durante o período, serão regidas por acordo, convenção,
laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.
O empregador não pode rescindir o contrato de trabalho durante a greve,
bem como contratar trabalhadores substitutos, salvo na ocorrência das situações
elencadas nos artigos 9º e 14 da Lei nº 7.783/1989.
O legislador infraconstitucional, no art. 10 da Lei nº 7.783/1989, estabele-
ceu os serviços e as atividades essenciais: tratamento e abastecimento de água;
produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; assistência médica
e hospitalar; distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; fune-
rários; transporte coletivo; captação e tratamento de esgoto e lixo; telecomunica-
ções; guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais
nucleares; processamento de dados ligados a serviços essenciais; controle de tráfe-
go aéreo; e compensação bancária.
Lockout
capítulo 5 • 216
Em países como a França, por exemplo, o lockout é considerado lícito se de-
corrente de força maior ou da cláusula exceptio non adimpleti contractus.
Porém, no direito brasileiro, o lockout é vedado e não encontra espaço para
ser exercido.
RESUMO
Neste capítulo, você teve a oportunidade de estudar a prescrição, a decadência, a proteção
ao trabalho da mulher e do menor, as normas de segurança e medicina do trabalho, os precei-
tos referentes ao Direito Coletivo e à greve, com intuito de caracterizar suas particularidades
e efeitos jurídicos, assim como o entendimento legal, doutrinário e jurisprudencial existente.
Também pôde perceber os efeitos dos institutos na vigência e na terminação do
contrato de trabalho.
capítulo 5 • 217
Súmula nº 308 do TST
capítulo 5 • 218
Súmula nº 677 do STF
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
__________. Constituição da República Federativa do Brasil. 15 ª ed. Vade Mecum. São Paulo:
Saraiva Editora, 2016.
__________. Consolidação das Leis do Trabalho. 15. ed. Vade Mecum. São Paulo: Saraiva, 2016.
__________. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: < http://bit.ly/2rsrZKw
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__________. Decreto n.º 423, de 12 de Novembro de 1935. Acesso em: < http://bit.ly/2sxXCHf >.
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capítulo 5 • 219
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CAVALCANTE, J. de Q. P.; NETO, F. F. J. Direito do Trabalho. 4. ed., Tomo I. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008.
FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3. ed. revista e atualizada.
Coordenação e Edição: Marina Baird Ferreira e Margarida dos Anjos. Curitiba: Positivo, 2004.
HOEPPNER, M. G. Segurança e Medicina do Trabalho. 3. ed., São Paulo: Ícone, 2008.
MAGANO, Octávio Bueno. Manual de Direito do Trabalho. v. III, Direito Coletivo do Trabalho. São
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MARTINS, S. P. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2012.
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_______________. Compêndio de Direito Sindical. 3. ed. São Paulo: LTr, 2016.
ATIVIDADE
1. (Prova: Analista Judiciário/Órgão: TRT/5ª REGIÃO/2012/Banca: FCC)
Sobre a prescrição,
a) só se admite a renúncia quando realizada de forma tácita.
b) os prazos não podem ser alterados por acordo das partes.
c) deve ser alegada pela parte na primeira oportunidade que se manifestar nos autos.
d) iniciada contra uma pessoa, se interrompe com sua morte e reinicia seu curso contra o seu
sucessor, de pleno direito, na data da sua morte.
e) os prazos não poderão sofrer interrupção ou suspensão.
capítulo 5 • 220
Considerando as normas especiais de proteção ao trabalho da mulher, é INCORRE-
TO afirmar que:
a) é vedado publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao sexo,
à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da atividade, pública e notoria-
mente, assim o exigir.
b) é vedado exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de esterilida-
de ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego.
c) ao empregador é vedado empregar a mulher em serviço que demande o emprego de força
muscular superior a vinte quilos de trabalho contínuo, ou vinte e cinco quilos para o trabalho
ocasional, salvo se exercida a atividade com aparelhos mecânicos.
d) a empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança será
concedida licença-maternidade condicionada à apresentação do termo judicial de guarda à
adotante ou guardiã.
e) em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá
um repouso remunerado de quatro semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar à
função que ocupava antes do afastamento.
capítulo 5 • 221
5. (Prova: Analista Judiciário /Órgão: TRT 8ª/ 2010/Banca: FCC)
A categoria S não possui ainda sindicato representativo. Na criação desse sindica-
to, de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho, a sua administração seria
exercida por uma diretoria constituída:
a) no máximo de sete e no mínimo de três membros e de um Conselho Fiscal composto de
três membros.
b) no máximo de dez e no mínimo de cinco membros e de um Conselho Fiscal composto de
cinco membros.
c) de quinze membros e de um Conselho Fiscal composto de três membros.
d) de dez membros e de um Conselho Fiscal composto de no mínimo dois membros.
e) de sete membros e de um Conselho Fiscal composto de cinco membros.
GABARITO
1) B;
2) E;
3) D;
4) C;
5) A
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ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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