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Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
152.3 B26a
ISBN: 978-85-67425-21-4
CDD 152. 3
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Enfocar os processos de aprendizagem e controle motor. As principais teorias
de aprendizagem motora. Classificação das habilidades motoras. Os fatores que
afetam o processo de aprendizagem como: diferenças individuais, instrução, fee-
dback, tipos de prática, motivação. As diferentes teorias de controle de movimen-
to: circuito aberto, circuito fechado, sistemas dinâmicos. Sistema de memória,
atenção seletiva, percepção visual. Teorias relacionadas aos mecanismos de
precisão de movimento.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
A investigação e o conhecimento dos mecanismos respon-
sáveis pela produção das habilidades motoras (controle motor),
associados ao estudo dos mecanismos e processos subjacentes às
alterações de comportamento motor, oriundas da prática, da ex-
periência ou de observações sistematizadas (aprendizagem moto-
ra), são essenciais para uma adequada sistematização das aulas de
educação física no Ensino Básico.
8 © Aprendizagem e Controle Motor
Abordagem Geral
Aqui você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade.
Esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bá-
sico necessário, a partir do qual você possa construir um referen-
cial teórico com base sólida – científica e cultural –, para que, no
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência
cognitiva, ética e responsabilidade social.
Como os indivíduos deixam de realizar movimentos mal
estruturados e descoordenados, passando a exibir movimentos
altamente controlados, fluidos e adequados às necessidades do
executor? Como os atletas conseguem realizar os mais perfeitos
e diferentes movimentos durante uma apresentação de ginástica
artística, durante um jogo de futebol ou em uma partida de tênis?
Para respondermos adequadamente a esses questionamen-
tos, faz-se necessário estudarmos o que é controle motor e como
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de
Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Ansiedade: “[...]apreensão ou aflição de uma pessoa a
respeito de incertezas futuras; uma percepção de ame-
aça a si próprio (frequentemente caracterizada por ele-
vados níveis de ativação)” (SCHMIDT; WRISBERG, 2010,
p. 61).
2) Aprendizagem motora: “[...] as mudanças associadas à
prática ou experiência, em processos internos que de-
terminam a capacidade de um indivíduo para executar
uma habilidade motora” (SCHMIDT; WRISBERG, 2010, p.
33).
3) Atenção: “[...] um recurso limitado ou a capacidade de
processar informação” (SCHMIDT; WRISBERG, 2010, p.
66).
4) Ativação: “[...] nível de ativação do sistema nervoso cen-
tral; varia de níveis extremamente baixos durante o sono
a níveis extremamente altos durante intensa atividade
física e-ou mental” (SCHMIDT; WRISBERG, 2010, p. 61).
5) Capacidade de Atenção Limitada: “[...] noção de que a
atenção é limitada a, no máximo, poucas atividades de
uma só vez” (SCHMIDT; WRISBERG, 2010, p. 66).
6) Capacidades: “[...] características dos indivíduos que são
sujeitas a mudanças como resultado da prática e que,
embasam a performance de várias tarefas” (SCHMIDT;
WRISBERG, 2010, p. 31).
© Caderno de Referência de Conteúdo 25
Controle
Motor
Sistema Sistema
Prática
Aferente Eferente
Comportamento
Motor
Aprendizagem Desenvolvimento
Motora Motor
Estímulos Estímulos
Prática Motivação Feedback
Internos Externos
Desenvolvimento
Motor
Meio
Maturação Aprendizagem Tarefa
Ambiente
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati-
vas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 31
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apura-
da, a Educação como processo de emancipação do ser humano.
É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LENT, R. (Coord.) Neurociência da mente e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2008.
MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 5. ed. Tradução de Aracy M.
da Costa. São Paulo: Edgard Blücher, 2000.
MYERS, D. Introdução à psicologia geral. Tradução de A. B. Pinheiro de Lemos. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1999.
SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem
da aprendizagem baseada na situação. 4. ed. Tradução de Ricardo Demétrio de Souza
Petersen. Porto Alegre: Artmed, 2010.
SHUMWAY-COOK, A.; WOOLLACOTT. Controle motor: teoria e aplicações práticas. São
Paulo: Manole, 2003.
1
1. OBJETIVOS
• Promover a aquisição de conhecimentos básicos sobre o
processo de aprendizagem motora.
• Proporcionar subsídios teóricos suficientes para estru-
turar, aplicar e avaliar adequadamente o ensino-apren-
dizagem de ações motoras. A abordagem contemplará
diferentes ambientes (não apenas o ambiente escolar),
em diferentes populações − em contextos distintos e com
objetivos diversificados.
2. CONTEÚDOS
• Teorias de aprendizagem motora: Teoria de Sistema de
Circuito Fechado de Adams; Teoria do Esquema de Sch-
midt; Teoria Ecológica ou da Percepção-Ação.
36 © Aprendizagem e Controle Motor
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Como os indivíduos deixam de realizar movimentos mal es-
truturados e descoordenados e passam a exibir movimentos al-
tamente controlados, fluidos e adequados às suas necessidades?
Como os atletas conseguem realizar os mais perfeitos e dife-
rentes movimentos em uma apresentação de ginástica artística ou
um jogo de futebol, ou mesmo em uma partida de tênis?
Para respondermos adequadamente a estes questionamen-
tos, faz-se necessário estudarmos como se constitui o processo de
© U1 - Aprendizagem Motora 37
gem, uma vez que não caracterizava seu trabalho como uma teo-
ria, e sim como uma análise das relações funcionais entre estímulo
e resposta.
A explicação piagetiana seria, por sua vez, muito mais uma
teoria de desenvolvimento mental-cognitivo do que de aprendiza-
gem propriamente dita; Maslow, em vez de uma teoria de apren-
dizagem, propôs uma dimensão total do ser humano, que vive,
existe, sofre, ama, cria, envelhece e morre; Bruner, por seu turno,
fala de uma teoria de ensino; Ausubel, em contrapartida, pare-
ce apresentar, de fato, uma teoria de aprendizagem, e Gagné, de
maneira análoga, também apresenta pontos de vista teóricos em
relação à aprendizagem.
Entretanto, sendo ou não teorias de aprendizagem, todas es-
sas abordagens se relacionam com o processo em foco, residindo
aí sua importância para o ensino, pois, frequentemente, os resul-
tados da aprendizagem são decepcionantes por falta de referen-
cial teórico, apesar do uso de métodos e técnicas aparentemente
adequados, modernos e até mesmo sofisticados.
Dessa forma, saber mais sobre como o ser humano apren-
de, como se processa o desenvolvimento mental de uma criança e
como ocorre o processo para que a maximização da aprendizagem
possa ocorrer podem ser conhecimentos tão úteis ao educador
para a melhoria do seu ensino quanto à sua familiaridade com re-
cursos, métodos, procedimentos e técnicas instrucionais.
Comecemos, pois, por uma sucinta apresentação de algumas
teorias da aprendizagem motora que objetivam elucidar o porquê
e como o ser humano normalmente se torna capaz de aprender e
de apresentar novos comportamentos e habilidades motoras.
Sistemas Unidimensionais
São os mais comuns e consideram apenas um dos vários as-
pectos de realização de uma habilidade motora em particular.
De acordo com Gallahue e Ozmun (2001), Gallahue (2002),
Magill (2000) e Schmidt e Wrisberg (2010), as habilidades podem
ser classificadas conforme a forma de organização ou distinguibili-
dade do movimento, a importância relativa dos elementos moto-
res e cognitivos, as dimensões da musculatura envolvida, a estabi-
lidade-previsibilidade do ambiente e, por consequência, da ação
a ser realizada, a função intencional do movimento e o nível de
desenvolvimento da habilidade.
Vejamos a seguir cada uma delas.
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir, que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas, pois este é o momento ideal
para que você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que,
na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de
forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, suas des-
cobertas com os seus colegas.
© U1 - Aprendizagem Motora 71
3) Por que a classificação das habilidades, proposta por Gentile, amplia a pos-
sibilidade de organização da aprendizagem motora?
8. CONSIDERAÇÕES
Na contemporaneidade, é inegável a importância dos co-
nhecimentos referentes aos processos de aprendizagem para a
eficiente estruturação e aplicação dos conteúdos próprios da Edu-
cação Física Escolar.
Tal realidade, acrescida pelas necessidades de difusão e
socialização dos conhecimentos científicos detidos por essa área
de conhecimento, deve permear toda a formação (universitária e
continuada) dos profissionais da Educação Física.
Somente assim poderemos fornecer subsídios para o apri-
moramento de nossa ação educativa, visando não só à aplicação
dos novos conhecimentos, mas também à descoberta e experi-
mentação de alternativas para solucionar nossas dúvidas e desco-
nhecimentos no tocante à aprendizagem motora.
Desse modo, não só ampliaremos nossos conhecimentos,
mas também seremos capazes de maximizar o processo de aquisi-
ção e diversificação motora.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GALLAHUE, D. L. A classificação das habilidades de movimento: um caso para modelos
multidimensionais. Revista de Educação Física/UEM, Maringá, v. 13, n. 2, p. 105-11, 2º
semestre de 2002.
2. CONTEÚDOS
• Prática.
• Distribuição e tipos de prática.
• Diferenças individuais.
• Motivação.
• Instrução.
• Feedback.
• Métodos de ensino.
74 © Aprendizagem e Controle Motor
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Considere um indivíduo que está tentando realizar uma ha-
bilidade motora que não lhe é familiar. Geralmente, tais tentativas
serão realizadas de forma desajustada ou descoordenada.
Com a prática (aqui entendida como a execução do movi-
mento em questão), qualitativa e quantitativamente adequada,
o executante começa a esboçar um controle aumentado sobre a
ação, sabendo se o movimento foi realizado de forma apropriada
ou não.
Mas como essa execução deve ser estruturada e efetivada
de modo que não gere uma aprendizagem satisfatória?
Em primeiro lugar, devemos considerar que a variação das
características contextuais merece cuidados especiais, pois, para
Magill (2000, p. 246-247 ), certas características do caminhar são
alteradas quando caminhamos em lugares diferentes, como con-
© U2 - Fatores que Afetam o Processo de Aprendizagem 75
Prática Mental––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Pode ser definida como uma melhora na performance apresentada por um indi-
víduo, que é resultante de processamentos cognitivos realizados por ele (pensar
sobre a ação), ou pela observação da realização da tarefa por um outro sujeito.
Para estudar experimentalmente a efetividade da prática mental, usualmente são
utilizados, segundo Magill (2000) e Samulski (2002), três grupos distintos de su-
jeitos que são testados com relação ao movimento a ser aprendido: um primeiro
grupo (G1) composto por pessoas que irão praticar “fisicamente” a habilidade;
um segundo (G2), composto por indivíduos que observarão um sujeito durante a
realização da ação proposta, e um terceiro (G3), constituído por sujeitos que não
farão e, também, não pensarão sobre a habilidade, cuja performance deverá ser
testada posteriormente.
Os participantes desses três grupos são, então, retestados na habilidade em
questão, sendo que os resultados serão comparados com aqueles obtidos em
seus testes primários, de modo a verificar as possíveis alterações ocorridas entre
o teste e o reteste.
Após a análise dos resultados obtidos, é possível afirmar que a prática mental
melhora a performance em relação àqueles sujeitos que nada fizeram (partici-
pantes do G3). Além disso, embora os participantes do G1 sejam aqueles que
apresentem maior alteração positiva na performance, existem indicações de que
combinações de prática mental com prática física geram melhorias ainda mais
acentuadas.
Embora não esteja claro como a prática mental gere melhorias na performance,
é possível que a resposta seja vinculada à melhoria das capacidades perceptivas
e interpretação das condições ambientais.
Como exemplo, tem-se a condição de jogadores reservas que podem ser instruí-
dos a observar o jogo e a, então, se imaginarem em ação, de modo que, quando
forem solicitados, tenham uma ideia das ações (e reações) que deverão execu-
tar, de modo a facilitar suas performances.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Uma vez que o sucesso na realização das habilidades aber-
tas é dependente de que as situações ambientais sejam satisfeitas
com movimentos relativamente exatos e de que a fase associativa
de aprendizagem tenha sido alcançada, o professor deve manter
a prática o mais próximo possível das situações reais de jogo. So-
Diferenças Individuais
Certas pessoas têm talento para diversas atividades físicas diferen-
tes. Por que isso acontece? Elas nasceram com alguma “capacidade
motora” especial que as capacita a ter sucesso em tudo que fa-
zem? Será que elas tiveram quantidades excessivas de treinamento
e prática em várias atividades? Será que elas são realmente boas
em tudo o que fazem, ou apenas em algumas atividades?
As pessoas também são diferentes quanto à rapidez e o sucesso na
aprendizagem das habilidades motoras. Se você observar uma tur-
ma de principiantes praticando atividades físicas, encontrará vários
graus de sucesso e de fracasso nos primeiros dias. Por exemplo,
uma turma de principiantes de golfe, quando os alunos começam a
bater na bola, alguns passam um tempo enorme somente na tenta-
tiva de fazer contato com a bola. Mas em compensação, outros na
extremidade oposta, são capazes de bater na bola com perfeição.
O restante da turma normalmente se distribui em algum ponto do
continuum de sucesso entre esses dois extremos.
[...] Esses comportamentos refletem o fenômeno comportamental
mais evidente de que os indivíduos possuem capacidades diferen-
tes de desempenhar habilidades motoras. As diferenças continuam
à medida que as pessoas evoluem com velocidades diferentes (MA-
GILL, 2000, p. 301).
Wood, estarrecida, começa a pensar uma forma de alterar essa realidade, pron-
tamente acompanhada de Thomas.
Como o privilégio de boas ideias, parece preferir primariamente “cabeças ilumi-
nadas” (ou vice-versa, como você assim desejar), Thomas começa a descrever
uma sociedade e uma vida, entendidas por ele como perfeitas e utópicas, como
bem qualificou.
Começando pelos seus clientes, imaginou uma formação intelectual comum a
toda nossa população, fornecida gratuitamente em regime integral, metodolo-
gicamente pré-determinada e organizada por educadores-estudiosos capazes
de tal intento. Obviamente, estes também deverão construir uma constante (pa-
râmetro) curricular a ser seguida, continentalmente, sem ajustes ou alterações,
uma vez que a igualdade (homogeneidade) na formação é a grande quimera.
No tocante à carência de empregos que hoje reina em nosso território, propõe
um controle, ou melhor, uma prévia organização (e também repetição organiza-
da) das ocupações (ofícios e artes) conhecidas e que são necessárias para um
adequado encaminhamento da vida. Assim, filhos de médicos serão médicos,
filhos de engenheiros, engenheiros, e filhos de varredores, varredores, pois nada
melhor que uma sólida e compartilhada história familiar. Aqui, coube a Thomas
uma revelação. Nessa sociedade, todos serão entendidos como iguais, já que
não haverá diferenças nas possibilidades de cada um existir dignamente. Mé-
dicos, engenheiros, educadores e varredores deverão ter as mesmas perfeitas
condições de vida e de trabalho. Tudo deverá ser regrado e profundamente deter-
minado. Alterações dessa rotina deverão ser analisadas e julgadas previamente
por um grupo de “capazes” que determinarão a validade ou não das solicitações.
(Não explicou como seria constituído esse grupo de capazes, mas a embevecida
Wood, atordoada com tantas ótimas ideias, sequer pensou nesse detalhe.)
Também detalhou amores perfeitos; casamentos perfeitos; mães, pais, filhas
e filhos perfeitos; amizades verdadeiras que nunca seriam desfeitas; uma vida
tranquila e feliz em todos os momentos e em todos os aspectos.
Aproveitando o encaminhamento de Thomas, sua acompanhante começou a ta-
garelar como utopicamente imagina seu mundo e sua vida numa sociedade e,
principalmente, numa universidade perfeita. Inicialmente, todos que tenham seu
caminho traçado para o curso de Kinesiology iniciam sua formação universitária
aqui, mais a Leste ou a Nordeste, em um mesmo curriculum formador, com uma
mesma grade de disciplinas, o que, obviamente, anularia um grande problema
vivenciado por muitos educandos, de que, hoje, nessa Universidade cheia de de-
feitos, quando se faz necessária ou desejada a mudança de cidade ou instituição
de ensino: diferentes Universidades, diferentes entendimentos de curso, curricu-
lum exclusivo, as mais diversas grades de disciplinas possíveis e dificuldades de
aproveitamento das matérias já cursadas no “novo curso”.
Todos os alunos apresentariam um mesmo previsível e detectável nível de de-
senvolvimento, seja motor, físico, cognitivo, afetivo e social. Todos saberiam
correr, saltar, arremessar e chutar de forma adequada. Apesar de existirem di-
ferenças óbvias de gênero em questões como estatura, percentual de massa
magra, capacidade cardiorrespiratória e compleição física entre outras poucas,
as diferenças individuais estariam quase próximas de zero no tocante às demais
características humanas. Todas e todos permaneceriam quietos e extasiados
perante o saber manifesto pelos educadores. Não haveria questionamentos in-
fundados, perguntas cretinas, nem balbúrdia durante o tempo da preleção orga-
nizada pelo detentor dos conhecimentos, sendo os conteúdos ou assuntos de
humano e suas chances de acertar o sexo do dono não são muito maiores do
que 50%. Em média o cérebro masculino é, 10% mais pesado do que o feminino
e possui cerca de 4 milhões de neurônios no córtex além dos 19 bilhões das
mulheres, segundo uma estimativa dinamarquesa. Mas apenas em média: as
curvas de distribuição de peso e número de neurônios de cérebros individuais
se confundem entre os dois sexos, e a maioria da população tem cérebros de
tamanhos semelhantes. Isso significa, inclusive, que muitas mulheres possuem
cérebros maiores do que os do sexo oposto. O próprio Einstein, ícone de inteli-
gência para muitos, possuía um cérebro do tamanho médio feminino.
Diferenças maiores estão nas extremidades da distribuição, e foi aí que Summers
pegou a deixa. Ao contrário de leitores atraídos por capas sobre “homens são as-
sim e mulheres são assado”, Summers conhece estatística bem demais para se
deixar enganar por médias. Seu argumento foi baseado nos poucos homens e
mulheres que se afastam do padrão normal de distribuição de suas habilidades
cognitivas. Mesmo que em média a diferença seja pequena, mais homens do que
mulheres teriam um desempenho excepcionalmente bom (e também excepcio-
nalmente ruim!) em testes de habilidade matemática, por exemplo.
Até aqui tudo bem. Os problemas começam quando Summers supõe, como tan-
tos, que as pessoas que se destacam na distribuição de habilidades cognitivas
seriam justamente os muitos homens e as poucas mulheres que freqüentam as
melhores faculdades de ciências exatas do planeta e, por razões biológicas. A
lista de problemas é extensa. Primeiro, vários homens e muitas mulheres com
habilidades matemáticas extraordinárias não estão lecionando nem aprendendo
ciências exatas em Harvard, mas ficaram em casa ou preferiram seguir carreira
em artes, história ou medicina por uma série de razões. Assim, como muitos dos
que estão em Harvard não possuem as tais habilidades matemáticas, como dois,
três ou mais desvios acima da média, mas estão lá por razões diversas, desde
pistolões a outras menos cínicas e mais louváveis, como esforço e dedicação,
além da mera oportunidade.
Segundo, é preciso determinar se as pequenas diferenças cerebrais marginal-
mente significativas entre os sexos como um córtex parietal inferior 6% maior nos
homens, por exemplo, são de fato associadas a habilidades cognitivas marginal-
mente melhores neles ou nelas. Isto se mostra particularmente difícil. Por exem-
plo, por mais que procure, Elizabeth Spelke, psicóloga de Harvard e estudiosa
do assunto, não encontra evidências de bases biológicas para as tais diferenças
em habilidades matemáticas entre os sexos.
Mas digamos, hipoteticamente, que mais homens do que mulheres tenham, de
fato, uma facilidade para habilidades matemáticas associada a regiões corticais
específicas ligeiramente maiores. E daí? Para começar, isso não informa se es-
sas diferenças são pura decorrência da biologia dos sexos. Mesmo que talentos
inatos existam na forma de facilidades de origem genética, sexuais ou não, um
receptor de glutamato mais ativo, mais síntese de dopamina, até onde se sabe,
são apenas facilitadores.
A genética certamente pode ajudar ou atrapalhar desde o ponto de partida até o
meio de campo, mas habilidades excepcionais são desenvolvidas à medida que
o cérebro muda com a experiência. Aprenda a tocar um instrumento de corda e
a representação cerebral do seu dedo mindinho esquerdo, do qual você agora
exige destreza, aumentará. Decore todas as ruas de Londres para poder ser ta-
xista naquela cidade e seu hipocampo direito, que guarda mapas de navegação,
crescerá. Passe dois meses aprendendo malabarismo para manter três bolinhas
© U2 - Fatores que Afetam o Processo de Aprendizagem 91
Motivação
A motivação diz respeito às maneiras como as ações são ini-
ciadas, mantidas, organizadas e finalizadas (COON, 2006).
De acordo com Samulski (2002, p. 104), a motivação “[...]
é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido
a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais
(intrínsecos) e ambientais (extrínsecos)”.
Por apresentar determinantes energéticos (nível de ativa-
ção) e de direção do comportamento (intenção, interesses, moti-
vos e metas), o professor ou técnico deve estar atento à organiza-
ção de técnicas de ativação e de restabelecimento de metas para a
promulgação de um adequado processo de ensino-aprendizagem.
Para Coon (2006), muito do porquê de realizarmos uma ta-
refa é oriundo de uma necessidade, de uma deficiência e de uma
carência que manifestamos. Esta faz surgir um impulso, ativando
uma resposta que visa atingir uma meta, satisfazendo a necessida-
de geradora de todo esse processo.
Vejamos uma situação comum em aulas de Educação Física: usu-
almente em nossas atividades no ensino fundamental e médio
encontramos meninos e meninas e adolescentes que expressam
diferentes níveis de aprendizagem e performances motoras. Alguns
sabem realizar, de forma extremamente adequada um grande nú-
mero de habilidades fundamentais, enquanto outros mal sabem
se locomover na quadra. Cabe ao professor, estruturar sua aula de
modo a impulsionar e motivar estes alunos a se sentirem interessa-
dos e a melhorarem ainda mais suas habilidades (no caso daqueles
que já sabem executar as habilidades em foco) ou a aprenderem as
ações propostas (COON, 2006, n. p.)
Instrução
Uma vez que diferentes formas de ação dos professores
ou técnicos, anteriores às práticas, influenciam sobremaneira a
aprendizagem das habilidades motoras, a instrução e a demons-
tração são dois fatores que, quando adequadamente estruturados
e aplicados, geram inúmeros benefícios ao aprendiz.
Instrução é o processo de fornecimento de informações da-
das ao praticante, referente ao objetivo a ser atingido, ao que deve
Feedback (FB)
“Feedback” é um termo abrangente que se refere às infor-
mações que um executante recebe sobre a sua performance du-
rante a execução de uma habilidade ou logo após sua realização,
as quais são recebidas de qualquer sistema sensorial ou por uma
combinação destes.
São dois os “tipos” de feedback utilizados pelos seres huma-
nos, ou seja, o intrínseco ou interno e o extrínseco ou aumentado.
O feedback intrínseco ou interno é entendido como aquelas
informações a respeito da ação que se originam de fontes externas
ao corpo, denominado de exterocepção, ou de fontes internas do
corpo, chamado de propriocepção. Entende-se por exterocepção
Por tudo isso, fica claro que o tipo de feedback a ser forneci-
do para o executor depende do seu estágio de aprendizagem, da
tarefa a ser executada e do seu tempo de fornecimento.
Métodos de Ensino
A forma como o professor instrui e demonstra se utiliza de
feedback e avalia seus alunos, devendo levar em consideração os
diferentes estágios da aprendizagem apresentados por eles.
Indubitavelmente, o professor abordará a instrução de ini-
ciantes e indivíduos experientes de forma muito distinta, uma vez
que estes podem utilizar as informações oferecidas de maneiras
muito diferentes na estruturação de suas performances.
Por exemplo, é sabido que as informações visuais são muito
utilizadas no início do processo de aprendizagem; todavia, ao final
deste, a informação cinestésica é que apresenta maior interferên-
© U2 - Fatores que Afetam o Processo de Aprendizagem 101
6. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Por que existem diferentes formas de se organizar a prática?
7. CONSIDERAÇÕES
Os conceitos referentes a formas de prática, diferenças indi-
viduais, motivação, instrução, feedback e métodos de ensino são
essenciais para uma adequada estruturação do ensino-aprendiza-
gem de habilidades motoras, haja vista suas relações com o pro-
cesso e com seus produtos.
Como professores, devemos organizar nossas ações visando
o maior aproveitamento das potencialidades de nossos estudan-
tes. Para isso, torna-se essencial conhecermos e considerarmos as
condições internas e externas que permeiam esse processo.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COON, D. Introdução à psicologia: uma jornada. Tradução de Eliane Kanner et al. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.
© U2 - Fatores que Afetam o Processo de Aprendizagem 107
3
1. OBJETIVOS
• Explicitar as principais teorias referentes ao controle mo-
tor humano.
• Favorecer o estabelecimento de relações entre os conte-
údos referentes à memória, atenção e percepção visual e
o processo de controle motor.
• Apresentar algumas teorias relacionadas aos mecanismos
de precisão do movimento e suas possíveis aplicações no
processo de controle motor.
2. CONTEÚDOS
• Teorias do controle motor humano: Teoria dos Reflexos;
Teoria Hierárquica (Sistema de Circuito Aberto e Sistema
de Circuito Fechado); Conceito de “Programa Motor Ge-
neralizado” (PMG); Teoria dos Sistemas Dinâmicos.
110 © Aprendizagem e Controle Motor
• Memória.
• Atenção.
• Percepção visual.
• Teorias relacionadas aos mecanismos de precisão do mo-
vimento.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
O processo de controle motor (fluxo de informação oriundo,
exclusivamente, dos centros neurais superiores para os centros in-
feriores) envolve reorganizações internas (perceptivas e neurais)
que repercutem na exteriorização das habilidades motoras. Sendo
assim, torna-se importantíssima uma recordação das estruturas e
funções neurais, em associação com a apreensão dos conteúdos
referentes ao processo de aprendizagem.
Uma vez que se constitui por processos relacionados à me-
mória, atenção, percepção visual e mecanismos de precisão do
movimento, esta seção proporciona uma visão do nível executi-
vo da organização motora. Por isso, devemos, a todo momento,
relacioná-los com o desempenho obtido, sem, porém, esquecer
© U3 - Controle Motor 111
Teoria Hierárquica
Em contraste com as ideias preconizadas pela Teoria dos Re-
flexos, a Teoria Hierárquica de controle motor preconiza que todos
os aspectos relacionados ao planejamento e execução dos movi-
mentos são de responsabilidade exclusiva de um ou mais centros
corticais, os quais representam o nível de comando mais alto (su-
perior) dentro da hierarquia do sistema nervoso central.
Esse executor cortical detém todas as informações necessá-
rias ao adequado planejamento e execução da ação, de modo a
ativar as áreas neurais necessárias à geração dos movimentos pre-
conizados. Além disso, é capaz de coordenar e regular movimen-
tos que necessitam ou não de feedback sensorial externo.
Dito de outra forma, o modelo hierárquico pressupõe uma
organização “de cima para baixo” para o controle motor. O “co-
mandante”, um centro superior, planeja e delega o programa
motor para que os centros subordinados o executem. E as infor-
mações provenientes dos meios interno e externo, anteriores e
posteriores ao movimento, ficam disponíveis para o “comandan-
te” executar suas ações. Entretanto, este não precisa usar todas as
informações disponíveis durante a execução do movimento.
Um dos primeiros modelos desenvolvimentais criados para
testar as predições da Teoria Hierárquica de controle motor foi
desenvolvido por Hughlings Jackson na década de 1850. Jackson
argumentou que os movimentos são representados nos níveis su-
periores do cérebro, sendo estas representações utilizadas para
orientar os desempenhos subsequentes.
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6. MEMÓRIA
Imagine sua vida sem memória. Não haveria como saborear as
recordações de momentos alegres, nem sentimento de culpa ou
angústia por recordações dolorosas. Cada momento seria uma
nova experiência. Mas cada pessoa seria um estranho, cada língua
estrangeira, cada tarefa, como vestir, cozinhar, andar de bicicleta
um novo desafio. Sua memória é o arquivo da mente, o depósito
de sua aprendizagem acumulada. Para o estadista romano Cícero,
a memória era “o tesouro e guardião de todas as coisas” (MYERS,
1999, p. 190).
Sistemas de memória
Tem sido demonstrado que, em uma breve exposição visual
a vários itens, é disponível, por um curto período de tempo (não
mais que um segundo), muito mais informação que aquela passí-
vel de ser recordada por um indivíduo.
É como se houvesse uma impressão sensória muito curta de
informações pela apresentação visual, por exemplo, e, no momen-
to em que uma pessoa recorda alguma parte dela, a informação
restante desaparece desse sistema de armazenagem e, como re-
sultado, se torna inapta de ser recordada.
Em síntese, esse sistema de memória sensorial age como um
tampão entre a informação inicial e as atividades de processamen-
to de informação subsequentes.
Isso provavelmente proporciona flexibilidade ao sistema de
processamento de informação do ser humano, dando condições
para que uma quantidade muito grande de informação ambiental
seja processada e permaneça em um depósito temporário, e so-
© U3 - Controle Motor 151
Após descobrir que sua memória era incomum, S., deixou seu trabalho como
repórter e passou a atuar profissionalmente em palcos como mnemonista. Para
recordar enormes listas de números ou palavras fornecidas pelas pessoas da
audiência, tentando confundi-lo, ele completava suas respostas sensoriais dura-
douras a estímulos e sua sinestesia com “truques” de memória. Para lembrar-se
de uma longa lista de itens, ele utilizava o fato de que cada item evocava algum
tipo de imagem visual. À medida que a lista era lida ou escrita, S. imaginava-se
caminhando em sua cidade natal; a cada item que lhe era dado, ele colocava
sua imagem evocada ao longo do seu caminho – a imagem evocada pelo item 1
na caixa de correio, a imagem para o item 2 em um arbusto e assim por diante.
Para recordar os itens, ele caminhava pela mesma rota e recolhia os itens que
havia deixado. Embora possamos não ter as complexas sensações sinestésicas
de S., esta antiga técnica de fazer associações com objetos familiares é uma que
todos podemos utilizar.
Nem tudo referente à memória de S. era-lhe vantajoso. Enquanto as sensações
complexas evocadas por estímulos o ajudavam a lembrar-se de listas de nú-
meros e palavras, elas interferiam com sua habilidade de integrar e lembrar-se
de coisas mais complexas. Ele tinha problemas com reconhecimento de faces,
porque cada vez que a expressão de uma pessoa mudava, ele “veria” também
padrões de luz e sombra que mudavam, o que o confundia. Ele também não era
bom em acompanhar uma história que lhe era lida. Em vez de ignorar as palavras
exatas e enfocar nas idéias importantes, S. era inundado por uma explosão de
respostas sensoriais. Imagine quão assombroso seria ser bombardeado cons-
tantemente por imagens visuais evocadas a cada palavra, mais sons e imagens
evocadas pelo tom da voz de uma pessoa lendo uma história. Não é de admirar
que S. tivesse problemas!
S. também era incapaz de esquecer. Isso se tornou um grande problema quan-
do ele estava atuando como mnemonista profissional e era-lhe pedido que se
lembrasse de coisas escritas em um quadro-negro. Ele veria coisas que haviam
sido escritas ali em muitas ocasiões. Embora ele tivesse vários truques para se
esquecer de informações antigas, como apagar mentalmente o quadro, nada
funcionava. Apenas a força de sua atenção e dizendo a si próprio ativamente
para deixar a informação se esvair é que ele era capaz de esquecer. Era como
se, o esforço que a maioria de nós utiliza para lembrar, e a facilidade como nos
esquecemos, se dessem exatamente ao contrário para S.
Não sabemos as bases neurais para a extraordinária memória de S. Talvez ele
não tivesse o tipo de separação que a maioria de nós temos entre as sensa-
ções de diferentes sistemas sensoriais. Isso pode ter contribuído para uma co-
dificação multimodal, incomumente forte das memórias. Talvez suas sinapses
fossem mais maleáveis que o normal. Infelizmente, nunca saberemos (BEAR;
CONNORS; PARADISO, 2002, p. 742).
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Embora o conceito de “atenção” apresente vários significa-
dos, três de seus aspectos têm implicações para o entendimento
da performance motora, são eles:
• o estado de alerta;
7. PERCEPÇÃO VISUAL
O sentido da visão tende a superar as demais fontes de infor-
mação sensorial de indivíduos ditos normais (ou ordinários), du-
rante não só a realização de uma habilidade motora, mas também
das nossas demais ações.
Segundo pesquisas realizadas há mais de 30 anos, há, basi-
camente, dois sistemas de visão que subsidiam o comportamento
humano, conforme afirmam Schmidt e Wrisberg (2010): visão fo-
cal, especializada em identificação de objetos, e visão ambiental,
focada no controle do movimento.
Vejamos cada uma delas.
A visão focal é resultante da experiência pessoal e é espe-
cializada na identificação consciente de objetos que estão localiza-
dos, primariamente, no nosso centro visual. Sua função principal
é responder à questão “o que é isso?”, contribuindo para que pos-
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9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
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10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, foram explicitados os processos que teorica-
mente viabilizam o entendimento do processo de controle motor
humano via apresentação de como ocorre a retenção e a recupe-
ração das habilidades motoras (memória motora), mediante foco
nas informações necessárias (atenção e percepção visual) e rela-
ções de precisão e velocidade de execução das ações.
O controle motor humano envolve vários processos intrín-
secos que, ao serem exteriorizados, nos possibilitam um melhor
entendimento do processo de aprendizagem e controle motor.
Mediante os conhecimentos aqui apresentados, referentes
à memorização, atenção, percepção visual e mecanismos de pre-
cisão de movimentos, você deverá ser capaz de potencializar sua
ação docente, de modo a proporcionar melhores condições de
aquisição e ampliação de performances motoras aos seus alunos.
Para tanto, devemos relacionar, de forma coerente e flexível, os
conhecimentos teóricos apresentados com a nossa atuação profis-
sional na Educação Básica.