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Resumos:

1 - ARRIGHI, Giovanni. A ilusão desenvolvimentista: uma reconceituação da


semiperiferia. In: _____. A ilusão do desenvolvimento. Petrópolis, RJ: Vozes,
1997. (Coleção Zero à Esquerda)

O beco sem saída da troca desigual:

Semiperiferia: Posição intermediaria na estrutura núcleo orgânico-periferia da


economia capitalista mundial. A maioria dos estudos supõe que essa estrutura núcleo
orgânico-periferia consiste em redes de “trocas desiguais”, através das quais alguns
Estados (denominados de “insdustrializados”) se apropriam de uma parcela
desproporcional dos benefícios da divisão internacional do trabalho, ao passo que a
maioria dos outros Estados colhe apenas benefícios que são necessários para conservá-
los na relação de troca desigual. Os Estados “insdustrializados constituí-se o “núcleo
orgânico” da economia capitalista mundial e os últimos constituem sua periferia.
Estados semiperifericos (por vez denominados de semi-industrializados) são
denominados como os Estados que ocupam uma posição intermediária nessa rede de
troca desigual: eles colhem apenas benefícios marginais quando estabelecem relações de
troca com os Estados do núcleo orgânico, mas colhem a maioria dos benefícios liquidos
quando estabelecem relações de troca com os Estados periféricos.

Essa conceituação se baseia num número de suposições que, do ponto de vista


do Arrighi, são extremamente questionáveis.

A primeira suposição questionável: “Industrialização” é o equivalente a


“Desenvolvimento” e que “núcleo orgânico” e o mesmo que “industrial”. Para as
escolas da dependência e da modernização. Para ambas, desenvolver-se é
“industrializar-se”.

A segunda suposição questionável: É que as relações núcleo orgânico-periferia


consistem de relações de “trocas desiguais” e que a estrutura núcleo orgânico-periferia
da economia mundial consiste de uma rede de trocas, tipicamente uma rede de
comércio. Em primeiro lugar, para Arrighi esse termo “troca desigual” não é claro para
aqueles que utilizam o termo. Mais importante, a troca desigual não foi o único
mecanismo envolvido na polarização núcleo-organico-periferia, nem seus efeitos foram
tão destituídos de ambiguidade quanto sugerem que usaram o termo. Obviamente esse
mecanismo foi importante, mas não é o único e muito menos o mais importante.
Igualmente importantes foram dois outros mecanismos que Arrighi define como sendo
transferência unilateral de mão-de-obra e de capital. Essas transferências não
presupoem a existência de uma relação de comercio ou uma rede de comercio.

Historicamente, as transferências unilateriais de capital e trabalho foram tanto


forçada quanto voluntaria. Forçada - Trabalho: O tráfico de escravos e o uso de
prisionerios de guerra como trabalhadores; Capital: Extorção de instrumentos
monetários das colônias ou de reparações de guerra de inimigos derrotados.
Voluntária: São baseadas no auto-interesse dos donos dos recursos, por exemplo, as
migrações de trabalhadores e a “fuga de capitais”.

Segundo Arrighi ambos os tipos de transferias foram crucias para a constituição


e reprodução da estrutura núcleo orgânico-periferia da economia capitalista mundial,
embora, a transfereia forçada tenha perdido ao longo do tempo sua importância.

A troca desigual é, portanto, apenas um dos muitos mecanismos através dos


quais a estrutura núcleo orgânico-periferia da economia mundial foi criada, reproduzida
e aprofundada.

Isso não é tudo: Um país que vende mercadoria que incorporam mão-de-obra
bem paga em troca de mercadorias que incorporam mão-de-obra mal paga pode
continuar a fazê-lo e colher os benefícios da troca apenas na medida em que a relação na
produção e consumo entre os dois tipos de mercadoria é de complementaridade e não de
competição. E essa relação passar a ser de competição a troca desigual nesse sentido
torna-se uma arma do país “explorado” na obtenção de riqueza, poder e bem estar em
relação ao, e possivelmente a custas do, país “explorador”.

A troca desigual pode cortar ou funcionar das duas maneiras (em direção à
polarização e em direção à despolarização) e que, portanto, a suposição de uma
identidade fundamental entre as relações núcleo orgânico-periferia e as relações de troca
desigual não se justificam.

Em resumo, a troca desigual e as transferências unilaterias dos recursos do


capital e do trabalho contribuíram para a formação e reprodução da estrutura núcleo
orgânico-perefiferia da economia mundial. No entanto, não são traços essenciais das
relações núcleo orgânico-periferia.

A riqueza das nações da perspectiva dos sistemas mundiais

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