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SUMÁRIO
ABERTURA .................................................................................................................................. 9
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................................................................... 9
OBJETIVO E CONTEÚDO ......................................................................................................................................................... 9
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................................................... 10
PROFESSORES-AUTORES ....................................................................................................................................................... 12
ABERTURA
APRESENTAÇÃO
Em Mediação e Arbitragem, objetivamos o estudo de métodos alternativos ao Poder Judiciário
para solução de conflitos e resolução de disputas, a partir de uma perspectiva negocial e prática.
Nessa perspectiva, apresentaremos os vínculos entre os conceitos e a terminologia técnica
utilizados pela legislação, pela doutrina e pela jurisprudência. Ademais, abordaremos a realidade
da negociação, seus dilemas usuais e as múltiplas soluções que as partes envolvidas concebem
para enfrentá-los.
A perspectiva que adotamos tem impacto direto não apenas na organização do conteúdo como
também na metodologia. Pautaremos esse estudo na discussão de questões jurídicas decorrentes
de casos concretos. Dessa forma, tanto acompanharemos as experiências e as dificuldades vividas
pelos agentes ali descritos, quanto examinaremos os diversos aspectos jurídicos incidentes.
Mais ainda... Ao optar por fazer Mediação e Arbitragem, você optou também por participar de
um novo método de ensino – o ensino a distância. Dessa forma, você terá bastante flexibilidade
para realizar as atividades previstas. Embora você possa definir o tempo que irá dedicar a este
trabalho, ele foi planejado para ser concluído em um prazo determinado. Verifique sempre, no
calendário, o tempo de que você dispõe para dar conta das atividades propostas. Lá estarão
agendadas todas as atividades, inclusive aquelas a serem realizadas em equipe ou encaminhadas,
em data previamente determinada, ao Professor-Tutor.
OBJETIVO E CONTEÚDO
O objetivo de Mediação e arbitragem consiste em examinar dois importantes institutos, a
arbitragem e a mediação, como formas alternativas, viáveis, eficazes e eficientes para a resolução
dos mais diversos tipos de conflitos da área profissional e pessoal, evitando a necessidade de
ingresso no poder judiciário.
Módulo 1 – Mediação
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ABERTURA Mediação e Arbitragem
Módulo 3 – Árbitro
BIBLIOGRAFIA
ALVIM, J. E. Comentários à Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307, de 23/9/1996). Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2004.
Livro indicado para exame detalhado das noções e dos conceitos presentes em cada
artigo da Lei de Arbitragem.
BOULLE, Laurence; NESIC, Miryana. Mediation, principles, process, and practice. London: Butterworths,
2001.
Este livro proporciona visão abrangente e internacional do instituto da mediação, desde
a análise de aspectos introdutórios até o exame de questões atuais e controvertidas.
Prioriza também o estudo da mediação no Reino Unido. Ao final, possui anexos com
informações interessantes sobre centros de estudo, organizações e instituições ligadas
à prática da mediação, sites e publicações.
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei nº 9.307/96. São Paulo:
Malheiros, 1998.
Livro recomendado para se obter noções sobre a arbitragem e o processo arbitral à luz
da lei que os instituiu.
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Mediação e Arbitragem ABERTURA
COOLEY, John W. A advocacia na mediação. Trad. René Loncan. Brasília: Unb, 2001.
Livro de fácil leitura e com proposta de transmitir ao leitor noções da atividade prática
da arbitragem, com exame de características e procedimentos de cada etapa do
processo arbitral.
GOLDBERG, Stephen B.; SANDER, Frank E. A.; ROGERS, Nancy H.; COLE, Sarah Rudolph. Dispute
resolution, negotiation, mediation, and other processes. 4. ed. New York: Aspen Publishers, 2003.
Um dos livros mais utilizados para o estudo dos meios alternativos de composição de
conflitos em cursos de mestrado no exterior, possui linguagem prática sobre os diversos
institutos de solução alternativa de controvérsias. Inclui capítulos sobre mediação e
arbitragem, e contém diversos exemplos de casos práticos. Ao final, nos anexos, há
informações interessantes sobre publicações, sites correlatos e instituições envolvidas
em assuntos dessa natureza.
LIMA, Cláudio Vianna de. Curso de introdução à arbitragem. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1999.
Livro recomendado para se obterem noções introdutórias sobre arbitragem, de leitura
fácil e rápida.
RAU, Alan Scott; SHERMAN, Edward F.; PEPPET, Scott R. Processes of dispute resolution: the role of
lawyers. 3. ed. New York: Foundation Press, 2002.
Este livro aborda as diversas modalidades de meios alternativos de composição de
conflitos, examina suas particularidades e proporciona o estudo de casos práticos da
jurisprudência norte-americana para os diferentes assuntos tratados. Mediação e
arbitragem fazem parte do escopo do livro.
REDFERN, Alan; HUNTER, Martin. Law & practice of International Commercial Arbitration. UK: Sweet
& Maxwell dump/Student Edition, 2003.
Este livro é indicado a todos aqueles que desejam-se especializar em arbitragem
comercial internacional. Os assuntos relativos à arbitragem internacional e comparativa
são abordados de forma bem didática, e o texto é de fácil leitura. Livro recomendado
em diversos cursos no exterior. Na versão de estudante, não há os anexos encontrados
na versão original. Esses anexos apresentam as diversas legislações sobre arbitragem e
os regulamentos de instituições afins.
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ABERTURA Mediação e Arbitragem
TEIXEIRA, Paulo César Moreira; ANDREATTA, Rita Maria de Faria Corrêa. A nova arbitragem:
comentários à Lei 9.307, de 23.09.96. Porto Alegre: Síntese, 1997. p. 202.
Livro recomendado para o estudo dos conceitos elementares compreendidos na Lei
de Arbitragem.
PROFESSORES-AUTORES
Rafael Alves de Almeida é Coordenador geral da Pós-graduação em
Direito da FGV Direito Rio, e Coordenador do MBA Executivo On-line em
Gestão e Business Law – FGV Online. Doutorando em Políticas Públicas,
Estratégias e Desenvolvimento, pelo Instituto de Economia da UFRJ.
Concluiu o LL.M em International Business Law pela London School of
Economics and Political Science – LSE – e é Mestre em Regulação e
Concorrência pela Universidade Candido Mendes – UCAM. Formado
pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro – EMERJ –, é
Bacharel em Direito pela UFRJ e em Economia pela UCAM. Advogado e economista, membro do
Conselho Diretor do Mediare – Diálogos e Processos Decisórios – e do Corpo Permanente de
Conciliadores e Árbitros da Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem. Membro do The Young
International Arbitration Group – YIAG –, da The London Court of International Arbitration – LCIA –
e da ICDR Young & International Group, do International Centre for Dispute Resolution. Além disso,
é membro da International Society for Ecological Economics e da Sociedade Brasileira de Economia
Ecológica. É membro efetivo da Comissão de Mediação da OAB-RJ e Conselheiro da Associação
Brasileira de Jovens Advogados – ABJA. É presidente da LSE Brazilian Alumni Association.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
MÓDULO 1 – MEDIAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Neste módulo, analisaremos o conceito, as características e as vantagens da mediação extrajudicial.
Além disso, enfocaremos os métodos alternativos para solução de controvérsias e identificaremos
as implicações e controvérsias decorrentes da atuação das partes durante o processo de mediação.
Há um crescente interesse entre advogados pela utilização de formas alternativas ao litígio ordinário
tradicional.
Dessa forma, a diferença entre as formas pode ser examinada e enfrentada de forma diversa da
que seria caso o conflito fosse direcionado ao Poder Judiciário.
Negociar significa não só barganhar com a outra parte, mas sim, e antes de tudo, trocar
informações, comunicar-se.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
Para que as negociações consigam atingir seu objetivo, faz-se necessário o diálogo entre as
partes.
1.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Essa terceira pessoa vai assistir os envolvidos no debate e facilitar a comunicação para se chegar
a uma possível solução.
Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder
decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou
desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
A flexibilidade da mediação está presente na escolha do procedimento e das regras que regerão
o processo.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
Dessa forma, as partes se sentem mais satisfeitas e compromissadas para respeitá-lo e cumpri-lo.
Essa orientação não se dá pela imposição de regras ou leis, mas pela ajuda às partes na conquista
de uma nova percepção do relacionamento, introduzindo maior confiança mútua para que o
conflito se resolva da melhor maneira.
2.6 MEDIADOR
Um mediador...
É exatamente isso que distingue o mediador do juiz de Direito – que, de forma genérica, é
investido do poder jurisdicional de aplicar a lei ao caso concreto, dirimindo o conflito entre as
partes ao impor uma decisão a elas.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
2.7 PARTICIPAÇÃO
As partes envolvidas não são obrigadas a seguir todas as instruções e ponderações do mediador.
Basta, somente, que estejam dispostas a aceitar sua participação.
Essa participação não constitui, necessariamente, fator único de sucesso para a resolução
de qualquer conflito.
A presença de uma terceira pessoa é um fator considerável, mas não é nenhuma garantia de que
a contenda será resolvida.
Os mediadores não estão investidos de poder jurisdicional tal qual os juízes de Direito, e o
processo de mediação nem sempre resulta em um acordo.
2.9 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
O mediador facilitador...
O mediador não emite opiniões ou recomendações e tenta assistir às partes por meio de perguntas
direcionadas a cada uma delas.
O mediador pode, até mesmo, emitir opiniões sobre o que aconteceria caso o conflito
fosse levado à Justiça Comum.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
Apesar de se basear na mediação facilitativa, a mediação transformativa busca fazer com que as
partes reconheçam o ponto de vista da outra, facilitando a resolução do conflito.
A mediação narrativa tem como objetivo fazer com que as partes analisem o conflito de uma
certa distância, por meio dos fatos narrados por cada uma das partes.
Esse tipo de mediação pode ser aplicado em conflitos comerciais, de ofensa pessoal
ou em conflitos industriais.
3.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
Por esse princípio, as partes podem praticar um ato jurídico, determinando-lhe o conteúdo, a
forma e os efeitos.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
4.4.1 ABSTENÇÕES
Se, por algum motivo, o mediador achar que sua atitude está sendo parcial, deve-se retirar do
processo para evitar qualquer prejuízo a uma ou ambas as partes.
O mediador também não pode dar ou receber nenhum presente das partes.
O mediador deve abster-se de pedir favor, empréstimo, ou qualquer outro item ou valor de uma
ou ambas as partes, do advogado ou de qualquer outra pessoa envolvida no processo de mediação.
O poder de decisão, inclusive sobre o procedimento das sessões, deve ser exclusivo
das partes.
Para isso, o mediador deve informar todos os fatos materiais ou as circunstâncias no curso da
condução do processo.
4.5 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
5.1 CELERIDADE
O processo judicial está adstrito a várias formalidades legais, como, por exemplo, a publicação dos
atos, o que acarreta a demora no andamento processual.
Na mediação, essa formalidade excessiva não existe, o que facilita a movimentação do processo
e a obtenção célere do resultado. O direito de se expressar é conferido às partes, mas sem
burocracia.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
Além dos honorários do mediador, as partes devem arcar com custos excepcionais, como, por
exemplo, gravação e transcrição das reuniões.
Geralmente, não é necessário pagar custas processuais para o início do processo de mediação.
5.5.1 CONFIDENCIALIDADE
A confidencialidade relaciona-se diretamente ao respeito à garantia de que as informações – de
qualquer natureza – recebidas pelo mediador não serão repassadas a terceiros alheios à mediação.
Todavia, há casos em que, por determinação prévia das partes, alguns aspectos do
processo podem ser revelados.
As partes devem ser instruídas sobre que fatos e informações apresentados durante a mediação
são considerados confidenciais.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
A intenção das partes não é travar disputas judiciais grandiosas, mas resolver o conflito
da forma mais amigável possível, mantendo o bom relacionamento futuro.
Sem a troca de informações, é inviável detectar os motivos que originaram o conflito e as medidas
que podem ser tomadas, por ambas as partes, para que tal fato não ocorra novamente.
A própria parte tem força para manifestar-se, ouvir e dialogar com a outra.
5.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
6.1 MEDIADOR
O mediador pode desempenhar diversos papéis com o intuito de ajudar as partes na resolução de
suas disputas. Vejamos...
Facilitador da comunicação...
Inicia ou facilita a melhor comunicação quando as partes já estão conversando.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
Legitimador...
Ajuda todas as partes a reconhecerem o direito das outras de estarem envolvidas nas
negociações.
Facilitador do processo...
Propõe um procedimento, e, em geral, preside, formalmente, a sessão de negociação
e facilita a comunicação entre as partes.
Treinador...
Instrui os negociadores iniciantes, inexperientes ou despreparados no processo de
barganha.
Ampliador de recursos...
Proporciona assistência às partes, e as vincula a especialistas e a recursos externos –
como advogados, especialistas técnicos, pessoas responsáveis pela tomada de decisão
ou bens adicionais à negociação – que podem capacitá-las a aumentarem as opções
aceitáveis de acordo.
Explorador do problema...
Permite que as pessoas em disputa examinem o problema a partir de várias perspectivas,
ajuda nas definições das questões e dos interesses básicos, e procura opções
mutuamente satisfatórias.
Agente de realidade...
Ajuda na elaboração de um acordo razoável e viável, e questiona e desafia as partes
que têm objetivos radicais e não realistas.
‘Bode expiatório’...
Pode assumir certa responsabilidade ou culpa por uma decisão impopular que as
partes, apesar de tudo, estejam dispostas a aceitar – isso lhes permite manterem sua
integridade e, quando for o caso, angariarem o apoio de seus constituintes.
Líder...
Toma a iniciativa de prosseguir as negociações por meio de sugestões processuais ou
fundamentais.
O mediador não emite um juízo de valor, apenas auxilia, encoraja as partes para que
estas cheguem a um denominador comum.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
Por questões práticas ou físicas, podem ocorrer também em alguma instituição ou em outro local
determinado por todos os envolvidos.
...revelar qualquer informação sobre sua conduta profissional e pessoal que possa
gerar desconforto para as partes.
Esses procedimentos são necessários porque as partes precisam ter elementos para avaliar e
decidir sobre a escolha e a continuidade do mediador.
O mediador deve ainda verificar se este é o meio alternativo de solução de controvérsias mais
apropriado para o caso.
6.5 DISSIMULAÇÃO
O mediador está proibido de dissimular fatos materiais ou circunstâncias do caso no curso da
mediação.
O mediador que age dessa forma está desrespeitando o equilíbrio do processo, o qual
deve promover.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
Via de regra, os honorários são fixados por hora-base, mas o mediador e as partes podem acordar
de outra forma.
No entanto, qualquer que seja a forma, o mediador deve ser norteado pelos altos
padrões de honra e integridade que se aplicam para todas as outras fases do trabalho
de mediação.
O mediador deve ser sempre um advogado ou poderia ser de qualquer outra formação
profissional, dependendo da necessidade do caso concreto?
Alguns estudiosos acreditam até que os advogados, por mais neutros que possam ser, sempre
tenderiam a ficar ao lado de uma das partes em conflito – o que os impossibilita de trabalharem
como mediadores.
Por outro lado, devido a seu conhecimento específico e sua experiência em negociação,
o advogado pode contribuir para que as partes enxerguem outras perspectivas além
daquelas a que chegariam sem auxílio algum.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
Na mediação facilitativa, qualquer profissional pode atuar – até mesmo, quem não
possui formação profissional, mas apresenta habilidade para exercer a função.
6.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
...o mediador não é um juiz – ele está disponível para auxiliá-las na comunicação e na
tentativa de chegarem a uma solução.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
Para coletar esses dados, o mediador pode realizar reuniões privadas com as partes antes das
sessões conjuntas.
7.3.2 REGRAS
No momento da elaboração do plano, o mediador deve tentar identificar as áreas potencialmente
problemáticas que podem causar impasse. A prevenção de potenciais problemas é fundamental
para o planejamento da mediação.
São eles...
a necessidade de respeitar a outra parte quando esta estiver falando;
qualquer questão ou fato considerado relevante ao processo deve ser anotado no
papel entregue às partes com o objetivo de ser tratado posteriormente;
a questão da confidencialidade, dos honorários do mediador e a forma de seu
pagamento;
a duração das sessões;
a revisão;
o encerramento do processo.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
7.3.3 PRÉ-MEDIAÇÃO
Devemos garantir que as partes não tenham tido com o mediador qualquer problema ou conflito
de interesse, ou relacionamento anterior – pessoal ou profissional – que possa interferir na
condução da mediação.
Devemos estabelecer expectativas realistas com relação ao processo e com o compromisso das
partes durante a mediação.
Uma possibilidade é a pré-mediação, que pode ser utilizada antes da sessão de mediação.
A pré-mediação ocorre quando as partes necessitam entender que o conflito será resolvido de
forma colaborativa.
Além disso, a pré-mediação também é utilizada para que as partes apresentem, sucintamente, os
motivos que as levaram ao processo de mediação.
O mediador explica os objetivos da mediação e guia a comunicação entre as partes de forma que
ambas possam trocar informações e pontos de vista sobre os fatos, o histórico do conflito, suas
opiniões e suas emoções.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
Deve ser difícil abrir-se depois de todos os problemas, mas, por favor, tente-nos passar seu
ponto de vista.
Obrigado por dividir conosco esses importantes pontos a serem considerados em sua
opinião.
Nesse momento, ele deve-se utilizar das palavras das partes para demonstrar os pontos
de convergência – pontos positivos.
O mediador...
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
O mediador não pode permitir que somente uma das partes defina, unilateralmente, o problema.
O único objetivo dessas reuniões privadas é coletar informações para que o processo
de mediação tenha êxito.
Idealmente, sugestões concretas devem vir das próprias partes, apesar de, algumas vezes, o
mediador precisar utilizar técnicas para encorajar as partes a chegarem a opções criativas para
solucionar o conflito.
O mediador não pode impor suas percepções, seus valores ou seus julgamentos sobre
as partes e suas atitudes.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
Quando o mediador se depara com partes cuja intenção é se envolverem em barganhas baseadas
em posição, ele deve desenvolver um plano de mediação para deslocar, rapidamente, a intenção
das partes para a barganha baseada em interesses.
O mediador não tem competência para obrigar uma parte a cumprir a proposta por ela
mesma realizada, pois não possui poder de coerção.
7.11 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre
a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
Mediador judicial...
Art.11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa pessoa, graduada há pelo menos
dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da
Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de
mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados – ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos
pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça.
Mediador extrajudicial...
Art. 9º. Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha
a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, independentemente de
integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação, ou nele inscrever-se.
A critério dos interessados ficará decidir se a mediação será com um mediador independente ou
com um mediador ligado a uma instituição especializada em mediação.
Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia aceitação das partes.
Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão submeter-se à
mediação, hipótese em que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo por
prazo suficiente para a solução consensual do litígio.
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MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem
Art. 20. O procedimento de mediação será encerrado com a lavratura do seu termo final,
quando for celebrado acordo ou quando não se justificarem novos esforços para a
obtenção de consenso, seja por declaração do mediador nesse sentido ou por
manifestação de qualquer das partes.
Com isso, pretende-se diminuir a carga de processos no Poder Judiciário, e, ao mesmo tempo,
estimular a participação popular na administração da justiça e pacificar litigantes.
8.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 1
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 2
APRESENTAÇÃO
Neste segundo módulo, estudaremos o conceito de arbitragem, suas principais vantagens e
desvantagens e as características que a diferenciam da mediação.
1.1 ARBITRAGEM
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MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem
...o número de arbitros – o árbitro pode ser qualquer pessoa capaz e que tenha a
confiança das partes.
1.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
O princípio da autonomia da vontade permite que as partes utilizem a arbitragem para solução da
controvérsia versando sobre direito patrimonial disponível.
O princípio permite que as partes manifestem a opção de substituir a jurisdição estatal pela
arbitral.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 2
As partes escolhem ainda se a arbitragem será de direito ou por equidade – Artigo 2º.
As partes são livres também para escolher o direito aplicável e se a arbitragem será...
institucional – regras já definidas por uma instituição;
ad hoc – regras determinadas pelas partes no conflito.
2.2.1 IDIOMA
Se as partes não escolherem o idioma a ser utilizado, prevalecerá o da sede do tribunal arbitral.
Tal princípio foi, inclusive, um dos basilares para a outorga, pelo legislador, do caráter
obrigatório e vinculante à convenção de arbitragem.
A jurisprudência internacional já não permite que um Estado alegue disposições restritivas de seu
próprio direito para fugir aos efeitos de uma convenção de arbitragem livremente pactuada.
Não se admite que uma parte deixe de honrar o compromisso após sua assinatura ou
atue no processo com má-fé.
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MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem
Se a sentença arbitral estrangeira violar o princípio do contraditório, não poderá ser homologada
aqui, conforme Artigo 38, III, da Lei nº 9.307/96.
Todavia, devemos sempre observar o princípio da ampla defesa. De forma alguma, uma parte
pode ser prejudicada.
O princípio da igualdade das partes encontra-se no Artigo 5º, caput, da Constituição Federal e no
Artigo 21, Parágrafo 2º, da Lei nº 9.307/96.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 2
Não é admissível que sejam atribuídas prerrogativas a uma das partes, conferindo-lhe benefícios,
de modo a alterar o equilíbrio entre elas.
Esse princípio determina que o terceiro – no caso, o árbitro – deve proceder com
imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.
Conforme a Regra 10.070 do Capítulo 44.1011 dos Estatutos da Flórida, imparcialidade deve ser
entendida como...
Se o árbitro agir de outra forma, a sentença arbitral será nula – Artigo 32, VIII, da Lei de Arbitragem.
Esse princípio exprime a liberdade atribuída ao árbitro para apreciar as provas com inteligência,
bom senso, ponderação e prudência antes de proferir sua decisão.
Dessa forma, permite que o árbitro forme sua livre convicção na hora do julgamento.
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MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem
Só é permitido que se recorra ao Poder Judiciário nos casos de nulidade da sentença arbitral –
Artigo 32 –, mas não para novo exame do mérito por insatisfação da parte vencida.
Se, após a análise pertinente, o árbitro ou o tribunal se julga competente, o processo arbitral tem
prosseguimento.
A cláusula compromissória tem plena validade, e o juízo arbitral deve ser instituído
para solucionar a controvérsia.
Esse princípio visa assegurar a efetiva instauração do juízo arbitral e impedir a parte de
má-fé de não cumprir com a obrigação pactuada.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 2
2.12 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
3.1 SURGIMENTO
Desde o Império, já havia previsão do instituto da arbitragem em nosso ordenamento.
Contudo, só podemos dizer que houve realmente um grande avanço para a propagação
desse instituto recentemente, com o advento da Lei nº 9.307/96.
Um dos motivos pelos quais o instituto da arbitragem não se desenvolveu até o advento da Lei
nº 9.307/96 foi o Decreto nº 3.900/1867...
Além disso, houve a inclusão do Artigo nº 475-N, inciso IV, no Código de Processo Civil, que trata
sobre os títulos executivos judiciais – Artigo nº 515 do Novo Código de Processo Civil.
45
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem
A Lei nº 9.307/96 – Artigo 3 e seguintes – não faz qualquer distinção entre cláusula
compromissória e compromisso arbitral.
A cláusula compromissória é assinada antes, enquanto as partes mantêm boa relação, estipulando
que a controvérsia será resolvida por meio da arbitragem, se houver necessidade.
À época, discutiu-se muito a aplicação do Decreto nº 3.900/1867 – sobre juízo arbitral – às causas
da Fazenda Nacional.
Esse litígio teve início na década de 1940, mas só foi resolvido pelo Supremo Tribunal
Federal 30 anos depois.
A Lei nº 13.129/2015, que altera o artigo 1º da Lei nº 9.307/1996, trouxe autorização para a
Administração Pública participar de arbitragens. Vejamos:
§1º A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir
conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 2
A Administração Pública contestou tal decisão judicialmente, alegando que não poderia participar
de um juízo arbitral.
3.4.2 JUDICIÁRIO
Ainda hoje, há polêmica quanto à sujeição de entes públicos ao juízo arbitral, mesmo havendo
cláusula compromissória firmada pelas partes.
3.5.1 MERCOSUL
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MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem
O Protocolo de Olivos anulou o Protocolo de Brasília, que já previa a arbitragem como meio de
solução de controvérsias.
3.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
São elas...
Era necessária a realização do compromisso arbitral manifestando a intenção das partes pela
efetiva resolução da controvérsia pela arbitragem.
Com o advento da Lei nº 9.307/96, a convenção de arbitragem – seja ela expressa na forma de
cláusula compromissória ou compromisso arbitral – adquiriu força e, uma vez existente, obriga as
partes a instaurarem o juízo arbitral.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 2
Após lavratura do laudo arbitral, não há mais novo exame de mérito da questão.
É importante ressaltar que não foi conferido poder de coação ao juízo arbitral.
Por força do Artigo 267, Inciso VII, do Código de Processo Civil, se houver convenção de arbitragem
entre as partes, o juiz deve extinguir o processo sem resolução do mérito – Artigo 485, Inciso VII
no Novo Código de Processo Civil.
O juiz não pode tomar conhecimento do litígio. Deve ser instaurado o juízo arbitral por ser o
competente, conforme manifestação prévia das partes.
Por força do Parágrafo 4º do Artigo 301 do Código de Processo Civil, o juiz não poderá conhecer
de ofício a existência da convenção de arbitragem – Artigo 337, Parágrafos 5º e 6º no Novo
Código de Processo Civil.
4.4 HOMOLOGAÇÃO
As sentenças arbitrais estrangeiras deveriam ser homologadas judicialmente, no país de origem,
antes de serem encaminhados para o STF.
Esse procedimento deveria ser cumprido mesmo nos casos em que, no país
de origem, as sentenças fossem exequíveis independentemente de
homologação.
O Artigo 35 da Lei nº 9.307/96 determinou que a sentença arbitral estrangeira estaria sujeita
unicamente à homologação do Supremo Tribunal de Federal – STF.
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MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem
Para os pedidos de cooperação, feitos com base em tratados celebrados pelo país, a
autoridade competente será a prevista no diploma convencional.
Agora, é válida a citação postal, desde que haja prova inequívoca do recebimento e tempo hábil
para o exercício do direito de defesa.
Esse dispositivo configura uma importante mudança e afasta a tradicional orientação do STF em
não homologar sentenças arbitrais estrangeiras...
...cujas citações, da parte brasileira, ocorreram por via consular ou diplomática, por via
postal ou por affidavit.
O objetivo principal da Lei nº 13.129/2015 foi pacificar algumas polêmicas, por isso, não trouxe
modificações no instituto, como a Lei nº 9.307/1996.
4.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
5.1 ARBITRABILIDADE
50
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2
A arbitrabilidade subjetiva...
A arbitrabilidade objetiva...
O Artigo 852 do Código Civil de 2002 veda a convenção arbitral que verse
sobre direito pessoal de família e outras convenções que não tenham caráter
estritamente patrimonial.
Com relação ao particular, seja ele pessoa física ou jurídica, não há mais controvérsias
após a declaração de constitucionalidade da Lei nº 9.307/96.
No que tange à participação de sociedade de economia mista, o Superior Tribunal de Justiça, nos
dois casos recentes julgados – Recurso Especial 612.439 e Mandado de Segurança 11.308 –,
entendeu que é possível a participação.
No que tange à participação de sociedade de economia mista, o Superior Tribunal de Justiça, nos
dois casos recentes julgados – Recurso Especial 612.439 e Mandado de Segurança 11.308 –,
entendeu que é possível a participação.
51
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem
...são patrimoniais os direitos relativos a bens que podem ser apreciados economicamente,
quantificados em moeda. Disponíveis são os direitos que se referem a bens apropriáveis,
alienáveis, que se encontram no comércio jurídico.
Todavia, se tiver, mesmo que no contrato conste a cláusula compromissória, essa questão
não poderá ser submetida à arbitragem por falta de arbitrabilidade objetiva.
Os direitos decorrentes dos contratos firmados entre a Administração Pública – em sua forma
direta ou indireta – e o particular são pontos controvertidos na doutrina.
5.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
6.2 ECONOMICIDADE
Assim como na mediação, comparativamente ao custo de um processo judicial, o custo de um
processo arbitral pode ser bem pequeno.
Além dos honorários do árbitro, as partes devem arcar também com os custos
excepcionais, como, por exemplo, gravação e transcrição das reuniões.
52
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2
Cada instituição pode adotar uma tabela de honorários e custas, que varia dependendo do número
de árbitros escolhidos pelas partes.
6.2.1 TEMPO
Conforme o Artigo 23 da Lei de Arbitragem, a sentença deve ser proferida em até seis meses
contados da instituição da arbitragem.
Esse prazo pode ser prorrogado pelas partes e pelo árbitro – ou tribunal arbitral.
Não há possibilidade de reexame do mérito, seja pelo próprio tribunal ou pelo Poder
Judiciário.
O uso de um dos meios alternativos de solução amigável de controvérsias permite que as partes
mantenham o bom relacionamento, independentemente daquele conflito.
53
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem
6.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
7.1 CONTROVÉRSIA
A Lei nº 9.307/96 – Artigo 3 e seguintes – não faz qualquer distinção entre compromisso arbitral
e cláusula compromissória.
Na cláusula cheia, o conteúdo para definição da instauração da arbitragem está completo com...
a instituição arbitral – se a arbitragem for institucional;
regras aplicáveis;
número de árbitros;
forma de escolha dos membros do tribunal ou indicação do único árbitro;
idioma;
local de arbitragem.
54
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2
Dessa forma, as partes devem, em comum acordo, indicar como será feita a arbitragem
ou recorrer ao Judiciário para a definição.
A ICC prevê ainda como modelo para o procedimento cautelar pré-arbitral a seguinte cláusula...
Qualquer das partes do presente contrato terá o direito de recorrer e o dever de se submeter
ao procedimento cautelar pré-arbitral da Câmara de Comércio Internacional, de acordo
com o Regulamento de Procedimento Cautelar Pré-Arbitral.
A ICC lembra ainda às partes de acrescentarem a lei que rege o contrato, o número de árbitros, o
local e o idioma da arbitragem.
55
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem
Modelo 1...
As questões decorrentes deste contrato serão dirimidas por arbitragem administrada pela
Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem da Fundação Getulio Vargas realizada segundo
o Regulamento dessa Câmara. O local da arbitragem será a cidade de...
Modelo 2...
Toda e qualquer controvérsia que possa surgir da interpretação ou da execução deste
contrato será resolvida por um ou mais árbitros, de acordo com os termos do Regulamento
da Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem da Fundação Getulio Vargas.
Modelo 3...
Todas as controvérsias decorrentes do presente contrato, de sua execução e liquidação,
serão resolvidas, em definitivo, nos termos do Regulamento da Câmara FGV de Conciliação
e Arbitragem da Fundação Getulio Vargas, por um ou mais árbitros nomeados na
conformidade do mesmo Regulamento.
Quando eleita uma instituição, devemos observar o regulamento da mesma. Por isso,
a eleição da Câmara deve ser feita com muita atenção.
7.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.
56
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3
MÓDULO 3 – ÁRBITRO
APRESENTAÇÃO
Neste módulo, estudaremos a figura do árbitro – a pessoa que decide a controvérsia em um
processo de arbitragem.
Veremos ainda que, na arbitragem, as partes têm total liberdade para definir, de comum acordo,
a forma como serão escolhidos os árbitros. Analisaremos também as situações de impedimento
e suspeição da imparcialidade do árbitro.
O árbitro...
...pode ser qualquer pessoa maior de idade, no domínio de suas faculdades mentais e
que tenha a confiança das partes.
...não pode ter interesse no resultado da demanda e não pode estar vinculado a
nenhuma das partes.
57
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem
Não há restrições quanto às qualificações das pessoas que podem ser escolhidas para
desempenhar tal função.
De acordo com o Artigo 13 da Lei nº 9.307/96, qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das
partes pode ser escolhida como árbitro.
58
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3
Nada impede que seja apontado apenas um árbitro para solucionar o conflito.
A ressalva feita pela lei exigindo que, no caso do tribunal arbitral, o número de árbitros seja ímpar
justifica-se para evitar qualquer possibilidade de empate na solução da arbitragem.
Não havendo acordo entre eles na sugestão de outro profissional, as partes podem recorrer ao
Poder Judiciário, que deve indicar outro árbitro – Artigo 13, Parágrafo 2º, da Lei nº 9.307/96.
Escolhido pelas partes em litígio, a função do árbitro é atuar como juiz de fato e de
direito – individualmente ou em tribunal arbitral – na tomada de decisões para
solucionar o conflito.
Caso prefiram, podem também adotar para a escolha as regras de um órgão arbitral
institucional ou uma entidade especializada como, por exemplo, a Câmara FGV de
Conciliação e Arbitragem.
A clareza das regras que venham a reger a escolha e a nomeação dos árbitros...
59
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem
Em um tribunal arbitral, é possível formar um corpo de árbitros que reúna pessoas com formações
ou especializações diferentes, oferecendo um órgão multidisciplinar para o julgamento de questões
de maior complexidade.
Uma instituição arbitral, geralmente, dispõe de uma infraestrutura que coloca à disposição das
partes e do árbitro – ou tribunal arbitral – o suporte necessário à boa condução da arbitragem.
60
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3
Muitas vezes, as características próprias da controvérsia determinam que se venha a optar por
uma em lugar da outra...
Mesmo indicados, os árbitros devem ser independentes em relação às partes e neutros no que
tange à disputa.
1.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
No livro A nova arbitragem: comentários à Lei nº 9.307, de 23.09.96, segundo os autores Paulo César
Moreira Teixeira e Rita Andreatta...
A diferença fundamental é que nestes, de suspeição, existem casos que estão voltados
para situações de cunho subjetivo e perante os quais a consciência do árbitro terá função
preponderante para sua presença ou não no processo.
61
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem
Por exemplo...
se o árbitro for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
se uma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes
destes, até o terceiro grau;
se o árbitro for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
se o árbitro receber dádivas antes ou depois de iniciada a arbitragem, aconselhar
alguma das partes sobre a disputa em questão ou fornecer meios para atender às
despesas do litígio;
se o árbitro estiver interessado no julgamento da causa em favor de uma das
partes.
Da mesma maneira que um juiz de direito, o árbitro pode declarar-se suspeito para o julgamento
da questão por motivo de foro íntimo.
62
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3
2.4 EXCEÇÃO
Caso alguma parte tenha interesse em recusar um dos árbitros, deve apresentar um documento
dirigido ao árbitro ou ao presidente do tribunal arbitral.
A recusa, em tais casos, apenas pode-se dar por razão superveniente à nomeação.
Admite-se a recusa por fato anterior apenas quando a parte não tiver nomeado diretamente o
árbitro ou quando o motivo para recusa deste só vier a ser conhecido futuramente – Artigo 14,
Parágrafo 2º, da Lei nº 9.307/96.
2.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
63
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem
Ainda que pareça excessivo, a conduta do árbitro que violar as regras e os mandamentos legais
pode levar ao resultado extremo e indesejado da nulidade da sentença arbitral.
O Artigo 13, Parágrafo 6º, da Lei de Arbitragem diz, expressamente, que os árbitros devem
desempenhar suas funções com imparcialidade, independência, competência, diligência e
discrição.
3.2 INDEPENDÊNCIA
A independência trata dos impedimentos para a atuação, e é elemento essencial para que o
árbitro aceite sua indicação e nomeação para exercer as funções.
Esse princípio é tão relevante que a lei impõe ao árbitro a obrigação de se manifestar
previamente à aceitação – Artigo 14, Parágrafo 1º, da Lei nº 9.307/96.
A lei também outorga às partes o direito de impugnação, e o árbitro está ainda obrigado a declarar
sua falta de independência, caso isso venha a ocorrer no curso da arbitragem.
...deve decidir sempre de forma isonômica – caso contrário, estará impedido de atuar.
...não pode sofrer qualquer tipo de influência de quem quer que seja para dirigir o
procedimento e proferir suas decisões.
64
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3
É um equívoco imaginar, como alguns pensam, que apenas advogados possam atuar
como árbitros.
Já que se trata de uma avaliação de caráter subjetivo, as partes podem entender, por
exemplo, que a experiência e vivência profissional do árbitro será suficiente para suprir
o que ele considera falho.
A despeito do que as partes decidam, o dever de revelar se refere ao foro íntimo do árbitro e, por
ser um dever, a revelação deve ser feita sem a preocupação com o resultado que ela possa gerar.
3.5 DISCRIÇÃO
Não há dúvidas de que a expressão discrição, contida no Artigo 13, Parágrafo 6º, refere-
se ao sigilo.
Mesmo que o procedimento arbitral não se caracterize como confidencial, o árbitro deve manter
sigilo do caso e do julgamento – durante e após a conclusão da arbitragem.
O processo decisório é restrito aos árbitros, e não é permitido que as partes estejam
presentes.
65
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem
O árbitro goza das mesmas garantias de um juiz togado e é considerado como juiz de
fato e de direito naquele processo arbitral, apesar de não pertencer aos quadros do
Poder Judiciário e ser desprovido do poder estatal.
O dever de diligência do árbitro inclui zelar para que a sentença arbitral seja cumprida, fazendo
com que a decisão se torne efetiva.
Vale lembrar que a não observância de tais regras pode levar à nulidade da
sentença arbitral.
3.7 HOMOLOGAÇÃO
Um dos aspectos mais importantes e inovadores da Lei de Arbitragem é que, após sua entrada em
vigor, a sentença arbitral não mais necessita de homologação pelo Poder Judiciário.
A decisão deve ser cumprida pelos litigantes, que não podem, se insatisfeitos, recorrer
ao Poder Judiciário para pedir revisão do julgamento de mérito.
As partes podem requerer aos árbitros que esclareçam alguma obscuridade, dúvida, contradição
ou omissão, ou que corrijam algum erro material encontrado na decisão.
Se o árbitro entender que o volume das tarefas a ele impostas é incompatível com a disponibilidade
de tempo, deve comunicar às partes para que avaliem a conveniência de mantê-lo ou não como
árbitro.
De sua parte, ele terá cumprido o que eticamente se espera de alguém indicado para
atuar nessa posição.
66
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3
Isso quer dizer que o árbitro, agindo de forma ilícita, sujeita-se às penas previstas para
os tipos específicos contemplados como crimes contra a Administração Pública
praticados por funcionários públicos.
Dessa forma, por exemplo, um árbitro pode responder por crime de prevaricação,
concussão ou corrupção passiva...
Prevaricação...
Consiste em retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício ou praticá-lo
contra disposição expressa na lei para satisfazer interesse ou sentimento pessoal –
segundo o Artigo 319 do Código Penal, a pena prevista é de detenção de três meses
a um ano e multa.
Concussão...
Consiste em exigir vantagem indevida para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela – de acordo com o
Artigo 316 do Código Penal, a pena prevista é de reclusão de dois a oito anos e multa.
Corrupção passiva...
Caracteriza-se pela solicitação ou pelo recebimento de vantagem indevida – ou
aceitação de promessa de tal vantagem – para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela – segundo o Artigo
317 do Código Penal, a pena prevista é de reclusão de um a oito anos e multa.
3.9 DEVERES
Ao aplicarmos aos árbitros os mesmos deveres e as responsabilidades dos juízes de direito –
Artigo 14 da Lei nº 9.307/96 –, estes devem...
assegurar às partes igualdade de tratamento;
velar pela rápida solução do litígio;
prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça;
tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.
67
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem
Cabe aos árbitros exercerem, com responsabilidade, todas as manifestações deles exigidas, seja
de independência, de imparcialidade ou de discrição.
3.11 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Não existe regra determinando qual das partes é responsável pelo pagamento de custas e dos
honorários dos árbitros. Cabe a elas decidirem a respeito do assunto no momento apropriado, isto
é, na redação da cláusula compromissória ou na assinatura do compromisso arbitral.
As partes podem decidir, por exemplo, que todas as despesas decorrentes da arbitragem serão
divididas entre elas ou decidir que a parte perdedora pagará os honorários do tribunal arbitral.
4.2 REGRAS
Em arbitragens institucionais, existem regras predefinidas pelas organizações especializadas.
68
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3
4.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.
69
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4
APRESENTAÇÃO
Neste módulo, conheceremos o procedimento arbitral nos panoramas internacional e nacional.
Veremos que cada câmara de arbitragem tem seu regulamento próprio, mas os procedimentos
para instauração da arbitragem são praticamente os mesmos.
Houve um grande avanço no uso dos meios alternativos de solução de controvérsia com o
advento da Lei de Arbitragem.
Nesse sentido, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ – instituiu a Política Judiciária Nacional de
Tratamento Adequado de Conflitos, no âmbito do Poder Judiciário, por meio da Resolução nº
125/10.
Esse ato normativo tem como objetivo traçar uma política pública permanente de tratamento
adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses em âmbito nacional.
Por essa razão, esse conselho tem como meta conduzir a sistematização e o
aprimoramento das práticas já adotadas pelos tribunais brasileiros para uniformizar os
serviços de conciliação, mediação e outros métodos consensuais.
71
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem
Essa sistematização...
A adoção da política pública permanente, orientada pelo CNJ, evita disparidades de orientação e
de práticas diante das especificidades regionais...
Hoje a utilização dos meios alternativos de composição de conflitos é vista, em sua maioria, como
uma possibilidade viável para desafogar o Poder Judiciário.
1.2 CONIMA
O Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem – CONIMA – é uma entidade cujo
objetivo é congregar e representar as entidades de mediação e arbitragem.
O CONIMA...
...dispõe de um Código de Ética para Mediadores e Árbitros para servir de modelo para
as instituições afiliadas e outras.
72
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4
Essas são as áreas do conhecimento tradicionalmente dominadas pela FGV e que, por
isso, imprimem o caráter da instituição à Câmara.
1.4 MEDIARE
O Mediare – Diálogos e Processos Decisórios, fundado em 1997, tem como objetivos a divulgação,
a capacitação, a consultoria e a prática da mediação e de outros instrumentos não adversariais
destinados à administração de conflitos.
73
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem
1.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Em virtude de seu reconhecimento e sua credibilidade, podemos citar, entre elas, o World Mediation
Forum – WMF.
74
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4
O WMF existe para unir todos os indivíduos e as organizações que desejam promover mediação
e resolução de conflitos em todas as modalidades.
A Association for Conflict Resolution foi criada em janeiro de 2001, quando a Academy
of Family Mediators – AFM –, a Conflict Resolution Education Network – CREnet – e a
Society for Professionals in Dispute Resolution – SPIDR – unificaram-se em apenas uma
organização.
O atual Regulamento ADR representa a mais recente iniciativa da ICC nesse campo.
75
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem
As partes envolvidas em uma arbitragem da CCI podem recorrer ao ADR da CCI, caso
o conflito pareça justificar uma abordagem diversa, mais consensual.
Não havendo consenso entre as partes quanto ao método a ser adotado, a mediação será utilizada.
Como método amigável de solução de conflitos, o Regulamento ADR deve ser diferenciado da
arbitragem da CCI.
É possível às partes recorrerem à arbitragem se não conseguirem chegar a uma solução amigável.
2.4 PEACEWEB
A PeaceWeb, organização internacional sem fins lucrativos, começou em 1982 como The National
Conference on Peacemaking and Conflict Resolution.
A PeaceWeb busca conectar indivíduos e grupos que trabalham – seja em nível local, nacional,
seja internacional – pela paz, pela transformação de conflitos não violentos, pela justiça racial e
econômica, e pelo desenvolvimento sustentável.
76
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4
A Fundação forma parte da Red de Organizaciones de la Sociedad Civil – Red OSC –, coordenada
pelo Centro de Estudos de Justiça das Américas – CEJA.
O Asia Pacific Mediation Forum facilita a mediação em qualquer forma – intercultural, interpessoal,
interinstitucional ou internacional, dentro e entre diversos países e culturas da Ásia.
Para atingir esse objetivo, as conferências são sediadas na Ásia, a cada dois anos.
A seção tem vários comitês, incluindo arbitragem, mediação internacional, entre outros.
77
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem
...tem escritórios nos Estados Unidos e na Europa, acordos cooperativos com instituições
de vários países.
...estudar;
...pesquisar;
...promover;
78
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4
...mediação;
...conciliação;
...negociação;
...eleições democráticas;
A LCIA providencia uma eficiente, flexível e imparcial administração dos procedimentos de solução
de controvérsias para todas as partes, não importando suas localizações e sob qual regime jurídico
estavam submetidas.
Em 1981, a LCIA recebeu esse nome para refletir a natureza de seu trabalho, que, à
época, era predominantemente internacional.
O instituto foi reconhecido, nos anos 70, pelos Estados Unidos e pela União Soviética, como um
centro neutro para a resolução de disputas nas relações comerciais de Leste a Oeste.
79
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem
O instituto está expandindo seus serviços relacionados à arbitragem internacional para vários
países.
A Câmara Federal de Economia tem inúmeros membros, que representam vários ramos da indústria,
como fabricação, comércio, finanças, crédito, seguros, transporte, turismo, comércio e embarcações/
aviões.
As partes são livres para designar o local da arbitragem na Suíça ou em outro lugar.
2.13 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
80
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4
3.1 REQUERIMENTO
Os procedimentos para instauração da arbitragem são praticamente os mesmos, variando um
pouco na forma de realização do ato e nos prazos fixados.
Para recorrer à arbitragem, a parte deve fazer o requerimento por escrito, contendo:
os nomes completos, a qualificação e os endereços das partes;
o objeto do litígio e, se desejar, uma sucinta exposição das razões que fundamentam
a pretensão;
o valor atribuído pelo requerente ao litígio;
a indicação de árbitro, quando for o caso.
81
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem
Caso a parte requerida não manifeste consentimento em submeter-se à arbitragem ou se, havendo
com ela concordado, deixar de firmar o compromisso arbitral, a parte requerente pode:
requerer, na forma do disposto no Artigo 7º da Lei nº 9.307/96, a citação da outra
parte para comparecer em juízo a fim de se lavrar o termo de compromisso;
requerer, dentro do prazo estipulado no regulamento, contados os dias, via de
regra, a partir da intimação que lhe fará a câmara, que esta promova o andamento
da arbitragem, desde que a cláusula compromissória determine que a arbitragem
seja administrada de acordo com o regulamento da câmara escolhida e assim
previsto no mesmo.
Promovida a arbitragem, a parte revel – ou seja, aquela que não se apresentou nem se
manifestou no processo – é intimada de todos os atos procedimentais.
A parte revel pode ingressar no processo a qualquer tempo, no estado em que este se
encontrar. A revelia no procedimento arbitral não induz o efeito mencionado no Artigo
344 do Novo Código de Processo Civil.
82
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4
Por outro lado, caso a parte requerida tenha concordado com a instauração da arbitragem, os
árbitros são nomeados.
83
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem
Assim como o requerimento, as razões e os documentos devem ser apresentados em vias para o
requerido – ou requeridos –, e mais uma destinada ao tribunal arbitral e outra à secretaria da
câmara.
O requerido tem prazo estipulado no regulamento para apresentar resposta, e deve anexar a
documentação necessária e indicar as provas que deseja produzir.
Nessa audiência, as partes podem apresentar alegações finais, oralmente ou por escrito.
O tribunal arbitral pode solicitar que compareçam também pessoas cuja presença seja considerada
necessária à formação do convencimento por parte dos julgadores.
A audiência é realizada mesmo que alguma das partes regularmente intimada não
compareça.
O não comparecimento de qualquer das partes à audiência não impede que seja proferida a
sentença arbitral.
84
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4
3.10 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Caso não haja essa previsão, o prazo para apresentação da sentença é de seis meses,
contados da instituição da arbitragem ou substituição do árbitro.
§2º As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo para proferir a
sentença final.
4.2 VOTAÇÃO
A sentença arbitral é deliberada por maioria de votos.
O árbitro que decidir por divergir da maioria deve fundamentar o voto vencido, que integrará a
sentença.
85
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem
Essa sentença pode ser enviada para as partes, conforme o regulamento da câmara
eleita por elas.
O tribunal arbitral decide no prazo de 10 dias, notificando as partes, por escrito, de sua decisão e
aditando, se for o caso, a sentença arbitral – Lei nº 13.129/2015, Artigo 30, Parágrafo único:
86
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4
4.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
5.1 RECURSOS
O recurso admitido visa apenas corrigir erro material ou esclarecer alguma obscuridade, dúvida
ou contradição da sentença arbitral.
A sentença arbitral não pode ter seu mérito examinado novamente pelo
Poder Judiciário.
Conforme o Artigo 33 da Lei de Arbitragem, a parte deve pleitear a nulidade da sentença arbitral
perante o Poder Judiciário, seguindo o Código de Processo Civil.
87
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem
As matérias passíveis de alegação para desconstituição do título só podem versar sobre os incisos
do Artigo 32 da Lei de Arbitragem.
5.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Entre eles, está a ofensa à ordem pública, que, como conceito indefinido, pode gerar rediscussão
do mérito da sentença estrangeira.
Conforme o Artigo 40 dessa lei, se os vícios formais tiverem sido supridos, não há
impedimentos para que a parte interessada renove o pedido.
Fora esses casos, não é admissível a impugnação da sentença arbitral – perante o Estado-juiz, ou
qualquer entidade arbitral institucional ou entidade especializada, nacional ou estrangeira – porque
ela é revestida pelo instituto da coisa julgada.
88
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4
(...) o laudo arbitral emitido com base no Protocolo de Brasília é uma decisão internacional
que obriga o país na órbita internacional e produz efeitos internos. A sentença internacional
não se confunde com a sentença estrangeira, que é a proferida pelo poder judiciário de
outro Estado, para ser executada no país. A sentença estrangeira provém de uma
autoridade judiciária estatal, cuja execução no território de outro requer a prévia
aprovação do judiciário local por meio de sentença homologatória. E o que se executa é a
sentença homologatória nacional da sentença estrangeira.
O laudo não foi proferido por um Poder Judiciário de outro Estado, e sim por um
Tribunal ao qual o Brasil aceitou se submeter.
É importante ressaltar que o Protocolo de Las Leñas não tirou a necessidade de homologação
pelo órgão competente.
O Protocolo de Las Leñas apenas simplificou o procedimento necessário para as sentenças arbitrais
provenientes dos Estados-Parte do MERCOSUL.
89
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem
A Convenção de Nova Iorque foi a fonte inspiradora para a elaboração da Convenção de Panamá
1975, também ratificada pelo Brasil.
...aquelas sentenças que não são nacionais no Estado em que se pede seu
reconhecimento.
Seu objetivo principal é a definição válida de arbitragem e sua aceitação pelos países signatários.
6.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.
90
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
APRESENTAÇÃO
Neste módulo, enfocaremos a arbitragem envolvendo o Estado.
Por essa razão, não seria possível usar a arbitragem para solução das controvérsias..
Dessa forma, a Administração Pública só está autorizada a praticar atos previstos em lei ou outro
ato normativo – diferentemente do particular, que pode praticar qualquer ato que não seja
contrário à lei. Vejamos algumas observações acerca do princípio da legalidade...
Autorização específica...
A arbitragem só pode ser utilizada por um ente público se houver expressa autorização
legal para tanto. A divergência entre os autores está exatamente na existência da
autorização legal pelas leis já publicadas. A maioria da doutrina admite o uso da
arbitragem pela Administração Pública, desde que o princípio da legalidade seja
observado – como ocorreu no caso Lage. Ou seja, reivindica a existência de um ato
normativo específico.
91
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem
Argumentos contrários...
Aqueles que defendem ainda não haver a autorização legal sustentam que a aplicação
do direito privado nos contratos administrativos, de forma supletiva, seria uma forma
de infringir à própria Lei nº 8.666/93.
A Lei nº 13.129/2015 alterou o Artigo 1º da Lei nº 9.307/1996 para trazer, de forma expressa, essa
autorização. Vejamos:
92
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
Para outros, só é admissível nos casos previstos em lei, como, por exemplo, nos contratos
decorrentes de financiamento internacional.
Somente esses atos de gestão podem ser submetidos à arbitragem, pois versam sobre
direito patrimonial disponível.
Os contratos decorrentes de atos de império só podem ser analisados pelo Poder Judiciário, pois
decorrem da soberania do Estado.
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MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem
Conveniência pode ser interpretada como as condições que fazem com que a
Administração Pública escolha aquela opção.
Oportunidade deve ser interpretada como o momento em que o ato deve ser praticado.
A Administração Pública direta está adstrita ao Princípio do Duplo Grau de Jurisdição – previsto no
Artigo 496 do Novo Código de Processo Civil –, ou seja, a novo exame do mérito pelo tribunal.
94
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
A Lei nº 9.469/97 autorizou, por parte da Administração Pública, a não propositura de recursos ou
a desistência dos já interpostos nas causas em que o valor não ultrapasse R$ 10.000,00.
A Administração Pública indireta não pode alegar esse princípio para afastar-se da
arbitragem.
1.9 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Jurisdição pode ser entendido como o poder de julgar, de dizer o direito pela aplicação
da lei aos casos concretos.
Para alguns autores, não devemos eliminar o monopólio da jurisdição estatal, mas oferecer aos
litigantes alternativas eficazes para a solução das controvérsias.
Por outro lado, há a falta de coisa julgada e a definitividade das decisões do tribunal marítimo e do
conselho de contribuintes, uma vez que podem sofrer revisão do Poder Judiciário.
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MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem
A falta de poder de coação do árbitro para executar suas decisões não lhe
tira a jurisdicionalidade.
Segundo essa teoria, a decisão proferida pelo árbitro decorria apenas da vontade
manifestada pelas partes e do acordo firmado pelas mesmas.
2.5 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
Nesses contratos, o conteúdo é constituído, previamente, por uma das partes, eliminando a livre
discussão que precede a formação dos contratos.
Esse tipo de contrato é típico dos serviços concedidos, ou dos produtos monopolizados ou prestados
por um grupo reduzido de prestadores, deixando a escolha dos consumidores limitada.
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MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem
O dispositivo expresso revogava o Artigo 51, Inciso VII, do Código de Defesa do Consumidor – Lei
nº 8.078/90 –, que considera abusiva a cláusula, em contratos de consumo, que imponha a
utilização compulsória da arbitragem.
O referido dispositivo acabou retirado do texto final da lei, que se refere, genericamente,
apenas aos contratos de adesão, não mencionando os contratos de consumo.
A Lei nº 13.129/2015 não fez a alteração, pois o dispositivo que autorizava o uso de arbitragem
nas relações de consumo foi vetado.
3.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
A primeira é...
...o empregado é a parte mais fraca da relação jurídica, e a Justiça do Trabalho foi criada
com o objetivo de protegê-lo.
A segunda é...
...as questões trabalhistas não são arbitráveis.
Por outro lado, adotando a impossibilidade de disponibilidade dos direitos trabalhistas, não será
possível o uso da arbitragem ou de qualquer outro meio alternativo de solução de controvérsias
por falta de arbitrabilidade objetiva.
Para alguns autores, a afirmativa de que os direitos trabalhistas são indisponíveis não é
correta.
O Artigo 9º da CLT declara que os atos tendentes a desvirtuar, fraudar ou impedir a aplicação das
normas de proteção ao trabalho são nulos, mas não estabelece, de antemão, a indisponibilidade
dos direitos do trabalhador.
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MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem
Se os direitos do trabalhador fossem indisponíveis, não seria possível celebrar acordos perante a
Justiça do Trabalho nas reclamações trabalhistas.
A Lei nº 13.129/2015 não fez a alteração, pois o dispositivo que autorizava o uso de arbitragem
nas relações individuais de trabalho foi vetado.
Os autores aconselham a participação do sindicato para evitar o desequilíbrio das partes e apontam
os seguintes direitos como objeto para arbitragem...
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
4.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Para alguns autores, desde o advento da Lei nº 9.307/96, já era possível incluir cláusula
compromissória nos estatutos.
A inserção trazida pela Lei nº 10.303/01 demonstra aos acionistas a inclinação/indução do legislador
para que se utilize a via amigável de solução de conflitos.
O Parágrafo 3º do Artigo 109 da Lei nº 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações – versa sobre a
possibilidade de o estatuto da sociedade prever que as divergências entre os acionistas e a
companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, sejam solucionadas
mediante arbitragem.
Para sua validade, essa cláusula compromissória deve ser explícita quanto às partes e
às relações societárias entre elas, e sobre os limites da competência arbitral.
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MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem
5.2 ACIONISTAS
Para Modesto Carvalhosa, mesmo que o acionista preencha todos os requisitos que o qualificam
como capaz para contratar, se o direito – objeto da arbitragem – for um direito patrimonial
disponível, a pessoa deve, de forma expressa, manifestar, inequivocamente, sua vontade pela via
arbitral.
Dessa forma, o novo acionista, quando ingressar na companhia, deverá exprimir seu
interesse em aderir à cláusula compromissória estatutária.
[...]
Com efeito, não cabe exigir, sob pena de se negar ao estatuto social o caráter de contrato
organizativo, a aprovação expressa de todos os acionistas para a cláusula
compromissória.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
5.3 INTERMEDIÁRIOS
José Virgílio Lopes Enei observa que, muitas vezes, a aquisição de ações é realizada por
intermediários – corretores – em bolsa de valores ou mercado de balcão...
Ainda que o novo acionista não tome conhecimento, estará vinculado à cláusula compromissória...
...pois, por opção, tomou uma decisão sem conhecimento de todas as informações
necessárias.
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MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem
Para Daniela Bessone Barbosa Moreira, a cláusula compromissóra estatutária não é uma obrigação
personalíssima, pois...
Isso ocorre porque a relação diz respeito somente aos acionistas e a seus patrimônios,
não havendo reflexos na sociedade.
104
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
Para Pedro Batista Martins, o estatuto social não é um contrato de adesão, por isso, não haverá a
necessidade de concordância expressa do acionista na cláusula compromissória.
A Lei nº 13.129/2015 alterou a Lei nº 6.404/1976, incluindo o artigo 136-A na Subseção Direito de
Retirada da Seção III do Capítulo XI:
§ 1º A convenção somente terá eficácia após o decurso do prazo de 30 (trinta) dias, contado
da publicação da ata da assembleia geral que a aprovou.
5.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem
6.1 ACÓRDÃO
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro proferiu acórdão sobre a abrangência da cláusula
compromissória inserida em um contrato conexo a outro, mas omisso quanto à previsão de
convenção de arbitragem em todos os contratos relacionados.
A cláusula compromissória não poderia ser estendida para outros contratos, mesmo
que estes estivessem relacionados.
Nos contratos conexos, as partes devem ter cuidado e muita atenção na hora
de redigir cláusulas de resolução de controvérsias.
Se pretendem eleger a arbitragem como meio alternativo para todas as questões, as partes
devem deixar isso expressamente consignado em todos os contratos.
Nesse caso, deve ser firmada uma cláusula em cada contrato assinado pelas partes.
6.3 SÍNTESE
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7.1 ÁRBITROS
De acordo com o Artigo 22, Parágrafo 2º da Lei de Arbitragem, os árbitros poderão solicitar ao
Poder Judiciário originariamente competente para julgar a causa, no curso do procedimento que
promova diligências de forma coercitiva.
Nada impede, contudo, que o árbitro decrete a medida faltando a efetivação da coerção,
o que só pode ser realizado pelo juiz.
CAPÍTULO IV-A
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário
para a concessão de medida cautelar ou de urgência.
Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a
medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário.
O árbitro não tem o poder de coerção, e, se a parte n ão cumprir voluntariamente, a outra deve
recorrer ao Poder Judiciário.
7.3 SÍNTESE
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107
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem
As ações judiciais, para não permitirem o julgamento por um órgão jurisdicional ou arbitral
considerado incompetente, podem proibir uma parte de iniciar ou continuar o processo arbitral.
Essas ações judiciais podem até mesmo proibir uma das partes de cumprir uma decisão
estatal que homologa uma sentença arbitral estrangeira.
Segundo esse princípio, os árbitros devem mensurar sua própria competência e julgar
se ela é adequada ao caso para que foram selecionados.
O árbitro – ou tribunal arbitral – é o competente para julgar sobre sua própria competência e
conforme a Convenção de Nova Iorque – Decreto nº 4.311/ 02, Artigo II, 3º e Lei nº 9.307/96,
Artigo 8º.
A questão passa pela análise dos dispositivos legais – seriam eles de direito material ou de direito
processual?
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
O STJ, ao julgar o REsp 238.174/SP, decidiu, por maioria, que a Lei nº 9.307/96 – sejam considerados
os dispositivos de direito material, sejam os de direito processual – não poderia retroagir para
atingir os efeitos do negócio jurídico perfeito.
Isso significa que a Lei nº 9.307/96 não poderia ser aplicada aos contratos assinados
antes de sua vigência.
A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que
celebrados antes da sua edição.
8.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
A arbitragem prevista pelo MAE deveria observar o sigilo, quando não houvesse óbice
legal.
O Artigo 4º, Parágrafos 5º e 6º, da Lei n° 10.848/04 também prevê a arbitragem, mencionando,
expressamente, que o procedimento será regido pela Lei n° 9.307/96.
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MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem
Não há dúvida de que a nova lei trata de arbitragem propriamente dita, e não de
procedimento administrativo.
Foram propostas duas ações diretas de inconstitucionalidade contra a Medida Provisória 144/03.
...em comentário ao novo modelo instituído, quando se tratar de disputa sobre direitos
disponíveis, decorrentes dos contratos de concessão, constituindo o que a lei hoje
denomina de direitos emergentes, dentre eles, a própria energia produzida e a ser
comercializada pelos concessionários, assim como o cumprimento das obrigações
impostas às partes e decorrentes dos PPAs, não haveria necessidade de submissão do
litígio a uma instância administrativa, considerando-se que da decisão administrativa
cabe recurso para o Poder Judiciário, o que é extremamente desgastante e
contraproducente.
O termo inclusive pode gerar dúvidas com relação à coexistência das cláusulas de eleição de foro
e de arbitragem no mesmo contrato.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 5
9.3 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.
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Mediação e Arbitragem MÓDULO 6
MÓDULO 6 – ENCERRAMENTO
APRESENTAÇÃO
Na unidade 1 deste módulo, você encontrará algumas divertidas opções para testar seus
conhecimentos sobre o conteúdo desenvolvido em toda a disciplina, a fim de se preparar para
seu exame final. São elas...
caça-palavras;
palavras cruzadas;
forca;
criptograma.
A estrutura desses jogos é bem conhecida por todos.Você poderá escolher o jogo de sua preferência
ou jogar todos eles... a opção é sua! Em cada um deles, você encontrará perguntas – acompanhadas
de gabaritos e comentários – por meio das quais você poderá se autoavaliar.
Já, na unidade 2, é hora de falarmos sério!!!! Sabemos que o novo – e a disciplina que você
terminou de cursar enquadra-se em uma modalidade de ensino muito nova para todos nós,
brasileiros – tem de estar sujeito à crítica... a sugestões... a redefinições. Por estarmos cientes
desse processo, contamos com cada um de vocês para nos ajudar a avaliar nosso trabalho.
Então? Preparado?
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