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Mediação e Arbitragem SUMÁRIO

SUMÁRIO

ABERTURA .................................................................................................................................. 9
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................................................................... 9
OBJETIVO E CONTEÚDO ......................................................................................................................................................... 9
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................................................... 10
PROFESSORES-AUTORES ....................................................................................................................................................... 12

MÓDULO 1 – MEDIAÇÃO ........................................................................................................... 13


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 13
UNIDADE 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DO MOVIMENTO DE ADRS ................................................... 13
1.1 MEIOS ALTERNATIVOS DE COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS ................................................................................ 13
1.2 NEGOCIAÇÃO DE CONFLITOS ..................................................................................................................................... 13
1.3 ACORDO ENTRE AS PARTES .......................................................................................................................................... 14
1.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 14
UNIDADE 2 – CARACTERÍSTICAS E VANTAGENS DA MEDIAÇÃO ...................................................... 14
2.1 CONCEITO DE MEDIAÇÃO ............................................................................................................................................. 14
2.1.1 PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO ASSISTIDO .............................................................................................................. 14
2.2 CARACTERÍSTICAS DA MEDIAÇÃO ............................................................................................................................. 15
2.2.1 OUTRAS CARACTERÍSTICAS DA MEDIAÇÃO ........................................................................................................ 15
2.3 PARTES ENVOLVIDAS ...................................................................................................................................................... 16
2.4 ESSÊNCIA DA MEDIAÇÃO .............................................................................................................................................. 16
2.5 QUALIDADE CENTRAL DA MEDIAÇÃO ..................................................................................................................... 16
2.6 MEDIADOR .......................................................................................................................................................................... 16
2.7 PARTICIPAÇÃO .................................................................................................................................................................... 17
2.8 TAREFA DO MEDIADOR .................................................................................................................................................. 17
2.9 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 17
UNIDADE 3 – TIPOS DE MEDIAÇÃO .................................................................................................... 18
3.1 MODALIDADES DE MEDIAÇÃO ................................................................................................................................... 18
3.2 MEDIAÇÃO FACILITATIVA ............................................................................................................................................... 18
3.3 MEDIAÇÃO AVALIATIVA .................................................................................................................................................. 18
3.4 MEDIAÇÃO TRANSFORMATIVA .................................................................................................................................... 19
3.5 MEDIAÇÃO NARRATIVA ................................................................................................................................................... 19
3.6 OUTROS TIPOS DE MEDIAÇÃO .................................................................................................................................... 19
3.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 19
UNIDADE 4 – PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO .......................................................................................... 20
4.1 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE .............................................................................................................. 20
4.2 PRINCÍPIO DA NÃO ADVERSARIEDADE ..................................................................................................................... 20
4.3 PRINCÍPIO DA PRESENÇA DO TERCEIRO INTERVENTOR ..................................................................................... 20
4.4 PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE E DA IMPARCIALIDADE ..................................................................................... 20
4.4.1 ABSTENÇÕES ................................................................................................................................................................... 21
4.4.2 LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE ............................................................................................................................. 21
4.5 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 21
UNIDADE 5 – BENEFÍCIOS DA MEDIAÇÃO .......................................................................................... 22
5.1 CELERIDADE ........................................................................................................................................................................ 22
SUMÁRIO Mediação e Arbitragem

5.2 EFETIVIDADE DE RESULTADOS .................................................................................................................................... 22


5.3 ATENDIMENTO DOS INTERESSES MÚTUOS ........................................................................................................... 22
5.4 REDUÇÃO DO CUSTO FINANCEIRO ........................................................................................................................... 23
5.5 SIGILO E PRIVACIDADE ................................................................................................................................................... 23
5.5.1 CONFIDENCIALIDADE .................................................................................................................................................. 23
5.6 PREVENÇÃO NA FORMAÇÃO E REINCIDÊNCIA DE CONFLITOS ...................................................................... 24
5.7 FLUIDEZ NA COMUNICAÇÃO ...................................................................................................................................... 24
5.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 24
UNIDADE 6 – PAPEL DO MEDIADOR .................................................................................................. 24
6.1 MEDIADOR .......................................................................................................................................................................... 24
6.2 JUÍZO DE VALOR ............................................................................................................................................................... 25
6.3 CONDUÇÃO DAS ATIVIDADES ..................................................................................................................................... 26
6.4 ATENDIMENTO DOS INTERESSES MÚTUOS ........................................................................................................... 26
6.5 DISSIMULAÇÃO ................................................................................................................................................................. 26
6.6 HONORÁRIOS E CUSTOS ................................................................................................................................................ 27
6.7 FORMAÇÃO DO MEDIADOR .......................................................................................................................................... 27
6.7.1 MODELO DE MEDIAÇÃO ............................................................................................................................................ 28
6.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 28
UNIDADE 7 – PROCESSO DE MEDIAÇÃO ............................................................................................ 28
7.1 ETAPAS DO PROCESSO .................................................................................................................................................... 28
7.2 ESTRUTURAÇÃO DA MEDIAÇÃO ................................................................................................................................. 29
7.3 PRIMEIRA ETAPA ................................................................................................................................................................. 29
7.3.1 PLANO DE MEDIAÇÃO PARA NEGOCIAÇÕES CONJUNTAS ............................................................................ 29
7.3.2 REGRAS .............................................................................................................................................................................. 30
7.3.3 PRÉ-MEDIAÇÃO .............................................................................................................................................................. 31
7.4 SEGUNDA ETAPA ............................................................................................................................................................... 31
7.5 TERCEIRA ETAPA ................................................................................................................................................................. 32
7.5.1 BASE PARA COMUNICAÇÃO ...................................................................................................................................... 32
7.6 QUARTA ETAPA ................................................................................................................................................................... 32
7.7 QUINTA ETAPA .................................................................................................................................................................... 33
7.8 SEXTA ETAPA ....................................................................................................................................................................... 33
7.9 SÉTIMA ETAPA .................................................................................................................................................................... 33
7.10 ACORDO ESCRITO ........................................................................................................................................................... 34
7.10.1 CUMPRIMENTO DA DECISÃO ................................................................................................................................. 34
7.11 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 34
UNIDADE 8 – LEI SOBRE MEDIAÇÃO NO BRASIL ................................................................................ 34
8.1 LEI Nº 13.140/2015 ........................................................................................................................................................... 34
8.2 MODALIDADES DE MEDIAÇÃO ................................................................................................................................... 35
8.2.1 MEDIAÇÃO PRÉVIA ........................................................................................................................................................ 35
8.2.2 MEDIAÇÃO INCIDENTAL ............................................................................................................................................. 35
8.3 ACORDO POR SENTENÇA ............................................................................................................................................... 36
8.4 TERMO DE MEDIAÇÃO .................................................................................................................................................... 36
8.5 INSTITUCIONALIZAÇÃO DA MEDIAÇÃO .................................................................................................................. 36
Mediação e Arbitragem SUMÁRIO

8.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 36


UNIDADE 9 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 37

MÓDULO 2 – ASPECTOS GERAIS DA ARBITRAGEM ............................................................... 39


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 39
UNIDADE 1 – CONCEITO DE ARBITRAGEM ........................................................................................ 39
1.1 ARBITRAGEM ...................................................................................................................................................................... 39
1.2 RESOLUÇÃO DA CONTROVÉRSIA ................................................................................................................................ 39
1.3 LEI SOBRE ARBITRAGEM ................................................................................................................................................ 40
1.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 40
UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS DA ARBITRAGEM ...................................................................................... 40
2.1 PRINCÍPIOS REGEDORES ................................................................................................................................................. 40
2.2 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE .............................................................................................................. 40
2.2.1 IDIOMA .............................................................................................................................................................................. 41
2.3 PRINCÍPIO DA BOA-FÉ ..................................................................................................................................................... 41
2.3.1 PROCEDIMENTO ARBITRAL ........................................................................................................................................ 41
2.4 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO .................................................................................................................................. 42
2.5 PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA ..................................................................................................................................... 42
2.6 PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS PARTES .................................................................................................................. 42
2.7 PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE ................................................................................................................................. 43
2.8 PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO .................................................................................................................. 43
2.9 PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE DA SENTENÇA ARBITRAL ......................................................................... 43
2.10 PRINCÍPIO DA KOMPETENZ-KOMPETENZ ............................................................................................................ 44
2.11 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA ................................................................. 44
2.12 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 45
UNIDADE 3 – BREVE HISTÓRICO DA ARBITRAGEM BRASILEIRA ....................................................... 45
3.1 SURGIMENTO ..................................................................................................................................................................... 45
3.2 EFEITOS DA PUBLICAÇÃO DA LEI DE ARBITRAGEM ............................................................................................ 45
3.3 CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E COMPROMISSO ARBITRAL .......................................................................... 46
3.4 ARBITRAGEM E SETOR PÚBLICO ................................................................................................................................. 46
3.4.1 LAUDO ARBITRAL .......................................................................................................................................................... 47
3.4.2 JUDICIÁRIO ....................................................................................................................................................................... 47
3.5 CENÁRIO PÚBLICO INTERNACIONAL ........................................................................................................................ 47
3.5.1 MERCOSUL ....................................................................................................................................................................... 47
3.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 48
UNIDADE 4 – PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI Nº 9.307/96 ................................... 48
4.1 PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES .......................................................................................................................................... 48
4.2 FORÇA OBRIGATÓRIA E VINCULANTE ....................................................................................................................... 48
4.3 EQUIPARAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL À SENTENÇA JUDICIAL .................................................................. 49
4.4 HOMOLOGAÇÃO ............................................................................................................................................................... 49
4.5 AUTORIDADES COMPETENTES .................................................................................................................................... 49
4.6 CITAÇÃO POSTAL ............................................................................................................................................................... 50
4.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 50
UNIDADE 5 – ARBITRABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA ................................................................. 50
5.1 ARBITRABILIDADE ............................................................................................................................................................. 50
SUMÁRIO Mediação e Arbitragem

5.1.1 CONVENÇÃO ARBITRAL .............................................................................................................................................. 51


5.2 ARBITRABILIDADE SUBJETIVA ...................................................................................................................................... 51
5.3 ARBITRABILIDADE OBJETIVA ........................................................................................................................................ 52
5.3.1 DIREITOS DISPONÍVEIS E INDISPONÍVEIS ............................................................................................................. 52
5.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 52
UNIDADE 6 – VANTAGENS DA ARBITRAGEM ..................................................................................... 52
6.1 INÚMERAS VANTAGENS ................................................................................................................................................. 52
6.2 ECONOMICIDADE ............................................................................................................................................................. 52
6.2.1 TEMPO ............................................................................................................................................................................... 53
6.3 PRESERVAÇÃO DO RELACIONAMENTO CONTRATUAL ........................................................................................ 53
6.3.1 CONTINUIDADE À RELAÇÃO PRÉVIA ...................................................................................................................... 54
6.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 54
UNIDADE 7 – CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM .................................................................................... 54
7.1 CONTROVÉRSIA ................................................................................................................................................................. 54
7.2 CLÁUSULA CHEIA ............................................................................................................................................................. 54
7.2.1 CLÁUSULA VAZIA .......................................................................................................................................................... 55
7.3 MODELOS DE CLÁUSULAS CHEIAS ........................................................................................................................... 55
7.3.1 INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE ....................................................................................................... 55
7.3.2 CÂMARA DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS .................................. 56
7.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 56
UNIDADE 8 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 56

MÓDULO 3 – ÁRBITRO .............................................................................................................. 57


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 57
UNIDADE 1 – FIGURA DO ÁRBITRO .................................................................................................... 57
1.1 DEFINIÇÃO DO ÁRBITRO ................................................................................................................................................ 57
1.2 SUCESSO DA ARBITRAGEM ........................................................................................................................................... 57
1.3 QUALIFICAÇÃO DO ÁRBITRO ....................................................................................................................................... 58
1.3.1 CONFIANÇA DAS PARTES ........................................................................................................................................... 58
1.4 ESCOLHA DE ÁRBITROS .................................................................................................................................................. 59
1.4.1 NÚMERO PAR DE ÁRBITROS ....................................................................................................................................... 59
1.4.2 CLAREZA DAS REGRAS ................................................................................................................................................ 59
1.4.3 ÁRBITRO ÚNICO ............................................................................................................................................................. 60
1.4.4 COMPOSIÇÃO TRINA .................................................................................................................................................... 60
1.5 ARBITRAGEM AD HOC VERSUS ARBITRAGEM INSTITUCIONAL ...................................................................... 60
1.5.1 REQUISITO ÉTICO ........................................................................................................................................................... 61
1.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 61
UNIDADE 2 – IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DA IMPARCIALIDADE DO ÁRBITRO .............................. 61
2.1 SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO ....................................................................................................................................... 61
2.2 SITUAÇÕES DE IMPEDIMENTO DO ÁRBITRO ......................................................................................................... 62
2.3 SITUAÇÕES DE SUSPEIÇÃO DA IMPARCIALIDADE DO ÁRBITRO ..................................................................... 62
2.4 EXCEÇÃO .............................................................................................................................................................................. 63
2.5 RECUSA POR FATO ANTERIOR ...................................................................................................................................... 63
2.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 63
UNIDADE 3 – CARACTERÍSTICAS E DEVERES DE UM ÁRBITRO .......................................................... 63
3.1 CONDUTA DO ÁRBITRO .................................................................................................................................................. 63
Mediação e Arbitragem SUMÁRIO

3.2 INDEPENDÊNCIA ............................................................................................................................................................... 64


3.3 PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE OU IMPARCIALIDADE ........................................................................................ 64
3.4 CAPACIDADE TÉCNICA .................................................................................................................................................... 65
3.4.1 INTEGRALIDADE DO CONHECIMENTO NECESSÁRIO ...................................................................................... 65
3.5 DISCRIÇÃO ........................................................................................................................................................................... 65
3.6 SERENIDADE E DILIGÊNCIA .......................................................................................................................................... 66
3.7 HOMOLOGAÇÃO ............................................................................................................................................................... 66
3.8 EQUIPARAÇÃO A FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS ......................................................................................................... 67
3.9 DEVERES ............................................................................................................................................................................... 67
3.10 PAPEL DE DESTAQUE .................................................................................................................................................... 68
3.11 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 68
UNIDADE 4 – HONORÁRIOS DO ÁRBITRO ......................................................................................... 68
4.1 COMPENSAÇÃO FINANCEIRA ....................................................................................................................................... 68
4.2 REGRAS ................................................................................................................................................................................. 68
4.3 QUANTIA A SER PAGA ..................................................................................................................................................... 69
4.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 69
UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 69

MÓDULO 4 – PROCEDIMENTO ARBITRAL ............................................................................... 71


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 71
UNIDADE 1 – PANORAMA NACIONAL ............................................................................................... 71
1.1 MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIA ................................................................................ 71
1.1.1 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA ....................................................................................................................... 71
1.2 CONIMA ................................................................................................................................................................................ 72
1.3 CÂMARA FGV DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM ................................................................................................. 73
1.3.1 CARÁTER DA INSTITUIÇÃO ......................................................................................................................................... 73
1.4 MEDIARE .............................................................................................................................................................................. 73
1.5 FÓRUM NACIONAL DE MEDIAÇÃO ............................................................................................................................ 74
1.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 74
UNIDADE 2 – PANORAMA INTERNACIONAL ..................................................................................... 74
2.1 WORLD MEDIATION FORUM ........................................................................................................................................ 74
2.2 ASSOCIATION FOR CONFLICT RESOLUTION ........................................................................................................... 75
2.3 INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE .......................................................................................................... 75
2.3.1 REGULAMENTO ADR .................................................................................................................................................... 76
2.4 PEACEWEB ........................................................................................................................................................................... 76
2.5 MEDIADORES EN RED ..................................................................................................................................................... 77
2.6 ASIA PACIFIC MEDIATION FORUM ............................................................................................................................. 77
2.7 AMERICAN BAR ASSOCIATION – CONFLICT RESOLUTION SECTION ............................................................. 77
2.8 AMERICAN ARBITRATION ASSOCIATION .................................................................................................................. 78
2.9 LONDON COURT OF INTERNATIONAL ARBITRATION .......................................................................................... 79
2.10 INSTITUTO DE ARBITRAGEM DA CÂMARA DE COMÉRCIO DE ESTOCOLMO ........................................... 79
2.11 INTERNATIONAL ARBITRAL CENTRE OF THE AUSTRIAN FEDERAL ECONOMIC CHAMBER ................ 80
2.12 CÂMARA SUÍÇA DE ARBITRAGEM ............................................................................................................................ 80
2.13 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 80
UNIDADE 3 – INSTAURAÇÃO DA ARBITRAGEM ................................................................................ 81
3.1 REQUERIMENTO ................................................................................................................................................................ 81
SUMÁRIO Mediação e Arbitragem

3.2 TAXA DE ABERTURA DO PROCEDIMENTO ARBITRAL .......................................................................................... 81


3.3 ANÁLISE DO REQUERIMENTO ...................................................................................................................................... 81
3.4 INDICAÇÃO DOS ÁRBITROS .......................................................................................................................................... 82
3.5 PROSSEGUIMENTO DA ARBITRAGEM ....................................................................................................................... 82
3.6 TERMO DE COMPROMISSO ARBITRAL ...................................................................................................................... 83
3.6.1 OUTRAS INFORMAÇÕES .............................................................................................................................................. 83
3.7 REQUERENTE E REQUERIDO .......................................................................................................................................... 83
3.8 PRODUÇÃO DE PROVAS .................................................................................................................................................. 84
3.9 ALEGAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................................... 84
3.10 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 85
UNIDADE 4 – SENTENÇA ARBITRAL ................................................................................................... 85
4.1 MOMENTO DA APRESENTAÇÃO DA SENTENÇA ................................................................................................... 85
4.2 VOTAÇÃO ............................................................................................................................................................................. 85
4.3 ELEMENTOS DA SENTENÇA .......................................................................................................................................... 85
4.3.1 OUTRAS CARACERÍSTICAS .......................................................................................................................................... 86
4.4 DIVULGAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL .................................................................................................................. 86
4.5 APRESENTAÇÃO DE RECURSOS ................................................................................................................................... 86
4.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 87
UNIDADE 5 – MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL .................................................... 87
5.1 RECURSOS ............................................................................................................................................................................ 87
5.2 RECURSOS FORMAIS ........................................................................................................................................................ 87
5.3 EXECUÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL ....................................................................................................................... 88
5.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 88
UNIDADE 6 – SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA ........................................................................... 88
6.1 IMPUGNAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL ................................................................................................................. 88
6.2 SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA VERSUS SENTENÇA ARBITRAL INTERNACIONAL .......................... 89
6.3 DEFINIÇÃO PELA LEI DE ARBITRAGEM ..................................................................................................................... 89
6.4 CONVENÇÃO DE NOVA IORQUE ................................................................................................................................. 90
6.5 PROTOCOLO DE GENEBRA ............................................................................................................................................ 90
6.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 90
UNIDADE 7 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 90

MÓDULO 5 – POLÊMICA SOBRE A LEI DE ARBITRAGEM ........................................................ 91


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 91
UNIDADE 1 – ARBITRAGEM ENVOLVENDO O ESTADO ..................................................................... 91
1.1 FALTA DE CLAREZA .......................................................................................................................................................... 91
1.2 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE .......................................................................................................................................... 91
1.3 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO ......................................................................... 93
1.4 ATOS DE IMPÉRIO VERSUS ATOS DE GESTÃO ....................................................................................................... 93
1.5 PODER DISCRICIONÁRIO ................................................................................................................................................ 93
1.6 EMPRESAS ESTATAIS ......................................................................................................................................................... 94
1.7 CLÁUSULAS EXORBITANTES ......................................................................................................................................... 94
1.8 IRRECORRIBILIDADE DAS SENTENÇAS ARBITRAIS ................................................................................................ 94
1.8.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA ........................................................................................................................ 95
Mediação e Arbitragem SUMÁRIO

1.9 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 95


UNIDADE 2 – CARÁTER JURISDICIONAL DA ARBITRAGEM ............................................................... 95
2.1 CONCEITO DE JURISDIÇÃO ........................................................................................................................................... 95
2.2 DEFINITIVIDADE DA SENTENÇA E FALTA DE COAÇÃO ...................................................................................... 95
2.3 TEORIAS CONCERNENTES À NATUREZA JURÍDICA DO JUÍZO ARBITRAL ..................................................... 96
2.4 CARÁTER PUBLICÍSTICO ................................................................................................................................................. 96
2.5 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 96
UNIDADE 3 – ARBITRAGEM NOS CONTRATOS DE ADESÃO .............................................................. 97
3.1 ROTINA DE CONTRATAÇÃO ........................................................................................................................................... 97
3.2 TRATAMENTO ESPECIAL ................................................................................................................................................. 97
3.3 FORMA DE CONCORDÂNCIA ........................................................................................................................................ 98
3.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 98
UNIDADE 4 – ARBITRAGEM E DIREITO TRABALHISTA ....................................................................... 98
4.1 DISSÍDIOS COLETIVOS .................................................................................................................................................... 98
4.2 DISSÍDIOS INDIVIDUAIS ................................................................................................................................................. 99
4.2.1 USO DA ARBITRAGEM .................................................................................................................................................. 99
4.3 ARGUMENTOS PARA O USO DA ARBITRAGEM ...................................................................................................... 99
4.3.1 PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO ............................................................................................................................... 100
4.4 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 101
UNIDADE 5 – CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA ESTATUTÁRIA ......................................................... 101
5.1 CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA ESTATUTÁRIA ..................................................................................................... 101
5.1.1 SITUAÇÕES DE DIVERGÊNCIA ................................................................................................................................. 101
5.2 ACIONISTAS ....................................................................................................................................................................... 102
5.2.1 AUTONOMIA DA VONTADE ..................................................................................................................................... 102
5.3 INTERMEDIÁRIOS ............................................................................................................................................................ 103
5.4 PACTO PERSONALÍSSIMO ............................................................................................................................................ 103
5.5 RELAÇÕES NA INCLUSÃO DA CLÁUSULA ............................................................................................................. 104
5.5.1 CONTRATO DE ADESÃO ............................................................................................................................................ 104
5.6 NOVO MERCADO ............................................................................................................................................................ 105
5.7 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 105
UNIDADE 6 – ARBITRAGEM, CONTRATOS CONEXOS E TERCEIROS NÃO SIGNATÁRIOS ................ 106
6.1 ACÓRDÃO .......................................................................................................................................................................... 106
6.2 REDAÇÃO DAS CLÁUSULAS ........................................................................................................................................ 106
6.3 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 106
UNIDADE 7 – ÁRBITRO E MEDIDAS CAUTELARES ............................................................................ 106
7.1 ÁRBITROS ........................................................................................................................................................................... 106
7.2 OBTENÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES ................................................................................................................. 106
7.3 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 107
UNIDADE 8 – ANTI-SUIT INJUNCTIONS E KOMPETENZ-KOMPETENZ ............................................. 107
8.1 USO DA ANTI-SUIT INJUNCTIONS ............................................................................................................................ 107
8.2 ANTI-SUIT INJUNCTIONS ............................................................................................................................................. 107
8.3 PRINCÍPIO DA KOMPETENZ-KOMPETENZ ............................................................................................................. 108
8.4 ENTENDIMENTO DOS TRIBUNAIS ............................................................................................................................ 108
8.5 LEI DE ARBITRAGEM NO TEMPO ............................................................................................................................... 108
SUMÁRIO Mediação e Arbitragem

8.6 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 109


UNIDADE 9 – SETORES DE ENERGIA ELÉTRICA E PETROLÍFERO ...................................................... 109
9.1 MERCADO ATACADISTA DE ENERGIA ELÉTRICA ................................................................................................. 109
9.1.1 LEI Nº 10.848/04 ........................................................................................................................................................... 109
9.1.2 NOVO MODELO INSTITUÍDO .................................................................................................................................. 110
9.2 LEI DO PETRÓLEO ........................................................................................................................................................... 110
9.2.1 COEXISTÊNCIA DAS CLÁUSULAS .......................................................................................................................... 110
9.2.2 PROCEDIMENTO ARBITRAL ...................................................................................................................................... 111
9.3 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 111
UNIDADE 10 – CENÁRIOS CULTURAIS ............................................................................................. 111

MÓDULO 6 – ENCERRAMENTO .............................................................................................. 113


APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................... 113
Mediação e Arbitragem ABERTURA

ABERTURA

APRESENTAÇÃO
Em Mediação e Arbitragem, objetivamos o estudo de métodos alternativos ao Poder Judiciário
para solução de conflitos e resolução de disputas, a partir de uma perspectiva negocial e prática.
Nessa perspectiva, apresentaremos os vínculos entre os conceitos e a terminologia técnica
utilizados pela legislação, pela doutrina e pela jurisprudência. Ademais, abordaremos a realidade
da negociação, seus dilemas usuais e as múltiplas soluções que as partes envolvidas concebem
para enfrentá-los.

Nosso propósito é apresentar o processo de solução de controvérsias, mais precisamente por


meio da mediação e da arbitragem. As tratativas preliminares para negociação e mediação de
conflitos constituem o primeiro ponto abordado. As peculiaridades da arbitragem, a relação entre
as partes e o árbitro, os procedimentos obrigatórios e as alternativas possíveis ao fim dos processos
serão também examinados. Por fim, abordaremos as tendências da utilização de tais modelos no
Brasil.

A perspectiva que adotamos tem impacto direto não apenas na organização do conteúdo como
também na metodologia. Pautaremos esse estudo na discussão de questões jurídicas decorrentes
de casos concretos. Dessa forma, tanto acompanharemos as experiências e as dificuldades vividas
pelos agentes ali descritos, quanto examinaremos os diversos aspectos jurídicos incidentes.

Mais ainda... Ao optar por fazer Mediação e Arbitragem, você optou também por participar de
um novo método de ensino – o ensino a distância. Dessa forma, você terá bastante flexibilidade
para realizar as atividades previstas. Embora você possa definir o tempo que irá dedicar a este
trabalho, ele foi planejado para ser concluído em um prazo determinado. Verifique sempre, no
calendário, o tempo de que você dispõe para dar conta das atividades propostas. Lá estarão
agendadas todas as atividades, inclusive aquelas a serem realizadas em equipe ou encaminhadas,
em data previamente determinada, ao Professor-Tutor.

OBJETIVO E CONTEÚDO
O objetivo de Mediação e arbitragem consiste em examinar dois importantes institutos, a
arbitragem e a mediação, como formas alternativas, viáveis, eficazes e eficientes para a resolução
dos mais diversos tipos de conflitos da área profissional e pessoal, evitando a necessidade de
ingresso no poder judiciário.

Módulo 1 – Mediação

Neste módulo, estudaremos o instituto da mediação, seu conceito, suas principais


características, as vantagens e desvantagens de sua utilização, os princípios que o
regem e, principalmente, a figura do mediador.

9
ABERTURA Mediação e Arbitragem

Módulo 2 – Aspectos gerais da arbitragem

Neste módulo, estudaremos a arbitragem, seu conceito, suas principais características,


suas formas e modalidades, em um contexto que permita diferenciá-lo da mediação e
dos demais institutos alternativos de resolução de conflitos.

Módulo 3 – Árbitro

Neste módulo, estudaremos a figura do árbitro como peça fundamental na condução


de qualquer arbitragem.

Módulo 4 – Procedimento arbitral

Neste módulo, estudaremos o procedimento arbitral, isto é, basicamente, o caminho


percorrido para o desenvolvimento da arbitragem.

Módulo 5 – Polêmica sobre a Lei de Arbitragem

Neste módulo, abordaremos, os temas polêmicos sobre arbitragem, como a arbitragem


frente ao Estado, às agências reguladoras, em caso de contrato de adesão...

BIBLIOGRAFIA
ALVIM, J. E. Comentários à Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307, de 23/9/1996). Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2004.
Livro indicado para exame detalhado das noções e dos conceitos presentes em cada
artigo da Lei de Arbitragem.

BOULLE, Laurence; NESIC, Miryana. Mediation, principles, process, and practice. London: Butterworths,
2001.
Este livro proporciona visão abrangente e internacional do instituto da mediação, desde
a análise de aspectos introdutórios até o exame de questões atuais e controvertidas.
Prioriza também o estudo da mediação no Reino Unido. Ao final, possui anexos com
informações interessantes sobre centros de estudo, organizações e instituições ligadas
à prática da mediação, sites e publicações.

CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei nº 9.307/96. São Paulo:
Malheiros, 1998.
Livro recomendado para se obter noções sobre a arbitragem e o processo arbitral à luz
da lei que os instituiu.

10
Mediação e Arbitragem ABERTURA

COOLEY, John W. A advocacia na mediação. Trad. René Loncan. Brasília: Unb, 2001.
Livro de fácil leitura e com proposta de transmitir ao leitor noções da atividade prática
da arbitragem, com exame de características e procedimentos de cada etapa do
processo arbitral.

DOLINGER, Jacob; TIBÚRCIO, Carmem. Direito Internacional Privado: arbitragem comercial


internacional. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
Apesar de o título mencionar o Direito Internacional Privado, o leitor tem acesso a um
digno exemplar em português sobre pesquisa em arbitragem internacional, resultado
do trabalho coordenado por dois professores especialistas que abordam o assunto
sobre arbitragem com bastante eficiência.

GOLDBERG, Stephen B.; SANDER, Frank E. A.; ROGERS, Nancy H.; COLE, Sarah Rudolph. Dispute
resolution, negotiation, mediation, and other processes. 4. ed. New York: Aspen Publishers, 2003.
Um dos livros mais utilizados para o estudo dos meios alternativos de composição de
conflitos em cursos de mestrado no exterior, possui linguagem prática sobre os diversos
institutos de solução alternativa de controvérsias. Inclui capítulos sobre mediação e
arbitragem, e contém diversos exemplos de casos práticos. Ao final, nos anexos, há
informações interessantes sobre publicações, sites correlatos e instituições envolvidas
em assuntos dessa natureza.

LIMA, Cláudio Vianna de. Curso de introdução à arbitragem. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1999.
Livro recomendado para se obterem noções introdutórias sobre arbitragem, de leitura
fácil e rápida.

MOORE, Christopher W. O processo de mediação: estratégicas práticas para a resolução de conflitos.


Trad. Magda França Lopes. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Outra importante fonte para se obterem noções introdutórias sobre arbitragem.

RAU, Alan Scott; SHERMAN, Edward F.; PEPPET, Scott R. Processes of dispute resolution: the role of
lawyers. 3. ed. New York: Foundation Press, 2002.
Este livro aborda as diversas modalidades de meios alternativos de composição de
conflitos, examina suas particularidades e proporciona o estudo de casos práticos da
jurisprudência norte-americana para os diferentes assuntos tratados. Mediação e
arbitragem fazem parte do escopo do livro.

REDFERN, Alan; HUNTER, Martin. Law & practice of International Commercial Arbitration. UK: Sweet
& Maxwell dump/Student Edition, 2003.
Este livro é indicado a todos aqueles que desejam-se especializar em arbitragem
comercial internacional. Os assuntos relativos à arbitragem internacional e comparativa
são abordados de forma bem didática, e o texto é de fácil leitura. Livro recomendado
em diversos cursos no exterior. Na versão de estudante, não há os anexos encontrados
na versão original. Esses anexos apresentam as diversas legislações sobre arbitragem e
os regulamentos de instituições afins.

11
ABERTURA Mediação e Arbitragem

TEIXEIRA, Paulo César Moreira; ANDREATTA, Rita Maria de Faria Corrêa. A nova arbitragem:
comentários à Lei 9.307, de 23.09.96. Porto Alegre: Síntese, 1997. p. 202.
Livro recomendado para o estudo dos conceitos elementares compreendidos na Lei
de Arbitragem.

PROFESSORES-AUTORES
Rafael Alves de Almeida é Coordenador geral da Pós-graduação em
Direito da FGV Direito Rio, e Coordenador do MBA Executivo On-line em
Gestão e Business Law – FGV Online. Doutorando em Políticas Públicas,
Estratégias e Desenvolvimento, pelo Instituto de Economia da UFRJ.
Concluiu o LL.M em International Business Law pela London School of
Economics and Political Science – LSE – e é Mestre em Regulação e
Concorrência pela Universidade Candido Mendes – UCAM. Formado
pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro – EMERJ –, é
Bacharel em Direito pela UFRJ e em Economia pela UCAM. Advogado e economista, membro do
Conselho Diretor do Mediare – Diálogos e Processos Decisórios – e do Corpo Permanente de
Conciliadores e Árbitros da Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem. Membro do The Young
International Arbitration Group – YIAG –, da The London Court of International Arbitration – LCIA –
e da ICDR Young & International Group, do International Centre for Dispute Resolution. Além disso,
é membro da International Society for Ecological Economics e da Sociedade Brasileira de Economia
Ecológica. É membro efetivo da Comissão de Mediação da OAB-RJ e Conselheiro da Associação
Brasileira de Jovens Advogados – ABJA. É presidente da LSE Brazilian Alumni Association.

Rodrigo Vianna é Vice-diretor Executivo e Professor da Pós-graduação


em Direito da FGV Direito Rio. Concluiu o LL.M em Alternative Dispute
Resolution pela Kingston University London. Advogado e bacharel em
Direito pela PUC-Rio, é Diretor do Mediare – Diálogos e Processos
Decisórios. É consultor da FGV Projetos e membro do Conselho Editorial
da FGV Direito Rio. Além disso, é membro do The Young International
Arbitration Group – YIAG –, da The London Court of International
Arbitration – LCIA –, da Young Chamber Britcham e membro efetivo da
Comissão de Mediação da OAB-RJ.

12
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

MÓDULO 1 – MEDIAÇÃO

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, analisaremos o conceito, as características e as vantagens da mediação extrajudicial.
Além disso, enfocaremos os métodos alternativos para solução de controvérsias e identificaremos
as implicações e controvérsias decorrentes da atuação das partes durante o processo de mediação.

UNIDADE 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DO MOVIMENTO DE ADRS

1.1 MEIOS ALTERNATIVOS DE COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS


A busca pelos chamados meios alternativos ou adequados de solução de conflitos, também
conhecidos como alternative dispute resolution – ADR –, acontece, principalmente, em virtude da
descrença e da morosidade do Poder Judiciário na resolução dos diversos litígios que lá aportam.

Há um crescente interesse entre advogados pela utilização de formas alternativas ao litígio ordinário
tradicional.

O objetivo da utilização dessas formas é resolver as disputas envolvendo o direito patrimonial


disponível de seus clientes de maneira...
 mais rápida, eficiente e econômica;
 com menos riscos e melhores resultados.

Nesse novo contexto de solução de conflitos, é facultado às partes escolherem, livremente, o


método a ser adotado e o procedimento.

Dessa forma, a diferença entre as formas pode ser examinada e enfrentada de forma diversa da
que seria caso o conflito fosse direcionado ao Poder Judiciário.

O litígio judicial passa a ser o último recurso disponível.

1.2 NEGOCIAÇÃO DE CONFLITOS


Para qualquer forma de composição de conflitos, há um processo intrínseco de negociação, de
troca bilateral de informações entre duas ou mais pessoas com interesses comuns ou diversos.

Trata-se do processo de comunicação e troca de informações para se atingir um objetivo final


ideal – que seria a satisfação consensual de interesses de ambas as partes, o denominador
comum.

Negociar significa não só barganhar com a outra parte, mas sim, e antes de tudo, trocar
informações, comunicar-se.

É importante expor os pontos de vista, comunicar-se e saber ouvir.

13
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

Para que as negociações consigam atingir seu objetivo, faz-se necessário o diálogo entre as
partes.

Nesse diálogo, ouvir cada parte é etapa crucial no processo negocial.

1.3 ACORDO ENTRE AS PARTES


A negociação é o início de qualquer caminho que leve ao acordo entre as partes envolvidas em
um conflito.

A escolha do meio alternativo mais adequado à solução da controvérsia em questão,


além de não arbitrária, deve observar alguns princípios.

1.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 2 – CARACTERÍSTICAS E VANTAGENS DA MEDIAÇÃO

2.1 CONCEITO DE MEDIAÇÃO


Quando duas ou mais pessoas são incapazes de resolver diferenças por meio de uma discussão
civilizada ou mesmo por meio de negociações, percebemos que o próximo passo lógico a ser
adotado é procurar uma terceira pessoa.

Essa terceira pessoa vai assistir os envolvidos no debate e facilitar a comunicação para se chegar
a uma possível solução.

Mediação é o meio alternativo de autocomposição de conflitos em que ocorre a


participação de um terceiro – desinteressado – no processo de solução de contendas.

Conforme o Parágrafo único do Artigo 1º da Lei nº 13.140/2015:

Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder
decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou
desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.

Trata-se, fundamentalmente, de um processo de negociação assistida. A principal diferença entre


negociação e mediação é a presença de um mediador, cuja neutralidade é essencial para o
sucesso do processo como um todo.

2.1.1 PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO ASSISTIDO


Definimos como mediação a técnica mediante a qual as partes envolvidas no conflito buscam
chegar a um acordo contando com a ajuda de um mediador, terceiro imparcial, que não tem
poder de decisão.

14
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

Mediação pode ser definida como um processo de negociação assistido


por um terceiro – o mediador –, escolhido de comum acordo pelas partes, a
quem são atribuídas funções específicas, com o fim de ajudar as partes a
buscar uma solução para o conflito.

2.2 CARACTERÍSTICAS DA MEDIAÇÃO


A mediação é um processo...
 privado;
 voluntário;
 confidencial;
 flexível;
 informal;
 participativo;
 não vinculante;
 não competitivo.

Buscamos, com a participação do mediador, auxiliar as partes em conflito a chegarem a um


denominador comum, a um acordo que atenda, na medida do possível, às demandas recíprocas
de ambas as partes.

O mediador desempenha o papel de facilitador da comunicação entre as partes em


conflito, assistindo às mesmas para que dialoguem no sentido de resolverem suas
contendas.

A flexibilidade da mediação está presente na escolha do procedimento e das regras que regerão
o processo.

Tanto o procedimento como as regras devem, necessariamente, ser aceitos pelas


partes envolvidas.

2.2.1 OUTRAS CARACTERÍSTICAS DA MEDIAÇÃO


O mediador deve facilitar a comunicação, buscando estabelecer um diálogo cooperativo e
respeitoso.

Um aspecto chave do processo de mediação é fazer com que as partes confrontem a


realidade de suas posições e percepções rígidas.

Assistidas por um terceiro neutro ao processo, as partes tentam, sistematicamente...


 isolar pontos de acordo e desacordo;
 explorar soluções alternativas;
 considerar compromissos com o fim de chegar, de forma consensual, a um acordo
sobre as questões relativas a seu conflito.

15
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

2.3 PARTES ENVOLVIDAS


Qualquer acordo deve ser obtido pelas próprias partes envolvidas voluntariamente.

Dessa forma, as partes se sentem mais satisfeitas e compromissadas para respeitá-lo e cumpri-lo.

2.4 ESSÊNCIA DA MEDIAÇÃO


A essência da mediação é a liberdade dada às partes para chegarem juntas a uma solução
consensual da disputa entre elas.

Além de lidar com questões fundamentais, a mediação auxilia também no estabelecimento e


fortalecimento de relacionamentos de confiança e respeito entre as partes.

Em determinadas situações, a mediação pode encerrar relacionamentos de forma a minimizar os


custos e os danos psicológicos que daí possam advir.

A mediação favorece uma atmosfera apoiada na solidariedade, na participação, no


comprometimento e na chamada cultura do diálogo.

2.5 QUALIDADE CENTRAL DA MEDIAÇÃO


A qualidade central da mediação apresenta-se como uma capacidade de reorientar as partes.

Essa orientação não se dá pela imposição de regras ou leis, mas pela ajuda às partes na conquista
de uma nova percepção do relacionamento, introduzindo maior confiança mútua para que o
conflito se resolva da melhor maneira.

Dessa forma, ambas as partes se sentem satisfeitas com o resultado.

2.6 MEDIADOR
Um mediador...

...tem poder de tomada de decisões limitado e não oficial.

...não pode, unilateralmente, mandar ou obrigar as partes a resolverem suas diferenças,


impondo sua decisão.

...não pode emitir juízo de valor.

É exatamente isso que distingue o mediador do juiz de Direito – que, de forma genérica, é
investido do poder jurisdicional de aplicar a lei ao caso concreto, dirimindo o conflito entre as
partes ao impor uma decisão a elas.

16
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

Existem dois aspectos essenciais na mediação que devem ser sempre


levados em consideração – a aceitabilidade e a participação.

As partes em disputa devem concordar quanto à existência de uma terceira pessoa


que fará parte da problemática da discussão.

2.7 PARTICIPAÇÃO
As partes envolvidas não são obrigadas a seguir todas as instruções e ponderações do mediador.
Basta, somente, que estejam dispostas a aceitar sua participação.

Essa participação não constitui, necessariamente, fator único de sucesso para a resolução
de qualquer conflito.

A presença de uma terceira pessoa é um fator considerável, mas não é nenhuma garantia de que
a contenda será resolvida.

A participação do mediador pode, simplesmente, facilitar o processo de solução do


conflito.

O mediador, ao contrário do juiz de Direito, trabalha direcionado a mediar as


partes, seus interesses.

2.8 TAREFA DO MEDIADOR


A tarefa do mediador é...
 encorajar a troca de informações;
 ajudar as partes a examinarem seus interesses e suas necessidades;
 ajudar a negociar a troca de promessas;
 auxiliar na compreensão dos pontos de vista de cada parte envolvida;
 fazer com que as partes se ouçam;
 ajudar a definir um esquema de relacionamento que venha a ser mutuamente
satisfatório e que possa corresponder aos padrões de justiça almejados por ambas
as partes.

Os mediadores não estão investidos de poder jurisdicional tal qual os juízes de Direito, e o
processo de mediação nem sempre resulta em um acordo.

Entretanto, é importante ressaltarmos que o resultado da mediação, quando exitosa,


será um título executivo extrajudicial.

2.9 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

17
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

UNIDADE 3 – TIPOS DE MEDIAÇÃO

3.1 MODALIDADES DE MEDIAÇÃO


Diversas modalidades de mediação podem ser utilizadas para a resolução dos conflitos. Entre
elas, temos...
 facilitativa;
 avaliativa;
 transformativa;
 narrativa.

3.2 MEDIAÇÃO FACILITATIVA

A mediação facilitativa pode ser considerada a mais estruturada e utilizada.

O mediador facilitador...

...utiliza-se de perguntas, procura interesses além do demonstrado.

...assiste às partes para encontrar uma resolução para o conflito.

A mediação facilitativa é a forma mais neutra.

O mediador não emite opiniões ou recomendações e tenta assistir às partes por meio de perguntas
direcionadas a cada uma delas.

3.3 MEDIAÇÃO AVALIATIVA


Na mediação avaliativa, o mediador intervém mais do que na modalidade facilitativa.

Nesse caso, o mediador propõe recomendações e aponta os pontos positivos ou


negativos da situação das partes.

O mediador pode, até mesmo, emitir opiniões sobre o que aconteceria caso o conflito
fosse levado à Justiça Comum.

Esse tipo de mediação é frequentemente utilizado quando o conflito


envolve questões patrimoniais – dinheiro.

18
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

3.4 MEDIAÇÃO TRANSFORMATIVA

A mediação transformativa é considerada um estilo novo.

Apesar de se basear na mediação facilitativa, a mediação transformativa busca fazer com que as
partes reconheçam o ponto de vista da outra, facilitando a resolução do conflito.

O objetivo é transformar o relacionamento durante a mediação por meio da interação


e melhor comunicação entre as partes.

3.5 MEDIAÇÃO NARRATIVA

Na mediação narrativa, as partes analisam o conflito por meio dos fatos


narrados.

A mediação narrativa tem como objetivo fazer com que as partes analisem o conflito de uma
certa distância, por meio dos fatos narrados por cada uma das partes.

O mediador analisa, juntamente com as partes, os fatos e acontecimentos, tentando


recriá-los de forma que o conflito passe a inexistir.

3.6 OUTROS TIPOS DE MEDIAÇÃO

Existem ainda outros tipos de mediação...

A mediação-acordo é aquela que encoraja a barganha para se chegar ao compromisso de um


acordo entre as partes em um conflito.

Esse tipo de mediação pode ser aplicado em conflitos comerciais, de ofensa pessoal
ou em conflitos industriais.

A mediação terapêutica trata de disputas simples e visa melhorar o relacionamento entre as


partes.

Esse tipo de mediação está ligado, geralmente, a questões emocionais e


comportamentais, e pode ser aplicado a conflitos matrimoniais e de relacionamento
entre pais com filhos ou interfamíliar.

3.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

19
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

UNIDADE 4 – PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO

4.1 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE

O princípio fundamental da mediação é o da autonomia da vontade.

A autonomia da vontade confere às partes a faculdade de se socorrerem de meios alternativos


para solução da controvérsia, versando sobre o direito patrimonial disponível.

Por esse princípio, as partes podem praticar um ato jurídico, determinando-lhe o conteúdo, a
forma e os efeitos.

Tal liberdade sofre algumas limitações. Entre elas...


 os preceitos de ordem pública e bons costumes;
 as imposições legais.

4.2 PRINCÍPIO DA NÃO ADVERSARIEDADE


Diferentemente do que ocorre nas demandas judiciais, não há, na mediação, o espírito de ganhador
versus perdedor.

As partes trabalham juntas para não somente conter o crescimento do número de


questões em disputa como também para encontrar uma solução consensual para o
conflito.

Na mediação, buscamos resolver o impasse sem competição.

4.3 PRINCÍPIO DA PRESENÇA DO TERCEIRO INTERVENTOR


A participação do mediador, terceiro desinteressado, por meio de técnicas específicas...

...assiste à negociação entre as partes conflitantes para facilitar a comunicação...

...e permitir que as partes cheguem a um acordo.

4.4 PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE E DA IMPARCIALIDADE


A neutralidade e a imparcialidade são fundamentais na mediação, uma vez que são as próprias
partes que chegam a um denominador comum.

O papel do mediador é apenas ajudá-las a trilhar o caminho.

A imparcialidade pode ser entendida como ausência de favoritismo, preferência ou


preconceito com relação a uma das partes.

20
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

A imparcialidade também corresponde a ações ou aparências que possam interferir


no desenvolvimento de suas atividades e na condução do processo.

O mediador deve ser neutro.

4.4.1 ABSTENÇÕES
Se, por algum motivo, o mediador achar que sua atitude está sendo parcial, deve-se retirar do
processo para evitar qualquer prejuízo a uma ou ambas as partes.

O mediador também não pode dar ou receber nenhum presente das partes.

O mediador deve abster-se de pedir favor, empréstimo, ou qualquer outro item ou valor de uma
ou ambas as partes, do advogado ou de qualquer outra pessoa envolvida no processo de mediação.

A responsabilidade do andamento do processo e do resultado é, exclusivamente, das partes, uma


vez que o mediador tem o papel apenas de mediar.

O poder de decisão, inclusive sobre o procedimento das sessões, deve ser exclusivo
das partes.

4.4.2 LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE


A coerção ou influência total ou parcial de uma das partes pelo mediador é inadmissível.

A parte deve tomar suas decisões por livre e espontânea vontade.

Para isso, o mediador deve informar todos os fatos materiais ou as circunstâncias no curso da
condução do processo.

A própria posição da cadeira do mediador e a distância entre ele e as partes servem


como indicativo de sua postura neutra.

4.5 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

21
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

UNIDADE 5 – BENEFÍCIOS DA MEDIAÇÃO

5.1 CELERIDADE

Do processo de mediação, retiramos vários benefícios que justificam sua


escolha. A celeridade é um deles.

O processo judicial está adstrito a várias formalidades legais, como, por exemplo, a publicação dos
atos, o que acarreta a demora no andamento processual.

Na mediação, essa formalidade excessiva não existe, o que facilita a movimentação do processo
e a obtenção célere do resultado. O direito de se expressar é conferido às partes, mas sem
burocracia.

Outra importante diferença é a falta de interposição de recursos judiciais. Como, na


mediação, as próprias partes participam do processo e da elaboração do acordo, não há
motivos para a interposição do recurso a uma segunda instância.

5.2 EFETIVIDADE DE RESULTADOS


Como não há competição, as partes não se sentem perdedoras, pois contribuem para a consecução
do resultado positivo...

...a celebração do acordo que resolve a controvérsia.

Com isso, a probabilidade do cumprimento integral e espontâneo do


acordado é maior.

5.3 ATENDIMENTO DOS INTERESSES MÚTUOS


Como são as próprias partes que celebram o acordo, são elas, diretamente, que priorizam seus
interesses.

Em virtude do sistema de colaboração e cooperação adotado na mediação, buscamos,


com a celebração do acordo, a satisfação do maior número possível de interesses das
partes.

22
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

5.4 REDUÇÃO DO CUSTO FINANCEIRO

Comparativamente ao custo de um processo judcial, o custo de um


processo de mediação pode ser bem menor.

Além dos honorários do mediador, as partes devem arcar com custos excepcionais, como, por
exemplo, gravação e transcrição das reuniões.

Geralmente, não é necessário pagar custas processuais para o início do processo de mediação.

No termo assinado entre as partes e o mediador, são fixados o valor e a forma de


pagamento de seus honorários e a quantia que, eventualmente, uma parte tenha de
pagar à outra, se esse for o caso.

É comum encontrar instituições que adotem tabela de honorários e de custas, mas ao


mediador é vedado solicitar honorários exorbitantes sem prévia justificativa.

5.5 SIGILO E PRIVACIDADE


Qualquer informação sobre a contenda só pode ser divulgada se houver autorização das partes
envolvidas.

A confidencialidade é uma garantia de que aquela controvérsia só será de conhecimento de


terceiros se as partes assim decidirem.

Ao mediador – e a sua equipe, se houver – é terminantemente proibida a divulgação


de qualquer fato ou informação do processo.

A confidencialidade é um dos princípios da mediação.

Sendo assim, o mediador está proibido de divulgar qualquer informação ou resultado


sem o consentimento das partes, exceto nos casos exigidos por lei.

5.5.1 CONFIDENCIALIDADE
A confidencialidade relaciona-se diretamente ao respeito à garantia de que as informações – de
qualquer natureza – recebidas pelo mediador não serão repassadas a terceiros alheios à mediação.

Todavia, há casos em que, por determinação prévia das partes, alguns aspectos do
processo podem ser revelados.

As partes devem ser instruídas sobre que fatos e informações apresentados durante a mediação
são considerados confidenciais.

23
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

5.6 PREVENÇÃO NA FORMAÇÃO E REINCIDÊNCIA DE CONFLITOS


Se a mediação for bem-sucedida, elimina o conflito e colabora para evitar novos conflitos.

Essa prevenção decorre do espírito envolvido na mediação – a cooperação.

A intenção das partes não é travar disputas judiciais grandiosas, mas resolver o conflito
da forma mais amigável possível, mantendo o bom relacionamento futuro.

Uma das vantagens de as partes poderem negociar diretamente o acordo é


o conhecimento e a troca de informações.

Sem a troca de informações, é inviável detectar os motivos que originaram o conflito e as medidas
que podem ser tomadas, por ambas as partes, para que tal fato não ocorra novamente.

5.7 FLUIDEZ NA COMUNICAÇÃO


Na mediação, as partes têm a oportunidade de se manifestarem.

Por conta disso, as chances de surgimento de um acordo aumentam.

Não há interferência de um terceiro interessado – como um advogado – expressando-se pela


parte.

A própria parte tem força para manifestar-se, ouvir e dialogar com a outra.

A comunicação flui porque há o contato direto entre as partes.

5.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 6 – PAPEL DO MEDIADOR

6.1 MEDIADOR
O mediador pode desempenhar diversos papéis com o intuito de ajudar as partes na resolução de
suas disputas. Vejamos...

Facilitador da comunicação...
Inicia ou facilita a melhor comunicação quando as partes já estão conversando.

24
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

Legitimador...
Ajuda todas as partes a reconhecerem o direito das outras de estarem envolvidas nas
negociações.

Facilitador do processo...
Propõe um procedimento, e, em geral, preside, formalmente, a sessão de negociação
e facilita a comunicação entre as partes.

Treinador...
Instrui os negociadores iniciantes, inexperientes ou despreparados no processo de
barganha.

Ampliador de recursos...
Proporciona assistência às partes, e as vincula a especialistas e a recursos externos –
como advogados, especialistas técnicos, pessoas responsáveis pela tomada de decisão
ou bens adicionais à negociação – que podem capacitá-las a aumentarem as opções
aceitáveis de acordo.

Explorador do problema...
Permite que as pessoas em disputa examinem o problema a partir de várias perspectivas,
ajuda nas definições das questões e dos interesses básicos, e procura opções
mutuamente satisfatórias.

Agente de realidade...
Ajuda na elaboração de um acordo razoável e viável, e questiona e desafia as partes
que têm objetivos radicais e não realistas.

‘Bode expiatório’...
Pode assumir certa responsabilidade ou culpa por uma decisão impopular que as
partes, apesar de tudo, estejam dispostas a aceitar – isso lhes permite manterem sua
integridade e, quando for o caso, angariarem o apoio de seus constituintes.

Líder...
Toma a iniciativa de prosseguir as negociações por meio de sugestões processuais ou
fundamentais.

6.2 JUÍZO DE VALOR


Independentemente da postura adotada, o mediador só está autorizado a fazer sugestões.

O mediador não emite um juízo de valor, apenas auxilia, encoraja as partes para que
estas cheguem a um denominador comum.

São as próprias partes que resolvem o conflito.

25
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

6.3 CONDUÇÃO DAS ATIVIDADES


Cada processo de mediação...

...exige uma agenda específica, às vezes, com características em comum.

...é único, e exige a atenção e a dedicação do mediador para sua conclusão.

Geralmente, as reuniões ocorrem no local de trabalho do mediador.

Por questões práticas ou físicas, podem ocorrer também em alguma instituição ou em outro local
determinado por todos os envolvidos.

O mediador que aceitar o encargo deve-se manter íntegro no processo de mediação,


respeitando os procedimentos e o desenvolvimento do processo.

6.4 ATENDIMENTO DOS INTERESSES MÚTUOS


O mediador deve...

...informar às partes qualquer interesse ou relacionamento que possa afetar a


imparcialidade, aparentar parcialidade ou quebrar a independência.

...revelar qualquer informação sobre sua conduta profissional e pessoal que possa
gerar desconforto para as partes.

Esses procedimentos são necessários porque as partes precisam ter elementos para avaliar e
decidir sobre a escolha e a continuidade do mediador.

Aceitando o encargo, o mediador firma compromisso com as partes,


aceitando conduzir a mediação de acordo com os termos convencionados.

O mediador deve ainda verificar se este é o meio alternativo de solução de controvérsias mais
apropriado para o caso.

6.5 DISSIMULAÇÃO
O mediador está proibido de dissimular fatos materiais ou circunstâncias do caso no curso da
mediação.

O mediador que age dessa forma está desrespeitando o equilíbrio do processo, o qual
deve promover.

26
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

Para tanto, o mediador deve...


 encorajar as partes a conduzirem as deliberações da mediação de forma não
adversarial;
 promover o respeito mútuo entre as partes;
 assegurar às partes voz e legitimidade no processo.

6.6 HONORÁRIOS E CUSTOS


Antes de iniciada a mediação, o mediador deve esclarecer o valor e a forma de pagamento de
seus honorários, e os prováveis custos com o processo.

Via de regra, os honorários são fixados por hora-base, mas o mediador e as partes podem acordar
de outra forma.

No entanto, qualquer que seja a forma, o mediador deve ser norteado pelos altos
padrões de honra e integridade que se aplicam para todas as outras fases do trabalho
de mediação.

Em suma, antes de iniciar a mediação, o mediador deve informar às partes o


valor de seus serviços.

6.7 FORMAÇÃO DO MEDIADOR


Uma questão controvertida e que ainda gera certo debate no mundo acadêmico e profissional
trata da formação do mediador.

O mediador deve ser sempre um advogado ou poderia ser de qualquer outra formação
profissional, dependendo da necessidade do caso concreto?

Não há hoje como confirmarmos ou generalizarmos que mediadores devem


ser, necessariamente, advogados.

Alguns estudiosos acreditam até que os advogados, por mais neutros que possam ser, sempre
tenderiam a ficar ao lado de uma das partes em conflito – o que os impossibilita de trabalharem
como mediadores.

Por outro lado, devido a seu conhecimento específico e sua experiência em negociação,
o advogado pode contribuir para que as partes enxerguem outras perspectivas além
daquelas a que chegariam sem auxílio algum.

27
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

6.7.1 MODELO DE MEDIAÇÃO


A formação profissional do mediador depende do modelo de mediação a ser utilizado.

Advogados são mediadores ideais na mediação-acordo.

Por outro lado, na mediação terapêutica, sociólogos são os mais indicados.

Na mediação facilitativa, qualquer profissional pode atuar – até mesmo, quem não
possui formação profissional, mas apresenta habilidade para exercer a função.

6.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 7 – PROCESSO DE MEDIAÇÃO

7.1 ETAPAS DO PROCESSO


Embora não exista uma estruturação formal rígida pelas quais as sessões de mediação devam-se
desenvolver, é natural supor que possuam uma organização mínima.

O procedimento da mediação depende de quem ou de que órgão a realiza, bem


como dos anseios das partes envolvidas.

A mediação é um processo flexível. Há inúmeras maneiras de se estruturar e


conduzir um procedimento específico de condutas a serem adotadas durante o
processo.

28
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

7.2 ESTRUTURAÇÃO DA MEDIAÇÃO


Em razão de o processo de mediação ser flexível, cabe às partes determinar sua estruturação.

7.3 PRIMEIRA ETAPA

A primeira etapa consiste na introdução sobre o processo de mediação pelo


mediador.

Nesse momento, explicam-se os seguintes pontos às partes...

...o mediador não é um juiz – ele está disponível para auxiliá-las na comunicação e na
tentativa de chegarem a uma solução.

...o mediador pode realizar encontros privados, confidenciais e em separado com


ambas as partes.

...toda comunicação e informação é confidencial – em um acordo, o mediador auxiliará


na redação do termo.

7.3.1 PLANO DE MEDIAÇÃO PARA NEGOCIAÇÕES CONJUNTAS


O mediador deve, antes de iniciar o processo de mediação – isto é, antes de começar qualquer
intervenção –, desenvolver um plano de mediação para negociações conjuntas.

O mediador deve também assinar o Termo de Declaração e Independência, no qual


declara que não possui nenhum interesse no conflito.

29
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

Para o melhor detalhamento do plano de mediação, é preciso...

...verificar o que as partes sabem sobre os procedimentos de negociação.

...checar se as abordagens já foram usadas ou se têm probabilidade de o serem.

...conferir o tempo disponível para o planejamento.

...verificar a quantidade de controle sobre o processo de negociação que as partes


delegaram ao mediador.

Recomenda-se que as partes sejam chamadas para participar da elaboração


do plano. Isso reforça seu comprometimento.

Para coletar esses dados, o mediador pode realizar reuniões privadas com as partes antes das
sessões conjuntas.

7.3.2 REGRAS
No momento da elaboração do plano, o mediador deve tentar identificar as áreas potencialmente
problemáticas que podem causar impasse. A prevenção de potenciais problemas é fundamental
para o planejamento da mediação.

Ademais, a mediação não necessariamente resulta em acordo.

Os pilares básicos que regem o processo devem ser explicados.

São eles...
 a necessidade de respeitar a outra parte quando esta estiver falando;
 qualquer questão ou fato considerado relevante ao processo deve ser anotado no
papel entregue às partes com o objetivo de ser tratado posteriormente;
 a questão da confidencialidade, dos honorários do mediador e a forma de seu
pagamento;
 a duração das sessões;
 a revisão;
 o encerramento do processo.

30
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

7.3.3 PRÉ-MEDIAÇÃO
Devemos garantir que as partes não tenham tido com o mediador qualquer problema ou conflito
de interesse, ou relacionamento anterior – pessoal ou profissional – que possa interferir na
condução da mediação.

Devemos estabelecer expectativas realistas com relação ao processo e com o compromisso das
partes durante a mediação.

Uma possibilidade é a pré-mediação, que pode ser utilizada antes da sessão de mediação.

A pré-mediação ocorre quando as partes necessitam entender que o conflito será resolvido de
forma colaborativa.

Na pré-mediação, o caráter adversante deve ser eliminado para que a


mediação funcione de forma positiva.

Além disso, a pré-mediação também é utilizada para que as partes apresentem, sucintamente, os
motivos que as levaram ao processo de mediação.

7.4 SEGUNDA ETAPA


A segunda etapa consiste em aproximar as partes e criar um ambiente em que elas se sintam
confortáveis para começar a negociar. Cada parte expõe o problema sob sua ótica.

Nesse momento, o mediador busca obter informações relevantes sobre os objetivos e


as percepções de cada parte com relação ao conflito entre elas.

Informações essenciais devem ser recolhidas durante esse estágio...


 a motivação das partes para utilizarem a mediação;
 os fatos que antecederam o conflito;
 a forma de comunicação adotada por cada parte;
 o estado emocional de cada parte.

O mediador explica os objetivos da mediação e guia a comunicação entre as partes de forma que
ambas possam trocar informações e pontos de vista sobre os fatos, o histórico do conflito, suas
opiniões e suas emoções.

31
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

7.5 TERCEIRA ETAPA


Na terceira etapa, há oportunidade para que sentimentos e emoções sejam expressados.

Devem ser utilizadas frases como...

Deve ser difícil abrir-se depois de todos os problemas, mas, por favor, tente-nos passar seu
ponto de vista.

Obrigado por dividir conosco esses importantes pontos a serem considerados em sua
opinião.

O mediador abre o processo pedindo às partes que definam como elas


veem o problema.

Às partes é permitido emoldurar as questões e prover o mediador com as informações necessárias


sobre os fatos básicos, as emoções e a própria relação entre elas.

7.5.1 BASE PARA COMUNICAÇÃO


O mediador, depois de perguntar se as partes têm algo a acrescentar, faz um resumo do que foi
explicitado.

O mediador solicita às partes que intervenham caso haja alguma incorreção.

Nesse momento, ele deve-se utilizar das palavras das partes para demonstrar os pontos
de convergência – pontos positivos.

O mediador deve criar uma base sólida para a comunicação.

7.6 QUARTA ETAPA


Na quarta etapa, ocorre a troca de informações entre as partes. Nesse momento, as expectativas,
as posições e os pontos de vista são discutidos.

O mediador...

...utiliza-se de questões abertas e de silêncio.

...pode facilitar a discussão enquanto mantém o controle.

...provê reconhecimento e encorajamento por meio de interpretações e resumos.

32
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

7.7 QUINTA ETAPA


Na quinta etapa, identificamos o problema, os interesses das partes e os objetivos comuns.

Nesse estágio, o mediador pode realizar reuniões em particular com


cada parte.

O mediador não pode permitir que somente uma das partes defina, unilateralmente, o problema.

A definição do problema deve ser mútua.

O único objetivo dessas reuniões privadas é coletar informações para que o processo
de mediação tenha êxito.

7.8 SEXTA ETAPA

Na sexta etapa, geram-se opções e efetuam-se barganhas.

O mediador deve conduzir as partes a explorar todas as possíveis opções para se


resolver a disputa.

Idealmente, sugestões concretas devem vir das próprias partes, apesar de, algumas vezes, o
mediador precisar utilizar técnicas para encorajar as partes a chegarem a opções criativas para
solucionar o conflito.

7.9 SÉTIMA ETAPA


Na sétima etapa, encorajamos as partes a chegarem a um acordo em conjunto para
resolver o conflito.

Os acordos advindos da mediação devem ser obtidos voluntariamente.

O mediador não pode impor suas percepções, seus valores ou seus julgamentos sobre
as partes e suas atitudes.

33
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

7.10 ACORDO ESCRITO

Na oitava etapa, redigimos um acordo escrito.

O mediador deve certificar-se de que ambas as partes entenderam os termos ali


dispostos.

Se as partes chegam a um acordo, o mediador as auxilia em sua redação.

Via de regra, o mediador opta pelos procedimentos de negociação baseados em


interesses das partes, pois a probabilidade de satisfazê-los é maior.

Quando o mediador se depara com partes cuja intenção é se envolverem em barganhas baseadas
em posição, ele deve desenvolver um plano de mediação para deslocar, rapidamente, a intenção
das partes para a barganha baseada em interesses.

7.10.1 CUMPRIMENTO DA DECISÃO


Devido a sua falta de coercibilidade, para que a mediação seja bem-sucedida, as partes, por livre
liberalidade, devem cumprir a decisão que tomaram com base em seus próprios conceitos, suas
aspirações e seus aspectos morais.

O mediador não tem competência para obrigar uma parte a cumprir a proposta por ela
mesma realizada, pois não possui poder de coerção.

Esse poder somente é conferido ao Poder Judiciário.

7.11 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 8 – LEI SOBRE MEDIAÇÃO NO BRASIL

8.1 LEI Nº 13.140/2015


Em junho de 2015, foi publicada a Lei nº 13.140, que...

Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre
a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.

34
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

8.2 MODALIDADES DE MEDIAÇÃO


A Lei nº 13.140/2015 aborda as seguintes modalidades de mediação:
 extrajudicial ou judicial, conforme a qualidade dos mediadores;
 prévia ou incidental, em relação ao momento de sua instauração.

Vejamos as características dos mediadores judicial e extrajudicial:

Mediador judicial...
Art.11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa pessoa, graduada há pelo menos
dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da
Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de
mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados – ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos
pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça.

Mediador extrajudicial...
Art. 9º. Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha
a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, independentemente de
integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação, ou nele inscrever-se.

O mediador deve proceder com imparcialidade, aptidão, diligência e confidencialidade – salvo,


no último caso, por expressa convenção das partes.

Conforme o Artigo 5º da Lei nº 13.140/2015:

Aplicam-se ao mediador as mesmas hipóteses legais de impedimento e suspeição do juiz.

8.2.1 MEDIAÇÃO PRÉVIA

A mediação prévia pode ser judicial ou extrajudicial.

A critério dos interessados ficará decidir se a mediação será com um mediador independente ou
com um mediador ligado a uma instituição especializada em mediação.

Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia aceitação das partes.

8.2.2 MEDIAÇÃO INCIDENTAL


Conforme o Artigo 16 da Lei nº 13.140/2015...

Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão submeter-se à
mediação, hipótese em que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do processo por
prazo suficiente para a solução consensual do litígio.

35
MÓDULO 1 Mediação e Arbitragem

Não sendo alcançado o acordo, devemos dar continuidade ao processo.

8.3 ACORDO POR SENTENÇA


O Artigo 20 da Lei nº 13.140/2015 dispõe:

Art. 20. O procedimento de mediação será encerrado com a lavratura do seu termo final,
quando for celebrado acordo ou quando não se justificarem novos esforços para a
obtenção de consenso, seja por declaração do mediador nesse sentido ou por
manifestação de qualquer das partes.

Parágrafo único. O termo final de mediação, na hipótese de celebração de acordo, constitui


título executivo extrajudicial e, quando homologado judicialmente, título executivo
judicial.

8.4 TERMO DE MEDIAÇÃO


O mediador ou comediador não deve sugerir ou recomendar sobre o mérito ou a respeito dos
termos da resolução de conflito, assessoramento, inclusive legal, ou aconselhamento bem como
qualquer forma explícita ou implícita de coerção para a obtenção de acordo.

O acordo resultante da mediação é denominado termo de mediação, que deve ser


subscrito pelo mediador, judicial ou extrajudicial, pelas partes e pelos advogados, e
constitui título executivo extrajudicial.

A pedido de qualquer um dos interessados, o termo de mediação obtido na mediação prévia ou


incidental poderá ser homologado pelo juiz.

Nesse caso, terá eficácia de título executivo judicial.

8.5 INSTITUCIONALIZAÇÃO DA MEDIAÇÃO


A Lei nº 13.140/2015 pretende institucionalizar a mediação voltada ou trazida ao processo civil,
potencializando, dessa forma, a possibilidade de resolução de controvérsias independentemente
da intervenção do juiz estatal.

Com isso, pretende-se diminuir a carga de processos no Poder Judiciário, e, ao mesmo tempo,
estimular a participação popular na administração da justiça e pacificar litigantes.

8.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

36
Mediação e Arbitragem MÓDULO 1

UNIDADE 9 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

37
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2

MÓDULO 2 – ASPECTOS GERAIS DA ARBITRAGEM

APRESENTAÇÃO
Neste segundo módulo, estudaremos o conceito de arbitragem, suas principais vantagens e
desvantagens e as características que a diferenciam da mediação.

Trataremos ainda das principais modificações trazidas pela Lei nº 9.307/96.

UNIDADE 1 – CONCEITO DE ARBITRAGEM

1.1 ARBITRAGEM

A arbitragem é um meio compositivo de solução de controvérsias.

O terceiro, denominado árbitro, resolve o conflito versando, exclusivamente, sobre o direito


patrimonial disponível – Artigo 1º da Lei de Arbitragem.

O árbitro pode ser a figura única de um árbitro ou um tribunal composto, geralmente,


por três árbitros, mas sempre em número ímpar.

1.2 RESOLUÇÃO DA CONTROVÉRSIA


Na arbitragem, as partes buscam a resolução da controvérsia por meio da decisão imposta pelo
árbitro, e não mais por elas próprias, como ocorre na mediação e na conciliação.

Nesse meio alternativo de solução de controvérsias – a arbitragem –, o terceiro, denominado


conciliador, tem mais autonomia, isto é, pode intervir mais.

A decisão proferida pelo(s) árbitro(s) é obrigatória para as partes e inapelável. Só é


possível interpor recurso visando a esclarecimentos ou correção de erro material –
Artigo 30 da Lei de Arbitragem.

Podemos dizer que a arbitragem é o meio alternativo mais utilizado pelos


litigantes.

39
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem

1.3 LEI SOBRE ARBITRAGEM


No Brasil, a Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 – alterada pela Lei nº 13.129/2015 – dispõe
sobre a arbitragem.

Às partes, é facultado escolher...

...se a arbitragem será de direito ou por equidade.

...o direito aplicável.

...se a arbitragem será institucional ou ad hoc.

...o idioma a ser utilizado.

...o número de arbitros – o árbitro pode ser qualquer pessoa capaz e que tenha a
confiança das partes.

1.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS DA ARBITRAGEM

2.1 PRINCÍPIOS REGEDORES


A Lei nº 9.307/96 instituiu os princípios regedores da arbitragem, que servem para traçar condutas
a serem observadas em qualquer operação jurídica envolvendo esse meio alternativo de solução
de controvérsias.

Vejamos, a seguir, cada um dos princípios.

2.2 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE

O princípio da autonomia da vontade foi estabelecido logo no Artigo 1º


da lei.

O princípio da autonomia da vontade permite que as partes utilizem a arbitragem para solução da
controvérsia versando sobre direito patrimonial disponível.

Consequentemente, as partes renunciam ao direito constitucional de irem ao Judiciário.

O princípio permite que as partes manifestem a opção de substituir a jurisdição estatal pela
arbitral.

40
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2

As partes escolhem ainda se a arbitragem será de direito ou por equidade – Artigo 2º.

As partes são livres também para escolher o direito aplicável e se a arbitragem será...
 institucional – regras já definidas por uma instituição;
 ad hoc – regras determinadas pelas partes no conflito.

2.2.1 IDIOMA

As partes devem escolher o idioma a ser utilizado.

Se as partes não escolherem o idioma a ser utilizado, prevalecerá o da sede do tribunal arbitral.

Se houver necessidade de executar ato no Brasil, os documentos devem ser traduzidos


para o português por um tradutor juramentado.

O princípio da autonomia da vontade, assim como na mediação, sofre algumas limitações.

Entre essas limitações, estão os preceitos de ordem pública e bons costumes, e as


imposições legais – por exemplo, a elaboração do compromisso arbitral, conforme o
Artigo 10.

2.3 PRINCÍPIO DA BOA-FÉ


O princípio da boa-fé determina que as partes, na relação obrigacional, ajam com lealdade, correção
e confiança recíprocas.

Tal princípio foi, inclusive, um dos basilares para a outorga, pelo legislador, do caráter
obrigatório e vinculante à convenção de arbitragem.

A jurisprudência internacional já não permite que um Estado alegue disposições restritivas de seu
próprio direito para fugir aos efeitos de uma convenção de arbitragem livremente pactuada.

Não se admite que uma parte deixe de honrar o compromisso após sua assinatura ou
atue no processo com má-fé.

Apoiando essa posição, os árbitros da International Chamber of


Commerce – ICC – propuseram dois fundamentos – a ordem pública
internacional e a boa-fé.

2.3.1 PROCEDIMENTO ARBITRAL


O princípio da boa-fé visa impedir que a parte de má-fé não honre com o pactuado e impeça a
instauração do procedimento arbitral.

41
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem

2.4 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO


O princípio do contraditório está previsto no Artigo 5º, LV, da Constituição Federal. Apesar de a
Constituição fazer referência somente ao processo judicial ou administrativo em seu texto, tal
princípio deve ser aplicado no procedimento arbitral também.

O princípio do contraditório visa...

...permitir que as partes tomem conhecimento da existência da ação e de todos os


atos do processo.

...dar a possibilidade de as partes responderem aos atos da outra parte, em especial, o


requerido.

Se a sentença arbitral estrangeira violar o princípio do contraditório, não poderá ser homologada
aqui, conforme Artigo 38, III, da Lei nº 9.307/96.

Esse princípio objetiva diminuir a desigualdade entre as partes na medida


em que é dada a oportunidade de manifestação.

2.5 PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA


O princípio da ampla defesa está previsto no Artigo 5º, LV, da Constituição Federal.

Esse princípio consiste na possibilidade, assegurada às partes, de ter à disposição todos


os meios legalmente utilizáveis para provar seu direito.

Em virtude do princípio da vontade, as partes podem alterar prazos e outros procedimentos.

Todavia, devemos sempre observar o princípio da ampla defesa. De forma alguma, uma parte
pode ser prejudicada.

É nula, por exemplo, uma disposição vedando a produção de provas


relevantes.

2.6 PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS PARTES

O princípio da igualdade das partes assegura que ambas terão igualdade de


oportunidades.

O princípio da igualdade das partes encontra-se no Artigo 5º, caput, da Constituição Federal e no
Artigo 21, Parágrafo 2º, da Lei nº 9.307/96.

42
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2

Não é admissível que sejam atribuídas prerrogativas a uma das partes, conferindo-lhe benefícios,
de modo a alterar o equilíbrio entre elas.

2.7 PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE


O princípio da imparcialidade está expressamente previsto no Artigo 13, Parágrafo 6º, da Lei nº
9.307/96.

Esse princípio determina que o terceiro – no caso, o árbitro – deve proceder com
imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.

Conforme a Regra 10.070 do Capítulo 44.1011 dos Estatutos da Flórida, imparcialidade deve ser
entendida como...

...ausência de favoritismo ou preconceito com relação a palavras, ações ou aparências.

Imparcialidade implica um compromisso de ajuda a todas as partes em


oposição a uma parte individualmente.

Se o árbitro agir de outra forma, a sentença arbitral será nula – Artigo 32, VIII, da Lei de Arbitragem.

2.8 PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO


O princípio do livre convencimento está expressamente previsto no Artigo 21, Parágrafo 2º, da Lei
nº 9.307/96.

Esse princípio exprime a liberdade atribuída ao árbitro para apreciar as provas com inteligência,
bom senso, ponderação e prudência antes de proferir sua decisão.

Dessa forma, permite que o árbitro forme sua livre convicção na hora do julgamento.

O julgamento do árbitro deve ser sempre racional e fundamentado, mesmo que se


trate de julgamento por equidade.

Não é admissível que o árbitro, por exemplo, considere verdadeiros os fatos


não provados e vice-versa.

2.9 PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE DA SENTENÇA ARBITRAL


Visando à celeridade da solução do conflito, não é aceitável que recursos sejam propostos – ao
próprio árbitro, ao tribunal arbitral ou ao Poder Judiciário – para solicitar uma segunda análise do
mérito da questão – Artigo 18, da Lei nº 9.307/96.

43
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem

Antes do advento da Lei nº 9.307/96, o recurso era facultado às partes.

O Artigo 30 permitiu o questionamento da sentença arbitral em dois casos...

...se ocorrer erro material.

...se houver alguma obscuridade, dúvida, contradição ou omissão na sentença.

O árbitro ou o tribunal arbitral deve, no prazo de 10 dias, aditar a sentença


arbitral e notificar as partes.

Só é permitido que se recorra ao Poder Judiciário nos casos de nulidade da sentença arbitral –
Artigo 32 –, mas não para novo exame do mérito por insatisfação da parte vencida.

2.10 PRINCÍPIO DA KOMPETENZ-KOMPETENZ


O princípio da kompetenz-kompetenz – da competência – foi instituído pelo Parágrafo 1º do Artigo
8º da Lei nº 9.307/96.

Esse princípio assegura que o próprio árbitro – ou tribunal arbitral – é o competente


para definir sobre sua própria competência de apreciar a controvérsia em questão e
proferir a sentença arbitral.

Se, após a análise pertinente, o árbitro ou o tribunal se julga competente, o processo arbitral tem
prosseguimento.

Se o árbitro ou o tribunal se julgar incompetente e não for possível a


substituição – de acordo com o disposto no Artigo 16 da Lei de Arbitragem –, o
processo deve ser remetido para o Judiciário.

2.11 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA


Segundo esse princípio, se o contrato em que estiver inserida a cláusula compromissória for
declarado nulo, a nulidade não atingirá a cláusula.

A cláusula compromissória tem plena validade, e o juízo arbitral deve ser instituído
para solucionar a controvérsia.

Esse princípio visa assegurar a efetiva instauração do juízo arbitral e impedir a parte de
má-fé de não cumprir com a obrigação pactuada.

O Artigo 8º instituiu o princípio da autonomia da cláusula compromissória.

44
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2

2.12 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 3 – BREVE HISTÓRICO DA ARBITRAGEM BRASILEIRA

3.1 SURGIMENTO
Desde o Império, já havia previsão do instituto da arbitragem em nosso ordenamento.

Contudo, só podemos dizer que houve realmente um grande avanço para a propagação
desse instituto recentemente, com o advento da Lei nº 9.307/96.

Um dos motivos pelos quais o instituto da arbitragem não se desenvolveu até o advento da Lei
nº 9.307/96 foi o Decreto nº 3.900/1867...

...pois esse decreto, ao regular o juízo arbitral facultativo, acabou transformando a


cláusula compromissória em um caput mortum, ao condicionar a eficácia da cláusula
compromissória à existência de futuro compromisso arbitral.

A Lei nº 9.307/96 trouxe mais força para o instituto da arbitragem e a


declaração de sua constitucionalidade em 2001.

3.2 EFEITOS DA PUBLICAÇÃO DA LEI DE ARBITRAGEM


O Código Civil de 1916 e o Código de Processo Civil de 1973 também previam o instituto da
arbitragem.

No entanto, os artigos correspondentes foram revogados ou alterados pela Lei nº


9.307/96, em decorrência das importantes alterações trazidas por essa lei.

Foram revogados os Artigos...


 de 1.037 a 1.048 do Código Civil;
 101, e de 1.072 a 1.102 do Código de Processo Civil.

No Código de Processo Civil, foram alterados ainda os Artigos...


 267, inciso VII;
 301, inciso IX;
 584, inciso III.

Além disso, houve a inclusão do Artigo nº 475-N, inciso IV, no Código de Processo Civil, que trata
sobre os títulos executivos judiciais – Artigo nº 515 do Novo Código de Processo Civil.

45
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem

3.3 CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E COMPROMISSO ARBITRAL


O Código Civil de 2002 – Lei nº 10.406/02 –, já incorporando, expressamente, o instituto da
arbitragem – Artigo 853 –, admite a cláusula compromissória, mas remete a matéria para lei
especial, ou seja, a Lei nº 9.307/96.

A Lei nº 9.307/96 – Artigo 3 e seguintes – não faz qualquer distinção entre cláusula
compromissória e compromisso arbitral.

Na teoria, eles se diferenciam pelo momento da assinatura da opção pela arbitragem.

O compromisso é assinado após o início da controvérsia em si.

A cláusula compromissória é assinada antes, enquanto as partes mantêm boa relação, estipulando
que a controvérsia será resolvida por meio da arbitragem, se houver necessidade.

3.4 ARBITRAGEM E SETOR PÚBLICO


O Poder Judiciário reconhece que a cláusula compromissória firmada entre particulares deve
prevalecer.

Com relação à participação da Administração Pública, ainda há discussões.

Essa questão causa polêmica desde o Império.

À época, discutiu-se muito a aplicação do Decreto nº 3.900/1867 – sobre juízo arbitral – às causas
da Fazenda Nacional.

Nesse caso, o entendimento que prevaleceu foi o da aplicabilidade do instituto.

O exemplo mais clássico nesse sentido é o das Organizações Lage e do espólio de


Henrique Lage – AI 52181-GB.

Esse litígio teve início na década de 1940, mas só foi resolvido pelo Supremo Tribunal
Federal 30 anos depois.

A Lei nº 13.129/2015, que altera o artigo 1º da Lei nº 9.307/1996, trouxe autorização para a
Administração Pública participar de arbitragens. Vejamos:

§1º A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir
conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

§2º A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração


de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.

46
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2

3.4.1 LAUDO ARBITRAL


A origem da divergência no caso das Organizações Lage e do espólio de Henrique Lage foi o valor
da indenização a ser paga aos herdeiros em decorrência da incorporação dos bens do industrial
ao patrimônio da União.

Devido à dificuldade de celebrar um acordo, o advogado do espólio propôs a instauração do juízo


arbitral para fixação da indenização devida, o qual foi aceito pela Administração Pública.

O Decreto-Lei nº 9.521/46 concedeu a autorização necessária e, em 1948, o laudo


arbitral foi proferido.

A Administração Pública contestou tal decisão judicialmente, alegando que não poderia participar
de um juízo arbitral.

A questão foi levada ao STF, que, por unanimidade, reconheceu a validade do


laudo arbitral.

3.4.2 JUDICIÁRIO
Ainda hoje, há polêmica quanto à sujeição de entes públicos ao juízo arbitral, mesmo havendo
cláusula compromissória firmada pelas partes.

3.5 CENÁRIO PÚBLICO INTERNACIONAL


No cenário público internacional, é comum o uso de bons ofícios – tentativa amistosa de um
terceiro ou de vários de levar os Estados litigantes a entrarem em acordo –, de mediação e
também da arbitragem.

O Brasil pactuou tratados prevendo arbitragem com diversos países...


 quase todos os do continente americano;
 a China;
 a Grã-Bretanha;
 Portugal;
 os reinos escandinavos.

3.5.1 MERCOSUL

No âmbito do MERCOSUL, os Estados-Parte também previram a arbitragem.

Em 2002, os Estados-Parte assinaram o Protocolo de Olivos com o objetivo de aperfeiçoar o


sistema de solução de controvérsias.

47
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem

O Protocolo de Olivos anulou o Protocolo de Brasília, que já previa a arbitragem como meio de
solução de controvérsias.

À época da assinatura, a Venezuela não era membro do MERCOSUL, somente país


associado.

3.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 4 – PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI Nº 9.307/96

4.1 PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES


Foram três as principais modificações trazidas pela Lei nº 9.307/96.

São elas...

...força obrigatória e vinculante para a cláusula compromissória;

...equiparação da sentença arbitral à sentença judicial;

...supressão da necessidade de dupla homologação e citação por carta rogatória da


parte domiciliada no Brasil.

4.2 FORÇA OBRIGATÓRIA E VINCULANTE


Antes da publicação da Lei nº 9.307/96, fazia-se a distinção entre cláusula compromissória e
compromisso arbitral.

A cláusula compromissória, prevendo a submissão do litígio à arbitragem, não


configurava garantia da instauração do juízo arbitral.

Era necessária a realização do compromisso arbitral manifestando a intenção das partes pela
efetiva resolução da controvérsia pela arbitragem.

A exigência do compromisso enfraquecia o instituto. A arbitragem só poderia


ser instaurada após sua assinatura, e não era possível obrigar a parte a fazê-lo.

Com o advento da Lei nº 9.307/96, a convenção de arbitragem – seja ela expressa na forma de
cláusula compromissória ou compromisso arbitral – adquiriu força e, uma vez existente, obriga as
partes a instaurarem o juízo arbitral.

48
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2

4.3 EQUIPARAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL À SENTENÇA JUDICIAL


Com a publicação da Lei nº 9.307/96, a sentença arbitral foi equiparada à sentença judicial e
passou a ter força de título executivo judicial – Artigo 475-N, Inciso IV, do Código de Processo Civil
e Artigo 515 no Novo Código de Processo Civil.

Após lavratura do laudo arbitral, não há mais novo exame de mérito da questão.

É importante ressaltar que não foi conferido poder de coação ao juízo arbitral.

Por força do Artigo 267, Inciso VII, do Código de Processo Civil, se houver convenção de arbitragem
entre as partes, o juiz deve extinguir o processo sem resolução do mérito – Artigo 485, Inciso VII
no Novo Código de Processo Civil.

O juiz não pode tomar conhecimento do litígio. Deve ser instaurado o juízo arbitral por ser o
competente, conforme manifestação prévia das partes.

Todavia, a parte deverá mencionar a existência da convenção de arbitragem na primeira


oportunidade que tiver.

Por força do Parágrafo 4º do Artigo 301 do Código de Processo Civil, o juiz não poderá conhecer
de ofício a existência da convenção de arbitragem – Artigo 337, Parágrafos 5º e 6º no Novo
Código de Processo Civil.

4.4 HOMOLOGAÇÃO
As sentenças arbitrais estrangeiras deveriam ser homologadas judicialmente, no país de origem,
antes de serem encaminhados para o STF.

Esse procedimento deveria ser cumprido mesmo nos casos em que, no país
de origem, as sentenças fossem exequíveis independentemente de
homologação.

O Artigo 35 da Lei nº 9.307/96 determinou que a sentença arbitral estrangeira estaria sujeita
unicamente à homologação do Supremo Tribunal de Federal – STF.

A Emenda Constitucional nº 45/04 retirou do STF a competência para homologar


sentença estrangeira e a transferiu para o Superior Tribunal de Justiça – STJ.

4.5 AUTORIDADES COMPETENTES


O STJ é o competente para homologar as sentenças e exequatur das rogatórias.

O STF continua a ser o competente para o exame do pedido de extradição.

49
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem

Para os pedidos de cooperação, feitos com base em tratados celebrados pelo país, a
autoridade competente será a prevista no diploma convencional.

Se a medida solicitada depender de autorização judicial, a questão deve ser


submetida ao juiz federal.

4.6 CITAÇÃO POSTAL

O Parágrafo Único do Artigo 39 da Lei de Arbitragem excluiu a necessidade


de citação por carta rogatória da parte domiciliada no Brasil.

Agora, é válida a citação postal, desde que haja prova inequívoca do recebimento e tempo hábil
para o exercício do direito de defesa.

Esse dispositivo configura uma importante mudança e afasta a tradicional orientação do STF em
não homologar sentenças arbitrais estrangeiras...

...cujas citações, da parte brasileira, ocorreram por via consular ou diplomática, por via
postal ou por affidavit.

O verbete 429 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça ratificou a necessidade de aviso de


recebimento de citação via postal.

O objetivo principal da Lei nº 13.129/2015 foi pacificar algumas polêmicas, por isso, não trouxe
modificações no instituto, como a Lei nº 9.307/1996.

4.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 5 – ARBITRABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA

5.1 ARBITRABILIDADE

Arbitrabilidade pode ser entendida como a possibilidade de um litígio ser o


objeto de uma arbitragem e, dependendo do elemento do estudo, pode ser
qualificada como subjetiva ou objetiva.

50
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2

A arbitrabilidade subjetiva...

...refere-se à possibilidade de uma pessoa física ou jurídica celebrar uma convenção


de arbitragem.

...diz respeito ao sujeito da arbitragem.

A arbitrabilidade objetiva...

...concerne ao objeto do litígio, às controvérsias que podem ser submetidas à arbitragem.

5.1.1 CONVENÇÃO ARBITRAL


A Lei nº 9.307/96, em seu Artigo 1º, determina que as pessoas capazes de contratar – arbitrabilidade
subjetiva – podem dirimir seus litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis – arbitrabilidade
objetiva – por meio da arbitragem.

O Artigo 852 do Código Civil de 2002 reforça a descrição do objeto da arbitragem


previsto na mencionada Lei nº 9.307/96.

O Artigo 852 do Código Civil de 2002 veda a convenção arbitral que verse
sobre direito pessoal de família e outras convenções que não tenham caráter
estritamente patrimonial.

5.2 ARBITRABILIDADE SUBJETIVA


A Lei nº 9.307/96 não expressa, claramente, quem pode participar de uma arbitragem, apenas
autoriza as pessoas capazes de contratar.

Com relação ao particular, seja ele pessoa física ou jurídica, não há mais controvérsias
após a declaração de constitucionalidade da Lei nº 9.307/96.

No que tange à participação de sociedade de economia mista, o Superior Tribunal de Justiça, nos
dois casos recentes julgados – Recurso Especial 612.439 e Mandado de Segurança 11.308 –,
entendeu que é possível a participação.

Se o particular firmou uma convenção de arbitragem, a controvérsia deve ser


resolvida conforme a Lei nº 9.307/96.

No que tange à participação de sociedade de economia mista, o Superior Tribunal de Justiça, nos
dois casos recentes julgados – Recurso Especial 612.439 e Mandado de Segurança 11.308 –,
entendeu que é possível a participação.

51
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem

5.3 ARBITRABILIDADE OBJETIVA


Segundo Cláudio Vianna de Lima...

...são patrimoniais os direitos relativos a bens que podem ser apreciados economicamente,
quantificados em moeda. Disponíveis são os direitos que se referem a bens apropriáveis,
alienáveis, que se encontram no comércio jurídico.

5.3.1 DIREITOS DISPONÍVEIS E INDISPONÍVEIS


Questões decorrentes de direitos indisponíveis não podem ser objeto da arbitragem, como, por
exemplo, divórcio e guarda de filhos.

Dificilmente, um particular em um contrato terá um direito patrimonial não disponível.

Todavia, se tiver, mesmo que no contrato conste a cláusula compromissória, essa questão
não poderá ser submetida à arbitragem por falta de arbitrabilidade objetiva.

Os direitos decorrentes dos contratos firmados entre a Administração Pública – em sua forma
direta ou indireta – e o particular são pontos controvertidos na doutrina.

É discutida, por meio da arbitragem, a possibilidade de resolução dos conflitos


decorrentes desses contratos – com exceção das cláusulas exorbitantes.

5.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 6 – VANTAGENS DA ARBITRAGEM

6.1 INÚMERAS VANTAGENS


Entre as inúmeras vantagens do uso da arbitragem como meio para solução dos conflitos, podemos
citar a economicidade e a preservação do relacionamento contratual na pendência e após a disputa.

6.2 ECONOMICIDADE
Assim como na mediação, comparativamente ao custo de um processo judicial, o custo de um
processo arbitral pode ser bem pequeno.

Além dos honorários do árbitro, as partes devem arcar também com os custos
excepcionais, como, por exemplo, gravação e transcrição das reuniões.

No entanto, como a expectativa é que o processo termine rapidamente, não há a perpetuação do


pagamento de custas.

52
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2

Cada instituição pode adotar uma tabela de honorários e custas, que varia dependendo do número
de árbitros escolhidos pelas partes.

6.2.1 TEMPO

Além da economia financeira, com o uso da arbitragem as partes também


economizam tempo.

Conforme o Artigo 23 da Lei de Arbitragem, a sentença deve ser proferida em até seis meses
contados da instituição da arbitragem.

Esse prazo pode ser prorrogado pelas partes e pelo árbitro – ou tribunal arbitral.

Assim como na mediação, não há formalidade excessiva na arbitragem.

Os princípios devem ser atendidos – principalmente, o do contraditório e o da ampla


defesa.

Outro motivo da celeridade é a impossibilidade de recursos.

Conforme o Artigo 30 da Lei de Arbitragem, só é possível à parte solicitar correção de erro


material da sentença e esclarecimentos sobre alguma obscuridade, dúvida ou contradição da
sentença arbitral.

Não há possibilidade de reexame do mérito, seja pelo próprio tribunal ou pelo Poder
Judiciário.

6.3 PRESERVAÇÃO DO RELACIONAMENTO CONTRATUAL


Tendo em vista que a solução do conflito é decidida por um terceiro eleito diretamente pelas
partes, elas tendem a confiar mais no procedimento e a aceitar a decisão.

Isso acontece porque as partes elegeram uma pessoa – ou um grupo de pessoas –


com profundo conhecimento sobre a matéria.

O conflito acaba de forma rápida e é resolvido por especialistas eleitos pelas


partes.

O uso de um dos meios alternativos de solução amigável de controvérsias permite que as partes
mantenham o bom relacionamento, independentemente daquele conflito.

53
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem

6.3.1 CONTINUIDADE À RELAÇÃO PRÉVIA


Na maioria das vezes que uma parte recorre ao Poder Judiciário, ela está disposta a romper as
relações com a outra parte.

Na arbitragem, ocorre justamente o oposto. Uma das partes – ou ambas –


propõe um processo arbitral para resolver aquele conflito específico e dar
continuidade à relação prévia existente.

6.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 7 – CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM

7.1 CONTROVÉRSIA
A Lei nº 9.307/96 – Artigo 3 e seguintes – não faz qualquer distinção entre compromisso arbitral
e cláusula compromissória.

Na teoria, compromisso arbitral e cláusula compromissória se diferenciam pelo momento da


assinatura da opção pela arbitragem.

O compromisso é assinado após o início da controvérsia em si.

A cláusula compromissória é assinada antes, enquanto as partes mantêm boa relação.

A controvérsia é resolvida por meio da arbitragem, se houver necessidade.

7.2 CLÁUSULA CHEIA


A Lei nº 9.307/96 não especificou se a cláusula compromissória deveria ser cheia ou vazia, apenas
determinou sua previsão no contrato firmado entre as partes.

Cláusula cheia é aquela que contém os elementos mínimos necessários


para definição da arbitragem.

Na cláusula cheia, o conteúdo para definição da instauração da arbitragem está completo com...
 a instituição arbitral – se a arbitragem for institucional;
 regras aplicáveis;
 número de árbitros;
 forma de escolha dos membros do tribunal ou indicação do único árbitro;
 idioma;
 local de arbitragem.

54
Mediação e Arbitragem MÓDULO 2

7.2.1 CLÁUSULA VAZIA


A cláusula vazia é aquela que prevê somente a solução da controvérsia por arbitragem, sem
indicar os elementos necessários.

Dessa forma, as partes devem, em comum acordo, indicar como será feita a arbitragem
ou recorrer ao Judiciário para a definição.

O Poder Judiciário decide como será a arbitragem, e não o mérito da


questão a ser submetida à arbitragem.

7.3 MODELOS DE CLÁUSULAS CHEIAS


No entanto, as partes não são obrigadas a colocar as cláusulas em seus contratos e podem
elaborar a cláusula que melhor lhes convier, indicando a instituição e suas regras.

É desnecessário prever, na cláusula compromissória, as regras já previstas no


regulamento de arbitragem da instituição arbitral escolhida.

Visando evitar futuros problemas, algumas instituições preparam uma


cláusula modelo.

7.3.1 INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE


A International Chamber of Commerce – ICC – indica como modelo a seguinte cláusula...

Todos os litígios emergentes do presente contrato ou com ele relacionados serão


definitivamente resolvidos de acordo com o Regulamento de Arbitragem da Câmara de
Comércio Internacional, por um ou mais árbitros nomeados nos termos deste
Regulamento.

A ICC prevê ainda como modelo para o procedimento cautelar pré-arbitral a seguinte cláusula...

Qualquer das partes do presente contrato terá o direito de recorrer e o dever de se submeter
ao procedimento cautelar pré-arbitral da Câmara de Comércio Internacional, de acordo
com o Regulamento de Procedimento Cautelar Pré-Arbitral.

A ICC lembra ainda às partes de acrescentarem a lei que rege o contrato, o número de árbitros, o
local e o idioma da arbitragem.

55
MÓDULO 2 Mediação e Arbitragem

7.3.2 CÂMARA DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS


A Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem da Fundação Getulio Vargas propõe alguns modelos,
um mais simples e dois com redação mais elaborada. São eles...

Modelo 1...
As questões decorrentes deste contrato serão dirimidas por arbitragem administrada pela
Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem da Fundação Getulio Vargas realizada segundo
o Regulamento dessa Câmara. O local da arbitragem será a cidade de...

Modelo 2...
Toda e qualquer controvérsia que possa surgir da interpretação ou da execução deste
contrato será resolvida por um ou mais árbitros, de acordo com os termos do Regulamento
da Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem da Fundação Getulio Vargas.

Modelo 3...
Todas as controvérsias decorrentes do presente contrato, de sua execução e liquidação,
serão resolvidas, em definitivo, nos termos do Regulamento da Câmara FGV de Conciliação
e Arbitragem da Fundação Getulio Vargas, por um ou mais árbitros nomeados na
conformidade do mesmo Regulamento.

É desnecessário prever, na convenção de arbitragem, as regras já previstas no regulamento de


arbitragem da instituição arbitral escolhida.

Quando eleita uma instituição, devemos observar o regulamento da mesma. Por isso,
a eleição da Câmara deve ser feita com muita atenção.

7.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 8 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

56
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3

MÓDULO 3 – ÁRBITRO

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, estudaremos a figura do árbitro – a pessoa que decide a controvérsia em um
processo de arbitragem.

Veremos ainda que, na arbitragem, as partes têm total liberdade para definir, de comum acordo,
a forma como serão escolhidos os árbitros. Analisaremos também as situações de impedimento
e suspeição da imparcialidade do árbitro.

Outro ponto a ser considerado consiste em como calcular os honorários do árbitro.

UNIDADE 1 – FIGURA DO ÁRBITRO

1.1 DEFINIÇÃO DO ÁRBITRO

A pessoa que decide a controvérsia em um processo de arbitragem é


chamada de árbitro.

O árbitro...

...pode ser qualquer pessoa maior de idade, no domínio de suas faculdades mentais e
que tenha a confiança das partes.

...deve ser independente e imparcial.

...não pode ter interesse no resultado da demanda e não pode estar vinculado a
nenhuma das partes.

1.2 SUCESSO DA ARBITRAGEM


A arbitragem tem a característica de ser um foro especializado para discussão de questões
específicas e complexas.

A utilização de julgadores especializados na matéria objeto da controvérsia permite


uma melhor decisão.

O sigilo na condução de procedimentos arbitrais protege o negócio e a continuidade


das relações entre as partes.

No entanto, o sucesso da arbitragem depende do árbitro – ou dos árbitros.

57
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem

Ele é o centro de todo o procedimento, e seu desempenho determina o resultado da


solução da disputa.

Diante do relevante papel desempenhado pelo árbitro, surgem questões


relativas a sua conduta.

1.3 QUALIFICAÇÃO DO ÁRBITRO


Para o início de uma arbitragem, é necessário que as partes indiquem um ou mais
árbitros.

Não há restrições quanto às qualificações das pessoas que podem ser escolhidas para
desempenhar tal função.

De acordo com o Artigo 13 da Lei nº 9.307/96, qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das
partes pode ser escolhida como árbitro.

As partes podem escolher como árbitros homens, mulheres, advogados,


engenheiros, economistas, médicos, ou seja, as pessoas que acharem mais
adequadas ao caso em discussão.

1.3.1 CONFIANÇA DAS PARTES


Mais importante do que a qualificação possuída pelo árbitro é a posse da confiança das partes que
pretendem submeter certo litígio à arbitragem.

A renúncia das partes a um processo no Poder Judiciário e a impossibilidade de recorrer contra


uma decisão arbitral – devido ao princípio da irrecorribilidade da sentença arbitral – aumentam a
carga de responsabilidade da função do árbitro.

A função do árbitro só pode ser bem desenvolvida se o profissional tiver a plena


confiança das partes.

Mais que isso, o crédito dado pelos envolvidos na disputa é fundamental


para a aceitação e o cumprimento da decisão arbitral.

58
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3

1.4 ESCOLHA DE ÁRBITROS

As partes envolvidas na arbitragem devem escolher, na forma por elas


acordada, o árbitro ou os árbitros – Artigo 13, Parágrafo 1º, da Lei nº 9.307/96.

Nada impede que seja apontado apenas um árbitro para solucionar o conflito.

Ao nomearmos mais de um, diz-se que foi formado um tribunal arbitral.

A ressalva feita pela lei exigindo que, no caso do tribunal arbitral, o número de árbitros seja ímpar
justifica-se para evitar qualquer possibilidade de empate na solução da arbitragem.

1.4.1 NÚMERO PAR DE ÁRBITROS


No caso de número par de árbitros, aqueles já selecionados estão autorizados a nomear mais um
colega.

Não havendo acordo entre eles na sugestão de outro profissional, as partes podem recorrer ao
Poder Judiciário, que deve indicar outro árbitro – Artigo 13, Parágrafo 2º, da Lei nº 9.307/96.

Escolhido pelas partes em litígio, a função do árbitro é atuar como juiz de fato e de
direito – individualmente ou em tribunal arbitral – na tomada de decisões para
solucionar o conflito.

E se as partes nomearem um número par de árbitros?

1.4.2 CLAREZA DAS REGRAS


O interessante de se observar é que, na arbitragem, as partes têm total liberdade para definir, de
comum acordo, a forma como serão escolhidos os árbitros.

Caso prefiram, podem também adotar para a escolha as regras de um órgão arbitral
institucional ou uma entidade especializada como, por exemplo, a Câmara FGV de
Conciliação e Arbitragem.

A clareza das regras que venham a reger a escolha e a nomeação dos árbitros...

...é elemento essencial para o bom resultado da arbitragem...

...seja no caso de um único árbitro, seja no caso de formação de um tribunal arbitral.

59
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem

1.4.3 ÁRBITRO ÚNICO


A prática mostra que as arbitragens são decididas, em sua maioria, por árbitro único ou por um
tribunal composto de três árbitros – composição trina.

A escolha do árbitro único exige que as partes se disponham a contribuir para um


acordo que atenda a ambas e empreguem seus melhores esforços nesse sentido.

A escolha do árbitro único é bastante adequada para questões menos


complexas.

1.4.4 COMPOSIÇÃO TRINA


No caso da composição trina, cada uma das partes terá a oportunidade de indicar um árbitro que
pretenda ver integrando o tribunal arbitral.

Caberia então aos indicados a nomeação do terceiro árbitro.

Em um tribunal arbitral, é possível formar um corpo de árbitros que reúna pessoas com formações
ou especializações diferentes, oferecendo um órgão multidisciplinar para o julgamento de questões
de maior complexidade.

Não há dúvida de que a composição trina é mais propícia para acomodar os


interesses das partes.

1.5 ARBITRAGEM AD HOC VERSUS ARBITRAGEM INSTITUCIONAL

Escolhido o árbitro, este seguirá as regras definidas pelas partes para a


condução da arbitragem.

Apesar da flexibilidade característica de nossa legislação em vigor, em certas ocasiões, a escolha


de regras de uma instituição arbitral apresenta vantagens.

Em geral, essas regras são cuidadosamente elaboradas com base em experiências


práticas e lições aprendidas.

As regras foram desenhadas de forma a assegurar o funcionamento correto do


procedimento arbitral.

Uma instituição arbitral, geralmente, dispõe de uma infraestrutura que coloca à disposição das
partes e do árbitro – ou tribunal arbitral – o suporte necessário à boa condução da arbitragem.

60
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3

Facilitam-se certos procedimentos, como o contato entre os envolvidos, o controle de


prazos e a distribuição de documentos, além do registro de incidentes ao longo do
processo.

1.5.1 REQUISITO ÉTICO


A escolha por uma arbitragem administrada por uma instituição especializada não significa rejeição
de procedimento administrado pelos próprios árbitros – arbitragem ad hoc.

Muitas vezes, as características próprias da controvérsia determinam que se venha a optar por
uma em lugar da outra...

...mas isso depende de uma análise caso a caso.

Mesmo indicados, os árbitros devem ser independentes em relação às partes e neutros no que
tange à disputa.

Independência e neutralidade são requisitos éticos exigidos na arbitragem.

O fato é que as partes se sentem mais confortáveis se tiverem a oportunidade de escolher e


nomear aqueles profissionais que, por sua competência e formação, mais se creditam para
solucionar a controvérsia.

1.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 2 – IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DA IMPARCIALIDADE DO ÁRBITRO

2.1 SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO


Apesar da liberdade de escolha das partes, algumas pessoas não podem ser indicadas como
árbitros. Trata-se dos chamados casos de impedimento e suspeição de imparcialidade do árbitro.

Os conceitos de suspeição se parecem com os de impedimento.

No livro A nova arbitragem: comentários à Lei nº 9.307, de 23.09.96, segundo os autores Paulo César
Moreira Teixeira e Rita Andreatta...

A diferença fundamental é que nestes, de suspeição, existem casos que estão voltados
para situações de cunho subjetivo e perante os quais a consciência do árbitro terá função
preponderante para sua presença ou não no processo.

61
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem

2.2 SITUAÇÕES DE IMPEDIMENTO DO ÁRBITRO


Podemos classificar como situações de impedimento casos em que o indicado a árbitro...
 seja parte – o árbitro não pode ter direitos próprios que estejam envolvidos
diretamente na decisão;
 intervenha como mandatário de uma das partes, tenha oficiado como perito,
funcionado como órgão do Ministério Público ou prestado depoimento como
testemunha – esses casos de impedimento estão mais relacionados a compromissos
arbitrais judiciais, nos casos em que processos que estavam tramitando na justiça
estatal foram retirados para serem julgados pela justiça arbitral;
 conheça o objeto da arbitragem em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido
sentença ou decisão – esse impedimento aplica-se às situações em que o árbitro já
tenha atuado examinando o objeto da arbitragem em fase anterior a do processo
arbitral;
 tenha, como advogado de uma das partes, cônjuge ou qualquer parente seu,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral, até o segundo grau –
será causa de impedimento à atuação se as partes tiverem como representantes
cônjuges ou parentes de árbitros;
 seja cônjuge, parente, consanguíneo ou afim de alguma das partes, em linha reta
ou na colateral, até o terceiro grau;
 faça parte de órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na
arbitragem – seria o mesmo que julgar em causa própria.

2.3 SITUAÇÕES DE SUSPEIÇÃO DA IMPARCIALIDADE DO ÁRBITRO


Em situações de suspeição, a pessoa indicada à função de árbitro deve analisar se há um desconforto
ético para o exercício de suas atividades.

Por exemplo...
 se o árbitro for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
 se uma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes
destes, até o terceiro grau;
 se o árbitro for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
 se o árbitro receber dádivas antes ou depois de iniciada a arbitragem, aconselhar
alguma das partes sobre a disputa em questão ou fornecer meios para atender às
despesas do litígio;
 se o árbitro estiver interessado no julgamento da causa em favor de uma das
partes.

Da mesma maneira que um juiz de direito, o árbitro pode declarar-se suspeito para o julgamento
da questão por motivo de foro íntimo.

Em contrapartida, as pessoas indicadas como árbitros têm o dever de revelar, antes da


aceitação da função, qualquer fato que denote dúvida justificada quanto a sua
imparcialidade e independência.

62
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3

2.4 EXCEÇÃO

A parte pode recusar o árbitro ou os árbitros escolhidos?

Caso alguma parte tenha interesse em recusar um dos árbitros, deve apresentar um documento
dirigido ao árbitro ou ao presidente do tribunal arbitral.

O documento deve apontar as razões da recusa e apresentar as provas pertinentes –


Artigo 15 da Lei nº 9.307/96.

Esse documento chama-se Exceção e deve conter as manifestações sobre a


competência, a suspeição ou o impedimento do árbitro.

A parte deve-se pronunciar na primeira oportunidade que tiver após a instauração da


arbitragem – Artigo 20 da Lei nº 9.307/96.

2.5 RECUSA POR FATO ANTERIOR


Após estar ciente da causa de impedimento ou de suspeição do árbitro, a parte não
pode, tendo-o aceito, pretender recusá-lo.

A recusa, em tais casos, apenas pode-se dar por razão superveniente à nomeação.

Admite-se a recusa por fato anterior apenas quando a parte não tiver nomeado diretamente o
árbitro ou quando o motivo para recusa deste só vier a ser conhecido futuramente – Artigo 14,
Parágrafo 2º, da Lei nº 9.307/96.

2.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 3 – CARACTERÍSTICAS E DEVERES DE UM ÁRBITRO

3.1 CONDUTA DO ÁRBITRO

Muito se falou sobre imparcialidade, independência, competência... Afinal,


quais são as características e os requisitos de um bom árbitro?

A escolha de um bom árbitro recai na preocupação com os atributos do profissional a


ser nomeado.

63
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem

Ainda que pareça excessivo, a conduta do árbitro que violar as regras e os mandamentos legais
pode levar ao resultado extremo e indesejado da nulidade da sentença arbitral.

O Artigo 13, Parágrafo 6º, da Lei de Arbitragem diz, expressamente, que os árbitros devem
desempenhar suas funções com imparcialidade, independência, competência, diligência e
discrição.

3.2 INDEPENDÊNCIA
A independência trata dos impedimentos para a atuação, e é elemento essencial para que o
árbitro aceite sua indicação e nomeação para exercer as funções.

Esse princípio é tão relevante que a lei impõe ao árbitro a obrigação de se manifestar
previamente à aceitação – Artigo 14, Parágrafo 1º, da Lei nº 9.307/96.

A lei também outorga às partes o direito de impugnação, e o árbitro está ainda obrigado a declarar
sua falta de independência, caso isso venha a ocorrer no curso da arbitragem.

A independência é atributo do árbitro escolhido.

O caso mais evidente de falta de independência é a configuração de um impedimento


ou de uma suspeição, prevista em lei, e as hipóteses de conflito de interesses.

3.3 PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE OU IMPARCIALIDADE


A neutralidade ou imparcialidade é princípio basilar do procedimento, e é diretriz para o
comportamento e a conduta do árbitro durante todo o procedimento.

O árbitro não deve, portanto, tomar partido de nenhuma das partes


envolvidas na arbitragem.

O árbitro ou tribunal arbitral...

...deve decidir sempre de forma isonômica – caso contrário, estará impedido de atuar.

...não pode sofrer qualquer tipo de influência de quem quer que seja para dirigir o
procedimento e proferir suas decisões.

...tem liberdade para apreciar as provas, os fatos e as circunstâncias apresentadas.

64
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3

3.4 CAPACIDADE TÉCNICA


Apesar de não existir necessidade de uma formação específica para ser árbitro, é fundamental
que ele tenha domínio sobre a matéria em questão, ou seja, capacidade técnica.

É um equívoco imaginar, como alguns pensam, que apenas advogados possam atuar
como árbitros.

Na realidade, um tribunal composto de profissionais de áreas diversas poderá ser


extremamente útil para a solução da controvérsia.

Na prática, há experiências muito importantes por conta da presença de


profissionais não advogados em tribunais arbitrais.

3.4.1 INTEGRALIDADE DO CONHECIMENTO NECESSÁRIO

Indicado por uma das partes, mas sentindo faltar-lhe a integralidade do


conhecimento necessário à apreciação da questão, o árbitro deve revelar sua
convicção.

Já que se trata de uma avaliação de caráter subjetivo, as partes podem entender, por
exemplo, que a experiência e vivência profissional do árbitro será suficiente para suprir
o que ele considera falho.

A despeito do que as partes decidam, o dever de revelar se refere ao foro íntimo do árbitro e, por
ser um dever, a revelação deve ser feita sem a preocupação com o resultado que ela possa gerar.

3.5 DISCRIÇÃO

Outra questão importante diz respeito à discrição exigida do árbitro.

Não há dúvidas de que a expressão discrição, contida no Artigo 13, Parágrafo 6º, refere-
se ao sigilo.

Mesmo que o procedimento arbitral não se caracterize como confidencial, o árbitro deve manter
sigilo do caso e do julgamento – durante e após a conclusão da arbitragem.

A discrição é um requisito imposto ao árbitro e independe de ser o procedimento sigiloso ou não.

O processo decisório é restrito aos árbitros, e não é permitido que as partes estejam
presentes.

65
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem

3.6 SERENIDADE E DILIGÊNCIA


A serenidade e a diligência do árbitro são pontos importantes a destacar. A Lei de Arbitragem dota-
o de poderes similares aos do juiz de direito naquele processo arbitral – Artigo 18 da Lei nº 9.307/
96 –, mas exige dele diligência.

O árbitro goza das mesmas garantias de um juiz togado e é considerado como juiz de
fato e de direito naquele processo arbitral, apesar de não pertencer aos quadros do
Poder Judiciário e ser desprovido do poder estatal.

O árbitro deve ter diligência na condução...


 do procedimento;
 dos prazos;
 do princípio do contraditório;
 da ampla defesa;
 da igualdade das partes;
 das regras aplicáveis, em especial, nos limites da convenção de arbitragem.

O dever de diligência do árbitro inclui zelar para que a sentença arbitral seja cumprida, fazendo
com que a decisão se torne efetiva.

Vale lembrar que a não observância de tais regras pode levar à nulidade da
sentença arbitral.

3.7 HOMOLOGAÇÃO
Um dos aspectos mais importantes e inovadores da Lei de Arbitragem é que, após sua entrada em
vigor, a sentença arbitral não mais necessita de homologação pelo Poder Judiciário.

A decisão deve ser cumprida pelos litigantes, que não podem, se insatisfeitos, recorrer
ao Poder Judiciário para pedir revisão do julgamento de mérito.

A sentença arbitral tem natureza jurídica idêntica à da sentença judicial.

As partes podem requerer aos árbitros que esclareçam alguma obscuridade, dúvida, contradição
ou omissão, ou que corrijam algum erro material encontrado na decisão.

Se o árbitro entender que o volume das tarefas a ele impostas é incompatível com a disponibilidade
de tempo, deve comunicar às partes para que avaliem a conveniência de mantê-lo ou não como
árbitro.

De sua parte, ele terá cumprido o que eticamente se espera de alguém indicado para
atuar nessa posição.

66
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3

3.8 EQUIPARAÇÃO A FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


Para efeitos da legislação penal, o Artigo 17 da Lei n° 9.307/96 equiparou os árbitros, quando no
exercício de suas funções, aos funcionários públicos.

Isso quer dizer que o árbitro, agindo de forma ilícita, sujeita-se às penas previstas para
os tipos específicos contemplados como crimes contra a Administração Pública
praticados por funcionários públicos.

Dessa forma, por exemplo, um árbitro pode responder por crime de prevaricação,
concussão ou corrupção passiva...

Prevaricação...
Consiste em retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício ou praticá-lo
contra disposição expressa na lei para satisfazer interesse ou sentimento pessoal –
segundo o Artigo 319 do Código Penal, a pena prevista é de detenção de três meses
a um ano e multa.

Concussão...
Consiste em exigir vantagem indevida para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela – de acordo com o
Artigo 316 do Código Penal, a pena prevista é de reclusão de dois a oito anos e multa.

Corrupção passiva...
Caracteriza-se pela solicitação ou pelo recebimento de vantagem indevida – ou
aceitação de promessa de tal vantagem – para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela – segundo o Artigo
317 do Código Penal, a pena prevista é de reclusão de um a oito anos e multa.

A pena é aumentada em um terço se, em consequência da vantagem ou promessa, o


funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo
dever funcional.

Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício com infração de


dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, a pena é de detenção de
três meses a um ano ou multa.

3.9 DEVERES
Ao aplicarmos aos árbitros os mesmos deveres e as responsabilidades dos juízes de direito –
Artigo 14 da Lei nº 9.307/96 –, estes devem...
 assegurar às partes igualdade de tratamento;
 velar pela rápida solução do litígio;
 prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça;
 tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.

67
MÓDULO 3 Mediação e Arbitragem

3.10 PAPEL DE DESTAQUE

Percebemos que é de destaque o papel da ética na arbitragem.

Cabe aos árbitros exercerem, com responsabilidade, todas as manifestações deles exigidas, seja
de independência, de imparcialidade ou de discrição.

Cabe aos árbitros e às partes avaliarem os impedimentos e desconfortos éticos em


face das situações concretas que surgirem.

3.11 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 4 – HONORÁRIOS DO ÁRBITRO

4.1 COMPENSAÇÃO FINANCEIRA

Pelo desempenho de suas funções, os árbitros são remunerados?

Quem arca com os custos?

Como se calcula o valor a ser pago?

Logicamente, o árbitro ou tribunal arbitral é merecedor de uma compensação financeira


pelas atividades exercidas na condução e decisão da controvérsia.

Não existe regra determinando qual das partes é responsável pelo pagamento de custas e dos
honorários dos árbitros. Cabe a elas decidirem a respeito do assunto no momento apropriado, isto
é, na redação da cláusula compromissória ou na assinatura do compromisso arbitral.

As partes podem decidir, por exemplo, que todas as despesas decorrentes da arbitragem serão
divididas entre elas ou decidir que a parte perdedora pagará os honorários do tribunal arbitral.

4.2 REGRAS
Em arbitragens institucionais, existem regras predefinidas pelas organizações especializadas.

As regras dispõem sobre as normas e os procedimentos da arbitragem, as tabelas de


custas, as taxas de administração e os preços dos honorários.

Nesses casos, geralmente, cobra-se por hora de trabalho do árbitro.

Nas arbitragens ad hoc, a estipulação da forma e dos valores de honorários é livre.

68
Mediação e Arbitragem MÓDULO 3

Em geral, a remuneração do árbitro é estabelecida como um percentual sobre o


montante total envolvido na disputa.

4.3 QUANTIA A SER PAGA


A quantia a ser paga ao árbitro a título de honorários pode ser calculada levando-se em
consideração aspectos como...

...o valor em disputa...

...a complexidade da matéria...

...o tempo estimado de envolvimento no processo de arbitragem.

A necessidade de reuniões, visitas, elaboração de relatórios, vistorias,


entrevistas com testemunhas, deslocamentos, elaboração de laudo arbitral e
outras atividades interferem, diretamente, no valor do procedimento arbitral.

4.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

69
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4

MÓDULO 4 – PROCEDIMENTO ARBITRAL

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, conheceremos o procedimento arbitral nos panoramas internacional e nacional.

Veremos que cada câmara de arbitragem tem seu regulamento próprio, mas os procedimentos
para instauração da arbitragem são praticamente os mesmos.

Analisaremos também os itens que constam do termo de compromisso arbitral.

UNIDADE 1 – PANORAMA NACIONAL

1.1 MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIA

Ainda há receio, no Brasil, quanto ao uso dos meios alternativos de solução


de controvérsia.

Houve um grande avanço no uso dos meios alternativos de solução de controvérsia com o
advento da Lei de Arbitragem.

Nesse sentido, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ – instituiu a Política Judiciária Nacional de
Tratamento Adequado de Conflitos, no âmbito do Poder Judiciário, por meio da Resolução nº
125/10.

Essa instituição ocorreu sob os pilares estratégicos...


 da eficiência operacional;
 do acesso ao sistema de Justiça;
 da responsabilidade social.

Esse ato normativo tem como objetivo traçar uma política pública permanente de tratamento
adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses em âmbito nacional.

O tratamento não se restringiria apenas aos serviços jurisdicionais prestados, mas,


igualmente, a outros mecanismos autocompositivos.

1.1.1 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA


O Conselho Nacional de Justiça – CNJ – compreende como basilar o incentivo e aperfeiçoamento
dos mecanismos consensuais de solução de litígios.

Por essa razão, esse conselho tem como meta conduzir a sistematização e o
aprimoramento das práticas já adotadas pelos tribunais brasileiros para uniformizar os
serviços de conciliação, mediação e outros métodos consensuais.

71
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem

Essa sistematização...

...focaliza a solução dos conflitos por meio alternativo à jurisdição tradicional.

...tem como alvo a estruturação de técnicas consistentes para serem adequadas às


peculiaridades de cada caso concreto.

A adoção da política pública permanente, orientada pelo CNJ, evita disparidades de orientação e
de práticas diante das especificidades regionais...

...permitindo o controle de qualidade na especialização de órgãos judiciais acerca


dessa temática.

Hoje a utilização dos meios alternativos de composição de conflitos é vista, em sua maioria, como
uma possibilidade viável para desafogar o Poder Judiciário.

No entanto, essa não é sua natureza.

O objetivo principal da utilização dos meios alternativos de composição de conflitos é


fornecer às partes, devido a suas peculiaridades, opções para a resolução de seus
conflitos.

1.2 CONIMA

No Brasil, há várias instituições dedicadas à mediação e à arbitragem. Entre


elas, podemos citar o CONIMA.

O Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem – CONIMA – é uma entidade cujo
objetivo é congregar e representar as entidades de mediação e arbitragem.

O CONIMA...

...visa à excelência de sua atuação.

...visa ao desenvolvimento e à credibilidade dos meios alternativos de resolução de


controvérsias.

...observa as normas técnicas e a ética.

...dispõe de um Código de Ética para Mediadores e Árbitros para servir de modelo para
as instituições afiliadas e outras.

72
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4

Cabe ao CONIMA estimular a criação de novas instituições de mediação e arbitragem, orientando-


as nas mais diversas áreas, e sempre observando a qualidade, indispensável ao desempenho de
suas atividades.

1.3 CÂMARA FGV DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM


A Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem é presidida pelo Presidente da Fundação Getulio Vargas,
assistido em suas funções por dois Vice-Presidentes egressos do Conselho Diretor da instituição.

Completam a Direção da Câmara um Diretor Jurídico e um Diretor Executivo.

Sua principal função é administrar e monitorar o procedimento arbitral, garantindo que


todas as suas fases e todos os seus prazos sejam cumpridos rigorosamente, de acordo
com a lei.

O Corpo Permanente de Conciliadores e Árbitros da Câmara FGV é


constituído de eminentes personalidades no campo do Direito, experientes
advogados e profissionais altamente capacitados dentro de um amplo espectro de
temas, que vão da engenharia civil até o comércio exterior, telecomunicações, e
petróleo e gás natural.

1.3.1 CARÁTER DA INSTITUIÇÃO


Nos domínios da Economia, do Direito, das Finanças e da Administração, o Corpo Permanente de
Árbitros é formado por professores das Escolas da FGV – EAESP, EBAPE, EPGE, Direito Rio e EDESP.

Essas são as áreas do conhecimento tradicionalmente dominadas pela FGV e que, por
isso, imprimem o caráter da instituição à Câmara.

Sem embargo da existência de um Corpo Permanente de Conciliadores e


Árbitros, as partes podem, de comum acordo, escolher outros árbitros cuja
indicação fica, contudo, sujeita à aprovação da Câmara FGV, gestora de todo o
procedimento.

1.4 MEDIARE
O Mediare – Diálogos e Processos Decisórios, fundado em 1997, tem como objetivos a divulgação,
a capacitação, a consultoria e a prática da mediação e de outros instrumentos não adversariais
destinados à administração de conflitos.

Trata-se de uma empresa especializada na prevenção, avaliação, administração e na


resolução de conflitos, além de facilitar diálogos, e construir consenso e processos
decisórios.

73
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem

O Mediare conta com uma equipe multidisciplinar de mediadores e especialistas que


atuam em diversas áreas. A experiência com a prática da mediação, e a dedicação ao
estudo e à pesquisa dos métodos de diálogo e de processos decisórios possibilitaram
a ampliação do leque de recursos oferecidos.

O Mediare utiliza hoje o sistema multiportas de métodos não adversariais de solução


de controvérsias e de diálogo que, além da mediação, inclui...
 a facilitação de diálogos;
 a consultoria técnica avaliativa;
 a construção de consenso e a assessoria em situações de negociação.

O Mediare é um centro de referência que integra diversas redes de instituições –


nacionais e internacionais – de mediação e de outros instrumentos de resolução
alternativa de disputas – RAD –, com elas estabelecendo parcerias e intercâmbio.

1.5 FÓRUM NACIONAL DE MEDIAÇÃO


O FONAME – Fórum Nacional de Mediação – é composto, voluntariamente, de entidades de
qualquer natureza ou núcleos regularmente constituídos, dedicados ao aperfeiçoamento, à
divulgação e à prática da mediação de conflitos.

1.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 2 – PANORAMA INTERNACIONAL

2.1 WORLD MEDIATION FORUM

No cenário internacional, a mediação e a arbitragem são bem


desenvolvidas.

No exterior, existem diversas instituições especializadas.

Em virtude de seu reconhecimento e sua credibilidade, podemos citar, entre elas, o World Mediation
Forum – WMF.

O WMF é uma organização...


 internacional;
 sem fins lucrativos;
 comprometida com os ideais da educação, da cadeia internacional e da construção
da capacidade no campo de mediação e resolução de conflitos.

74
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4

O WMF existe para unir todos os indivíduos e as organizações que desejam promover mediação
e resolução de conflitos em todas as modalidades.

Sua função principal é organizar conferências, congressos, palestras e publicações para


atingir seus objetivos de troca e desenvolvimento de conhecimento e habilidades da
mediação propriamente dita e da mediação de conflitos pelo mundo.

2.2 ASSOCIATION FOR CONFLICT RESOLUTION


A Association for Conflict Resolution é uma organização profissional dedicada ao incentivo da
prática e da divulgação da resolução de conflitos.

A Association for Conflict Resolution representa e serve a diversas audiências nacionais


e internacionais.

A organização inclui renomados mediadores, árbitros, facilitadores, educadores, profissionais


envolvidos na resolução de conflitos e tomadores de decisões colaborativas.

A sede da Association for Conflict Resolution localiza-se em Whashington, nos


Estados Unidos.

A Association for Conflict Resolution foi criada em janeiro de 2001, quando a Academy
of Family Mediators – AFM –, a Conflict Resolution Education Network – CREnet – e a
Society for Professionals in Dispute Resolution – SPIDR – unificaram-se em apenas uma
organização.

2.3 INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE


A International Chamber of Commerce – ICC – tem sido a organização líder no campo de resolução
de conflitos sobre comércio internacional.

A International Chamber of Commerce tem mais de nove décadas de experiência na elaboração


de regras para reger e facilitar a realização do comércio internacional.

Tais normas incluem as de solução de conflitos, que, inevitavelmente, surgem nas


relações de negócios.

O atual Regulamento ADR representa a mais recente iniciativa da ICC nesse campo.

O Regulamento ADR da CCI compõe o resultado de discussões entre


especialistas em solução de conflitos e representantes da comunidade
empresarial de 92 países.

75
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem

2.3.1 REGULAMENTO ADR


O propósito do atual Regulamento ADR é oferecer aos parceiros empresariais meios para solucionar
conflitos amigavelmente, na maneira mais conveniente a suas necessidades.

Um traço distintivo característico do regulamento é a liberdade concedida às partes na


escolha da técnica que considerarem mais propícia à solução amigável.

As partes envolvidas em uma arbitragem da CCI podem recorrer ao ADR da CCI, caso
o conflito pareça justificar uma abordagem diversa, mais consensual.

Contudo, os dois serviços permanecem distintos, cada um administrado por


uma secretaria em separado, situada na sede da CCI, em Paris.

Não havendo consenso entre as partes quanto ao método a ser adotado, a mediação será utilizada.

Como método amigável de solução de conflitos, o Regulamento ADR deve ser diferenciado da
arbitragem da CCI.

Ambos são meios alternativos para solucionar conflitos, embora, em determinadas


circunstâncias, possam ser complementares.

É possível às partes recorrerem à arbitragem se não conseguirem chegar a uma solução amigável.

2.4 PEACEWEB
A PeaceWeb, organização internacional sem fins lucrativos, começou em 1982 como The National
Conference on Peacemaking and Conflict Resolution.

Durante seus 24 anos de história, a PeaceWeb organizou 11 conferências


internacionais.

Mais de 10.000 defensores da paz e praticantes dos métodos de resolução de controvérsias se


inspiraram nos workshops, nos congressos, nas sessões de treinamento e nas apresentações
sediadas nessas reuniões mundiais.

A PeaceWeb foi reestruturada como uma organização regional e batizada conforme


decidido na conferência de 2003.

A PeaceWeb busca conectar indivíduos e grupos que trabalham – seja em nível local, nacional,
seja internacional – pela paz, pela transformação de conflitos não violentos, pela justiça racial e
econômica, e pelo desenvolvimento sustentável.

76
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4

2.5 MEDIADORES EN RED


A Fundação Interdisciplinar e de Mediadores é um lugar para compartilhar informações, experiências
e projetos na área de resolução de conflitos em todos os âmbitos.

A fundação conta com apoio acadêmico do Conselho Consultivo


Internacional, do mais alto nível.

Seus membros fundadores são pioneiros da mediação em todas as províncias argentinas.

A Fundação forma parte da Red de Organizaciones de la Sociedad Civil – Red OSC –, coordenada
pelo Centro de Estudos de Justiça das Américas – CEJA.

Sua sede localiza-se em Buenos Aires, na Argentina.

2.6 ASIA PACIFIC MEDIATION FORUM


O Asia Pacific Mediation Forum foi desenvolvido, primeiramente, em 2001, por Dale Bagshaw,
Diretor do Conflict Management Research Group da Universidade de South Australia.

O Asia Pacific Mediation Forum teve suporte e encorajamento do World Mediation


Forum.

O principal objetivo do Asia Pacific Mediation Forum é facilitar a troca e o desenvolvimento


do conhecimento, dos valores e das habilidades da mediação.

O Asia Pacific Mediation Forum é patrocinado pelo World Mediation Forum.

O Asia Pacific Mediation Forum facilita a mediação em qualquer forma – intercultural, interpessoal,
interinstitucional ou internacional, dentro e entre diversos países e culturas da Ásia.

Para atingir esse objetivo, as conferências são sediadas na Ásia, a cada dois anos.

Os países se revezam para sediá-las.

2.7 AMERICAN BAR ASSOCIATION – CONFLICT RESOLUTION SECTION


A Seção de Resolução de Conflitos American Bar Association – ABA –, a Conflict Resolution Section,
estabelecida em 1993, é uma das mais novas e mais promissoras.

A seção tem vários comitês, incluindo arbitragem, mediação internacional, entre outros.

Sua sede se localiza em Washington, nos Estados Unidos.

77
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem

Seus objetivos incluem...

...manter o papel de líder nacional da American Bar Association no campo da resolução


de conflitos;

...fornecer informação e assistência técnica a seus membros, legisladores,


departamentos governamentais e ao público em geral, sobre todos os aspectos de
resolução de controvérsias;

...estudar métodos existentes para a rápida e eficaz resolução;

...adaptar procedimentos legais atuais para acompanhar processos sobre resolução de


conflitos;

...ativar o envolvimento da filial estadual e local da Bar Association na resolução do


conflito, condução de programas sobre educação pública e profissional, como Multi-
Door Dispute Resolution Courthouse Centers Project, e condução de um programa sobre
pesquisa e desenvolvimento, incluindo modelos programáticos e legislativos.

2.8 AMERICAN ARBITRATION ASSOCIATION


Fundada em 1926, a American Arbitration Association oferece uma larga lista de serviços, incluindo
educação e treinamento, publicações e resolução de disputas.

A American Arbitration Association...

...utiliza-se de mediação, arbitragem, eleição e outros métodos alternativos.

...tem escritórios nos Estados Unidos e na Europa, acordos cooperativos com instituições
de vários países.

...disponibiliza locais para audiências, administração do processo, regras e


procedimentos testados, e uma lista de peritos imparciais para ouvir e resolver os
casos.

Os objetivos da American Arbitrarian Association em benefício e para educação do público em


geral e das partes interessadas são...

...estudar;

...pesquisar;

...promover;

78
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4

...estabelecer e administrar procedimentos para o gerenciamento de conflitos pelo


uso de arbitragem;

...mediação;

...conciliação;

...negociação;

...eleições democráticas;

...outros procedimentos voluntários, em conjunto com outros objetivos e propósitos


estabelecidos nos documentos da associação.

2.9 LONDON COURT OF INTERNATIONAL ARBITRATION

O London Court of International Arbitration – LCIA – é uma das mais antigas


instituições voltadas para a resolução de disputas comerciais, mas se mantém
moderno e atualizado.

Apesar de sua sede ser em Londres, o London Court of International Arbitration –


LCIA – é uma instituição internacional.

A LCIA providencia uma eficiente, flexível e imparcial administração dos procedimentos de solução
de controvérsias para todas as partes, não importando suas localizações e sob qual regime jurídico
estavam submetidas.

Em 1981, a LCIA recebeu esse nome para refletir a natureza de seu trabalho, que, à
época, era predominantemente internacional.

Nesse mesmo ano, regras inovadoras foram adotadas.

2.10 INSTITUTO DE ARBITRAGEM DA CÂMARA DE COMÉRCIO DE ESTOCOLMO


O Instituto de Arbitragem da Câmara de Comércio de Estocolmo – SCC Institute – foi fundado em
1917.

O SCC Institute é uma entidade autônoma dentro da Câmara de Comércio de Estocolmo.

O instituto foi reconhecido, nos anos 70, pelos Estados Unidos e pela União Soviética, como um
centro neutro para a resolução de disputas nas relações comerciais de Leste a Oeste.

79
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem

Nas últimas décadas, o instituto vem-se destacando como um dos mais


importantes institutos de arbitragem do mundo.

O instituto está expandindo seus serviços relacionados à arbitragem internacional para vários
países.

2.11 INTERNATIONAL ARBITRAL CENTRE OF THE AUSTRIAN FEDERAL ECONOMIC CHAMBER


O Centro de Arbitragem Internacional é parte da Câmara Federal Austríaca de Economia.

A Câmara Federal Austríaca de Economia é a junção de nove câmaras individuais de


economia das províncias austríacas.

A Câmara Federal de Economia tem inúmeros membros, que representam vários ramos da indústria,
como fabricação, comércio, finanças, crédito, seguros, transporte, turismo, comércio e embarcações/
aviões.

A sede do Centro de Arbitragem Internacional se localiza em Viena.

2.12 CÂMARA SUÍÇA DE ARBITRAGEM

As Câmaras de Comércio e Indústria de Basel, Berne, Geneva, Lausanne,


Lugano e Zurich juntaram seus esforços na arbitragem internacional.

Os procedimentos das Câmaras de Comércio e Indústria de Basel, Berne, Geneva, Lausanne,


Lugano e Zurich são baseados nas Swiss Rules of International Arbitration.

As partes são livres para designar o local da arbitragem na Suíça ou em outro lugar.

As câmaras indicaram um Comitê de Arbitragem para exercer os poderes a eles


conferidos pelas Swiss Rules.

2.13 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

80
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4

UNIDADE 3 – INSTAURAÇÃO DA ARBITRAGEM

3.1 REQUERIMENTO
Os procedimentos para instauração da arbitragem são praticamente os mesmos, variando um
pouco na forma de realização do ato e nos prazos fixados.

Contudo, cada câmara de arbitragem tem seu regulamento próprio.

A Lei nº 13.129/2015, alterando o Artigo 19, incluindo o Parágrafo 2º, dispõe:

A instituição da arbitragem interrompe a prescrição, retroagindo à data do requerimento


de sua instauração, ainda que extinta a arbitragem por ausência de jurisdição.

Para recorrer à arbitragem, a parte deve fazer o requerimento por escrito, contendo:
 os nomes completos, a qualificação e os endereços das partes;
 o objeto do litígio e, se desejar, uma sucinta exposição das razões que fundamentam
a pretensão;
 o valor atribuído pelo requerente ao litígio;
 a indicação de árbitro, quando for o caso.

3.2 TAXA DE ABERTURA DO PROCEDIMENTO ARBITRAL


Para o início da arbitragem, faz-se necessário o recolhimento da taxa de abertura do procedimento
arbitral.

No processo judicial, trata-se da denominada taxa judiciária.

A parte deve ainda anexar os seguintes documentos ao requerimento...


 comprovante de recolhimento da taxa de abertura;
 contrato ou cláusula compromissória;
 cópias do requerimento para as partes requeridas e uma cópia destinada à secretaria
da câmara.

3.3 ANÁLISE DO REQUERIMENTO


Primeiramente, o pedido de instauração da arbitragem é analisado pela secretaria da câmara de
arbitragem escolhida pelas partes por cláusula compromissória ou compromisso arbitral.

Em seguida, a secretaria providencia a entrega de cópias do requerimento e do


regulamento da câmara a todas as partes requeridas.

Após, as partes são convidadas a manifestar, por escrito e expressamente, sua


concordância com a instituição do juízo arbitral.

81
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem

O prazo estipulado para a realização desse ato é estipulado no regulamento


da câmara.

3.4 INDICAÇÃO DOS ÁRBITROS


As partes requeridas indicam o árbitro. Conforme alguns regulamentos, ainda que haja mais de
uma, as partes devem indicar um único árbitro.

A Lei nº 13.129/2015 alterou o Artigo 13, incluindo o Parágrafo 4º:

§ 4º As partes, de comum acordo, poderão afastar a aplicação de dispositivo do


regulamento do órgão arbitral institucional ou entidade especializada que limite a escolha
do árbitro único, coárbitro ou presidente do tribunal à respectiva lista de árbitros, autorizado
o controle da escolha pelos órgãos competentes da instituição, sendo que, nos casos de
impasse e arbitragem multiparte, deverá ser observado o que dispuser o regulamento
aplicável.

Caso a parte requerida não manifeste consentimento em submeter-se à arbitragem ou se, havendo
com ela concordado, deixar de firmar o compromisso arbitral, a parte requerente pode:
 requerer, na forma do disposto no Artigo 7º da Lei nº 9.307/96, a citação da outra
parte para comparecer em juízo a fim de se lavrar o termo de compromisso;
 requerer, dentro do prazo estipulado no regulamento, contados os dias, via de
regra, a partir da intimação que lhe fará a câmara, que esta promova o andamento
da arbitragem, desde que a cláusula compromissória determine que a arbitragem
seja administrada de acordo com o regulamento da câmara escolhida e assim
previsto no mesmo.

3.5 PROSSEGUIMENTO DA ARBITRAGEM


No caso da opção pelo prosseguimento da arbitragem, a parte requerente submete a minuta de
termo de compromisso à câmara, cujo conteúdo será aprovado por ela – respeitadas as disposições
da cláusula compromissória e o disposto no regulamento.

Promovida a arbitragem, a parte revel – ou seja, aquela que não se apresentou nem se
manifestou no processo – é intimada de todos os atos procedimentais.

A parte revel pode ingressar no processo a qualquer tempo, no estado em que este se
encontrar. A revelia no procedimento arbitral não induz o efeito mencionado no Artigo
344 do Novo Código de Processo Civil.

Se a parte requerente não concordar com as alteração na minuta proposta


pela câmara, o processo de arbitragem pode ser extinto.

82
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4

Por outro lado, caso a parte requerida tenha concordado com a instauração da arbitragem, os
árbitros são nomeados.

As partes e os árbitros nomeados são convocados para, juntamente com duas


testemunhas, assinarem o termo de compromisso arbitral.

3.6 TERMO DE COMPROMISSO ARBITRAL


Do termo de compromisso arbitral constam...
 nome, profissão, estado civil, domicílio das partes e endereços aos quais devam ser
dirigidas as notificações;
 nome, profissão e domicílio do(s) árbitro(s) e, se for o caso, a indicação do presidente
do juízo arbitral;
 a matéria que será objeto da arbitragem;
 o local – ou locais – onde se desenvolverá a arbitragem e onde será proferida a
sentença arbitral;
 o prazo dentro do qual deverá ser proferida a sentença arbitral;
 o valor do litígio;
 a declaração dos árbitros de que não são impedidos de atuar no caso em questão;
 o montante dos honorários dos árbitros e a forma de seu pagamento;
 a declaração da responsabilidade pelo pagamento das custas processuais, dos
honorários e das despesas com a arbitragem;
 as modificações no procedimento de arbitragem eventualmente acordadas pelas
partes.

3.6.1 OUTRAS INFORMAÇÕES


O compromisso arbitral pode ainda conter...

...a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por equidade.

...a indicação da lei nacional e de outras normas aplicáveis à arbitragem – quando


assim convencionarem as partes.

As custas do procedimento arbitral também devem ser efetuadas.

As custas do procedimento arbitral não se confundem com a taxa de


abertura do processo arbitral.

3.7 REQUERENTE E REQUERIDO


Assinado o compromisso arbitral, o tribunal concede ao requerente da arbitragem prazo para
apresentar razões, acompanhadas dos documentos que entender necessários.

83
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem

Assim como o requerimento, as razões e os documentos devem ser apresentados em vias para o
requerido – ou requeridos –, e mais uma destinada ao tribunal arbitral e outra à secretaria da
câmara.

Recebidas as razões do requerente, elas são encaminhadas ao requerido – ou


requeridos .

O requerido tem prazo estipulado no regulamento para apresentar resposta, e deve anexar a
documentação necessária e indicar as provas que deseja produzir.

Havendo mais de um requerido, é facultada a apresentação de resposta por


todos eles dentro do prazo comum estipulado no regulamento.

3.8 PRODUÇÃO DE PROVAS


Esgotado o prazo para a apresentação das razões pelas partes, o tribunal arbitral, se entender que
não há necessidade da produção de provas e da realização de audiência, decide de plano a
questão.

Entendendo que seja necessária a produção de provas, o tribunal arbitral determina o


modo pelo qual devam ser produzidas e fixa prazo para sua produção.

Às partes é assegurado o direito de acompanhar a produção das provas, inclusive, inquirindo


testemunhas e, em caso de perícia, apresentando quesitos.

3.9 ALEGAÇÕES FINAIS

A audiência deve ser realizada após o encerramento da fase probatória.

Encerrada a fase probatória, a data para a audiência é designada.

Nessa audiência, as partes podem apresentar alegações finais, oralmente ou por escrito.

O tribunal arbitral pode solicitar que compareçam também pessoas cuja presença seja considerada
necessária à formação do convencimento por parte dos julgadores.

A audiência é realizada mesmo que alguma das partes regularmente intimada não
compareça.

O não comparecimento de qualquer das partes à audiência não impede que seja proferida a
sentença arbitral.

84
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4

3.10 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 4 – SENTENÇA ARBITRAL

4.1 MOMENTO DA APRESENTAÇÃO DA SENTENÇA

A sentença arbitral é proferida após a realização da audiência.

O Artigo 23 da Lei nº 9.307/96 estipula que o prazo é estipulado pelas partes.

Caso não haja essa previsão, o prazo para apresentação da sentença é de seis meses,
contados da instituição da arbitragem ou substituição do árbitro.

A Lei nº 13.129/2015 incluiu os seguintes parágrafos no Artigo 23:

§ 1º Os árbitros poderão proferir sentenças parciais.

§2º As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo para proferir a
sentença final.

4.2 VOTAÇÃO
A sentença arbitral é deliberada por maioria de votos.

O árbitro que decidir por divergir da maioria deve fundamentar o voto vencido, que integrará a
sentença.

Não é possível a apresentação de embargos infringentes nem o reexame do mérito,


conforme disposto no Artigo 30 da Lei nº 9.307/96.

Cabe a cada árbitro um voto.

4.3 ELEMENTOS DA SENTENÇA


A sentença arbitral contém, necessariamente, conforme disposto no Artigo 26 da Lei nº 9.307/
96...
 o relatório, com o nome das partes e a indicação do objeto do litígio;
 os fundamentos da decisão, com menção expressa, quando for o caso, de ter sido
proferida por equidade;
 o dispositivo em que foram resolvidas as questões submetidas pelas partes;
 a data e o local em que foi assinada.

85
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem

4.3.1 OUTRAS CARACERÍSTICAS


A sentença arbitral é redigida pelo presidente do tribunal arbitral.

Para sua eficácia, a assinatura da maioria dos árbitros é suficiente.

Na sentença arbitral, podemos fixar...


 o prazo para seu cumprimento;
 a responsabilidade pelo pagamento de custas e honorários.

4.4 DIVULGAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL


A sentença arbitral pode ser divulgada às partes em audiência especialmente convocada para
esse fim.

As partes devem ser notificadas com antecedência sobre sua realização.

Essa sentença pode ser enviada para as partes, conforme o regulamento da câmara
eleita por elas.

O original da sentença arbitral é arquivado na secretaria da câmara, e as partes podem obter


certidão dela e da documentação constante do respectivo processo.

Cada parte recebe uma cópia da sentença arbitral devidamente autenticada


pela Secretaria Geral.

4.5 APRESENTAÇÃO DE RECURSOS


Em observância ao Artigo 30 da Lei nº 9.307/96 – nova redação conforme a Lei nº 13.129/2015 –, no
prazo de cinco dias, a contar do recebimento da notificação ou da ciência pessoal da sentença arbitral,
salvo se outro prazo for acordado entre as partes, a parte interessada, mediante comunicação à outra
parte, poderá solicitar ao tribunal arbitral que:
 corrija erro material da sentença arbitral;
 esclareça obscuridade ou contradição nela existentes;
 pronuncie-se sobre o ponto a respeito do qual deveria ter-se manifestado a decisão.

O tribunal arbitral decide no prazo de 10 dias, notificando as partes, por escrito, de sua decisão e
aditando, se for o caso, a sentença arbitral – Lei nº 13.129/2015, Artigo 30, Parágrafo único:

Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá no prazo de 10 (dez) dias ou em


prazo acordado com as partes, aditará a sentença arbitral e notificará as partes na forma
do art. 29.

86
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4

4.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 5 – MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL

5.1 RECURSOS

Não é admitido recurso para novo exame do mérito na arbitragem.

O recurso admitido visa apenas corrigir erro material ou esclarecer alguma obscuridade, dúvida
ou contradição da sentença arbitral.

Se o recurso for rejeitado, só a parte interessada da impugnação é intimada.

Não cabe qualquer recurso da decisão que acolher ou rejeitar.

5.2 RECURSOS FORMAIS

A sentença arbitral não pode ter seu mérito examinado novamente pelo
Poder Judiciário.

A sentença arbitral pode sofrer controle do Poder Judiciário no que tange ao


cumprimento dos requisitos formais.

O Artigo 32 da Lei de Arbitragem determina os casos em que a sentença arbitral é nula.

Conforme o Artigo 33 da Lei de Arbitragem, a parte deve pleitear a nulidade da sentença arbitral
perante o Poder Judiciário, seguindo o Código de Processo Civil.

A parte opta pelo procedimento comum ordinário ou sumário, dependendo da complexidade da


matéria probatória e do valor da causa.

Devemos observar o prazo de 90 dias, como disposto no Parágrafo 1º do Artigo 33 da Lei de


Arbitragem.

Conforme o Parágrafo 3º do Artigo 33:

§ 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser argüida mediante


ação de embargos do devedor, conforme o art. 741 e seguintes do Código de Processo Civil,
se houver execução judicial.

87
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem

5.3 EXECUÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL


Em virtude da falta de poder de coação do árbitro ou tribunal arbitral, a parte vencedora deve
propor ação de execução em face da parte vencida visando cumprir a sentença arbitral.

As matérias passíveis de alegação para desconstituição do título devem ser apresentadas em


matéria de impugnação ao cumprimento da sentença arbitral.

As matérias passíveis de alegação para desconstituição do título só podem versar sobre os incisos
do Artigo 32 da Lei de Arbitragem.

A sentença arbitral constitui um título executivo judicial, conforme o Artigo


n° 475-N, Inciso IV, do Código de Processo Civil – Artigo 515, Inciso VII no Novo
Código de Processo Civil.

A sentença arbitral constitui um título executivo judicial, conforme o Artigo n° 475-N,


Inciso IV, do Código de Processo Civil – Artigo 515, Inciso VII no Novo Código de
Processo Civil.

5.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 6 – SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA

6.1 IMPUGNAÇÃO DA SENTENÇA ARBITRAL


Se a sentença arbitral for estrangeira, é necessário que ela seja homologada pelo Superior Tribunal
de Justiça, onde há a citação para a parte vencida se manifestar.

Os casos de indeferimento da homologação estão nos Artigos 38 e 39 da Lei de Arbitragem.

Entre eles, está a ofensa à ordem pública, que, como conceito indefinido, pode gerar rediscussão
do mérito da sentença estrangeira.

Conforme o Artigo 40 dessa lei, se os vícios formais tiverem sido supridos, não há
impedimentos para que a parte interessada renove o pedido.

Fora esses casos, não é admissível a impugnação da sentença arbitral – perante o Estado-juiz, ou
qualquer entidade arbitral institucional ou entidade especializada, nacional ou estrangeira – porque
ela é revestida pelo instituto da coisa julgada.

88
Mediação e Arbitragem MÓDULO 4

6.2 SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA VERSUS SENTENÇA ARBITRAL INTERNACIONAL


A homologação de sentença arbitral estrangeira é da competência do Superior Tribunal de Justiça
e não mais depende de homologação no país de origem.

No entanto, é necessário traçar a diferença entre sentença internacional e sentença


estrangeira.

Conforme explica José Carlos de Magalhães...

(...) o laudo arbitral emitido com base no Protocolo de Brasília é uma decisão internacional
que obriga o país na órbita internacional e produz efeitos internos. A sentença internacional
não se confunde com a sentença estrangeira, que é a proferida pelo poder judiciário de
outro Estado, para ser executada no país. A sentença estrangeira provém de uma
autoridade judiciária estatal, cuja execução no território de outro requer a prévia
aprovação do judiciário local por meio de sentença homologatória. E o que se executa é a
sentença homologatória nacional da sentença estrangeira.

O mesmo não ocorre com a sentença internacional, emanada de uma autoridade


judiciária, ou arbitral, internacional instituída ou reconhecida pelo país, que se obrigou a
acatá-la. Possui autoridade própria e, por essa razão, executável no âmbito interno dos
Estados que participaram do processo onde foi proferida.

Sentença internacional proferida em processo do qual o país é parte não requer


homologação, pois se aplica contra o Estado-Parte no processo. E o Judiciário integra esse
mesmo Estado, cabendo-lhe, se provocado, simplesmente dar cumprimento à decisão
internacional, não possuindo, dessa forma a prerrogativa de aceitá-la ou não.

6.3 DEFINIÇÃO PELA LEI DE ARBITRAGEM


A Lei nº 9.307/96, em seu Artigo 34, determina que todas as sentenças arbitrais proferidas fora do
território nacional sejam consideradas estrangeiras.

O laudo proferido pelo Tribunal Arbitral no âmbito do MERCOSUL é um laudo


internacional, e não estrangeiro.

O laudo não foi proferido por um Poder Judiciário de outro Estado, e sim por um
Tribunal ao qual o Brasil aceitou se submeter.

É importante ressaltar que o Protocolo de Las Leñas não tirou a necessidade de homologação
pelo órgão competente.

O Protocolo de Las Leñas apenas simplificou o procedimento necessário para as sentenças arbitrais
provenientes dos Estados-Parte do MERCOSUL.

89
MÓDULO 4 Mediação e Arbitragem

À época, esse foi o entendimento do STF sobre a matéria.

6.4 CONVENÇÃO DE NOVA IORQUE


A Convenção de Nova Iorque de 1958 – promulgada, no Brasil, pelo Decreto nº 4.311, de 23 de julho
de 2002 – é o diploma mais conhecido sobre a matéria.

A Convenção de Nova Iorque foi a fonte inspiradora para a elaboração da Convenção de Panamá
1975, também ratificada pelo Brasil.

A Convenção de Nova Iorque se aplica às sentenças arbitrais estrangeiras em virtude de um duplo


critério...

...aquelas proferidas no território de um Estado distinto daquele em que se pede o


reconhecimento e a execução.

...aquelas sentenças que não são nacionais no Estado em que se pede seu
reconhecimento.

Seu campo de aplicação independe da nacionalidade das partes.

6.5 PROTOCOLO DE GENEBRA

O Brasil ratificou, por meio do Decreto nº 21.187, de 22 de março de 1932,


o Protocolo de Genebra sobre Cláusulas Arbitrais, de 24 de setembro de 1923.

O Brasil reconhece a validade da cláusula compromissória como juridicamente válida quando a


arbitragem for internacional.

Seu objetivo principal é a definição válida de arbitragem e sua aceitação pelos países signatários.

Nesse sentido, o STJ teve oportunidade de se manifestar no Recurso Especial nº 616.

6.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 7 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

90
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

MÓDULO 5 – POLÊMICA SOBRE A LEI DE ARBITRAGEM

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, enfocaremos a arbitragem envolvendo o Estado.

Estudaremos o caráter jurisdicional da arbitragem, o conceito de jurisdição e as teorias concernentes


à natureza jurídica do juízo arbitral. Abordaremos, também, a arbitragem nos contratos de adesão.

Neste módulo, analisaremos ainda a arbitragem e o Direito Trabalhista.

UNIDADE 1 – ARBITRAGEM ENVOLVENDO O ESTADO

1.1 FALTA DE CLAREZA


Havia falta de clareza no Artigo 1º da Lei nº 9.307/96 no que se referia à arbitrabilidade subjetiva –
questionava-se, por exemplo, a participação da Administração Pública direta e indireta.

Para alguns doutrinadores, os princípios da arbitragem se confrontavam com os princípios da


Administração Pública.

Por essa razão, não seria possível usar a arbitragem para solução das controvérsias..

Alguns princípios causavam polêmica.

Vejamos agora cada um deles.

1.2 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


A Administração Pública, por força do Artigo 37 da Constituição Federal, deve obedecer ao
princípio da legalidade.

Dessa forma, a Administração Pública só está autorizada a praticar atos previstos em lei ou outro
ato normativo – diferentemente do particular, que pode praticar qualquer ato que não seja
contrário à lei. Vejamos algumas observações acerca do princípio da legalidade...

Autorização específica...
A arbitragem só pode ser utilizada por um ente público se houver expressa autorização
legal para tanto. A divergência entre os autores está exatamente na existência da
autorização legal pelas leis já publicadas. A maioria da doutrina admite o uso da
arbitragem pela Administração Pública, desde que o princípio da legalidade seja
observado – como ocorreu no caso Lage. Ou seja, reivindica a existência de um ato
normativo específico.

91
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem

Autorização genérica concedida pela Lei de Arbitragem...


Alguns autores defendiam que o Artigo 1° da Lei de Arbitragem, ao estabelecer que as
pessoas capazes de contratar podem participar de arbitragem, conferiu, de forma
genérica, a autorização para a Administração Pública. Dessa forma, já haveria autorização
legislativa atendendo ao princípio da legalidade.

Autorização genérica concedida pela Lei nº 8.987/95...


Uma parte da doutrina defende que a Lei nº 8.987/95 – Concessão de Serviços
Públicos –, em seu Artigo 25, XV, ao autorizar o uso de meio amigável de solução de
controvérsias, concedeu autorização para todos os contratos administrativos, e não só
para aqueles cujo objeto seja a concessão de serviços públicos.

Autorização genérica concedida pela Lei nº 8.666/93...


Alguns autores entendem que a autorização para a Administração Pública participar
de arbitragem decorre do Artigo 54 da Lei nº 8.666/93 – Normas para Licitações e
Contratos Administrativos –, que autoriza a aplicação, de forma supletiva, nos contratos
administrativos, dos princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito
privado.

Argumentos contrários...
Aqueles que defendem ainda não haver a autorização legal sustentam que a aplicação
do direito privado nos contratos administrativos, de forma supletiva, seria uma forma
de infringir à própria Lei nº 8.666/93.

Para usar a autorização da Lei nº 8.987/95 em todos os contratos administrativos,


deveria ter ocorrido a revogação do Artigo 55 do Parágrafo 2º – previsão de eleição de
foro – da Lei nº 8.666/93 por aquela, o que não ocorreu.

No caso das empresas estatais – empresa pública e sociedade de economia mista –,


para os autores, o Artigo 173, Parágrafo 1º, da Constituição Federal não tem aplicação
imediata. Ou seja, enquanto não for criada a lei específica dispondo sobre o regime
próprio dessas empresas, elas devem seguir as normas de direito público, inclusive,
para os casos de licitação.

A Lei nº 13.129/2015 alterou o Artigo 1º da Lei nº 9.307/1996 para trazer, de forma expressa, essa
autorização. Vejamos:

§ 1º A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir


conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

§ 2 º A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração


de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.

92
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

1.3 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO


Para alguns autores, o princípio da indisponibilidade do interesse público limita a participação da
Administração Pública na arbitragem.

Para uns, o uso da arbitragem é completamente vedado.

Para outros, só é admissível nos casos previstos em lei, como, por exemplo, nos contratos
decorrentes de financiamento internacional.

O conceito de interesse público é um conceito abstrato, sem definição legal, cuja


análise decorre de cada caso concreto.

O objetivo desse princípio é defender o interesse da coletividade.


Resolver um conflito de forma rápida, hábil e célere é do interesse de todos.

1.4 ATOS DE IMPÉRIO VERSUS ATOS DE GESTÃO


A Administração Pública não exerce atos de império em todos os seus contratos.

Analisando os atos, é possível distinguir entre os atos de império – interesses primários – e os de


gestão – interesses secundários.

Somente esses atos de gestão podem ser submetidos à arbitragem, pois versam sobre
direito patrimonial disponível.

Os contratos decorrentes de atos de império só podem ser analisados pelo Poder Judiciário, pois
decorrem da soberania do Estado.

Ou seja, os contratos decorrentes de atos de gestão podem ser analisados


pelo Poder Judiciário ou pelo juízo arbitral, mas os decorrentes de atos de
império, somente pelo Poder Judiciário.

Não há definição legal para ambos os atos.

Os interesses primários são os da coletividade como um todo, e os interesses secundários, os que


o Estado poderia ter, como qualquer pessoa.

1.5 PODER DISCRICIONÁRIO


Utilizando-se de seu poder discricionário, a Administração Pública pode escolher a arbitragem se
esta tiver sido eleita – entre outras opções, a melhor –, mas tem de motivar e observar a conveniência
e oportunidade do ato.

93
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem

Conveniência pode ser interpretada como as condições que fazem com que a
Administração Pública escolha aquela opção.

Oportunidade deve ser interpretada como o momento em que o ato deve ser praticado.

1.6 EMPRESAS ESTATAIS


Com relação às empresas estatais – sociedades de economia mista e empresas públicas –, se
entendemos que o Artigo 173, Parágrafo 1º, da Constituição da República tem aplicação imediata,
não há obstáculos para o uso da arbitragem.

Essas empresas estatais asseguram o direito privado.

Caso contrário, elas devem continuar obedecendo às normas de direito público, em


especial, à Lei de Licitações.

1.7 CLÁUSULAS EXORBITANTES

As cláusulas exorbitantes não podem ser objeto de arbitragem.

As cláusulas exorbitantes não versam sobre direito patrimonial disponível.

Ao contrário, são prerrogativas conferidas à Administração Pública, como contratante, em virtude


de sua posição de supremacia na relação contratual com a parte contratada.

Essas cláusulas também são chamadas de cláusulas de privilégio.

No entanto, os efeitos patrimoniais decorrentes dessas cláusulas poderiam ser objeto


de arbitragem.

1.8 IRRECORRIBILIDADE DAS SENTENÇAS ARBITRAIS

Outro ponto controvertido é a questão recursal.

A Administração Pública direta está adstrita ao Princípio do Duplo Grau de Jurisdição – previsto no
Artigo 496 do Novo Código de Processo Civil –, ou seja, a novo exame do mérito pelo tribunal.

Por outro lado, visando à celeridade do procedimento, um dos princípios da arbitragem é a


irrecorribilidade das sentenças arbitrais.

Devemos analisar se esse princípio da Administração Pública é absoluto ou relativo –


ou seja, se pode ser afastado em determinadas circunstâncias.

94
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

A Lei nº 9.469/97 autorizou, por parte da Administração Pública, a não propositura de recursos ou
a desistência dos já interpostos nas causas em que o valor não ultrapasse R$ 10.000,00.

Com esse precedente, devemos analisar se a Administração Pública direta poderia


afastar o Princípio do Duplo Grau de Jurisdição para participar de arbitragem.

1.8.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA


O princípio da irrecorribilidade das sentenças arbitrais diz respeito somente à Administração Pública
direta.

A Administração Pública indireta não pode alegar esse princípio para afastar-se da
arbitragem.

A Lei nº 11.079/04, que institui normas gerais para licitação e contratação de


parceria público-privada no âmbito da Administração Pública, admite, no Artigo 11,
Inciso III, o uso de meios alternativos de solução de controvérsias, inclusive, a
arbitragem, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados ao contrato, mas a
arbitragem deve ser realizada no Brasil e em língua portuguesa.

1.9 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 2 – CARÁTER JURISDICIONAL DA ARBITRAGEM

2.1 CONCEITO DE JURISDIÇÃO

O Estado busca manter a ordem jurídica intacta com a atividade jurisdicional,


a paz social.

Jurisdição pode ser entendido como o poder de julgar, de dizer o direito pela aplicação
da lei aos casos concretos.

Para alguns autores, não devemos eliminar o monopólio da jurisdição estatal, mas oferecer aos
litigantes alternativas eficazes para a solução das controvérsias.

2.2 DEFINITIVIDADE DA SENTENÇA E FALTA DE COAÇÃO


A definitividade, trazida pela coisa julgada da sentença arbitral, serve como fundamento
intransponível para revestir a atividade do árbitro ou o tribunal arbitral de jurisdicionalidade.

Por outro lado, há a falta de coisa julgada e a definitividade das decisões do tribunal marítimo e do
conselho de contribuintes, uma vez que podem sofrer revisão do Poder Judiciário.

95
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem

O mesmo não ocorre com a sentença arbitral.

A arbitragem não oferece qualquer risco ao princípio da imparcialidade no exercício


da jurisdição.

Isso se dá pelo fato de os árbitros estarem submetidos a condutas morais.

A falta de poder de coação do árbitro para executar suas decisões não lhe
tira a jurisdicionalidade.

2.3 TEORIAS CONCERNENTES À NATUREZA JURÍDICA DO JUÍZO ARBITRAL

As duas teorias concernentes à natureza jurídica do juízo arbitral são


contratualista e jurisdicional.

Antes da Lei nº 9.307/96, predominava a teoria contratualista, que atribuía à arbitragem um


caráter privado/contratual, similar ao da transação.

Segundo essa teoria, a decisão proferida pelo árbitro decorria apenas da vontade
manifestada pelas partes e do acordo firmado pelas mesmas.

Não existia caráter jurisdicional.

Em contrapartida, a teoria jurisdicional defende a existência de jurisdição na arbitragem.

A teoria jurisdicional atribui natureza processual à arbitragem, equiparável à jurisdição estatal,


uma vez que a sentença arbitral dispensa a homologação do Poder Judiciário para surtir efeito.

2.4 CARÁTER PUBLICÍSTICO


Com o advento da Lei de Arbitragem, a intenção do legislador foi atribuir um caráter publicístico
à arbitragem, tornando-a equivalente ao juízo oficial, por livre escolha das partes. Ademais, a lei
conferiu à sentença arbitral o status de título executivo judicial.

2.5 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

96
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

UNIDADE 3 – ARBITRAGEM NOS CONTRATOS DE ADESÃO

3.1 ROTINA DE CONTRATAÇÃO


A Lei nº 9.307/96, em seu Artigo 4º, Parágrafo 2º, determina que a cláusula compromissória
inserida nos contratos de adesão só tem eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a
arbitragem ou concordar, expressamente, com sua instituição.

A concordância deve ser feita por escrito em um documento anexo ou em negrito,


com a assinatura ou o visto exclusivo para essa cláusula.

Essa exigência quanto à formalidade decorre da rotina adotada na hora de contratar.

Na generalidade dos casos, a parte aderente não lê o contrato antes de


assiná-lo, até porque não tem poderes para modificar caso discorde de algum
dispositivo.

3.2 TRATAMENTO ESPECIAL


O dispositivo do tratamento especial é extremamente excepcional porque o objetivo da Lei nº
9.307/96 é viabilizar a arbitragem, acabando com a ineficácia da cláusula compromissória sem a
feitura posterior do compromisso arbitral.

Tratamento especial é uma exceção à regra de validade plena da cláusula


compromissória.

O legislador entendeu ser necessária a inclusão dessa exceção para proteger o


hipossuficiente.

Essa exceção deve ser aplicada nos contratos de adesão.

Nesses contratos, o conteúdo é constituído, previamente, por uma das partes, eliminando a livre
discussão que precede a formação dos contratos.

Esse tipo de contrato é típico dos serviços concedidos, ou dos produtos monopolizados ou prestados
por um grupo reduzido de prestadores, deixando a escolha dos consumidores limitada.

97
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem

3.3 FORMA DE CONCORDÂNCIA


A concordância a ser dada pelo aderente pode ser extrajudicial – Artigo 6º da Lei nº 9.307/96 – ou
judicial – Artigo 7º da mesma lei.

Além de ser um direito potestativo do aderente, a discordância com a arbitragem é


uma vantagem, pois há renúncia ou, no mínimo, falta de interesse em se opor à
arbitragem se não for no momento oportuno.

Na época da elaboração do anteprojeto da Lei de Arbitragem, havia a previsão de um dispositivo


expresso.

O dispositivo expresso revogava o Artigo 51, Inciso VII, do Código de Defesa do Consumidor – Lei
nº 8.078/90 –, que considera abusiva a cláusula, em contratos de consumo, que imponha a
utilização compulsória da arbitragem.

O referido dispositivo acabou retirado do texto final da lei, que se refere, genericamente,
apenas aos contratos de adesão, não mencionando os contratos de consumo.

Para os tribunais, o preenchimento dos requisitos especificados no Parágrafo 2º do Artigo 4º da


Lei nº 9.307/96 é imprescindível para o reconhecimento da cláusula compromissória, todavia,
não é admitido nas relações de consumo – Resp. 1.169.841.

O Projeto de Lei nº 7108/2014 previa a inserção do seguinte parágrafo no Artigo 4º:

§3º Na relação de consumo estabelecida por meio de contrato de adesão, a cláusula


compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem
ou concordar expressamente com a sua instituição.

A Lei nº 13.129/2015 não fez a alteração, pois o dispositivo que autorizava o uso de arbitragem
nas relações de consumo foi vetado.

3.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 4 – ARBITRAGEM E DIREITO TRABALHISTA

4.1 DISSÍDIOS COLETIVOS


A polêmica envolvendo o uso da arbitragem na relação de trabalho diz respeito somente aos
dissídios individuais.

98
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

Há previsão constitucional para a utilização desse meio alternativo de solução de controvérsias


nos dissídios coletivos no Artigo 114.

4.2 DISSÍDIOS INDIVIDUAIS


Em vez de apaziguar a questão envolvendo o uso da arbitragem em dissídios individuais, a
publicação da Emenda Constitucional nº 45/04 causou ainda mais polêmica, porque foi inserido
o Parágrafo 2º do Artigo 114 e mencionada apenas a negociação coletiva. O dissídio individual foi
omitido.

No caso dos dissídios individuais, a possibilidade do uso da arbitragem dependerá da


teoria a ser seguida.

A primeira é...
...o empregado é a parte mais fraca da relação jurídica, e a Justiça do Trabalho foi criada
com o objetivo de protegê-lo.

A segunda é...
...as questões trabalhistas não são arbitráveis.

4.2.1 USO DA ARBITRAGEM


Adotando a teoria de que a Justiça do Trabalho deve proteger o empregado, é possível admitir o
uso da arbitragem se ela foi instituída ou aceita pelo empregado.

Há julgamentos recentes que versam sobre FGTS nesse sentido.

Por outro lado, adotando a impossibilidade de disponibilidade dos direitos trabalhistas, não será
possível o uso da arbitragem ou de qualquer outro meio alternativo de solução de controvérsias
por falta de arbitrabilidade objetiva.

4.3 ARGUMENTOS PARA O USO DA ARBITRAGEM


A arbitragem de conflitos coletivos do trabalho deve ser vista como uma exceção constitucional,
pois o direito trabalhista só é disponível em juízo.

Para alguns autores, a afirmativa de que os direitos trabalhistas são indisponíveis não é
correta.

O Artigo 9º da CLT declara que os atos tendentes a desvirtuar, fraudar ou impedir a aplicação das
normas de proteção ao trabalho são nulos, mas não estabelece, de antemão, a indisponibilidade
dos direitos do trabalhador.

99
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem

Se os direitos do trabalhador fossem indisponíveis, não seria possível celebrar acordos perante a
Justiça do Trabalho nas reclamações trabalhistas.

Há direitos absolutamente indisponíveis e relativamente disponíveis.

Os direitos relativamente disponíveis ou passíveis de avaliação poderiam ser


objeto de arbitragem.

O Projeto de Lei nº 7108/2014 previa a inserção do parágrafo 4º no artigo 4º...

§ 4º Desde que o empregado ocupe ou venha a ocupar cargo ou função de administrador


ou diretor estatutário, nos contratos individuais de trabalho poderá ser pactuada cláusula
compromissória, que só terá eficácia se o empregado tomar a iniciativa de instituir a
arbitragem ou se concordar expressamente com a sua instituição.

A Lei nº 13.129/2015 não fez a alteração, pois o dispositivo que autorizava o uso de arbitragem
nas relações individuais de trabalho foi vetado.

4.3.1 PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO


Outros autores sustentam que a ausência de um dispositivo que verse, claramente, sobre o uso da
arbitragem não é impeditivo para sua proibição.

A Constituição Federal também não contém um dispositivo que autorize a arbitragem


em litígios cíveis e comerciais, e o princípio da legalidade não prevê que as proibições
se presumam por omissão da lei.

Os autores aconselham a participação do sindicato para evitar o desequilíbrio das partes e apontam
os seguintes direitos como objeto para arbitragem...

...relativos a salários e à jornada de trabalho – Constituição Federal, Artigo 7, VI e XIII;

...decorrentes de trabalho já extinto;

...complementares às disposições convencionais e legais mínimas;

...coletivos, decorrentes da aplicação, em tese, de leis ou convenções e acordos coletivos;

...decorrentes da aplicação do Artigo 7 da Lei de Greve – Lei nº 7.783/89;

...relativos a contrato em vigor, que se constituíram anteriormente à arbitragem.

Não se cogita a disponibilização de direitos futuros antes de sua


constituição.

100
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

4.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 5 – CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA ESTATUTÁRIA

5.1 CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA ESTATUTÁRIA


O uso da arbitragem nas questões societárias já estava previsto no antigo Código Comercial de
1850. O primeiro uso da arbitragem pelas sociedades anônimas se deu com a previsão em
acordos de acionistas.

A Lei nº 10.303/01 trouxe algumas inovações nos direitos dos acionistas.

Entre elas, a possibilidade de uma cláusula compromissória no estatuto social.

Para alguns autores, desde o advento da Lei nº 9.307/96, já era possível incluir cláusula
compromissória nos estatutos.

A inserção trazida pela Lei nº 10.303/01 demonstra aos acionistas a inclinação/indução do legislador
para que se utilize a via amigável de solução de conflitos.

A vantagem é a especialidade do árbitro e também da celeridade na resposta ao


conflito.

O Parágrafo 3º do Artigo 109 da Lei nº 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações – versa sobre a
possibilidade de o estatuto da sociedade prever que as divergências entre os acionistas e a
companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, sejam solucionadas
mediante arbitragem.

Para sua validade, essa cláusula compromissória deve ser explícita quanto às partes e
às relações societárias entre elas, e sobre os limites da competência arbitral.

5.1.1 SITUAÇÕES DE DIVERGÊNCIA


Há divergência doutrinária sobre a forma de inclusão da cláusula compromissória no estatuto
social.

Vejamos as três situações a serem enfrentadas...


 quando a cláusula compromissória estatutária é inserida no momento da criação
da sociedade anônima;
 quando a cláusula compromissória estatutária é inserida após aprovação por maioria
dos acionistas;
 quando um acionista ingressa na sociedade cujo estatuto já contém cláusula
compromissória.

101
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem

5.2 ACIONISTAS
Para Modesto Carvalhosa, mesmo que o acionista preencha todos os requisitos que o qualificam
como capaz para contratar, se o direito – objeto da arbitragem – for um direito patrimonial
disponível, a pessoa deve, de forma expressa, manifestar, inequivocamente, sua vontade pela via
arbitral.

Dessa forma, o novo acionista, quando ingressar na companhia, deverá exprimir seu
interesse em aderir à cláusula compromissória estatutária.

Este também era o posicionamento de Nelson Eizirik.

Todavia, o autor reviu seu posicionamento e passou a defender o seguinte...

Os acionistas que posteriormente subscrevem ou adquirem ações da companhia também


se vinculam à cláusula compromissória, que integra o elenco de direitos e deveres dos
acionistas, na medida em que aderem a um contrato organizativo, em todas as suas
cláusulas.

Ainda que não tenham consentido expressamente com a cláusula compromissória, ao


subscrever, comprar ou receber as ações, sob qualquer modalidade, estão tais acionistas
praticando ato de ratificação do estatuto social e concordando tacitamente com os seus
termos.

[...]

Estarão vinculados à cláusula compromissória estatutária todos os demais acionistas: os


que votaram favoravelmente, os que se abstiveram e os que não compareceram à
assembleia. Os acionistas titulares de ações preferenciais que não se manifestaram na
assembleia geral contrariamente à clausula compromissória, ou a ela não compareceram,
estarão vinculados ao compromisso arbitral.

Com efeito, não cabe exigir, sob pena de se negar ao estatuto social o caráter de contrato
organizativo, a aprovação expressa de todos os acionistas para a cláusula
compromissória.

5.2.1 AUTONOMIA DA VONTADE

No entendimento de Carvalhosa, a aceitação do acionista não pode ser


presumida, sobretudo, porque um dos princípios da arbitragem é o da autonomia
da vontade.

102
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

De acordo com esse autor, a cláusula compromissória não vincula...

...os acionistas atuais que não a subscreveram.

...aqueles acionistas que aderiram posteriormente à sociedade sem expressar,


manifestamente, sua adesão à cláusula.

5.3 INTERMEDIÁRIOS
José Virgílio Lopes Enei observa que, muitas vezes, a aquisição de ações é realizada por
intermediários – corretores – em bolsa de valores ou mercado de balcão...

...podendo ocorrer do novo acionista não tomar conhecimento da cláusula


compromissória no estatuto social.

Ainda que o novo acionista não tome conhecimento, estará vinculado à cláusula compromissória...

...pois, por opção, tomou uma decisão sem conhecimento de todas as informações
necessárias.

José Virgílio entende que está clara a manifestação de vontade do acionista


de se submeter às regras societárias então vigentes – incluindo a cláusula
compromissória – no momento em que integra, voluntariamente, a sociedade.

5.4 PACTO PERSONALÍSSIMO


Modesto Carvalhosa e Nelson Eizirik destacam ainda que a eleição pelo juízo arbitral advém da
renúncia ao direito essencial do acionista.

Trata-se de um pacto personalíssimo não transmissível por sucessão ou cessão à pessoa


do sucessor ou cessionário.

103
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem

Para Daniela Bessone Barbosa Moreira, a cláusula compromissóra estatutária não é uma obrigação
personalíssima, pois...

Obrigações personalíssimas são as intransmissíveis a sucessores ou cessionários, em razão


do caráter 'intuitu personae' que as distingue. São convencionadas em vista de
característica específica ou condição própria de uma das partes, ou de ambas, de tal sorte
que o contratante original não se desonera até que venha a adimplir a obrigação
pessoalmente.Tais características particulares do(s) contratante(s) têm dimensão de fator
determinante da vontade de obrigar-se:“A” somente celebra o contrato porque o faz com
“B”. É o que ocorre nas obrigações de fazer com previsão de execução pessoal, como o caso
de famoso pintor contratado para executar um retrato: não seria razoável que o
contratante estivesse obrigado a concordar com a realização da pintura por herdeiro do
artista, ainda que muito talentoso! É também a hipótese do contrato de mandato, no qual
se presume a existência de relação especial de confiança, intransferível a sucessores e
cessionários (ressalvada, naturalmente, a hipótese de substabelecimento prevista no
instrumento).

5.5 RELAÇÕES NA INCLUSÃO DA CLÁUSULA


Para Pedro Batista Martins, na tomada da decisão para a inclusão da cláusula compromissória,
haverá duas relações...
 acionista-acionista;
 acionista-empresa.

Na relação acionista-acionista, não será possível a inclusão da cláusula compromissória estatutária.

Isso ocorre porque a relação diz respeito somente aos acionistas e a seus patrimônios,
não havendo reflexos na sociedade.

Nesse caso, é necessária a inclusão de cláusula compromissória no Acordo de


Acionistas – Apelação Cível nº 24.285/2007.

Todavia, na relação acionista-empresa, será possível a decisão da inclusão da cláusula


compromissória somente pela maioria.

O bem jurídico a proteger é a coletividade, e o direito societário é


eminentemente majoritário, salvo disposições expressas.

5.5.1 CONTRATO DE ADESÃO

A cláusula compromissória estatutária deverá ser válida e eficaz, produzindo


todos os efeitos de direito, pois a deliberação espelha um consenso, um escopo
comum.

104
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

Para Pedro Batista Martins, o estatuto social não é um contrato de adesão, por isso, não haverá a
necessidade de concordância expressa do acionista na cláusula compromissória.

Em sentido contrário, há o entendimento de Modesto Carvalhosa.

O autor defende o preenchimento dos requisitos específicos para a existência de


cláusula compromissória em contratos de adesão – Parágrafo 2º do Artigo 4º da Lei de
Arbitragem.

5.6 NOVO MERCADO


A Bovespa, ao instituir o Novo Mercado, estabeleceu que as controvérsias surgidas no âmbito das
sociedades integrantes dos segmentos especiais da Bovespa – Novo Mercado e Nível 2 de
Governança Corporativa – deveriam ser dirimidas por arbitragem.

A Bolsa de Valores de São Paulo organizou também a Câmara de Arbitragem do Mercado,


cujo regulamento pode ser obtido no site da Bovespa.

A Lei nº 13.129/2015 alterou a Lei nº 6.404/1976, incluindo o artigo 136-A na Subseção Direito de
Retirada da Seção III do Capítulo XI:

Art. 136-A. A aprovação da inserção de convenção de arbitragem no estatuto social,


observado o quórum do art. 136, obriga a todos os acionistas, assegurado ao acionista
dissidente o direito de retirar-se da companhia mediante o reembolso do valor de suas
ações, nos termos do art. 45.

§ 1º A convenção somente terá eficácia após o decurso do prazo de 30 (trinta) dias, contado
da publicação da ata da assembleia geral que a aprovou.

§ 2º O direito de retirada previsto no caput não será aplicável:

I - caso a inclusão da convenção de arbitragem no estatuto social represente condição


para que os valores mobiliários de emissão da companhia sejam admitidos à negociação
em segmento de listagem de bolsa de valores ou de mercado de balcão organizado que
exija dispersão acionária mínima de 25% (vinte e cinco por cento) das ações de cada espécie
ou classe;

II - caso a inclusão da convenção de arbitragem seja efetuada no estatuto social de


companhia aberta cujas ações sejam dotadas de liquidez e dispersão no mercado, nos
termos das alíneas “a” e “b” do inciso II do art. 137 desta Lei.

5.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

105
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem

UNIDADE 6 – ARBITRAGEM, CONTRATOS CONEXOS E TERCEIROS NÃO SIGNATÁRIOS

6.1 ACÓRDÃO
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro proferiu acórdão sobre a abrangência da cláusula
compromissória inserida em um contrato conexo a outro, mas omisso quanto à previsão de
convenção de arbitragem em todos os contratos relacionados.

A cláusula compromissória não poderia ser estendida para outros contratos, mesmo
que estes estivessem relacionados.

6.2 REDAÇÃO DAS CLÁUSULAS

Nos contratos conexos, as partes devem ter cuidado e muita atenção na hora
de redigir cláusulas de resolução de controvérsias.

Se pretendem eleger a arbitragem como meio alternativo para todas as questões, as partes
devem deixar isso expressamente consignado em todos os contratos.

Em matéria de seguro-garantia, por exemplo, as partes não devem confiar apenas na


cláusula compromissória existente no contrato principal.

Nesse caso, deve ser firmada uma cláusula em cada contrato assinado pelas partes.

6.3 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 7 – ÁRBITRO E MEDIDAS CAUTELARES

7.1 ÁRBITROS
De acordo com o Artigo 22, Parágrafo 2º da Lei de Arbitragem, os árbitros poderão solicitar ao
Poder Judiciário originariamente competente para julgar a causa, no curso do procedimento que
promova diligências de forma coercitiva.

Nada impede, contudo, que o árbitro decrete a medida faltando a efetivação da coerção,
o que só pode ser realizado pelo juiz.

7.2 OBTENÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES


A Lei nº 13.129/2015 acrescentou o Capítulo IV-A sobre o tema:

CAPÍTULO IV-A

106
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

DAS TUTELAS CAUTELARES E DE URGÊNCIA

Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário
para a concessão de medida cautelar ou de urgência.

Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida cautelar ou de urgência se a parte interessada


não requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de
efetivação da respectiva decisão.

Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a
medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário.

Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência


será requerida diretamente aos árbitros.

O árbitro tem poderes para decidir sobre o mérito da causa.

Consequentemente, o árbitro tem poderes para decidir sobre medidas cautelares.

O árbitro não tem o poder de coerção, e, se a parte n ão cumprir voluntariamente, a outra deve
recorrer ao Poder Judiciário.

7.3 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 8 – ANTI-SUIT INJUNCTIONS E KOMPETENZ-KOMPETENZ

8.1 USO DA ANTI-SUIT INJUNCTIONS


Conforme destaca Arnoldo Wald, as anti-suit injunctions – os antimandados judiciais – surgiram,
inicialmente, em apoio à arbitragem, mas, posteriormente, foram sendo usadas para ameaçar sua
eficiência.

8.2 ANTI-SUIT INJUNCTIONS


Anti-suit injuction é a ordem dada pelo órgão estatal a uma das partes para não propor uma ação
específica perante a jurisdição de outro Estado ou de um tribunal arbitral.

Caso a parte já o tenha feito, deve desistir.

Tais medidas podem invocar a nulidade da convenção de arbitragem ou a falta de


arbitrabilidade – objetiva ou subjetiva.

107
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem

As ações judiciais, para não permitirem o julgamento por um órgão jurisdicional ou arbitral
considerado incompetente, podem proibir uma parte de iniciar ou continuar o processo arbitral.

Essas ações judiciais podem até mesmo proibir uma das partes de cumprir uma decisão
estatal que homologa uma sentença arbitral estrangeira.

8.3 PRINCÍPIO DA KOMPETENZ-KOMPETENZ


O princípio da kompetenz-kompetenz é próprio da área de arbitragem.

Segundo esse princípio, os árbitros devem mensurar sua própria competência e julgar
se ela é adequada ao caso para que foram selecionados.

As ações judiciais entram em confronto com o princípio da kompetenz-kompetenz.

O árbitro – ou tribunal arbitral – é o competente para julgar sobre sua própria competência e
conforme a Convenção de Nova Iorque – Decreto nº 4.311/ 02, Artigo II, 3º e Lei nº 9.307/96,
Artigo 8º.

A instituição arbitral, interna ou internacional, deve ser vista de forma independente


em relação a qualquer sistema judicial nacional.

Esse princípio é um obstáculo ao reconhecimento ou à obtenção de anti-suit


injunctions.

8.4 ENTENDIMENTO DOS TRIBUNAIS


A jurisprudência brasileira não admite a anti-suit injunction cujo objetivo seja evitar ou postergar
a instauração ou continuidade do processo arbitral.

As decisões contrárias a esse entendimento são referentes aos contratos administrativos ou de


sociedades de economia mista.

No entanto, o Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento de que a


sociedade de economia mista pode participar de arbitragem se tiver assinado uma
cláusula compromissória.

8.5 LEI DE ARBITRAGEM NO TEMPO


Seria possível retroagir a eficácia da Lei de Arbitragem no tempo, a ponto de alcançar situações
anteriores à referida lei?

A questão passa pela análise dos dispositivos legais – seriam eles de direito material ou de direito
processual?

108
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

O STJ, ao julgar o REsp 238.174/SP, decidiu, por maioria, que a Lei nº 9.307/96 – sejam considerados
os dispositivos de direito material, sejam os de direito processual – não poderia retroagir para
atingir os efeitos do negócio jurídico perfeito.

Isso significa que a Lei nº 9.307/96 não poderia ser aplicada aos contratos assinados
antes de sua vigência.

No entanto, mudou seu posicionamento no REsp 712.566/RJ, entendendo que a Lei


de Arbitragem seria essencialmente processual, logo, sua aplicação seria imediata,
podendo ser aplicada nos contratos anteriores a sua vigência.

Ademais, a aplicação imediata possibilita o cumprimento do princípio da boa-fé e do pacta sunt


servanda – contratos devem ser cumpridos.

O STJ, em agosto de 2012, publicou a Súmula 485. Vejamos...

A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que
celebrados antes da sua edição.

8.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 9 – SETORES DE ENERGIA ELÉTRICA E PETROLÍFERO

9.1 MERCADO ATACADISTA DE ENERGIA ELÉTRICA


O Artigo 2º, Parágrafo de 3º a 5º da Lei n° 10.433/02, que autorizou a criação do Mercado Atacadista
de Energia Elétrica – MAE –, estabelecia a cláusula arbitral, obrigatoriamente, nos contratos.

A arbitragem prevista pelo MAE deveria observar o sigilo, quando não houvesse óbice
legal.

O procedimento arbitral tinha curso na Câmara de Arbitragem da Fundação


Getulio Vargas, a qual assegura a confidencialidade da arbitragem em seu
regulamento.

9.1.1 LEI Nº 10.848/04


Posteriormente, a Lei n° 10.433/02 foi revogada pela Lei n° 10.848/04, oriunda da Medida Provisória
n° 144/03, que dispõe sobre a comercialização da energia elétrica.

O Artigo 4º, Parágrafos 5º e 6º, da Lei n° 10.848/04 também prevê a arbitragem, mencionando,
expressamente, que o procedimento será regido pela Lei n° 9.307/96.

109
MÓDULO 5 Mediação e Arbitragem

Não há dúvida de que a nova lei trata de arbitragem propriamente dita, e não de
procedimento administrativo.

Foram propostas duas ações diretas de inconstitucionalidade contra a Medida Provisória 144/03.

Entre diversas questões, foi questionada a previsão da arbitragem mandatória no âmbito


da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, o que violaria o Artigo 5º,
XXXV, da Constituição da República Federativa do Brasil.

Em sede liminar, o Ministro Gilmar Mendes indeferiu a pretensão do autor [das


duas ações diretas de inconstitucionalidade contra a Medida Provisória 144/03],
argumentando que o uso da arbitragem se efetivará em consonância com os termos
da Lei n° 9.307 de 1996.

9.1.2 NOVO MODELO INSTITUÍDO


De acordo com o Ministro Gilmar Mendes...

...em comentário ao novo modelo instituído, quando se tratar de disputa sobre direitos
disponíveis, decorrentes dos contratos de concessão, constituindo o que a lei hoje
denomina de direitos emergentes, dentre eles, a própria energia produzida e a ser
comercializada pelos concessionários, assim como o cumprimento das obrigações
impostas às partes e decorrentes dos PPAs, não haveria necessidade de submissão do
litígio a uma instância administrativa, considerando-se que da decisão administrativa
cabe recurso para o Poder Judiciário, o que é extremamente desgastante e
contraproducente.

9.2 LEI DO PETRÓLEO


A Lei do Petróleo dispõe, em seu Artigo 43, X...

...que o contrato de concessão [...] terá, dentre as cláusulas essenciais, as que


estabeleçam regras sobre solução de controvérsias relacionadas com o contrato e sua
execução, inclusive a conciliação e a arbitragem internacional.

O termo inclusive pode gerar dúvidas com relação à coexistência das cláusulas de eleição de foro
e de arbitragem no mesmo contrato.

9.2.1 COEXISTÊNCIA DAS CLÁUSULAS


Vejamos a observação de Carmen Tiburcio e Suzana Medeiros a respeito da coexistência das
cláusulas de eleição de foro e de arbitragem no mesmo contrato de concessão.

110
Mediação e Arbitragem MÓDULO 5

As duas cláusulas são, a princípio, conflitantes, opostas, e a coexistência de ambas num


mesmo contrato pode levar à invalidação de uma delas. Como a arbitragem representa
exceção à jurisdição comum, estatal, a cláusula arbitral pode facilmente vir a ser
desconsiderada em caso de conflito. A única possibilidade de convivência entre as duas
cláusulas num mesmo contrato ocorre quando elas são regidas com extrema cautela,
delimitando-se de forma precisa o escopo de cada uma. Por exemplo, pode-se determinar
que nas hipóteses em que for necessária a intervenção do Poder Judiciário, em razão de a
questão estar fora da competência dos árbitros, as partes desde já elegem um determinado
foro como competente. Busca-se com esse mecanismo afastar qualquer insegurança ou
indefinição quanto ao meio de solução de controvérsias.

9.2.2 PROCEDIMENTO ARBITRAL

José Alberto Bucheb esclarece que as cláusulas compromissórias constantes


dos contratos de concessão brasileiros preveem que o procedimento arbitral será
desenvolvido na cidade do Rio de Janeiro.

É determinada a adoção do idioma português, embora seja permitida a apresentação de


documentos e depoimentos em língua estrangeira, por determinação dos árbitros, sem que a
tradução oficial seja necessária.

A lei aplicável ao mérito do litígio é a brasileira.

Quanto à possibilidade de as partes alterarem a cláusula compromissória, deslocando a sede da


arbitragem para o exterior, a ANP entende que não haveria violação à indisponibilidade do interesse
público...

...pois o Artigo 43, X, da Lei do Petróleo autoriza a arbitragem internacional.

9.3 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 10 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

111
Mediação e Arbitragem MÓDULO 6

MÓDULO 6 – ENCERRAMENTO

APRESENTAÇÃO
Na unidade 1 deste módulo, você encontrará algumas divertidas opções para testar seus
conhecimentos sobre o conteúdo desenvolvido em toda a disciplina, a fim de se preparar para
seu exame final. São elas...
 caça-palavras;
 palavras cruzadas;
 forca;
 criptograma.

A estrutura desses jogos é bem conhecida por todos.Você poderá escolher o jogo de sua preferência
ou jogar todos eles... a opção é sua! Em cada um deles, você encontrará perguntas – acompanhadas
de gabaritos e comentários – por meio das quais você poderá se autoavaliar.

Já, na unidade 2, é hora de falarmos sério!!!! Sabemos que o novo – e a disciplina que você
terminou de cursar enquadra-se em uma modalidade de ensino muito nova para todos nós,
brasileiros – tem de estar sujeito à crítica... a sugestões... a redefinições. Por estarmos cientes
desse processo, contamos com cada um de vocês para nos ajudar a avaliar nosso trabalho.

Então? Preparado?

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