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Rio de Janeiro
2017
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Rio de Janeiro
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................04
2. A Diferença entre Direito e Indivíduo: Como isso pode ser explicado através do
Contrato Social .......................................................................................................................08
CONCLUSÃO ........................................................................................................................13
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................14
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INTRODUÇÃO
Diversas frentes e pensamentos atuaram para que o termo "Direitos Humanos" fosse
disseminado com tal força e importância através da história e mudanças sociais estruturais,
como as revoluções e transições de períodos geopolíticos. Após a recepção do Direito
Romano, pela segunda vez, no momento que transpassou a Idade Média para a moderna, o
Direito perdeu sua unidade sacra tornando-se universal.
Com a dessacralização do direito os indivíduos passaram a não depender do
julgamento divino atribuído ao sacerdote e sim ao conjunto de regras e normas impostas pelos
agentes da lei. Através do Contrato Social, a sociedade abre mão de todos os seus poderes -
direitos naturais intrínsecos - para um Soberano, que não era o Divino e sim um governante
que assume a responsabilidade de ser o governante, o legislador, tornando aquela forma de
governo absolutista e indo ao sentido contrário do que era dito no direito natural.
Nos distanciando do contexto absolutista do Contrato Social e observando os nuances
do atual cenário do mundo, onde prevalece a desigualdade, falar sobre Direitos Humanos
ainda gera debates quanto a importância de um agente para garantir que esses direitos
essenciais do indivíduo sejam positivados mesmo em situações de precariedade ou injustiça
social. Principalmente quando trata-se do recorte brasileiro onde há uma discrepância enorme
entre as classes que estão fora do contexto econômico privilegiado. Para que possam se
defender, por si só, perante a lei, é preciso garantir tratamento digno e igualitário desde as
situações básicas, como acesso a alimentação diária, medicamentos e água potável, até mesmo
em suas punições e privações sociais, como no sistema carcerário.
De forma a deixar claro a estrutura e as funções do Direitos Humanos na sociedade,
redigimos este trabalho com o objetivo de explicitar sobre o caráter universal dos Direitos
Humanos ao longo da história com o foco na contribuição bibliográfica para a formação do
paradoxo entre direito e política, a diferença entre indivíduo e direito - analisando o
desenvolvimento do direito natural, fundamental e humano- , atribuindo o papel da
constitucionalização para diferenciar direito e política e o simbolismo conceitual e prático dos
Direitos Humanos.
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O ser humano mostrou-se cada vez mais disposto a evoluir ao longo da história. Por
isso, a curiosidade e a busca pelo conhecimento são marcas da humanidade que estão
presentes até os dias de hoje. Não apenas descobrir-se, como também desmistificar o que está
a sua volta foram traços do objetivo de progredir. Nesse sentido, por meio de reflexões
filosóficas e sociológicas é que se pode estabelecer as noções de individualismo. Essas duas
ideias fazem parte da natureza humana frente à singularidade do homem entre as demais
criaturas.
Se, por um lado, a era medieval valorizava a igualdade humana às leis naturais- o
coletivo da espécie humana; por outro, o ser humano, com a eclosão de pensamentos
positivistas e o maior questionamento da dinâmica social por meio da filosofia, viu-se em
condições de se destacar na natureza. Esse período crítico da humanidade entre os séculos
XVII e XVIII marcou a transição entre o medievo e a modernidade.
inglês buscou, por meio dos ideais de liberdade, propriedade e igualdade gerar uma tensão
entre a unificação objetiva da natureza e a subjetividade dos indivíduos. Assim, estabeleceu
um paradoxo entre a liberdade e a soberania absolutista. O Direito propunha uma limitação
aos súditos que tinham sua liberdade instruída pela obediência compulsória ao Estado.
Hobbes explica que “é iminente à ideia de direito o princípio de delimitação”, não se pode
crer em um reconhecimento jurídico da liberdade.
A “iluminação”, por sua vez, veio clarear o indivíduo ao cidadão portador de direitos
com uma visão mais ativa e de liberdade da sociedade. O Direito, dessa forma, também se
transformou, pois, o que antes subordinam o homem, tornou-se a proteção do cidadão. O
“dever ser” passou de imperatividade absoluta e com grande força de incidência para uma
concessão sociológica.
Nesse contexto, é importante saber diferenciar política de Direito, haja vista sua
importância no processo de formação da sociedade moderna. A política, ao contrário do que
muitos pensam, não tem a ver com a moral. Como exemplo disso é obra “O Príncipe” de
Maquiavel (MAQUIAVEL, 2011) que separa totalmente a forma de se fazer política dos
preceitos morais; de maneira em que para se manter o poder o governante de Florença deve se
abster de suas convicções morais. Ao passo de que “é melhor ser temido do que amado” esse
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conflito é retratado. Por outro lado, nas palavras de João Ubaldo Ribeiro (RIBEIRO, 1998) a
política pode ser entendida como “um exercício de alguma forma de poder e suas
consequências”. Ou seja, também com uma abordagem um pouco aristotélica, já que o
homem é um “animal político “, podemos dizer que a política faz parte do ser humano na
busca pelo poder tanto no sentido sociológico quanto no extintivo.
(BRASIL,1988)
Portanto, o paradoxo entre política e Direito também pode ser considerado a busca por
relações sociais, e, como consequência, o poder em contraste ao Direito que promove a
isonomia do estado civil.
Não apenas a liberdade, como também a noção de humanidade foi valorizada em meio
ao estado civil. Como a revolução, os direitos da humanidade passaram a ser gradativamente
declarados. Na França, capital e berço das revoluções burguesas e iluministas, com a
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão pela Assembleia Nacional Francesa de 1789.
Assim, a agregação torna-se aqui, para o indivíduo, mero meio para a realização dos
seus fins individuais, e a força da moral comunitária, como na tradição, não é mais a força
motriz da ação humana, mas sim a existência individual, a auto realização, a experimentação
pelos sentidos.
O indivíduo passa a ser encarado, então, como anterior à sociedade, e não como
produto desta. Nas palavras de Juliana Neuenschwander Magalhães:
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“Ocorreu, então, uma grande transformação no direito, que antes era alguma coisa à
qual os homens estavam sujeitos e, então, tornou-se alguma coisa da qual os homens
são os sujeitos. Primeiro o direito tinha os homens, depois eram os homens que
passaram a fazer o direito.” (NEUENSCHWANDER MAGALHÃES, 2013, p. 240)
Trata-se então de uma relação vertical de poder entre o Soberano e o indivíduo, que
busca neste principalmente proteção à Vida, através de um Pacto Social que tem como objeto
principal a manutenção da ordem, através de um Estado notadamente totalitário.
Fica claro que, no Estado absoluto, a soberania era tida como um direito do rei. Sendo
assim, todos deviam se submeter a ele. O rei é o único ocupante do topo da hierarquia, e esse,
por sua vez, tem o direito de cobrar impostos, criar leis, alterá-las e administrar seu território.
O direito passa a ser baseado nas vontades do soberano. Os súditos estão submetidos ao
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direito, à vontade do rei, seu o direito é o de obedecer, são deveres naturais. Já os direitos, são
de propriedade do soberano.
Em Locke, a relação entre indivíduo e governante é uma relação horizontal, vez que a
instituição do Pacto Social busca resguardar o equilíbrio entre os indivíduos, visto que os
indivíduos não são iguais por natureza, diferenciando-se entre si em inteligência e aptidão
física, propondo então um sistema de freios e contrapesos.
“Aquele que se alimentou com bolotas que colheu sob um carvalho, ou das maçãs
que retirou das árvores na floresta, certamente se apropriou deles para si. Ninguém
pode negar que a alimentação é sua. Pergunto então: Quando começaram a lhe
pertencer? Quando os digeriu? Quando os comeu? Quando os cozinhou? “(Locke,
1994, p. 42)
A partir disso, a garantia da dignidade da pessoa humana surge como objetivo final do
Estado na busca pelo bem comum. Nesse sentido, a Igualdade Material ou Substancial de
Aristóteles é um ponto da Filosofia que explica muito bem esse período: “Devemos tratar os
iguais igualmente e os desiguais desigualmente, na medida de suas desigualdades.”
(ARISTÓTELES). Dessa maneira, vemos os grupamentos sociais colocados como
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vulneráveis, como crianças, mulheres, comunidade LGBTTQ e negros que têm leis
específicas para tutelar e proteger seus interesses e direitos buscando a justiça social.
Tomando como ponto de partida o parágrafo anterior referente à inserção dos Direitos
Humanos na Constituição como direitos fundamentais, pode-se diferenciar Direito e política.
Por um lado, os direitos fundamentais estão postos na Constituição Federal e são direitos
intrínsecos a todos os cidadãos sob o ordenamento jurídico. Por outro lado, no âmbito da
política, a cidadania conferida pela própria lei fundamental do Estado nos garante o direito
subjetivo de reivindicar outros direitos objetivos, ou seja, postos na forma da lei.
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CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
BATISTA, C.; MUNOZ, E. E. Teoria e prática da política. Curitiba: Editora Appris, 2017.
DALMO, A. de D. Elementos de Teoria Geral do Estado. 2ª edição, São Paulo: Editora
Saraiva, 1998.
HOBBES, T. Leviatã (1651). Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da
Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 45.
LOCKE, J. O Segundo Tratado sobre o Governo Civil. Tradução: Magda Lopes e Marisa
Lobo da Costa. Petrópolis: Editora Vozes, 1994. p.42.
RIBEIRO, J.U. Política; quem manda, por que manda, como manda. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1998. p.8.