UNIDADE I....................................................................................................... 5
Definições e Conceitos Metrológicos
UNIDADE II.................................................................................................... 27
O Sistema de Medição
UNIDADE III................................................................................................... 47
Calibração de Sistemas de Medição
UNIDADE IV................................................................................................... 66
Resultado da Medição
UNIDADE I
Definições e Conceitos Metrológicos
Professor Me. Felipe Delapria Dias dos Santos
Plano de Estudo:
• Conceitos Relacionados à metrologia;
• Unidades e padrões;
• Metrologia;
• Instrumentação e Medição;
• Leitura (L) ou Indicação Direta e Medida (M) ou Indicação;
• O resultado da medição.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar a metrologia e suas unidades básicas de medidas;
• Compreender os tipos de grandezas e sua evolução;
• Estabelecer a importância da metrologia;
• Aprender a utilizar corretamente os instrumentos de medida.
5
INTRODUÇÃO
Nesta primeira unidade você verá um breve histórico do sistema de medidas, como
surgiu e o que aconteceu para chegarmos nos padrões que existem hoje, também verá
os diferentes tipos de sistemas numéricos que existem. Vamos aprender as sete unidades
básicas a partir das quais podemos obter todas as outras grandezas possíveis e entraremos
na metrologia de fato.
Aprenderemos a sua finalidade, como cuidar de instrumentos metrológicos e como
realizar a medição com os equipamentos mais usuais (Régua graduada, paquímetro e mi-
crômetro). Veremos os principais fatores que influenciam na medição de uma peça e o que
fazer para se obter o maior nível de precisão possível. Para finalizar a apostila, discutiremos
os resultados obtidos a partir dos instrumentos de medição.
No mundo antigo sempre foi comum a troca e o comércio de produtos entre di-
ferentes povos. Tal prática levou as pessoas a terem a necessidade de criar unidades
de medidas para suas mercadorias, como consequência houve o surgimento de diversos
tipos de grandezas. Uma mesma grandeza poderia, por exemplo, ter valor diferente entre
diferentes culturas ou religiões (VICENTE, 2017).
As primeiras medidas surgiram com base no corpo e suas comparações, ou seja,
o corpo se tornou uma referência universal, uma vez que era simples utilizar uma medida
que era de fácil acesso a todos. Isso levou a medidas padrões, como a polegada, a jarda,
o pé, o palmo, o braço e o passo, sendo que algumas dessas continuam sendo usadas
até os dias de hoje (OLIVEIRA, 2016). A polegada, por exemplo, é equivalente a 2,54 cm,
enquanto o pé, a 30,48 cm. Veja na Figura 1:
Oliveira (2016) apresenta em sua obra a sete unidades usuais utilizadas como base
para todas as outras (Tabela 1) juntamente com sua simbologia e sua descrição de como
a mesma é obtida.
Tabela 1 - Unidades base, definições e simbologia
A metrologia pode ser aplicada a todo tipo de grandeza, no entanto as mais comuns
são aquelas dimensões lineares e angulares das peças mecânicas. Não existe técnica
convencional de usinagem (das mais utilizadas no mercado) que forneça uma peça com
a médica 100% exata. Por esse motivo é necessário conhecer o erro e a precisão de
cada processo de usinagem e o erro tolerável antes de escolher uma forma de fabricação
(GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, 2015).
3.3 Unidade
Ao usarmos a unidade do “METRO” podemos dimensionar, por exemplo, o com-
primento de um corredor. Logo, entendemos como unidade um determinado valor e, com
base nesse valor, outros poderão ser determinados. A unidade de medição possui total
independência do meio, como a temperatura, umidade, pressão entre outras possíveis
variáveis (SENAI, 1996).
3.4 Padrão
O padrão, ao contrário da unidade, possui dependência das variáveis externas.
Podemos dizer que é a materialização da unidade. Por exemplo, quando dizemos que tal
objeto possui 5 metros-padrão, estamos estabelecendo que o objeto só irá possuir 5 metros
sob determinada temperatura e pressão (geralmente à 25 °C e a nível do mar – 1 atm), isso
porque o aumento de temperatura faz com que os materiais dilatem, provocando aumento
nas medidas dos materiais (ADNORMAS, 2018)
No caso ilustrado pela Figura 6, o primeiro número da medida é será o 4mm. Mesmo
que o número 0 da parte móvel não coincida exatamente com alguma marcação da parte
fixa, considera a marcação mais próxima imediata à esquerda. No caso acima, a marcação
do número 0 está entre 4 e 5, logo o primeiro número será o 4.
O próximo passo é visualizar qual marcação da escala fixa coincide exatamente
com a marcação na escala móvel, esse será seu segundo número, como mostra a Figura 7.
4.3 Micrômetro
No ano de 1848, o francês Jean Louis Palmer criou um instrumento de medição
que permitia ler até a segunda casa decimal (0,01) de forma muito fácil. O instrumento
No tambor (Figura 11), o traço que coincide com a linha horizontal da bainha é dado
pelo número 32, que é equivalente a 0,32mm. Com isso, a medida final será de 16,5 mm
(da bainha) + 0,32 mm (tambor) = 16,82 mm.
● Método
1) Medição Direta consiste em determinar a medida de algum equipamento por
meio da comparação direta com instrumentos, aparelhos e máquinas de medi-
ção. Esse método é usualmente utilizado na fabricação de equipamentos novos
ou de peças em pequenas quantidades (BANNA, 2017).
2) Medição Indireta por Comparação consiste em determinar a medida de uma
peça com relação à outra, de padrão ou dimensão aproximada; por isso o nome
de medição indireta (BANNA, 2017).
● Instrumentos de Medição
É indiscutível a importância que um instrumento de medição tem, assim como tam-
bém é indiscutível a necessidade de uma boa calibração. Uma boa medida, exata e precisa
● Operador
Alguns autores consideram o operar o elemento mais importante dentre os três
citados (instrumento, método e operador), uma vez que a pessoa que opera o instrumento
deve possuir a técnica necessária. É a parte inteligente de toda a operação e sua habilidade
irá influenciar diretamente na precisão da medida. Um bom operador possuindo instrumen-
tos não tão bons consegue melhores resultados que um mal operador em posse de ótimos
instrumentos (SENAI, 1996).
5.2 Recomendações
É dever dos funcionários que manuseiam as ferramentas e instrumentos de medição
manter seu bom estado, garantindo, assim, a qualidade da medição, uma vez que é garan-
tida a medição real e precisa do equipamento, além de aumentar seu tempo de vida útil.
Seguem algumas dicas de cuidado (SENAI, 1996):
1 – Evitar choques, queda, arranhões, oxidação e sujeira;
2 – Evitar misturar instrumentos;
3 – Evitar cargas excessivas no uso, medir provocando atrito entre a peça e o
instrumento;
4 – Evitar medir peças cuja temperatura, quer pela usinagem quer por exposição a
uma fonte de calor, esteja fora da temperatura de referência;
5 – Evitar medir peças sem importância com instrumentos caros.
Aqui, indico o artigo escrito por Wilson Donizetti Fernandes, Pedro Luiz Oliveira Costa
Neto e José Ricardo Oliveira para o XXIX Encontro Nacional de Engenharia de Produ-
ção, intitulado: Metrologia e Qualidade – Sua importância como fatores de competitivida-
de nos processos produtivos. Que vai de encontro com o que foi discutido nesta apostila
quando tratamos da metrologia como indicador de qualidade do processo.
REFLITA
“O homem é a medida de todas as coisas, tanto das que são porque são como das que
não são porque não são” (Protágoras).
LIVRO
• Título: Fundamentos de Metrologia científica e industrial
• Autor. Armanda Albertazzi G. Junior e André R. de Souza
• Editora: Manole
• Sinopse: Este livro foi concebido como material de apoio para
o ensino da Metrologia, para atender às necessidades dos cursos
de graduação e pós-graduação em Engenharia, Ciências Exatas
e afins. Tornou-se também um material de apoio para cursos de
educação continuada e para pessoas autodidatas.
Resultou do amadurecimento e da evolução das notas de aula
compiladas ao longo de quase 20 anos de atividades docentes
dos autores. A apresentação dos tópicos segue uma sequência
progressiva e intuitiva, desenhada para favorecer a compreensão
do assunto e conduzir o leitor à aplicação consciente da Metrologia
em favor do aumento da confiabilidade do trabalho experimental.
Complementa este livro o conteúdo digital depositado no site www.
labmetro.ufsc.br/livroFMCI, contendo os slides para PowerPoint
usados pelos autores para ministrar os conteúdos de cada capí-
tulo, e alguns programas de computador que simulam ambientes
virtuais para a realização de exercícios e trabalhos interativos.
FILME/VÍDEO
• Título: Precisão: a medida de todas as coisas
• Ano: 2013
• Sinopse: A medição é o segredo para entender nosso lugar
no universo, por isso, usamos a medição para quantificar cada
aspecto do nosso mundo. Precisão: A Medida de Todas as Coisas
aborda a necessidade humana de contar, medir e controlar o mun-
do. Na verdade, os cálculos mudaram o rumo da história. Desde
os tempos pré-históricos até este novo século, a jornada humana
para investigar o mundo da medição faz-se presente. Com os mais
variados experimentos, o professor Marcus du Sautoy investiga a
história e a evolução dos padrões de medida e explica como de-
senvolvemos as sete unidades internacionais de medição – metro,
quilograma, segundo, ampere, kelvin, candela, mol – e como estas
moldaram o curso da história, da ciência e da civilização.
Plano de Estudo:
• O sistema generalizado de medição;
• Métodos básicos de medição;
• Parâmetros característicos do sistema de medição;
• A convivência com o erro: tipos de erros, estimação dos erros de medição incertezas e
fontes de erros.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar o funcionamento básico de um sistema de medição;
• Compreender os tipos de erros existentes;
• Estabelecer a importância do tratamento de dados (incerteza).
27
INTRODUÇÃO
Nesta segunda unidade iremos sair um pouco dos equipamentos de medição pro-
priamente ditos, como foi na Unidade I. Veremos como esses equipamentos funcionam, de
forma geral, seus componentes principais e como acontece a medida. A partir daí, apro-
fundaremos para os erros de medições, erros do equipamento e erros do operador. Além
de aprendermos também os tipos de perturbações externas que podem influenciar no erro,
como a temperatura e a vibração.
Ainda nessa unidade, iremos aprender como é feito o cálculo da incerteza que
toda medida deve possuir e como essa incerteza influencia o nosso resultado final. Para
finalizar, iremos aprender quais as fontes de erros mais comuns para que possamos evitar,
melhorar e, dessa forma, obter medidas mais precisas.
Preparado(a) para mais uma jornada de conhecimento? Então vamos lá!
Cada uma dessas categorias pode atuar de forma independente ou podem, ainda,
estar integrada uma a outra no sistema de medição (GONÇALVES JUNIOR, 2002). A Figura
1 mostra genericamente um sistema de medição
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-photo/ancient-scales-brass-weight-pendulum-thai-785604205
Vejamos agora exemplos trazidos por Machado (2018). Consideraremos uma régua
graduada e um milímetro com três casas decimais.
A régua graduada é um sistema de medição analógico em que a distância entre
um traço e outro é equivalente a 1 milímetro, no entanto podemos estimar que o meio da
distância entre um traço e outro equivale a meio milímetro (0,5 mm). Essa estimativa é
chamada de resolução do instrumento. Já o multímetro é um instrumento digital usado para
medir corrente de energia e não há como estimar a diferença entre divisões justamente por
ser digital. Logo, o nosso valor de resolução é igual ao valor da menor divisão.
E = I - VV
E = erro de medição
I = indicação
VV = valor verdadeiro
Ainda segundo IPEM (2013), uma vez que não é conhecido o valor verdadeiro na
prática, é usado então o valor verdadeiro convencional, ou seja, o valor conhecido com
erros de tal forma que não seja superior a 1/10 do erro de medição esperado, logo, o erro
será calculado por:
E = I – VVC
E = Es + Ea + Eg
E = erro de medição
Es = erro sistemático
Ea = erro aleatório
Eg = erro grosseiro
4.2.1 Incerteza
De forma geral, incerteza nos remete a dúvida. Expandindo a palavra “incerteza”
para “incerteza da medição” temos, então, uma dúvida a respeito do resultado de medição.
Formalmente, incerteza é definida como sendo um parâmetro que está associado ao re-
sultado de medição e que caracteriza a dispersão de valores que podem ser atribuídos ao
valor medido (GONÇALVES JUNIOR, 2002).
Segundo Campos (2008), a incerteza está associada ao resultado de medição e
não corresponde aos erros estudados anteriormente, embora esteja associado a estes. Há,
no entanto, outros fatores a serem considerados, como: número de medições efetuadas,
resolução limitada etc. Não há, portanto, uma relação matemática explícita entre a incerteza
de um processo de medição e a repetitividade de um sistema de medição.
A incerteza é expressa em termos da incerteza padrão, que são dados por meio do
cálculo do desvio padrão realizado a partir dos valores obtidos na medição para a realização
da média (GONÇALVES JUNIOR, 2002).
REFLITA
“Jamais algo de maior e mais simples, de maior coerência em todas as suas partes saiu
da mão dos homens”. (Antoine Laurent de Lavoisier, 1794)
Como leitura complementar, sugiro que estudem o material elaborado pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) juntamente com o Centro Inte-
grado de Capacitação em Metrologia e Avaliação da Conformidade (CICMAC). O material
consiste em uma apostila objetiva e concisa dos principais termos e expressões utilizados
no meio metrológico.
LIVRO
• Título: Introdução à Análise de Erros: O Estudo de Incertezas em
Medições Físicas
• Autor: John R. Taylor
• Editora: Bookman
• Sinopse: Este best-seller de John R. Taylor introduz o estudo
de incertezas a alunos principiantes no assunto. Levando em
conta que o estudante não tem conhecimento da matéria, Taylor
apresenta a análise de erros por meio de exemplos conhecidos,
que vão desde a carpintaria até experimentos históricos. Exem-
plos pertinentes bem-trabalhados, exercícios simples no meio
dos capítulos e inúmeros problemas ao final de cada capítulo se
completam para tornar o livro ideal para cursos de física, química
e engenharia.
FILME/VÍDEO
• Título: A Teoria de Tudo
• Ano: 2014
• Sinopse: Baseado na história de Stephen Hawking, o filme ex-
põe como o astrofísico fez descobertas relevantes para o mundo
da ciência, inclusive relacionadas ao tempo. Também retrata seu
romance com Jane Wilde, uma estudante de Cambridge que viria
a se tornar sua esposa. Aos 21 anos de idade, Hawking descobriu
que sofria de uma doença motora degenerativa, mas isso não o
impediu de se tornar um dos maiores cientistas da atualidade.
Plano de Estudo:
• Operações básicas para qualificação de um sistema de medição;
• Destino dos resultados de uma calibração;
• Métodos calibração;
• Procedimentos gerais da calibração;
• Esquematização de um procedimento geral de calibração.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar as operações básicas de calibração;
• Compreender o destino dos resultados da calibração;
• Estabelecer os métodos de calibração utilizados;
• Apresentar diferentes procedimentos de calibração;
• Elaborar um fluxograma de calibração.
47
INTRODUÇÃO
Para Pinto et. al. (2018), calibração nada mais é que um procedimento experimental
em que são estabelecidas, sob condições específicas, as relações entre os valores que um
sistema de medição fornece e as grandezas estabelecidas pelos padrões. Araújo (2010)
elenca itens que podem ser estabelecidos pela calibração:
● A relação entre a temperatura de um termoelétrico e a tensão de um termopar;
● Estimativa de erros sistemáticos de um manômetro;
● O valor real de uma massa padrão;
● A dureza real de uma placa;
● O valor real de um resistor padrão.
Araújo (2010) descreve os destinos dos resultados da calibração a uma das seguin-
tes aplicações:
I. Levantamento da curva de erro com o objetivo de estabelecer a concordância
entre a calibração e as condições de calibração do sistema de medição e a
norma regulamentadora, especificação legal ou tolerância. Ao ser feito com
frequência, irá garantir ao equipamento a confiabilidade dos resultados obtidos
de medição, além de assegurar que os equipamentos estejam de acordo com
os padrões nacionais e internacionais estabelecidos.
II. Levantamento da curva de erro, com o objetivo de determinar dados e parâ-
metros para a operação de ajuste que é feito no sistema de medição, após a
calibração.
III. Levantamento detalhado da curva de erros e tabelas, relacionando o valor me-
dido com sua correção (incerteza) a fim de corrigir os erros sistemáticos, para
que, dessa forma, seja possível a redução da incerteza dos resultados.
IV. Análise do comportamento metrológico e operacional dos sistemas de medi-
ção durante a sua fase de desenvolvimento e sua fase de aperfeiçoamento,
incluindo a análise das grandezas externas que influenciam diretamente em seu
comportamento.
V. Análise do comportamento metrológico e operacional do sistema de medição
em condições de operação específicas, como: elevada temperatura, elevada
pressão, ausência de gravidade, entre outras.
Existem casos de calibração em que não existe um medidor padrão que englobe
toda a faixa do instrumento a ser calibrado. Nesse caso, Milnitz (2018) descreve o proce-
dimento a ser realizado. São utilizados dois ou mais dispositivos de medida padrão para
realizar o processo. Por exemplo:
Como você já aprendeu, a calibração é um processo complexo que, por vezes, exi-
ge conhecimentos de um técnico ou especialista no assunto, uma vez que o processo pode
exigir conhecimentos avançados dos sistemas de medição (SCHOELER, 1986). Pensando
nisso, Araújo (2010) e Borchardt (1999) elaboraram uma Operação Padrão (OP) com base
nas normas (NBR) e nas ISO que regem o sistema de calibração. Os autores ressaltam que
é apenas uma proposta a ser seguida e que esse roteiro pode ser modificado ou variar de
acordo o sistema de medição a ser calibrado, sendo necessária a análise individual para
cada caso.
REFLITA
Nesta terceira unidade aprendemos que a calibração nada mais é que um procedi-
mento experimental em que é estabelecido (em condições específicas) a relação entre os
valores que um sistema de medição fornece e as grandezas estabelecidas pelos padrões.
Aprendemos também a importância da elaboração de um relatório final de calibração que
deve conter o máximo possível a respeito do procedimento utilizado, dos dados obtidos e
das condições de calibração para que seja seguida em sua utilização.
Discutimos que existem diferentes destinos/objetivos para o resultado da calibração
e, por isso, é importante entender bem qual o objetivo para que se possa aplicar o melhor
método e focar nos dados e informações que serão importantes. Discutimos também os
métodos de calibração direta e indireta. Nesse tópico aprendemos onde devemos usar
cada um dos métodos, suas vantagens e suas complicações.
Finalizamos elaborando um procedimento de calibração em oito etapas e um fluxo-
grama de calibração para otimizar tempo e entender de forma simples como é realizado um
processo de calibração.
LIVRO
• Título: Calibração de Instrumentos de Medição
• Autor: Marcelo Kobayoshi
• Editora: Saraiva
• Sinopse: A qualidade da produção industrial depende, em gran-
de parte, da exatidão das medidas empregadas em seus projetos
e serviços. Com isso em mente, a SENAI-SP Editora lança Cali-
bração de Instrumentos de Medição como um importante recurso
para o estudo e aprendizado dessa área tão essencial. Além da
calibração de instrumentos de medição em si, outros aspectos
envolvidos na sua realização são abrangidos, como, por exemplo,
a compreensão e implementação da avaliação e expressão da
incerteza em seus resultados. Sendo uma obra atual e moderna,
constitui um importante recurso didático e de pesquisa para alunos
e professores da área tecnológica.
FILME/VÍDEO
• Título: Estrelas Além do Tempo
• Ano: 2015
• Sinopse: No auge da corrida espacial travada entre Estados
Unidos e Rússia durante a Guerra Fria, uma equipe de cientistas
da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-americanas,
provou ser o elemento crucial que faltava na equação para a vitória
dos Estados Unidos, liderando uma das maiores operações tecno-
lógicas registradas na história americana e se tornando verdadeiras
heroínas da nação.
Plano de Estudo:
• Mensurando invariável versus variável;
• Uma medida x Várias medidas;
• Campos de estudo do resultado da medição de um mensurando invariável;
• Campos de estudo do resultado da medição de um mensurando variável.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar mensurado invariável e mensurando variável;
• Compreender quando utilizar medida única e quando realizar várias medidas;
• Estabelecer a importância do resultado de medição com mensurando variável e
mensurando invariável.
66
INTRODUÇÃO
Campos (2008) diz que é comum empresas utilizarem o resultado de apenas uma
medição e que isso acontece por diversos motivos, como economia de tempo, economia de
dinheiro, comodidade, praticidade, entre outras. Do ponto de vista metrológico, essa prática
está correta em diversas situações, no entanto a incerteza da medição será maior, podendo
prejudicar a qualidade do processo ou não, pois há casos em que apenas uma medida já é
perfeitamente cabível.
O autor afirma ainda que a repetição da medição de uma mesma peça pode
ocasionar em maior tempo na mesma função e exigirá cálculos adicionais, uma vez que
será necessário realizar o cálculo da média e do desvio padrão. No entanto é justificável e
compreensível a utilização de mais de uma medida quando se deseja minimizar a incerteza
da medição ou quando estamos lidando com um mensurando variável.
Gonçalves Júnior (2002) explica que, no primeiro caso, sempre haverá a influência
de erros aleatórios e que não é necessário grande número de repetições para que haja a
diminuição da incerteza da medição. No entanto, no segundo caso, quando a medição é
realizada em um mensurando variável, faz-se necessário realizar diversas medidas visando
coletar resultados suficientes que permitam caracterizar a faixa de variação do mensurando
em questão, sendo que, nesse caso, não há coesão realizar apenas uma medida.
Segundo Incerpi (2008), para casos em que há várias fontes de incertezas rele-
vantes envolvidas, utiliza-se uma metodologia para determinar o resultado da medição do
qual o ponto de partida é primeiramente determinar o balanço de incertezas no processo
de medição. O autor destaca ainda que caso haja a presença de medições indiretas, as
incertezas envolvidas devem ser corretamente combinadas.
Com as informações em mãos, passa a ser possível a aplicação e a determinação
do resultado da medição. No entanto, é necessário que a pessoa que irá efetuar a medição
seja apta a realizar o processo para que, desta forma, seja garantindo o tripé: bom senso,
honestidade e conhecimento técnico (GONÇALVES JUNIOR, 2002).
Para que o resultado da medição seja expresso de forma correta, é necessário
analisar e verificar a situação na qual o processo de medição está sendo realizado. A seguir
serão explicadas algumas situações de medição.
Doebelin (1990) explica que, do ponto de vista metrológico do sistema de medição,
é interessante compensar os efeitos sistemáticos, uma vez que sempre haverá um ganho
que irá implicar na redução da incerteza de medição. No entanto, por diversos motivos,
como simplificação de processo, rapidez/agilidade e questões operacionais, nem sempre
os erros sistemáticos são levados em conta ou são compensados. A metrologia não define
essa prática como errada, contudo essa prática pode aumentar a incerteza da medição. O
autor explica como são obtidos dois resultados de medição, um sendo obtido com a com-
RM = I + C ± Re Equação (1)
Onde:
I: indicação obtida;
C: correção do sistema;
Re: Repetitividade do sistema de medição.
• Casos em que são efetuadas “n” medições, o resultado da medição será dado
pela seguinte equação:
Equação (2)
Onde:
MI: média das indicações;
C: correção do sistema;
Re: Repetitividade do sistema de medição;
n: número de medições.
Solução:
A massa de uma pepita é um mensurando invariável. O aluno fez apenas uma
única medição e dispõe apenas do erro máximo da balança. Os efeitos sistemáticos, sendo
RM = I ± Emax
RM = (32,8 ± 2,0) g (I)
b) Não satisfeito com a incerteza da medição, que lhe pareceu muito grande, o
aluno obteve as nove indicações adicionais listadas a seguir, todas em gramas. Para esta
condição, qual o novo resultado da medição?
Solução:
Agora dez indicações estão disponíveis. É possível calcular o resultado da medição
através da média das indicações disponíveis (equação 4). Embora um trabalho maior tenha
sido realizado, seu efeito sobre o resultado da medição é quase inexpressivo.
Assim:
MI = 32,70 g
RM = MI ± Emáx
RM = 32,70 ± 2,0
RM = (32,7 ± 2,0) g (II)
Solução:
Se o aluno usasse apenas a primeira indicação obtida, o resultado da medição
seria estimado por meio da equação (1):
RM = I + C ± Re
RM = 32,8 + 0,80 ± 1,20
RM = (33,6 ± 1,2) g (III)
𝑅𝑅𝑒
𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝑅𝑅𝑀𝑀 + 𝐶𝐶 ±
𝑛𝑛
1,2
RM = 32,70 + 0,8 ± 10
Figura 1 - Resultados
20,8 20,4 20,5 20,0 20,4 20,2 20,9 20,3 20,7 20,6
Solução:
Como não se pode esperar “perfeição” na geometria de uma bola de gude, é pru-
dente tratá-la como mensurando variável. São disponíveis 10 indicações e uma estimativa
do Emáx, portanto, a equação (6) deve ser usada.
Solução:
Sendo a correção conhecida, esta deve ser compensada e o RM calculado pela
equação (5). Assim:
RM = MI + C ± (Re + ∆Imáx)
RM = 20,48 - 0,04 ± (0,05 + 0,48)
RM = (20,44 ± 0,53) mm
SAIBA MAIS
REFLITA
“O homem é a medida de todas as coisas, tanto das que são porque são como das que
não são porque não são” (Protágoras).
Como leitura complementar sugiro uma notícia que, apesar de antiga, foi um fato
muito marcante e que virou manchete em diversos jornais devido ao erro de metrologia
cometido pela NASA. Um erro simples de conversão de pesos e medidas foi cometido pelos
controladores de voo da NASA. Esse erro acarretou na destruição total da sonda espacial,
chamada Mars Climate Orbiter, ao tentar entrar na órbita de Marte. Destacando mais uma
vez a importância do conteúdo estudado e do aperfeiçoamento das técnicas conhecidas.
Fonte: FERRONI, M. Erro da NASA pode ter destruído Sonda. 1999. Disponível em: <https://www1.folha.
uol.com.br/fsp/ciencia/fe0110199905.htm> Acessado em: 25 de fevereiro de 2020.
LIVRO
• Título: Metrologia e Incerteza de Medição - Conceitos e Aplica-
ções
• Autor: Alexandre Mendes e Pedro Paulo Novellino do Rosário
• Editora: LTC
• Sinopse: Este livro foi inicialmente concebido como material de
apoio para o aprendizado da metrologia nos cursos de graduação
e pós-graduação nas áreas das engenharias, ciências exatas e
afins. A abordagem intuitiva e o sequenciamento progressivo ado-
tado tornam o livro adequado para pessoas autodidatas, bem como
acessível para cursos técnicos e de educação continuada. Essa
nova edição acrescenta um capítulo sobre o uso de simulações
numéricas para estimar incertezas de medição e um novo anexo
com conceitos de estatística apresentado de forma intuitiva. O
objetivo é que essa obra possa conduzir ao leitor a compreensão
e aplicação consciente da metrologia em favor do aumento da
confiabilidade do trabalho experimental.
FILME/VÍDEO
• Título: Gravidade
• Ano: 2013
• Sinopse: Dra. Ryan Stone e o astronauta Matt Kowalsky tra-
balham juntos para sobreviver depois que um acidente os deixa
completamente à deriva no espaço, sem ligação com a Terra e
sem esperança de resgate.
ALVES, F. R. R.; LUZ, M. P. Análise dos sistemas de medição em uma empresa de trefilação
de tubos de aço. XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Joinville,
2017.
FERNANDES, W. D.; COSTA NETO, P. L. O.; SILVA, J. R. Metrologia e qualidade – sua importân-
cia como fatores de competitividade nos processos produtivos. XXIX Encontro Nacional de Enge-
nharia de Produção. Salvador, out. 2009.
FERRONI, M. Erro da NASA pode ter destruído Sonda. 1999. Disponível em: https://www1.folha.
uol.com.br/fsp/ciencia/fe0110199905.htm. Acesso em: 25 fev.2020.
IPEM. Como funciona a Fiscalização de Instrumentos de Medição. 2013. Disponível em: http://
www.ipem.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2%3Acomo-funciona-a-fis-
calizacao-de-instrumentos-de-medicao&catid=93&Itemid=190. Acesso em: 10 fev. 2020.
LOJA DO MECÂNICO. Relógio Comparador com Ótima Precisão em Aço 0,01 mm - ZAAS-
-RC001. 2020. Disponível em: https://www.lojadomecanico.com.br/produto/701/3/204/relogio-com-
parador-com-otima-precisao-em-aco-001-mm-zaas-rc001. Acesso em: 15 fev. 2020.
MACHADO, M. Valor duma divisão e resolução. Qual a diferença? 2018. Disponível em: https://
www.consultoria17025.com.br/valor-da-menor-divisao-e-resolucao-qual-diferenca/. Acessado em:
10 fev. 2020.
PAVANI, S. A. Instrumentação básica. Santa Maria: e-TEC Brasil - Escola Técnica Aberta do Bra-
sil, 2011.
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Mossoró, v. 25, n. 1, p. 153-159, 2012.
Prezado(a) aluno(a),
Chegamos ao fim de mais uma disciplina do nosso curso. Neste material busquei
apresentar o conhecimento básico necessário para que você possa crescer em sua profis-
são. Nessa disciplina apresentamos conceitos, ferramentas e exemplos que farão com que
você alcance seus objetivos.
Iniciamos nossas aulas discutindo a respeito da história da medição, de onde sur-
giu e o como a metrologia, como ferramenta de qualidade, pode ajudar a garantir melhores
processos para uma empresa.
Aprendemos medições em equipamentos importantes, como o paquímetro e
o micrômetro, além de apresentar recomendações para a realização de uma medição
precisa e eficiente. No decorrer da apostila novos tópicos foram inseridos. Vimos como é
o funcionamento de um sistema de medição e quais seus principais componentes, bem
como a função de cada um deles. Aprendemos também os principais métodos de medição
(deflexão, comparação e o método diferencial).
Em um segundo momento durante nossa apostila, aprofundamos ainda mais nos-
sos conhecimentos em metrologia com a calibração. Aprendemos que é na calibração que
bons resultados se encontram, assim como a qualidade final do processo. Na calibração
aprendemos alguns métodos usuais, suas vantagens, quem deve realizar o processo de
calibração, também foi apresentado um fluxograma geral do processo de calibração.
Por fim, encerramos nossa disciplina abordando o assunto de mensurando invariá-
vel e mensurando variável. Aprendemos quando é necessária a realização de mais de uma
medida e quando apenas uma medida basta e concluímos nossa última unidade discorren-
do a respeito do resultado de medição de um mensurando invariável e de um mensurando
variável, onde foi apresentado exemplos didáticos e reais.
A partir de agora acreditamos que você já está mais do que pronto(a) para seguir
sua caminhada e encarar novos desafios, para que, desta forma, sua jornada profissional
seja repleta de sucessos.