Inicialmente, o reino protista englobava seres unicelulares e multicelulares. No entanto, as diferenças entre tais seres eram gritantes de mais para serem englobados juntos. Posteriormente, ainda foi possível diferenciar tais seres entre procariontes e eucariontes. Os seres tidos como eucariontes apresentavam uma série de características, dentre elas: núcleo com membrana individualizada, cromossomos múltiplos com aparelho mitótico, cromossomos com presença de íntrons, ribossomos aderidos a uma série de canais (formando o retículo endoplasmático), organelas membranosas, citoesqueleto proteico, formação de vesículas endocíticas. Mesmo com todas essas diferenças, a mais óbvia era a de tamanho entre as duas células, sendo a célula procarionte (1-2 u.m) muito menor quando comparada com a célula eucarionte (10-100 u.m) Porém, a diferença mais crucial entre as duas células é a compartimentalização das funções celulares em organelas distintas, presente apenas na célula eucarionte. Tal processo permitiu a essa célula apresentar funções cada vez mais especificas, dependentes de um microambiente favorável e bem distinto, potencializando sua capacidade de obter energia, reproduzir e crescer. Os seres procariontes, com o tempo, adquiriram cada vez mais componentes membranosos, se tornando, por fim, eucariontes. Tal processo de incorporação gradual desses componentes se deu por conta da endossímbiose, que fez com que seres inicialmente de vida livre se conjugassem com outros seres de vida livre, passando a depender desses pra sua sobrevivência. A transição procarionte para eucarionte gerou células eucariontes presentes em todos os órgãos e tecidos de qualquer ser vivo multicelular, sendo essas células, no entanto, diferente mas iguais entre si. Essa diferença entre elas se deu por mecanismos de agregação, especialização e diferenciação. Os seres procarionte se encontram estabilizados em uma fase primitiva, porém eficiente, da evolução celular, sendo capazes de popular qualquer tipo de ambiente, sendo predominante, quando comparados seres eucariontes. Mesmo primitivos, tais seres não se encontram à margem da evolução, sendo a resistência a antibióticos um ótimo exemplo de como esses seres são capazes de evoluir e se adaptar ao ambiente. Os seres vivos, de um modo geral, passaram, então, a ser divididos em três grandes grupos: Bacteria, Eukarya e Archaea. Além dos dois primeiros reinos, previamente citados, o Archaea é o mais incomum. Esse grupo possui seres procariontes, mas que não são bactérias e muito menos estão relacionados com doenças humanas/animais. Tais seres são altamente especializados e possuem predileção por ambientes extremos (ácidos, alcalinos, altas temperaturas, baixas temperaturas, alta salinidade). Tais seres, mesmo sendo procariontes, possuem uma semelhança muito maior com eucariontes do que com bactérias, propriamente ditas. Eles não possuem parede celular com peptideoglicano, além de ter, também, sequências de DNA e RNA em seus compostos com alta semelhança aos seres eucariontes. Tais seres teriam divergido das bactérias muito precocemente, e, depois, tendo os eucariontes divergido dessas bactérias. Como Classificar uma Bactéria? Dentre as milhares de bactérias que existem, apenas uma fração mínima é de caráter patogênico. São exemplos de bactérias com caráter patogênico: estafilococcus aureus, relacionado a infecções piogênicas, e eschericia coli, relacionada com problemas intestnais. Uma mesma espécie bacteriana pode ser dividida em vários subtipos, dentre eles: biotipos, sorotipos, fagotipos e virotipos A identificação de uma espécie é feita levando em conta a análise de suas características metabólicas, morfológicas, atividade biológica, aspectos moleculares. Citologia Bacteriana: As bactérias apresentam diâmetros pequenos, porém extremamente variáveis, além de estruturas internas bem simples (procarionte comum) e estruturas externas deveras complexas e diversificadas (são através dessas estruturas que a bactéria interage com o meio) O componente mais importante da estrutura de uma bactéria seria sua parede celular¹. Essa estrutura tem capacidade de definir sua morfologia (cilíndrica ou esférica), além organizar seu arranjo celular. Sua principal função é a de proteger a bactéria contra a lise osmótica e as injúrias mecânicas. ¹ mesmo sendo crucial, ela pode estar ausente em alguns tipos de bactéria, como as bactérias muito pequenas, condenando-as a viver em um só ambiente, perdendo sua mobilidade. Ela pode estar ausente, também, após a introdução de um antibiótico que degenera a parede celular. Os componentes da parede celular podem dividi-las entre gran positivas ou gran negativas. As bactérias gran negativas (E.coli) apresentam uma coloração avermelhada ao teste de gran, enquanto as gran positivas (S.aureus), uma coloração azulada. O teste de Gran é um teste importantíssimo para determinar qual tipo e formato de bactéria está sendo observado. Esse teste é composto de 4 etapas: 1) Adição de cristal violeta à bactéria 2) Adição de mordente (lugol + iodo), com função de fixar com mais afinco o corante 3) Adição de um solvente de lipídeos (álcool, éter ou cetona)¹ 4) Adição de corante vermelho (fucsina) corando a bactéria, ou não. ¹Essa é a etapa crucial para determinar a coloração da bactéria (descoloração). Nessa etapa, a bactéria gran negativa perde sua coloração roxa, por perder sua camada de LPS, que fora levada pelo solvente de lipídeos A parede celular fica além da membrana plasmática. A membrana plasmática bacteriana é extremamente semelhante a nossa membrana plasmática, sendo muito ruim tratar uma infecção bacteriana com algo que ataque sua membrana plasmática, visto que seria um tiro no próprio pé. O alvo principal dos antibióticos é, portanto, a parede celular, uma vez que não haveria como causar dano em humanos, justamente por não termos tal estrutura. Tipos de Bactéria: a) Gran Positiva: apresenta uma parede celular mais primitiva, mais espessa, unilaminar, formada por um componente glicoproteico (peptideoglicano/mureína/mucopeptídeo). Composta por vários ácidos tecoicos e lipotecoicos, em que o primeiro tem função de servir de antígeno de superfície para reconhecimento corporal e o segundo, de aderir a parede celular à membrana plasmática. O peptídeoglicano, em si, são vários ácidos (muito pouco lipídeo) ligados uns aos outros por cadeias de aminoácidos, conferindo resistência e flexibilidade à parede celular. b) Gran Negativa: apresenta uma parede celular mais complexa, delgada e bilaminar. É composta por duas partes: o mucopeptídeo e a membrana externa. A membrana externa é de natureza lipídica (fosfolipídeos associados a polissacarídeos, formando o LPS), com função, também, de peneira molecular (por conta da presença de porinas), possibilitando, ou não, o acesso¹ de moléculas, regulando a difusão. O LPS é extremamente importante para a medicina devido a sua alta atividade tóxica nas nossas células, podendo gerar choque tóxico. ¹bloqueia a passagem de moléculas muito grandes, conferindo baixa permeabilidade a drogas e enzimas hidrolíticas. Outras estruturas da célula bacteriana: A célula bacteriana pode ter, também, estruturas opcionais para várias espécies, ou até para indivíduos de uma mesma espécie, dentre essas estruturas cabe citar: 1. Cápsulas: são estruturas compostas por polissacarídeos, com função de serem secretadas para o exterior para captar nutrientes, como uma rede de pesca. Elas, também, podem ter uma função muito importante para a geração de doenças, uma vez que podem apresentar ação anti-fagocitária, como no caso da E. pneumonidae, em que essas cápsulas agem protegendo o patógeno contra o nosso sistema imune, o mantendo vivo. Tal ação só é possível graças a equidade de cargas entre a cápsula e a membrana do macrófago, repelindo-o toda vez que esse se aproxima dela. 2. Flagelos: podem estar relacionados, ou não, à virulência. Seu papel na virulência é de possibilitar uma movimentação mais rápida à bactéria, para que essa se choque ao tecido e entre nele, além de dar a ela capacidade de nadar contra o fluxo de algum líquido corporal, como, por exemplo, a urina. É composto de um filamento, formado por proteínas especializadas(flagelinas) e um corpúsculo basal, que atua como motor, ancorando o filamento e possibilitando a rotação.¹ Essa estrutura pode estar presente por toda superfície bacteriana. É capaz de determinar um ritmo de deslocamento em dois padrões, em que, primeiro, a bactéria se desloca, depois, ela para e gira, mudando sua direção, voltando a se deslocar, parar, girar e deslocar. Esse ritmo é importantíssimo para que a bactéria seja capaz de se aproximar de algum alimento, por exemplo, ou de se afastar do perigo. 3. Fímbrias/Pili: são estruturas que permitem a aderência da bactéria à superficie celular. São formadas por uma proteína chamada de pilina. São muito parecidas com os flagelos, porém sem função de locomoção, apenas de adesão ao substrato/mucosas, sendo crucial na colonização dessas, por suportar o fluxo de líquidos nessas mucosas. É uma estrutura essencial para patógenos que entram no organismo por meio de mucosas, logo, uma substância que impedisse sua produção seria ótima para evitar tais tipos de infecção. É uma estrutura presente em bactérias de origem patogênica e não patogênicas. Existem diversas famílias de pili, dentre elas a tipo P, vista na E.coli uropatogênica resposável por infecções urinárias alta. Já a fímbria manose sensível (tipo 1), é vista na E.coli uropatogênica relacionadas a infecções urinárias baixas, como cistites. O tipo de fímbria determina onde a infecção irá ocorrer e como irá ocorrer. Algumas fímbrias não apresentam função de aderência, apenas de troca de material genético entre bactérias, importantíssimo para processos de resistência a antibióticos. É possível determinar, a partir de qual pili está presente, a capacidade de cada bactéria de colonizar certas regiões (meningite, por exemplo, tem maior facilidade de colonizar a nasofaringe, do que a orofaringe) 4. Esporos: são formas de resistência e dormência de uma bactéria. Essa forma não causa doenças, apenas é um mecanismo de defesa dessa para quando o ambiente está extremamente hostil. Após a hostilidade passar, a bactéria volta ao normal (a sua forma replicativa/vegetativa). O tétano é um exemplo de doença causada por uma bactéria que brota a partir de um esporo, nos ferimentos. Esse processo é possível apenas para algumas bactérias gran positivas. ¹Em bactérias, o flagelo não bate, apenas gira. Vírus: estrutura e propriedades gerais; classificação de vírus de importância médica; patogênese A evolução do vírus é um processo compartilhado, que se deu graças a seu material genético (DNA,RNA), mas que não dispensa a participação da maquinaria celular da célula hospedeira. Os vírus podem atacar todos os organismos celulares, entretanto, geralmente apresentam especificidade, seja por espécies ou órgãos. Essa especificidade pode ser explicada pela presença de receptores, também, específicos, que determinam seu reconhecimento e englobamento. O vírus, em si, apresenta um tamanho ínfimo, muito menor que uma célula e até que uma organela. Um ponto, até hoje, muito discutido seria a dúvida se os vírus seriam, ou não, seres vivos. Os argumentos que apontam sua classificação como seres vivos são: capacidade evoluir e se adaptar a um ambiente variável, capacidade de reprodução e presença de macromoléculas. Já os argumentos que alegam que os vírus são seres inanimados são: ausência de células e ausência de metabolismo próprio (fora da célula) A primeira tentativa de se classificar os vírus se deu baseada na variedade de hospedeiros/órgãos em que esse atuava. No entanto, tal classificação se mostrou ruim, pois, mesmo sendo específicos, esse vírus ainda poderiam parasitar várias espécies, saltando de uma para outra e outros órgãos, de outros sistemas. Estrutura Geral: 1) Material Genético: todo vírus apresenta material genético, podendo ser DNA e/ou RNA, que se dividem em fita dupla ou simples, sendo a última dividida em positiva e negativa 2) Capsídeo: envoltório proteico que delimita o material genético e o protege, dando forma ao vírus. O conjunto formado por material genético + capsídeo é chamado de nucleocapsídeo 3) Envelope: estrutura opcional, presente em alguns tipos de vírus. É constituída pela membrana plasmática da célula em que esse parasitara, junto com proteínas de membrana, em sua maioria, do próprio vírus, com algumas do antigo hospedeiro. Ciclo de Vida do Vírus: constituído por 5 fases: adsorção, que é o momento em que o vírus entra em contato com a célula, penetração, em que o vírus forma ‘’pontes’’ que irão permitir inserir seu material genético dentro da célula hospedeira, desnudamento, que a passagem do material genético, propriamente dito, maturação, que é a integração do material genético ao DNA da célula e consequente replicação e, por fim, liberação, que é a quando a quantidade de vírus dentro da célula é tamanha que ela simplesmente lisa, liberando vírions¹. ¹são vírus antes de infectar uma célula, seria seu estado ‘’extracelular’’ Taxonomia do vírus: família é chamada de viridae, enquanto o gênero é chamado de vírus, com nomes de espécies que provém do inglês e, não, do latim, como era o usual. Vários critérios são usados para sua taxonomia, dentre eles, sua morfologia, massa molecular, densidade, estabilização de PH, genoma, proteínas, replicação do genoma, propriedade antigênica, viremia (onde ataca e como faz a doença) Ex: Hepadnaviridae Bacteriófago: é um tipo específico de vírus, com função de atacar bactérias, sendo fácil de trabalhar e de cultivar. Apresenta, em sua morfologia, cauda, que são as pequenas ‘’pernas’’ responsáveis por aderir à célula que será parasitada, passando o material genético. Tal vírus apresenta dois tipos de ciclo de vida, o lítico e o lisogênico. O lítico é quando o vírus, após ter seu material genético incorporado ao da bactéria, começa a se replicar de forma incessante, produzindo, também, suas proteínas virais. Quando esse número se torna insustentável para a bactéria, essa sofre lise, liberando os vírions. Já o ciclo lisogênico se dá quando o vírus, após se incorporar ao DNA da bactéria, se mantém estático, sem produzir proteínas virais ou induzir a replicação em demasia. ps: o vírus, em seu ciclo lisogênico, não é capaz de matar, no entanto, este aumenta a sua viremia, isto é, sua capacidade de resultar em problemas/doenças, no ser humano, quando nesse estágio. Um exemplo disso seria o fato de a difteria só ser causada por cepas de bactérias que apresentam vírus em seu ciclo lisogênico. O uso de bacteriófagos pode ser visto como solução para doenças que necessitam do uso constante e em demasia de antibióticos. A fagoterapia, portanto, seria uma alternativa à resistência aos antibióticos e aos superbugs. Classificação quanto ao material genético que apresenta: os vírus podem ser divididos, de acordo com a classificação de Baltimore , de acordo com o tipo de molécula que apresentam. Podendo ser: 1) DNA dupla hélice 2) DNA simples hélice 3) RNA dupla hélice 4) RNA simples hélice + 5) RNA simples hélice – 6) RNA simples + com transcriptase reversa. 7) RNA simples – com transcriptase reversa 1.Herpes seria um exemplo de um vírus de DNA dupla hélice, em que se encontra envelopado e ,quando entra no hospedeiro, seu DNA se transforma em fita simples, sendo usado para a transcrição de RNA para suas proteínas virais e de mais DNA para recompor o vírus 2.Parvovírus: entra, assim que entra já replica formando outra fita e vai pra ser transcrito e formar proteínas virais, além de replicado. 3.Rotavírus/reovírus: RNADS, assim que entra, se abre, liberando RNAS+ E RNAS-. O RNAS+ será usado para a produção de RNA polimerase e de proteínas vírais, enquanto o RNAS- será usado como molde para a produção, pela RNApol, de RNAS+, unindo-os novamente em um RNADS. 4.Rinovírus (resfriado): apresenta RNAS+, já indo para o ribossomo para sintetizar RNA polimerase RNA dependente, que irá replicar esse RNA, formando um molde, que será usado para formar mais RNAS+. Além disso, um dos RNAS+ vai pro ribossomo produzir proteínas virais. Esse tipo é mais passivo à mutação, tendo em mente que, assim que o RNA já é sintetizado, ele é usado para a síntese proteica. 5.Influenza: apresenta RNAS-, não produzindo proteínas assim que entra. Precisa estar envelopado junto com uma RNA polimerase RNA dependente, que, ao entrar, irá produzir um RNAS+, que será traduzido em proteínas virais e em mais RNA polimerases RNA dependentes, além de ser usado como molde para a produção de mais RNAS-. 6.Retrovírus/HIV: RNAS+ com transcriptase reversa. Apresenta duas fitas simples +, que irão sofrer ação da t.reversa, sendo transformadas em DNA, que irá, por ação de uma integrase, se integrar ao DNA do hospedeiro, sendo replicada junto e ele e produzindo RNAs para a produção de suas proteínas virais. Microbiota normal e microrganismos patogênicos Antes a microbiota normal, de um modo geral, era chamada de flora normal. Esse termo, no entanto, foi abandonado, tendo em vista justamente sua imprecisão taxonômica, uma vez que microrganismos deixaram de fazer parte do reino vegetal. Microbiota normal: é, justamente, o conjunto de microrganismos (bactérias, por exemplo) típicos de um local. Esse conjunto é adquirido durante e após o parto, tendo diversas funções no corpo humano, dentre elas: 1) 1° linha de defesa do corpo contra patógenos endógenos e exógenos. Atua impedindo que tais seres consigam se instalar no corpo, ‘’ocupando o espaço que seria ocupado’’, produzindo bacteriocinas, que são responsáveis por atacar outros tipos de bactérias¹, produzindo metabólitos tóxicos e, por fim, competindo por sítios de ligação de receptores de adesão 2) Auxilia na digestão, ao degradar, ainda mais, compostos, gerando energia 3) Auxilia na nutrição, com a síntese de vitamina K e B12 4) Desempenha um papel importante na degradação de toxinas e maturação do sistema imunológico, como visto nas células M intestinais. ¹streptococcus viridans produz composto que ataca streptococcus pneumoniae e pyogenes Microbiota normal da pele: vírus não fazem parte desse grupo. Pode ser dividida em microbiota residente ou transitória. A microbiota residente é composta por bactérias que se situam na camada mais externa da pele, onde há maior quantidade de células mortas. Tal microbiota pode ser alterada por uso e sabonetes, roupas, secreções. Essa se encontra mais presente em locais mais úmidos², aumentando muito a quantidade de bactérias presentes em tais locais. Já a microbiota transitória é fruto da capacidade da pele de conseguir abrigar microrganismos transitórios. ²áreas com maior quantidade de microrganismos são perto das glândulas sebáceas e sudoríparas, devido a sua capacidade de fornecer aminoácidos, ácidos graxos e água. O que elimina microrganismos: PH baixo, ácidos graxos e lisozima. Microrganismos residentes apresentam maior dificuldade para serem eliminados, enquanto transitórios saem mais facilmente. Curativos oclusivos: o uso de curativos oclusivos aumenta a temperatura do machucado, bem como sua umidade, além de concentrar muita matéria orgânica em um só ponto, o que aumenta a chance de proliferação de bactérias no local, aumentando aquela população de bactérias. Proprioniumbacterium acnes: coloniza a glândula sebácea e se alimenta de ácidos graxos para sobreviver Microbiota da boca e vias superiores: também podem ser vistos vírus, nesse caso. Alguns tipos de bactérias são muito comuns, podendo, inclusive, causar doenças, caso essas saiam do ambiente normal e caiam na corrente sanguínea¹(mesmo sendo parte da microbiota normal). Staphylococcus mutans usa açúcares e forma a placa/tártaro sobre o dente, podendo, inclusive, produzir ácidos, que furam o dente, gerando cáries. Estômago apresenta uma população de bactérias muito reduzida, devido a seu baixíssimo PH. ¹por isso é recomendado o uso de antibiótico antes de um procedimento mais profundo, no dentista. Intestino delgado apresenta mais tipos de bactérias, com muita presença de enterococcus. À medida que se aproxima do intestino grosso, a quantidade de bactérias vai aumentando gradativamente. Intestino grosso apresenta um número enorme de bactérias, que compõem cerca de 30% das fezes. Microbiota Normal Humana pode sofrer alterações diversas, decorrente de alterações na fisiologia do indivíduo e/ou ingesta de medicamentos, dentre elas: a) Constipação: altera a microbiota por fazê-la crescer demasiadamente, por estar retida a uma massa de matéria orgânica b) Diarreia: expulsa/retira bactérias em excesso, sendo necessário recolonizar o local c) Uso de antibióticos: mata grande parte da microbiota normal intestinal, alterado sua concentração e favorecendo a proliferação de espécies mais resistentes. Associação entre antibióticos e vitaminas é crucial para diminuir os danos desse à microbiota intestinal. Transplante fecal: o uso muito intensivo de antibióticos pode culminar na colonização por superbugs, como C.difficile. Tais bactérias criam uma capa/filme sobre as microvilosidades, diminuindo muito a absorção de nutrientes. O transplante fecal serve, então, para recolonizar o ambiente, ajudando no seu combate. Microrganismos de obesidade: bacterioidetes e firmicutes Microrganismos no trato urinário: uretra superior: sem microrganismos, enquanto que uretra inferior apresenta, sim microrganismos. Por isso que, quando analisado exame de urina, necessário usar o segundo jato, para evitar e contaminação por bactérias dessa porção. Além disso, rins, ureteres e bexiga também são estéreis. Em áreas que existem bactérias, essas são divididas por regiões, com cada porção com um tipo diferente, podendo o uso de sabonetes íntimos, de forma indevida, alterar o PH da região e, consequentemente gerar disfunções em sua população Principais grupos de microrganismos patogênicos: cada tipo de infecção tem sua população diferente de bactérias causadoras Staphylococcus: coccus gram-positivo, catalase¹ positiva ¹capacidade de quebrar H2O2 em H2O e O2. Podem ser divididos em dois grupos: coagulase positiva e coagulase negativa, isto é, se apresentam, ou não, capacidade de coagular o plasma. Um exemplo clássico a ser citado seria o S.aureus, típico coagulase positiva, sendo a mais importante, frequente e virulenta do grupo. S.aureus: relacionado a doenças de pele, visto que é uma bactéria residente da pele. Dentre as doenças relacionadas estão foliculites, furúnculos, carbúnculos, bem como impetigo, celulites, infecções de feridas cirúrgicas. Pode, estar relacionada, também, a doenças mais graves, como síndrome do choque tóxico, bacteremia, pneumonia, osteomielite, endocardite aguda, miocardite. Relacionada, também, com intoxicação alimentar, que sempre será causada por um Staphylococcus, em que a toxina, termo resistente, produzida por essa e quem gera, de fato, a intoxicação alimentar. Muito visto em casos de uso de OBs, em que, no início, as mulheres usavam o dia inteiro, sem trocar, o que propiciava, devido ao acúmulo de sangue, altamente nutritivo, à maior umidade, calor e tempo, a proliferação de bactérias e produção de toxinas ruins para a mulher. Streptococcus: coccus gram-positiva, catalase negativa, não resistente ao ambiente salino. Pode ser divido em três grupos, dependendo de sua capacidade de hemólise: a) Beta-hemolítico: caso em contato com o sangue ao seu redor, faz a lise de todas as hemácias. b) Alfa-hemolítico: faz a lise parcial das hemácias c) Gama-hemolítico: não apresenta capacidade de hemólise Exemplos: S.pyogenes, relacionada com faringite e doenças de pele, bem como síndrome do choque tóxico, e S.agalactiae, muito comum na vagina, são tipicamente Beta ou alfa-hemolíticos. Já S.pneumonidae, pela qual muitos indivíduos podem ser colonizados sem nem mesmo saber, podendo gerar otite e pneumonia, é alfa ou gama- hemolítica. Enterococcus: coccus gram positivo, catalase negativa, resistente ao ambiente salino. Comum em infecções de trato urinário, sendo uma bactéria oportunista, típica de infecção hospitalar. Bastonete Gram-Positivo: são divididas em vários tipos de bactérias, dentre elas: a) Corynebacterium diphtheriae, responsável por causar difteria b) Shigella, responsável por gerar diarreia muito intensa apenas com pequena quantidade de bactérias. c) Salmonella, pode colonizar o indivíduo sem causar doença, passando-a para outros, na preparação de comidas. EUA HAMBÚRGUERES. d) Klebsiella pneumoniae: comum do intestino, gosta de água, sendo muito presente em indivíduo com ventilação mecânica, onde essa migra até o pulmão, gerando pneumonia. Apresenta, também, alta capacidade de compartilhamento de genes de resistência, contribuindo para a formação de superbugs. Bastonetes Gram-negativos Fermentadores: tem como principal exemplo as enterobacterium, em especial a E.coli, que é típica do intestino, servindo para identificar a presença de fezes nos alimentos. Causa infecções comumente no trato urinário, além de meningite neonatal. Bastonetes Gram-negativos não fermentadores: típicos da natureza, sendo um problema nos hospitais em casos de água contaminada (misturar água com sabão para economizar é ruim pois o sabão deixa de ser eficiente para matar a bactéria, uma vez que menos concentrado). São exemplos desses tipos de bactérias a Pseudomonas aeruginosa, que é responsável por gerar infecções hospitalares, infectando o sangue e feridas dos pacientes, e a acinectobacter, que apresenta muita facilidade em gerar doenças em indivíduos hospitalizados, não-hígidos, sob ventilação mecânica. É, portanto, uma bactéria oportunista, que gosta de água, muito resistente a muitos antimicrobianos e desinfetantes. Coccus Gram-Negativo: obrigatoriamente vai ser Neisseria, podendo ser dividida em Neisseria meningitidis e Neisseria Ghonorea Micobactéria: não classifica sob coloração de gram, uma vez que apresenta uma camada muito espessa de lipídeos, em cima dela (sempre seria gram positiva mesmo tendo camada de lipídeos). É utilizada, então, a coloração de Baar, que é um teste em que tudo descolore, menos esse tipo de bactéria. Um exemplo famoso desse gênero seria a Micobacterium tuberculosis. Fundamentos Básicos Sobre Testes Microbiológicos: Suspeita clínica é, antes de tudo, o motivo principal para se pedir um exame microbiológico. Após o pedido, a etapa mais importante do processo do exame é a coleta do material e seu transporte. Etapas: Coleta e transporte exames microscópicos (GRAM) cultura e identificação bacteriana teste de susceptibilidade a antimicrobianos(TSA) métodos moleculares ou imunológicos A coleta e transporte tem como objetivo principal: a) Evitar Contaminação: é necessário o uso de uma rigorosa técnica de assepsia, além de um material de coleta estéril, bem como uma técnica de coleta correta b) Isolamento máximo dos agentes patogênicos: preparar o paciente, escolher o sítio da coleta, selecionar o momento certo, colher amostra suficiente, considerar necessidade de amostras múltiplas, técnica de coleta adequada, transporte sob condições ótimas. Material impróprio: material superficial de feridas, urina de 24h, swab nasal para sinusite, material de colostomia, vômito Hemocultura: 3x frascos de 5-10 mL (adulto) ou 1-5 ML (criança). Tais três frascos são bons pois dão certeza do agente infeccioso. No entanto, são ruins pois é muito sangue para bebês pequenos (UTI pediátrica), além de retardar o início do tratamento. Formas de coleta: punção, swab, drenagem e remoção cirúrgica, eliminação espontânea. Encaminhamento: deve conter nome, número do prontuário, idade do paciente, procedência, tipo de amostra, hora da coleta, nome do médico, carimbo e telefone Se o material não conseguir ser transportado no seu tempo limite, há duas opções: a) Refrigera: refrigerar mantém o microrganismo vivo e em baixa proliferação, mantendo a proporção original. Tal opção não pode ser usado em Shigella e nem Neisseria, uma vez que morrem caso esteja frio b) Conservantes: líquidos ou, caso seja um sólido, o próprio swab já o conserva Exames Microscópicos: coloração de Gram (bacterioscopia) e coloração de Ziehl Neelsen (Baar ou baciloscopia). A bactéria pode ser, também, gram lábil, quando o profissional fica em dúvida quanto a sua coloração. Meios de cultura: podem ser líquidos ou sólidos. Os sólidos, por sua vez, podem ser divididos em 4 tipos: 1) Ricos: altamente complexos e nutritivos que estimulam a proliferação bacteriana, de um modo geral 2) Seletivos: meios que impedem a proliferação de uma determinada cultura 3) Diferencial: é um meio que já dá um preview sobre alguma característica da bactéria, como, por exemplo, se tem capacidade de fermentar lactose 4) Enriquecimento: apresenta uma substância nutritiva que favorece um tipo de bactéria, fazendo-a crescer mais e mais rapidamente que as demais. Meios cromogênicos: associação com fluorófilos que se grudam às bactérias e emitem coloração específica Semeadura: quantitativa, quando toda placa é espalhada com a bactéria de uma só vez. Ou esgotamento/qualitativa, quando se espalha, separadamente, em vários pontos, várias populações de bactérias. Na estufa, é feita a análise colonial presuntiva, em que o pesquisador já ‘’chuta’’ o que é. Após isso, a bactéria passa por testes bioquímicos, de tolerância e moleculares, para, depois, ser submetida ao antibiograma (TSA). Nesse teste, são colocados, no meio de cultura, vários discos com antibióticos, e é verificado o tamanho dos halos em volta de tais discos. Dependendo do tamanho é possível determinar se uma bactéria é susceptível ou não a um antimicrobiano. Há, também, a condição inibitória mínima, que diz a quantidade necessária de antibiótico para matar a bactéria. Mecanismos de Virulência de Bactérias: Bactérias possuem um arsenal muito amplo de organelas de superfície e moléculas com atividade tóxica ao hospedeiro (toxinas). Tais estruturas tem como função conquistar e ocupar diferentes nichos, ao longo da infecção, no indivíduo (bactéria pode, por exemplo, começar na uretra, subir para a bexiga e, depois, ureter e rins, caracterizando uma infecção bem sucedida). São ferramentas destinadas à aderência, colonização e invasão dos tecidos e órgãos, no indivíduo. Tais estruturas realizam funções extremamente complexas, sendo consideradas nanomáquinas A bactéria apresenta duas formas de gerar doença/infecção ao hospedeiro: 1. Aderência à mucosa (ESSENCIAL) multiplicação e colonização da mucosa (formando microcolônias/biofilmes) produção e elaboração de toxinas 2. Aderência à mucosa (ESSENCIAL) invasão de células superficiais epiteliais/endoteliais ou tecido (forma colônias intracelularmente) sobrevivência intracelular. Estruturas bacterianas para fazer a aderência às células do hospedeiro: Fímbrias/PILI, que apresentam função de aderência a um receptor específico do hospedeiro. Tais estruturas são compostas por uma haste cilíndrica que, em sua porção distal, apresenta moléculas chamadas de adesinas, sendo essas as responsáveis por se ligar ao receptor celular, representando uma ligação extremamente forte e específica. Apresentam vários tipos de fímbrias, podendo citar a fímbria P ou PAP, que está presente na Eschericia coli uropatogênica, envolvida com lesão renal (pielonefrite). Cada adesina (PAP G ou fim H, por exemplo) determina onde será a infecção, ao se ligar a células que apresentam receptores para essa. A bactéria pode ter, também, mais de um tipo de adesina presente, justamente para aumentar sua chance de adesão e sobrevivência. Ao se ligar a um receptor, no entanto, essa inibe a produção da adesina que não está ligada e estimula maior produção da que está ligada. Etapas da aderência: o processo de adesão pode ser dividido em duas fases: a. Fase inespecífica: é a fase inicial, fraca, do processo. Leva em consideração as cargas elétricas da superfície bacteriana e da célula, que , se parecidas, pode dificultar o processo de aderência. Além disso, o próprio fluxo urinário pode dificultar essa aderência b. Fase Específica: é a fase em que se dá a ligação da fímbria com seu receptor celular, formando uma ligação forte, que não sai com facilidade. Fímbria é uma estrutura tão importante que a bactéria apresenta um cluster genético (conjunto de genes) para a biossíntese dessa e outro para a sua regulação, ‘’desligando ou ativando’’ o cluster biosintético. Fímbria é, primeiramente, produzida a partir da parte das adesinas, onde o resto da estrutura a segue. Nessa formação, há a proteção da molécula, como um todo, por ação de chaperoninas, impedindo sua degradação, no espaço periplasmático. Gram +: apresentam, na maioria dos casos, adesinas não fimbriais, sem a presença da haste, apenas adesinas ligadas à superfície bacteriana. São exemplos de bactérias desse tipo: C. perfringens, S.agalactiae, S.mutans, S.pneumonidae, S.aureus. Tais adesinas interagem com proteínas da matriz extracelular do hospedeiro, como fibronectina, vitronectina, fibrinogênio, laminina, colágeno. Apresentam ligação direta com tais proteínas/glicoproteínas, explorando, também, sua capacidade de se ligar a outras proteínas de matriz, isto é, exploram e aumentam o leque de possibilidades de proteínas de ligação, tendo em mente que as proteínas as quais ela se adere acabam, também, se ligando a outras proteínas, contribuindo para a sua disseminação, de forma sistêmica, em todo corpo. Há, portanto, capacidade de modulação da capacidade adesiva Gram -: apresentam, geralmente, adesinas fimbriais. Apresentam, também, uma classe particular de fímbrias, as PILI tipo IV, presente apenas em bactérias patogênicas (E.coli, Salmonella tiphy, Pseudomonas aeruginosa, Neisserias, Vibrio cholerae). Um exemplo seria a TCP (cólera), que possibilita ligações laterais entre bactérias, formando uma massa/biofilme, no intestino, sendo muito difícil de retirar e acaba se mantendo lá. Aderência é etapa prévia e indispensável na infecção. Se houver alguma interferência nesta, aborta-se o processo infeccioso. Logo, é possível imaginar formas de evitá-lo, como anticorpos contra adesina, que, no entanto, são difíceis de serem feitos, uma vez que existem vários tipos de adesinas, podendo estar expressas em mais de um tipo, na bactéria. Além disso, pode-se pensar, também, no bloqueio dos receptores para tais adesinas ou na sua mimetização por moléculas excretáveis, de forma que as adesinas se liguem a esses, sendo excretadas 1° Mecanismo de gerar doença/infecção Quorum-sensing: é um dos sistemas que regulam a expressão gênica da bactéria, levando em consideração a densidade bacteriana local. Em patógenos, determina a expressão de genes de virulência, como produtores de toxinas, pili, estruturas de superfície. Serve para mostrar para a bactéria como está o ambiente. Todo o processo ocorre por conta de uma molécula autoindutora, que é constantemente produzida/secretada pela bactéria, que, ao se ligar a um receptor, pode saturá-lo ou não. Caso não o sature, indica que há pouca bactéria, não havendo ação. No entanto, caso esse seja saturado, será um indicativo de uma população bacteriana grande, havendo ação na expressão gênica de forma a produzir compostos (fatores de virulência) e realizar funções. É possível interferir no processo de quorum-sensing para controlar e combater bactérias, através de moléculas que interferem na ligação da molécula autoindutora com o receptor, bem como através de moléculas que inibem a síntese da própria molécula autoindutora. Toxinas Bacterianas: 1. Exotoxinas: são proteínas ou peptídeos que são produzidos pela bactéria, reagindo com receptores específicos, na célula-alvo. Ex: Vibrio cholerae, no enterócito. Apresenta duas porções: a. A, porção responsável pela atividade catalítica/tóxica da molécula b. B, responsável pela ligação ao receptor da célula-alvo. Bloquear essa porção impede a ação da toxina, como um todo. Exotoxinas AB: responsáveis por várias ações, como inibição da síntese proteica da célula-alvo, matando-a (toxina SHIGA, E.coli enterohemorrágica e difteria), interferência na transdução de sinais (Bombas de Na+/K+, retendo H2O fora do enterócito, gerando diarreia), polimerização da actina e tráfego de vesículas endossômicas. Outras exotoxinas (citolisinas) atuam na membrana, formando um poro nessa. Não apresentam domínio catalítico 2. Endotoxinas: não são toxinas bacterianas verdadeiras, sequer são peptídeos. Exemplo mais clássico seria o LPS das bactérias gram - . Sua porção lipídica gera efeitos muito gerais no indivíduo, fruto do excesso de citocinas liberadas para combatê-la. Tais moléculas apenas são liberadas no ambiente quando a bactéria morre. Embora os efeitos sejam gerais, esses podem se desenvolver a serem sérios, havendo ativação do complemento, hipotensão, choque endotóxico, hemorragia nos capilares, ativação da cascata de coagulação, gerando coagulação intravascular disseminada. 2° mecanismo de gerar doença/infecção: invasão da superfície das células epiteliais, endoteliais ou tecidos. É bom entrar na célula devido a presença de nutrientes, bem como a proteção contra anticorpos. No entanto, acaba sendo ruim devido a menor presença de ferro e magnésio, além de ter se proteger, a toda hora, da ação dos lisossomos. Esse mecanismo só se dá por conta das invasinas, que são moléculas que mimetizam ligantes de integrinas e caderinas, como fibronectina. Tais moléculas são enganadas por essas invasinas, tracionando o citoesqueleto, ligado a elas, de forma a englobar a sua fonte (bactéria), interiorizando-a, de forma semelhante a um zíper (MECANISMO DE ZÍPER). A célula vai aderindo cada vez mais à bactéria, interiorizando-a MECANISMO DE TRIGGER: sem o uso de integrinas ou caderinas. A bactéria adere à superfície celular e injeta moléculas/proteínas efetoras, na célula, fazendo com que o citoesqueleto se ative de forma modulada e faça o englobamento da bactéria. Tais moléculas atuam sobre o citoesqueleto, desestabilizando-o. O bombeamento de moléculas se dá por conta do sistema de secreção do tipo III, que é estimulado através do contato com a célula-alvo. É considerado uma nanomáquina. Há um cluster¹ muito grande de genes, de bactérias GRAM -, responsáveis por codificar o injetissoma (agulha), chaperoninas, proteínas efetoras e proteínas reguladoras. É um relativamente rápido, demorando 100-600s para injetar o pool pré-formado de moléculas efetoras ¹ilhas de patogenicidade: são regiões do genoma de bactérias patogênicas que estão relacionadas com a virulência Estratégias bacterianas para assegurar a infecção intracelular: 1. Intralisossomal: bactérias escolhem sobreviver no ambiente do lisossomo, acídico + hidrolítico, tendo como exemplo a Coxiella 2. Intravacuolar: bactéria modula e remodela o vacúolo que usou para ganhar acesso à célula, de forma que os lisossomos não conseguem se fundir a eles (é bloqueada a maturação do fagossomo, sendo impedidos de descarregar enzimas). Ex: Mycobacterium e Salmonella 3. Citoplasmática: patógeno libera-se do vacúolo e cai diretamente no citoplasma, se multiplicando lá. Pode, também, passar para a célula vizinha, pela membrana, através de um deslocamento intracelular (transporte sem se expor ao ambiente extracelular, onde seria combatida). Esse processo se dá por conta do uso do citoesqueleto da célula a seu favor, uma vez que possui uma molécula que condensa actina em um dos polos, a polimerizando, para, depois, sofrer ação da miosina, que gerará contração e movimentação e impulsão da bactéria. Ex: Shigella, Listeria e Risquétsias. Antibióticos, mecanismos de ação e resistência bacteriana: Com o desenvolvimento dos antibióticos, a elevada toxicidade geral, inicial, tornou-se seletiva, focando apenas no patógeno, sendo menos lesiva ao hospedeiro. Isto é, deixou de ser um quimioterápico para se tornar um antibiótico, propriamente dito. 1928: Penicilium notatum produz a penicilina, que é capaz, ou era, de matar S.aureus (hoje, grande maioria resistente). Após isso, em 1940, a penicilina começou a ser comercializada, e, poucos anos depois, pacientes já apresentavam bactérias resistentes a essas. Tal resistência se dá por conta da enzima penicilinase, que bloqueia e degradada o antibiótico e sua ação. Siglas servem para sinalizar marcadores de resistência, que são bactérias que apresentam capacidade de resistência a um antibiótico específico, servindo para investigar e combater infecções hospitalares e em outros ambientes. Exemplos: GISA, GRSA, Pseudomonas aeruginosa MR, metalo beta-lactamase Antibiose: mecanismo pelo qual um ser vivo destrói um outro, para assegurar sua sobrevivência. Um exemplo disso são bactérias, como a Pseudomonas aeruginosa, que, por produzir piocinica e pioverdina, destrói bactérias GRAM +, inibindo staphylococcus, por exemplo. Antibióticos: substâncias produzidas por uma bactéria ou um fungo, que destroem outros microrganismos, sendo seletivos. Quimioterápicos: são substâncias anti-inflamatórias e anti-neoplásicas, sintetizadas em laboratório, que apresentam alta toxicidade para tanto agente causador como para o hospedeiro desse. É um mecanismo geral. Classificação dos antibióticos se dá pela sua composição química. A partir disso, cabe comentar que, por fazerem parte de um mesmo grupo químico, antibióticos de mesma classificação muito provavelmente têm mesmo mecanismo de ação. Além disso, pode haver a ocorrência de resistência cruzada, entre antibióticos de gerações diferentes, podendo o indivíduo se tornar resistente a todas as gerações desse fármaco a partir da resistência de uma delas, apenas. Tais antibióticos apresentam ação específica para cada ser vivo em que esse irá atuar, existindo antibióticos destinados a protozoários, bactérias gram +, gram -, gram + ou -, micobactérias... Bactericida x Bacteriostático: O primeiro é responsável por destruir a bactéria. O segundo, por sua vez, apenas inibe a replicação de sua célula, fazendo com que essa se mantenha constante, até que seja combatida ou morra normalmente, eventualmente diminuindo gradativamente. O Segundo, também, apresenta efeito reversível após a retirada de drogas. Toda essa classificação é algo relativo, uma vez que depende de uma série de fatores, como o próprio indivíduo, a concentração de antibiótico no sítio- alvo e sensibilidade da bactéria ao fármaco, para determinar qual dos dois aspectos estariam sendo retratados. Mecanismos de Ação de Antibióticos: 1. Inibição da formação e estabilização da parede celular Antes de tudo, cabe explicar que a parede celular é formada no citoplasma bacteriano, a partir de precursores (n-acetil urâmico e n-acetil glucosamina), que são transportados, por fosfolipídeos de membrana, até a porção externa. A partir disso, tais ácidos começam a se polimerizar, ocorrendo, também, transpeptidação para engrossar e dar estabilidade à parede celular a. Fosfomicina: inibe a síntese de precursores, atuando em células vivas, ou não. b. Bacitracina: bloqueia o transporte de precursores para o lado externo (atua nos fosfolipídeos de membrana) c. Glicopeptídeos (Vancomicina): inibe a polimerização dos ácidos precursores, no lado externo. d. BETA-LACTÂMICOS (Cefalosporinas e Penicilina): inibe a transpeptidação, fazendo com que a parede celular não engrosse. Apresentam, como sítio de ligação, a parede celular. Com isso, são menos tóxicas ao ser humano, uma vez que não possuímos parede celular. Com essas alterações citadas acima, a célula, caso apresente, exibe uma parede celular altamente frágil, que, ao se dividir, faz com que a célula sofra lise. 2. Alteração da Permeabilidade da Membrana: Polimixina, podendo atuar, inclusive, em nossas membranas celulares (maior toxicidade). Liga-se e forma um fluxo anormal de íons na célula. É melhor usada em bactérias GRAM -, uma vez que apresentam membrana externa e parede celular muito fina, o que facilita a passagem e penetração do antibiótico até a membrana, de fato bacteriana. Já as GRAM + apresentam parede celular muito grossa. 3. Alteração da Síntese Proteica: alguns antibióticos impedem a formação da proteína, enquanto que, outros induzem a formação de proteínas anormais. Os aminoglicerídeos são responsáveis pela formação de proteínas aberrantes, uma vez que esse age no RNAm dobrando e ‘’retirando’’ um nucleotídeo da fita, forçando, quando estiver ocorrendo a tradução, que tal nucleotídeo seja pulado e uma nova trinca seja feita, possivelmente formando aminoácidos diferentes e proteínas diferentes. Já o clorafenicol, macrolídeos (inibe acoplamento secundário da RNAt) e tetraciclina (inibindo o acoplamento do RNAt) são responsáveis por inibir a síntese proteica 4. Interferência na replicação de ácidos nucléicos: Rifampicina, inibe RNA polimerase. Outros tipos também inibem DNA-GIRASE e o próprio sistema de reparo (QUINOLONAS), podendo gerar resistência 5. Atividade Antimetabólica: trimetropin, sulfametoxazol, inibem a formação do ácido folínico, necessário para a formação de proteínas. É uma via metabólica não presente no ser humano Mecanismo de resistência bacteriana a antibióticos: Resistência: microrganismos é capaz de crescer mesmo com determinada concentração inibitória da droga. Depende, também, do tecido. Sensibilidade: capacidade de ser morta pelo antibiótico Mecanismo Bioquímico de Resistência: 1. Inativação enzimática da enzima: é uma forma específica, servindo, tipicamente, para cada enzima, em individual, como a penicilinase. É mais vantajosa para GRAM – pois é possível retê-la em seu espaço periplasmático (entre membranas) 2. Alteração da permeabilidade da droga: porinas têm sua expressão diminuída, bem como sua estrutura alterada 3. Retirada ativa da droga do meio intracelular: bomba de efluxo, bombeando antibióticos para fora, assim que entra. Favorece o aparecimento de bactérias multirresistentes, inespecíficas, que expulsam tudo. 4. Alteração do receptor da droga: alteração na estrutura física (receptor-alvo) para o antibiótico. Apresenta ausência ou alteração nesse 5. Alteração da via metabólica: produz um desvio na via metabólica, produzindo compostos que, antes, estavam inibidos, de forma alternativa. Mecanismos de aquisição de resistência: se dá por conta de mutações, que podem ser perigosas em ambientes hospitalares, devido a alta pressão seletiva e grande quantidade de espécies. Tais mutações só conseguem se espalhar devido aos mecanismos de compartilhamento genético bacteriano, que são: a. Transformação: é a soma, de um DNA disperso, exógeno, de uma bactéria que sofreu lise, ao material genético de outra bactéria, após o englobamento desse por uma bactéria de espécie diferente. b. Transdução: é a adição de novas partes de material genético bacteriano ao genoma bacteriano mediado pela presença de um vírus bacteriófago, que, após ter seu DNA integrado ao genoma bacteriano e lisar a célula, ao retirá-lo, para se recompor, acaba levando parte do DNA bacteriano da célula morta c. Conjugação: uso de pili, em que há duplicação e abertura do plasmídeo, enviando-o para outra bactéria.