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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO AO CURSO. 4
1.1 Importância do estudo dos solos 4
1.2 A mecânica dos solos, a geotecnia e disciplinas relacionadas. 4
1.3 Aplicações de campo da mecânica dos solos. 5
1.4 Desenvolvimento do curso. 5
5. LIMITES DE CONSISTÊNCIA. 29
5.1 Noções básicas 29
5.2 Estados de consistência. 29
5.3 Determinação dos limites de consistência. 30
5.4 Índices de consistência 32
5.5 Alguns conceitos importantes. 33
7. ÍNDICES FÍSICOS. 46
7.1 Introdução. 46
7.2 Relações entre volumes. 46
7.3 Relação entre pesos e volumes - pesos específicos ou entre massas e volumes - massa
específica. 47
7.4 Diagrama de fases. 48
7.5 Utilização do diagrama de fases para a determinação das relações entre os diversos
índices físicos. 49
7.6 Densidade relativa 49
7.7 Ensaios necessários para determinação dos índices físicos. 50
7.8 Valores típicos. 51
2
9. COMPACTAÇÃO. 73
9.1 Introdução 73
9.2 O emprego da compactação 73
9.3 Diferenças entre compactação e adensamento. 73
9.4 Ensaio de compactação 74
9.5 Curva de compactação. 74
9.6 Energia de compactação. 76
9.7 Influência da compactação na estrutura dos solos. 77
9.8 Influência do tipo de solo na curva de compactação 77
9.9 Escolha do valor de umidade para compactação em campo 78
9.10 Equipamentos de campo 79
9.11 Controle da compactação. 81
9.12 Índice de suporte Califórnia (CBR). 83
1. INTRODUÇÃO AO CURSO
"!
Por ser o solo um material natural, cujo processo de formação não depende de forma
direta da intervenção humana, o seu estudo e o entendimento de seu comportamento depende
de uma série de conceitos desenvolvidos em ramos afins de conhecimento. A mecânica dos
solos é o estudo do comportamento de engenharia do solo quando este é usado ou como
material de construção ou como material de fundação. Ela é uma disciplina relativamente
jovem da engenharia civil, somente sistematizada e aceita como ciência em 1925, após
trabalho publicado por Terzaghi (Terzaghi, 1925), que é conhecido, com todos os méritos,
como o pai da mecânica dos solos.
geotecnia ambiental, que trata de problemas como transporte de contaminantes pelo solo,
avaliação de locais impactados, proposição de medidas de remediação para áreas impactadas,
projetos de sistemas de proteção em aterros sanitários, etc.
!
"
Este curso de mecânica dos solos pode ter sua parte teórica dividida em duas partes:
uma parte envolvendo os tópicos origem e formação dos solos, textura e estrutura dos solos,
análise granulométrica, estudo das fases ar-água-partículas sólidas, limites de consistência,
índices físicos e classificação dos solos, onde uma primeira aproximação é feita com o tema
solos e uma segunda parte, envolvendo os tópicos tensões geostáticas e induzidas,
compactação, permeabilidade dos solos, compressibilidade dos solos, resistência ao
cisalhamento, estabilidade de taludes e empuxos de terra e estruturas de contenção, onde um
tratamento mais fundamentado na ótica da engenharia civil é dado aos solos.
6
!
Quando mencionamos a palavra solo já nos vem a mente uma idéia intuitiva do que se
trata. No linguajar popular a palavra solo está intimamente relacionada com a palavra terra, a
qual poderia ser definida como material solto, natural da crosta terrestre onde habitamos,
utilizado como material de construção e de fundação das obras do homem. Uma definição
precisa e teoricamente sustentada do significado da palavra solo é contudo bastante difícil, de
modo que o termo solo adquire diferentes conotações a depender do ramo do conhecimento
humano que o emprega. Para a agronomia, o termo solo significa o material relativamente
fofo da crosta terrestre, consistindo de rochas decompostas e matéria orgânica, o qual é capaz
de sustentar a vida. Desta forma, os horizontes de solo para agricultura possuem em geral
pequena espessura. Para a geologia, o termo solo significa o material inorgânico não
consolidado proveniente da decomposição das rochas, o qual não foi transportado do seu local
de formação. Na engenharia, é conveniente definir como rocha aquilo que é impossível
escavar manualmente, que necessite de explosivo para seu desmonte. Chamamos de solo, em
engenharia, a rocha já decomposta ao ponto granular e passível de ser escavada apenas com o
auxílio de pás e picaretas ou escavadeiras.
A crosta terrestre é composta de vários tipos de elementos que se interligam e formam
minerais. Esses minerais poderão estar agregados como rochas ou solo. Todo solo tem origem
na desintegração e decomposição das rochas pela ação de agentes intempéricos ou antrópicos.
As partículas resultantes deste processo de intemperismo irão depender fundamentalmente da
composição da rocha matriz e do clima da região. Por ser o produto da decomposição das
rochas, o solo invariavelmente apresenta um maior índice de vazios do que a rocha mãe,
vazios estes ocupados por ar, água ou outro fluido de natureza diversa. Devido ao seu
pequeno índice de vazios e as fortes ligações existentes entre os minerais, as rochas são
coesas, enquanto que os solos são granulares. Os grãos de solo podem ainda estar
impregnados de matéria orgânica. Desta forma, podemos dizer que para a engenharia, solo é
um material granular composto de rocha decomposta, água, ar (ou outro fluido) e
eventualmente matéria orgânica, que pode ser escavado sem o auxílio de explosivos.
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constante de dilatação térmica diferente, o que faz a rocha deformar de maneira desigual em
seu interior, provocando o aparecimento de tensões internas que tendem a fraturá-la. Mesmo
rochas com uma uniformidade de componentes não têm uma arrumação que permita uma
expansão uniforme, pois grãos compridos deformam mais na direção de sua maior dimensão,
tendendo a gerar tensões internas e auxiliar no seu processo de desagregação.
Repuxo coloidal - O repuxo coloidal é caracterizado pela retração da argila devido à
sua diminuição de umidade, o que em contato com a rocha pode gerar tensões capazes de
fraturá-la.
Ciclos gelo/degelo- As fraturas existentes nas rochas podem se encontrar parcialmente
ou totalmente preenchidas com água. Esta água, em função das condições locais, pode vir a
congelar, expandindo-se e exercendo esforços no sentido de abrir ainda mais as fraturas
preexistentes na rocha, auxiliando no processo de intemperismo (a água aumenta em cerca de
8% o seu volume devido à nova arrumação das suas moléculas durante a cristalização). Vale
ressaltar também que a água transporta substâncias ativas quimicamente, incluindo sais que
ao reagirem com ácidos provocam cristalização com aumento de volume.
Alívio de pressões - Alívio de pressões irá ocorrer em um maciço rochoso sempre que
da retirada de material sobre ou ao lado do maciço, provocando a sua expansão, o que por sua
vez, irá contribuir no fraturamento, estricções e formação de juntas na rocha. Estes processos,
isolados ou combinados (caso mais comum) "fraturam" as rochas continuamente, o que
permite a entrada de agentes químicos e biológicos, cujos efeitos aumentam a fraturação e
tende a reduzir a rocha a blocos cada vez menores.
Como vimos, todo solo provém de uma rocha pré-existente, mas dada a riqueza da sua
formação não é de se esperar do solo uma estagnação a partir de um certo ponto. Como em
tudo na natureza, o solo continua suas transformações, podendo inclusive voltar a ser rocha.
De forma simplificada, definiremos a seguir um esquema de transformações que vai do
magma ao solo sedimentar e volta ao magma (fig. 2.1).
No interior do Globo Terrestre, graças às elevadas pressões e temperaturas, os
elementos químicos que compõe as rochas se encontram em estado líquido, formando o
magma (fig. 2.1 -6).
A camada sólida da Terra pode romper-se em pontos localizados e deixar escapar o
magma. Desta forma, haverá um resfriamento brusco do magma (fig. 2.1 linha 6-1), que se
transformará em rochas ígneas, nas quais não haverá tempo suficiente para o desenvolvimento
de estruturas cristalinas mais estáveis. O processo indicado pela linha 6-1 é denominado de
extrusão vulcânica ou derrame e é responsável pela formação da rocha ígnea denominada de
basalto. A depender do tempo de resfriamento, o basalto pode mesmo vir a apresentar uma
estrutura vítrea.
Quando o magma não chega à superfície terrestre, mas ascende a pontos mais
próximos à superfície, com menor temperatura e pressão, ocorre um resfriamento mais lento
(fig. 2.1 linha 6-7), o que permite a formação de estruturas cristalinas mais estáveis, e,
portanto, de rochas mais resistentes, denominadas de intrusivas ou plutônicas (diabásio, gabro
e granito).
9
Há diferentes maneiras de se classificar os solos, como pela origem, pela sua evolução,
pela presença ou não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo preenchimento dos vazios, etc.
Neste item apresentar-se-á uma classificação genética para os solos, ou seja, iremos classificá-
los conforme o seu processo geológico de formação.
Na classificação genética, os solos são divididos em dois grandes grupos, sedimentares
e residuais, a depender da existência ou não de um agente de transporte na sua formação,
respectivamente. Os principais agentes de transporte atuando na formação dos solos
sedimentares são a água, o vento e a gravidade. Estes agentes de transporte influenciam
fortemente nas propriedades dos solos sedimentares, a depender do seu grau de seletividade.
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São solos que permanecem no local de decomposição da rocha. Para que eles ocorram
é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do que a velocidade de
remoção do solo por agentes externos.
A velocidade de decomposição depende de vários fatores, entre os quais a
temperatura, o regime de chuvas e a vegetação. As condições existentes nas regiões tropicais
são favoráveis a degradações mais rápidas da rocha, razão pela qual há uma predominância de
solos residuais nestas regiões (centro sul do Brasil, por exemplo).
Como a ação das intempéries se dá, em geral, de cima para baixo, as camadas
superiores são, via de regra, mais trabalhadas que as inferiores. Este fato nos permite
visualizar todo o processo evolutivo do solo, de modo que passamos de uma condição de
rocha sã, para profundidades maiores, até uma condição de solo residual maduro, em
superfície. A fig. 2.2 ilustra um perfil típico de solo residual.
11
Solo maduro
Solo jovem
Deformabilidade
Resistência
Saprolito
Rocha alterada
Rocha sã
depositado no local. Merece uma atenção especial o solo formado pela decomposição da
rocha sedimentar denominada de folhelho, muito comum no Recôncavo Baiano. Esta rocha,
quando decomposta, produz uma argila conhecida popularmente como "massapê", que tem
como mineral constituinte a montimorilonita, apresentando grande potencial de expansão na
presença de água. As constantes mudanças de umidade a que o solo está submetido provocam
variações de volume que geram sérios problemas nas construções (aterros ou edificações)
assentes sobre estes solos. A fig. 2.4 apresenta fotos que ilustram alguns dos aspectos de um
Folhelho/Massapê comumente encontrado em Pojuca, Região Metropolitana de Salvador. Na
fig. 2.4(a) pode-se notar o aspecto extremamente fraturado do folhelho alterado enquanto na
fig. 2.4(b) nota-se a existência de uma grande quantidade de trincas de tração originadas pela
secagem do solo ao ser exposto à atmosfera.
(a) (b)
Figura 2.4- Características do Folhelho/Massapê, encontrado em Pojuca-BA. (a) -
Folhelho alterado e (b) - Retração típica do solo ao sofrer secagem.
Os solos sedimentares ou transportados são aqueles que foram levados ao seu local
atual por algum agente de transporte e lá depositados. As características dos solos
sedimentares são função do agente de transporte.
Cada agente de transporte seleciona os grãos que transporta com maior ou menor
facilidade, além disto, durante o transporte, as partículas de solo se desgastam e/ou quebram.
Resulta daí um tipo diferente de solo para cada tipo de transporte. Esta influência é tão
marcante que a denominação dos solos sedimentares é feita em função do agente de transporte
predominante.
Pode-se listar os agentes de transporte, por ordem decrescente de seletividade, da
seguinte forma:
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Os agentes naturais citados acima não devem ser encarados apenas como agentes de
transporte, pois eles têm uma participação ativa no intemperismo e portanto na formação do
próprio solo, o que ocorre naturalmente antes do seu transporte.
O transporte pelo vento dá origem aos depósitos eólicos de solo. Em virtude do atrito
constante entre as partículas, os grãos de solo transportados pelo vento geralmente possuem
forma arredondada. A capacidade do vento de transportar e erodir é muito maior do que possa
parecer à primeira vista. Vários são os exemplos de construções e até cidades soterradas
parcial ou totalmente pelo vento, como foram os casos de Itaúnas - ES e Tutóia - MA; os
grãos mais finos do deserto do Saara atingem em grande escala a Inglaterra, percorrendo uma
distância de mais de 3000km!. Como a capacidade de transporte do vento depende de sua
velocidade, o solo é geralmente depositado em zonas de calmaria.
O transporte eólico é o mais seletivo tipo de transporte das partículas do solo. Se por
um lado grãos maiores e mais pesados não podem ser transportados, os solos finos, como as
argilas, têm seus grãos unidos pela coesão, formando torrões dificilmente levados pelo vento.
Esse efeito também ocorre em areias e siltes saturados (falsa coesão) o que faz da linha de
lençol freático (definida por um valor de pressão da água intersticial igual a atmosférica) um
limite para a atuação dos ventos.
Pode-se dizer portanto que a ação do transporte do vento se restringe ao caso das
areias finas ou silte. Por conta destas características, os solos eólicos possuem grãos de
aproximadamente mesmo diâmetro, apresentando uma curva granulométrica denominada de
uniforme. São exemplos de solos eólicos:
Vento
Mar
A deposição continuada de solo neste local acaba por gerar mais deposição de solo, já
que o obstáculo ao caminho do vento se torna cada vez maior. Durante o período de
existência da duna, partículas de areia são levadas até o seu topo, rolando então para o outro
lado. Este movimento faz com que as dunas se desloquem a uma velocidade de poucos metros
por ano, o que para os padrões geológico é muito rápido.
Formado por deposições sobre vegetais que ao se decomporem deixam seu molde no
maciço, o Loess é um solo bastante problemático para a engenharia, pois a despeito de uma
capacidade de formar paredões de altura fora do comum e inicialmente suportar grandes
esforços mecânicos, podem se romper completa e abruptamente devido ao umedecimento.
O Loess, comum na Europa oriental, geralmente contêm grandes quantidades de cal,
responsável por sua grande resistência inicial. Quando umedecido, contudo, o cimento
calcáreo existente no solo pode ser dissolvido e solo entra em colapso.
!
São solos resultantes do transporte pela água e sua textura depende da velocidade da
água no momento da deposição, sendo freqüente a ocorrência de camadas de granulometrias
distintas, devidas às diversas épocas de deposição.
O transporte pela água é bastante semelhante ao transporte realizado pelo vento,
porém algumas características importantes os distinguem:
a) Viscosidade - por ser mais viscosa a água tem uma capacidade de transporte maior,
transportando grãos de tamanhos diversos.
b) Velocidade e Direção - ao contrário do vento que em um minuto pode soprar com
forças e direções bastante diferenciadas, a água têm seu roteiro mais estável; suas
variações de velocidade tem em geral um ciclo anual e as mudanças de direção
estão condicionadas ao próprio processo de desmonte e desgaste do relevo.
c) Dimensão das Partículas - os solos aluvionares fluviais são, via de regra, mais
grossos que os eólicos, pois as partículas mais finas mantêm-se sempre em
suspensão e só se sedimentam quando existe um processo químico que as flocule
(isto é o que acontece no mar ou em alguns lagos).
d) Eliminação da Coesão - vimos que o vento não pode transportar os solos argilosos
devido a coesão entre os seus grãos. A presença de água em abundância diminui
este efeito; com isso somam-se as argilas ao universo de partículas transportadas
pela água.
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A água das chuvas pode ser retida em vegetais ou construções, podendo se evaporar a
partir daí. Ela pode se infiltrar no solo ou escoar sobre este e, neste caso, a vegetação rasteira
funciona como elemento de fixação da parte superficial do solo ou como um tapete
impermeabilizador (para as gramíneas), sendo um importante elemento de proteção contra a
erosão.
A água que se infiltra pode carrear grãos finos através dos poros existentes nos solos
grossos, mas este transporte é raro e pouco volumoso, portanto de pouca relevância em
relação à erosão superficial. De muito maior importância é o solo que as águas das chuvas
levam ao escoar de pontos mais elevados no relevo aos vales. Os vales contém rios ou riachos
que serão alimentados não só da água que escoa das escarpas, como também de matéria
sólida.
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Os rios durante sua existência têm várias fases. Em áreas de formação geológicas mais
recentes, menos desgastadas, existem irregularidades topográficas muito grandes e por isso os
rios têm uma inclinação maior e conseqüentemente uma maior velocidade. Existem vários
fatores determinantes da capacidade de erosão e transporte dos rios, sendo a velocidade a
mais importante. Assim, os rios mais jovens transportam mais matéria sólida do que os rios
mais velhos.
Sabe-se que os rios não possuem a mesma idade em toda a sua extensão; quanto mais
distantes da nascente, menor a inclinação e a velocidade. As partículas de determinado
tamanho passam a ter peso suficiente para se decantar e permanecer naquele ponto, outras
menores só serão depositadas com velocidade também menor. O transporte fluvial pode ser
descrito sumariamente da seguinte forma:
a) Os rios desgastam o relevo em sua parte mais elevada e levam os solos para sua
parte mais baixa, existindo com o tempo uma tendência a planificação do leito. Rios mais
velhos têm portanto menor velocidade e transportam menos.
b) Cada tamanho de grão será depositado em um determinado ponto do rio,
correspondente a uma determinada velocidade, o que leva os solos fluviais a terem uma certa
uniformidade granulométrica. Solos muito finos, como as argilas, permanecerão em
suspensão até decantar em mares ou lagos com água em repouso.
As ondas atingem as praias com um pequeno ângulo em relação ao continente. Isso faz
com que a areia, além do movimento de vai e vem das ondas, desloquem-se também ao longo
da praia. Obras que impeçam esse fluxo tendem a ser pontos de deposição de areia, o que
pode acarretar sérios problemas.
!"
São solos formados pela ação da gravidade. Os solos coluvionares são dentre os solos
transportados os mais heterogêneos granulometricamente, pois a gravidade transporta
indiscriminadamente desde grandes blocos de rocha até as partículas mais finas de argila.
Entre os solos coluvionares estão os escorregamentos das escarpas da Serra do Mar
formando os Tálus nos pés do talude, massas de materiais muito diversas e sujeitas a
movimentações de rastejo. Têm sido também classificados como coluviões os solos
superficiais do Planalto Brasileiro depositados sobre solos residuais.
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- Os tálus são solos coluvionares formados pelo deslizamento de solo do topo
das encostas. No sul da Bahia existem solos formados pela deposição de colúvios em áreas
mais baixas, os quais se apresentam geralmente com altos teores de umidade e são propícios à
lavoura cacaueira. Encontram-se solos coluvionares (tálus) também na Cidade Baixa, em
Salvador, ao pé da encosta paralela à falha geológica que atravessa a Baia de Todos os Santos.
De extrema beleza são os tálus encontrados na Chapada Diamantina, Bahia. A fig. 2.6 lustra
formações típicas da região. A parte mais inclinada dos morros corresponde à formação
original, enquanto que a parte menos inclinada é composta basicamente de solo coluvionar
(tálus).
.
Entende-se por textura o tamanho relativo e a distribuição das partículas sólidas que
formam os solos. O estudo da textura dos solos é realizado por intermédio do ensaio de
granulometria, do qual falaremos adiante. Pela sua textura os solos podem ser classificados
em dois grandes grupos: solos grossos (areia, pedregulho, matacão) e solos finos (silte e
argila). Esta divisão é fundamental no entendimento do comportamento dos solos, pois a
depender do tamanho predominante das suas partículas, as forças de campo influenciando em
seu comportamento serão gravitacionais (solos grossos) ou elétricas (solos finos). De uma
forma geral, pode-se dizer que quanto maior for a relação área/volume ou área/massa das
partículas sólidas, maior será a predominância das forças elétricas ou de superfície. Estas
relações são inversamente proporcionais ao tamanho das partículas, de modo que os solos
finos apresentam uma predominância das forças de superfície na influência do seu
comportamento. Conforme relatado anteriormente, o tipo de intemperismo influencia na
textura e estrutura do solo. Pode-se dizer que partículas com dimensões até cerca de 0,001mm
são obtidas através do intemperismo físico, já as partículas menores que 0,001mm provém do
intemperismo químico.
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Nos solos grossos, por ser predominante a atuação de forças gravitacionais, resultando
em arranjos estruturais bastante simplificados, o comportamento mecânico e hidráulico está
principalmente condicionado a sua compacidade, que é uma medida de quão próximas estão
as partículas sólidas umas das outras, resultando em arranjos com maiores ou menores
quantidades de vazios. Os solos grossos possuem uma maior percentagem de partículas
visíveis a olho nu (φ ≥ 0,074 mm) e suas partículas têm formas arredondadas, poliédricas e
angulosas.
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São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores que
2,0mm (DNER, MIT) ou 2,0mm (ABNT). Os pedregulhos são encontrados em geral nas
margens dos rios, em depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios ou até
mesmo em uma massa de solo residual (horizontes correspondentes ao solo residual jovem e
ao saprolito).
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As areias se distinguem pelo formato dos grãos que pode ser angular, subangular e
arredondado, sendo este último uma característica das areias transportadas por rios ou pelo
vento. A forma dos grãos das areias está relacionada com a quantidade de transporte sofrido
pelos mesmos até o local de deposição. O transporte das partículas dos solos tende a
arredondar as suas arestas, de modo que quanto maior a distância de transporte, mais esféricas
serão as partículas resultantes. Classificamos como areia as partículas com dimensões entre
2,0mm e 0,074mm (DNER), 2,0mm e 0,05mm (MIT) ou ainda 2,0mm e 0,06mm (ABNT).
O formato dos grãos de areia tem muita importância no seu comportamento mecânico,
pois determina como eles se encaixam e se entrosam, e, em contrapartida, como eles deslizam
entre si quando solicitados por forças externas. Por outro lado, como estas forças se
transmitem dentro do solo pelos pequenos contatos existentes entre as partículas, as de
18
formato mais angulares, por possuírem em geral uma menor área de contato, são mais
susceptíveis a se quebrarem.
Areia
Pedra de
Argila Silte Fina Média Grossa Pedregulho mão
mm
0,002 0,06 0,20 0,60 2,0 60,0
Muitas vezes em campo temos a necessidade de uma identificação prévia do solo, sem
que o uso do aparato de laboratório esteja disponível. Esta classificação primária é
extremamente importante na definição (ou escolha) de ensaios de laboratório mais elaborados
e pode ser obtida a partir de alguns testes feitos rapidamente em uma amostra de solo. No
processo de identificação tátil visual de um solo utilizam-se freqüentemente os seguintes
procedimentos (vide NBR 7250):
Tato: Esfrega-se uma porção do solo na mão. As areias são ásperas; as argilas
parecem com um pó quando secas e com sabão quando úmidas.
19
Após realizados estes testes, classifica-se o solo de modo apropriado, de acordo com
os resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Os solos orgânicos são identificados
em separado, em função de sua cor e odor característicos.
Peneiramento: utilizado para a fração grossa do solo (grãos com até 0,074mm de
diâmetro equivalente), realiza-se pela passagem do solo por peneiras padronizadas e pesagem
das quantidades retidas em cada uma delas. Retira-se 50 a 100g da quantidade que passa na
peneira de #200 e prepara-se o material para a sedimentação.
γ S −γ W
V= ⋅ D 2 onde,
18 µ
γ S → peso específico médio das partículas do solo
γ W → peso específico do fluido (3.1)
µ → viscosidade do fluído
D → diâmetro das partículas
As partículas de solo não são esféricas (muito menos as partículas dos argilo-minerais
que têm forma placóide).
A coluna líquida possui tamanho definido.
O movimento de uma partícula interfere no movimento de outra.
As paredes do recipiente influenciam no movimento de queda das partículas.
O peso específico das partículas do solo é um valor médio.
O processo de leitura (inserção e retirada do densímetro) influencia no processo de
queda das partículas.
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# '"()#
*$& +,
D10 - Diâmetro efetivo - Diâmetro eqüivalente da partícula para o qual temos 10% das
partículas passando (10% das partículas são mais finas que o diâmetro efetivo).
D30 e D60 - O mesmo que o diâmetro efetivo, para as percentagens de 30 e 60%,
respectivamente.
100
90
Porcentagem que passa (%)
80
Solo bem graduado (a)
70 (granulação contínua)
60
50
40 (a) Contínua
(b) Aberta Granulação uniforme (c)
30
(c) Uniforme (mal graduado)
20
10
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Granulação aberta (b)
Abertura da peneira (mm) (mal graduado)
Figura 3.2 - Representação de diferentes curvas granulométricas.
Coeficiente de uniformidade:
D60
Cu =
D10 (3.2)
Coeficiente de curvatura:
2
D30
Cc =
D60 x D10 (3.3)
"!#$%
A NBR- 6502 apresenta algumas regras práticas para designar os solos de acordo com
a sua curva granulométrica. A tabela 3.2 ilustra o resultado de ensaios de granulometria
realizados em três solos distintos. As regras apresentadas pela NBR-6502 serão então
empregadas para classificá-los, em caráter ilustrativo.
Argila ------ 44 21 00
Silte ------ 31 23 03
Areia ------ 17 39 42
Pedregulho ------ 08 17 53
Pedra ------ 00 00 02
Considerar a areia com partículas entre 0,074mm e 2,0mm.
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Quando da ocorrência de mais de 10% de areia, silte ou argila adjetiva-se o solo com as
frações obtidas, vindo em primeiro lugar as frações com maiores percentagens.
Em caso de empate, adota-se a seguinte hierarquia: 1°) Argila; 2°) Areia e e 3°) Silte
Para o caso de pedregulho com frações superiores a 10% adjetiva-se o solo do seguinte modo:
10 a 29% → com pedregulho
> 30% → com muito pedregulho
Areia compacta
Estrutura dispersa
Areia fofa
+
+
Placas individuais,
Estrutura floculada
Quando duas partículas de argila estão muito próximas, entre elas ocorrem forças de
atração e de repulsão. As forças de repulsão são devidas às cargas líquidas negativas que elas
possuem e que ocorrem desde que as camadas duplas estejam em contato. As forças de
atração decorrem de forças de Van der Waals e de ligações secundárias que atraem materiais
adjacentes. Da combinação das forças de atração e de repulsão entre as partículas resulta a
estrutura dos solos, que se refere à disposição das partículas na massa de solo e as forças entre
elas. Lambe (1969) identificou dois tipos básicos de estrutura do solo, denominando-os de
estrutura floculada, quando os contatos se fazem entre faces e arestas das partículas sólidas,
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Os solos são formados a partir da desagregação de rochas por ações físicas e químicas
do intemperismo. As propriedades química e mineralógica das partículas dos solos assim
formados irão depender fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da
região. Estas propriedades, por sua vez, irão influenciar de forma marcante o comportamento
mecânico do solo.
Os minerais são partículas sólidas inorgânicas que constituem as rochas e os solos, e
que possuem forma geométrica, composição química e estrutura própria e definidas. Eles
podem ser divididos em dois grandes grupos, a saber:
Os solos finos possuem uma estrutura mais complexa e alguns fatores, como forças de
superfície, concentração de íons, ambiente de sedimentação, etc., podem intervir no seu
comportamento. As argilas possuem uma complexa constituição química e mineralógica,
sendo formadas por sílica no estado coloidal (SiO2) e sesquióxidos metálicos (R2O3), onde
R = Al; Fe, etc.
Os feldspatos são os minerais mais atacados pela natureza, dando origem aos argilo-
minerais, que constituem a fração mais fina dos solos, geralmente com diâmetro inferior a
2µm. Não só o reduzido tamanho, mas, principalmente, a constituição mineralógica faz com
que estas partículas tenham um comportamento extremamente diferenciado em relação ao dos
grãos de silte e areia.
O estudo da estrutura dos argilo-minerais pode ser facilitado "construindo-se" o argilo-
mineral a partir de unidades estruturais básicas. Este enfoque é puramente didático e não
representa necessariamente o método pelo qual o argilo-mineral é realmente formado na
natureza. Assim, as estruturas apresentadas neste capítulo são apenas idealizações. Um cristal
26
Al
Si Si
Al o o
o
Si
Al
Si
Si Al
Al
Si Si
Si
K Al
Si
Al
Si
Al Si
Si Si
Al
Al
Si
Si
Si Al Si
Al Si
Como a união entre as camadas adjacentes dos argilo-minerais do tipo 1:1 (grupo da
caulinita) é bem mais forte do que aquela encontrada para os outros grupos, é de se esperar
que estes argilo-minerais resultem por alcançar tamanhos maiores do que aqueles alcançados
pelos argilo-minerais do grupo 2:1, o que ocorre na realidade: Enquanto um mineral típico de
27
caulinita possui dimensões em torno de 500 (espessura) x 1000 x 1000 (nm), um mineral de
montmorilonita possui dimensões em torno de 3x 500 x 500 (nm).
A presença de um determinado tipo de argilo-mineral no solo pode ser identificada
utilizando-se diferentes métodos, dentre eles a análise térmica diferencial, o raio x , a
microscopia eletrônica de varredura, etc.
O solo é constituído de uma fase fluida (água e/ ou ar) e se uma fase sólida. A fase
fluida ocupa os vazios deixados pelas partículas sólidas.
Fase fluida composta em sua maior parte pela água, podendo conter solutos e outros
fluidos imiscíveis. Pode-se dizer que a água se apresenta de diferentes formas no solo, sendo
contudo extremamente difícil se isolar os estados em que a água se apresenta em seu interior.
A seguir são expressados os termos mais comumente utilizados para descrever os estados da
água no solo.
! "#$% &'(
Preenche os vazios dos solos. Pode estar em equilíbrio hidrostático ou fluir sob a ação
da gravidade ou de outros gradientes de energia.
"#$)*+ '
É a água que se encontra presa às partículas do solo por meio de forças capilares. Esta
se eleva pelos interstícios capilares formados pelas partículas sólidas, devido a ação das
tensões superficiais nos contatos ar-água-sólidos, oriundas a partir da superfície livre da água.
",#$
-,$'.& 0/1
&243
É uma película de água que adere às partículas dos solos finos devido a ação de forças
elétricas desbalanceadas na superfície dos argilo-minerais. Está submetida a grande pressões,
comportando-se como sólido na vizinhança da partícula de solo.
"#$
5)6278 79 :2;$
É a água presente na própria composição química das partículas sólidas. Não é retirada
utilizando-se os processos de secagem tradicionais. Ex: Montmorilonita (OH)4 Si2 Al4 O20 nH2
O
<"#$= #>'9?2+ ?2
Quando tratamos com solos grossos (areias e pedregulhos com pequena quantidade ou
sem a presença de finos), o efeito da umidade nestes solos é freqüentemente negligenciado, na
medida em que a quantidade de água presente nos mesmos tem um efeito secundário em seu
comportamento. Pode se dizer, conforme aliás será visto no capítulo de classificação dos
solos, que podemos classificar os solos grossos utilizando-se somente a sua curva
granulométrica, o seu grau de compacidade e a forma de suas partículas. Por outro lado, o
comportamento dos solos finos ou coesivos irá depender de sua composição mineralógica, da
sua umidade, de sua estrutura e do seu grau de saturação. Em particular, a umidade dos solos
finos tem sido considerada como uma importante indicação do seu comportamento desde o
início da mecânica dos solos.
Um solo argiloso pode se apresentar em um estado líquido, plástico, semi-sólido ou
sólido, a depender de sua umidade. A este estado físico do solo dá-se o nome de consistência.
Os limites inferiores e superiores de valor de umidade para cada estado do solo são
denominados de limites de consistência.
No estado plástico, o solo apresenta uma propriedade denominada de plasticidade,
caracterizada pela capacidade do solo se deformar sem apresentar ruptura ou trincas e sem
variação de volume.
A manifestação desta propriedade em um solo dependerá fundamentalmente dos
seguintes fatores:
Umidade: Existe uma faixa de umidade dentro da qual o solo se comporta de maneira
plástica. Valores de umidade inferiores aos valores contidos nesta faixa farão o solo se
comportar como semi-sólido ou sólido, enquanto que para maiores valores de umidade o solo
se comportará preferencialmente como líquido.
Estado Plástico - Dizemos que um solo está em um estado plástico quando podemos
moldá-lo sem que o mesmo apresente fissuras ou variações volumétricas. O limite de
plasticidade, wP, separa os estados de consistência semi-sólido e plástico.
Estado Fluido - Denso (Líquido) - Quando o solo possui propriedades e aparência de
uma suspensão, não apresentando resistência ao cisalhamento. O limite de liquidez, wL, separa
os estados plástico e fluido.
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado plástico para o estado fluido.
90
86
Teor de umidade, w (%)
82
N w (%)
53 70,11
78,7
35 75,20
78 28 75,91
22 81,07
18 83,26
12 86,32
74 25 78,70
70
10 100
Número de golpes (N)
Figura 5.2 - Determinação do limite de liquidez do solo.
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado semi-sólido para o estado
plástico.
umidade determinados. A fig. 5.3 ilustra a realização do ensaio para determinação do limite
de plasticidade (vide NBR 9180).
Rolo de solo
Placa de vidro fosco
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado sólido para o estado semi-
sólido.
Uma vez conhecidos os limites de consistência de um solo, vários índices podem ser
definidos. A seguir, apresentaremos os mais utilizados.
! "
IP = wL − wP (5.2)
IP = 0 → NÃO PLÁSTICO
1 < IP < 7 → POUCO PLÁSTICO
7 < IP < 15 → PLASTICIDADE MÉDIA
IP > 15 → MUITO PLÁSTICO
#$
&%'$
wL − w
IC =
IP (5.3)
RC
St =
R' C (5.4)
Segundo Skempton:
St < 1 → NÃO SENSÍVEIS
1 < St < 2 → BAIXA SENSIBILIDADE
2 < St < 4 → MÉDIA SENSIBILIDADE
4 < St < 8 → SENSÍVEIS
St > 8 → EXTRA - SENSÍVEIS
Quanto maior for o St, tem-se uma menor coesão, uma maior compressibilidade e uma
menor permeabilidade do solo.
IP
A=
% < 0.002mm (5.5)
800
700
500
400
M ontmorilonita
300 4<A<8
200
100
Ilita
0
0,5 < A < 1,5
Figura 5.4 - Variação do IP em função da fração argila para solos com diferentes
argilo-minerais.
36
Em vista disto, um sistema de classificação deve ser tomado como um guia preliminar
para a previsão do comportamento de engenharia do solo, a qual não pode ser realizada
utilizando-se somente sistemas de classificação. Testes para avaliação de importantes
características do solo devem sempre ser realizados, levando-se sempre em consideração o
uso do solo na obra, já que diferentes propriedades governam o comportamento do solo a
depender de sua finalidade. Assim, deve-se usar um sistema de classificação do solo, dentre
outras coisas, para se obter os dados necessários ao direcionamento de uma investigação mais
minuciosa, quer seja na engenharia, geoquímica, geologia ou outros ramos da ciência.
Neste capítulo serão apresentados os dois sistemas de classificação dos solos mais
difundidos no meio geotécnico, a saber, o Sistema Unificado de Classificação do Solos,
SUCS (ou “Unified Soil Classification System”, USCS) e o sistema de classificação dos solos
proposto pela AASHTO (“American Association of State Highway and Transportation
Officials”). Deve-se salientar, contudo, que estes dois sistemas de classificação foram
desenvolvidos para classificar solos de países de clima temperado, não apresentando
resultados satisfatórios quando utilizados na classificação de solos tropicais (principalmente
aqueles de natureza laterítica), cuja gênese é bastante diferenciada daquela dos solos para os
quais estas classificações foram elaboradas. Por conta disto, e devido a grande ocorrência de
solos lateríticos nas regiões Sul e Sudeste do país, recentemente foi elaborada uma
37
Os solos grossos são classificados como pedregulho ou areia. São classificados como
pedregulhos aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa retida na peneira
4 (4,75mm) e como areias aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa
passando na peneira 4. Cada grupo por sua vez é dividido em quatro subgrupos a depender de
sua curva granulométrica ou da natureza da fração fina eventualmente existente. São eles:
Formados por um solo bem graduado com poucos finos. Em um solo bem graduado,
os grãos menores podem ficar nos espaços vazios deixados pelos grãos maiores, de modo que
os solos bem graduados tendem a apresentar altos valores de peso específico (ou menor
quantidade de vazios) e boas características de resistência e deformabilidade. A presença de
finos nestes grupos não deve produzir efeitos apreciáveis nas propriedades da fração grossa,
nem interferir na sua capacidade de drenagem, sendo fixada como no máximo 5% do solo, em
relação ao seu peso seco. O exame da curva granulométrica dos solos grossos se faz por meio
dos coeficientes de uniformidade (Cu) e curvatura (Cc), já apresentados anteriormente. Para
que o solo seja considerado bem graduado é necessário que seu coeficiente de uniformidade
38
seja maior que 4, no caso de pedregulhos, ou maior que 6, no caso de areias, e que o seu
coeficiente de curvatura esteja entre 1 e 3.
OBS: Os solos grossos possuindo percentagens de finos entre 5 e 12% devem possuir
nomenclaturas duplas, como GW-GM, SP-SC, etc., atribuídas de acordo com o especificado
anteriormente. De uma forma geral, sempre que um material não se encontra claramente
dentro de um grupo, devemos utilizar símbolos duplos, correspondentes a casos de fronteira.
Ex: GW-SW (material bem graduado com menos de 5% de finos e formado com fração de
grossos com iguais proporções de pedregulho e areia) ou GM-GC (solos grossos com mais do
que 12% de finos cuja representação na carta de plasticidade de Casagrande se situa muito
próxima da linha A).
SOLOS GROSSOS
Pedregulho (G). Mais que 50% da Areia (S). Menos que 50% da fração
fração grossa retido na # 4 (4.75mm) grossa retido na # 4 (4.75mm)
Menos que 5% Entre 5 e 12% Mais que Menos que 5% Entre 5 e 12% Mais que 12%
passam na # passam na # 12% passam passam na # passam na # passam na #
200 200 na # 200 200 200 200
GW GP GM GC SW SP SM SC
Nomes Nomes
duplos: duplos:
GW-GM SW-SM
Os solos finos são classificados como argila e silte. A classificação dos solos finos é
realizada tomando-se como base apenas os limites de plasticidade e liquidez do solo, plotados
na forma da carta de plasticidade de Casagrande. Em outras palavras, o conhecimento da
curva granulométrica de solos possuindo mais do que 50% de material passando na peneira
200 pouco ou muito pouco acrescenta acerca das expectativas sobre suas propriedades de
engenharia.
60
40
Linha U
Linha A
IP = 0,90·(W L - 8) CH
IP = 0,73·(W L - 20)
30
20
CL MH
OH
10
ML OL
CL- ML
ML
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
OBS: Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe dentro da zona CL-ML devem ter nomenclatura dupla.
Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha LL = 50 % devem ter nomenclatura dupla: (MH-ML ou CH-
CL).
Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha A devem ter nomenclatura dupla: (MH-CH ou CL-ML).
As argilas inorgânicas de média plasticidade possuem wL entre 30 e 50%.
42
Na maioria dos solos turfosos os limites de consistência podem ser determinados após
completo amolgamento do solo. O limite de liquidez destes solos varia entre 300 e 500%
permanecendo a sua posição na carta de plasticidade notavelmente acima da linha A. O Índice
de plasticidade destes solos normalmente se situa entre 100 e 200.
A carta de plasticidade de Casagrande pode ainda nos dar uma idéia acerca do tipo de
argilo-mineral predominante na fração fina do solo. Solos possuindo argilo-minerais do tipo
1:1 (como a caulinita) tem seus pontos de representação na carta de plasticidade próximo à
linha A (parte superior à linha A), enquanto que solos possuindo argilo-minerais de alta
atividade (como a montmorilonita) tendem a ter seus pontos de representação na carta de
plasticidade próximos à linha U (parte imediatamente inferior à linha U).
Apesar dos símbolos utilizados no SUCS serem de grande valia, eles não descrevem
completamente um depósito de solo. Em todos os solos deve-se acrescentar informações
como odor, cor e homogeneidade do material à classificação. Para o caso de solos grossos,
informações como a forma dos grãos, tipo de mineral predominante, graus de intemperismo
ou compacidade, presença ou não de finos são pertinentes. Para o caso dos solos finos,
informações como a umidade natural e consistência (natural e amolgada) devem ser sempre
que possível ser fornecidas.
!
" # $# %
&'()*+
,-(
(./.001)2
"!#%$&
Quando trabalhando com os grupos A-2-6 e A-2-7 o índice de grupo deve ser
determinado utilizando-se somente o índice de plasticidade.
No caso da obtenção de índices de grupo negativos, deve-se adotar um índice
de grupo nulo.
Usar o sistema de classificação da AASHTO não é difícil. Uma vez obtidos os dados
necessários, deve-se seguir os passos indicados na fig. 6.3, da esquerda para a direita, e
encontrar o grupo correto por um processo de eliminação. O primeiro grupo à esquerda que
atenda as exigências especificadas é a classificação correta da AASHTO. A classificação
completa inclui o valor do índice de grupo (arredondado para o inteiro mais próximo),
apresentado em parênteses, à direita do símbolo da AASHTO. Ex: A-2-6(3), A-6(12),
A-7-5(17), etc.
Devido a sua ligação histórica com a classificação de solos para uso rodoviário, a
classificação da AASHTO é bastante utilizada na seleção de solos para uso como base, sub-
bases e sub-leitos de pavimentos.
44
SOLOS GROSSOS
35% ou menos passando na # 200
Menos que 15% Menos que 25% Menos que 10% LL ≤ 40% LL ≥ 41% LL ≤ 40% LL ≥ 41%
passa na # 200. passa na # 200. passa na # 200.
Menos que 30% Menos que 50% Não plástico
passa na # 40. passa na # 40.
Menos que 50% IP < 6%
passa na # 10
IP < 6%
SOLOS SILTO-ARGILOSOS
35% ou mais passando na # 200
Silte Argila
IP ≤ 10% IP ≥ 11%
7. ÍNDICES FÍSICOS.
Pesos Volumes
Zero Pa Ar Va
Vv
Pt Pw Água Vw Vt
Ps Sólido Vs
Massas Volumes
Zero Ma Ar Va
Vv
Mt Mw Água Vw Vt
Ms Sólido Vs
"!#$%
#&#' '(')#&*#'+-, . /
&)0&#& . & 1#&)23&54
Onde: Va, Vw, Vs, Vv e Vt representam os volumes de ar, água, sólidos, de vazios e
total do solo, respectivamente. Ps, Pw, Pa e Pt São os pesos de sólidos, água, ar e total e Ms,
Mw, Ma e Mt são as respectivas massas de sólidos, água, ar e total.
6' !2#'4 '(7#&8#'99
1#8:54 +;#&
6' 2< 5
(& 5#>=?A@
Vv
n=
Vt (7.1)
6' 6' BC
'#/DE5
' F=GDH
?@
Os vazios do solo podem estar apenas parcialmente ocupados por água. A relação
entre o volume de água e o volume dos vazios é definida como o grau de saturação, expresso
em percentagem e com variação de 0 a 100% (solo saturado).
47
Vw
Sr =
Vv (7.2)
O índice de vazios é definido como a relação entre o volume de vazios e o volume das
partículas sólidas, expresso em termos absolutos, podendo ser maior do que a unidade. Sua
variação é de 0 a ∞.
Vv
e (7.3)
Vs
O peso específico de um solo é a relação entre o seu peso total e o seu volume total,
incluindo-se aí o peso da água existente em seus vazios e o volume de vazios do solo. A
massa específica do solo possui definição semelhente ao peso específico, considerando-se
agora a sua massa.
Pt Mt
γ = , ρ= onde γ = ρ ⋅ g
Vt Vt (7.4)
8A,'D46'7A89 :
"68B,*I)
9 .# BJ#
A
O peso específico das partículas sólidas é obtido dividindo-se o peso das partículas
sólidas (não considerando-se o peso da água) pelo volume ocupado pelas partículas sólidas
(sem a consideração do volume ocupado pelos vazios do solo). É o maior valor de peso
específico que um solo pode ter, já que as outras duas fases que compõe o solo são menos
densas que as partículas sólidas.
Ps
γs =
Vs (7.5)
6,'D46'789 :
"ABGH# BGK8
Ps
γd =
Vt (7.6)
L'A,'D46'7A89 :
"6GH# BGH)+.8*+6
É o peso específico do solo quando todos os seus vazios estão ocupados pela água. É
numericamente dado pelo peso das partículas sólidas dividido pelo volume total do solo.
Pt
γ sat = , quando, Sr = 1
Vt (7.7)
48
!"
#$ &%'
As relações entre pesos ou entre volumes, por serem admensionais, não serão
modificadas caso no lado direito da fig. 7.1, os volumes de água, ar e sólidos sejam divididos
por um determinado fator, conservado constante para todas as fases. Este fator pode ser
escolhido, por exemplo, para que o volume de sólidos se torne unitário. Deste modo,
utilizando-se as relações entre volumes e entre pesos e volumes, definidas anteriormente,
temos:
Pesos Volumes
0
e
γw⋅Sr⋅e Sr⋅e
1+e
γs
1
Uma outra forma de organizar as relações entre volumes e entre pesos e volumes em
um diagrama de fases seria adotando um volume total igual a 1. Neste caso teríamos:
Pesos Volumes
0
n
γw⋅Sr⋅n Sr⋅n
1
γs⋅(1-n)
1-n
Das figs. 7.2 e 7.3 e utilizando-se as definições dadas para o índice de vazios e a
porosidade tem-se:
e n
n= ou e =
1+ e 1− n (7.9)
"!#$%%$"&' #()%* + ,-".$(*
/-%$0,11*$" 21*$.$3 , 41%$
!3 $ 4$
Com o uso das figs. 7.2 e 7.3, diversas relações podem ser facilmente definidas entre
os índices físicos. As eqs. 7.10 a 7.12 expressam algumas destas relações:
γ
γD =
1+ w (7.10)
γ S .w = γ w ⋅ Sr.e
(7.11)
γ S + Sr.e ⋅ γ w
γ =
1+ e (7.12)
A umidade é definida como a relação entre o peso da água e o peso dos sólidos em
uma porção do solo, sendo expressa em percentagem. Pela análise da fig. 7.2 temos que:
Pw γ w ⋅ Sr ⋅ e
w= =
Ps γs (7.13)
Vw Sr ⋅ e
θ= = = Sr ⋅ n
Vt 1 + e (7.14)
Conforme será discutido no transcorrer deste curso, por possuírem arranjos estruturais
bastante simplificados, os solos grossos (areias e pedregulhos com nenhuma ou pouca
presença de finos) podem ter o seu comportamento avaliado conforme a sua curva
característica e a sua densidade relativa Dr, definida conforme a eq. 7.15.
Há uma variedade grande de ensaios para a determinação de emin e γdmáx; todos eles
envolvem alguma forma de vibração. Para emax e γdmin, geralmente se adota a colocação do solo
secado previamente, em um recipiente, tomando-se todo cuidado para evitar qualquer tipo de
vibração. Os procedimentos para a execução de tais ensaios são padronizados em nosso País
pelas normas NBR 12004 e 12051, variando muito em diferentes partes do Globo, não
havendo ainda um consenso internacional sobre os mesmos. A densidade relativa é um índice
50
adotado apenas na caracterização dos SOLOS NÃO COESIVOS. A tabela 7.1 apresenta a
classificação da compacidade dos solos grossos em função de sua densidade relativa.
emax − e γd γ d − γ d min
DR (%) = x100 = max x100 (7.12)
e max − emin γ d γ dmax − γ dmin
onde;
emax → é o índice de vazios do solo no estado mais solto (fofo).
e min → é o índice de vazios do solo no estado mais denso ou compacto.
e → é o índice de vazios do solo no seu estado natural.
γ dmin e γ d max → são definidos analogamen te a emin e emax .
γ d → peso específico aparente do solo seco no seu estado natural.
(7.15)
Notas importantes:
ÍNDICES FÍSICOS
n (%) e γd γ γsat
SOLOS kN / m3
Areia c / pedregulho 18 - 42 0.22 - 0.72 14 - 21 18 - 23 19 - 24
Areia Média a Grossa 25 - 45 0.33 - 0.82 13 - 18 16 - 21 18 - 21
Areia Fina e Uniforme 33 - 48 0.49 - 0.82 14 - 18 15 - 21 18 - 21
Silte 30 - 50 0.48 - 1.22 13 - 19 15 - 21 18 - 22
Argila 30 - 55 0.48 - 1.22 13 - 20 15 - 22 14 - 23
σ = lim ∆F →
∆A ∆ A →0
(8.1)
Por serem fluidos, não suportando tensões cisalhantes, as tensões existentes nas fases
água e ar do solo são sempre ortogonais ao plano passando pelo ponto considerado. Pode-se
dizer ainda, que na maioria dos casos, a pressão nos vazios de solo preenchidos por ar é igual
à pressão atmosférica (adotada geralmente como zero).
P x σ x τ xy τ xz n 1
P y = σ y τ yz ⋅ n 2
Px σ z n 3
P
n
O princípio das tensões efetivas - Postulado por Terzaghi, para o caso dos solos
saturados, o princípio das tensões efetivas é uma função da tensão total (soma das tensões nas
fases água e partículas sólidas) e da tensão neutra (denominada também de pressão neutra, é a
pressão existente na fase água do solo), que governa o comportamento do solo em termos de
deformação e resistência ao cisalhamento.
Mostra-se experimentalmente que, para o caso dos solos saturados, o que governa o
comportamento do solo em termos de resistência e deformabilidade é a diferença entre a
tensão total e a pressão neutra, denominada então tensão efetiva As tensões normais
desenvolvidas em qualquer plano num maciço terroso, serão suportadas, parte pelas partículas
sólidas e parte pela água. As tensões cisalhantes somente poderão ser suportadas pelas
partículas sólidas.
No caso dos solos saturados, uma parcela da tensão normal age nos contatos inter-
partículas e a outra parcela atua na água existente nos vazios. Assim, a tensão total num plano
será a soma da tensão efetiva, resultante das forças transmitidas pelas partículas, e da pressão
neutra, dando origem a uma das relações mais importantes da Mecânica dos Solos, proposta
por Terzaghi:
' u (8.2)
Devido a sua natureza de fluido, a pressão na fase água do solo não contribui para a
sua resistência, sendo assim chamada de pressão neutra. Para visualizar um pouco melhor o
efeito da água no solo imagine uma esponja colocada dentro de um recipiente com água
suficiente para encobri-la (a esponja se encontra totalmente submersa). Se o nível de água for
elevado no recipiente, a pressão total sobre a esponja aumenta, mas a esponja não se deforma.
Isto ocorre porque os acréscimos de tensão total são contrabalançados por iguais acréscimos
na tensão neutra, de modo que a tensão efetiva permanece inalterada (vide eq. 8.2).
54
!
σv = γ ⋅ z
(8.3)
Onde:
u = γw ⋅ zw
(8.4)
Onde:
h z
n
'v
i 1
i i w w (8.5)
NA
z σv (σv- u)
σh µ (σh -u)
σ v , σ v' e u
Solo 2. γ σv
3
σ'
'
h
z
v u
n
u = γ w hw
z
v
i 1
i i w w
Uso do peso específico submerso - Caso o nível de água, apresentado na fig. 8.2,
estivesse localizado na superfície do terreno, o cálculo das tensões efetivas poderia ser
simplificado pelo uso do conceito de peso específico submerso, discutido no capítulo de
índices físicos. Neste caso, a tensão total vertical será dada por σv = γsat⋅z, enquanto que a
pressão neutra no mesmo ponto será u = γw⋅z.
A tensão efetiva, correspondente à diferença entre estes dois valores, será: σv' = σv - u
= γsat⋅z. - γw⋅z, o que faz com que tenhamos: σv'= (γsat - γw)⋅z = γsub⋅z, onde γsub é o peso
específico submerso do solo.
56
Pressões Neutras:(u)
u(1) = 0
u(2) = 0 + γw x 2,0 = 10,0 x 2,0 = 20,0 kN/m2
u(3) = 20,0 + 10,0 x 1,5 = 35,0 kN / m2
Tensões Efetivas: (σ' = σ - u)
-2 Tensão total
Pressão neutra
-3
Tensão efetiva
-4
-5
0 20 40 60 80 100
Tensões total, neutra e efetiva (kPa)
σ h' = Ko ⋅ σ v'
(8.6)
Segundo Jaky (1956), o coeficiente de empuxo em repouso do solo pode ser estimada
com o uso da eq. 8.7, apresentada a seguir, onde φ' é o ângulo de atrito interno efetivo
do solo, apresentado em detalhes no capítulo de resistência ao cisalhamento (volume
II).
! "#
$&%('
Na profundidade (z), a área da sapata aumenta de z/2 (para o método 2:1) ou z.tan φo
(espraiamento), para cada lado. Assim, a tensão nesta profundidade será estimada pela eq. 8.9:
) Q
v z * (8.9)
bz + l z
59
A A
2
1
B B
(a)
(b)
Figura 8.5 - (a) Exemplo de distribuição de acréscimos de tensão vertical devido a
um carregamento na superfície do terreno e (b) isóbaras de acréscimo de tensões verticais
para 20, 10, 5 e 2 kPa, considerando uma carga pontual de 100 kN (Boussinesq).
a) Espraiamento segundo um angulo φo b) Método 2:1
Q
σo = Q lo z
bo x lo bo
bo
Z φo 2
Q
σ1 = Q lo + z
bz x lz 1
a bo a bo + z
a ⇒ = z· l z l o 2 z tan o
tan φo = a tan φo
z b z b o 2 z tan o
O ângulo de espraiamento (φo) é função do tipo de solo, com valores típicos de:
solos muito moles: φo < 40°
areias puras: φo ≅ 40° a 45°
argilas rijas e duras: φo ≅ 70°
rochas: : φo > 70°
As tensões dentro de uma massa de solo podem também ser estimadas empregando as
soluções obtidas a partir da teoria da elasticidade. Apesar das hipóteses adotadas nestas
formulações, seu emprego aos casos práticos é bastante freqüente, dada a sua simplicidade,
quando comparadas a outros tipos de análises mais elaboradas, como o emprego de técnicas
de discretização do contínuo. Por outro lado, pode-se dizer também que estas soluções
apresentam resultados bem mais próximos do real do que aqueles obtidos com o uso da
solução simplificada, apresentada no item anterior. Existem formulações para uma grande
variedade de tipos de carregamento. Serão apresentados aqui, apenas os casos mais
freqüentes, sem nos preocuparmos com o desenvolvimento matemático das equações
resultantes.
% &
' (*)
+ ,
Q
"Carga Pontual"
Onde:
Q = carga pontual
Z = profundidade que vai da superfície do terreno (pto de
aplicação da carga) até a cota onde deseja-se calcular σz
r = distância horizontal do ponto de aplicação da carga até
onde atua σz
3
Q 2 ⋅π
Q (8.10)
σz = 2 ⋅ = 2 ⋅ Nb
z 5
z
1 + r
2 2
z
Figura 8.8 - Carga concentrada aplicada na superfície do terreno - Solução de
Boussinesq.
0,50
0,45 Q
Boussinesq z
N
z2
0,40
3
0,35
2
NB
2 5
0,30 r
1
2
z
N
0,25
1
0,20
NW
2 3
0,15 r
1 2
2
z
0,10
Westergaard
0,05
0,00
0,00 0,30 0,60 0,90 1,20 1,50 1,80 2,10 2,40 2,70 3,00
z/r
Figura 8.9 - Fatores de influência para tensões verticais devido a uma carga
concentrada (NB: Solução de Boussinesq e NW: Solução de Westergaard).
62
As tensões induzidas no ponto (A), por uma carga uniformemente distribuída ao longo
de uma linha (Y) na superfície do semi- espaço foram obtidas por Melan (fig. 8.10) e estão
apresentadas nas eqs. 8.11 a 8.13.
2q z3
σz = . 2
π ( x + z 2 )2 (8.11)
2q z3
σz = .
π ( x 2 + z 2 )2 (8.12)
2q x. z 2
τ xy = . 2
π (x + z 2 )2 (8.13)
q/m
O'
dy
O X
φ
Z
x σx
Y
A
Z
σz
Em se tratando de uma placa retangular em que uma das dimensões é muito maior que
a outra, como por exemplo, no caso das sapatas corridas, os esforços introduzidos na massa de
solo podem ser calculados por meio da fórmula desenvolvida por Terzaghi & Carothers. A
fig. 8.11 apresenta o esquema de carregamento e o ponto onde se está calculando o acréscimo
de tensões. Observar que a placa tem largura 2b e está carregada uniformemente com q. As
tensões num ponto A, situado a uma profundidade (z) e distante (x) do centro da placa são
dadas pelas eqs. 8.14 a 8.16, com ângulo α dado em radianos.
q
σz = .(α + sen α . cos 2β)
π (8.14)
63
q
σx = ( α − sen α . cos 2β)
π (8.15)
q
τ xy = . sen α . cos 2β
π (8.16)
!"# "$! %'& ()*
&
Newmark (1935), integrou a equação de Melan (8.11) e obteve a equação para cálculo
da tensão vertical (σz) induzida no canto de uma área retangular uniformemente carregada.
Para o caso de uma área retangular de lados (x) e (y), uniformemente carregada (fig. 8.12), as
tensões verticais em um ponto situado numa profundidade (z), na mesma vertical de um dos
vértices, é dada pela eq. 8.17.
q /área y
z x
A
σz
Figura 8.12 - Placa retangular uniformemente carregada.
q 2 m.n (m 2 + n 2 + 1) 1 2 m 2 + n 2 + 2 2m.n(m 2 + n 2 + 1) 2
1
σz = 2 . 2 + arc tag 2
4π m + n + m .n + 1 m + n + 1
2 2 2 2
m + n 2 − m 2 .n 2 + 1
(8.17)
onde:
q = carga por unidade de área, ou seja, σo
m = x /z
n = y /z
x, y = largura e comprimento da área uniformemente carregada.
64
z
q I
(8.18)
0,1750 m ou n = 0,8
Fator de Influência,
0,1500
0,1250 m ou n = 0,5
0,1000
m ou n = 0,3
0,0750
0,0500
0,0250 m ou n = 0,1
0,0000
0 2,5 5 7,5 10
m ou n
Figura 8.13 - Fatores de influência para a placa retangular uniformemente
carregada.
Suponhamos agora, que desejamos encontrar as tensões verticais no ponto (A), a uma
profundidade z, produzida pela área carregada II (fig. 8.14b) . Para essa condição teremos que
65
A
P I III
N
II IV
D C
(a) (b)
Figura 8.14 - Esquema para cálculo das tensões em qualquer ponto - Placa
retangular uniformemente carregada.
!
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O cálculo das tensões induzidas por uma placa circular de raio r, uniformemente
carregada, foi resolvido por Love, a partir da integração da equação Boussinesq, para toda
área circular. Para pontos situados a uma profundidade z, abaixo do centro da placa de raio r,
as tensões induzidas podem ser estimadas pela eq. 8.19:
1
3/2
σ Z = qo . 1 −
1 + (r / z)
2
(8.19)
σ z = qo . Ι
σ (8.20)
O fator de influência é obtido em função da relação z/r e x/r, dada pelo gráfico da fig.
8.15, onde: z = profundidade; r = raio da placa carregada; x = distância horizontal que vai do
66
Tabela 8.2 - Fatores de influência para uma placa circular de raio r, carregada
x/r
z/r 0 0,25 0,50 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
0,25 0,986 0,983 0,964 0,460 0,015 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000
0,50 0,911 0,895 0,840 0,418 0,060 0,010 0,003 0,000 0,000 0,000
0,75 0,784 0,762 0,691 0,374 0,105 0,025 0,010 0,002 0,000 0,000
1,00 0,646 0,625 0,560 0,335 0,125 0,043 0,016 0,007 0,003 0,000
1,25 0,524 0,508 0,455 0,295 0,135 0,057 0,023 0,010 0,005 0,001
1,50 0,424 0,413 0,374 0,256 0,137 0,064 0,029 0,013 0,007 0,002
1,75 0,346 0,336 0,309 0,223 0,135 0,071 0,037 0,018 0,009 0,004
2,00 0,284 0,277 0,258 0,194 0,127 0,073 0,041 0,022 0,012 0,006
2,5 0,200 0,196 0,186 0,150 0,109 0,073 0,044 0,028 0,017 0,011
3,0 0,146 0,143 0,137 0,117 0,091 0,066 0,045 0,031 0,022 0,015
4,0 0,087 0,086 0,083 0,076 0,061 0,052 0,041 0,031 0,024 0,018
5,0 0,057 0,057 0,056 0,052 0,045 0,039 0,033 0,027 0,022 0,018
7,0 0,030 0,030 0,029 0,028 0,026 0,024 0,021 0,019 0,016 0,015
10,00 0,015 0,015 0,014 0,014 0,013 0,013 0,013 0,012 0,012 0,011
67
!
" # $
A fig. 8.16 mostra uma distribuição linear de carga vertical aplicada sobre uma placa
retangular de comprimento infinito e largura 2b, com a carga variando de 0 a um valor q, ao
longo da largura. A tensão vertical induzida num dado ponto de coordenadas (x, z) é dada
pela eq. 8.21:
qo x
σz = . . α − sen 2δ
2π b (8.21)
σ z = qo . Ι
σ (8.22)
Pode-se observar na fig. 8.18, que para b/z = 0, recai-se no caso de carregamento
triangular. Analogamente, através da aplicação do principio da superposição, computa -se a
soma ou a diferença dos efeitos das partes do aterro, conforme indicado para o ponto P da fig.
8.19.
= +
P
σz σz (esq.) σz (dir)
Figura 8.19 - Esquema para cálculo das tensões induzidas no ponto, para um
aterro.
"!$#
%'&
)(*
+,-.'
−2
R σ 3
= 1 − z −1
z q (8.23)
b) Exemplificando:
σz/q = 0,8 ⇒ R/z = 1,387 ⇒ (R) σz = 0,8 = 1,387 x AB, sendo AB o seguimento de
referência (escala) adotado (fig. 8.20). Assim, a uma profundidade z = AB, o acréscimo de
carga seria σz/q = 0,8 se a área carregada fosse circular de raio R = 1,387 x AB.
c) Para outros valores de σz/q, obtém-se um conjunto de círculos concêntricos, tais que
os anéis circulares gerados representam parcelas dos acréscimos de tensões verticais. Por
exemplo, o acréscimo de tensão vertical devido ao espaço anelar compreendido entre os
círculos de (R) σz = 0,8 e (R) σz = 0,7 seria dado por σz = 0,8 - 0,7 = 0,1;
0,1
σz = = 0,005 ou Ι = 0,005
20 (8.24)
σz = q .N . Ι (8.25)
onde:
I = unidade de influência
N = número de fatores de influência
71
Para o caso de uma placa flexível a pressão de contato é uniforme e igual a pressão
aplicada. Para um solo coesivo observa-se um recalque no centro da placa maior que nos
bordos. No entanto, para solo não coesivo observa-se um recalque dos bordos maior que o
recalque do centro (o confinamento provoca aumento do módulo de elasticidade do solo não
coesivo, conferindo-lhe maior rigidez).
Para o caso de placa rígida, tem-se recalques uniformes em toda sua largura. Em solos
coesivos, a pressão de contato não é uniforme, concentrando-se mais nos bordos que no
centro (formato de "sela") para compatibilizar a condição de recalque uniforme. Em solos não
coesivos, a pressão de contato é maior no centro para vencer o aumento da rigidez provocada
pelo confinamento.
Como visto acima, a rigidez das placas influi na distribuição de pressões em todo o
solo. Segundo Vargas (1977), só poderemos aplicar a equação de Boussinesq e as outras
derivadas a partir dessa, se tivermos tratando de placa flexível (pressão de contato uniforme),
para que a rigidez da estrutura não possa influir na distribuição das pressões de contato.
Felizmente, para a engenharia, isso ocorre na grande maioria dos casos. Pode-se dizer ainda
que a influência da forma da distribuição das pressões de contato é maior para profundidades
relativas menores (menores valores de z/r), perdendo intensidade à medida em que a
profundidade aumenta.
72
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A aplicação de cargas sobre uma massa de solo resulta em uma variação do seu
volume, a qual poderá ocorrer devido à compressibilidade da fase fluida (ar) ou por drenagem
da água intersticial. Ao deslocamento vertical resultante desta compressão do solo dá-se o
nome de recalque. A drenagem da água intersticial está intimamente associada à
permeabilidade do solo; assim, se uma camada de argila saturada for carregada local e
rapidamente, a baixa permeabilidade do solo retarda o processo da expulsão da água
intersticial e, nestas condições não-drenadas, a deformação do solo devido às cargas aplicadas
ocorre a volume constante, correspondendo a uma distorção elástica do meio. Os recalques
associados a esta distorção são designados recalques imediatos ou elásticos.
O recalque imediato (ρi) sob uma área transmitindo uma carga uniforme (q) à
superfície de um semi - espaço infinito, homogêneo, isotrópico e elástico linear, será dado
por:
1− ν2
ρi = q . B. .Ι s
E (8.26)