Você está na página 1de 17

Direito Constitucional – Dr.

Paulo Otero
A origem do Direito Constitucional pode ser feita a partir das seguintes conceções:

 Conceção Estadual – provém do Estado


 Conceção Normativista – normas jurídicas/Constituição
 Conceção ideológica – expressada pela constituição

Conceção Estadual – As normas jurídicas podem ser impostas ou não pelo Estado.
 Existe uma consciência política geral que impõe normas jurídicas comuns e imperativas
independente do Estado.
 Jus cogens – normas imperativas do Direito Internacional que são vinculadas a todos
os Estados.
 Existem também normas costumeiras (tradicionais), que também são independentes
do Estado.

Ideias Fundamentais:

- O Estado não possui monopólio exclusivo na definição de normas constitucionais,


apesar de ser a principal instituição, ou seja, o Estado não é o único objeto de estudo
da Constituição.

- A Constituição não é exclusivamente estatal, mas sim, um produto de uma


pluralidade de fontes de novas constituições.

Conceção Normativista – Esta conceção não explica a globalidade do fenómeno


constitucional, pois existem normas jurídicas e constitucionais não escritas. As Constituições
estão sempre sujeitas a tornarem-se ultrapassadas, principalmente pela via revolucionária.
Este é um fator que causa grande mudança na política e no direito; cria um poder, um novo
direito e uma nova constituição que obedece à consciência da população.

Conceção Ideológica – Cada constituição é a expressão de uma ideologia, sendo esta de


forma ou não explícita. Contudo, essa ideologia é uma soma de outros fenómenos ideológicos,
e assim, tomar apenas uma ideologia como objeto principal de compreensão e estudo de uma
Constituição, é um redutor da diversidade e complexidade.

A essência do fenómeno constitucionalista:


 Conceção personalista: Segundo Kant, o direito existe em função do ser humano,
estando a essência do fenómeno constitucional na pessoa cidadã que participa na vida
política. O homem é o princípio e fim de todas as instituições sociais.

Linha de Raciocínio da essência da Constituição:


1. Antes de ser cidadão e de ter deveres para com a comunidade, o homem é homem.
2. Dado que a dignidade vem da natureza humana, todo e qualquer homem é digno.
3. Por consequência, a Constituição, esta baseada em princípios humanos, tem por sua
essência a dignidade humana.
Centralidade Humana:

Evolução do pensamento base pré-liberal no tratamento da pessoa humana:

1. A civilização greco-romana
2. A revolução judaico-cristã
3. A contradição da Idade Moderna

A civilização greco-romana

São 7 grandes linhas ideológicas de debate:

1. A centralidade do ser humano: Por volta do séc. VI à V a.C. houve uma tomada de
consciência por diversos povos, especialmente na Grécia, com relação à identidade
individual e pessoal do homem. O pensamento deixou de ser uma explicação cósmica
para a criação do mundo, e passou a tentar explicar de uma forma racional a origem
do homem e do próprio mundo, e ainda, a relação entre homem e divindade.
“O homem é a medida de todas as coisas, das que existem e das que estão na
natureza, das que não existem e da explicação da sua inexistência.” - Protágoras

Escolas de pensamentos:
Eurípedes: formulou a ideia de que o homem é por natureza livre, “os deuses
criaram todos os homens livre” e, portanto, ninguém é escravo por natureza.
Sócrates: encontrou na razão a identidade humana. “É no conhecimento dos
seus próprios limites que reside a sabedoria do homem”, incluindo a limitação
dos próprios governantes.

2. Liberdade ou obediência: O que fazer perante uma lei injusta? Obedece-la ou usufruir
do livre arbítrio para quebrá-la?
 Exemplo de Sócrates: Foi condenado à morte por corromper a juventude. Perante a
oportunidade de fugir, Sócrates escolheu ficar. “Que são as leis da República se fugir
ao cumprimento da sentença?”.
 Exemplo de Antígona: Um rei proíbe um individuo de enterrar outro. Porém, de
acordo com os valores morais do indivíduo, o mesmo ignorou a ordem.
- O exemplo estabelece que o poder possui limites fora do alcance do próprio poder.
Há leis (moral) superiores à lei escrita.

3. A democracia: Surge com Heródoto, baseada em três ideais:


a) Igualdade de direitos
b) A vontade da maioria
c) Responsabilidade dos governantes
 Gênese do pensamento democrático, de acordo com Heródoto, é o povo
quem tem o poder, podendo ser exercido com a vontade da maioria,
entretanto, não apresenta defesas quanto a um povo ignorante exercendo tal
poder.
4. Governo das Leis ou Governo dos Homens: Conflito entre Platão e Aristóteles pela
melhor forma de governar.
 Platão: Insistia que o poder deve ser exercido pelo governo de sábios, um rei
filósofo. Dessa forma, o conhecimento estaria acima da lei e a sociedade em
prol do seu desenvolvimento.

 Aristóteles: Argumenta que o governo deve ser constituído de leis, devido à


sua imparcialidade e objetividade. Essas leis que limitariam o poder dos
governantes, formaram o conceito de Estado de Direito, onde a constituição é
a lei principal.
1. Denominada Politeia, essa Constituição Mista uma forma
moderada de todos os outros modos de governo, apoiada pela
classe média.

5. Liberdade Interior: Conflito a cerca do conceito de liberdade de cada indivíduo.


 Aristóteles: Em um governo dos homens, um indivíduo, designado cidadão,
pertence ao Estado, sendo seu principal dever contribuir com o bem-estar do
mesmo. Ademais, afirmava que a escravidão, até então algo normal na época,
era um estado natural da realidade humana.

 Estoicos: Todos, inclusive escravos, são dotados de uma liberdade interior de


natureza inalienável, a liberdade de pensamento, marcando assim a rutura
com o pensamento grego clássico. A liberdade envolve o dever de agir
conforme a natureza que existe em cada homem, ou seja, existe uma
igualdade natural entre todos os homens.

6. Lei Divina vs. Lei Natural:


 Pensamento de Cícero: Influenciado pelos estoicos, defendia que a lei, o
direito, é fundamento da natureza do homem, sendo a lei natural a razão
soberana. Estabelece ainda a igualdade entre todos os seres humanos.

7. Igualdade: Democracia radica na ideia de igualdade, logo, a participação na vida


política tem de assentar na igual proporcionalidade da mesma nos cidadãos, isto é:
 1 Homem = 1 voto

A revolução judaico-cristã
Judaísmo (Antigo Testamento) ensina-nos 3 coisas:

1. Dignidade: O Homem foi feito à imagem de semelhança de Deus (daqui provém a


origem da dignidade humana, que tem um vínculo divino).

2. Liberdade: Deus criou Adão e Eva, dando a única regra de não comer o fruto proibido.
Ainda assim, comeram-no na mesma (isto mostra que há liberdade de desobediência,
até com Deus).

3. Solidariedade: Caim ao matar Abel é questionado por Deus sobre o que tinha
acontecido ao irmão, Caim respondeu: “Porventura, sou guarda do meu irmão?” (Este
exemplo ensina-nos o princípio da solidariedade. Todos que vivem em sociedade
devem se ajudar, “ser guardas uns dos outros”, ter responsabilidade social).
 Ex.: Ao pagar impostos estamos a permitir a existência de ajudas e serviços
sociais, mantendo assim o Estado Social ou Estado Providência.

Cristianismo ensina-nos 3 coisas:

1. Ligação entre a dignidade e a liberdade: O Homem tem direitos inatos e inalteráveis


que nascem com ele.

2. Importância da igualdade: Cristo deu a sua vida por todos nós como iguais, sem
discriminações.

3. Separação do poder político do religioso: “Dar a Deus o que é de Deus e dar a César o
que é de César”.

O valor da liberdade e da justiça em Santo Agostinho (354-430):

Primeiro doutrinador político e filósofo da igreja, baseando-se nos ensinamentos de


Platão e no estoicismo de Cícero e Séneca.

 Liberdade: O homem é um ser racional criado por Deus, uma espécie única,
acima de todas as outras, ou seja, somos capazes de dominar seres irracionais,
mas não a nós mesmos. “A vontade livre é um bem que Deus no deu”.
 Justiça: A justiça é “a virtude que dá a cada um o que lhe pertence”. Para St.
Agostinho, a justiça é o fundamento e fim da ação do Estado, ou seja, sem
justiça não há Estado.

“Etimologias” de Santo Isidoro de Sevilha (562-636):

A queda de Roma dividiu o império em diversos reinos, estes, divididos como uma
pirâmide de classes, sendo o topo o rei e príncipes, na sequência, os senhores feudais e seus
feudos, e por fim a plebe.

St. Isidoro resgata os ensinamentos greco romanos, estabelece que a importância da


lei escrita fundamentada pela razão. Porém, a lei deve estar de acordo com os valores
religiosos, atuando de forma justa, possível, de acordo com a natureza humana, necessária e
clara, não podendo ser ditada para benefício particular, mas sim, em proveito do bem comum
dos cidadãos.
São Tomás de Aquino (1225-1274):

São Tomás desenvolve profundamente o estatuto da pessoa humana em sua obra


“Suma Teológica”, que divide o homem entre o corpo e alma.

 Estabelece que cada homem é dotado de racionalidade e vontade livre, traduzindo-se


no livre arbítrio, e é esse princípio que o qualifica como pessoa, dono de seus próprios
atos.
 Admite que o homem escravizado, apesar de restringido de sua liberdade, sua alma
permanece livre.
 Estabelece a igualdade entre o homem e mulher, sendo ambos provenientes do
mesmo criador.
 Defende que o Estado deve ser protetor do bem comum, o poder deve ser usado de
forma ética para valorizar a dignidade do ser humano. Dessa forma, o Estado deve
respeitar a liberdade do homem.
o Um Estado injusto, que despreze o bem comum e prive o homem de sua
liberdade é tirano, sendo responsabilidade do povo de resistir e destituí-lo do
poder.
o Origem do reconhecimento e da garantia dos direitos do Homem perante o
Estado.

Marsílio de Pádua (1275-1342):

Consolidou a separação do poder do rei (Estado laico) e da Igreja.

 Para Marsílio, o poder do rei estava acima do poder do papa, sendo o


governante a representação da vontade do povo.
 Antecipando Hobbes, Marsílio dizia que a natureza humana é má, e o
governante é o único com autoridade capaz de manter a paz e o bem comum.

Contradição da Idade Moderna: liberdade ou absolutismo?


Enquanto a Reino Unido tentava diminuir a quantidade de poderes do rei, a Europa
continental tentava expandir esses poderes.

O início da Idade Moderna foi caracterizado pelo confronto de dois pensamentos:

 Giovanni Pico della Mirandola (obra Discurso sobre a Dignidade do Homem)


 Nicolau Maquiavel (obra O Príncipe)

Giovanni Pico della Mirandola (1463-1494):

 Ressaltou a grandeza da natureza humana, capaz de escolher seu próprio


destino, capacidade de se autodeterminar segundo seu próprio arbítrio,
diferente do restante da natureza. Cada homem é soberano de si mesmo.
Nicolau Maquiavel (1469-1527): “O Príncipe”

 Estabelece a separação do poder entre a política, e a religião e moral. De


acordo com O Príncipe, o governante está acima da qualquer lei e moral, não
possuindo limites morais para seus feitos, desde que esteja em prol da
sociedade. O governante pode e deve exercer sua autoridade perante aqueles
que se oponham a ele, princípio do totalitarismo e do poder executivo.
 O governante não está no poder para oprimir, mas sim fazer um equilíbrio
entre ser virtuoso e impiedoso, buscando sempre o desenvolvimento social.
 A autoridade tem limitações, a ética é a limitação para o exercício do poder.
Aquele que governa não deve deixar negócios pessoais interferir na atividade
pública. Aquele quem faz as leis deve ser o primeiro a obedecer
 As ideias de Maquiavel justificam a Razão do Estado, isto é, o meio lícito ou
não de cumprir um propósito que tenha impacto positivo socialmente
(espionagem ou uso da força).

Reforma luterana – 1517


 Resultado de uma corrente de manifestações contra certas políticas da igreja, como os
limites impostos aos monarcas, Santa Inquisição, proibição da tradução do livro
sagrado, e abusos do clero.
 Dessa forma, através das 95 Teses, Lutero afirma a supremacia do poder real e a
essencialidade da liberdade religiosa, sintetizou politicamente a liberdade e a
autoridade. Deixando de lado a Igreja Católica e o Papa como mediadores e
enfatizando a ligação direta do monarca com Deus.
 1522 – Primeira impressão do Novo Testamento, Lutero foi excomungado da Igreja.

Do absolutismo:
Thomas Hobbes (1588-1679): “O Leviatã”

 Define o Estado de soberania como inalienável e ilimitado. Fundamentou o


absolutismo.
 Direitos inalienáveis: Todos os seres possuem direitos ao nascer e são iguais a todos.
Cada um de nós podemos julgar qual ato é o melhor para preservação própria
(legítima defesa).
 Poder Ilimitado: O homem é mal por natureza, a guerra é um estado permanente “O
homem é o lobo do próprio homem”. Dessa forma, deve haver um poder soberano que
regule a vida social, segurança e paz. Cada individuo abdica de certos direitos
(liberdade, justiça) em prol do poder soberano, um contrato social (Rousseau), um
contrato entre os cidadãos que confere poder ao Estado como seu representante para
defendê-lo, mas não os protegem do próprio Estado.

Jean Bodin (1530-1596): “Os seis livros da República”


 Defende que o poder político deveria estar centralizado apenas nas mãos do rei, a
soberania do poder.
 Suas ideias ganharam notoriedade devido ao caos na França proveniente da revolução
luterana. A crise a qual o país estava passando, fez com que o poder estivesse
fragmentado entre o monarca, o papado e os aristocratas. Sendo assim, a república
dependia da consolidação da ordem e da obediência das leis, pois um estado forte,
baseados na ética judaico-cristã, necessitava de leis extremamente ordenadas e
obedientemente seguidas. Portanto, uma sociedade cívica só existe quando todos os
cidadãos são regidos pela mesma lei e, para a construção de um estado, é necessário o
domínio de um soberano.
 Apesar de soberano, o poder do rei estava limitado à moral e religião, podendo tratar
apenas de interesses comuns e nunca interesses próprios. Entretanto, não há
nenhuma punição jurídica caso ultrapasse os limites.

Contracorrente do constitucionalismo britânico


 O constitucionalismo britânico vem em sentido contrário ao que se passa na Europa
continental, onde estava a ocorrer a centralização do rei, no Reino Unido tinham a
relevância do parlamento, torna-se a instituição principal.
 A Constituição britânica é centrada na tutela de direitos, limitando o poder real.
o Bill of Rights
o Lei de Habeas Corpus

René Descartes (1596-1650): “Discurso do Método”, “Meditações sobre a primeira filosofia”.

 Importância do racionalismo e importância da razão e liberdade na evolução do


pensamento filosófico. A constituição é expressão da liberdade.

Do liberalismo:
John Locke (1632-1704): “Ensaio acerca do Entendimento Humano”, e “Dois Tratados sobre o
Governo”.

 Precursor do pensamento liberal, o estado de natureza é um estado de direitos inatos.


Contrário a Thomas Hobbes, o Estado é quem fica sujeito a liberdade de cada
individuo.
 A liberdade do individuo atinge todas as esferas, liberdade política, económica,
pensamento, de trabalho e principalmente, a propriedade. O Estado existe para
proteger a vida, liberdade e propriedade. O Estado deve ser limitado.
 Lutou contra o absolutismo, e influenciou a revolução americana e francesa.

Charles Montesquieu (1689-1755): “O Espírito das leis”.

 Inspirado pelo constitucionalismo britânico, teorizou a divisão do poder em três a fim


de concretizar um equilíbrio nas relações entre eles.
 Limitar o poder é garantir a liberdade. Um poder ilimitado nunca será instrumento de
liberdade. Criar em cada poder uma faculdade de instituir e uma faculdade de impedir.
 Seu legado inspirou a revolução americana e francesa, e encontra-se até hoje nas
maiorias das Constituições vigentes.

Jean Rousseau (1712-1778): “Do Contrato Social”.

 Contrariando as ideias de Hobbes, Rousseau diz que o homem é bom por natureza, e o
que causa o conflito, desigualdade entre Homens é a propriedade.
 Defendeu a liberdade e a igualdade à propriedade privada.
 O sistema político não deve assentar na separação de poderes, mas sim na
concentração. A soberania está na coletividade, pois a coletividade assenta na vontade
geral e a vontade geral é a vontade que prevalece, a lei é a expressão da vontade
geral. Há um órgão dentro do estado que representa a coletividade, no qual deve estar
concentrado todos os poderes. A participação pública deve ser direta (democracia
direta). Uma democracia não democrática, totalitária, pois submete o cidadão à
vontade geral, mesmo que sua opinião seja contrária.

Wilhelm von Humboldt (1767-1835): “Ideia de uma investigação sobre os limites da ação do
Estado”
 A garantia da liberdade está na existência de um Estado mínimo, quanto menor for o
Estado, quanto menor for a sua intervenção económica, social, cultural, entre outros,
maior é a garantia da liberdade.
 A função do Estado Mínimo está apenas na proteção do indivíduo para exercer suas
atividades.

Immanuel Kant (1724-1804): “Fundamentação da Metafísica dos Costumes”, “A Metafísica


da Moral”, “Princípios metafísicos da doutrina do direito”.
 Relaciona a liberdade, a humanidade e a dignidade. Há um Estado de direito,
constitucional, que assenta numa ideia fundamental, a obediência à lei.
 Para Kant, a paz está diretamente ligada a propriedade privada, afirmando que o
estado de paz do ser será garantido através das leis. A liberdade é um direito inato,
todos ao nascer temos o direito de liberdade, esta liberdade é a raiz da autonomia da
vontade, que é no fundo a autonomia do ser humano.
 Reconhece que todo ser possui direitos inatos inalienáveis, o homem não é uma coisa,
mas sim um fim em si mesmo, o princípio humano.
 Formulou o princípio da dignidade humana, todos temos igual dignidade porque a vida
de cada um de nós não tem preço, de natureza absoluta irrenunciável.

Georg Friedrich Hegel (1770-1831): “A Razão na História”, “Princípios da Filosofia”.


 Defende a liberdade, mas também defende o estado .
 A liberdade é a substância do espírito humano, o alicerce de cada um de nós. A história
da humanidade é a história da luta pela liberdade. A melhor forma de garantir a
liberdade é através do Estado, no Estado cada um de nos se realiza.

Matriz ideológica do constitucionalismo liberal


Principais modelos constitucionais:

 Norte americano: Thomas Paine (1737-1809)


o Caracterizado pela existência de direitos naturais do homem e a vinculação do
poder a determinados fins.
o Todos os homens nascem livres e são iguais, 1 homem = 1 voto pois cada um
de nos é proprietário do governo.
o O fundamento do governo são os direitos do homem. Os direitos devem estar
consagrados na lei, sendo ela a fonte inspiradora da Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão de 1789.
 Britânico: John Stuart Mill (1806-1873)
o Importância da liberdade individual e importância da limitação do poder.
o Há liberdade para tudo, exceto, renunciar à própria liberdade, não podemos,
por exemplo, voluntariamente tornarmo-nos escravos de outro.
o Liberdade de associação tem 2 vertentes: associação económica, permite a
criação de empresas, associação política, permite a criação de partidos
políticos.
 Francês: Benjamin Constant (1767-1830)
o Defensor da soberania do povo, a soberania reside na universalidade dos
cidadãos e não em uma única pessoa. Porém, toda autoridade tem limites,
sendo esta a justiça e os direito individuais, a vontade do povo não pode
tornar justo o que é injusto.
o Essência da propriedade, a participação política pode ser apenas feita por
quem é proprietário.

Declarações constitucionais de direitos do liberalismo


Declaração de Direitos de Virgínia (1776) – Os homens são livres e tem direitos inatos, o
governo tem como fim o bem comum.

Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) – Todos os homens são iguais e
possuem direitos inalienáveis, liberdade ao povo de alterar ou abolir o governo caso o próprio
não cumpra sua função.

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) – Identifica como direitos naturais a
liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. Produto jurídico da
Revolução Francesa e de seus ideais iluministas.

Bill of Rights – O direito de reunião e repartição consagrados, o direito de que ninguém pode
testemunhar contra si próprio e o direito ao silencio.

Constituição francesa (1793) – Foi a primeira constituição a estabelecer direitos sociais, a


igualdade, liberdade, segurança, propriedade e direito de insurreição, isto é, o direito de
levantar armas contra o governo. O Estado deve garantir subsistência, trabalho e instrução.

Constituição portuguesa (1822) – Consagra a instrução de ambos sexos, e o direito a igualdade


e liberdade de todos perante a lei

Constituição Francesa (1848) – Família como base do estado, ordem publica, trabalho, abole a
escravatura, proíbe a censura, proíbe a pena de morte por razoes políticas.
Valores do liberalismo:

1. Centralidade da liberdade, propriedade e da segurança.


2. Limitação do poder do Estado pela divisão de poderes.
3. A ligação entre a vontade da coletividade e a lei pelo parlamento, autor das leis.
4. Igualdade de todos perante a lei.

Crítica a ideologia liberal


A crítica a ideologia liberal vem de 3 diferentes setores:

Pensamento contrarrevolucionário

 Edmund Burke (1729-1797)


o Combate ao modelo emergente da revolução francesa, diz que os direitos
fundamentais são resultados de uma herança histórica, e não de uma
constituição, a tradição tem mais peso que a lei.
o A fonte da liberdade não está nas constituições escritas, mas sim, na
constituição natural, criada através dos costumes, os direitos são continuações
históricas.
 Joseph Maistre (1753-1821)
o A constituição é um produto da vontade do monarca, fonte de liberdade e
direitos. Cabe ao rei elaborar uma constituição escrita, não se chamando
constituição, mas sim carta constitucional.
 Benjamin Constant (1767-1830)
o Reconhece que a liberdade só é possível após a divisão de poderes (Locke e
Montesquieu), trazendo equilíbrio entre os mesmos.
o Une a centralidade do rei com o parlamentarismo, criando assim um poder
moderador, ou 4º poder político.

Pensamento socialista

O socialismo tenta criar uma sociedade, um novo homem

 Socialismo Cristão: Por Saint Simon, não defende a abolição da propriedade, mas
defende a intervenção do Estado.
 Socialismo não marxista:
o Proudhon: A verdadeira liberdade começa quando o Estado acaba, toda
propriedade é roubo e todo Estado é opressor.
o Lassalle: As corporativas são instrumentos de produção, tendo o Estado um
papel intervencionista, mas sem abolir a propriedade privada.
 Socialismo Marxista-leninista: A história é uma constante luta de classes, o que
importa é valorizar o estatuto da classe trabalhadora contra a burguesia. No final
dessa luta, depois da ditadura do proletariado, deve ocorrer a abolição do Estado,
dando a solução anarquista, pois aí já não teríamos opressores.
o Constituição soviética (1977):
 Direitos fundamentais pertencem apenas a classe trabalhadora.
 Subordina os direitos da pessoa ao Estado
 Forte intervencionismo estatal, omnipresente e omnipotente.
Desvalorizando a propriedade e a liberdade.

Doutrina social da igreja


 Papa Leão XIII (rerum novarum) - critica a exploração do trabalho proporcionada pelo
liberalismo. O Estado não pode fechar os olhos aos mais necessitados. O modelo
liberal poe em causa a liberdade individual.
 Princípio da subsidiariedade – Tudo aquilo que uma sociedade de âmbito mais
reduzido pode fazer, não deve ser feito por uma estrutura social mais ampla; tudo
aquilo que pode ser feito pelos particulares, não deve ser feito pelo público, Estado.

O poder político

Conceito: O poder é uma disponibilidade de meios para atingir um fim. O poder tem em si a
possibilidade de impor um comportamento. Não há poder sem autoridade, nem autoridade
sem obediência.

Multiplicidade de tipos de poder

Visível ou invisível

 Invisível – Poder oculto, ex.: influencia, pressão sobre o decisor.


 Visíveis – Expresso, que todos conhecem.

Formal ou informal

 Poder Formal – poder jurídico, texto jurídico


 Poder Informal – uma revolução (age sempre contra a ordem constitucional, e se
torna formal caso seja bem-sucedida).

Legítimo ou ilegítimo

 Poder legítimo – Proveniente de uma norma ou ainda, aquele que se torna legítimo
 Poder ilegítimo – Que é exercido fora dos limites da lei.

Problemas do poder político:


1. Sua Origem:
 Concessão teológica: Deus como fonte do poder ou ainda, o demónio.
 Concessão democrática: o poder vem do povo, soberania popular. Ou ainda, da nação,
o que liga diversas gerações.
 Concessão mista:
o O poder vem de deus, mas com mediação do papa.
o O poder vem de deus, mas com mediação do povo (génese do pensamento
democrático).
2. Os fins:
 O fim não pode ser a satisfação daquele que o exerce, seu fim deve ser o bem comum.

3. A limitação do poder:
 O poder é limitado pelo direito e pela realidade factual.
 A oposição entre Platão e Aristóteles (Governo dos homens vs. Governo das leis), ou
ainda, a divisão do poder de Montesquieu.

4. Legitimação, quando dizer que o poder é legítimo?


a. Como foi adquirido? – caso tenha sido adquirido de forma legal (ex. votação),
o poder é legítimo, caso contrário, ilegítimo.
b. Como é exercido? – caso não esteja de acordo com as normas (ex. abuso de
autoridade), o poder se torna ilegítimo, mesmo tendo sido adquirido de forma
legítima.

Exceção: O poder pode ter sido obtido de forma ilegítima, porém ao exercê-lo,
verifica-se um governo eficaz.

Legitimação do poder
 Poder carismático - alheio ao direito, mas é fundado por uma autoridade sagrada,
militar, heroica, exemplar de alguém. Alguém que pela sua atuação se afirmou como
líder carismático.
 Poder tradicional - fundado na tradição, no decurso do tempo, é legitimo nesse
sentido, linha hereditária
 Poder racional - alicerça-se no direito e é um fenómeno jurídico.

Organização do poder político


Todo o poder político está intimamente ligado ao Estado, mas o Estado
não tem o exclusivo do poder político. O poder político do Estado tem
como instituição jurídica central a Constituição, esta confere juridicidade
ao poder
 Estado de direito – limite imposto pelo direito proveniente do próprio Estado. Pode
ser limitado também pelo direito superior ao Estado (ius cogens).
o Poder constituinte – capacidade de criar, alterar ou abolir leis da constituição.
Esse poder vem do povo e está reservado aos representantes eleitos.
o Poder constituído – criados e regulados pela constituição, como os poderes
executivo, legislativo e judiciário.

O Estado
Evolução histórica:

Estado pré-liberal
 Estado Oriental – Ampla dimensão territorial; ausência de direitos de cidadãos; poder
político centralizado.
 Estado grego: Reduzida dimensão territorial, surgiu as principais conceções filosóficas
a propósito do poder político, génese do conceito de democracia, pátria, não
obediência a uma lei injusta.
 Estado romano: Distinção entre direito privado e público, que fundamentou os
Códigos Civis modernos, relevância da distinção entre património publico e do titular
de poder (esfera pública e esfera pessoal do governante).
 Estado medieval: Caracterizado pela fragmentação do poder entre o rei, a nobreza, a
igreja e os municípios. Surge com Jean Bodin o Estado moderno europeu, o Estado
soberano, não há poder superior ao do rei.
o Estado renascentista: Expansão ultramarina levanta questões relacionadas ao
regimento de territórios fora do continente europeu; intervenção económica,
mercantilismo, monopólios (companhia das índias); concessão jurídica do
poder.
o Estado iluminista: Centralização completa do poder; união do Estado com o
rei (o rei está acima da lei, ele dita, porém, não a exerce); forte intervenção
estatal.

Estado liberal
Vem em sentido contrário ao Estado iluminista.
 Separação de poderes com o propósito de limitar o poder.
 Supremacia da lei, a lei é a expressão da vontade geral, indica a supremacia do
parlamento.
 Igualdade a todos perante a lei.
 Importância dos Direitos Fundamentais.
 Abstencionismo do Estado.

Linha de raciocínio:
1º Quebra do absolutismo do rei com a revolução francesa, a Constituição é feita pelos
revolucionários, sendo imposta ao rei.
2º Restauração da legitimidade monárquica com Benjamin Constant – o rei é titular do
poder constituinte (4ºpoder), surge o conceito de carta constitucional, feita pelo rei.
3º Equilíbrio entre a vontade do monarca e o parlamento, a Carta Constitucional é
revista e alterada pelo parlamento em concordância com o rei.
4º Exclusividade da legitimidade democrática, fim da monarquia com a proclamação da
República.

Estado antiliberal
Caracteriza-se pelos seguintes pensamentos:
 Estado soviético: vigente na Coreia do Norte e parcialmente em Cuba
o Domínio da estrutura económica sobre a política.
o Entendimento que o Estado está a serviço da classe dominante.
o Instauração da ditadura do proletariado.
o Abolição do próprio Estado.
 Estado fascista
 Estado nazi
 Estado de modelo chinês (vigente)
o Politicamente um Estado de partido único centralizado, mas economicamente
capitalista.
Estado pós liberal
Adotado após a 2ª Guerra Mundial.
 Estado herdeiro do liberalismo, defende os direitos fundamentais, a separação de
poderes e a democracia.
 Aprofundamento dos direitos socias, ou seja, os direitos não se limitam a abstenção do
Estado.
 Intervencionismo do Estado para garantia do bem-estar.

Reflexões do Estado pós liberal


 Questão do excesso de intervencionismo do Estado.
 Privatização, menos Estado e mais sociedade civil.
 Crise da democracia, capturada pelos interesses de partidos políticos.
 Existência, afirmação e crescimento de partidos que poem em causa a democracia.

Elementos do Estado
 Povo – Elemento humano do Estado, corresponde ao conjunto de pessoas ligadas ao
Estado através da cidadania. Permite diferenciar o cidadão, o estrangeiro e da
apátrida.
 População – conjunto de pessoas, sejam ou não nacionais que residam no território do
Estado.
 Cidadania – Vínculo entre o indivíduo e o Estado.
o Originaria: cidadania obtida através do nascimento
o Não originaria: obtida através do casamento, naturalização ou adoção.
o Perda da cidadania: Através da vontade do indivíduo, não pode ser imposta
como uma pena. A perda da cidadania é reversível.
o Pluricidadania: Duas ou mais cidadanias, pertence a dois ou mais povos.
 Lei da cidadania
 Nação - conceito de dimensão cultural; formação de uma identidade cultural,
histórica, geográfica e étnica. Fonte de direito constitucional por se assentar na
tradição e nos costumes.

 Território – Limite a autoridade do Estado, pois só dentro das suas fronteiras é que ele
tem poder pleno. Um Estado não pode obrigar, fora de seu território, de acordo com
seu poder, o cumprimento de normas.
o Terrestre: limite físico.
o Aéreo: o espaço aéreo do Estado não permite a circulação de aeronaves sem
autorização.
o Marítima: corresponde ao mar territorial, o Estado tem os mesmos poderes
que exerce no território terrestre.
 Plataforma Continental: Espaço terrestre abaixo do mar, Estado tem
total jurisdição nesse espaço até os fundos marinhos internacionais.
 Zona Contínua: espaço onde o Estado é dono dos achados
arqueológicos, e pode monitorar a área.
 Zona Económica Exclusiva: espaço onde o Estado pode explorar
recursos económicos, vigora a livre navegação.
 Alto Mar: Livre navegação, pertence a todos os Estados.
o Descontinuidade geográfica: parte de um país que não está ligado ao todo
(ex.: Alasca).
Designação do Estado
 Nome: instrumento de identificação do Estado e dos cidadãos, não repetibilidade,
podendo fazer menção a natureza do regime ou religião.
 Reconhecimento do Estado: Para um Estado existir, esse Estado deve ser reconhecido
pela comunidade internacional.
 Símbolos nacionais: Ter uma bandeira e um hino são fundamentais para o
identificação de um Estado.

Formas de Estado
 Estado unitário / Estado simples:
o Centralizado – existe apenas uma pessoa coletiva, o Estado.
o Descentralizado – o Estado partilha o poder com outros órgãos.
 Descentralização político legislativa
 Descentralização administrativa
 Estado composto / Estado complexo:
o Estado federal – Na federação, cria-se órgãos completamente novos, podendo
ter forma monárquica (Canadá) e democrática (EUA)
o União real – união entre dois órgãos pré-existentes, como a união de duas
coroas (Portugal e Brasil)

Federação vs. Confederação


 Federação: presença dos Estados federados e o Estado federal.
o Estados federados:
 Possuem soberania no plano interno (poder constituinte)
 Não possuem soberania no plano externo, isto é, não podem enviar
representantes diplomáticos.
o Estado federado:
 Soberania no plano externo.
 Sujeito de direito interno.
 Confederação: partilha da soberania externa entre a confederação e os Estados
confederados.

Constitucionalismo britânico
 Matriz dominante – Constituição mista de Aristóteles.
 Forma de Estado – Estado unitário regionalizado (descentralizado).
 Regime político – Democracia parlamentar, “a democracia fala inglês”.
 Sistema de governo – Sistema parlamentar de gabinete: monarca (hereditário, possui
poder formal, podendo intervir em crises), gabinete/governo (escolha do primeiro-
ministro e partido através da eleição) e parlamento (bicameral, Câmara dos Comuns
(deputados eleitos pelo povo) e Câmara dos Lordes (nomeação).
o O parlamento pode derrubar uma lei.
o O primeiro-ministro pode dissolver a câmara, levando a eleição de uma nova,
caso a atual não o apoie.
o Membros do parlamento são simultaneamente membros do gabinete
(integração de poderes).
 Direitos e liberdades – Advém dos costumes e da common law como fonte, profundo
enraizamento dos direitos na cultura e na opinião pública.
 Sistema eleitoral – Para a Câmara dos Comuns, sistema maioritário uninominal a uma
volta.
 Sistema de partidos – Bipartidário, Conservador vs. Trabalhista.
 Fiscalização da constitucionalidade – Não possui devido a sua constituição ser
baseada nos costumes.
Principais autores: Aristóteles, Montesquieu e Edmund Burke.

Constitucionalismo norte-americano
 Matriz dominante – moderada, lockeana, direitos fundamentais como limite do
Estado, divisão e equilíbrio de poderes e o controle da constitucionalidade das leis.
 Forma de Estado – Estado Federal (composto), um Estado federal e 50 estados
federados, e sobreposição da Constituição federal sobre a constituição dos estados
federados.
 Regime político – Democracia constitucional.
 Sistema de governo – Presidente eleito pelos colégio eleitorais, um Parlamento
bicameral composto pela Câmara dos Representantes (eleitos pela população) e pelo
Senado (representam os estados federados), e o Supremo Tribunal Federal.
o Poder executivo – Presidente.
o Poder legislativo – Congresso.
o Poder judicial – Tribunais.
 Direitos e liberdades – Provém dos direitos fundamentais dos cidadãos, fundados
pelo Bill of Rights.
 Sistema eleitoral – Para eleição presidencial, sistema maioritário plurinominal, o
partido que tiver a maior quantidade de votos do colégio eleitoral, vence.
 Sistema de partidos – Bipartidário, Democrata vs. Republicano.
 Fiscalização de constitucionalidade – “judicial review”, permite os tribunais, em casos
submetidos a julgamento, decidirem questões de constitucionalidade, sendo a última
palavra a do Supremo Tribunal.

Principais autores: John Locke e Montesquieu.

Constitucionalismo francês
 Matriz Dominante – Possui forte influência de Rousseau quanto à soberania popular, a
lei como expressão da vontade geral, e o constitucionalismo liberal.
 Forma de Estado – Estado unitário descentralizado.
 Regime político – Democracia constitucional.
 Sistema de governo – Sistema híper presidencial. Presidente eleito por sufrágio
universal, Governo, Parlamento bicameral composto pelo Senado e pela Assembleia
Nacional e o Conselho Constitucional.
 Direitos e liberdades – Abrangidos pela Declaração de Direitos do Homem e do
Cidadão de 1789, complementada com a Constituição de 1946.
 Sistema eleitoral – Sistema maioritário uninominal a duas voltas.
 Sistema de partidos - Multipartidário
 Fiscalização de constitucionalidade – Feita pelo Conselho Constitucional junto com o
Conselho de Estado e Tribunal da Cassação, em casos que envolvam violação de
direitos e liberdades.
Questão 1
Compare o PR francês com o PR americano.
R: o PR é mais forte que o PR americano e O PR francês lidera o governo ao mesmo que
lidera a maioria parlamentar que apoia o governo. O PR é um poder comprometido com o
governo. O PR francês é o chefe de governo. O PR francês pode dissolver a Assembleia
Nacional e o Parlamento. O eixo da vida política é o Presidente. Na prática o Governo
depende do Presidente e é politicamente responsável perante o Presidente.

O PR americano não responde perante o Congresso, nem o Congresso depende do


Presidente. O PR americano nao pode dissolver o COngresso, nem pode ser destituído pelo
Congresso (salvo o impeachmento).

Você também pode gostar