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Edição 2015
x(t)
t
x(t); X(ω)
|X(ω)|
t ω
φ
Janeiro de 2015
LATEX
Apontamentos de Vibrações de Sistemas Mecânicos
Ref.: ApontamentosVSM
j. dias rodrigues
Edição 2015
U.PORTO-FEUP-DEMec
Prefácio 2015
i
Conteúdo
Prefácio 2015 i
Lista de Símbolos xi
1 Introdução 1
1.1 Vibrações mecânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Unidade curricular de vibrações mecânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Utilização de software computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 Fundamentos básicos 7
2.1 Vibração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Sistema vibratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2.1 Componentes do sistema vibratório discreto . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Grau de liberdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.4 Classificação da vibração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.5 Classificação do sistema mecânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.6 Classificação da excitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.7 Procedimento em análise de vibrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.8 Modelo matemático: equação de movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.8.1 2a Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.8.2 Princípio d’Alembert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.8.3 Princípio da conservação da energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.8.4 Princípio dos deslocamentos virtuais . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.9 Equação diferencial de movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.10 Linearização da equação de movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
iii
iv CONTEÚDO
JDR
CONTEÚDO v
JDR
vi CONTEÚDO
JDR
CONTEÚDO vii
JDR
viii CONTEÚDO
JDR
CONTEÚDO ix
Bibliografia 383
Índice 385
JDR
x CONTEÚDO
JDR
F amplitude de força
f frequência, /Hz
xi
xii Lista de Símbolos
JDR
Lista de Símbolos xiii
JDR
xiv Lista de Símbolos
JDR
CAPÍTULO 1
Introdução
‘Vibration: The variation with time of the magnitude of a quantity which is des-
criptive of the motion or position of a mechanical system, when the magnitude is
alternately greater and smaller than some average value or reference.’
Definição ISO 2041-1975
1
2 1. Introdução
tura entre em ressonância, dando origem a elevadas deformações ou tensões que possam
levar à sua rotura, situações de instabilidade dinâmica que podem inclusivamente pro-
vocar colapso, forças exageradas transmitidas às fundações, transmissão de vibrações a
outros equipamentos próximos, desgaste prematuro de componentes, manutenção fre-
quente e onerosa dos equipamentos, fadiga de componentes e desconforto humano.
A influência dos fenómenos vibratórios no comportamento em serviço das máquinas
e estruturas tem constituído uma preocupação crescente para o engenheiro. Por um lado,
estes fenómenos são muitas vezes a causa de avarias, quer se trate de rotura de com-
ponentes quer de defeitos dos produtos manufacturados e, por outro lado, pretende-se
cada vez mais que as estruturas mecânicas sejam mais ligeiras e resistam a ambientes
vibratórios severos. As tensões flutuantes causadas pela vibração podem causar roturas
por fadiga e movimentos de sismos e forças do vento podem excitar as estruturas para
elevadas amplitudes de vibração que podem danificar-se severamente. Noutros casos, as
vibrações transportam com elas uma energia acusticamente desagradável. Nestas situa-
ções, a vibração é indesejável e necessita ser eliminada ou reduzida.
Noutras situações, é na vibração que assenta o princípio de funcionamento dos equi-
pamentos e é deliberadamente introduzida nos sistemas. Por exemplo, produzem-se vo-
luntariamente vibrações em transportadores, compactadores, banhos ultrasónicos, mar-
telos pneumáticos, misturadoras de pão, equipamentos de massagem e instrumentos mu-
sicais. As máquinas de ensaios de vibrações são largamente utilizadas para comunicar
um nível de energia vibratória controlada aos produtos ou montagens para os quais se
pretende um estudo do comportamento funcional ou o controlo das capacidades de re-
sistência às vibrações ambientais.
Desde que se começaram a construir máquinas, o engenheiro interessou-se pelos pro-
blemas de vibrações e a necessidade de efectuar análises e medições precisas tornou-se
crescente. No entanto, é na sociedade industrial moderna, onde a preocupação com os
aspectos técnicos e económicos, que se traduz no binómio qualidade-custo, que se revela
a necessidade de inovar e optimizar, o que, aliado a certos factores, tais como regulamen-
tação, acções de grupos de consumidores e competitividade, pressionam os industriais
a manufacturar produtos de melhor qualidade que produzam menos vibrações e me-
nos ruído e que sejam mais ligeiros. Estes requisitos obrigam a encarar as soluções de
engenharia de um modo mais refinado, conduzindo a que o projecto de sistemas e estru-
turas seja tratado de uma forma científica e a um nível tão complexo quanto a utilização
dos meios teóricos e experimentais disponíveis o possibilitem. Em particular, de modo a
resolver efectivamente problemas de vibrações, o engenheiro necessita de modelos mate-
máticos e de técnicas de análise e de cálculo que lhe permitam conhecer as características
vibratórias de um sistema mecânico e simular o seu comportamento dinâmico a excita-
ções diversas. A prevenção e/ou o controlo das vibrações de máquinas e estruturas é,
pois, uma importante consideração do projecto. O engenheiro não só deverá ser capaz
de compreender fisicamente as causas que provocam o problema a estudar, como deverá,
de uma forma simples ou mais complexa, construir o modelo matemático adequado, a
fim de poder propor as soluções mais indicadas. Este procedimento aplica-se preferenci-
almente na fase inicial do projecto, mas também numa fase posterior de desenvolvimento
do mesmo.
É também conhecida a importância que o conceito de fiabilidade tem vindo a adqui-
rir nos últimos tempos. As indústrias aeronáutica e aeroespacial são dois exemplos em
que se reconhece a relevância de estudos extremamente cuidados e rigorosos, dadas as
questões de segurança envolvidas, em que o problema das vibrações é de importância
relevante. Muitos outros exemplos podem ser dados, desde a simples máquina de la-
JDR
1.2. Unidade curricular de vibrações mecânicas 3
var roupa até às suspensões de um automóvel, desde a estrutura de uma ponte até uma
plataforma de petróleo. Apesar de alguns tipos de estruturas exigirem um tratamento
mais específico e elaborado do que outras, antes de se avançar para o estudo de qualquer
uma delas, é necessário ter bem assentes os princípios básicos e compreender o melhor
possível os conceitos fundamentais envolvidos.
O objectivo fundamental do estudo das vibrações mecânicas é, pois, a determinação
do comportamento das máquinas e estruturas quando sujeitas a solicitações dinâmicas,
a fim de se alcançar uma solução mais adequada e rigorosa para os problemas previstos
ou que entretanto surjam durante o ciclo de vida do equipamento. No entanto, quando
ao engenheiro se coloca um problema de vibrações é necessário, para lhe encontrar uma
solução, bem compreender o fenómeno que o produz e, em consequência, saber a que
nível intervir para o resolver.
Na origem das vibrações podem encontrar-se forças dinâmicas criadas pelo próprio
funcionamento das máquinas e que dependem do estado (condição) mecânico das má-
quinas e dos parâmetros de funcionamento (temperatura, velocidade de rotação). Por
isso, as vibrações de máquinas são uma imagem dos seus esforços internos e permitem
ao engenheiro de manutenção vigiar o seu estado mecânico e, em caso de avaria, efectuar
um diagnóstico. No entanto, impõe-se compreender o fenómeno vibratório para definir
as grandezas de diagnóstico e não há um bom diagnóstico sem um bom conhecimento
das avarias e de como elas se manifestam em termos de vibrações.
Também o estudo dos fenómenos acústicos, e do ruído em particular, deve fazer parte
da formação básica do engenheiro mecânico. O som é a sensação auditiva resultante de
variações de pressão do ar, que tem sempre origem numa qualquer fonte de vibração,
pelo que os fenómenos vibratório e acústico estão interligados. A acústica é uma ciência
multidisciplinar que pode interessar aos engenheiros em geral, aos arquitectos, aos físi-
cos, aos músicos e até mesmo aos médicos. Na área do ambiente, o estudo dos fenómenos
acústicos tem conhecido um interesse cada vez mais acrescido.
Ao engenheiro mecânico, ligado ao meio industrial, interessam sobretudo os aspectos
relacionados com o ruído produzido pelas máquinas e com o ruído ambiente nas instala-
ções fabris. Por esta razão se associa normalmente o engenheiro mecânico aos problemas
de ruído e não de acústica, que tem um sentido mais lato, uma vez que se entende co-
mummente ruído como som indesejável.
JDR
4 1. Introdução
• a modelização do sistema;
JDR
1.3. Utilização de software computacional 5
JDR
6 1. Introdução
JDR
CAPÍTULO 2
Fundamentos básicos
2.1 Vibração
A vibração mecânica pode definir-se como sendo um movimento alternado relativamente
a uma posição de referência. A teoria da vibração estuda o movimento oscilatório de
sistemas e as forças dinâmicas associadas.
7
8 2. Fundamentos básicos
D is s ip a ç ã o
E n e r g ia p o t e n c ia l
E n e r g ia c in é t ic a
F o n t e e x t e r io r d e e n e r g ia S o lic it a ç ã o d in â m ic a ( e x c it a ç ã o )
(a) Trocas energéticas (b) Elementos constituintes
G
l y
3 1
l (1 -c o sG )
2
x
m g
Figura 2.2: Pêndulo simples
JDR
2.2. Sistema vibratório 9
x ( t)
m
t
x ( t)
k x ( t)
m
t
x ( t)
Elemento de mola O componente mais comum que relaciona forças com deslocamen-
tos é o elemento de mola elástica representado na figura 2.4a. As molas são geralmente
consideradas desprovidas de massa, de modo que uma força Fk actuante numa das ex-
tremidades tem de ser equilibrada por uma força actuante na outra extremidade de gran-
deza idêntica e de sinal contrário. Devido à força Fk , a mola sofre uma elongação δ igual
à diferença entre os deslocamentos x2 e x1 das extremidades. A curva típica que descreve
Fk como uma função da elongação x2 −x1 está representada na figura 2.4b. A força é pro-
porcional à elongação e a constante de proporcionalidade é o declive k. Para uma mola
linear elástica, a relação entre a força desenvolvida pela mola e a elongação é da forma,
Fk = k (x2 − x1 ) (2.1)
A constante k é designada por constante de mola ou constante de rigidez. A força Fk é
uma força elástica designada por força de restituição elástica porque, para uma mola de-
formada, Fk é a força necessária para que a mola retorne ao estado de não deformada. Em
muitas situações, a configuração não deformada coincide com a configuração de equilí-
brio estático. A unidade da constante de rigidez k é o Newton por metro, N/m.
Elemento amortecedor O elemento que no sistema vibratório relaciona forças com ve-
locidades é, geralmente, designado por amortecedor viscoso e está representado na figura
JDR
10 2. Fundamentos básicos
F k
k
x 2-x 1
x x 0
F k
k F k
2.5a. O amortecedor é também considerado sem massa, de modo que uma força Fc numa
extremidade tem de ser equilibrada por uma força correspondente, igual e de sentido
contrário, na outra extremidade do amortecedor. Para um amortecedor viscoso, a curva
Fc versus ẋ2 − ẋ1 é aproximadamente linear como se representa na figura 2.5b. A relação
entre a força Fc desenvolvida pelo amortecedor viscoso e a velocidade relativa (ẋ2 − ẋ1 )
entre as extremidades do amortecedor é da forma,
. ?
? . .
N 2-N 1
. . 0
N 1 N 2
. ?
? . ?
Elemento de massa No sistema vibratório discreto o elemento que relaciona forças com
acelerações é a massa discreta, figura 2.6a. Da 2a lei de Newton do movimento, a relação
entre a força Fm aplicada à massa m e a aceleração ẍ, referida a um referencial de inércia,
é da forma,
Fm = mẍ (2.3)
JDR
2.2. Sistema vibratório 11
F m
m ..
x
.. 0
x
F m
m
(a) massa (b) relação força-aceleração
JDR
12 2. Fundamentos básicos
G I J k
p e q
J
G ( t) G ( t)
l
(c) veio com volante (d) modelo discreto
Combinação de molas Por vezes, os elementos elásticos ou molas podem ser utiliza-
dos de forma combinada. Apresentam particular interesse as molas ligadas em paralelo,
figura 2.8a, e as molas ligadas em série, figura 2.9a.
Paralelo Numa montagem em paralelo, figura 2.8a, a elongação de cada mola é idêntica,
sendo diferente a força desenvolvida por cada uma e dependente da respectiva
rigidez ki i = 1, . . . , n.
Para n molas com constantes ki i = 1, . . . , n e dispostas em paralelo, a constante de
rigidez equivalente vale,
n
X
keq = k1 + k2 + . . . + kj + . . . kn = ki (2.4)
i=1
Série Numa montagem em série, figura 2.9a, cada mola desenvolve uma força idêntica,
sendo diferente a elongação (deformação) de cada uma delas e dependente da res-
pectiva rigidez ki i = 1, . . . , n.
Da condição de equilíbrio estático, a constante de rigidez equivalente de uma série
JDR
2.3. Grau de liberdade 13
k
x
k x
F F
k n
x k x
e q
F F
(b) mola equivalente
x 1 x 2 x 3 ... x n
k 1 k 2 k n
F F
(a) molas em série
x k x n
e q
F F
(b) mola equivalente
JDR
14 2. Fundamentos básicos
( (
livre não amortecida
Vibração Vibração
forçada amortecida
(a) excitação (b) amortecimento
JDR
2.6. Classificação da excitação 15
G J
G J
x v ( x ,t)
...
v 3 v 2
v 1
JDR
16 2. Fundamentos básicos
{
h a r m ó n ic a
{
p e r ió d ic a
n ã o h a r m ó n ic a
{
d e t e r m in ís t ic a
{
im p u ls iv a
E x c it a ç ã o n ã o p e r ió d ic a
n ã o d e t e r m in ís t ic a t r a n s ie n t e
f (t)
t t
(a) determinística (periódica) (b) aleatória
t t
(a) harmónica (b) não harmónica
f (t)
t t
(a) impulsiva (b) transiente
JDR
2.7. Procedimento em análise de vibrações 17
x 2( t)
m 2
k 2 c 2
F 0s in M t x 1( t)
m 1
k 1 c 1
1. Modelo físico
JDR
18 2. Fundamentos básicos
( a ) s is t e m a r e a l
v
k 2 c 2
k 2 c 2
m m
k c
k 1 k 1
( b ) m o d e lo fís ic o ( c ) m o d e lo fís ic o
JDR
2.8. Modelo matemático: equação de movimento 19
k c k @ k c
@ .
k ( @ + x ) c x
m m
. ..
+ x ( t) m x x m
x
m g
R e fe r ê n c ia m g
( p o s iç ã o d e e q u ilíb r io e s t á t ic o )
Refira-se que, para um sistema suportado na posição de equilíbrio estático por forças
elásticas, as forças da gravidade e/ou os seus momentos actuantes no sistema são equili-
brados pelas forças e/ou momentos produzidos pelos elementos elásticos nessa posição,
figura 2.18.
Diferentes metodologias podem ser adoptadas para o estabelecimento das equações
de movimento. Entre elas estão os teoremas vectoriais da dinâmica (2a lei de Newton, prin-
cípio d’Alembert) e os métodos energéticos (princípio da conservação de energia, princípio
dos trabalhos virtuais, princípio de Hamilton, equações de Lagrange). As equações de
movimento de sistemas vibratórios apresentam-se, geralmente, na forma de sistemas de
equações diferenciais ordinárias para os sistemas discretos e equações diferenciais de de-
rivadas parciais para os sistemas contínuos.
Os métodos vectoriais da 2a lei de Newton e do princípio d’Alembert e os métodos
energéticos da conservação de energia e dos trabalhos virtuais são sumariamente revi-
sitados nesta secção enquanto que o princípio de Hamilton e as equações de Lagrange
serão objecto de apresentação posterior neste texto.
F = Q̇ M O = K O, (2.6)
JDR
20 2. Fundamentos básicos
k c
m
x ( t)
Figura 2.19: Sistema em movimento de translação
D C L D C L
k c k @ k c
@ .
k ( @ + x ) c x
m m
. ..
+ x ( t) m x x m
x
m g
R e fe r ê n c ia m g
( p o s iç ã o d e e q u ilíb r io e s t á t ic o )
mg − kδ = 0, (2.9)
Note-se que, para um sistema suportado na posição de equilíbrio estático por forças
elásticas, a força da gravidade actuante no sistema é equilibrada pela força desenvolvida
pelo elemento elástico nessa posição.
JDR
2.8. Modelo matemático: equação de movimento 21
F − Fj = 0 M O − M jO = 0, (2.11)
d
(T + U ) = 0, (2.13)
dt
obtém-se a equação diferencial de movimento do sistema conservativo.
m
x ( t)
Figura 2.21: Sistema em movimento de translação
1
T = mẋ2 . (2.14)
2
O diagrama da força da mola mostra que a variação na energia de deformação Ue
para um deslocamento x da massa a partir da sua posição de equilíbrio estático, onde a
mola já possui uma elongação δ relativamente ao seu comprimento livre, corresponde à
área tracejada na figura 2.22 e é dada pela expressão:
Z δ+x
Ue = kxdx (2.15)
δ
JDR
22 2. Fundamentos básicos
Ug = −mgx. (2.16)
1
U = Ue + Ug = kx2 + mgx − mgx
2 (2.17)
1 2
= kx
2
d d 1 2 1 2
(T + U ) = mẋ + kx
dt dt 2 2 (2.18)
= (mẍ + kx) ẋ.
Como ẋ 6= 0 vem:
mẍ + kx = 0, (2.19)
k k @ k
@ k ( @ + x )
m m
. ..
+ x ( t) m x x m
x
m g
m g
F k
1 k x 2
k ( @ + x ) 2
1 k @ 2
2
k @ = m g
@ x x
JDR
2.9. Equação diferencial de movimento 23
f( t)
k x ( t)
c m
k x ( t)
. m f( t)
c x ( t)
(b) Diagrama de corpo livre
JDR
24 2. Fundamentos básicos
x (t = 0) = x0 ẋ (t = 0) = ẋ0 . (2.22)
O comportamento vibratório do sistema é, assim, definido pela equação diferencial
de movimento (2.21) e pelas condições iniciais (2.22) de deslocamento e de velocidade.
k
O G B
x
y A
G ( t) M ( t) c
b
l
k @
x
y
R Oy P = m g
JDR
2.10. Linearização da equação de movimento 25
−−→ −→
onde os vectores OG e OA valem,
cos θ cos θ
−−→ ` −→
OG = sin θ , OA = ` sin θ , (2.24)
2
0 0
x
y G +
M ( t)
R Oy P = m g .
c b G c o sG
k @ + k l s in G
Figura 2.26: Diagrama de corpo livre para equilíbrio dinâmico
−−→
O vector posição OB vale,
−−→ cos θ
OB = b sin θ , (2.29)
0
−
→ −
→ −
→
e o momento motor M (t) e as forças desenvolvidas pelo amortecedor Fc e pela mola Fk
escrevem-se,
0 0 0
−
→ −
→ −
→
M (t) = 0 , Fc = −c bθ̇ cos θ , Fk = −k ` sin θ + δ , (2.30)
M (t) 0 0
JDR
26 2. Fundamentos básicos
ε2
cos (θ) = cos(a + ε) = cos(a) − ε sin(a) − cos(a) + . . . , (2.33a)
2!
ε2
sin (θ) = sin(a + ε) = sin(a) + ε cos(a) −
sin(a) + . . . . (2.33b)
2!
Sendo o ponto regular a = 0, tem-se ε = θ e as funções cos(θ) e sin(θ) escrevem-se,
θ2 θ4
cos (θ) = 1 − + − ..., (2.34a)
2! 4!
θ3 θ5
sin (θ) = θ −
+ + .... (2.34b)
3! 5!
Considerando-se apenas o primeiro termo da série, as funções cos(θ) e sin(θ) em torno
de 0 podem aproximar-se por,
ε2 00 εm m
1
f (x) = f (a + ε) = f (a) + εf 0 (a) + 2!
f (a) + ... + m!
f (a)
JDR
2.10. Linearização da equação de movimento 27
1
sin θ, θ, cos θ, 1
sin θ, cos θ
θ,1
0
0 5 10 15 20 25 30
θ /◦
(a) sin θ ≈ θ e cos θ ≈ 1
20
15 sin θ cos θ
ε /%
10
5
0
0 5 10 15 20 25 30
θ /◦
(b) erro relativo
JDR
28 2. Fundamentos básicos
JDR
CAPÍTULO 3
3.1 Introdução
Um sistema diz-se em regime livre ou natural na ausência de solicitação exterior sendo a
vibração livre ou natural do sistema devida somente a uma perturbação inicial de deslo-
camento e/ou velocidade.
x (t = 0) = x0 , ẋ (t = 0) = ẋ0 . (3.2)
Em regime livre, a equação diferencial de movimento é uma equação diferencial linear
ordinária de segunda ordem na variável tempo e homogénea.
A equação diferencial de movimento (3.1) admite uma solução não trivial ou não nula
de forma exponencial,
29
30 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
x ( t)
k
c m
( a ) S is t e m a v ib r a t ó r io
k x ( t)
. m
c x ( t)
( b ) D ia g r a m a d e c o r p o liv r e
onde C e s são parâmetros a determinar. Derivando (3.3) duas vezes em ordem ao tempo,
obtém-se, sucessivamente,
ms2 + cs + k Cest = 0.
(3.5)
Para que a solução (3.3) seja não trivial, tem de verificar-se a condição C 6= 0. Da
equação anterior decorre então a seguinte condição,
ms2 + cs + k = 0, (3.6)
que se designa por equação característica da equação diferencial de movimento e cujas
raízes definem o expoente da exponencial (3.3). A equação característica (3.6) apresenta,
em geral, duas raízes distintas que valem,
√ r
−c ± c2 − 4mk c c 2 k
s1,2 = =− ± − . (3.7)
2m 2m 2m m
Em consequência, existem duas soluções independentes do tipo (3.3) para a equação
de movimento (3.1) e que são,
JDR
3.3. Amortecimento crítico 31
onde C1 e C2 são duas constantes a determinar a partir das duas condições iniciais de
deslocamento e de velocidade, x (t = 0) = x0 e ẋ (t = 0) = ẋ0 .
De acordo com a solução (3.9), a resposta do sistema a uma perturbação inicial de-
pende, naturalmente, das condições iniciais, mas também das raízes s1 e s2 cuja natu-
reza, conforme (3.7), depende das propriedades mecânicas do sistema, nomeadamente
da massa, da rigidez e do amortecimento. Para melhor caracterizar o movimento de
resposta a uma perturbação inicial introduzem-se de seguida alguns parâmetros caracte-
rísticos do sistema vibratório.
c
ξ= . (3.13)
cc
Substituindo na expressão anterior cc pela expressão (3.11), a razão de amortecimento
vem
c
ξ= . (3.14)
2mωn
Recorrendo à definição de amortecimento crítico e da razão de amortecimento, após
divisão de todos os termos de (3.1) por m, obtém-se a forma canónica da equação dife-
rencial de movimento que se escreve,
JDR
32 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
JDR
3.6. Sistema não-amortecido 33
r
k
s1,2 = ±j = ±jωn (3.17)
m
√
onde j = −1 representa o operador complexo. As raízes s1 e s2 são, pois, distintas e
complexas imaginárias puras.
x (t = 0) = x0 = A1 ẋ (t = 0) = ẋ0 = ωn A2 . (3.21)
determinam-se as constantes A1 e A2 que valem,
ẋ0
A1 = x 0 .
A2 = (3.22)
ωn
Finalmente, substituindo as constantes A1 e A2 em (3.19), a expressão da resposta em
regime livre vem
ẋ0
x (t) = x0 cos ωn t + sin ωn t, (3.23)
ωn
a qual se pode ainda escrever na forma (ver figura 3.3) 1
JDR
34 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
−1 A2 −1 ẋ0
φ = tan = tan . (3.26)
A1 x 0 ωn
Assim, a resposta em regime livre do sistema
q não amortecido é um movimento har-
k
mónico de amplitude A, de frequência ωn = m e ângulo de fase φ. Refira-se que a
amplitude A e o ângulo de fase φ dependem das condições iniciais aplicadas enquanto
que ωn apenas dependeqdas propriedades mecânicas k e m.
k
A frequência ωn = m é, pois, a frequência de oscilação do movimento natural de
resposta a uma perturbação inicial, designando-se, por isso, por frequência natural de
vibração não amortecida do sistema. Na figura 3.4 representa-se a evolução no tempo da
resposta livre ou natural do sistema não-amortecido.
x(t) /m
0
t /s
Figura 3.4: Resposta livre ou natural do sistema não amortecido
JDR
3.7. Sistema sub-amortecido 35
√ √
−ξωn +jωn 1−ξ 2 t −ξωn −jωn 1−ξ 2 t
x (t) = C1 e + C2 e
√ √
+jωn 1−ξ 2 t −jωn 1−ξ 2 t
= e−ξωn t C1 e + C2 e
h p p i (3.29)
= e−ξωn t (C1 + C2 ) cos ωn 1 − ξ 2 t + j (C1 − C2 ) sin ωn 1 − ξ 2 t
h p p i
= e−ξωn t A1 cos ωn 1 − ξ 2 t + A2 sin ωn 1 − ξ 2 t ,
h p p i
ẋ (t) = e−ξωn t −ξωn A1 + ωn 1 − ξ 2 A2 cos ωn 1 − ξ 2 t
h p p i (3.30)
+e−ξωn t −ξωn A2 − ωn 1 − ξ 2 A1 sin ωn 1 − ξ 2 t .
ẋ0 + ξωn x0
A1 = x0 A2 = p . (3.31)
ωn 1 − ξ 2
A substituição das constantes A1 e A2 em (3.29) conduz, finalmente, à expressão da
resposta livre ou natural do sistema sub-amortecido,
" #
ẋ + ξω x p
0
p n 0 sin ωn 1 − ξ 2 t
p
−ξωn t
x (t) = e x0 cos ωn 1 − ξ 2 t + (3.32)
ωn 1 − ξ 2
que pode ainda escrever-se na seguinte forma (ver figura 3.3 na página 34)
p
x (t) = Ae−ξωn t cos ωn 1 − ξ 2 t − φ
(3.33)
= Ae−ξωn t cos (ωd t − φ),
onde
p
ωd = ωn 1 − ξ2 (3.34)
representa a frequência natural amortecida e as constantes A e φ são dadas pelas expres-
sões
JDR
36 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
v
u ẋ + ξω x 2
q u !
0 n 0
A = A21 + A22 = t p + x20 , (3.35)
ωn 1 − ξ 2
A2 ẋ0 + ξωn x0
φ = tan−1 = tan−1 p . (3.36)
A1 ωn 1 − ξ 2 x0
A análise da expressão (3.33) revela que o movimento de resposta livre ou natural é
um movimento oscilatório de frequência angular ωd constante, designada por frequência
natural amortecida, e cuja amplitude Ae−ξωn t decresce de forma exponencial com o tempo,
figura 3.5. As exponenciais ±Ae−ξωn t constituem a envelope da resposta oscilatória, fi-
gura 3.6. Quando t → ∞, a resposta x (t) → 0, de modo que a resposta atenua-se no
tempo e o sistema regressa à posição de equilíbrio estático (posição anterior à aplicação
da perturbação inicial).
x(t) /m
0
t /s
Figura 3.5: Resposta livre ou natural do sistema sub-amortecido
Ae−ξωn t
x(t) /m
−Ae−ξωn t
0
t /s
Figura 3.6: Resposta livre do sistema sub-amortecido e envelope
p
A frequência angular ωd = ωn 1 − ξ 2 é designada por frequência natural de vibração
amortecida, e é sempre menor que a frequência natural de vibração não amortecida ωn
(ωd < ωn ) . As duas frequências naturais podem ainda relacionar-se entre si pela expres-
são,
2
ωd
+ ξ 2 = 1. (3.37)
ωn
JDR
3.7. Sistema sub-amortecido 37
ωd
Na figura 3.7 representa-se o lugar geométrico da razão ωn em função da razão de
amortecimento ξ.
ωd
Figura 3.7: Lugar geométrico de ωn em função de ξ
p
ẋ (t) = −Ae−ξωn t ωn ξ cos (ωd t − φ) + 1 − ξ 2 sin (ωd t − φ)
p
= Ae−ξωn t ωn ξ 2 + (1 − ξ 2 ) cos (ωd t − φ − ψ) (3.39)
ou então,
2n − 1
ωd t − φ = π. (3.42)
2
Resolvendo a equação anterior, a resposta nula ocorre nos instantes
2n − 1
1
t|x(t)=0 = π+φ . (3.43)
ωd 2
JDR
38 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
ou ainda,
ξ
(tan (ωd t − φ)) = − p . (3.45)
1 − ξ2
Resolvendo a equação anterior, os instantes de velocidade nula e deslocamento má-
ximo (extremo) são,
! !
1 ξ
t|ẋ(t)=0 = tan−1 − p +φ . (3.46)
ωd 1 − ξ2
h p p i
x (t) = e−ξωn t A1 cos ωn 1 − ξ 2 t + A2 sin ωn 1 − ξ 2 t
(3.48)
= e−ξωn t [A1 cos (ωd t) + A2 sin (ωd t)],
A1 cos ωd t → A1 , (3.49)
A2 sin ωd t → A2 ωd t. (3.50)
Assim, para ξ = 1 , a resposta é dada pela expressão,
JDR
3.9. Sistema sobre-amortecido 39
0
0
ẋ (t) = A2 e−ωn t − A1 + A2 t ωn e−ωn t , (3.53)
0
t /s
Figura 3.8: Resposta livre ou natural do sistema criticamente amortecido
JDR
40 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
√ √
−ξωn +ωn ξ 2 −1 t −ξωn −ωn ξ 2 −1 t
x (t) = C1 e + C2 e
√ √ (3.58)
ξ 2 −1t ξ 2 −1t
= e−ξωn t C1 eωn + C2 e−ωn ,
p p
x0 ωn ξ + ξ 2 − 1 + ẋ0 −x0 ωn ξ − ξ 2 − 1 − ẋ0
C1 = p C2 = p . (3.59)
2ωn ξ 2 − 1 2ωn ξ 2 − 1
√ √
A1 + A2 ωn ξ2 −1 t A1 − A2 −ωn ξ2 −1 t
x (t) = e−ξωn t e + e
2 2
√ √ √ √
ωn ξ 2 −1 t −ωn ξ 2 −1 t ωn ξ 2 −1 t −ωn ξ 2 −1 t
e +e e −e
= e−ξωn t A1 + A2 .
2 2
(3.60)
ξωn x0 + ẋ0
A1 = x 0 A2 = p . (3.62)
ωn ξ 2 − 1
A análise da expressão (3.61) da resposta livre ou natural evidencia que, no caso do
sistema sobre-amortecido, a resposta livre ou natural é não oscilatória e atenua-se expo-
nencialmente com o tempo, conforme se pode observar na figura 3.9.
Na figura 3.10 representa-se a resposta livre ou natural do sistema com um grau de
liberdade a uma perturbação inicial de deslocamento e de velocidade para os diferentes
valores da razão de amortecimento ξ.
2 ex −e−x ex +e−x
sinh x = 2
cosh x = 2
JDR
3.10. Decremento logarítmico 41
x(t) /m
0
t /s
Figura 3.9: Resposta livre ou natural do sistema sobre-amortecido
ξ>1 ξ=0
ξ=1 0<ξ<1
x(t) /m
0
t /s
Figura 3.10: Resposta livre ou natural do sistema
JDR
42 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
x(t) /m 0
t1 t2 = t1 + T
0
t /s
Figura 3.11: Resposta livre ou natural
2π 2π
T = = p , (3.66)
ωd ωn 1 − ξ 2
o termo cos (ωd (t1 + T ) − φ) no denominador de (3.65) vale,
x (t1 )
δ = ln = ξωn T , (3.69)
x (t2 = t1 + T )
onde δ representa o decremento logarítmico. Substituindo na expressão anterior o pe-
ríodo T pela expressão (3.66), obtém-se uma relação entre o decremento logarítmico e a
razão de amortecimento,
2πξ
δ=p , (3.70)
1 − ξ2
donde se pode determinar a razão de amortecimento a partir do valor do decremento
logarítmico,
δ
ξ=q . (3.71)
(2π)2 + δ 2
JDR
3.10. Decremento logarítmico 43
Refira-se que para valores baixos da razão de amortecimento, ξ < 5%, a expressão
(3.70) pode ser aproximada, utilizando a expansão em série de Taylor e retendo apenas o
primeiro termo da série, por,
δ∼
= 2πξ, (3.72)
sendo a razão de amortecimento aproximada por,
δ
ξap =
. (3.73)
2π
Para ilustrar a precisão de (3.73), a razão entre o valor exacto de ξ fornecido por (3.71)
e o valor aproximado dado por (3.73) está representada na figura 3.12 em função do valor
aproximado de ξ, ξap. . Este gráfico permite corrigir o valor da razão de amortecimento
obtido pela expressão aproximada.
0.99
ξ/ξap
0.98
0.97
0.96
0.95
0 0.1 0.2 0.3
ξap
x (t1 )
ln = ξωn T N = δN . (3.75)
x (t2 = t1 + N T )
JDR
44 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
x(t) /m
0
t1 tN = t1 + N T
0
t /s
Figura 3.13: Resposta natural
1 x (t1 )
δ= ln , (3.76)
N x (t2 = t1 + N T )
a partir do qual se pode determinar a razão de amortecimento pelas expressões (3.71) ou
(3.73).
Na figura 3.14 representa-se, em função da razão de amortecimento ξ, o número de
ciclos que o sistema tem de efectuar até que a redução de amplitude seja de 50%. Note-se
que, para ξ = 10%, a amplitude reduz-se de 50% num ciclo.
10
N para reduzir x(t) de 50%
2
1
0
0 5 10 15 20
ξ /%
JDR
3.11. Método da energia de Rayleigh 45
esses erros, o decremento logarítmico pode ser calculado utilizando a resposta do sistema
para vários instantes. Com efeito, a expressão (3.76) pode escrever-se na forma,
A expressão (3.77) representa a equação de uma recta sendo a abcissa o número inteiro
N de períodos e a ordenada o logaritmo da resposta. Em consequência, a representação
semi-logarítmica da resposta em função do número inteiro de períodos constitui uma
recta de declive igual ao simétrico do decremento logarítmico, −δ. Assim, considerando
a resposta do sistema em vários instantes, o decremento logarítmico pode determinar-se
através do ajustamento de um recta pelo método dos mínimos quadrados, minimizando-
se o erro associado à leitura dos valores de resposta. Na figura 3.15 representa-se a res-
posta natural do sistema e considera-se o seu valor para uma série de instantes aos quais
é ajustada a recta de declive igual a −δ, conforme se representa na figura 3.16.
x(t) /m
0
t1 t2 = t1 + T t3 = t1 + 2T t4 = t1 + 3T
0
t /s
Figura 3.15: Resposta natural
medição
ajustamento
ln(x(ti + N T ))
−δ
0
0
N
Figura 3.16: Ajustamento de uma recta para o decremento logarítmico
JDR
46 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
onde T (t) representa a energia cinética do sistema e V (t) a variação na energia potencial
do sistema a partir da sua energia potencial na posição de equilíbrio estático.
x ( t)
k
m
1
V (t) = k (x(t))2 . (3.81)
2
Após introdução da resposta em deslocamento (3.79), vem
1
V (t) = kA2 cos2 (ωn t − φ) . (3.82)
2
Por outro lado, a energia cinética instantânea vale
1
T (t) = mẋ (t)2 . (3.83)
2
Após substituição da velocidade (3.80), obtém-se
1
T (t) = mωn2 A2 sin2 (ωn t − φ) . (3.84)
2
JDR
3.12. Sistemas com grau de liberdade angular 47
A análise das expressões (3.82) e (3.84) mostra que, quando o termo cos (ωn t − φ) = 0,
a energia potencial é nula e o sistema passa pela posição de equilíbrio estático. No mesmo
instante, sin (ωn t − φ) = ±1, de modo que no instante em que cos (ωn t − φ) = 0 a energia
cinética atinge o seu valor máximo. De forma idêntica, quando cos (ωn t − φ) = ±1 e
sin (ωn t − φ) = 0, a energia potencial atinge o seu valor máximo e a energia cinética é
nula. No entanto, para um sistema conservativo, a energia total é constante, donde se
conclui que
JDR
48 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
l
k t
M t G ( t) k tG M t
(a) sistema com grau de liberdade an- (b) diagrama de corpo li-
gular vre
k
O G B
x
y A
G ( t) M ( t) c
b
l
JDR
3.12. Sistemas com grau de liberdade angular 49
b2 c θ̇ + |{z}
JO θ̈ + |{z} `2 k θ = M (t), (3.94)
|{z}
meq ceq keq
meq = JO , (3.95a)
ceq = b2 c, (3.95b)
keq = `2 k. (3.95c)
A frequência natural não amortecida e a razão de amortecimento, de acordo com as
expressões (3.12) e (3.14) valem,
s s
keq `2 k
ωn = = , (3.96)
meq JO
ceq b2 c
ξ= = . (3.97)
2meq ωn 2JO ωn
JDR
50 3. Sistema com 1 gdl: Regime livre
JDR
CAPÍTULO 4
4.1 Introdução
f( t) = F s in M t
x ( t) x ( t)
m m
k c y ( t) = Y s in M t
k c
fu n d a ç ã o b a se m ó v e l
(a) (b)
51
52 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
f( t) = F c o sM t
x ( t)
k
c m
Figura 4.2: Modelo do sistema com um grau de liberdade em regime forçado harmónico
k x ( t)
m F c o sM t
.
c x ( t)
Figura 4.3: Diagrama de corpo livre do sistema com um grau de liberdade em regime
forçado harmónico
A solução geral x (t) da equação diferencial ordinária (4.2) compreende duas compo-
nentes, a solução xh (t) da equação homogénea e a solução particular xp (t),
JDR
4.4. Resposta estacionária ou permanente 53
xh (t)
0
0
+
xp (t)
0
=
x(t) = xh (t) + xp (t)
0
t
e representa a vibração livre do sistema que decai com o tempo, conforme o amorteci-
mento viscoso presente no sistema e as condições iniciais de deslocamento e de veloci-
dade impostas.
JDR
54 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
k − mω 2 B1 + cωB
2=F . (4.10)
−cωB1 + k − mω 2 B2 = 0
A solução do sistema (4.10) são as constantes B1 e B2 que valem,
F k − ω2m
F (ωc)
B1 = 2 B2 = . (4.11)
(k − ω 2 m) + (ωc) 2
(k − ω 2 m)2 + (ωc)2
Assim, a solução particular xp (t) correspondente à resposta estacionária pode escrever-
se na forma,
F k − ω2m
F (ωc)
xp (t) = 2 cos ωt + sin ωt. (4.12)
2
(k − ω m) + (ωc) 2
(k − ω m)2 + (ωc)2
2
k c 2ξ
ωn2 = , = . (4.13)
m k ωn
Obtém-se então,
2
F
F m 2
1 − ωωn
k 1− kω
k
B1 = 2 2 = 2 2 2 , (4.14)
1− m ω 2 + c
ω ω
k k 1 − ωn + 2ξ ωωn
F c F ω
k kω k 2ξ ωn
B2 = 2 = 2 2 2 . (4.15)
m c
1− ω2 + ω2
ω ω
k k 1 − ωn + 2ξ ωn
F
, Xs = (4.17)
k
as expressões (4.14) e (4.15) para B1 e B2 escrevem-se,
Xs 1 − β 2
Xs (2ξβ)
B1 = 2 , B2 = . (4.18)
(1 − β 2 ) + (2ξβ) 2
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
Em consequência, a resposta permanente ou estacionária xp (t) escreve-se,
Xs
1 − β 2 cos ωt + 2ξβ sin ωt ,
xp (t) = (4.19)
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
JDR
4.5. Resposta total 55
ou ainda na forma,
Xs
xp (t) = q cos (ωt − φ)
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2 . (4.20)
= X (ω) cos (ωt − φ)
Xs
X (ω) = q , (4.21a)
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
B2 2ξβ
φ = tan−1 = tan−1 . (4.21b)
B1 (1 − β 2 )
Note-se que quer a amplitude X (ω) quer o ângulo de fase φ dependem da frequência
de excitação ω.
X (ω) 1
µ= =q . (4.22)
Xs
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
JDR
56 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
t
Figura 4.5: Resposta do sistema: componente transitória e estacionária
x(t)
t
Figura 4.6: Resposta do sistema em regime forçado harmónico
JDR
4.6. Características da resposta estacionária ou permanente 57
β β 2 + 2ξ 2 − 1
∂µ (β, ξ)
=h iq
∂β 2 2
2
(1 − β ) + (2ξβ) (1 − β 2 ) + (2ξβ)2
(4.27)
β β 2 + 2ξ 2 − 1
=h i 3 = 0.
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
2
∂µ(β,ξ)
O factor de amplificação dinâmica µ apresenta valores extremos para ∂β =0,o
que, de acordo com (4.27), ocorre para β = 0 e para,
β 2 + 2ξ 2 − 1 = 0. (4.28)
Resolvendo a equação anterior, o máximo absoluto da factor de amplificação ou da
amplitude de resposta, ocorre para uma razão de frequências,
p
β|µmax = 1 − 2ξ 2 (4.29)
e o seu valor máximo obtém-se por substituição de β na expressão (4.26),
1
µmax = p . (4.30)
2ξ 1 − ξ 2
A frequência de excitação para a qual o factor de amplificação dinâmica é máximo
designa-se por frequência de ressonância de amplitude de deslocamento, e de (4.16) e
(4.29) vale,
p
ωr = ωn 1 − 2ξ 2 . (4.31)
Em relação à frequência natural amortecida e não amortecida, a frequência de resso-
nância de amplitude de deslocamento verifica a relação ωr < ωd < ωn .
Refira-se que podem também definir-se frequências de ressonância de amplitude de
velocidade e de aceleração. No entanto, doravante utiliza-se a designação abreviada
‘frequência de ressonância’ para referir a frequência de ressonância de amplitude de des-
locamento.
Na figura 4.7 apresenta-se uma representação paramétrica do factor de amplificação
dinâmica em função da frequência de excitação, tendo como parâmetro a razão de amor-
tecimento.
Da análise conjunta das expressões (4.26) e (4.27) e da figura 4.7 decorrem alguns dos
seguintes aspectos relevantes para a caracterização da resposta estacionária do sistema.
Assim, verifica-se que,
JDR
58 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
ξ=0
ξ = 0.1
μ
ξ = 0.2
ξ = 0.3
ξ = 0.5
ξ = 0.7
ξ=1
1
0
0 1
ω
β= ωn
• A amplitude
p de resposta máxima ocorre para uma frequência de excitação ωr =
2
ωn 1 − 2ξ designada por frequência de ressonância de amplitude;
1
• Para β = 1 , ou ω = ωn , o factor de amplificação dinâmica é igual µ = 2ξ , verificando-
se que é inversamente proporcional à razão de amortecimento;
JDR
4.6. Características da resposta estacionária ou permanente 59
2 ξ = 0.2
ξ = 0.1
ξ =0
0
1
ω
β= ωn
Figura 4.8: Ângulo de fase φ em função da razão de frequências β tendo como parâmetro
a razão de amortecimento ξ
– em fase: φ = 0 se β = 0 (ω = 0) ;
π
– em quadratura de fase: φ = 2 se β = 1 (ω = ωn ) ;
– em oposição de fase: φ = π se β → ∞ (ω >> ωn ) .
JDR
60 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
F 1 π
x (t) = e−ξωn t (A1 cos ωd t + A2 sin ωd t) + cos ωt − (4.32)
k 2ξ 2
ou,
F 1
x (t) = e−ξωn t (A1 cos ωd t + A2 sin ωd t) + sin ωt. (4.33)
k 2ξ
Admitindo condições iniciais nulas, x0 = ẋ0 = 0 , as constantes A1 e A2 vêm,
F 1 ω
A1 = 0, A2 = − . (4.34)
k 2ξ ωd
Introduzindo as constantes A1 e A2 na expressão (4.33) acima obtém-se,
−ξωn t F 1 ω F 1
x (t) = e − sin ωn t + sin ωt
k 2ξ ωd k 2ξ
(4.35)
F 1 ω
= −e−ξωn t sin ωn t + sin ωt .
k 2ξ ωd
F 1
x (t) ∼
= 1 − e−ξωn t sin ωt. (4.36)
k 2ξ
Verifica-se, assim, que a resposta para β = 1 aumenta gradualmente com o tempo
na fase transitória e tende assimptoticamente para o valor limite Fk 2ξ
1
correspondente à
amplitude estacionária, figura 4.9. O número de ciclos necessários para que a resposta
com β = 1 atinja a amplitude estacionária Fk 2ξ
1
depende do valor do amortecimento do
sistema.
F 1
k 2ξ
x(t)
− Fk 1
2ξ
0
t
JDR
4.6. Características da resposta estacionária ou permanente 61
exprime que a soma das forças actuantes sobre o sistema é nula e pode reescrever-se na
forma,
JDR
62 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
f( t) = F c o sM t
x ( t)
k
c m
( a ) S is t e m a v ib r a t ó r io
k x ( t)
. m F c o sM t
c x ( t)
( b ) D ia g r a m a d e c o r p o liv r e
JDR
4.8. Sistema não amortecido 63
ωc
γ = tan−1 = tan−1 2ξβ. (4.49)
k
Após substituição da amplitude X (ω) obtém-se:
q
F k + (ωc)2
fT (t) = q cos (ωt − ψ)
k
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
q
1 + (2ξβ)2 , ψ = φ + γ. (4.50)
=Fq cos (ωt − ψ)
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
= FT cos (ωt − ψ)
• β → ∞ ∴ T R → 0;
√ √
• para β > 2 ou ω > 2ωn , a transmissibilidade diminui à medida que o amorteci-
mento diminui;
√ √
• isolamento de vibração, T R < 1, sse β > 2 ou ω > 2ωn , independentemente do
amortecimento presente no sistema.
JDR
64 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
ξ =0
ξ = 0.1
FT (ω)
ξ = 0.2
F
TR =
ξ = 0.3
ξ = 0.5
ξ = 0.7
0 √
0 1 2
β = ωωn
f( t) = F c o sM t
x ( t)
k
m
X (ω) 1
µ= = (4.56)
Xs |1 − β 2 |
• Fase:
0 para β < 1 (ω < ωn )
φ= (4.57)
π para β > 1 (ω > ωn )
JDR
4.8. Sistema não amortecido 65
F F
f (t)
f (t)
0 0
t t
X X
x(t)
x(t)
0 0
t t
(a) β < 1 (ω<ωn ) (b) β > 1 (ω>ωn )
JDR
66 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
• β > 1 (ω > ωn );
• β = 1 (ω = ωn ).
1 v0
x (t) = x0 − Xs 2
cos (φ) cos ωn t + sin ωn t
|1 − β | ωn
(4.65)
1
+ Xs cos (ωt)
|1 − β 2 |
2π 2π
ω ωn
x(t)
1 v0 1
x (t) = x0 + Xs cos ωn t + sin ωn t + Xs cos (ωt − π)
|1 − β 2 | ωn |1 − β 2 |
1 v0 1
= x0 + Xs 2
cos ωn t + sin ωn t − Xs cos (ωt) (4.66)
|1 − β | ωn |1 − β 2 |
1 v0 1
= x0 + Xs 2 cos ωn t + sin ωn t − Xs 2 cos (ωt)
β −1 ωn β −1
Caso 3: β = 1 (ω = ωn )
Para β < 1 (ω < ωn ) a resposta x (t) pode ainda escrever-se na forma:
v0 cos ωt − cos ωnt
x (t) = x0 cos ωn t + ωn sin ωn t + Xs 2 (4.67)
1 − ωωn
JDR
4.8. Sistema não amortecido 67
2π
2π ωn
x(t) ω
d
cos ωt − cos ωn t (cos
dω ωt − cos ωn t)
lim 2 = lim 2
ω→ωn ω ω→ωn
d ω
1 − ωn dω 1 − ωn
!
−t sin ωt (4.68)
= lim
ω→ωn − ω2ω2
!n
t sin ωn t 1
= 2 = ωn t sin ωn t
ω
2
n
v0 Xs
x (t) = x0 cos ωn t + sin ωn t + ωn t sin ωn t (4.69)
ωn 2
0
t
JDR
68 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
4.8.5 Batimento
Para uma frequência de excitação ω próxima da frequência natural ωn do sistema, ocorre
um fenómeno designado por batimento. Neste tipo de vibração, a amplitude do movi-
mento aumenta e diminui de uma forma regular.
A resposta x (t) para condições iniciais nulas, x (t = 0) = ẋ (t = 0) = 0 :
1
x (t) = Xs (cos ωt − cos ωn t)
1 − β2
. (4.70)
ω − ωn
1 ω + ωn
= Xs 2 sin t sin t
1 − β2 2 2
Para uma frequência de excitação ligeiramente inferior à frequência natural,
ωn − ω = 2ε ∴ ωn + ω ∼
= 2ω. (4.71)
Introduzindo estes resultados na expressão de x(t), obtém-se
1
x (t) = Xs sin εt sin ωt. (4.72)
1 − β2
Como ε é muito pequena, a função sin εt varia muito lentamente, isto é, o seu período,
igual a 2π
ε , é muito grande. Assim, a expressão para x (t) pode ser entendida como re-
presentando uma vibração com período 2π 1
ω e de amplitude variável igual a Xs 1−β 2 sin εt,
ver figura 4.18.
x(t)
0
t
JDR
4.9. Movimento harmónico da base 69
Figura 4.19: Modelo do sistema com um grau de liberdade com excitação harmónica da
base
Assim, a elongação da mola elástica é dada por x (t) − y (t) e a velocidade relativa
entre as duas extremidades do amortecedor é dada por ẋ (t) − ẏ (t) .
x + ( t)
m
. .
k ( x -y ) c ( x -y )
Figura 4.20: Diagrama de corpo livre
JDR
70 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
sendo
ωc
γ = tan−1 = tan−1 2ξβ. (4.78)
k
q
A excitação pelo movimento da base é equivalente a uma força harmónica Y k 2 + (ωc)2 cos (ωt +
aplicada ao sistema.
q
Y k 2 + (ωc)2
x (t) = q cos (ωt + γ − φ)
k
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
q
1 + (2ξβ)2 , ψ =φ−γ (4.79)
=Yq cos (ωt − ψ)
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
= X (ω) cos (ωt − ψ)
2ξβ 3
ψ = tan−1 . (4.81)
1 − β 2 + (2ξβ)2
Deve notar-se que a amplitude de resposta X (ω) é proporcional à amplitude Y do
movimento imposto ao apoio.
JDR
4.9. Movimento harmónico da base 71
ξ =0
ξ = 0.1
X(ω)
ξ = 0.2
Y
TR =
ξ = 0.3
ξ = 0.5
ξ = 0.7
0 √
0 1 2
β = ωωn
Figura 4.21: Transmissibilidade de deslocamento em função da razão de frequência
∂ (T R (β, ξ))
=0 (4.83)
∂β
que conduz ao seguinte valor da razão de frequências, βr , para a condição de ressonância,
1 hp i1/2
βr = β |T Rmax = 1 + 8ξ 2 − 1 . (4.84)
2ξ
O valor máximo da amplitude de resposta pode agora ser determinado substituindo
(4.84) na expressão (4.82), obtendo-se,
" p #1/2
1 + 8ξ 2
T Rmax = 4ξ 2 p . (4.85)
2 + 16ξ 2 + (16ξ 4 − 8ξ 2 − 2) 1 + 8ξ 2
Da análise da figura 4.21 devem notar-se, entre outros, os seguintes aspectos relevan-
tes:
JDR
72 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
Y ω2m
z (t) = q cos (ωt − φ)
k
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
β2 (4.88)
=Yq cos (ωt − φ)
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
= Z (ω) cos (ωt − φ)
β2
Z (ω) = Y q . (4.89)
(1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
Transmissibilidade relativa
A razão entre a amplitude Z (ω) do movimento relativo z (t) e a amplitude Y do movi-
mento y (t) da base designa-se por transmissibilidade relativa T Rr :
Z (ω) β2
T Rr = =q . (4.90)
Y 2 2 2
(1 − β ) + (2ξβ)
JDR
4.10. Regime harmónico e exponencial complexa 73
ξ =0
ξ = 0.1
ξ = 0.2
Z
Y
TR =
ξ = 0.3
ξ = 0.5
ξ = 0.7 ξ = 0.9
ξ =1
0
0 1
ω
β= ωn
f( t) = F e jM t
x ( t)
k
c m
Figura 4.23: Modelo do sistema com um grau de liberdade em regime forçado harmónico
JDR
74 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
−ω 2 m + jωc + k X̄(jω) = F
(4.96)
cuja solução fornece o valor de X̄ (jω),
1
X̄(jω) = F . (4.97)
(k − ω 2 m) + jωc
Assim, a resposta permanente ou estacionária pode escrever-se na forma,
X (ω) = X̄ (jω)
1 ωc
=F , φ = tan−1 . (4.100)
1/2 k − ω2m
(k − ω 2 m)2 + (ωc) 2
JDR
4.11. Função de resposta em frequência 75
X(ω) = X̄ (jω)
1 1
=Fp =F p
(k − ω 2 m)2 + (ωc)2 k (1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
F 1 (4.102)
= p
k
|{z} (1 − β 2 )2 + (2ξβ)2
X
| {z }
s
µ
= Xs µ
F 1
onde Xs = k representa o deslocamento estático e µ = √ o factor de ampli-
(1−β 2 )2 +(2ξβ)2
ficação dinâmica, reencontrando-se, assim, o resultado anteriormente estabelecido.
X̄ (jω)
α(jω) = . (4.103)
F
Substituindo X̄ (jω) pela expressão (4.97), obtém-se para a função receptância,
1
α(jω) = . (4.104)
(k − ω 2 m) + jωc
Deve notar-se que a função de resposta em frequência é uma função complexa da
variável independente frequência (ω) e depende apenas das propriedades mecânicas do
sistema (m, c, k). É, pois, uma característica intrínseca do sistema que pode utilizar-se
para caracterizar o comportamento vibratório do sistema directamente no domínio da
frequência. A função de resposta em frequência constitui, por isso, um modelo represen-
tativo do sistema, designado por modelo de resposta em frequência.
A função de resposta em frequência α (jω) contém informação sobre a amplitude do
movimento de resposta (para uma força de amplitude unitária), dada pelo respectivo
módulo ou magnitude, e sobre o desfasamento entre a resposta e a excitação, dado pelo
respectivo argumento. Com efeito, a função receptância α (jω) pode escrever-se na forma,
JDR
76 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
k − ω2m
Re (α(jω)) = , (4.108a)
(k − ω 2 m)2 + (ωc)2
ωc
Im (α(jω)) = − , (4.108b)
(k − ω m)2 + (ωc)2
2
π
0
φ
−π
0
ω
Figura 4.24: Função receptância-Diagrama de Bode
JDR
4.11. Função de resposta em frequência 77
Re(α)
0
Im(α) 0
0
ω
Figura 4.25: Função receptância-Parte real e imaginária
0
Im(α)
0
Re(α)
V̄ (jω)
Y (jω) =. (4.110)
F
Tendo em conta as relações (4.94), a função mobilidade pode exprimir-se como,
V̄ (jω) jω X̄ (jω)
Y (jω) = = = jωα (jω) . (4.111)
F F
Assim, para a função mobilidade obtém-se a seguinte expressão,
1
Y (jω) = jω (4.112)
(k − ω 2 m) + jωc
onde as partes real e imaginária de Y (ω) valem, respectivamente,
ω2c
Re [Y (jω)] = , (4.113a)
(k − ω 2 m)2 + (ωc)2
ω k − ω2m
Im [Y (jω)] = , (4.113b)
(k − ω 2 m)2 + (ωc)2
JDR
78 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
ω
|Y (jω)| = , (4.114a)
1
2 2 2
(k − ω 2 m) + (ωc)
k − ω2m
φ = tan−1 . (4.114b)
ωc
Na figura 4.27 representa-se o diagrama de Bode da função mobilidade e na figura 4.28
estão representadas as partes real e imaginária.
|Y (jω)|
π
0
φ
−π
0
ω
Figura 4.27: Função mobilidade-Diagrama de Bode
Re(Y )
0
Im(Y )
0
ω
Figura 4.28: Função mobilidade-Parte real e imaginária
1 2
2
1
Re [Y (jω)] − + (Im [Y (jω)])2 = , (4.115)
2c 2c
a qual representa uma circunferência cujas coordenadas do centro e respectivo raio va-
lem,
1 1
(xc ; yc ) = ;0 , r= . (4.116)
2c 2c
JDR
4.11. Função de resposta em frequência 79
0
Re(Y )
Ā (jω)
A (jω) = . (4.117)
F
Tendo em conta as relações (4.94), a função acelerância pode exprimir-se como,
Ā (jω) jω V̄ (ω)
A (jω) = = = jωY (jω) (4.118)
F F
ou
Ā (jω) −ω 2 X̄ (jω)
A (jω) = = = −ω 2 α (jω) . (4.119)
F F
Considerando a expressão (4.118) ou a expressão (4.119), a função acelerância é dada
pela seguinte função,
ω2
A (jω) = − . (4.120)
(k − ω 2 m) + jωc
Separando as partes real e imaginária da acelerância obtém-se,
k − ω2m ω2
Re [A (jω)] = − , (4.121a)
(k − ω 2 m)2 + (ωc)2
ω 2 ωc
Im [A (jω)] = . (4.121b)
(k − ω 2 m)2 + (ωc)2
JDR
80 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
ω2
|A (jω)| = , (4.122a)
1
2
(k − ω 2 m)2 + (ωc) 2
ωc
φ = tan−1
. (4.122b)
k − ω2m
Na figura 4.30 representa-se a função acelerância através da sua magnitude e fase
enquanto que na figura 4.31 representam-se as partes real e imaginária.
|A(jω)|
π
0
φ
−π
0
ω
Figura 4.30: Função acelerância-Diagrama de Bode
Re(A)
0
Im(A)
0
0
ω
Figura 4.31: Função acelerância-Parte real e imaginária
JDR
4.11. Função de resposta em frequência 81
Im(A)
0
Re(A)
JDR
82 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
log(|α|)
−log(k)
−2log(ω) − log(m)
log(ω)
−log(ω) − log(m)
log(ω) − log(k)
log(ω)
(b) Mobilidade
log(|A|)
−log(m)
2log(ω) − log(k)
log(ω)
(c) Acelerância
JDR
4.12. Vibração provocada por um desequilíbrio em rotação 83
m m 0 e M 2s in M t m 0 e M 2s in M t m
0 e M 2
2 2
0 e M 2
2 2
m M t M t m
0 e M 2c o s M t e e 0 e M 2c o s M t
2 2
M m 0 m 0 M
2 2
x ( t)
m
k c k
2 2
m 0 e M 2s in M t m 0 e M 2s in M t
2 2
m .. m
0 e M 2c o s M t m x 0 e M 2c o s M t
2 2
k x . k x
c x
2 2
k @ m g k @
2 2
(b) Diagrama de corpo livre
JDR
84 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
mX (ω) β2
=h i1/2 (4.126a)
m0 e
(1 − β 2 )2 + (2ξβ) 2
−1 2ξβ
φ = tan (4.126b)
1 − β2
A variação de mX (ω) /m0 e com a razão de frequências β para diferentes valores de ξ
mostra-se na figura 4.35. Da figura 4.35 e da equação (4.126a) pode observar-se:
6
ξ =0
5
ξ = 0.1
4
mX(ω)
m0 e
3 ξ = 0.3
ξ = 0.5
2 ξ = 0.7
0
ξ = 0.9
0 1 2 3 ...
ω
r= ωn
JDR
4.13. Vibração induzida por escoamentos 85
cρv 2 A
f (t) = sin (2πf t) (4.130)
2
onde c representa o coeficiente de arrasto (c ∼= 1 para um cilindro e para 4 × 102 < Re <
3 × 105 ), A é a área projectada do cilindro perpendicularmente a v e f é frequência de
desprendimento dos vórtices.
JDR
86 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
+ H L 2)
B J = s in 2 F BJ
2
L @
v sin θ
f =S (4.132)
d
onde v sin θ é a componente da velocidade perpendicular à estrutura.
L s in G
JDR
4.13. Vibração induzida por escoamentos 87
forma cilíndrica. Para objectos con outras formas, as equações (4.130) e (4.131) mantêm-
se válidas com o número de Strouhal e o coeficiente de arrasto apropriados à forma em
análise.
Controlo da vibração Como soluções que provaram ser eficientes na redução da vibra-
ção induzida por escoamentos causada pelo desprendimento de vórtices, pode apontar-
se a solução que consiste em aumentar a capacidade de dissipação de energia presente
no sistema pela introdução de amortecimento adicional sob a forma de amortecedores
fluidos, ou então revestir a estrutura com materiais de elevado amortecimento, tais como
elastómeros e aglomerados de cortiça, sob a forma de tratamentos superficiais.
A modificação da superfície do sistema de modo a impedir a formação dos vórtices
constitui uma outra solução. Uma técnica que se tem revelado muito eficiente para estru-
turas de forma cilíndrica como, por exemplo, chaminés industriais, consiste na colocação
de "spoilers"helicoidais como se representa na figura 4.38.
Uma outra solução consiste na modificação estrutural de modo que a frequência na-
tural do sistema se afaste das frequências de desprendimento dos vórtices, evitando-se,
assim, a ocorrência de condições de ressonância.
JDR
88 4. Sistema com 1 gdl: Regime harmónico
JDR
CAPÍTULO 5
5.1 Introdução
Uma excitação periódica é gerada por uma forma de excitação durante um intervalo de
tempo fixo, designado por período, que se repete regularmente ao longo do tempo, fi-
gura 5.1. Uma excitação periódica, mas não harmónica, pode ser representada por uma
soma de funções harmónicas usando a análise harmónica representada pela série de Fou-
rier. Pelo princípio da sobreposição de efeitos, a resposta do sistema pode ser determi-
nada pela sobreposição das respostas devidas às funções harmónicas individuais presen-
tes na expansão em série de Fourier da excitação periódica.
T
f (t)
t
Figura 5.1: Excitação periódica
89
90 5. Sistema com 1 gdl: Regime periódico
f (t) = f (t + nT ), (5.1)
T
F
f (t)
−F
t
Figura 5.2: Excitação periódica
ZT
2
Ap = f (t) cos (pωt) dt, p = 0, . . . , ∞, (5.3a)
T
0
ZT
2
Bp = f (t) sin (pωt) dt, p = 1, . . . , ∞. (5.3b)
T
0
F0 = A0 (5.5a)
q
Fp = A2p + Bp2 p = 1, 2, . . . , ∞. (5.5b)
Bp
ψp = tan−1 p = 1, 2, . . . , ∞. (5.5c)
Ap
Na expansão (5.4),
F0
• 2 representa o valor médio da excitação periódica;
JDR
5.3. Resposta estacionária 91
2π
• F1 cos (ωt − ψ1 ) é o harmónico fundamental de frequência ω = T idêntica à da
excitação periódica;
F0
mẍ0 (t) + cẋ0 (t) + kx0 (t) = ; (5.7a)
2
F0
x0 (t) = . (5.8)
2k
Utilizando a resposta estacionária (4.20) estabelecida para o regime harmónico, a res-
posta estacionária correspondente a cada termo harmónico de ordem p escreve-se,
Fp 1
Xp (ω) = q , (5.10a)
k 2
1 − βp2 + (2ξβp )2
2ξβp
φp = tan−1 . (5.10b)
1 − βp2
JDR
92 5. Sistema com 1 gdl: Regime periódico
De acordo com a expressão anterior, a resposta estacionária x (t) a uma excitação pe-
riódica apresenta, entre outras, as seguintes características:
1 1
µp = q 2 =q . (5.14b)
2
1− βp2 + (2ξβp ) (1 − p2 β 2 )2 2
+ (2ξpβ)
1 1
Xp (ω) = Xsp q 2 = Xsp q , (5.15)
1 − βp2 + (2ξβp )2 2 2 2
(1 − p β ) + (2ξpβ) 2
JDR
5.3. Resposta estacionária 93
f (t)
+ +
+ +
+ +
+ +
+ +
... ...
=
x(t)
JDR
94 5. Sistema com 1 gdl: Regime periódico
da qual se infere que a amplitude Xp dos harmónicos diminui na razão inversa do qua-
drado da ordem p. Para sistemas ligeiramente amortecidos, a amplitude dos harmónicos
de ordem superior vale, aproximadamente,
1
Xp (ω) ∼
= Xsp 2 2 . (5.17)
p β
1 2ξβ
tan φp = 1 . (5.18)
p p2
− β2
1
Para os harmónicos de ordem superior, como p2
→ 0, a fase vale aproximadamente,
2ξ
tan φp ∼
=− , (5.19)
pβ
isto é, a fase φp → π.
No entanto, deve referir-se que para ωr ∼
= pω, o harmónico de ordem p cria condições
de ressonância no sistema, de modo que nestas condição a amplitude Xp pode assumir-se
como predominante no espectro de resposta do sistema, ainda que se verifique o facto de
que Fp < F1 , figura 5.4.
JDR
5.3. Resposta estacionária 95
Fp
1 2 3 4 5 ...
p
(a) espectro de Fp
ωr <≈ ω
Xp
1 2 3 4 5 ...
p
(b) espectro de Xp para ωr <≈ ω
ωr ≈ pω
Xp
1 2 3 4 5 ...
p
(c) espectro de Xp para ωr ≈ pω
• A amplitude dos harmónicos de x (t) decresce mais rapidamente que a dos harmó-
nicos de f (t), desde que a sua frequência pω seja superior a aproximadamente uma
vez e meia a frequência ωr ;
JDR
96 5. Sistema com 1 gdl: Regime periódico
H Exemplo
A força exterior periódica f (t) representada na figura 5.5 actua sobre um sistema massa-
mola-amortecedor (oscilador elementar) em regime permanente.
T
F0
f (t)
−F0
0
t
Figura 5.5: Solicitação periódica f (t)
i) ωn = 0.8ω ξ = 0.05
ii) ωn = 5.3ω ξ = 0.05
Resolução
a) Cálculo do espectro da função de excitação f (t) e da respectiva resposta x(t) do sis-
tema
O espectro de f (t) é dado pela expressão,
∞
F0 X
f (t) = + Fp cos (pωt − ψp )
2
p=1
q
B
onde Fp = A2p + Bp2 e ψp = tan−1 App são determinados a partir dos coeficientes Ap e
Bp do desenvolvimento em série de Fourier dados pelas expressões (5.3).
Neste caso particular, a função f (t) é par, isto é, f (t) = f (−t). Assim, os coeficientes
Bp p = 1, 2, . . ., são nulos. Além disso, o valor médio da função é nulo pelo que o
coeficiente F0 é também nulo. Em consequência, os coeficientes de Fourier Fp e ψp
vêm,
0
Fp = |Ap | ψp = .
π
JDR
5.3. Resposta estacionária 97
T
F
0≤t≤ 4
T 3T
f (t) = −F 4 ≤t≤ 4 .
3T
F 4 ≤t≤ T
!
T /4 3T /4 T
2
Z Z Z
Ap = F cos pωtdt + (−F ) cos pωtdt + F cos pωtdt
T 0 T /4 3T /4
2F 1 T /4 3T /4 T
= sin pωt
− sin pωt
+ sin pωt
T pω 0 T /4 3T /4
2F T 2π T /4 2π 3T /4 2π T
= sin p t − sin p t + sin p t
T p2π T 0 T T /4 T 3T /4
F π 3π π 3π
= sin p − sin p − sin p + sin p2π − sin p
pπ 2 2 2 2
2F π 3π
= sin p − sin p
pπ 2 2
Como sin p 3π π
2 = − sin p 2 ,
4F
pπ
p = 1, 5, 9, . . .
4F π
Ap = sin p = − 4F
pπ p = 3, 7, 11, . . .
pπ 2 0 p par
∞
F0 X
f (t) = + Fp cos (pωt − ψp )
2
p=1
4F 1 1 1
= cos (ωt) + cos (3ωt − π) + cos (5ωt) + cos (7ωt − π) + . . . .
π 3 5 7
JDR
98 5. Sistema com 1 gdl: Regime periódico
F0
t
(a) f (t) e aproximação por série de Fourier
F0
f (t), Σfp (t)
−F0
t
(b) aproximação para diferente número de termos
∞
X
mẍ (t) + cẋ (t) + kx (t) = Fp cos (pωt − ψp ) .
p=1
∞
X
x (t) = Xp (ω) cos (pωt − φp − ψp )
p=1
onde a amplitude Xp (ω) e a fase φp dos harmónicos presentes na resposta são dadas
pelas expressões,
Fp 1
Xp (ω) = Xsp µp = k
q ,
2 2 2 2
(1 − p β ) + (2ξpβ)
2ξpβ
ψp = tan−1 ,
1 − p2 β 2
com β = ωωn e onde Xsp e µp designam, respectivamente, o deslocamento estático e o
factor de amplificação dinâmica correspondentes a cada harmónico.
JDR
5.3. Resposta estacionária 99
Fp /F 1
π
π
ψ
2
0
1 3 5 7 9
p
p F 4F
Xp Xsp µp pπk 4
= F = Fk µp = F µp = µp
Xs K k k
pπ
4 1
= q .
pπ
(1 − p2 β 2 )2 + (2ξpβ)2
ω
Caso i) ωn = 0.8ω ∴ β = ωn = 1.25 e ξ = 0.05
Xp 4 1
= q
Xs pπ
(1 − 1.562p2 )2 + (0.125p)2
ω
Caso ii) ωn = 5.3ω ∴ β = ωn = 0.189 e ξ = 0.05
Xp 4 1
= q
Xs pπ
(1 − 3.56 × 10−2 p2 )2 + (3.56 × 10−3 p)2
Fp Xp F
b) Representação gráfica das razões F e Xs (Xs = k e p = 1, 2, 3, . . . , 9) para os primei-
ros nove harmónicos.
Na tabela 5.1 apresentam-se os resultados para os primeiros 9 harmónicos.
p 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Fp
F 1.2732 0 0.4244 0 0.2546 0 0.1819 0 0.1415
Xp
i) Xs 2.2096 0 0.0325 0 0.0067 0 0.0024 0 0.0011
Xp
ii) Xs 1.3200 0 0.6224 0 1.7572 0 0.2406 0 0.0748
JDR
100 5. Sistema com 1 gdl: Regime periódico
1
10
0
10
Fp /F −1
10
−2
10
−3
10
1 3 5 7 9
p
(a) espectro de magnitude da excitação
1
10
0
10
Xp /Xs
−1
10
−2
10
−3
10
1 3 5 7 9
p
(b) espectro de magnitude da resposta: Caso i)
1
10
0
10
Xp /Xs
−1
10
−2
10
−3
10
1 3 5 7 9
p
(c) espectro de magnitude da resposta: Caso ii)
JDR
5.3. Resposta estacionária 101
i)
1 ◦ harmónico
harmónicos superiores
x(t)
t
Figura 5.9: Resposta no tempo: contribuição dos harmónicos no Caso i)
ii) 5 ◦ harmónico
1 ◦ harmónico
3 ◦ harmónico
x(t)
t
Figura 5.10: Resposta no tempo: contribuição dos harmónicos no Caso ii)
i)
x(t)
t
Figura 5.11: Resposta no tempo: Caso i)
N
JDR
102 5. Sistema com 1 gdl: Regime periódico
ii)
x(t)
t
Figura 5.12: Resposta no tempo: Caso ii)
JDR
CAPÍTULO 6
6.1 Introdução
Para uma excitação não periódica arbitrária, a resposta do sistema pode ser determinada
pelos seguintes métodos:
Neste texto apresentam-se os dois primeiros métodos indicados. Uma força (ou um
deslocamento imposto) de excitação não periódica apresenta, em geral, uma grandeza
que varia com o tempo e actua durante um determinado intervalo de tempo designado
por tempo de actuação. Na figura 6.1 representam-se exemplos de solicitações não perió-
dicas.
103
104 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
δ (t − τ ) = 0 para t 6= τ
Z +∞
(6.3)
δ (t − τ ) dt = 1
−∞
f (t) = F̃ δ (t − τ ) . (6.4)
Para uma sistema em repouso, isto é, com condições iniciais nulas, ao qual é aplicada
no instante t = 0 uma força impulsiva f (t) = F̃ δ (t), a equação diferencial de movimento
e respectivas condições iniciais escrevem-se,
JDR
6.2. Resposta a uma força impulsiva 105
x (t = 0) = x0 = 0 ẋ (t = 0) = ẋ0 = 0. (6.6)
x (t = 0) = x0 = 0, (6.8a)
F̃
ẋ (t = 0) = ẋ0 = . (6.8b)
m
Considerando então a expressão da resposta em regime livre ou natural de um sis-
tema sub-amortecido,
−ξωn t ẋ0 + ξωn x0
x (t) = e x0 cos ωd t + sin ωd t , (6.9)
ωd
e introduzindo as condições iniciais (6.8), obtém-se a resposta do sistema a uma força
impulsiva aplicada no instante t = 0,
1 −ξωn t
x (t) = F̃ e sin ωd t. (6.10)
mωd
Para um impulso unitário, F̃ = 1, (f (t) = δ (t)), a resposta do sistema designa-se por
função de resposta impulsiva e representa-se, normalmente, por h (t),
1 −ξωn t
h (t) = e sin ωd t. (6.11)
mωd
JDR
106 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
x (t) = F̃ h (t − τ ) , (6.13)
onde h (t − τ ) representa a função de resposta impulsiva para um impulso unitário apli-
cado no instante t = τ ,
1 −ξωn (t−τ )
h (t − τ ) = e sin ωd (t − τ ) . (6.14)
mωd
Nas figuras 6.4 e 6.5 representam-se as respostas de um sistema a forças impulsivas
F̃ δ (t) e F̃ δ (t − τ ) aplicadas, respectivamente, nos instantes t = 0 e t = τ .
x(t)
0
t
JDR
6.3. Resposta a uma solicitação transiente 107
x(t)
0 τ
t
B J
B J
... ...
J J ? J
@ J
Figura 6.6: Solicitação transiente f (t) como uma série de forças impulsivas f (τ )
dx (t) = f (τ ) dτ h (t − τ ) , (6.15)
onde (t − τ ) é o argumento da função de resposta impulsiva e representa o tempo decor-
rido desde a aplicação do impulso até ao instante t. A resposta no instante t será, pois,
dada pela soma das respostas de cada um dos impulsos elementares e exprime-se pelo
integral
Z t
x (t) = f (τ ) h (t − τ ) dτ. (6.16)
0
JDR
108 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
ẋ0 + ξωn x0
x (t) = e−ξωn t x0 cos ωd t + sin ωd t
ωd
Z t (6.18)
1
+ f (τ ) e−ξωn (t−τ ) sin ωd (t − τ ) dτ ,
mωd 0
p
onde ωd = ωn 1 − ξ 2 representa a frequência natural amortecida e x0 e ẋ0 representam,
respectivamente, as condições iniciais de deslocamento e de velocidade.
Após substituição dos limites de integração, a resposta x(t) do sistema é dada pela
expressão,
JDR
6.3. Resposta a uma solicitação transiente 109
" !#
F0 ξ
x (t) = 1 − e−ξωn t cos ωd t + p sin ωd t . (6.21)
k 1 − ξ2
Para um sistema não amortecido, (ξ = 0), a expressão (6.21) da resposta simplifica-se
na forma,
F0
x (t) = (1 − cos ωn t) . (6.22)
k
Na figura 6.8 representa-se a resposta para diferentes valores da razão de amorteci-
mento ξ. A análise das expressões (6.21) e (6.22) e do gráfico da resposta permite concluir
que o sistema responde com um movimento harmónico à frequência natural em torno da
posição correspondente ao deslocamento estático Fk0 , e que o valor máximo da resposta
pode atingir o valor 2 Fk0 . Note-se, pois, a diferença, em termos do deslocamento a que
o sistema está sujeito, conforme uma força constante de valor igual a F0 seja aplicada de
forma estática ou de forma dinâmica.
ξ = 0% ξ = 5% ξ = 10%
2
Xmax /(F0 /k)
0
t
t t
F0
Z Z
x (t) = f (τ ) h (t − τ ) dτ = e−ξωn (t−τ ) sin ωd (t − τ )dτ (6.23)
0 mωd 0
JDR
110 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
2
2 2 2
do integral e manipulação algébrica, tendo em conta que mωn = k e
e, após resolução
ωd = ωn 1 − ξ , obtém-se,
" !#t
F0 −ξωn (t−τ ) ξ
x (t) = e cos ωd (t − τ ) + p sin ωd (t − τ ) . (6.24)
k 1 − ξ2 0
Para 0 ≤ t ≤ tc , os limites de integração na expressão (6.24) são, respectivamente, 0 e
Rt
t, ( 0 . . . dτ ), e a resposta transiente x (t) com 0 ≤ t ≤ tc vem,
" !#
F0 −ξωn t ξ
x (t) = 1−e p sin ωd t + cos ωd t . (6.25)
k 1 − ξ2
Rt
Para t > tc , os limites de integração na expressão (6.24) são 0 e tc , ( 0 c . . . dτ ), e a
resposta transiente x (t) com t > tc vale,
"
F0 −ξωn t ξ
x (t) = e − cos ωd t − p sin ωd t
k 1 − ξ2
!# (6.26)
ξωn tc ξ
+e cos ωd (t − tc ) + p sin ωd (t − tc ) .
1 − ξ2
Na figura 6.10-a) e b) representa-se a resposta de um sistema amortecido, com ξ =
10%, a uma solicitação transiente ‘rectangular’ para, respectivamente, tc > T2n e tc < T2n .
ξ = 10% ξ = 10%
x(t)
x(t)
0 0
0 0
t t
Tn Tn
(a) tc > 2
(b) tc < 2
F0
(1 − cos ωn t) .
x (t) = (6.27)
k
Analisando a expressão (6.27), verifica-se que a resposta aumenta até t = T2n = ωπn ,
valendo nesse instante, x t = T2n = 2 Fk0 . Assim, durante a fase de carregamento, 0 ≤
x (t)max = (6.28)
2 Fk0 para tc ≥ T2n .
JDR
6.4. Movimento transiente da base 111
F0
x (t) = (cos ωn (t − tc ) − cos ωn t) . (6.29)
k
O instante para o qual a resposta x (t) atinge o valor máximo é determinado anulando
a velocidade ẋ (t), o que conduz ao seguinte resultado:
(2n − 1) π
1
t= tc + n = 1, 2, . . . . (6.30)
2 2ωn
Após substituição na expressão (6.29), o valor máximo da resposta durante a fase
t > tc vem,
F0 ωn t c
x (t)max = 2
sin . (6.31)
k 2
Comparando as expressões (6.28) e (6.31), pode concluir-se que a resposta máxima é
dada pelas seguintes expressões:
( F
2 k0 para tc > T2n na fase 0 ≤ t ≤ tc
x (t)max = . (6.32)
2 Fk0 sin ωn2tc para tc < T2n na fase t > tc
Note-se que, para tc > T2n , a resposta máxima ocorre durante a fase de carregamento
enquanto que, para tc < T2n , a resposta máxima ocorre num instante após a remoção da
carga (fase de regime livre). Na figura 6.11-a) e b) representa-se a resposta de um sistema
não amortecido a uma solicitação transiente rectangular para, respectivamente, tc > T2n e
tc < T2n .
ξ =0 ξ =0
x(t)
x(t)
0 0
0 0
t t
Tn Tn
(a) tc > 2
(b) tc < 2
JDR
112 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
Por analogia com a equação (6.16) e aplicando o integral de Duhamel, a resposta ab-
soluta x (t) é dada pela expressão,
Z t
x (t) = (ky (τ ) + cẏ (τ )) h (t − τ ) dτ
0
Zt Zt
= ky (τ ) h (t − τ ) dτ + cẏ (τ ) h (t − τ ) dτ
0 0
Zt (6.34)
k −ξωn (t−τ )
= y (τ ) e sin ωd (t − τ ) dτ
mωd
0
Zt
c
+ ẏ (τ ) e−ξωn (t−τ ) sin ωd (t − τ ) dτ
mωd
0
Z t
z (t) = −m ÿ (τ ) h (t − τ ) dτ
0
Zt (6.36)
1 −ξωn (t−τ )
=− ÿ (τ ) e sin ωd (t − τ ) dτ .
ωd
0
JDR
6.5. Espectro de resposta ao choque 113
Z t
z (t) = m ẏ (0) h (t) − ẏ (τ ) ḣ (t − τ ) dτ (6.37)
0
x ( t) m a x
r e s p o s t a m á x im a
a d im e n s io n a l
F
k
tc
T n
t e m p o ( fr e q u ê n c ia ) a d im e n s io n a l
JDR
114 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
1 t
Z
x (t)|max = f (τ ) sin ωn (t − τ ) dτ . (6.40)
mωn 0
max
Refira-se que o valor máximo da resposta pode ocorrer quer durante a fase de apli-
cação do choque (fase I), quer na fase subsequente ao choque, isto é, na fase de vibração
livre do sistema (fase II), dependendo do tipo de choque e das características do sistema.
Para construir o espectro de resposta a um choque específico de duração tc é, pois, neces-
sário calcular o valor máximo da resposta x (t)|max do sistema com um grau de liberdade
para diferentes valores do período natural Tn e representar x (t)|max k/F versus a razão
adimensional tc /Tn . Nas secções seguintes ilustra-se o procedimento para dois tipos de
choque. Deve notar-se que o espectro de resposta transiente (choque) pode também ser
definido para excitações sob a forma de movimentos transientes (choques) aplicados à
base do sistema.
f( t) f( t)
k x ( t)
F
c m
t c t
B= IA 1 B= IA 11
Para um sistema não amortecido, a resposta x (t) é dada pelas expressões (6.27) e
(6.29):
JDR
6.5. Espectro de resposta ao choque 115
F0
x (t) = (cos ωn (t − tc ) − cos ωn t)
k t > tc . (6.42)
F0 2π 2π
= cos (t − tc ) − cos t
k Tn Tn
Na fase I, de acordo com a expressão (6.41), a resposta oscilatória aumenta até t = T2n ,
atingindo nesse instante, pela primeira vez, o seu valor máximo. Em consequência, na
fase I, o valor máximo de resposta vale:
Tn
• Para tc < 2 ,
F0
xmax = (1 − cos ωn tc ) ; (6.43)
k
Tn
• Para tc > 2 ,
2F0
xmax = . (6.44)
k
Na fase II, a resposta é dada pela expressão (6.42) e o instante para o qual ocorre o
valor máximo de resposta nesta fase é determinado anulando a expressão da velocidade.
Assim, vem,
(2n − 1) π
1
t= tc + n = 1, 2, . . . . (6.46)
2 2ωn
Após substituição de (6.46) na expressão (6.42) da resposta e utilizando identidades
trigonométricas, obtém-se o valor máximo da resposta na fase II,
F0 πtc
xmax = 2 sin . (6.47)
k Tn
Analisando as expressões (6.43) - (6.44) e (6.47), verifica-se que o valor máximo da
resposta do sistema pode ocorrer na fase I ou na fase II, dependendo da razão Ttcn , e o
valor máximo da resposta é então dado pela expressão:
2 Fk0 tc > T2n (fase I)
xmax = . (6.48)
2 F0 sin πtc t < Tn (fase II)
k Tn c 2
Na figura 6.15 pode observar-se a evolução da resposta x (t) de um sistema não amor-
tecido à solicitação transiente rectangular para diferentes valores da razão Ttcn e como o
valor máximo da resposta pode ocorrer na fase I ou na fase II.
A partir da expressão (6.48) pode agora construir-se o espectro de resposta transiente
representando o valor máximo da resposta para diferentes sistemas com um grau de
liberdade apresentando diferentes períodos (frequências) naturais.
JDR
116 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
2 tc 2 tc
Tn = 0.2 Tn = 0.4
x(t) x(t)
( Fk0 ) ( Fk0 )
0 0
0 0
t t
2 tc
= 0.5 2 tc
= 0.6
Tn Tn
x(t) x(t)
( Fk0 ) ( Fk0 )
0 0
0 0
t t
2 tc
= 0.8 2 tc
= 1.2
Tn Tn
x(t) x(t)
( Fk0 ) ( Fk0 )0
0
0 0
t t
tc
Figura 6.15: Resposta ao choque rectangular para diferentes valores da razão Tn
xmax tc
A representação de F0 versus Tn apresentada na figura 6.16 é um exemplo típico de
k
um espectro de resposta e representa o espectro de resposta ao choque rectangular para
diferentes valores da razão de amortecimento, ξ = 0, 0.05, 0.1. Cada ponto representa
a resposta máxima a um choque rectangular de um sistema com um grau de liberdade
com um período (frequência) natural particular.
2.5
ξ = 0%
ξ = 5%
ξ = 10%
2
1.75
xmax /(F0 /k)
1.5
1.25
1
0.75
0.5
0.25
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.8 1
tc /Tn
Figura 6.16: Espectro de resposta ao choque rectangular
JDR
6.5. Espectro de resposta ao choque 117
F0 sin tπc t 0 ≤ t ≤ tc
f (t) = . (6.49)
0 t > tc
f( t) f( t)
k x ( t) F 0s in F t
F 0 tc
c m
0 t c t
fa se I fa se II
t
F0
Z
x (t) = sin ωτ sin ωn (t − τ ) dτ
mωn 0
(6.50)
sin [(ω + ωn ) τ − ωn t] sin [(ω − ωn ) τ + ωn t] t
F0
= − .
2mωn ω + ωn ω − ωn 0
A resposta do sistema para as fases I e II, após substituição dos respectivos limites de
integração, vem dada pelas expressões:
• fase I (t ≤ tc ),
F0 1 π Tn 2π
x (t) = 2 sin t − sin t 0 ≤ t ≤ tc ; (6.51)
k 1 Tn tc 2tc Tn
1 − 4 tc
• fase II (t > tc ),
tc
F0 Tn 2π 2π
x (t) =
k 1
2 sin T t + sin T (t − tc ) t > tc . (6.52)
tc n n
2 −2 Tn
Na figura 6.18 pode observar-se a evolução da resposta x (t) de um sistema não amor-
tecido com um grau de liberdade para diferentes valores da razão Ttcn . Representando
xmax tc
F0 versus Tn , obtém-se o espectro de resposta para o choque meia onda seno.
k
Na figura 6.19 representa-se o espectro de choque meia onda seno par diferentes ní-
veis de amortecimento, ξ = 0, 0.05, 0.1.
Analisando os espectros de choque da figura 6.16 e da figura 6.19, verifica-se que, di-
ferentes tipos de excitação de choque resultam em diferentes espectros de choque. Além
disso, para diferentes valores da razão de amortecimento, o espectro de resposta para
JDR
118 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
2 2
x(t) x(t)
( Fk0 ) ( Fk0 )
0 0
tc tc
Tn = 0.2 Tn = 0.4
0 0
t t
2 2
x(t) x(t)
( Fk0 ) ( Fk0 )
0 0
tc tc
Tn = 0.6 Tn = 0.8
0 0
t t
2 2
x(t) x(t)
( Fk0 ) ( Fk0 )
0 0
tc tc
Tn = 1.0 Tn = 1.2
0 0
t t
tc
Figura 6.18: Resposta ao choque meia onda seno para diferentes valores da razão Tn
uma excitação transiente específica é uma família de curvas, com cada curva descrevendo
a resposta máxima para um valor particular da razão de amortecimento. Como referido
anteriormente, note-se a baixa sensibilidade da resposta transiente máxima ao amorteci-
mento, justificando-se a utilização do sistema não amortecido com um grau de liberdade
como modelo de referência para estabelecer os espectros de resposta.
2
ξ = 0%
1.75
ξ = 5%
1.5
ξ = 10%
xmax /(F0 /k)
1.25
0.75
0.5
0.25
0
0 1 2 3 4 5 6
tc /Tn
Figura 6.19: Espectro de resposta ao choque meia onda seno
JDR
6.6. Integração numérica da equação de movimento 119
Em certas aplicações práticas, a função de solicitação f (t) não está disponível sob
a forma de expressão analítica, mas antes sob a forma de valores discretos no tempo.
Nestas condições, a determinação da resposta do sistema pode passar pela integração
numérica directa da equação diferencial de movimento, recorrendo a adequados métodos
numéricos de integração.
f( t) x ( t)
f i x i
f i-1 x i-1
f x i+ 1
i+ 1
x 2
f n x 1
f 2 x n
f 1
f 0 x 0
0 t1 t2 ... t t i t i+ 1 . . . t t 0 t t2 ... t t t t t
i-1 n 1 i-1 i i+ 1 ... n
, t , t , t , t , t , t , t , t
(a) f (t) (b) x (t)
JDR
120 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
d2 x
1
ẍi = = (xi+1 − 2xi + xi−1 ) (6.60)
2
dt t=ti
(∆t)2
Assim, a velocidade e a aceleração no instante t = ti podem escrever-se,
1
ẋt = xt+∆t − xt−∆t ,
(6.61)
2∆t
1
ẍt = t+∆t
− 2xt + xt−∆t .
2 x (6.62)
(∆t)
Considerando a equação de movimento no instante genérico t = ti ,
JDR
6.6. Integração numérica da equação de movimento 121
Agrupando termos na expressão anterior, obtém-se uma equação algébrica linear que
constitui a expressão de recurrência para a determinação da resposta em termos de des-
locamento nos instantes discretos ti i = 1, 2, . . . , n,
1 1 t+∆t t 2 t 1 1
m+ c x =f − k− m x − m− c xt−∆t . (6.65)
(∆t)2 2∆t (∆t)2 (∆t)2 2∆t
x ( t)
x i
x i-1
x i+ 1
x 2
x 1
x n
x 0
x -1
t -1 0 t1 t2 ... t i-1 t i t i+ 1 . . . t n t
, t , t , t , t
(∆t)2 0
x−∆t = x0 − ∆tẋ0 + ẍ (6.68)
2
onde a aceleração ẍ0 pode ser determinada a partir da equação de equilíbrio dinâmico
no instante t = t0 ,
JDR
122 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
(∆t)2 1
x−∆t = x0 − ∆tẋ0 + f 0 − cẋ0 − kx0 ,
(6.71)
2 m
dispõe-se finalmente da resposta fictícia x−∆t que permite o arranque do método e a
determinação da resposta do sistema.
Por fim, para garantir a estabilidade numérica do processo de integração, (não con-
fundir com a estabilidade da resposta do sistema), o intervalo regular de tempo ∆t, ou
passo de integração, deve ser inferior a um limiar crítico,
Tn 2
∆t ≤ ∆tcr = = , (6.72)
π ωn
onde Tn representa o período natural não amortecido do sistema e ωn a frequência natural
não amortecida. Trata-se, pois, de um método de integração condicionalmente estável.
Um passo de integração ∆t = T10n é um valor de utilização corrente.
JDR
6.6. Integração numérica da equação de movimento 123
1. Propriedades mecânicas: m, c, k
1
ẍ0 = f 0 − cẋ0 − kx0
m
4. Seleccionar o passo de integração ∆t < ∆tcr e calcular as constantes de integração:
1 1 1
a0 = a1 = a2 = 2a0 a3 =
(∆t)2 2∆t a2
m̄ = a0 m + a1 c
t
f = f t − (k − a2 m) xt − (a0 m − a1 c) xt−∆t
t
f
xt+∆t =
m
3. Se pretendido, calcular a aceleração e a velocidade no instante t:
JDR
124 6. Sistema com 1 gdl: Regime transiente
JDR
CAPÍTULO 7
7.1 Introdução
Os sistemas mecânicos que necessitam de duas coordenadas independentes para descre-
ver o seu movimento designam-se por sistemas com dois graus de liberdade, figura 7.1.
O número de graus de liberdade é, pois, igual ao número de coordenadas independen-
tes necessárias para descrever a cinemática do sistema. Para um sistema com dois graus
de liberdade existem duas equações diferenciais de movimento, uma para cada grau de
liberdade.
G ( t)
m , J
G
k x ( t)
G
k x ( t) x ( t)
m k k
x ( t)
y ( t)
(a) (b)
125
126 7. Sistema com 2 gdl: Equações de movimento
Na figura 7.2 representa-se o sistema mecânico constituído pelo pêndulo duplo e dois
conjuntos de coordenadas, (xi ; yi ) i = 1, 2 e θi i = 1, 2.
x
l y
G m
1 y
x l
G m
x
y
f( t) f ( t)
x ( t) x ( t)
k k k !
m 1 m
c c c !
JDR
7.2. Equações de movimento 127
x 1
+
x 2
+
m 1 m 2
. . . .
c 1x 1 c 2( x 1-x 2) c 3x 2
A aplicação da 2a lei de Newton do movimento a cada uma das massas, F = Q̇, soma
das forças exteriores igual à quantidade de aceleração, conduz às seguintes equações
diferenciais de movimento,
(
m1 ẍ1 = −c1 ẋ1 + c2 (ẋ2 − ẋ1 ) − k1 x1 + k2 (x2 − x1 ) + f1
. (7.2)
m2 ẍ2 = −c2 (ẋ2 − ẋ1 ) − c3 ẋ2 − k2 (x2 − x1 ) − k3 x2 + f2
Após rearranjo dos termos, as equações diferenciais de movimento podem escrever-
se na forma,
(
m1 ẍ1 + (c1 + c2 ) ẋ1 − c2 ẋ2 + (k1 + k2 ) x1 − k2 x2 = f1
. (7.3)
m2 ẍ2 − c2 ẋ1 + (c2 + c3 ) ẋ2 − k2 x1 + (k2 + k3 ) x2 = f2
x01 ẋ01
{x (t = 0)} = , {ẋ (t = 0)} = . (7.4)
x02 ẋ02
[m] {ẍ (t)} + [c] {ẋ (t)} + [k] {x (t)} = {f (t)} , (7.6)
JDR
128 7. Sistema com 2 gdl: Equações de movimento
onde [m] , [c] e [k] representam, respectivamente, a matriz de massa, a matriz de amor-
tecimento e a matriz de rigidez. Os vectores {x (t)}, {ẋ (t)} e {ẍ (t)} representam, res-
pectivamente, o vector de deslocamento, de velocidade e de aceleração, e o vector {f (t)}
representa a solicitação externa actuante no sistema.
Os termos das matrizes [m], [c] e [k] são, respectivamente, os coeficientes de influência
de massa/inércia, de amortecimento viscoso e de rigidez do sistema, e são simétricos, isto
é,
onde T representa a operação de transposição de uma matriz. Para o sistema com 2 graus
de liberdade, as matrizes [m], [c] e [k] são de dimensão (2 × 2),
m1 0 c1 + c2 −c2 k1 + k2 −k2
[m] = , [c] = , [k] = . (7.9)
0 m2 −c2 c2 + c3 −k2 k2 + k3
x1 (t) ẋ1 (t) ẍ1 (t)
{x (t)} = , {ẋ (t)} = , {ẍ (t)} = , (7.10a)
x2 (t) ẋ2 (t) ẍ2 (t)
f1 (t)
{f (t)} = . (7.10b)
f2 (t)
O acoplamento das equações diferenciais de movimento atrás referido, traduz-se, na
escrita em notação matricial, pela presença de termos não nulos fora da diagonal princi-
pal nas matrizes de massa, de amortecimento e de rigidez. O acoplamento pode ser de
inércia, de amortecimento e de rigidez ou elástico, e depende exclusivamente das coor-
denadas generalizadas seleccionadas para descrever a cinemática do sistema conforme
se evidencia na secção seguinte.
JDR
7.2. Equações de movimento 129
m , J /
k k
l l
A B
y -l 1G
y ( t)
A '
G ( t) y + l 2G
G
k 1( y -l 1G )
B '
l 1 l 2
k 2( y + l 2G )
A B
y -l 1G
A ' y ( t) G ( t)
y + l 2G
P
G
e
k 1( y -l 1G )
B '
l 1 l 2
k 2( y + l 2G )
JDR
130 7. Sistema com 2 gdl: Equações de movimento
( ) ( )
y (t) 0
m me ÿ (t) k1 + k2 − k1 `1 − k2 `2
+ = ,
me JP θ̈ (t) − k1 `1 − k2 `2 k1 `21 + k2 `22 θ (t) 0
(7.12)
as quais apresentam simultaneamente acoplamento de inércia e acoplamento elástico ou
de rigidez.
0 0
Para um ponto P 0 tal que k1 `1 = k2 `2 , as equações de movimento do sistema vêm,
m me0 k1 + k2 0
ÿ (t) y (t) 0
+ 0 2 0 2 = (7.13)
me0 JP 0 θ̈ (t) 0 k1 `1 + k2 `2 θ (t) 0
JDR
7.3. Equações de Lagrange 131
∂V
Q̄i = − + Qi i = 1, . . . , n. (7.16)
∂qi
Substituindo na equação (7.14), as equações de Lagrange podem escrever-se na forma,
d ∂T ∂T ∂V
− + = Qi i = 1, . . . , n. (7.17)
dt ∂ q̇i ∂qi ∂qi
Como a energia potencial V não é uma função das velocidades generalizadas q̇i i =
1, . . . , n, as equações de Lagrange podem ainda escrever-se na forma,
d ∂L ∂L
− = Qi i = 1, . . . , n (7.18)
dt ∂ q̇i ∂qi
onde L = T − V é designada por função lagrangeana ou simplesmente lagrangeana do
sistema.
∂F
Qi = − i = 1, . . . , n. (7.20)
∂ q̇i
Decompondo as forças não conservativas em forças dissipativas de tipo viscoso e
forças directamente aplicadas ao sistema, obtêm-se as equações de Lagrange na seguinte
forma,
d ∂T ∂T ∂V ∂F
− + + = Qi i = 1, . . . , n (7.21)
dt ∂ q̇i ∂qi ∂qi ∂ q̇i
onde Qi i = 1, . . . , n representam as forças exteriores directamente aplicadas.
O procedimento de Lagrange revela-se muito eficiente no estabelecimento do sistema
de equações de movimento, especialmente quando o número de graus de liberdade é
elevado.
H
Exemplo Estabelecer as equações de movimento do sistema representado na figura 7.8
utilizando as equações de Lagrange.
q1 = θ 1 q2 = θ 2 .
JDR
132 7. Sistema com 2 gdl: Equações de movimento
M
M
G t
G t
k t k t
J
J
JDR
CAPÍTULO 8
8.1 Introdução
O movimento do sistema discreto com dois graus de liberdade representado na figura 8.1
é descrito por duas coordenadas lineares x1 (t) e x2 (t) que definem as posições instantâ-
neas das massas m1 e m2 a partir das respectivas posições de equilíbrio estático.
f( t) f ( t)
x ( t) x ( t)
k k k !
m m
f( t) f ( t)
k x k ( x -x ) k !x
m m
133
134 8. Sistema com 2 gdl: Regime livre
m1 0 ẍ1 (t) k1 + k2 −k2 x1 (t) f1 (t)
+ = (8.3)
0 m2 ẍ2 (t) −k2 k2 + k3 x2 (t) f2 (t)
JDR
8.2. Equações de movimento livre ou natural 135
x ( t) x ( t)
k k k !
m m
k11 − ω 2 m1
k12 u1 0
2 = (8.16)
k21 k22 − ω m2 u2 0
JDR
136 8. Sistema com 2 gdl: Regime livre
ou
k11 − ω 2 m1
k12
∆ (ω) = 2
=0 (8.18)
k21 k22 − ω m2
ou
u11 u12
{x (t)}1 = cos (ω1 t − φ1 ) , {x (t)}2 = cos (ω2 t − φ2 ) , (8.21)
u21 u22
ou
JDR
8.2. Equações de movimento livre ou natural 137
k11 − ω12 m1
k12 u11 0
= (8.23)
k21 k22 − ω12 m2 u21 0
ou
k11 − ω22 m1
k12 u12 0
= (8.25)
k21 k22 − ω22 m2 u22 0
ou
tituem dois modos para os quais o movimento harmónico síncrono do sistema é possível,
designando-se os vectores de amplitudes {u}1 e {u}2 por vectores modais.
Os dois movimentos síncronos {x (t)}1 e {x (t)}2 caracterizados pelas frequências na-
turais ω1 e ω2 e pelos vectores modais {u}1 e {u}2 designam-se por modos naturais de
vibração do sistema,
u11 u12
{x (t)}1 = cos (ω1 t − φ1 ) {x (t)}2 = cos (ω2 t − φ2 ) (8.31)
u21 u22
ou
JDR
138 8. Sistema com 2 gdl: Regime livre
Refira-se que as frequências naturais devem ser ordenadas por ordem crescente,
ω1 < ω2 (8.33)
m m
m
m 1 m 2
m 1
m n o d o
2
n o d o
(b) Segunda forma natural
Os vectores modais {u}1 e {u}2 podem ser agrupados numa matriz, designada por
matriz modal,
[U ] = {u}1 {u}2 , (8.34)
JDR
8.2. Equações de movimento livre ou natural 139
u11 u12 c1 cos (ω1 t − φ1 )
{x (t)} =
u21 u22 c2 cos (ω2 t − φ2 ) (8.38)
= [U ] {g (t)}
onde as componentes do vector {g (t)} representam as funções do tempo para cada modo
natural de vibração.
De acordo com a expressão (8.37), para condições iniciais gerais, ambos os modos
naturais são excitados e o movimento é uma sobreposição dos dois modos naturais de
vibração.
As constantes c1 , c2 e φ1 , φ2 determinam-se a partir das condições iniciais de deslo-
camento e de velocidade para cada um dos graus de liberdade,
0 0
x1 ẋ1
{x (t = 0)} = 0 {ẋ (t = 0)} = . (8.39)
x2 ẋ02
Introduzindo as condições iniciais na resposta natural (8.37) do sistema, obtêm-se as
quatro equações seguintes,
JDR
140 8. Sistema com 2 gdl: Regime livre
" 2 #1/2
1 2 u11 ẋ02 − u21 ẋ01
c2 = u11 x02 − u21 x01 + , (8.42b)
det [U ] ω22
{φ}T
1 [m] {φ}1 = 1 {φ}T
2 [m] {φ}2 = 1 (8.44)
ou
{φ}T
i [m] {φ}i = 1, i = 1, 2 (8.45)
onde os vectores {φ}1 e {φ}2 representam os vectores modais normalizados para massas
modais unitárias. Com os vectores modais assim normalizados, decorrem igualmente as
seguintes relações,
{φ}T 2
1 [k] {φ}1 = ω1 {φ}T 2
2 [k] {φ}2 = ω2 (8.46)
ou
{φ}T 2
i [k] {φ}i = ωi i = 1, 2. (8.47)
JDR
8.2. Equações de movimento livre ou natural 141
Assim, os vectores modais normalizados {φ}1 e {φ}2 podem obter-se a partir dos
vectores modais {u}1 e {u}2 pelas seguintes relações,
1 1
{φ}1 = q {u}1 {φ}2 = q {u}2 (8.48)
{u}T
1 [m] {u} 1 {u}T
2 [m] {u} 2
8.2.5 Ortogonalidade
Os dois modos naturais de vibração distintos, (ω1 , {φ}1 ) e (ω2 , {φ}2 ) com ω1 < ω2 ,
constituem as soluções do sistema homogéneo (8.16) que se pode reescrever na seguinte
forma,
{φ}T 2 T
2 [k] {φ}1 = ω1 {φ}2 [m] {φ}1 , (8.52)
{φ}T 2 T
1 [k] {φ}2 = ω2 {φ}1 [m] {φ}2 . (8.53)
Efectuando a transposição da expressão (8.53), tendo em conta a simetria das matrizes
de massa e de rigidez, [m] = [m]T e [k] = [k]T , obtém-se
{φ}T 2 T
2 [k] {φ}1 = ω2 {φ}2 [m] {φ}1 . (8.54)
Subtraindo membro a membro as expressões (8.54) e (8.52) vem,
{φ}T
2 [m] {φ}1 = 0 {φ}T
1 [m] {φ}2 = 0. (8.56)
Os vectores modais {φ}i i = 1, 2 são, pois, ortogonais em relação à matriz de massa
[m].
Das expressões (8.52) e (8.53) decorrem igualmente as seguintes relações de ortogo-
nalidade dos vectores modais em relação à matriz de rigidez [k],
{φ}T
2 [k] {φ}1 = 0 {φ}T
1 [k] {φ}2 = 0. (8.57)
Assim, os vectores modais {φ}i i = 1, 2 apresentam propriedades de ortogonalidade
em relação às matrizes de massa e de rigidez. Refira-se, no entanto, que não se trata da
propriedade de ortogonalidade ordinária de vectores, mas antes de uma ortogonalidade
JDR
142 8. Sistema com 2 gdl: Regime livre
{φ}T
i [m] {φ}j = δij i, j = 1, 2 (8.58)
{φ}T 2
i [k] {φ}j = ωi δij i, j = 1, 2 (8.59)
onde δij representa o símbolo de Kroenecker e vale,
1 i=j
δij = . (8.60)
0 i 6= j
Considerando os vectores modais {φ}i i = 1, 2 agrupados por coluna na matriz mo-
dal [Φ], as propriedades de ortonormalidade exprimem-se na seguinte forma,
ci = {φ}T
i [m] {v} i = 1, 2. (8.64)
A expressão (8.63) representa a expansão de um vector {v} na base modal ou natural
e designa-se por teorema da expansão.
JDR
8.3. Sistemas semi-definidos 143
x ( t) x ( t)
k
m m
um movimento de corpo rígido, de modo que a energia potencial de natureza elástica seja
nula, sem que, no entanto, as coordenadas x1 (t) e x2 (t) sejam nulas. Naturalmente, e por
definição, a energia cinética é positiva.
As equações de movimento do sistema em regime livre escrevem-se,
m1 0 ẍ1 (t) k −k x1 (t) 0
+ = (8.65)
0 m2 ẍ2 (t) −k k x2 (t) 0
ou, na forma mais compacta,
k − ω 2 m1
k
∆ (ω) =
2
. (8.67)
k k − ω m2
Após desenvolvimento do determinante e igualando a zero, obtém-se a equação ca-
racterística ou de frequências,
∆ ω 2 = ω 2 m1 m2 ω 2 − k (m1 + m2 ) = 0
(8.68)
cujas raízes representam as frequências naturais do sistema que valem,
2 2 m1 + m2
ω1 = 0, ω2 = k . (8.69)
m1 m2
Verifica-se que uma das soluções da equação característica é nula, o que significa que
não existe oscilação das massas m1 e m2 no movimento associado a esta raiz.
Substituindo os valores de ωi2 i = 1, 2 no problema característico, determinam-se as
razões de amplitude associadas a cada uma das frequências naturais, isto é, as formas
naturais. Assim, para ω12 = 0 obtém-se,
k −k u11 0
= (8.70)
−k k u21 0
cuja resolução conduz à razão de amplitudes r1 ,
u21 k −k
r1 = =− =− = 1. (8.71)
u11 −k k
Como u11 = u21 , as duas massas movem-se sem oscilação e deslocam-se exacta-
mente da mesma quantidade, sem deformação elástica do elemento de ligação. Assim, o
JDR
144 8. Sistema com 2 gdl: Regime livre
Para o exemplo apresentado, pode ainda verificar-se que no segundo modo natural
as massas m1 e m2 oscilam a uma frequência ω2 e em oposição de fase, pelo que existe
um nodo de vibração na ligação entre as duas massas.
No primeiro modo natural, o sistema move-se sem movimento relativo entre as duas
massas, movimento de corpo rígido. Os sistemas com ligações ao exterior não restringi-
das apresentam, pelo menos, uma das frequências naturais nula e um modo associado
que traduz um movimento de corpo rígido. Estes sistemas designam-se por sistemas
semi-definidos.
Na figura 8.6 representam-se os dois modos naturais de vibração do sistema semi-
definido.
m m
m
m 1 m 2
m 1
m n o d o
2
n o d o
(b) Segunda forma natural
JDR
8.4. Quociente de Rayleigh 145
igualmente, por apresentar um matriz de rigidez [k] que é uma matriz singular (a energia
potencial elástica de deformação é uma forma quadrática semi-definida positiva e a ma-
triz de rigidez é semi-definida positiva). Refira-se que, o primeiro modo natural, sendo
uma solução do problema característico, é ainda ortogonal ao segundo modo natural de
vibração. Nas figuras 8.8 - 8.7 apresentam-se dois exemplos de sistemas semi-definidos.
G J
G J
x 2( t)
x 1( t)
k
m 1 m 2
n o d o
JDR
146 8. Sistema com 2 gdl: Regime livre
{u}T
r [k] {u}r
ωr2 = r = 1, 2. (8.78)
{u}T
r [m] {u}r
A expressão anterior mostra que o quociente de duas formas quadráticas, onde o
numerador representa a energia potencial do modo natural de vibração e o denominador
está relacionado com a energia cinética, representa as frequências naturais ωr2 r = 1, 2 de
vibração.
Para um vector arbitrário {v} não nulo e de dimensão 2, o quociente (8.78) designa-se
por quociente de Rayleigh e define-se da seguinte forma,
2
X c1
{v} = cr {φ}r = c1 {φ}1 + c2 {φ}2 = {φ}1 {φ}2 = [Φ] {c} (8.80)
c2
r=1
Admitindo, por hipótese, que o vector {v} difere apenas ligeiramente do vector modal
{φ}1 , então o coeficiente c2 é muito pequeno quando comparado com o coeficiente c1 , isto
é,
JDR
8.4. Quociente de Rayleigh 147
c2 = ε2 c1 (8.83)
sendo ε2 uma quantidade pequena, ε2 << 1.
Introduzindo agora c2 = ε2 c1 no quociente R ({v}) obtém-se,
R ({v}) ∼
= ω12 + ω22 − ω12 ε22 ∼
= ω12 + O ε2 .
(8.88)
O resultado anterior evidencia que, para um vector {v} que difere da forma natural
{φ}1 de uma pequena quantidade de 1a ordem, O (ε) , o quociente de Rayleigh R ({v}) di-
fere da frequência natural ω12 associada de uma pequena quantidade de 2a ordem, O ε2 .
R ({v}) ∼
= ω12 + ω22 − ω12 ε22 .
(8.89)
JDR
148 8. Sistema com 2 gdl: Regime livre
H Exemplo
Utilizando o quociente de Rayleigh, estimar a frequência natural fundamental do sistema
representado na figura 8.9, usando diferentes vectores arbitrários. Comparar as estimati-
vas obtidas para ω1 com o valor exacto.
x ( t) x ( t)
k k k !
m m
Propriedades mecânicas
m1 = m2 = m
k1 = k2 = k k3 = 2k
JDR
8.4. Quociente de Rayleigh 149
T
T 1 1 0 1
{v} [m] {v} = m = 2m
1 0 1 1
r
3k k k
R ({v}) = = 1.5 ∴ ω1R = 1.2247
2m m m
T
T 1 1 0 1
{v} [m] {v} = m = 5m
2 0 1 2
r
10k k k
R ({v}) = =2 ∴ ω1R = 1.4142
5m m m
T
T 0.8 2 −1 0.8
{v} [k] {v} = k = 1.4k
0.6 −1 3 0.6
T
T 0.8 1 0 0.8
{v} [m] {v} = m = 1.0m
0.6 0 1 0.6
r
1.4k k k
R ({v}) = = 1.4 ∴ ω1R = 1.1832
1.0m m m
JDR
150 8. Sistema com 2 gdl: Regime livre
JDR
CAPÍTULO 9
O movimento do sistema canónico com dois graus de liberdade é descrito por duas coor-
denadas lineares x1 (t) e x2 (t) que definem as posições das massas m1 e m2 , em qualquer
instante t, a partir das respectivas posições de equilíbrio estático.
f( t) f ( t)
x ( t) x ( t)
k k k !
m 1 m
c c c !
151
152 9. Sistema com 2 gdl: Regime forçado
m1 0 ẍ1 (t) c1 + c2 −c2 ẋ1 (t)
+
0 m2 ẍ2 (t) −c2 c2 + c3 ẋ2 (t)
| {z } | {z } | {z } | {z }
[m] {ẍ(t)} [c] {ẋ(t)}
(9.1)
k1 + k2 −k2 x1 (t) f1 (t)
+ =
−k2 k2 + k3 x2 (t) f2 (t)
| {z } | {z } | {z }
[k] {x(t)} {f (t)}
[m] {ẍ (t)} + [c] {ẋ (t)} + [k] {x (t)} = {f (t)} (9.2)
onde [m], [c] e [k] representam, respectivamente, as matrizes de massa, de amortecimento
e de rigidez do sistema. As matrizes [m], [c] e [k] são simétricas,
m1 0 c1 + c2 −c2 k1 + k2 −k2
[m] = , [c] = , [k] = . (9.4)
0 m2 −c2 c2 + c3 −k2 k2 + k3
Os vectores {x (t)}, {ẋ (t)}, {ẍ (t)} e {f (t)} representam, respectivamente, os vectores
de deslocamento, de velocidade, de aceleração e de força actuante no sistema,
x1 (t) ẋ1 (t) ẍ1 (t)
{x (t) =} , {ẋ (t) =} , {ẍ (t) =} , (9.5a)
x2 (t) ẋ2 (t) ẍ2 (t)
f1 (t)
{f (t)} = . (9.5b)
f2 (t)
A caracterização completa do movimento do sistema, para além das equações dife-
renciais de movimento, requer, igualmente, o conhecimento das condições iniciais de
deslocamento {x (0)} e de velocidade {ẋ (0)},
0 0
x1 ẋ1
{x (0)} = , {ẋ (0)} = . (9.6)
x02 ẋ02
JDR
9.2. Resposta a uma solicitação harmónica 153
[m] {ẍ (t)} + [c] {ẋ (t)} + [k] {x (t)} = {F } ejωt (9.8)
onde o vector solicitação {f (t)} vale,
f1 (t) F1
{f (t)} = = ejωt . (9.9)
f2 (t) F2
Admitindo uma resposta em regime estacionário do tipo,
x1 (t) X1 (ω)
= ejωt (9.10)
x2 (t) X2 (ω)
ou
−1 1 z22 −z12 1 z22 −z12
[z (ω)] = = . (9.18)
det [z (ω)] −z21 z11 z11 z22 − z12 z21 −z21 z11
JDR
154 9. Sistema com 2 gdl: Regime forçado
H Exemplo
Determinar a resposta estacionária do sistema com dois graus de liberdade não amorte-
cido e com f1 (t) = F cos ωt e f2 (t) = 0. Considerar m1 = m, m2 = 2m, k1 = k2 = k e
k3 = 2k.
f1( t) = F c o s M t
x 1( t) x 2( t)
k 1 k 2 k 3
m 1 m 2
z11 (ω) = k11 − ω 2 m1 , z22 (ω) = k22 − ω 2 m2 , z12 (ω) = z21 (ω) = k12 .
Substituindo nas expressões (9.19), as amplitudes X1 (ω) e X2 (ω) das massas m1 e m2
vêm,
k22 − ω 2 m2 F
X1 (ω) =
(k11 − ω 2 m1 ) (k22 − ω 2 m2 ) − (k12 )2
−k12 F
X2 (ω) =
(k11 − ω m1 ) (k22 − ω 2 m2 )
2 − (k12 )2
onde o denominador representa a equação característica ou de frequências (8.19) cujas
raízes são as frequências naturais ω1 e ω2 do sistema. Nas figuras 9.3 e 9.4 representa-se
a variação das amplitudes X1 (ω) e X2 (ω) em função da frequência de excitação ω.
A análise das figuras 9.3 - 9.4 permite concluir que:
• As amplitudes X1 (ω) e X2 (ω) tendem para infinito para uma frequência de excita-
ção ω = ω1 e ω = ω2 ;
JDR
9.3. Regime forçado não amortecido 155
X1 (ω)
0
0 ω1 ω2
ω
0 ω1 ω2
ω
JDR
156 9. Sistema com 2 gdl: Regime forçado
f( t) f ( t)
x ( t) x ( t)
k k k !
m m
[Φ]T [m] [Φ] {η̈ (t)} + [Φ]T [k] [Φ] {η (t)} = [Φ]T {f (t)} . (9.27)
Tendo em conta a propriedade de ortonormalidade dos vectors modais que formam
a matriz modal [Φ],
JDR
9.3. Regime forçado não amortecido 157
C o o r d e n a d a s g e n e r a liz a d a s
f1( t) f2( t)
x 1( t) x 2( t)
m 1
m 2
k 1 k 2 k 3
C o o r d e n a d a s m o d a is
(t)
N 1 t)
D 1(
k
m
2
m
m m 1
k
m
1
m
N 2 t)
2
D 2(
(t)
JDR
158 9. Sistema com 2 gdl: Regime forçado
A resolução de cada uma das equações (9.31) na base modal ou natural requer igualmente
as condições iniciais expressas na base modal. Aplicando a transformação de coordena-
das (9.24) às condições iniciais {x (0)} e {ẋ (0)}, obtêm-se as relações
{η (0)} = [Φ]T [m] {x (0)} {η̇ (0)} = [Φ]T [m] {ẋ (0)} . (9.33)
Na base modal cada uma das equações η̈i (t) + ωi2 η (t) = Ni (t) i = 1, 2 pode ser
resolvida analítica ou numericamente, conforme o tipo de solicitação aplicada ao sistema.
Assim, se a solicitação for conhecida sob a forma de uma função do tempo, a solução
analítica pode ser determinada utilizando o integral de Duhamel,
t
1
Z
ηi (t) = Ni (τ ) sin ωi (t − τ ) dτ
ωi 0 i = 1, 2. (9.35)
η̇i (0)
+ ηi (0) cos ωi t + sin ωi t
ωi
JDR
9.4. Regime forçado amortecido 159
2
X
{x (t)} = {φ}i ηi (t) . (9.37)
|{z} | {z }
i=1
forma coordenada
modal modal
O movimento {x (t)} pode, pois, exprimir-se como uma sobreposição das formas na-
turais de vibração {φ}i multiplicadas pelas respectivas coordenadas modais ηi (t), donde
a designação de sobreposição modal para esta técnica.
Particularizando para o sistema com dois graus de liberdade, a resposta {x (t)} vem,
x1 (t) φ11 φ12 η1 (t)
=
x2 (t) φ21 φ22 η2 (t)
φ11 η1 (t) + φ12 η2 (t)
= (9.38)
φ21 η1 (t) + φ22 η2 (t)
φ11 φ12
= η1 (t) + η2 (t).
φ21 φ22
[m] {ẍ (t)} + [c] {ẋ (t)} + [k] {x (t)} = {f (t)} . (9.40)
[Φ]T [m] [Φ] {η̈ (t)} + [Φ]T [c] [Φ] {η̇ (t)} + [Φ]T [k] [Φ] {η (t)} = [Φ]T {f (t)} . (9.41)
dIc {η̈ (t)} + [Φ]T [c] [Φ] {η̇ (t)} + Ω2 {η (t)} = {N (t)} ,
(9.42)
2
onde dIc e Ω representam, respectivamente, a matriz identidade e uma matriz dia-
gonal cujos termos são os quadrados das frequências naturais. Por sua vez, a matriz
JDR
160 9. Sistema com 2 gdl: Regime forçado
[Φ]T [c] [Φ], que representa a projecção da matriz de amortecimento na base modal, não
é, necessariamente, uma matriz diagonal. Assim, a equação matricial (9.42) encontra-se
desacoplada em termos de inércia e de rigidez, mas não necessariamente em termos de
amortecimento.
Amortecimento proporcional
Considerando uma matriz de amortecimento [c] que seja uma combinação linear da ma-
triz de massa e da matriz de rigidez, isto é,
= d2ξΩc
e é uma matriz diagonal. Assim, os vectores modais do sistema não amortecido diago-
nalizam igualmente a matriz de amortecimento viscoso proporcional, e as equações de
movimento na base modal são equações independentes.
Refira-se, a título de informação, que a condição de proporcionalidade para a matriz
de amortecimento é demasiado redutora. Com efeito, os vectores modais do sistema não
amortecido diagonalizam a matriz de amortecimento desde que esta verifique a condição
de Caughey,
[k] [m]−1 [c] = [c] [m]−1 [k] (9.45)
que é uma condição mais lata do que a condição de proporcionalidade.
t
1
Z
ηi (t) = Ni (τ ) e−ξi ωi (t−τ ) sin ωdi (t − τ ) dτ
ωdi 0
ηi (0) η̇i (0)
i = 1, 2 (9.47a)
ξi ωi t
+e q cos (ωdi t − φi ) + sin ωdi t
1 − ξi2 ωi
JDR
9.4. Regime forçado amortecido 161
ξi
q
ωdi = ωi 1 − ξi2 φi = tan−1 q , (9.47b)
1 − ξi2
JDR
162 9. Sistema com 2 gdl: Regime forçado
JDR
CAPÍTULO 10
f 1 f i-1 f i f i+ 1 f n
k 1 k k i k i+ 1 k i+ 1 k n
k n + 1
2
m 1 m i-1 m i m i+ 1
m j m n
x 1 x i-1 x i x i+ 1 x n
f i
k i( x i- x i-1 ) m i k i+ 1 ( x i+ 1 - x i)
x i
163
164 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
ou então
m11 m12 m13 . . . m1n k11 k12 k13 . . . k1n
m21 m22 m23 . . . m2n
k21 k22 k23 . . . k2n
[m] =
m31 m32 m33 . . . m3n , [k] =
k31 k32 k33 . . . k3n .
(10.9)
.. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
. . . . . . . . . .
mn1 mn2 mn3 . . . mnn kn1 kn2 kn3 . . . knn
JDR
10.2. Coeficientes de influência 165
k ij
k 1 k k i k i+ 1 k j k j+ 1 k n
k n + 1
2
m 1 m i m j m j m n
x 1= 0 x i= 0 x j= 1 x n= 0
Figura 10.3: Sistema discreto com n graus de liberdade
Com base na definição, a força total no ponto i, Fi , pode ser obtida somando as forças
devidas a todos os deslocamentos xj j = 1, 2, . . . , n:
n
X
Fi = kij xj i = 1, 2, . . . , n. (10.10)
j=1
JDR
166 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
i. Como para um sistema linear a força necessária no ponto i para produzir um des-
locamento unitário no ponto j e deslocamentos nulos nos pontos ` 6= j é idêntica à
força necessária no ponto j para produzir um deslocamento unitário no ponto i e
deslocamentos nulos nos pontos ` 6= i , teorema da reciprocidade de Maxwell-Betti,
tem-se a relação kij = kji i, j = 1, . . . , n;
ii. Os coeficientes de influência de rigidez podem ser calculados pela aplicação dos
princípios fundamentais da Mecânica dos Sólidos;
• A resolução das n relações de equilíbrio estático para cada uma das n massas con-
duz à obtenção dos n coeficientes de inluência de rigidez kij i = 1, . . . , n.
H Exemplo
Determinar a matriz dos coeficientes de influência de rigidez para o sistema discreto com
3 graus de liberdade representado na figura 10.4.
k k k !
m m m !
x x x !
1. x1 = 1, x2 = 0, x3 = 0 (figura 10.5)
Relações de equilíbrio estático:
Solução:
2. x1 = 0, x2 = 1, x3 = 0 (figura 10.6
Relações de equilíbrio estático:
JDR
10.2. Coeficientes de influência 167
k 1 1 k 2 1 k 3 1
k 1 k 2 k 3
m 1 m 2
m 3
x 1= 1 x 2= 0 x 3= 0
k 1 1 k 2 1 k 3 1
k 3
m 1 m 2
m 3
k 1x 1= k 1 k 2( x 2-x 1) = -k 2 k 3( x 3-x 2) = 0
k 1 1 k 2 1 k 3 1
k 1 k 2 k 3
m 1 m 2
m 3
x 1= 0 x 2= 1 x 3= 0
k 1 2 k 2 2 k 3 2
k 3
m 1 m 2
m 3
k 1x 1= 0 k 2( x 2-x 1) = k 2 k 3( x 3-x 2) = -k 3
Solução:
k12 = −k2 k22 = k2 + k3 k32 = −k3
3. x1 = 0, x2 = 0, x3 = 1 (figura 10.7)
Relações de equilíbrio estático:
m1 : k13 = 0 m2 : k23 + k3 = 0 m3 : k33 = k3
Solução:
k13 = 0 k23 = −k3 k33 = k3
0 −k3 k3
JDR
168 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
k 1 3 k 2 3 k 3 3
k 1 k 2 k 3
m 1 m 2
m 3
x 1= 0 x 2= 0 x 3= 1
k 1 3 k 2 3 k 3 3
k 3
m 1 m 2
m 3
k 1x 1= 0 k 2( x 2-x 1) = 0 k 3( x 3-x 2) = k 3
f j= 1
k 1 k k i k j k j+ 1 k n
k n + 1
2
m 1 m i m j m j m n
x 1 x i= a ij x j x n
JDR
10.2. Coeficientes de influência 169
a11 a12 a13 . . . a1n
a21 a22 a23 . . . a2n
[a] =
a31 a32 a33 . . . a3n .
(10.16)
.. .. .. .. ..
. . . . .
an1 an2 an3 . . . ann
Os coeficientes de influência de flexibilidade apresentam as seguintes características:
i. Como para um sistema linear o deslocamento no ponto i provocado por uma força
unitária aplicada no ponto j é idêntico ao deslocamento no ponto j provocado por
uma força unitária aplicada no ponto i, teorema da reciprocidade de Maxwell-Betti,
tem-se a relação aij = aji i, j = 1, . . . , n ;
ii. Os coeficientes de influência de flexibilidade podem ser calculados pela aplicação
dos princípios fundamentais da Mecânica dos Sólidos;
iii. Os coeficientes de influência de flexibilidade para sistemas em torção são definidos
em termos de momento torsor unitário e de deslocamento angular.
Os coeficientes de influência de flexibilidade dum sistema com n graus de liberdade
podem determinar-se da seguinte forma:
• Assumir uma força unitária aplicada segundo a coordenada j, Fj = 1;
• Por definição, os deslocamentos segundo as n coordenadas constituem os coefici-
entes de influência de flexibilidade aij i = 1, . . . , n.
Exemplo H
Determinar a matriz dos coeficientes de influência de flexibilidade para o sistema discreto
com 3 graus de liberdade representado na figura 10.9.
k k k !
m m m !
x x x !
1. F1 = 1, F2 = 0, F3 = 0 (figura 10.10)
Relações de equilíbrio estático:
1 1 1
a11 = a21 = a31 =
k1 k1 k1
JDR
170 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
m 1 m 2
m 3
x 1= a 1 1 x 2= a 2 1 x 3= a 3 1
m 1 m 2
m 3
k 1a 1 1 k 2( a 2 1 -a 1 1 ) k 3( a 3 1 -a 2 1 )
2. F1 = 0, F2 = 1, F3 = 0 (figura 10.11)
Relações de equilíbrio estático:
m3 : k3 (a32 − a22 ) = 0
Solução:
1 1 1 1 1
a12 = a22 = + a32 = +
k1 k1 k2 k1 k2
m 1 m 2
m 3
x 1= a 1 2 x 2= a 2 2 x 3= a 3 2
m 1 m 2
m 3
k 1a 1 2 k 2( a 2 2 -a 1 2 ) k 3( a 3 2 -a 2 2 )
3. F1 = 0, F2 = 0, F3 = 1 (figura 10.12)
Relações de equilíbrio estático:
JDR
10.2. Coeficientes de influência 171
Solução:
1 1 1 1 1 1
a13 = a23 = + a33 = + +
k1 k1 k2 k1 k2 k3
m 1 m 2
m 3
x 1= a 1 3 x 2= a 2 3 x 3= a 3 3
m 1 m 2
m 3
k 1a 1 3 k 2( a 2 3 -a 1 3 ) k 3( a 3 3 -a 2 3 )
JDR
172 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
I˜ = [m] {ẋ}
(10.23)
onde I˜ e {ẋ} são os vectores de impulsos e de velocidades e [m] é a matriz de coefici-
JDR
10.2. Coeficientes de influência 173
m ! x !( t)
k !
m x ( t)
k
m x ( t)
k
k 3 1 = 0 k = -k k 3 3 = k 3
m 3 m 3
3 2 3
x 3= 1 m 3
k 3
k 3 k 3
k 2 1 = -k 2 k 2 2 = k 2+ k 3 k 2 3 = -k 3
m 2 x 2= 1 m 2 m 2
k 2 k 2 k 2
k 1 1 = k 1+ k 2 k 1 2 = - k 2
k 1 3 = 0
x 1= 1 m 1 m 1 m 1
k 1 k 1 k 1
x 1= 1 ; x 2= 0 ; x 3= 0 x 1= 0 ; x 2= 1 ; x 3= 0 x 1= 0 ; x 2= 0 ; x 3= 1
Figura 10.14: Determinação dos coeficientes de rigidez
• x1 = 1, x2 = 0, x3 = 0
k11 = k1 + k2
k21 = −k2
k31 = 0;
JDR
174 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
• x1 = 0, x2 = 1, x3 = 0
k12 = −k2
k22 = k2 + k3
k32 = −k3 ;
• x1 = 0, x2 = 0, x3 = 1
k13 = 0
k23 = −k3
k33 = k3 .
0 −k3 k3
N
m ! x !( t)
k !
m x ( t)
k
m x ( t)
k
• F1 = 1, F2 = 0, F3 = 0
1
a11 = 3k
1
a21 = 3k
1
a31 = 3k ;
• F1 = 0, F2 = 1, F3 = 0
1
a12 = 3k
1 1
a22 = 3k + 2k
1 1
a32 = 3k + 2k ;
JDR
10.2. Coeficientes de influência 175
F 3= 1
a 3 1
m 3 a 3 2
m 3 a 3 3
m 3
k 3 k 3 k 3
F 2= 1
a 2 1
m 2 a 2 2
m 2 a 2 3
m 2
k 2 k 2 k 2
F 1= 1
a 1 1
m 1 a 1 2
m 1 a 1 3
m 1
k 1 k 1 k 1
• F1 = 0, F2 = 0, F3 = 1
1
a13 = 3k
1 1
a23 = 3k + 2k
1 1
a33 = 3k + 2k + k1 .
m m m !
y t y t y ! t
l / " l / " l / " l / "
Aplicando, sucessivamente, uma força unitária nas secções correspondentes aos graus
de liberdade, conforme se esquematiza na figura 10.18, obtêm-se os coeficientes de flexi-
bilidade1 :
1
A deflexão δ (x) da viga devida a uma carga estática P é dada pela expressão:
2
N
= >
l
( P bx
`2 − b2 − x2
6EI`
0≤x≤a
δ (x) =
− P a(`−x) 2 2
6EI`
a + x − 2`x a≤x≤`
JDR
176 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
. 1= 1
= 1 1 = 2 1 = 3 1
. 2= 1
= 1 2 = 2 2 = 3 2
. 3= 1
= 1 3 = 2 3 = 3 3
• F1 = 1, F2 = 0, F3 = 0
9 `3
a11 = 768 EI
11 `3
a21 = 768 EI
7 `3
a31 = 768 EI ;
• F1 = 0, F2 = 1, F3 = 0
11 `3
a12 = 768 EI
1 `3
a22 = 48 EI
11 `3
a32 = 768 EI ;
• F1 = 0, F2 = 0, F3 = 1
7 `3
a13 = 768 EI
11 `3
a23 = 768 EI
9 `3
a33 = 768 EI .
JDR
10.3. Energia cinética e energia potencial 177
f 1 f i-1 f i f i+ 1 f n
k 1 k k i k i+ 1 k i+ 1 k n
k n + 1
2
m 1 m i-1 m i m i+ 1
m j m n
x 1 x i-1 x i x i+ 1 x n
JDR
178 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
T
{ẋ (t)} = ẋ1 . . . ẋi . . . ẋn , (10.34)
1
T = {q̇}T [m] {q̇} (10.36)
2
onde {q̇} é o vector de velocidades generalizadas dado por:
T
{q̇ (t)} = q̇1 q̇2 . . . q̇i . . . q̇n−1 q̇n (10.37)
JDR
10.4. Coordenadas generalizadas e forças generalizadas 179
x
l y
G m y
x l y
!
G m
x l !
G ! m !
x !
y
Figura 10.20: Pêndulo triplo
Como as coordenadas (xi , yi ) não são independentes, não podem ser chamadas de
coordenadas generalizadas. Pode verificar-se que o número de coordenadas (6) menos
o número de restricções (3) dá o número de graus de liberdade do sistema (3). Se não
houvesse restricções, isto é, se os pêndulos fossem removidos de modo que as massa m1 ,
m2 e m3 fossem livres para se moverem no plano xy, então haveria 6 graus de liberdade
necessitando seis coordenadas tais como (xi , yi ) que seriam então coordenadas generali-
zadas.
Para o pêndulo triplo representado, as coordenadas θi i = 1, 2, 3 podem definir a con-
figuração do sistema. Como elas são independentes umas das outras, e das restricções,
elas formam um conjunto de coordenadas generalizadas e são notadas por qj j = 1, 2, 3.
JDR
180 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
δWj
Qj = . (10.40)
δqj
Zt2 Zt2
δ(T − V )dt + δWnc dt = 0 (10.41)
t1 t1
onde
• Wnc : trabalho realizado por forças não conservativas (amortecimento e forças ex-
teriores)
ii. V = V (q1 , q2 , . . . , qj , . . . , qn );
JDR
10.5. Princípio de Hamilton 181
Zt2
∂T ∂T ∂T ∂T
δq1 + δq2 + . . . + δqj + . . . + δqn dt
∂q1 ∂q2 ∂qj ∂qn
t1
Zt2
∂T ∂T ∂T ∂T
+ δ q̇1 + δ q̇2 + . . . + δ q̇j + . . . + δ q̇n dt
∂ q̇1 ∂ q̇2 ∂ q̇j ∂ q̇n
t1
(10.42)
Zt2
∂V ∂V ∂V ∂V
− δq1 + δq2 + . . . + δqj + . . . + δqn dt
∂q1 ∂q2 ∂qj ∂qn
t1
Zt2
+ [Q1 δq1 + Q2 δq2 + . . . + Qj δqj + . . . + Qn δqn ] dt = 0.
t1
O primeiro termo do segundo membro é nulo para cada coordenada, pois que δqj (t1 ) =
δqj (t2 ) = 0 é a condição de base imposta às variações.
Após introdução de (10.43) em (10.42) e rearranjo dos termos obtém-se:
Zt2 X
n
d ∂T ∂T ∂V
− + − + Qj δqj dt = 0. (10.44)
dt ∂ q̇j ∂qj ∂qj
t1 j
JDR
182 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
∂F
Qj = − j = 1, . . . , n. (10.50)
∂ q̇j
Separando as forças não conservativas de amortecimento viscoso, então as equações
de Lagrange podem ainda escrever-se na forma:
d ∂T ∂T ∂V ∂F
− + + = Qj j = 1, . . . , n (10.51)
dt ∂ q̇j ∂qj ∂qj ∂ q̇j
JDR
10.6. Equações de Lagrange 183
Exemplo H
Estabelecer as equações diferenciais de movimento do sistema representado na figura 10.21
utilizando as equações de Lagrange.
Energia cinética
Energia potencial
1 1 1 1 1
V = k0 x20 + kt0 θ2 + k1 x21 + k2 (x2 − x1 )2 + k3 (x3 − x2 )2
2 2 2 2 2
Equações de Lagrange
d ∂T ∂T ∂V
− + = Qx0
dt ∂ ẋ0 ∂x0 ∂x0
d ∂T ∂T ∂V
− + = Qθ
dt ∂ θ̇ ∂θ ∂θ
d ∂T ∂T ∂V
− + = Qx1
dt ∂ ẋ1 ∂x1 ∂x1
JDR
184 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
d ∂T ∂T ∂V
− + = Qx2
dt ∂ ẋ2 ∂x2 ∂x2
d ∂T ∂T ∂V
− + = Qx3
dt ∂ ẋ3 ∂x3 ∂x3
Equações de movimento
1
T = {q̇}T [m] {q̇} , (10.53)
2
1
V = {q}T [k] {q} . (10.54)
2
A aplicação das equações de Lagrange a cada uma das coordenadas generalizadas
qj j = 1, . . . , n tendo em conta a simetria da matriz de massa, [m] = [m]T , conduz a:
JDR
10.7. Equações de movimento na forma matricial 185
∂T 1 1
= {δ}T [m] {q̇} + {q̇}T [m] {δ}
∂ q̇j 2 2
j = 1, . . . , n (10.55)
= {δ}T [m] {q̇}
= {m}T
j {q̇}
∂V 1 1
= {δ}T [k] {q} + {q}T [k] {δ}
∂qj 2 2
j = 1, . . . , n (10.57)
= {δ}T [k] {q}
= {k}T
j {q}
onde {k}T
j representa um vector linha idêntico à linha de ordem j da matriz [k].
Substituindo as expressões (10.56) e (10.57) nas equações de Lagrange, obtém-se a
equação matricial de movimento:
JDR
186 10. Sistema com n gdl: Equações de movimento
JDR
CAPÍTULO 11
11.1 Introdução
O movimento do sistema discreto com n graus de liberdade representado na figura 11.1
é descrito por n coordenadas lineares xi (t) i = 1, . . . , n que definem as posições instan-
tâneas das massas mi i = 1, . . . , n a partir das respectivas posições de equilíbrio estático.
f1( t) fi( t ) fn ( t)
x 1 (t) x i( t) x n (t)
m 1 m i m n
k 1 k i k i+ 1
f i( t )
k i( x i- x i-1 ) k i( x i+ 1 -x i )
m i
187
188 11. Sistema com n gdl: Regime livre
JDR
11.2. Equações de movimento livre ou natural 189
x1 (t)
ẍ1 (t)
f1 (t)
... ... ...
{x (t)} = xi (t) , {ẍ (t)} = ẍi (t) , {f (t)} = fi (t) . (11.9)
... ... ...
xn (t) ẍn (t) fn (t)
m11 m12 m13 . . . m1n k11 k12 k13 . . . k1n
m21 m22 m23 . . . m2n
k21 k22 k23 . . . k2n
[m] =
m31 m32 m33 . . . m3n , [k] =
k31 k32 k33 . . . k3n .
(11.10)
.. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
. . . . . . . . . .
mn1 mn2 mn3 . . . mnn kn1 kn2 kn3 . . . knn
x (t) x i( t) x n (t)
m 1 m i m n
k k i k i+ 1
JDR
190 11. Sistema com n gdl: Regime livre
Como a solução arbitrada deve verificar as equações de movimento para todo e qual-
quer instante t com cos (ωt − φ) diferente de zero, então o vector de incógnitas {u} deve
verificar o sistema de equações algébricas homogéneas seguinte,
Nestas condições, o sistema possui n soluções não triviais da forma {x (t)} = {u} cos (ωt − φ),
representando cada uma delas um movimento síncrono caracterizado pelas frequências
ωi i = 1, . . . , n e pelos respectivos vectores de amplitudes {u}i i = 1, . . . , n,
JDR
11.4. Modos naturais de vibração 191
JDR
192 11. Sistema com n gdl: Regime livre
m m m ! m
m !
m 1 m 2 m 3 m 1
m 2
n o d o
m 3
n o d o
(b) Segunda forma natural
m 1 m 2 m 3 m 1
m 2 n o d o s
m 3
n o d o n o d o
(c) Terceira forma natural
JDR
11.6. Normalização dos vectores modais 193
n modos naturais de vibração multiplicados cada um por uma constante que representa
o respectivo grau de participação do modo no movimento livre,
u11 . . . u12 . . . un1 c1 cos (ω1 t − φ1 )
.. .. .. .. .. ..
. . . . . .
{x (t)} = ui1 . . . uji . . . uni ci cos (ωi t − φi )
.. .. .. .. .. ..
(11.26)
. . . . .
.
un1 . . . ujn . . . unn cn cos (ωn t − φn )
= [U ] {g (t)} .
onde as componentes do vector {g (t)} representam as funções do tempo para cada modo
natural de vibração.
{φ}T
i [m] {φ}i = 1 i = 1, . . . , n (11.27)
onde os vectores {φ}i i = 1, . . . , n representam os vectores modais normalizados para
massas modais unitárias. Com os vectores modais assim normalizados, decorrem igual-
mente as seguintes relações,
{φ}T 2
i [k] {φ}i = ωi i = 1, . . . , n. (11.28)
Assim, os vectores modais normalizados {φ}i i = 1, . . . , n podem obter-se a partir
dos vectores modais {u}i i = 1, . . . , n pelas seguintes relações,
JDR
194 11. Sistema com n gdl: Regime livre
1
{φ}i = q {u}i i = 1, . . . , n. (11.29)
{u}T
i [m] {u}i
11.7 Ortogonalidade
Os n modos naturais de vibração distintos, (ωi , {φ}i ) i = 1, . . . , n com ω1 < . . . < ωi <
. . . < ωn , constituem as soluções do sistema homogéneo (11.14) que se pode reescrever
na seguinte forma,
{φ}T 2 T
s [k] {φ}r = ωr {φ}s [m] {φ}r (11.33)
{φ}T 2 T
r [k] {φ}s = ωs {φ}r [m] {φ}s . (11.34)
Efectuando a transposição da expressão (11.34), tendo em conta a simetria das matri-
zes de massa e de rigidez, [m] = [m]T e [k] = [k]T , obtém-se,
{φ}T 2 T
s [k] {φ}r = ωs {φ}s [m] {φ}r . (11.35)
Subtraindo membro a membro as expressões (11.35) e (11.33) vem,
{φ}T
s [m] {φ}r = 0 r, s = 1, . . . , n. (11.37)
Os vectores modais {φ}i , i = 1, . . . , n são, pois, ortogonais em relação à matriz de
massa [m]. Das expressões (11.33) e (11.34) decorrem igualmente as seguintes relações de
ortogonalidade dos vectores modais em relação à matriz de rigidez [k],
{φ}T
s [k] {φ}r = 0 r, s = 1, . . . , n. (11.38)
Assim, os vectores modais {φ}i , i = 1, . . . , n apresentam propriedades de ortogo-
nalidade em relação às matrizes de massa e de rigidez. Refira-se, no entanto, que não
se trata da propriedade de ortogonalidade ordinária de vectores, mas antes de uma or-
togonalidade “ponderada” pelas matrizes de massa e de rigidez. Para vectores modais
JDR
11.8. Sistemas semi-definidos 195
{φ}T
r [m] {φ}s = δrs r, s = 1, . . . , n (11.39)
{φ}T 2
r [k] {φ}s = ωr δrs r, s = 1, . . . , n (11.40)
Considerando os vectores modais agrupados por coluna na matriz modal [Φ], as pro-
priedades de ortonormalidade exprimem-se na seguinte forma,
onde dIc representa a matriz identidade e Ω2 uma matriz diagonal cujos termos são os
ω12
1
.. ..
. .
2
dIc =
1 ,
Ω = ωi2 .
(11.43)
.. ..
.
.
1 ωn2
n
X
{v} = ci {u}i . (11.44)
i=1
ci = {φ}T
i [m] {v} i = 1, . . . , n. (11.45)
JDR
196 11. Sistema com n gdl: Regime livre
x 1 (t) x i( t) x n (t)
m 1 m i m n
k i-1 k i
∆ ω 2 = [k] − ω 2 [m] ,
(11.47)
JDR
11.9. Quociente de Rayleigh 197
G ( t) k G ( t)
J
J
J ! k
G !( t) J " G "( t)
{u}T
r [k] {u}r
ωr2 = r = 1, . . . , n. (11.51)
{u}T
r [m] {u}r
A expressão anterior mostra que o quociente de duas formas quadráticas, onde o
numerador representa a energia potencial do modo natural de vibração e o denominador
é proporcional à energia cinética, representa as frequências naturais ωr2 r = 1, . . . , n de
vibração.
Para um vector arbitrário {v} não nulo e de dimensão n, o quociente (11.51) designa-
se por quociente de Rayleigh e define-se da seguinte forma,
JDR
198 11. Sistema com n gdl: Regime livre
Considere-se então a expansão de um vector arbitrário {v} na base dos vectores mo-
dais normalizados para massas modais unitárias,
n
X
{v} = cr {φ}r
r=1
c1
..
.
(11.53)
= {φ}1 ... {φ}i ... {φ}n ci = [Φ] {c}
.
..
cn
cr = εr cs r = 1, . . . , n ∧ r 6= s (11.56)
sendo εr r = 1, . . . , n ∧ r 6= s uma quantidade pequena, εr << 1 r = 1, . . . , n ∧ r 6= s .
Introduzindo agora cr = εr cs r = 1, . . . , n ∧ r 6= s no quociente R ({v}) obtém-se,
n
ωs2 c2s + ωr2 ε2r c2s
P
r=1
r6=s
R ({v}) = n . (11.57)
c2s + ε2r c2s
P
r=1
r6=s
1
Desenvolvendo o termo n em série de Taylor em torno do ponto regular εr =
ε2r
P
1+
r=1
r6=s
0 r = 1, . . . , n ∧ r 6= s,
JDR
11.9. Quociente de Rayleigh 199
n
1 ∼
X
n =1− ε2r , (11.59)
ε2r
P
1+ r=1
r6=s
r=1
r6=s
O resultado anterior evidencia que, para um vector {v} que difere da forma natural
{φ}s de uma pequena quantidade de 1a ordem, O (ε), o quociente de Rayleigh R ({v}) di-
fere da frequência natural ωs2 associada de uma pequena quantidade de 2a ordem, O ε2 .
Como ω1 < ω2 < ω3 < . . . < ωr < . . . < ωn , então pode escrever-se,
R ({v}) ∼
= ω12 + O+ ε2 .
(11.63)
Da expressão anterior decorre que o quociente de Rayleigh é maior ou igual ao qua-
drado da frequência natural fundamental,
R ({v}) ∼
= ωn2 + O− ε2 ,
(11.66)
JDR
200 11. Sistema com n gdl: Regime livre
H Exemplo
Determinar estimativas da frequência natural fundamental do sistema representado na
figura 11.8 utilizando o quociente de Rayleigh. Utilizar diferentes vectores arbitrários e
comparar a estimativa obtida com o valor exacto.
m1 = m2 = m m3 = 2m k1 = k 2 = k k3 = 2k
JDR
11.9. Quociente de Rayleigh 201
T
1 2 −1 0 1
{v}T [k] {v} = k 1 −1 3 −2 1 =k
1 0 −2 2 1
T
1 1 0 0 1
{v}T [m] {v} = m 1 0 1 0 1 = 4m
1 0 0 2 1
k k
R ({v}) = = 0.25
4m m
q
Estimativa para a frequência fundamental ω1 : ω1QR = 0.5 k
m
T
1 2 −1 0 1
{v}T [k] {v} = k 2 −1 3 −2 2 = 2k
2 0 −2 2 2
T
1 1 0 0 1
{v}T [m] {v} = m 2 0 1 0 2 = 13m
2 0 0 2 2
2k k
R ({v}) = = 0.1538
13m m
q
k
Estimativa para a frequência fundamental ω1 : ω1R = 0.3922 m
JDR
202 11. Sistema com n gdl: Regime livre
• Vector arbitrário {v} para aproximação da forma natural fundamental: vector dos
deslocamentos estáticos, [k] {v} = {f }, produzidos por um sistema de forças pro-
porcionais às massas.
1 1
1 1 1
{f } = m 1 [k]−1 = 1 2 2
k
2 1 2 2.5
1 1 1 1 4
−1 m m
{v} = [k] {f } = 1 2 2 1 = 7
k k
1 2 2.5 2 8
T
4 2 −1 0 4
{v}T [k] {v} = k 7 −1 3 −2 7 = 27k
8 0 −2 2 8
T
4 1 0 0 4
{v}T [m] {v} = m 7 0 1 0 7 = 193m
8 0 0 2 8
27k k
R ({v}) = = 0.1399
193m m
q
k
Estimativa para a frequência fundamental ω1 : ω1R = 0.3740 m
JDR
CAPÍTULO 12
f( t) f i( t ) fn( t)
x ( t) x i( t ) x n( t)
k
k i k i+ 1
k n
m m i m n
c c i c i+ 1 c n
[m] {ẍ (t)} + [c] {ẋ (t)} + [k] {x (t)} = {f (t)} (12.1)
onde [m], [c] e [k] representam, respectivamente, as matrizes de massa, de amortecimento
e de rigidez do sistema. As matrizes [m], [c] e [k] são simétricas,
203
204 12. Sistema com n gdl: Regime forçado
m11 . . . m1i . . . m1n k11 ... k1i . . . k1n
... ... ... ... ...
... ... ... ... ...
[m] =
mi1 . . . mii . . . min
, [k] =
ki1 ... kii . . . kin ,
(12.3)
... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
mn1 . . . mni . . . mnn kn1 ... kni . . . knn
c11 ... c1i . . . c1n
... ... ... ... ...
[c] =
ci1 ... cii . . . cin .
(12.4)
... ... ... ... ...
cn1 ... cni . . . cnn
Os vectores {x (t)}, {ẋ (t)}, {ẍ (t)} e {f (t)} representam, respectivamente, os vectores
de deslocamento, de velocidade, de aceleração e de força actuante no sistema,
x1 (t)
ẋ1 (t)
ẍ1 (t)
... ... ...
{x (t)} = xi (t) , {ẋ (t)} = ẋi (t) , {ẍ (t)} = ẍi (t) , (12.5)
... . . . . . .
xn (t) ẋn (t) ẍn (t)
f 1 (t)
...
{f (t)} = fi (t) . (12.6)
...
fn (t)
[m] {ẍ (t)} + [c] {ẋ (t)} + [k] {x (t)} = {F } ejωt , (12.8)
onde o vector solicitação {f (t)} vale,
JDR
12.2. Resposta a uma solicitação harmónica 205
Exemplo H
Determinar a resposta estacionária do sistema com três graus de liberdade não amorte-
cido representado na figura 12.2 e com f1 (t) = F cos ωt e f2 (t) = f3 (t) = 0. Considerar
m1 = m2 = m3 = 2m, k1 = 4k, k2 = 3k, k3 = 2k e k4 = k.
F c o sM t
x 1( t) x 2( t) x 3( t)
k 1 k 2 k 3 k 4
m 1 m 2 m 3
JDR
206 12. Sistema com n gdl: Regime forçado
JDR
12.2. Resposta a uma solicitação harmónica 207
X1 (ω)
0 ω1 ω2 ω3
ω /Hz
(a) X1 (ω)
X2 (ω)
0 ω1 ω2 ω3
ω /Hz
(b) X2 (ω)
X3 (ω)
0 ω1 ω2 ω3
ω /Hz
(c) X3 (ω)
JDR
208 12. Sistema com n gdl: Regime forçado
|X1 (ω)|
0
φ
−π
0
ω
(a) X1 (ω)
|X2 (ω)|
0
φ
−π
0
ω
(b) X2 (ω)
|X3 (ω)|
0
φ
−π
0
ω
(c) X3 (ω)
JDR
12.3. Regime forçado não amortecido-Análise modal 209
f1( t) f i( t ) fn( t)
x 1( t) x i( t ) x n( t)
m 1 m i m n
k 1 k i k i+ 1
JDR
210 12. Sistema com n gdl: Regime forçado
[Φ]T [m] [Φ] {η̈ (t)} + [Φ]T [k] [Φ] {η (t)} = [Φ]T {f (t)} . (12.21)
Tendo em conta a propriedade de ortonormalidade dos vectors modais que formam
a matriz modal [Φ],
2
1 η̈1 (t)
ω1 η1 (t)
N1 (t)
..
..
..
..
..
. .
. .
.
1 2
η̈i (t) + ω ηi (t)
= N i (t) .
i
.. .. .. .. .
.
.
.
. ..
1 η̈n (t) ωn2 ηn (t)
Nn (t)
(12.24)
A transformação linear com a matriz modal [Φ], conjuntamente com a propriedade
de ortogonalidade dos vectores modais, permite, pois, o desacoplamento simultâneo em
termos elásticos e em termos de inércia das n equações de movimento. Noutros termos,
a projecção (12.24) do sistema de equações diferenciais de movimento na base modal
conduz a equações diferenciais desacopladas ou independentes, sendo cada uma delas
idêntica à equação diferencial de movimento do sistema com um grau de liberdade,
JDR
12.3. Regime forçado não amortecido-Análise modal 211
C o o r d e n a d a s g e n e r a liz a d a s
f1( t) fi( t ) fn ( t)
x 1 (t) x i( t) x n (t)
m 1 m i m n
k 1 k i k i+ 1
C o o r d e n a d a s m o d a is
N i( t )
m h i( t)
k i
m mi
(t)
N 1
t)
h 1(
m
m k m
k 1
m 1 n
N
(
m m h (n t)
n n t)
{η (0)} = [Φ]T [m] {x (0)} , {η̇ (0)} = [Φ]T [m] {ẋ (0)} . (12.28)
JDR
212 12. Sistema com n gdl: Regime forçado
conhecida sob a forma de uma função do tempo, a solução analítica pode ser determi-
nada utilizando o integral de Duhamel,
t
1
Z
ηi (t) = Ni (τ ) sin ωi (t − τ ) dτ
ωi 0 i = 1, . . . , n. (12.30)
η̇i (0)
+ ηi (0) cos ωi t + sin ωi t
ωi
n
X
{x (t)} = {φ}i ηi (t) . (12.32)
|{z} | {z }
i=1
forma coordenada
modal modal
O movimento {x (t)} do sistema pode, pois, de acordo com (12.32), exprimir-se como
uma sobreposição das formas naturais de vibração multiplicadas pelas respectivas coor-
denadas modais, donde a designação de sobreposição modal para esta técnica de deter-
minação da resposta forçada de sistemas com n graus de liberdade.
Explicitando o cálculo nas expressões (12.31) e (12.32) para o sistema com n graus de
liberdade, a resposta {x (t)} vem,
JDR
12.4. Regime forçado amortecido - Análise modal 213
x1 (t) φ 11 . . . φ 1i . . . φ 1n η 1 (t)
..
.. .. ..
..
. . . . . . . . . . .
xi (t) = φi1 . . . φii . . . φin
ηi (t)
..
.. .. .. ..
. . . . . . . . . . .
xn (t) φn1 . . . φni . . . φnn ηn (t)
φ11 η1 (t) + . . . + φ1i ηi (t) + . . . + φ1n ηn (t)
..
.
= φi1 η1 (t) + . . . + φii ηi (t) + . . . + φin ηn (t) (12.33)
..
.
φn1 η1 (t) + . . . + φni ηi (t) + . . . + φnn ηn (t)
φ11 φ1i φ1n
.
.
.
.. .. ..
= φi1 η1 (t) + . . . + φ2i ηi (t) + . . . + φ2n ηn (t).
. . .
.. .. ..
φn1 φni φnn
[m] {ẍ (t)} + [c] {ẋ (t)} + [k] {x (t)} = {f (t)} . (12.34)
f( t) f i( t ) fn( t)
x ( t) x i( t ) x n( t)
k
k i k i+ 1
k n
m m i m n
c c i c i+ 1 c n
[Φ]T [m] [Φ] {η̈ (t)} + [Φ]T [c] [Φ] {η̇ (t)} + [Φ]T [k] [Φ] {η (t)} = [Φ]T {f (t)} . (12.35)
Tendo em conta as propriedades de ortogonalidade dos vectores modais em relação
às matrizes de massa e de rigidez, as equações de movimento projectadas na base modal
vêm,
JDR
214 12. Sistema com n gdl: Regime forçado
dIc {η̈ (t)} + [Φ]T [c] [Φ] {η̇ (t)} + Ω2 {η (t)} = {N (t)}
(12.36)
gonal cujos termos são os quadrados das frequências naturais. Por sua vez, a matriz
[Φ]T [c] [Φ], que representa a projecção da matriz de amortecimento na base modal, não
é, necessariamente, uma matriz diagonal. Assim, a equação matricial (12.36) encontra-se
desacoplada em termos de inércia e de rigidez, mas não necessariamente em termos de
amortecimento.
=d2ξΩc
e é uma matriz diagonal. Assim, os vectores modais do sistema não amortecido diago-
nalizam igualmente a matriz de amortecimento viscoso proporcional, e as equações de
movimento na base modal são equações independentes.
Refira-se, a título de informação, que a condição de proporcionalidade para a matriz
de amortecimento é demasiado redutora. Com efeito, os vectores modais do sistema não
amortecido diagonalizam a matriz de amortecimento desde que esta verifique a condição
de Caughey,
[k] [m]−1 [c] = [c] [m]−1 [k] (12.39)
JDR
12.5. Resposta por sobreposição modal truncada 215
t
1
Z
ηi (t) = Ni (τ ) e−ξi ωi (t−τ ) sin ωdi (t − τ ) dτ
ωdi 0
η (0) η̇i (0)
i = 1, . . . , n (12.41a)
+e ξi ωi t
qi cos (ωdi t − φi ) + sin ωdi t
1 − ξi2 ωi
ξi
q
ωdi = ωi 1 − ξi2 , φi = tan−1 q (12.41b)
1 − ξi2 .
JDR
216 12. Sistema com n gdl: Regime forçado
φ11 φ12 . . . φ1p
φ21 φ22 . . . φ2p
[Φ]n×p = {φ}1 {φ}2 . . . {φ}p = . (12.44)
n×p .. .. .. ..
. . . .
φn1 φn2 . . . φnp n×p
[Φ]T T T
p×n [m]n×n [Φ]n×p {η̈}p×1 + [Φ]p×n [k]n×n [Φ]n×p {η}p×1 = [Φ]p×n {f (t)}n×1 . (12.46)
ω12
1
η̈1 (t)
η1 (t)
N 1 (t)
1 η̈2 (t) ω22 η2 (t) N2 (t)
+ =
.. .. .. .. ..
.
.
.
.
.
1 η̈p (t) ωp2 η p (t) Np (t) p×1
p×p p×1 p×p p×1
(12.47)
cada uma delas da forma,
JDR
12.5. Resposta por sobreposição modal truncada 217
O movimento {x (t)} nas coordenadas generalizadas exprime-se ainda como uma so-
breposição dos p (p < n) modos naturais de vibração considerados e multiplicados
pelas respectivas coordenadas modais.
C o o r d e n a d a s g e n e r a liz a d a s
f1( t) fi( t ) fn ( t)
x 1 (t) x i( t) x n (t)
m 1 m i m n
k 1 k i k i+ 1
E sp a ç o m o d a l
S u b -e sp a ç o m o d a l
(t)
N 1
t) k m
h 1( p
N
(
m m m h (p t)
m p t)
k 1
m 1 p
N i( t )
m h i( t)
k i
m mi
...........
JDR
218 12. Sistema com n gdl: Regime forçado
JDR
CAPÍTULO 13
13.1 Introdução
O comportamento dinâmico de um sistema linear discreto com n graus de liberdade é
descrito pelo sistema de equações diferenciais,
219
220 13. Sistema com n gdl: Integração directa
f( t) x ( t)
f i x i
f i-1 x i-1
f x i+ 1
i+ 1
x 2
f n x 1
f 2 x n
f 1
f 0 x 0
JDR
13.3. Método das diferenças finitas (centradas) 221
d2 x
1
ẍi = 2 = (xi+1 − 2xi + xi−1 ) . (13.8)
dt t=ti (∆t)2
Assim, os vectores de velocidade e de aceleração no instante t = ti podem escrever-se,
1
{ẋ}t = {x}t+∆t − {x}t−∆t , (13.9)
2∆t
1
{ẍ}t = {x} t+∆t
− 2 {x} t
+ {x} t−∆t
. (13.10)
(∆t)2
Considerando agora a equação de movimento no instante genérico t = ti ,
1 t+∆t t t−∆t
1 t+∆t t−∆t
[m] {x} − 2 {x} + {x} + [c] {x} − {x}
(∆t)2 2∆t (13.12)
t t
+ [k] {x} = {f } .
1 1 t+∆t t 2 t 1 1
2 [m] + [c] {x} = {f } − [k] − 2 [m] {x} − 2 [m] − [c] {x}t−∆t .
(∆t) 2∆t (∆t) (∆t) 2∆t
(13.13)
Assim, a partir do vector solicitação {f }t no instante genérico t = ti e dos vectores de
resposta {x}t−∆t e {x}t , respectivamente nos instantes t = ti − ∆t e t = ti , determina-se
a resposta {x}t+∆t do sistema no instante t = ti + ∆t.
A aplicação repetida da expressão de recurrência (13.13) conduz à obtenção da histó-
ria completa da resposta do sistema nos instantes ti i = 1, 2, . . . , n.
JDR
222 13. Sistema com n gdl: Integração directa
x ( t)
x i
x i-1
x i+ 1
x 2
x 1
x n
x 0
x -1
t -1 0 t1 t2 ... t i-1 t i t i+ 1 . . . t n t
, t , t , t , t
(∆t)2
{x}−∆t = {x}0 − ∆t {ẋ}0 + {ẍ}0 , (13.16)
2
onde o vector aceleração {ẍ}0 pode ser determinado a partir da equação de equilíbrio
dinâmico no instante t = t0 , que se escreve,
JDR
13.3. Método das diferenças finitas (centradas) 223
(∆t)2
{x}−∆t = {x}0 − ∆t {ẋ}0 + [m]−1 {f }0 − [c] {ẋ}0 − [k] {x}0 , (13.20)
2
Tn 2
∆t ≤ ∆tcr = = (13.21)
π ωn
onde Tn representa o menor período natural não amortecido do sistema e ωn a corres-
pondente maior frequência natural não amortecida. Trata-se, pois, de um método de in-
tegração condicionalmente estável. Um valor para o passo de integração igual a ∆t = T10n
é um valor de utilização corrente.
JDR
224 13. Sistema com n gdl: Integração directa
[m] {ẍ}0 = {f }0 − [c] {ẋ}0 − [k] {x}0 MATLAB : ẍ0 = [m] \ f 0 − [c] ẋ0 − [k] x0
1 1 1
a0 = a1 = a2 = 2a0 a3 =
(∆t)2 2∆t a2
t
f = {f }t − ([k] − a2 [m]) {x}t − (a0 [m] − a1 [c]) {x}t−∆t
t t
[m] {x}t+∆t = f MATLAB : xt+∆t = [m̄] \ f¯
{ẍ}t = a0 {x}t−∆t − 2 {x}t + {x}t+∆t
{ẋ}t = a1 {x}t+∆t − {x}t−∆t
JDR
13.4. Método de Wilson-θ 225
N J+ G , J
N J+ , J
N J
J J+ G , J
J J+ , J
Figura 13.3: Método de Wilson-θ
τ 2 t+θ∆t
ẋt+τ = ẋt + ẍt τ + ẍ − ẍt , (13.23)
2θ∆t
1 τ 3 t+θ∆t
xt+τ = xt + ẋt τ + ẍt τ 2 + ẍ − ẍt . (13.24)
2 6θ∆t
Em particular, no instante t + θ∆t (para τ = θ∆t), a velocidade e o deslocamento
valem, respectivamente,
θ∆t t+θ∆t
ẋt+θ∆t = ẋt + ẍ + ẍt , (13.25)
2
(θ∆t)2 t+θ∆t
xt+θ∆t = xt + θ∆tẋt + ẍ + 2ẍt . (13.26)
6
Resolvendo as equações (13.25) e (13.26) para ẍt+θ∆t e ẋt+θ∆t em termos do desloca-
mento xt+θ∆t , obtém-se
6 t+θ∆t 6 t
ẍt+θ∆t = 2 x − x t
− ẋ − 2ẍt , (13.27)
(θ∆t) θ∆t
3 t+θ∆t θ∆t t
ẋt+θ∆t = x − xt − 2ẋt − ẍ . (13.28)
θ∆t 2
JDR
226 13. Sistema com n gdl: Integração directa
F t+θ∆t = F t + θ F t+∆t − F t .
(13.30)
Após substituição de (13.27) e (13.28) em (13.29), obtém-se
6 3 t+θ∆t
=F t + θ F t+∆t − F t
[k] + 2 [m] + θ∆t [c] x
(θ∆t)
6 t 6 t t
+ [m] x + ẋ + 2ẍ (13.31)
(θ∆t)2 θ∆t
3 t t θ∆t t
+ [c] x + 2ẋ + ẍ .
θ∆t 2
(∆t)2 t+∆t
xt+∆t = xt + ∆tẋt + + 2ẍt .
ẍ (13.34)
6
As expressões (13.32), (13.33) e (13.34) constituem a resposta no instante t + ∆t
JDR
13.4. Método de Wilson-θ 227
[m] ẍ0 = f 0 − [c] ẋ0 − [k] x0 MATLAB : ẍ0 = [m] \ f 0 − [c] ẋ0 − [k] x0
6 3 θ∆t a0
a0 = a1 = a2 = 2a1 a3 = a4 =
(θ∆t)2 θ∆t 2 θ
a2 3 ∆t (∆t)2
a5 = − a6 = 1 − a7 = a8 =
θ θ 2 6
5. Rigidez efectiva:
k̄ = [k] + a0 [m] + a1 [c]
t+θ∆t
= F̄ t+θ∆t MATLAB : xt+θ∆t = k̄ \F̄ t+θ∆t
k̄ x
JDR
228 13. Sistema com n gdl: Integração directa
N J+ D J
N J
1 N J + N J+ D J
2
J
J J+ D J
Figura 13.4: Método de Newmark
t+∆t t t 2 1 t t+∆t
x = x + ẋ ∆t + (∆t) − α ẍ + αẍ . (13.36)
2
onde α e δ são parâmetros para assegurar precisão e estabilidade na integração. Para
δ = 12 e α = 16 , as expressões (13.35) e (13.36) correspondem ao método da aceleração
linear. Para δ = 21 e α = 14 , parâmetros de Newmark, o método é incondicionalmente
estável e assenta num esquema de aceleração média constante no intervalo [t, t + ∆t],
figura 13.4.
Resolvendo a equação (13.36) em ordem a ẍt+∆t e substituindo na equação (13.35),
obtêm-se expressões para ẍt+∆t e ẋt+∆t em termos de xt+∆t ,
t+∆t 1 t+∆t t 1 t 1
− 1 ẍt ,
ẍ = x −x − ẋ − (13.37)
α (∆t)2 α∆t 2α
t+∆t δ t δ δ
ẍt + xt+∆t − xt .
ẋ = 1− ẋ + ∆t 1 − (13.38)
α 2α α∆t
Além das relações (13.37) e (13.38), a solução para o deslocamento, velocidade e ace-
leração no instante t + ∆t requer também a equação de equilíbrio dinâmico em t + ∆t,
que se escreve
JDR
13.5. Método de Newmark 229
JDR
230 13. Sistema com n gdl: Integração directa
[m] ẍ0 = f 0 − [c] ẋ0 − [k] x0 MATLAB : ẍ0 = [m] \ f 0 − [c] ẋ0 − [k] x0
1 1
δ= α=
2 4
1 δ 1 1
a0 = a1 = a2 = a3 = −1
α (∆t)2 α∆t α∆t 2α
δ ∆t δ
a4 = − 1 a5 = −2 a6 = ∆t (1 − δ) a7 = δ∆t
α 2 α
5. Rigidez efectiva:
k̄ = [k] + a0 [m] + a1 [c]
t+∆t
= F̄ t+∆t MATLAB : xt+∆t = k̄ \F̄ t+∆t
k̄ x
JDR
CAPÍTULO 14
Sistemas contínuos
Vibração transversal de cordas
z f( x ,t)
v ( x ,t)
x d x x
l
a )
z f( x ,t) T + d T
G + d G
G v v + d v
T
x d x x
b )
Figura 14.1: Corda elástica
231
232 14. Vibração transversal de cordas
∂ 2 v (x, t)
(T + dT ) sin (θ + dθ) + f (x, t) dx − T sin θ = µ (x) dx (14.1)
∂t2
onde θ representa o ângulo da corda com o eixo Ox.
Para um elemento infinitesimal de comprimento dx e para um ângulo θ pequeno,
podem adoptar-se as seguintes aproximações,
∂v ∂v ∂2v
sin θ ∼
= tan θ = sin (θ + dθ) ∼= tan (θ + dθ) = + 2 dx. (14.2)
∂x ∂x ∂x
Introduzindo as expressões anteriores na equação de movimento, esta pode simplificar-
se na forma,
∂ 2 v (x, t)
∂ ∂v (x, t)
T + f (x, t) = µ (x) . (14.3)
∂x ∂x ∂t2
Para uma corda de secção uniforme, µ (x) = µ, e com tensão constante, T (x) = T , a
equação de movimento reduz-se a,
∂ 2 v (x, t) ∂ 2 v (x, t)
T + f (x, t) = µ . (14.4)
∂x2 ∂t2
Assim, a equação de movimento é uma equação diferencial parcial de segunda or-
dem na variável tempo t e na variável espacial x. Em consequência, são necessárias
duas condições de fronteira, na variável x, e duas condições iniciais, na variável t, para
a resolução da equação diferencial de movimento deste sistema. Por outro lado, o mo-
vimento é caracterizado pela equação diferencial (14.3), pelas respectivas condições de
fronteira e pelas condições iniciais de deslocamento e de velocidade, v (x, t = 0) = v0 (x)
e v̇ (x, t = 0) = v̇0 (x).
∂ 2 v (x, t) ∂ 2 v (x, t)
T = µ . (14.5)
∂x2 ∂t2
T
Fazendo µ = c2 , a equação do regime livre pode escrever-se na forma,
∂ 2 v (x, t) 1 ∂ 2 v (x, t)
= . (14.6)
∂x2 c2 ∂t2
A equação de movimento lateral da corda na forma (14.6) é uma equação de onda,
onde c representa a velocidade de propagação longitudinal da onda.
JDR
14.2. Regime livre 233
∂x2
e ∂ ∂t 2 são substituídas por derivadas totais.
A introdução da solução (14.7) e das derivadas (14.8) na equação diferencial conduz
à equação,
d2 V (x) 1 d2 g (t)
g (t) = V (x) . (14.9)
dx2 c2 dt2
Após rearranjo, a equação anterior pode escrever-se na forma,
1 d2 V (x) 1 d2 g (t)
c2 = (14.10)
V (x) dx2 g (t) dt2
onde o primeiro membro depende somente de x e o segundo depende somente de t.
Os dois membros da equação (14.10) são, pois, de natureza distinta, e a equação só é
verificada para todo o x e todo o t caso ambos os membros sejam iguais a uma constante,
λ, por exemplo. Então tem-se,
1 d2 V (x)
c2 =λ (14.11)
V (x) dx2
e
1 d2 g (t)
= λ, (14.12)
g (t) dt2
ou, após rearranjo,
d2 V (x) λ
2
− 2 V (x) = 0 (14.13)
dx c
JDR
234 14. Vibração transversal de cordas
d2 g (t)
− λg (t) = 0. (14.14)
dt2
Fazendo a constante λ igual a −ω 2 , as duas equações anteriores escrevem-se,
d2 V (x) ω 2
+ 2 V (x) = 0 (14.15)
dx2 c
d2 g (t)
+ ω 2 g (t) = 0 (14.16)
dt2
e as respectivas soluções são da forma,
ω ω
V (x) = A cos x + B sin x, (14.17)
c c
v (x = 0, t) = 0 v (x = `, t) = 0. (14.20)
A solução da equação diferencial de movimento, conforme (14.19), escreve-se,
ω ω
v (x, t) = A cos x + B sin x (C cos ωt + D sin ωt) . (14.21)
c c
Introduzindo a primeira das condições de fronteira (14.20) na solução (14.21) vem,
A = 0. (14.23)
Introduzindo agora a segunda das condições de fronteira (14.20) na solução (14.21)
com A = 0, obtém-se a relação,
ω
v (`, t) = B sin ` (C cos ωt + D sin ωt) = 0, (14.24)
c
a qual é verificada se a constante B for nula, o que corresponde à solução trivial, isto é,
v (x, t) = 0. Então para a existência de soluções não nulas tem de verificar-se a condição,
ω
B sin `=0 (14.25)
c
JDR
14.3. Corda com as extremidades fixas 235
Assim, existe uma infinidade de soluções v (x, t) independentes, do tipo (14.21), que
verificam as condições de fronteira. Cada solução vn (x, t) n = 1, . . . , ∞ correspondente
a uma frequência natural ωn n = 1, . . . , ∞ escreve-se,
nπ ncπ ncπ
vn (x, t) = Vn (x) gn (t) = Bn sin x Cn cos t + Dn sin t (14.29)
` ` `
e designa-se por modo natural de vibração, sendo a respectiva forma natural de vibração
dada pela função,
nπ
Vn (x) = Bn sin x n = 1, . . . , ∞. (14.30)
`
Para n = 1, o modo natural de vibração corresponde à frequência natural mais baixa e
designa-se por modo fundamental de vibração. De acordo com (14.30), as formas naturais
de vibração da corda com ambas as extremidades fixas são funções harmónicas, conforme
se representa na figura 14.2, apresentando secções estacionárias, Vn (xi ) = 0, designadas
por nodos de vibração.
Como existe uma infinidade de soluções do tipo (14.29) para a equação diferencial de
movimento da corda com as extremidades fixas, a solução geral é dada pela combinação
linear dos diferentes modos naturais de vibração,
∞
X ∞
X
v (x, t) = vn (x, t) = Vn (x) gn (t)
n=1 n=1
∞ (14.31)
X nπ ncπ ncπ
= Bn sin x Cn cos t + Dn sin t
` ` `
n=1
JDR
236 14. Vibração transversal de cordas
V1 (x)
0 ℓ
x
(a) n = 1
V2 (x)
0 ℓ
x
(b) n = 2
V3 (x)
0 ℓ
x
(c) n = 3
V4 (x)
0 ℓ
x
(d) n = 4
H Exemplo
Uma corda de comprimento `, fixa em ambas as extremidades, é deformada a meio vão
como se representa na figura 14.3. Estabelecer a expressão do movimento vibratório da
corda.
A solução é dada pela expressão (14.31) com as constantes Cn e Dn dadas pelas ex-
pressões (14.34)-(14.35). Como a velocidade inicial é nula, v̇ (x, t = 0) = v̇0 (x) = 0, as
constantes Dn são nulas. Assim, a solução (14.31) reduz-se a,
∞ ∞ ∞
X X X nπ ncπ
v (x, t) = vn (x, t) = Vn (x) gn (t) = Bn sin x Cn cos t
` `
n=1 n=1 n=1
onde
JDR
14.4. Ortogonalidade das formas naturais 237
) 8 N @ +
6 6
N
l l
Z `
1 2 nπ
Cn = v0 (x) sin xdx .
Bn ` 0 `
A deformada inicial v0 (x) é dada por,
(
2δ
` x 0 ≤ x ≤ 2`
v0 (x) = 2δ `
.
` (` − x) 2 ≤ x ≤ `
As constantes Cn são então dadas por,
`/2
!
`
1 2 2δ nπ 2 2δ nπ
Z Z
Cn = x sin xdx + (` − x) sin xdx
Bn ` 0 ` ` ` `/2 ` `
8δ
sin nπ
(
1 π 2 n2 2 n = 1, 3, 5, . . .
= .
Bn 0 n = 2, 4, 6, . . .
n−1
Utilizando a relação sin nπ
2 = (−1)
2 , n = 1, 3, 5, . . ., a solução pretendida, que cor-
d dVr (x)
− T (x) = ωr2 µ (x) Ur (x) (14.37)
dx dx
JDR
238 14. Vibração transversal de cordas
d dVs (x)
− T (x) = ωs2 µ (x) Vs (x) . (14.38)
dx dx
Multiplicando (14.37) por Vs (x) e (14.38) por Vr (x), e integrando para o comprimento
` da corda obtém-se,
` Z `
d dVr (x)
Z
− Vs (x) T (x) dx = ωr2 µ (x) Vs (x) Vr (x) dx (14.39)
0 dx dx 0
Z ` Z `
d dVs (x) 2
− Vr (x) T (x) dx = ωs µ (x) Vr (x) Vs (x) dx. (14.40)
0 dx dx 0
dVr (x) `
Z ` Z `
dVs (x) dVr (x) 2
Vs (x) T (x) + T (x) dx = ω r µ (x) Vs (x) Vr (x) dx,
dx 0 0 dx dx 0
| {z }
=0
(14.41)
dVs (x) `
Z ` Z `
dVr (x) dVs (x) 2
Vr (x) T (x) + T (x) dx = ω s µ (x) Vr (x) Vs (x) dx.
dx 0 0 dx dx 0
| {z }
=0
(14.42)
Subtraindo as expressões (14.41) e (14.42) anteriores,
Z `
0 = ωs2 − ωr2
µ (x) Vr (x) Vs (x) dx. (14.43)
0
JDR
14.4. Ortogonalidade das formas naturais 239
`
dVs (x) dVr (x)
Z
T (x) dx = ωr2 δrs r = 1, 2, . . . , ∞ (14.47)
0 dx dx
onde δrs representa o símbolo de Kronecker e vale,
1 para r = s
δrs = . (14.48)
0 para r 6= s
Refira-se que a ortogonalidade em relação à rigidez não é fornecida directamente pe-
las funções Vn (x) n = 1, . . . , ∞, mas antes pelas respectivas derivadas de primeira
ordem, dVdxn (x)
n = 1, . . . , ∞. Note-se igualmente que o problema vertente é de segunda
ordem na variável espacial x.
JDR
240 14. Vibração transversal de cordas
JDR
CAPÍTULO 15
Sistemas contínuos
Vibração longitudinal de barras
u ( x ,t) f( x ,t) x
x @ x
l
(a) barra
f( x ,t)
P P + d P
d x
u u + d u
(b) elemento infinitesimal
241
242 15. Vibração longitudinal de barras
∂ 2 u (x, t)
(P (x, t) + dP (x, t)) − P (x, t) + f (x, t) dx = ρA (x) dx . (15.1)
∂t2
Após simplificação vem,
∂ 2 u (x, t)
dP (x, t) + f (x, t) dx = ρA (x) dx . (15.2)
∂t2
Tendo em conta a relação da elasticidade existente entre a força axial P (x, t) e a de-
formação axial εxx = ∂u(x,t)
∂x ,
∂u (x, t)
P (x, t) = EA (x) , (15.3)
∂x
então o incremento dP (x, t) ao longo do elemento infinitesimal de comprimento dx vale,
∂P (x, t) ∂ ∂u (x, t)
dP (x, t) = dx = EA (x) dx (15.4)
∂x ∂x ∂x
Introduzindo a expressão anterior na equação (15.2) e dividindo todos os termos por
dx, a equação diferencial do movimento longitudinal de uma barra de secção não uni-
forme escreve-se,
∂ 2 u (x, t)
∂ ∂u (x, t)
EA (x) + f (x, t) = ρA (x) . (15.5)
∂x ∂x ∂t2
Para uma barra de secção uniforme, A (x) = A, a equação diferencial do movimento
toma a forma,
∂ 2 u (x, t) ∂ 2 u (x, t)
EA + f (x, t) = ρA . (15.6)
∂x2 ∂t2
Assim, a equação do movimento é uma equação diferencial parcial de segunda or-
dem na variável tempo t e na variável espacial x. Em consequência, são necessárias duas
condições de fronteira, na variável x, e duas condições iniciais, na variável t, para a reso-
lução da equação diferencial do movimento deste sistema. Por outro lado, o movimento
é caracterizado pela equação diferencial (15.5) ou (15.6), pelas respectivas condições de
fronteira e pelas condições iniciais de deslocamento e de velocidade, u (x, t = 0) = u0 (x)
e u̇ (x, t = 0) = u̇0 (x).
JDR
15.2. Regime livre 243
∂ 2 u (x, t)
∂ ∂u (x, t)
EA (x) = ρA (x) . (15.7)
∂x ∂x ∂t2
No caso particular da barra de secção constante, a equação (15.7) pode escrever-se,
∂ 2 u (x, t) ∂ 2 u (x, t)
EA = ρA . (15.8)
∂x2 ∂t2
Fazendo Eρ = c2 , a equação do regime livre da barra de secção constante pode ainda
escrever-se na forma,
∂ 2 u (x, t) 1 ∂ 2 u (x, t)
= . (15.9)
∂x2 c2 ∂t2
A equação do movimento longitudinal de uma barra de secção constante na forma
(15.9) é uma equação de onda, onde c representa a velocidade de propagação da onda.
JDR
244 15. Vibração longitudinal de barras
d2 g (t)
d dU (x)
EA (x) g (t) = ρA (x) U (x) . (15.12)
dx dx dt2
Após rearranjo, a equação anterior pode escrever-se na forma,
1 d2 g (t)
1 d dU (x)
EA (x) = (15.13)
ρA (x) U (x) dx dx g (t) dt2
onde o primeiro membro depende somente de x e o segundo depende somente de t.
Os dois membros da equação (15.13) são, pois, de natureza distinta, e a equação
(15.13) só é verificada para todo o x e todo o t caso ambos os membros sejam iguais a
uma constante, λ, por exemplo. Então tem-se,
1 d dU (x)
EA (x) =λ (15.14)
ρA (x) U (x) dx dx
e
1 d2 g (t)
= λ, (15.15)
g (t) dt2
ou, após rearranjo,
d dU (x)
EA (x) − λρA (x) U (x) = 0 (15.16)
dx dx
e
d2 g (t)
− λg (t) = 0. (15.17)
dt2
Fazendo a constante λ igual a −ω 2 , as duas equações anteriores escrevem-se,
d dU (x)
EA (x) + ω 2 ρA (x) U (x) = 0 (15.18)
dx dx
d2 g (t)
+ ω 2 g (t) = 0. (15.19)
dt2
A equação (15.19) representa uma equação diferencial ordinária cuja solução é do
tipo,
Por sua vez, a equação (15.18) representa um problema característico (valores e fun-
ções características) cujas soluções U (x) têm de verificar a equação diferencial, que tem
em conta a geometria variável da secção, e as condições de fronteira.
Assim, a solução u (x, t) = U (x) g (t) escreve-se,
JDR
15.3. Problema característico 245
ωn2 , Un (x)
n = 1, . . . , ∞. (15.23)
d2 U (x)
EA + ω 2 ρAU (x) = 0. (15.24)
dx2
E
Fazendo ρ = c2 , a equação característica apresenta-se como uma equação diferencial
ordinária,
d2 U (x) ω 2
+ 2 U (x) = 0 (15.25)
dx2 c
a qual admite soluções da forma,
ω ω
U (x) = A cos x + B sin x (15.26)
c c
que são as funções características de (15.24).
Para uma barra de secção constante, a solução u (x, t) = U (x) g (t) da equação dife-
rencial (15.8) do movimento livre ou natural é então dada por,
ω ω
u (x, t) = A cos x + B sin x (C cos ωt + D sin ωt) (15.27)
c c
onde os valores característicos de ω e as constantes A e B são determinados a partir das
condições de fronteira, e as constantes C e D são determinadas a partir das condições
iniciais.
JDR
246 15. Vibração longitudinal de barras
d dUr (x)
− EA (x) = ωr2 ρA (x) Ur (x) (15.29)
dx dx
d dUs (x)
− EA (x) = ωs2 ρA (x) Us (x) (15.30)
dx dx
Multiplicando (15.29) por Us (x) e (15.30) por Ur (x), e integrando para o comprimento
` da barra obtém-se,
` `
d dUr (x)
Z Z
− Us (x) EA (x) dx = ωr2 ρA (x) Us (x) Ur (x) dx (15.31)
0 dx dx 0
` Z `
d dUs (x)
Z
− Ur (x) EA (x) dx = ωs2 ρA (x) Ur (x) Us (x) dx. (15.32)
0 dx dx 0
dUr (x) `
Z ` Z `
dUs (x) dUr (x) 2
Us (x) EA (x) + EA (x) dx = ωr ρA (x) Us (x) Ur (x) dx
dx 0 0 dx dx 0
(15.33)
dUs (x) `
Z ` Z `
dUr (x) dUs (x) 2
Ur (x) EA (x) + EA (x) dx = ωs ρA (x) Ur (x) Us (x) dx.
dx 0 0 dx dx 0
(15.34)
Tendo em conta as condições de fronteira para extremidades fixas ou livres, o pri-
meiro termo nas expressões (15.33) e (15.34) é nulo,
JDR
15.4. Barra com as extremidades fixas 247
`
dUs (x) dUr (x)
Z
EA (x) dx = ωr2 δrs r, s = 1, 2, . . . , ∞ (15.40)
0 dx dx
onde δrs representa o símbolo de Kroenecker e vale,
1 para r = s
δrs = . (15.41)
0 para r 6= s
Refira-se que a ortogonalidade em relação à rigidez é verificada pelas derivadas de
primeira ordem, dUdx
n (x)
n = 1, . . . , ∞ das funções características Un (x) n = 1, . . . , ∞.
Note-se igualmente que o problema vertente é de segunda ordem na variável espacial x.
u (x = 0, t) = 0 u (x = `, t) = 0. (15.42)
u ( x ,t)
x
l
A = 0. (15.45)
Introduzindo agora a segunda das condições de fronteira (15.42) na solução (15.43)
com A = 0, obtém-se a relação,
JDR
248 15. Vibração longitudinal de barras
ω
u (`, t) = B sin ` (C cos ωt + D sin ωt) = 0, (15.46)
c
a qual é verificada se a constante B for nula, o que corresponde à solução trivial, isto é,
u (x, t) = 0. Então, para a existância de soluções não nulas tem de verificar-se a condição,
ω
`=0B sin (15.47)
c
6 0 , o que conduz à seguinte equação característica ou de frequências,
com B =
ω
sin ` = 0. (15.48)
c
A equação característica (15.48) admite uma infinidade de raízes, ωcn ` = nπ n =
1, . . . , ∞, as quais correspondem às frequências naturais de vibração longitudinal da
barra, ωn n = 1, . . . , ∞, e que valem,
ncπ
ωn = n = 1, . . . , ∞, (15.49)
`
E
ou ainda, após a substituição ρ = c2 ,
s
nπ E
ωn = n = 1, . . . , ∞. (15.50)
` ρ
Assim, existe uma infinidade de soluções u (x, t) independentes do tipo (15.43) que
verificam as condições de fronteira. Cada solução un (x, t) n = 1, . . . , ∞ correspondente
a uma frequência natural ωn n = 1, . . . , ∞ escreve-se,
∞
X ∞
X
u (x, t) = un (x, t) = Un (x) gn (t)
n=1 n=1
∞ (15.53)
X nπx ncπ ncπ
= Bn sin Cn cos t + Dn sin t
` ` `
n=1
JDR
15.4. Barra com as extremidades fixas 249
U1 (x)
0 ℓ
x
(a) n = 1
U2 (x)
0 ℓ
x
(b) n = 2
U3 (x)
0 ℓ
x
(c) n = 3
U4 (x)
0 ℓ
x
(d) n = 4
JDR
250 15. Vibração longitudinal de barras
∂u ∂u
(x = 0, t) = 0 (x = `, t) = 0. (15.58)
∂x ∂x
u ( x ,t)
x
l
∂u (x, t) ω ω ω
= −A sin x + B cos x (C cos ωt + D sin ωt) . (15.60)
∂x c c c
Introduzindo a primeira das condições de fronteira (15.58) na solução (15.60) vem,
ω
B cos 0 = 0, (15.61)
c
donde se conclui que a constante B é nula,
B = 0. (15.62)
Introduzindo agora a segunda das condições de fronteira (15.58) na solução (15.60)
com B = 0, obtém-se a relação,
ω ω`
−A sin (C cos ωt + D sin ωt) = 0 (15.63)
c c
a qual é verificada para ∀t ≥ 0 se a constante A for nula, o que corresponde à solução
trivial, isto é, u (x, t) = 0. Então, para a existância de soluções não nulas tem de verificar-
se a condição,
ω`
A sin
=0 (15.64)
c
com A 6= 0, o que conduz à seguinte equação característica ou de frequências,
ω
sin ` = 0. (15.65)
c
A equação característica (15.65) admite uma infinidade de raízes, ωcn ` = nπ n =
1, . . . , ∞, as quais correspondem às frequências naturais ωn n = 1, . . . , ∞ de vibração
longitudinal da barra e que valem,
JDR
15.5. Barra com as extremidades livres 251
ncπ
ωn = n = 1, . . . , ∞, (15.66)
`
E
ou ainda, após a substituição ρ = c2 ,
s
π E
ωn = n n = 1, . . . , ∞. (15.67)
` ρ
Assim, existe uma infinidade de soluções u (x, t) independentes do tipo (15.59) que
verificam as condições de fronteira. Cada solução un (x, t) n = 1, . . . , ∞ correspondente
a uma frequência natural ωn n = 1, . . . , ∞ e escreve-se,
∞
X ∞
X
u (x, t) = un (x, t) = Un (x) gn (t)
n=1 n=1
∞ (15.70)
X nπx ncπ ncπ
= An cos Cn cos t + Dn sin t
` ` `
n=1
JDR
252 15. Vibração longitudinal de barras
U1 (x)
0 ℓ
x
(a) n = 1
U2 (x)
0 ℓ
x
(b) n = 2
U3 (x)
0 ℓ
x
(c) n = 3
U4 (x)
0 ℓ
x
(d) n = 4
Z `
2 1 nπ
Cn = u0 (x) cos xdx , (15.73)
An
` 0 `
Z `
` 2 nπ
Dn = u̇0 (x) cos xdx . (15.74)
An ncπ ` 0 `
JDR
JDR
Tabela 15.1: Frequências e formas naturais de vibração axial de barras.
15.6. Frequências e formas naturais
nπc
fixa-fixa sin ω`
c =0 ωn = ` n = 1, 2, . . . Un (x) = Cn sin nπx
`
nπc
livre-livre sin ω`
c =0 ωn = ` n = 0, 1, . . . Un (x) = Cn cos nπx
`
253
254 15. Vibração longitudinal de barras
f( x ,t)
u ( x ,t) x
x @ x
l
JDR
15.7. Equação de movimento-Princípio de Hamilton 255
Z `
δWnc = f (x, t) δudx. (15.78)
0
A variação da energia cinética e potencial vem,
`
∂u (x, t) ∂u (x, t)
Z
δT = ρA δ dx, (15.79)
0 ∂t ∂t
Z `
∂u (x, t) ∂u (x, t)
δV = EA δ dx. (15.80)
0 ∂x ∂x
Calculando cada um dos termos da equação (15.75), tem-se
Zt2 Zt2 Z`
∂u (x, t) ∂u (x, t)
δT dt = ρA δ dxdt. (15.81)
∂t ∂t
t1 t1 0
∂
Trocando na expressão anterior a ordem da variação δ com a diferenciação ∂x e inte-
grando por partes, obtém-se a equação,
Zt2 Zt2 Z`
∂u (x, t) ∂
δT dt = ρA (δu (x, t)) dxdt
∂t ∂t
t1 t1 0
(15.82)
Z` t2 Zt2
2
∂u (x, t) ∂ u (x, t)
= ρA δu (x, t) − ρA δu (x, t) dt dx.
∂x t1 ∂t2
0 t1
Zt2 Zt2 Z`
∂ 2 u (x, t)
δT dt = − ρA δu (x, t) dxdt. (15.84)
∂t2
t1 t1 0
Para calcular o segundo termo de (15.75), trocando a ordem da variação com a dife-
renciação em (15.80) e integrando por partes, obtém-se,
Zt2 Zt2 Z`
∂u (x, t) ∂u (x, t)
δV dt = EA δ dxdt
∂x ∂x
t1 t1 0
Zt2 Z`
∂u (x, t) ∂
= EA (δu (x, t)) dxdt
∂x ∂x
t1 0
Zt2 ` Z `
∂u (x, t) ∂ ∂u (x, t)
= EA δu (x, t) − EA δu (x, t) dx dt.
∂x 0 ∂x ∂x
t1 0
(15.85)
JDR
256 15. Vibração longitudinal de barras
t2 ` t2 `
∂ 2 u (x, t)
∂ ∂u (x, t)
Z Z Z Z
− ρA δu (x, t) dxdt + EA δu (x, t) dxdt
t1 0 ∂t2 t1 0 ∂x ∂x
Z t2 Z `
+ f (x, t) δudxdt (15.86)
t1 0
Z t2 t2
∂u (`, t) ∂u (0, t)
Z
− EA δu (`, t) dt + EA δu (0, t) dt = 0,
t1 ∂x t1 ∂x
t2 Z `
∂ 2 u (x, t)
∂ ∂u (x, t)
Z
−ρA + EA + f (x, t) δu (x, t) dxdt
t1 0 ∂t2 ∂x ∂x
Z t2 (15.87)
∂u (x, t) ∂u (x, t)
− EA δu (`, t) − EA δu (0, t) dt = 0.
t1 ∂x ∂x
∂ 2 u (x, t)
∂ ∂u (x, t)
EA − ρA + f (x, t) = 0. (15.88)
∂x ∂x ∂t2
Da equação (15.87) obtêm-se também as seguintes condições de fronteira generaliza-
das,
∂u (x, t) ∂u (x, t)
EA δu = 0, EA δu = 0. (15.89)
∂x x=0 ∂x x=`
Estas condições de fronteira têm de ser verificadas como condições de fronteira geo-
métricas, isto é, u prescrito, ou então como condições de fronteira naturais, isto é,
∂u (x, t) ∂u (x, t)
EA = 0, EA = 0. (15.90)
∂x x=0 ∂x x=`
Assim, a equação do movimento é uma equação diferencial parcial de segunda or-
dem na variável tempo t e na variável espacial x. Em consequência, são necessárias duas
condições de fronteira, na variável x, e duas condições iniciais, na variável t , para a reso-
lução da equação diferencial de movimento deste sistema. Por outro lado, o movimento
é caracterizado pela equação diferencial (15.87) ou (15.88), pelas respectivas condições de
fronteira e pelas condições iniciais de deslocamento e de velocidade, u (x, t = 0) = u0 (x)
e u̇ (x, t = 0) = u̇0 (x).
JDR
CAPÍTULO 16
Sistemas contínuos
Vibração de torção de veios