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ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

SUMÁRIO
- CONSIDERAÇÕES INICIAIS 04

- A DEMANDA 11

- DESCRIÇÃO DA TAREFA 12

- PRÉ-DIAGNÓSTICO 14

- DIAGNÓSTICO 17

- CONCLUSÃO FINAL 18

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

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 Empresa avaliada:

 Localização:
Indaiatuba

 Áreas avaliadas:

 PRODUÇÃO – ABASTECIMENTO DE COMPONENTES NA LINHA DE


MONTAGEM

 Empresa Contratada:
ProdERGO Assessoria e Desenvolvimento de Ergonômicos Ltda.

 Endereço:

 Engenheiro Responsável:
Eduardo José Marcatto (Crea 50602027 41)
emarcatto@prodergo.com.br - (011) 6409-6406

1. Considerações importantes à empresa

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A análise ergonômica do trabalho deve seguir uma metodologia que
proporcione a caracterização do risco inerente, através da verificação dos fatores de
risco segundo a norma regulamentadora NR17 e da aplicação de ferramentas de
análise internacionalmente reconhecidas, identificando a intensidade deste risco,
assim como a influência de fatores externos importantes. Com estes dados em
mãos, os profissionais da empresa podem iniciar um plano para contenção dos
fatores de risco, aplicando num curto espaço de tempo ações proveitosas no campo
técnico e administrativo. As ações técnicas são cabíveis em praticamente todo o
universo industrial, exceto em raras situações, “caso houverem serão devidamente
identificadas”. As ações administrativas do tipo “rodízio ou retirada do funcionário do
posto, redução da carga de trabalho do operador, etc...”, que via de regra não
interferem no processo, método, equipamento ou dispositivo também são de fácil
aplicabilidade, e não devem ser consideradas como soluções, mas ações paliativas
de curto prazo. Ressaltamos este fato, visto que muitas empresas consideram o
rodízio como solução oficial do problema, protelando somente o efeito de um projeto
mal elaborado para mais adiante, criando uma falsa sensação de controle. O
revezamento é uma ferramenta paleativa importante no trato ergonômico,
demonstrando forte capacidade de interação preventiva, pois diversifica os
movimentos, melhora a participação do grupo e proporciona um excelente elemento
para melhoria da qualidade quando bem aplicado.
As soluções ergonômicas coexistem com as outras ferramentas, não
impossibilitando o avanço da empresa rumo à competitividade, ao contrario as
ferramentas ergonômicas oferecem um elemento novo e poderoso em busca da
modernização.
Devemos entender que um funcionário não consegue produzir sem uma
adequação ergonômica no seu posto de trabalho, isto porque quando existe queixa
de dor num determinado posto, certamente houve anteriormente queixa de
improdutividade e qualidade, a doença é o último estágio da ineficiência de um
projeto.

 Descrição das análises ergonômicas dos postos de trabalho através das


ferramentas internacionais:

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Para o melhor entendimento do processo utilizado na análise dos postos da
respeitável empresa é necessário explanar alguns aspectos importantes da questão,
desta forma o material será de grande valia, referindo não somente um indicador de
problemas mas um guia para as correções necessárias.
A utilização de ferramenta técnica para a análise dos postos, torna a
conclusão fiel à realidade, permitindo que a empresa priorize corretamente as ações
necessárias para a adequação dos postos. Estas ferramentas necessitam
basicamente de quatro grandezas para que todos os campos sejam preenchidos.
Segue abaixo a descrição destas grandezas:

1º - determinação do ciclo - este procedimento permite avaliar quantas vezes


os movimentos são repetidos no decorrer do dia. Quanto menor o ciclo, maior a
repetitividade.
A obtenção do ciclo é feita com o auxílio de um cronômetro, numa operação
conhecida pêlos cronoanalistas. O estudo de croanálise é complexo e dispendioso,
portanto do ponto de vista da ergonomia nos concentramos na determinação do
início e fim da tarefa (ciclo), e acionamos o cronômetro para a obtenção do tempo
utilizado para sua execução.

2º - determinação dos movimentos não naturais - em todos os trabalhos


há necessidade de movimentos para a realização da tarefa, o que nos obriga a
fracionar todos os movimentos dentro de um ciclo para estabelecer quais participam
com maior importância, e quais são insignificantes ou desprezíveis. É necessário que
o auditor conheça a biomecânica dos movimentos, para que o fracionamento se faça
perfeitamente, neste caso a descrição dos movimentos predominantes entre as
operações industriais deve ser descrita para o melhor entendimento:

- pinça

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- adução do polegar
- oposição do polegar
- pinça palmar
- abdução e adução dos dedos
- preensão da mão
- desvio ulnar
- desvio radial
- supinação
- pronação
- flexão do antebraço sobre o braço
- flexão do ombro
- extensão do ombro
- adução do ombro
- abdução do ombro
- flexão do pescoço
- extensão do pescoço

Como podemos observar, existe um número interessante de movimentos


relatados e outros mais não relatados, e curiosamente encontramos parte deles, ou
grande parte deles nos postos industriais, o que não implica na lesividade do posto.
Alguns chamados check lists, instituíram este preconceito entre muitos profissionais,
que começaram a considerar lesivo qualquer posto que contenha um destes
movimentos, ocorre que se trata de uma análise simplista, pois podemos constatar
em todas as atividades laborativas, domiciliares, esportivas, etc, diversos
movimentos não naturais , e mesmo assim, nem todas proporcionam queixas ou
lesões.

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Em muitas atividades, observamos uma série de movimentos não naturais,
espaçados por ciclos longos que distanciam os movimentos proporcionando uma
série de pausas importantes, este tipo de atividade é responsável por grande parte
das profissões existentes, como no caso dos lixeiros, pedreiros, marceneiros,
agricultores, etc...- quem duvida da exigência física destas profissões! Entretanto a
incidência é muito menor do que a incidência observada entre os digitadores, que
possuem pouca variedade de movimentos num ciclo extremamente pequeno.
A lesividade de um posto é subproduto de diversos fatores associados ou não,
que num determinado momento ultrapassam a capacidade humana de executar força
ou repetitividade. O limite humano é fixo, ou é melhorado vagarosamente com
melhores condições de vida, enquanto os limites operacionais são ultrapassados
frequentemente pela implementação de técnicas racionalizadoras.

3ª - proporção do movimento dentro do ciclo - outro fator importante para a


obtenção do potencial lesivo do posto, é a analise fracionada de cada movimento,
identificando o tempo que cada movimento ocupa dentro de um determinado ciclo.
Para que possamos entender melhor esta questão, vamos imaginar um operador que
esta lixando o teto por exemplo, as mãos descrevem um certo movimento de vai e
vem, e os ombros ficam durante todo o ciclo numa posição somente, neste caso os
ombros e trapézios entrarão mais rapidamente num processo de fadiga do que os
punhos. Este fenômeno é chamado de contração estática e identifica um potencial
lesivo muito alto, evidenciando que uma determinada postura inadequada quando
ocupa parte importante do ciclo pode tornar-se altamente lesiva, pois não permite a
recuperação das estruturas.

4º - determinação da força - hoje a força é reconhecidamente o principal fator


causador das lesões, esta grandeza pode ser obtida a partir do uso de um

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dinamômetro, que coleta os valores necessários para a execução de uma
determinada tarefa. A ferramenta contém seu próprio critério para classificação das
forças envolvidas bastando inserir as forças coletadas na respectiva planilha,
entretanto no material “MOORE&GARG”, o critério é obtido a partir da opinião do
analista, este procedimento pode ocasionar dúvidas em função de uma observação
pessoal incorreta. Para que isto não ocorra nossa equipe utiliza os critérios de força
deixados por Grandjean, que permite estabelecer com uma boa margem de acerto,
mesmo que empiricamente as considerações necessárias para o preenchimento do
material “MOORE&GARG”.

O gráfico de Grandjean demonstra o tempo de aparecimento da fadiga em


função do esforço realizado, demonstrando que os trabalhos não devem exigir mais
de 20% da força máxima de um determinado grupamento muscular. Portanto durante
a elaboração de um projeto , não deve ser concebido momentos de força que
ultrapassem este limite .
Quando um operador executa uma tarefa num ciclo curto, demonstrando
desvios importantes dos segmentos corpóreos, e aplicando grande força, se
evidencia um quadro de risco, principalmente pela caracterização da força, do que
pela repetitividade.

 Como foi realizada a auditoria

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Ferramentas utilizadas para a análise:
Força - dinamômetro CHATILLON 25Kg x 250g
torquímetro - 0.30 x 2.7 N/M
Ciclo - cronômetro digital
Dimensionamento - trena 5 m
Metodologia
Antropometria Estática - verificação dimensional do posto
- verificação do dimensional humano
- verificação de relação entre as duas coletas

Antropometria Dinâmica - verificação dos movimentos necessários


- verificação das forças envolvidas
- verificação do ciclo
- verificação da proporção do movimento no ciclo
Levantamento de Cargas - Método NIOSH.

 Limite de Peso Recomendado (RWL)


O RWL é o principal produto da equação NIOSH de levantamento de cargas.
O RWL é definido, para parâmetros específicos nas condições de trabalho, como o
peso da carga que aproximadamente todos os trabalhadores podem manusear pôr
um substancial período de tempo ( > 8 horas), sem o aumento do risco de
desenvolvimento de lesões na coluna/costas.
O RWL é definido pela equação abaixo :
RWL = LC x HM x VM x DM x AM x FM x CM
A descrição detalhada dos componentes individuais da equação serão
aplicadas a seguir.

Índice de Levantamento (LI)

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O LI é um termo que fornece a estimativa relativa, do nível de estresse físico
associado com a tarefa manual de levantamento de cargas.
A estimativa do nível de estresse físico é definido pela relação do peso da
carga levantada e o limite de peso recomendado (RWL).

O LI é definido pela equação abaixo :

LI = Peso do Objeto = L .
Limite de Peso Recomendado RWL

2. A Demanda

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A gerência de RH e de saúde e segurança solicitaram a análise ergonômica
do posto de trabalho mencionado, interessada em identificar os possíveis riscos aos
trabalhadores e as oportunidades de melhorias para a eliminação e/ou minimização
dos mesmos.

As análises realizadas neste trabalho abordaram a atividade de abastecimento


de componentes na linha de montagem, especialmente a manobra de racks
contendo vidros para automóveis e a metodologia utilizada foi observação e coleta de
dados para aplicação nas ferramentas de análise para riscos ergonômicos.

3 Das análises individuais das atividades de trabalho:

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3.1 Abastecimento de componentes na linha de montagem

Descrição da Tarefa:

 Os trabalhadores designados para exercer a tarefa de abastecimento de


componentes na linha de montagem são responsáveis pela identificação,
transporte e posicionamento dos componentes, na quantidade e momento
adequados.
 Cada trabalhador é responsável por uma área de abastecimento na linha de
montagem e conseqüentemente por determinados componentes desta área.
 De acordo com a experiência e treinamento de cada trabalhador, os mesmos
adotam estratégias para manter as locações de componentes abastecidas a
partir da variação de números de componentes por embalagem, área ocupada
pelo componente, número de componentes necessários para a montagem de
cada veículo (automóvel).
 A tarefa de abastecimento exige do trabalhador a manobra do veículo de
transporte das carretas, manobra das carretas com e sem componentes,
retirada de embalagens vazias e colocação na carreta e transporte manual de
embalagens com componentes para a locação.
 O abastecimento de vidros é realizado através da manobra das carretas que
suportam este componente, onde o trabalhador manobra o veículo de
transporte para próximo da carreta com vidros, engata a carreta com vidros no
veículo de transporte, conduz o veículo de transporte com a carreta de vidros
para próximo da locação, estaciona o veículo, caminha até a carreta
estacionado na locação, retira a carreta vazia da locação, puxando e
empurrando a mesma, manobra a carreta posicionando-a no corredor,
desengata a carreta com vidros do veículo, manobra a carreta com vidros
estacionando-a na locação, empurrando e puxando a carreta.

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 Devido ao peso da carreta e quantidade vidros acomodados na mesma, o
esforço para manobrar (puxar e empurrar) foi identificado pelo técnico de
segurança da empresa em 37 kgf.
 A carreta possui pontos de manobra instalados a 110 cm do piso, que permite
ao trabalhador uma postura adequada, pois não é necessário flexionar tronco
ou elevar braços para realizar a tarefa.
 A freqüência de abastecimento deste componente varia entre 01 (uma) a 03
(três) vezes por turno, portanto não caracteriza tarefa repetitiva. Pois o ciclo de
trabalho é superior a 30 segundos.
 Segundo a legislação nacional referente a saúde e segurança dos
trabalhadores e especificamente a ergonomia, devemos observar as seguintes
solicitações:

Norma Regulamentadora no 17 - Ergonomia

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a


adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.
17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais.
17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsâo ou tração de
vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico
deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo
trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a
sua saúde ou a sua segurança.

 Nota-se a partir da análise das recomendações explícitas no texto da norma


regulamentadora no 17 que há uma preocupação em preservar a saúde e
segurança dos trabalhadores, mas os limites de esforço aceitáveis, bem como
a freqüência e posturas para realizar a tarefa não estão especificadas.

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3. PRÉ-DIAGNÓSTICO:

A partir da análise dos riscos pelo quais os trabalhadores do abastecimento de


componentes estão submetidos, observa-se que o abastecimento de vidros realizado
de 01 a 03 vezes por turno, exige do trabalhador grande esforço para sua realização.
Observa-se que as tarefas exigem dos trabalhadores atenção para conduzir o
veículo de transporte, levantamento, transporte, levantamento e colocação de
cargas, pequenos deslocamentos para a manobra de carretas e interações com o
sistema de controle de estoques.
Os riscos relacionados ao desconforto dos trabalhadores podem estar
presentes nas atividades de:

- Esforço para empurrar e puxar carretas com vidros para estacioná-las na


locação.

Como a legislação não apresenta claramente os limites aceitáveis de esforço


para a tarefa de empurrar e puxar carretas, utilizou-se as tabelas para análise de
riscos psicofísicos desenvolvidas pelo cientista Ciriello Snook. demonstrando o nível
do risco sobre as estruturas físicas dos trabalhadores, nas atividades de
mencionadas.
A utilização da tabela exige a coleta dos dados de população que deve ser
preservada, que pode variar entre 10% a 90 % da população. Como em ergonomia
recomenda-se a preservação de grande parte da população, adotou-se limites
aceitáveis para 90 %.
Em relação a freqüência, nota-se que a mesma é baixa (1 a 3 vezes por
turno), portanto adotou-se a freqüência mais próxima proposta pela tabela, ou seja
uma tarefa a cada 30 minutos.
A partir destas deduções, identificou-se em figuras na cor vermelha os
esforços máximos aceitáveis para atividades de empurrar e puxar objetos (carretas),
apresentados nas páginas seguintes.

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Guia Psicofísico para Empurrar (para homens) da Liberty Mutual (Snook, Ciriello)
Tabela 6 – Forças máximas aceitáveis para se empurrar - para homens (kg)
Guia Psicofísico de Esforço de Puxar (para homens) da Liberty Mutual (Snook, Ciriello)
Tabela 8 – Forças máximas aceitáveis para esforço de puxar - para homens (kg)

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4. DIAGNÓSTICO:

As tabelas de esforços máximos aceitáveis demonstraram que, para a tarefa


de empurrar a força máxima aceitável é de 28 kgf, enquanto para a tarefa de puxar a
força máxima aceitável é de 27 kgf., comparando-se estas forças com a identificada
pelo técnico de segurança da empresa com dinamômetro digital de 37 kgf, conclui-se
que os membros superiores e a coluna do trabalhador estão submetidos a possíveis
desconfortos.
- Riscos para os membros superiores e para a coluna:
(Tabelas Snook, Ciriello) = Risco

As ferramentas de análise apresentaram indicações de riscos para os


membros superiores e coluna do trabalhador, apresentam-se as recomendações de
acordo com os riscos identificados, que devem ser analisadas quanto a viabilidade
técnica e econômica:
o Substituir os rodízios das carretas, reduzindo os esforços de empurrar para
valores abaixo de 27 kgf.
o Instalar sistema de engate rápido entre carreta e veículo de transporte,
comandado pelo trabalhador no cockpit do veículo. Permitindo a
movimentação da carreta pelo veículo, eliminando a necessidade da tarefa
de empurrar e puxar carretas carregadas com material (vidros).
o Avaliar a possibilidade de transportar carretas de vidros individualmente,
evitando-se o transporte conjugado de carretas dos demais materiais,
facilitando a introdução da recomendação anterior.
o Avaliar a tarefa do abastecedor por completa, pois os trabalhadores
também estão submetidos a tarefas de levantamento e colocação de
cargas, que pode apresentar desconfortos para a região lombar.
o Alternar a tarefa de abastecer carretas de vidros entre os abastecedores
dos turnos.
o Avaliar a possibilidade de orientar os abastecedores, para solicitar ajuda de
colegas de trabalho para realizar os esforços de empurrar e puxar carretas
de vidros,
4 CONCLUSÃO FINAL

O posto de trabalho analisado apresenta oportunidade de melhorias conforme


descrição nas análises individuais. Devido às características dos postos de trabalho e
das atividades, constatou-se fatores de riscos ergonômicos.
As recomendações do relatório anexo seguem o princípio da correção dos
pontos críticos e devem ser analisadas quanto a sua viabilidade, e substituídos caso
necessário.
Os benefícios da implementação de melhorias ergonômicas estão diretamente
ligados ao bem estar dos usuários, bem como a possíveis ganhos de produtividade e
qualidade do produto e de vida para o trabalhador. Os ganhos de produtividade
podem ser facilmente mensurados e revertidos e capacidade de investimento,
justificando plenamente o capital aplicado.

Não deve ser reproduzido.


Pertence exclusivamente à Empresa

Eduardo José Marcatto


CREA 50602027 41
20/06/2004

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