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Introdução a Teoria Antropológica – Sabrina Sales Araújo

Atividade
1) De alguns exemplos de etnocentrismo
O etnocentrismo é uma prática que envolve percepções e sentimentos diversos e
que está ligado a uma necessidade de afirmação do “eu” perante o “outro”, mas
é também na presença do “outro” que reconhecemos o “eu”. Ele é marcado pela
atitude de estranhamento e está presente não só entre culturas totalmente
diferentes social e espacialmente, mas é comum também entre grupos diferentes
dentro de uma mesma cultura. Um exemplo dessa última forma é a xenofobia
que é uma das facetas do etnocentrismo. A xenofobia ocorre quando há
preconceitos com relação a uma cultura específica de um determinado local –
dentro ou fora de um mesmo país. De maneira mais específica, podemos
encontra-lo, por exemplo, entre pessoas do sul e do sudeste frente a pessoas do
nordeste. Todos compartilham de traços em comum da cultura brasileira: falam
português, comem arroz com feijão, usam uma mesma moeda em suas
transações comerciais, etc. Mas o fato do nordestino vir de uma região mais
pobre, apresentar um sotaque marcante em seu português e consumir outros
alimentos diferentes dos consumidos em outras regiões, ele sofre esse tipo de
etnocentrismo que nada mais demonstra que a necessidade das pessoas que o
reproduzem de afirmarem a sua cultura local, tida como superior, diante do outro
que é o nordestino.
Quando Trump, presidente dos EUA, disse que faria um muro dividindo o seu
país do México de forma a impedir que mexicanos entrassem ilegalmente por
suas fronteiras, seu discurso foi explicitamente etnocêntrico, ao mencionar os
mexicanos como pessoas invasoras, pobres, que roubam empregos dos norte
americanos e que querem desfrutar da riqueza daquele país fugindo da pobreza
do seu. O que Trump faz nesse discurso é colocar a sua sociedade como a boa, a
rica, de gente boa, de bem e o outro como pobre, em alguns casos, doentes e, por
isso, inferiores. É etnocêntrico por que classifica o que é diferente, usando
critérios próprios.
2) Procure exemplos de transformação cultural na sociedade brasileira,
associando-os com a ideia de “coalizão cultural” de Levi Strauss.

Lévi Strauss em “Raça e História” traz a noção de civilização mundial como


uma grande coligação de culturas diferentes, sem as quais não poderia haver o
processo de acumulação que nos rendeu progressos técnicos em diversas áreas e
dimensões econômicas e sociais. Essa “coalização” pode ser responsável
também por criar novas leituras de determinados elementos por culturas
diferentes. Ele também traz a ideia de haver no contato entre grupos diferentes,
movimentos de convergência e afinidades que possibilitam rejeição de
determinados aspectos de uma cultura por uma outra, ou a aceitação de aspectos
de uma outra em incorporação à minha cultura, pois há afinidade e, certamente,
algum benefício em determinados contextos. Pensando nestes aspectos, entendo
que a criação da umbanda no Brasil é um exemplo de coligação e afinidade, pois
trata-se de uma religião que congrega elementos de ritos e cultos africanos,
indígenas, acoplados ao kardecismo, mas talvez, um exemplo melhor e mais
contemporâneo de coligação ou coalizão, seja a posição econômica do Brasil no
mundo. Nós nos situamos economicamente como um país exportador de
commodities, enquanto compramos a maioria de nossos produtos manufaturados
de fora. Assim, contribuímos para o funcionamento do mundo industrial e
conseguimos nos inserir nele na medida em que, com os nossos produtos
agrícolas, geramos receita para acessar os manufaturados. Ao citar este exemplo,
não quero dizer que essa modalidade de inserção tenha sido escolhida
voluntariamente, mas que identificamos nela, dentro do nosso contexto de país
em desenvolvimento, uma oportunidade de inserção no mundo tal como ele
funciona. Essa inserção, por sua, vez e sobretudo com as mudanças tecnológicas
nos transportes e com a internet, têm modificado nosso perfil ou padrão de
consumo e temos, assim, consumido produtos que até então não eram comuns
em nosso dia a dia, como os fast foods, celulares, entre outros produtos.
A ideia de coalização de maneira mais explícita talvez esteja mais presente no
Brasil, no processo de abolição da escravidão e de substituição deste tipo de
relação de trabalho pela capitalista, pelo trabalho assalariado. Esse processo,
transformou a sociedade brasileira que estava estruturada em todas as suas
dimensões e relações, no trabalho cativo.

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