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- Tema do desafio da folha em branco: apropriado para um escritor, mesmo que seja
alguém que passa a maior parte do tempo não escrevendo;
- Autor evoca a imagem dos autores que tem muito a cortar e revela justamente o
contrário, que ele raramente tem algo a cortar, o que o autor chama de “escrita em
conta-gotas, magra e rarefeita” (p.11), que mostraria sua limitação ao escrever;
- “Escrevemos contra o vazio e no vazio, mas sobretudo, escrevemos para dar origem a
algo que não existia antes de nós e que passa a existir precisamente através do nosso
gesto” (p.12)
- O que vai na frase não é a imagem do mundo em palavras, mas o mundo que passa a
existir através da palavra do escritor; “O que está em jogo é a escrita dessa realidade. É
a maneira como a linguagem escrita vai tomar a realidade e comunica-la, inaugurando
uma coisa nova” (p.12)
- Texto: deve ter caráter fundador ou deve pelo menos trazer uma marca dessa vocação,
algo nele deve mostrar que trata-se de uma tentativa (fracassada ou não) de buscar algo
novo;
- É a forma que dá corpo ao abstrato (as vezes preocupa-se apenas em contar histórias
diferentes);
- “Nunca se conta da mesma maneira, mesmo quando se conta a mesma história. Contar
uma história é deformá-la. É dar uma nova forma. Séculos de tradição literária são a
prova de uma constante renovação das formas e de um – também constante –
esgarçamento dos seus limites. E esta mesma tradição aí está para que dela nos sirvamos
na tentativa de abrir novos caminhos, de continuar a exploração desse reino das
infinitas possibilidades.” (p.12)
- Autor diz respeitar e apreciar aqueles apenas contam boas histórias, ainda que diga que
acha um desperdício de talento;
“É a frase disposta sobre o papel, essa espécie de voz que canta no interior do texto e
que nasce do simples choque entre as palavras, é isso que vai puxar a frase seguinte e
que vai acabar por ditar o próprio rumo do relato, a sucessão dos eventos e mesmo a
lógica da relação de causa e efeito” (p.13)
- “Avançar sem saber exatamente onde se põe o pé, sentir que o chão escapa, escrever
para saber e não porque se sabe, escrever para contar o que previamente foi elaborado,
mas para descobrir o que se vai contar, e sobretudo descobrir de que maneira isso pode
ser contado. É essa constante incerteza – que necessariamente coloca o escritor em
posição de grande fragilidade – que vai dar ao texto a sua verdadeira dimensão literária”
(p.13)
- Fazer literatura: sentir uma espécie de desconforto que experimentamos ao usar uma
língua estrangeira;
“Um caminho torto. Um olha de viés. A literatura é e será sempre esse olhar de víes,
capaz de abordar o mundo de uma maneira muito particular, mas que só acontece de
verdade quando o escritor rejeita as soluções de facilidade e se volta não apenas para o
fato que narra, mas para a essência mesmo do fato de narrar” (p.14)