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para o Curso de
Ciência da Computação
Andreas Kneip
17 de agosto de 2020
2
Sumário
1 Conceitos introdutórios 9
1.1 Carga elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.1 Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.2 Eletrização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.1.3 Força elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.1.4 Observações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Campo elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.1 Lei de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 Potencial elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3.1 Energia potencial elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3.2 Potencial elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.4 Corrente elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.5 Condutores e isolantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.6 Resistência elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.6.1 Resistividade e condutividade . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.6.2 Resistência elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.6.3 A lei de Ohm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.7 Potência elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.8 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3
4 SUMÁRIO
2 Circuitos elétricos 29
2.1 Conceitos fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.1.1 Elementos de circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2 Leis de Kirchhoff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.2.1 Lei das malhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.2.2 Lei dos nós . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.3 Exemplo de uso das Leis de Kirchhoff . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.3.1 Resistência equivalente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.4 Instrumentos de medida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.4.1 Amperímetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.4.2 Voltímetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.4.3 Multímetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
II CAPACITORES E INDUTORES 45
3 Capacitores 47
3.1 Capacitância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.1.1 Associação de capacitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2 Circuitos RC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.2.1 Carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.2.2 Descarga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.2.3 A constante de tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.3 Armazenamento de energia em um capacitor . . . . . . . . . . . . 57
3.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4 Indutores 63
4.1 O campo magnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.2 Determinação do campo magnético . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
SUMÁRIO 5
6 Diodos 109
6.1 Semicondutores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
6.1.1 Polarização na junção pn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
6.2 Diodo semicondutor de junção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
6.2.1 Modelagem matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
6.3 Outros tipos de diodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
6.3.1 Diodo zener . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
6.3.2 Diodo emissor de luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
6.4 Análise de circuitos com diodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
6.4.1 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
6.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
7 Transistores 125
7.1 Princípio de funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
7.1.1 Elemento de circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
7.2 Regiões de operação do transistor bipolar de junção NPN . . . . . 128
7.3 Transistor bipolar em operação na RAD . . . . . . . . . . . . . . . 129
7.3.1 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
7.4 Transistor operando na região de saturação e corte . . . . . . . . 132
Parte I
ELETRICIDADE E CIRCUITOS
RESISTIVOS
7
Capítulo 1
Conceitos introdutórios
1.1.1 Histórico
9
10 CAPÍTULO 1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
1.1.2 Eletrização
A B
+++++
+ +
+ +
+ +
++ ++
+
A B
+ +
+ + + +
+ ++ +
+ + + +
+ +
A B
+++ - - -+
+ + +
+ + - +
+ + - +
+ + - +
++ ++ --
+ - ++
Se, no entanto, um fio for ligado da terra a uma das extremidades do con-
dutor B, por exemplo aquela que concentra as cargas negativas, cargas
12 CAPÍTULO 1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
negativas fluirão pelo fio até a terra e o condutor B ficara carregado positi-
vamente. Se o fio terra for ligado na extremidade carregada positivamente,
cargas negativas fluirão da terra até B, neutralizando as cargas positivas e
B ficará carregado negativamente.
A B
+++ -
+ + - -
+ +
+ + - -
+ +
++ ++ - -
+ -
Se o fio terra for cortado antes dos condutores serem afastados, o resultado
serão dois condutores carregados, um positivamente, com a mesma carga
inicial, e o outro negativamente.
A B
+++ -
+ + - -
+ +
+ + - -
+ +
++ ++ - -
+ -
1 q1 q2
F~21 = 2
r̂21 . (1.1)
4π0 r12
Graficamente temos:
q1 q2 r̂21
+ + r
F~12 r12 F~21
1.1. CARGA ELÉTRICA 13
Lemos F~21 como a ‘força sobre q2 devido a q1 ’, e r̂21 é o vetor unitário na dire-
ção da linha que liga as duas cargas e que aponta de q1 para q2 . Essa expressão
é conhecida como lei de Coulomb. Note que o módulo da força é proporcional ao
produto das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre
elas. Força é um vetor, e a direção da força elétrica é ao longo da linha que
passa pelo centro das duas cargas. O sentido da força depende do sinal das
cargas: se as cargas possuírem o mesmo sinal a força entre elas será repulsiva;
se possuírem sinais opostos, então a força será atrativa. A constante k vale (no
SI)
1
k= = 8,99 × 109 N.m2 /C2
4π0
1.1.4 Observações
Princípio da superposição
Quantização da carga
carga do elétron.
Conservação da carga
A força elétrica entre duas partículas está disposta sobre a linha que une as duas
cargas. Se movemos uma delas lateralmente, sem alterar a distância entre elas,
a direção da força sobre a segunda carga deve se alterar, assim como a força
de reação, da segunda sobre a primeira. Esse tipo de situação, que leva ao
questionamento de como uma carga ‘informa’ à outra que mudou de posição, é
chamado de problema da ação à distância, e pode ser resolvido se introduzimos
um campo para mediar a interação entre as cargas. A situação funciona da
seguinte maneira. Uma carga elétrica q1 produz ao seu redor uma alteração nas
~ 1 , de tal forma que, se
características do espaço, chamada de campo elétrico E
colocamos nessa região uma segunda partícula carregada com q2 , sobre esta
partícula age uma força elétrica F~21 .
~
Generalizando, uma carga q1 produz a uma distância r um campo elétrico E
cujo módulo é
1 q1
E(r) = (1.2)
4π0 r2
1.2. CAMPO ELÉTRICO 15
E a força que ela exerce sobre uma segunda partícula de carga q2 colocada a
uma distância r12 dela tem módulo
F (r) = q2 E (1.3)
1 q1 q 2
F (r) = 2
(1.4)
4π0 r12
o que concorda com a lei de Coulomb. A unidade SI para o campo elétrico é N/C.
Campo elétrico, como podemos ver pela definição, é um vetor. Sua direção é a
mesma direção que a força terá, a linha que une as duas cargas. Seu sentido
~ aponta para fora de q; se q for negativa,
depende do sinal de q: se q for positiva, E
~ aponta para dentro de q. Devido a sua definição temos que se em uma região
E
do espaço houver mais de uma carga, q1 , q2 , . . . , qn , o campo elétrico total será
~ =E
E ~1 + E
~2 + · · · + E
~n (1.5)
Linhas de força
• sentido das linhas de força – as linhas de força apontam para fora de uma
carga positiva e para dentro de uma carga negativa. Exemplos:
16 CAPÍTULO 1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
+ −
Dipolo elétrico
I
ΦE = E ~= q,
~ · dA (1.6)
0
~ · dA
~ é o fluxo do campo elétrico através de uma superfície
H
onde ΦE = E
fechada, e q é a carga líquida contida no interior da superfície (carga líquida
é a carga total, somando as positivas e subtraindo as negativas). A superfície
fechada é arbitrária e imaginária, e é chamada de superfície gaussiana. Em
geral, escolhemos uma superfície que torne fácil o cálculo do fluxo, e isso envolve
explorar a simetria do problema.
1.3. POTENCIAL ELÉTRICO 17
A força elétrica é conservativa, assim como a força peso. Então, da mesma forma
que para a força gravitacional, podemos definir a variação da energia potencial
elétrica como o negativo do trabalho realizado pela força elétrica para levar a
carga da posição ~ri até ~rf .
Z ~
rf
∆U = − F~ · d~r (1.7)
~
ri
Para duas cargas pontuais q1 e q2 , separadas por uma distância r12 , pode-
mos determinar a energia potencial elétrica para essa configuração de cargas
resolvendo a integral. Escolhemos como ponto de referência um ponto no ∞ e
definimos que U (∞) = 0. Então a solução da equação 1.7 resulta em
1 q1 q 2
U12 = (1.8)
4π0 r12
Considere uma partícula de carga q e suponha que uma partícula de carga posi-
tiva q0 , chamada de carga de prova, muito pequena, seja colocada a uma distân-
cia r dela. Definimos a diferença de potencial como
∆U
∆V = (1.9)
q0
Superfícies equipotenciais
~
E
A superfícies equipotenciais estão mais próximas umas das outras nas regiões
do espaço onde ∆V é maior. É possível mostrar que o campo elétrico é mais
intenso nesses locais.
dq
i= (1.11)
dt
por elementos que possuem 4 elétrons na última camada e que são chamados
de semicondutores. Na Parte III deste curso vamos ver que eles possuem outras
propriedades além dessa.
A capacidade de ceder mais facilmente ou não elétrons se reflete no compor-
tamento dos materiais frente a uma corrente elétrica. Materiais condutores per-
mitem a passagem de uma corrente elétrica, com uma certa facilidade, enquanto
que os materiais isolantes impedem, com uma certa dificuldade, a passagem
da corrente. O grau de facilidade ou dificuldade depende, é claro, do material,
mas depende também da intensidade do campo elétrico aplicado. Campos muito
intensos podem romper o isolamento elétrico.
A característica dos materiais condutores, que descrevem sua melhor ou pior ap-
tidão a permitir a passagem de uma corrente elétrica é chamada de resistividade
ρ (ou seu inverso, a condutividade σ). A tabela a seguir apresenta os valores
de resistividade para alguns materiais, onde α é o coeficiente de variação da
resistividade ρ com a temperatura.
Podemos ver que os isolantes possuem resistividade 1018 vezes maior, pelo
menos, que os condutores, e que os semicondutores estão situados ao meio
termo. O coeficiente α, de descreve como a resistividade varia com a tempe-
ratura, é positivo para os condutores, e negativo para os semicondutores. A
razão da variação positiva para os condutores é fácil de explicar: o aumento da
temperatura causa um aumento na vibração dos átomos na rede cristalina do
condutor e isso se reflete num aumento do choque entre os elétrons e estes áto-
mos, prejudicando a passagem da corrente. A razão de α ser negativa para os
1.6. RESISTÊNCIA ELÉTRICA 21
Material ρ(Ω·m) α (K −1 )
Metais Típicos
Prata 1,62 × 10−8 4,1 × 10−3
Cobre 1,69 × 10−8 4,3 × 10−3
Ouro 2,35 × 10−8 4,0 × 10−3
Alumínio 2,75 × 10−8 4,4 × 10−3
Tungstênio 5,25 × 10−8 4,5 × 10−3
Ferro 9,68 × 10−8 6,5 × 10−3
Semicondutor
Silício puro 2,5 × 103 −70 × 10−3
Isolantes Típicos
Vidro 1010 – 1014
Quartzo fundido ∼ 1016
A resistência elétrica é definida como a razão entre a corrente que passa pelo
resistor e a ddp aplicada ao seus terminais. A unidade SI para a resistência
elétrica é o Ohm (Ω), de tal forma que 1 Ω = 1 V /A.
V
R= (1.12)
I
i A i
L
R=ρ (1.13)
A
Elemento de circuito
R R
ou
dU = dqV .
dU = idtV .
dU
P = = iV . (1.14)
dt
ou
V2
P = (1.16)
R
para um resistor. Deve ser observado que em circuitos elétricos a maior causa
de danos ocorre devido a exposição de componentes a uma potência superior
àquela definida pelo fabricante, de modo que deve se ter sempre um grande
cuidado na observação deste fator.
1.8. EXERCÍCIOS 25
1.8 Exercícios
3. Duas pequenas gotas d’água esféricas, com cargas iguais de −1,00 × 10−16
C, estão separadas por uma distância, entre os centros, de 1,00 cm. (a)
Qual é o valor do módulo da força eletrostática a que cada uma está sub-
metida? (b) Quantos elétrons em excesso possui cada gota?
4. Quantos elétrons é preciso remover de uma moeda para deixá-la com uma
carga de +1,0 × 10−7 C?
pelo relâmpago pudesse ser usada para acelerar um carro de 1000 kg, qual
seria a velocidade final do carro?
9. Uma esfera condutora tem 10 cm de raio. Um fio leva até a esfera uma cor-
rente de 1,0000020 0 A. Outro fio retira da esfera uma corrente de 1,0000000
A. Quanto tempo é necessário para que o potencial da esfera aumente de
1000 V?
11. Um fio tem uma resistência R. Qual é a resistência de um segundo fio, feito
do mesmo material, com metade do comprimento e metade do diâmetro?
12. Dois condutores são feitos do mesmo material e têm o mesmo compri-
mento. O condutor A é um fio maciço de 1,0 mm de diâmetro; o condutor B
é um tubo oco com um diâmetro externo de 2,0 mm e um diâmetro interno
de 1,0 mm. Qual é a razão entre as resistências dos dois fios, RA /RB ? As
resistências são medidas entre as extremidades dos fios.
Qual é a carga que passa por uma seção reta do fio em 3,00 ms?
17. Um resistor tem as cores amarelo, preto, marrom, amarelo, dourado. (a)
Qual o valor da sua resistência e (b) qual a tolerância nessa medida?
28 CAPÍTULO 1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
Capítulo 2
Circuitos elétricos
Curto-circuito
V = Ri = 0i = 0
29
30 CAPÍTULO 2. CIRCUITOS ELÉTRICOS
Circuito aberto
Um circuito aberto é aquele por onde não passa corrente, por exemplo, um con-
dutor rompido. Podemos interpretá-lo como um circuito com resistência infinita.
Assim, qualquer ddp aplicada a ele não vai produzir corrente.
Fonte de tensão
E
−E +
ou
−
+
Regra da fonte
Regra do resistor
O resistor diminui o potencial das cargas que passam por ele, porque uma parte
da energia das cargas é dissipada na forma de calor dentro do resistor. Portanto,
a ddp nos terminais do resistor é negativa se percorremos a malha no mesmo
sentido da corrente, e positiva se percorremos no sentido contrário.
R1
a
i1 +
E
R2 −3
+
E1 I i2 II
− i3
+ R3
E2
−
b
(1) E1 − i1 R1 − i2 R2 − E2 = 0
(2) E2 + i2 R2 − E3 − i3 R3 = 0
(3) i1 = i2 + i3 .
Resistência interna
Uma fonte de força eletromotriz real possui uma resistência interna devido ao fato
de ser obrigatoriamente construída com materiais condutores. Representamos
essa resistência interna usando a letra r minúscula. A consequência desse fato é
que a tensão da fonte nunca é a tensão real fornecida para o circuito. O exemplo
a seguir, na Fig. 2.2, mostra essa situação. Um resistor de resistência R está
ligado aos terminais de uma fonte de fem E com uma resistência interna r.
+ i +
E
−
R VR
r
−
fornece
E − iR − ir = 0
E − i(R + r) = 0
E
i= ,
R+r
R
VR = Ri = E. (2.1)
R+r
Como r é sempre positiva, o resusltado mostra que a ddp efetiva nos terminais
do resistor R será sempre menor que o valor nominal da fonte de fem.
R3
i i
+ +
V R2 V Req
− −
R1
V = V1 + V2 + V3 = R1 i + R2 i + R3 i = (R1 + R2 + R3 )i,
n
X
Req = Ri . (2.2)
i=1
Em uma associação de resistores em paralelo, todos eles estão ligados aos mes-
mos polos da fonte de fem.
36 CAPÍTULO 2. CIRCUITOS ELÉTRICOS
i1 i2 i3
+ +
V R1 R2 R3 V Req
− −
i i
Como podemos ver na Fig. 2.4a cada resistor está em um ramo diferente,
portanto por cada resistor passa uma corrente diferente. Da lei das malhas temos
V V V
i1 = , i2 = , i3 = .
R1 R2 R3
A corrente total i, pela lei dos nós, deve ser igual à soma das correntes em cada
ramo:
V V V 1 1 1
i = i1 + i2 + i3 = + + =V + + .
R1 R2 R3 R1 R2 R3
V
i= ,
Req
1 1 1 1
= + + .
Req R1 R2 R3
n
1 X 1
= . (2.3)
Req i=1
R i
2.4. INSTRUMENTOS DE MEDIDA 37
2.4.1 Amperímetro
2.4.2 Voltímetro
−
E
+
R1
R2
A
V
Figura 2.5: Medidores
2.4.3 Multímetros
São os medidores que, dependendo da posição de uma chave, podem ser usa-
dos como um amperímetro ou como um voltímetro. Em geral podem também
funcionar como um ohmímetro, que é o aparelho que mede a resistência do ele-
mento ligado entre seus terminais.
2.5 Exercícios
R1
−
E1 R2
+
+ −
E2
R1
Q
+ +
E1 E
− −2
P
R2
3. Na Fig. 2.8, qual deve ser o valor de R para que a corrente no circuito seja
1,0 mA? Sabe-se que E1 = 2,0 V, E2 = 3,0 V, r1 = r2 = 3,0 Ω. (b) Qual é a
potência dissipada em R?
40 CAPÍTULO 2. CIRCUITOS ELÉTRICOS
− −
E1 E
+ +2
r1 r2
R
F H
R
− +
E1
R2
E
− 2+
a b
− +
E3
R1
8. A fonte ideal da Fig. 2.11a tem uma força eletromotriz de 6,0 V. A curva 1 da
Fig. 2.11b mostra a diferença de potencial V entre os terminais do resistor
1 em função da corrente i no resistor. A escala do eixo vertical é definida
por Vs = 18,0 V, e a escala do eixo horizontal é definida por is = 3,00 mA.
As curvas 2 e 3 são gráficos semelhantes para os resistores 2 e 3. Qual é
a corrente no resistor 2?
Vs
1
R3
2
−
E R1 R2 3
+
(a) is
(b)
− −
E E
+1 +2
V2 V1
R1
−
4
R
E1 R2 R3
+
A
R
V
−E + R0
A
R
V
−E + R0
CAPACITORES E INDUTORES
45
Capítulo 3
Capacitores
Elementos de circuito podem ser ativos ou passivos. Uma fonte de fem, por
exemplo, é considerada um elemento ativo, uma vez que é capaz de fornecer
energia para o circuito, ou seja, pode realizar trabalho. Um elemento é conside-
rado passivo quando ele recebe a energia do circuito. Um resistor, por exemplo,
recebe energia elétrica e a transforma em calor.
Um outro tipo de elemento de circuito, também passivo por receber energia
da fonte de fem, pode armazenar esta energia e retorná-la ao circuito após um
certo tempo. O primeiro elemento, que transforma a energia potencial elétrica
em magnética é o indutor, que será visto no próximo capítulo. O segundo, que
devolve a energia potencial elétrica recebida após um certo tempo, é o capacitor.
Como esses elementos armazenam energia, e este processo demora um
certo tempo para ocorrer, a ddp nos seus terminais e a corrente que os atravessa
não são mais instantâneos como nos circuitos que possuem apenas fontes de
fem e resistores (o tempo não era importante neste caso, uma vez que as pro-
priedades destes circuitos são permanentes enquanto estão ligados). Assim, a
análise dos circuitos que incluem capacitores, indutores ou ambos demanda a
especificação das ddp’s e das correntes em função do tempo. Para a análise dos
circuitos que contenham estes elementos vamos fazer uso das lei de Kirchhoff.
47
48 CAPÍTULO 3. CAPACITORES
3.1 Capacitância
q
+++++
∆V ~
E
−q − − − − −
q = CV (3.1)
A
C = 0 . (3.2)
d
C C
+
ou
Associação em série
+
C3 V3
−
+ + + +
V C2 V2 V Ceq
− − − −
+
C1 V1 (b) Circuito equivalente
−
vez que não está em contato com nenhum condutor. Portanto a carga em cada
capacitor é a mesma, q. A ddp total no circuito original é
q q q 1 1 1
V = V1 + V2 + V3 = + + =q + + .
C1 C2 C3 C1 C2 C3
1 1 1 1
= + + .
Ceq C1 C2 C3
n
1 X 1
= (3.3)
Ceq i=1
Ci
Associação em paralelo
+ + + + + +
V C1 C2 C3 V Ceq
− − − − − −
q = q1 + q2 + q3 = C1 V + C2 V + C3 V = (C1 + C2 + C3 )V .
3.2. CIRCUITOS RC 51
q = Ceq V
Ceq = (C1 + C2 + C3 ).
n
X
Ceq = Ci . (3.4)
i=1
3.2 Circuitos RC
R
a S
b
+
E C
−
3.2.1 Carga
R i
+
+
E C
−
−
Podemos aplicar as leis de Kirchhoff a este circuito, lembrando que pela Fig.
3.1 o potencial na placa ligada ao terminal positivo da fonte é maior que o po-
tencial na placa negativa. Pela definição de capacitância, a ddp nos terminais do
capacitor é V = q/C. Então:
q
E − iR − = 0.
C
dq q E
+ = .
dt RC R
q(t) = CE 1 − e−t/τC
(3.5)
3.2. CIRCUITOS RC 53
E −t/τC
i(t) = e . (3.6)
R
VR = Ee−t/τC , (3.7)
VC = E 1 − e−t/τC .
(3.8)
3.2.2 Descarga
Considere que a chave S foi posta agora na posição b, como na Fig. 3.7.
R i
+
C
−
q
iR + = 0.
C
dq q
+ = 0.
dt RC
Q0 −t/τC
i(t) = − e . (3.10)
RC
3.2. CIRCUITOS RC 55
q0 0
dW = V 0 dq 0 = dq .
C
58 CAPÍTULO 3. CAPACITORES
q
q0 0 q2
Z Z
W = dW = dq = .
0 C 2C
UE = 12 CV 2 . (3.12)
UE CV 2
uE = = .
v 2Ad
A
C = 0 .
d
Então
AV 2 V2
uE = 0 = 0 2 ,
2Ad2 2d
3.4. EXERCÍCIOS 59
portanto
E2
uE = 0 . (3.13)
2
3.4 Exercícios
C C C
R
C
C1 C2
R1 C2
S
E a b
C1 R2
8,0 MΩ
S 3,0 MΩ
6,0 MΩ
42,0 V 4,0 µF
Indutores
63
64 CAPÍTULO 4. INDUTORES
S N
F~ = q~v × B.
~ (4.1)
Seja uma carga positiva que se desloca com velocidade ~v numa região onde
4.1. O CAMPO MAGNÉTICO 65
× × × × × × ×
~
B
× × × × × × ×
F~
× × × × × × ×
× × × × × × ×
+ ~v
× × × × × × ×
× × × × × × ×
× × × × × × ×
Figura 4.1: Força sobre uma partícula carregada devido a um campo magnético.
× × × × × × ×
~
B
× × × × × × ×
F~
× × × × × × ×
× × × × × × ×
~
L
× × × × i× × ×
× × × × × × ×
× × × × × × ×
Figura 4.2: Força sobre um fio conduzindo uma corrente devido a um campo
magnético.
66 CAPÍTULO 4. INDUTORES
Observe que apenas cargas em movimento podem sofrer ação de uma força
magnética, assim, uma corrente elétrica i percorrendo um condutor de compri-
~ também pode experimentar uma força mag-
mento L em um campo magnético B
nética
F~ = iL
~ × B,
~ (4.2)
N.s N
1T = 1 =1 .
C.m A.m
1 Wb = 1 T·m2 .
~ pro-
A lei de Biot-Savart permite determinar o campo magnético infinitesimal dB
duzido pela corrente i que passa por um elemento infinitesimal do fio dl em um
ponto localizado pelo vetor ~r, a uma distância r do elemento do fio, conforme a
Fig. 4.3.
~ = µ0 id~l × ~r
dB . (4.3)
4π r3
O vetor d~l tem o comprimento do elemento infinitesimal de fio dl, a direção tan-
gente ao fio e o sentido igual ao da corrente. O produto vetorial, pela regra da
mão direita, resulta que neste exemplo o campo está entrando no papel.
r ~
B
i
×
Figura 4.4: Linhas do campo magnético produzido por um fio retilíneo percorrido
por uma corrente i que entra na página.
O cálculo do campo magnético produzido por uma corrente elétrica pode ser
muito complicado quando usamos a lei de Biot-Savart. Nos casos em que a
simetria do problema é alta, de modo semelhante àqueles casos em que é apli-
cada a lei de Gauss para determinar o campo elétrico, podemos usar a lei de
Ampère:
I
~ · d~s = µ0 i.
B (4.5)
A aplicação da lei de Ampère ao caso do fio retilíneo percorrido por uma cor-
rente i fornece o mesmo resultado daquele obtido com a lei de Biot-Savart, com
muito menor esforço.
Uma aplicação fácil da lei de Ampère permite obter a expressão para o campo
magnético produzido por uma bobina condutora helicoidal, cujas espiras são
compactas, estão muito próximas umas das outras, chamada de solenoide. So-
lenoides são equipamentos de muita utilidade quando se deseja obter campos
magnéticos uniformes. O campo produzido no interior do solenoide com n es-
piras por unidade de comprimento, percorridas por uma corrente i e próximo ao
seu eixo central, é
B = µ0 ni. (4.6)
~ é uni-
Podemos ver que, próximo ao centro do solenoide o campo magnético B
forme, porque não depende da distância ao seu eixo.
~
B
Se esta bobina for curvada até formar um toro, teremos um toroide. O campo
produzido por um toroide com N espiras, com uma distância do círculo central
ao centro do toro igual a R, é
µ0 iN
B= . (4.7)
2πR
70 CAPÍTULO 4. INDUTORES
dΦB
E = −N . (4.8)
dt
Se uma bobina for colocada em uma região do espaço onde um campo magné-
tico varia, uma corrente elétrica surge na bobina. Por outro lado, se a corrente
na bobina varia, então surge no seu interior um campo magnético também variá-
4.4. INDUTORES 71
4.4 Indutores
Da mesma forma que um capacitor pode ser utilizado para armazenar energia no
campo elétrico entre as suas placas, um indutor é um elemento de circuito que
permite o armazenamento de energia em um campo magnético no seu interior.
O tipo mais comum de indutor é o solenoide, pelo menos na sua parte central,
para solenoides longos.
Elemento de circuito
L L
ou
Indutância
N ΦB
L= . (4.9)
i
4.4.1 Autoindução
Quando ocorre uma variação na corrente que atravessa um indutor, ocorre tam-
bém uma variação no fluxo ΦB do campo magnético que atravessa suas espiras.
Por isso, de acordo com a lei de Faraday, vai surgir uma força eletromotriz indu-
zida no indutor. Esse processo é chamado de autoindução, e a força eletromotriz
associada recebe o nome de força eletromotriz autoinduzida. Esta fem autoindu-
zida pode ser determinada, usando as eq. 4.8 e 4.9. Como
N ΦB
L=
i
di ΦB
L =N ,
dt dt
então
di
E = −L . (4.11)
dt
4.4. INDUTORES 73
Associação em série
di di di di
V = V1 + V2 + V3 = L1 + L2 + L3 = (L1 + L2 + L3 ) ,
dt dt dt dt
n
X
Leq = Li (4.12)
i=1
i1 i2 i3
+ +
V L1 L2 L3 V Leq
− −
i i
Como podemos ver na Fig. 4.7a cada indutor está em um ramo diferente,
portanto por cada indutor passa uma corrente diferente. Da lei das malhas temos
A variação total da corrente di/dt, pela lei dos nós, deve ser igual à soma da
variação das correntes em cada ramo:
di di1 di2 di3 V V V 1 1 1
= + + = + + =V + + .
dt dt dt dt L1 L2 L3 L1 L2 L3
di V
= ,
dt Leq
4.5. CIRCUITOS RL 75
1 1 1 1
= + + .
Leq L1 L2 L3
n
1 X 1
= . (4.13)
Leq i=1
L i
4.5 Circuitos RL
R
a S
b
+
E L
−
R i
−
E L
+
di R E
+ i= ,
dt L L
E
1 − e−t/τL ,
i(t) = (4.15)
R
E
a corrente tende ao valor , que é o valor para um circuito que possuísse apenas
R
o resistor. Isso mostra que quando a corrente atinge seu valor máximo, a fem
autoinduzida desaparece.
VR = E 1 − e−t/τL
e
di
VL = L = Ee−t/τL .
dt
Considere que a chave S foi posta agora na posição b, como na Fig. 4.11.
R i
di
−iR − L = 0.
dt
di R
+ i = 0.
dt L
A ddp nos terminais do indutor pode ser obtida, derivando i(t), e vale
Observe que a ddp no indutor tende a zero quando o tempo tende a infinito.
A corrente é máxima quando t = 0 e tende a zero também quando t → ∞.
4.6. ARMAZENAMENTO DE ENERGIA EM UM INDUTOR 79
di
Ei = Li + Ri2 .
dt
di
PB = Li ,
dt
80 CAPÍTULO 4. INDUTORES
Z Z i
UB = P dt = Li0 di0 ,
0
portanto
UB = 21 Li2 . (4.18)
UB Li2
uB = = ,
Al 2Al
mas pela Eq. 4.10, podemos substituir L/l por µ0 n2 A, então, lembrando que para
um solenoide o campo magnético no seu interior é B = µ0 in:
µ0 i2 n2 A
uB = ,
2A
então
B2
uB = . (4.19)
2µ0
Se duas bobinas estiverem próximas uma da outra, a corrente elétrica que passa
por uma cria um campo magnético que enlaça a segunda. Se houver uma va-
riação de corrente na primeira, por exemplo, isso vai causar a variação do fluxo
do campo magnético na segunda, o que dará origem a uma fem. Seja i1 e i2 as
correntes nas duas bobinas e E1 e E2 as fem induzidas. Então é possível mostrar
4.8. EXERCÍCIOS 81
que:
di1
E2 = −M (4.20)
dt
di2
E1 = −M , (4.21)
dt
πµ0 N1 N2 R22
M= , (4.22)
2R1
4.8 Exercícios
L1
L2 L3
L4
S i1 R3
R1
E R2 L
i2
6. Na Fig. 4.15a, o indutor tem 25 espiras e a fonte ideal tem uma força ele-
tromotriz de 16 V. A Fig. 4.15b mostra o fluxo magnético Φ nas espiras
do indutor em função da corrente i. A escala do eixo vertical é definida
por Φs = 4,0 × 10−4 T.m2 , e a escala do eixo horizontal é definida por
4.8. EXERCÍCIOS 83
Φs
S
E R
L 0 is
(a) (b)
fusível
E R S
8. Uma bobina é ligada em série com um resistor de 10,0 kΩ. Uma fonte ideal
de 50,0 V é ligada aos terminais do conjunto e a corrente atinge um valor de
2,00 mA após 5,00 ms. (a) Determine a indutância da bobina. (b) Determine
a energia armazenada na bobina nesse instante.
10. Uma bobina retangular com N espiras compactas é colocada nas proxi-
midades de um fio retilíneo, longo, como mostra a Fig. 4.17. Qual é a
indutância mútua M da combinação fio-bobina para N = 100, a = 1,0 cm, b
= 8,0 cm e l = 30 cm?
i
a N espiras
b
R2
i2
E R1
i L
i1
12. Na Fig. 4.15a, R = 4,0 kΩ, L = 8,0 µH, e a força eletromotriz da fonte ideal
é E = 20 V. Quanto tempo, após o fechamento da chave, a corrente atinge
o valor de 2,0 mA?
86 CAPÍTULO 4. INDUTORES
Capítulo 5
Até agora foram tratados circuitos onde a fonte de fem era contínua, isto é, seu
valor não variava no tempo. A corrente nos circuitos que possuem capacitores
ou indutores não é constante no tempo mas como seu sinal não muda com o
tempo esses circuitos são chamados de circuitos de corrente contínua.
Os circuitos onde o valor da fem varia periodicamente ao longo do tempo, a
corrente também varia periodicamente, e são chamados de circuitos de corrente
alternada. A maioria dos circuitos eletrônicos são de corrente contínua, mas a
fem fornecida pela rede elétrica é alternada. A razão é a facilidade de produzir a
tensão alternada, e de, através de transformadores, alterar sua amplitude1 .
Como convenção, utilizamos letra maiúsculas para representar as grandezas
não periódicas e minúsculas para aquelas que depende do tempo.
87
88 CAPÍTULO 5. CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA
I
Irms = √ . (5.4)
2
5.2 Impedância
E − vR = 0.
vR = Em sen(ωd t).
VR
iR = sen(ωd t). (5.5)
R
E R vR
Comparando a Eq. 5.5 com a Eq. 5.2 verificamos que a fase, no circuito
resistivo, é nula.
vC = VC sen(ωd t),
E C vC
dqC
iC = = ωd CVC cos(ωd t).
dt
1
XC = , (5.6)
wd C
VC
iC = sen(ωd t + π/2) (5.7)
XC
Comparando a Eq. 5.7 com a Eq. 5.2 verificamos que a fase, no circuito capaci-
tivo, é −π/2 e que a amplitude de corrente IC pode ser escrita como
VC
IC = .
XC
vL = VL sen(ωd t).
E L vL
Lembrando que
diL
vL = L
dt
podemos escrever
diL VL
= sen(ωd t).
dt L
VL
iL = − cos(ωd t).
ωd L
92 CAPÍTULO 5. CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA
XL = ωd L, (5.8)
VL
iL = sen(ωd t − π/2). (5.9)
XL
Comparando a Eq. 5.9 com a Eq. 5.2 verificamos que a fase, no circuito indutivo,
é π/2 e que a amplitude de corrente IL pode ser escrita como
VL
IL = .
XL
a
b
S R
E L
E − vR − vL − vC = 0,
5.3. CIRCUITO RLC EM SÉRIE 93
d2 q dq 1
L 2
+ R + q = 0.
dt dt C
p
ω0 = ω 2 − (R/2L)2
e
√
ω = 1/ LC
são grandezas que caracterizam o circuito. Essa equação descreve uma osci-
lação senoidal amortecida, devido ao termo exponencial, que tende a zero con-
forme o tempo cresce. Note que a frequência de oscilação é sempre menor que
a frequência se não houvesse o amortecimento. Se R for bem pequena, então
podemos substituir ω 0 por ω.
Essas oscilações tendem a zero. Para manter o circuito oscilando, devemos
introduzir uma fonte de fem periódica (chave S na posição a). A fonte de fem
fornece uma tensão
E = Em sen(ωd t).
A corrente no circuito é:
i = Isen(ωd t − φ).
94 CAPÍTULO 5. CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA
p
Z= R2 + (XL − XC )2
p
Z= R2 + (ωd L − 1/ωd C)2 , (5.11)
Em Em
I= =p . (5.12)
Z R2 + (ωd L − 1/ωd C)2
XL − XC
tan φ = . (5.13)
R
A Eq. 5.12 mostra qual é a amplitude máxima da corrente. Ela ocorre quando
1
ωd L = ,
ωd C
portanto, quando
1
ω = ωd = √ . (5.14)
LC
5.4. POTÊNCIA EM CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA 95
2
I2
I
Pmed = R= √ R.
2 2
√
A grandeza I/ 2 é o valor médio quadrático da corrente:
I
Irms = √ .
2
96 CAPÍTULO 5. CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA
É possível definir um valor médio quadrático tanto para a ddp nos terminais do
resistor como para a fonte de fem:
V E
Vrms = √ e Erms = √ .
2 2
√
O fator de proporcionalidade para todas estas grandezas é 1/ 2, portanto pode-
mos escrever
Erms Erms
Irms = =p .
Z R2 + (ωd L − 1/ωd C)2
R
Pmed = Irms Erms .
Z
i1 C1 i2
R1 R2
a
− I II
E L C2
+
i3
E = 311sen(120πt) V (5.17)
R1 = 100 Ω (5.18)
R2 = 50,0 Ω (5.19)
XL = 113j Ω (5.20)
0 = E − I1 R1 − I1 XC1 − I3 XL
0 = E − I1 R1 − I1 XC1 − I2 R2 − I2 XC2
I1 = I2 + I3
Um fasor é como um vetor que pode girar em torno da origem que e possui uma
componente real e uma imaginária. O comprimento do fasor pode ser obtido do
teorema de Pitágoras. O ângulo que o fasor forma com o eixo real, que é a fase
do elemento representado, pode ser calculado a partir das suas componentes.
5.5. DETERMINAÇÃO DA CORRENTE 99
100 + 56,6j −113j I1 1
· = E .
100 − 56,4j 50,0 − 147j I2 1
114,9(0,515) 311(0)
A2 = ,
114,8(−0,514) 311(0)
Como exemplo de aplicação, com o valor de I2 podemos calcular a ddp VC2 nos
terminais do capacitor C2 :
5.6 Transformadores
VP , IP , Zeq VS , IS , Z
Ns
Vs = Vp .
Np
Np
Is = Ip .
Ns
102 CAPÍTULO 5. CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA
2
Np
Zeq = Z,
Ns
5.7 Observações
5.8 Exercícios
11. Um circuito RLC série é excitado por um gerador com uma frequência de
2000 Hz e uma amplitude de 170 V. A indutância é 60,0 mH, a capacitân-
cia é 0,400 µF e a resistência é 200 Ω. (a) Qual é a constante de fase em
radianos? (b) Qual é a amplitude da corrente?
SEMICONDUTORES
107
Capítulo 6
Diodos
6.1 Semicondutores
109
110 CAPÍTULO 6. DIODOS
cima. Os elétrons dos níveis mais internos estão fortemente ligados ao núcleo
atômico. Os elétrons das últimas camadas, estão mais soltos.
Quando é formado um cristal, esses níveis e subníveis de energia são com-
binados, de modo a formar bandas de energia. Lembre-se, um mol de qualquer
substância contém mais de 1023 átomos, o que mostra que em um cristal ma-
croscópico essas bandas são realmente largas. Em um condutor, por exemplo
o cobre (Cu), que possui um elétron na sua última camada, essa banda está
bem vazia, e qualquer energia extra, por exemplo, térmica, fornecida ao cristal
faz com que um elétron abandone o seu átomo e “circule” pelo cristal. Em um
material isolante, por outro lado, a banda correspondente aos últimos elétrons
está cheia, e a próxima, vazia, corresponde a uma energia muito maior do que
a energia térmica ambiente pode fornecer. Em um semicondutor, por exemplo
o Si, a situação é parecida, a última banda está completa, mas a próxima livre
não está tão distante (em termos de energia) assim. Um acréscimo de energia
pode ser suficiente para vencer o gap de energia e levar elétrons para a banda
vazia e fazer com que o material se comporte melhor como um condutor. Esse é
o motivo da constante térmica da resistividade, vista no Cap. 1, ser negativa no
caso dos semicondutores, significando que a resistividade diminui com a tempe-
ratura, e não aumenta, como no caso dos condutores. O grau de impurezas de
um semicondutor intrínseco é menor que uma parte em um milhão (ppm).
Se em um cristal de silício, por exemplo, alguns átomos forem substituídos
por fósforo (P) que possui cinco elétrons na última camada, o quinto elétron
estará livre para se mover no cristal, fazendo com que o material se comporte
como um condutor. Este processo, de substituir alguns átomos de silício por
um de fósforo é chamado de dopagem, e o cristal resultante é chamado de tipo
n. Se, pelo contrário, o átomo de silício for substituído por um de alumínio (Al),
que possui três elétrons na sua última camada, isso causa o aparecimento de um
ligação covalente ausente. Qualquer elétron nas imediações pode ser capturado,
6.1. SEMICONDUTORES 111
Polarização direta
Polarização inversa
acordo com o objetivo, do contrário não será obtido o efeito desejado. Isso é di-
ferente dos demais elementos de circuito já visto, onde a polaridade do elemento
não era importante. O elemento de circuito é representado por:
P = VD ID , (6.1)
Modelagem matemática
P = V0 Iz e P = Vz Iz ,
Vz
V
V0
Imin
Imax
corrente obtida, se for negativo, então a suposição inicial deveria ser a contrária,
e precisamos reiniciar o processo, agora supondo o estado oposto. Observe que
esse modo de agir é o contrário daquele para circuitos sem diodos, uma vez
que um resultado de corrente negativo não impõe um recálculo das correntes no
circuito.
6.4.1 Exemplos
Vamos ver alguns casos simples para a determinação da ddp nos terminais e a
corrente no diodo.
Vamos considerar o circuito simples da Fig. 6.4. Uma fonte de fem E ligada em
série em um circuito com resistor de resistência R e um diodo D. Sejam VR e VD
as ddp’s nos terminais do resistor e do diodo, respectivamente, e i a corrente no
circuito. Queremos determinar a corrente I e a ddp nos terminais do diodo VD .
i
+
R vR
+ −
E
− +
vD D
−
Figura 6.4
I(v) = IS eqV/kT − 1 ,
(6.2)
6.4. ANÁLISE DE CIRCUITOS COM DIODOS 119
VR
I= .
R
E − VD
I=
R
3 0,7
I= −
330 330
I = 9,0 × 10−3 − 3,0 × 10−3 vD .
+ +
+
Vi Vz Dz VL RL
−
− −
Figura 6.6
6.4. ANÁLISE DE CIRCUITOS COM DIODOS 121
RL
VL = Vi ,
RL + R
RL + R
Vimin = Vz
RL
3300 + 150
Vimin = 6,2
3300
Vimin = 6,5 V
Então, substituindo o valor de IRmax (Eq. 6.3) e lembrando que Izmax = Pmax /Vz ,
temos
Vimax = (Izmax + IL ) R + Vz
Pmax VL
Vimax = + R + Vz
Vz RL
Pmax Vz
Vimax = + R + Vz
Vz RL
0,500 6,2
Vimax = + 150 + 6,2 = 18,5 V.
6,2 3300
Um circuito retificador serve para transformar uma tensão de uma fonte alter-
nada vi = Vi sen(ωd t) em uma tensão contínua. Esse tipo de circuito faz uso das
propriedades de um diodo, de permitir a passagem de corrente em apenas um
sentido. Existem várias formas de cumprir essa função. Uma das possibilidades
é através da ponte retificadora. Um ponte retificadora faz uso de quatro diodos
retificadores. Existem duas fases de funcionamento:
varia, embora sem variar o sinal. Uma forma de estabilizar o valor da tensão
é ligar um capacitor em paralelo com a carga. Quando a tensão atinge o valor
máximo e o capacitor está carregado, a diminuição da tensão faz com que o
capacitor comece a se descarregar, suprindo a tensão declinante da fonte. O
resultado é que variação senoidal da tensão é muito aliviada. Dependendo do
valor do capacitor, o ripple pode ser muito reduzido. O fator de ripple é dado em
porcentagem da variação aceitável de tensão na carga.
D3
1
D
C Dz RL
vi
D2
4
D
V2
P = .
R
Vmax √
Vrms = √ =⇒ Vmax = 2Vrms ,
2
portanto
2
Vmax
Pmax =
RL
2
2Vrms
Pmax =
RL
2 · 122
Pmax =
5
Pmax =57,6 W.
6.5 Exercícios
4. Qual a função do zener no circuito da Fig. 6.7? Qual o efeito sobre o zener
se for retirado o capacitor?
Capítulo 7
Transistores
emissor (E)
base (B) P
coletor (C)
Figura 7.1
125
126 CAPÍTULO 7. TRANSISTORES
na Fig. 7.1. Cada uma das junções se comportam como aquelas vistas no caso
do diodo, isto é, permitem a passagem de corrente se polarizadas diretamente e
impedem se polarizadas inversamente. Como cada parte do transistor está co-
nectada a uma fonte, é possível que uma junção esteja conectada diretamente e
a outra inversamente. Vamos considerar primeiramente o caso em que a junção
base-emissor está polarizada diretamente e a junção base-coletor inversamente.
N P N
R
IB
IE − + − + IC
C C
B B
E E
(a) Transistor NPN. (b) Transistor PNP.
junção NPN
O transistor, como é formado por duas junções, pode operar em quatro regiões
distintas, considerando as polarizações na junção base-emissor e base-coletor.
Região ativa direta (RAD) O transistor opera nessa região quando a junção
base-emissor está polarizada diretamente e a junção base-coletor está po-
larizada inversamente. Nesta situação o transistor apresenta um proporci-
onalidade na relação das correntes IB e IC , e funciona como um amplifica-
dor, com ganho maior do que um.
Região ativa reversa (RAR) Aqui a junção base-emissor está polarizada inver-
samente, e a junção base-coletor diretamente. O efeito ainda é de amplifi-
cação, mas com ganho de potência menor do que um.
• IE , corrente no emissor, IE = IC + IB ;
• VCE tensão entre o coletor e o emissor, sempre maior que zero na RAD;
1. Existe uma ddp de 0,6 V entre a base e o emissor, como foi visto para
diodos diretamente polarizados;
2. A corrente ICE0 será considerada nula, uma vez que é da ordem de nano-
ampères;
7.3.1 Exemplo
R2 IC
R1
β
IB E2
E1
Devido ao fato que o transistor está operando na RAD, sabemos que a cor-
rente na malha esquerda é IB e percorre a resistor R1 no sentido horário. Na
malha esquerda, a corrente que percorre R2 é IC , no sentido anti-horário. A cor-
rente no emissor é, obviamente, IE = IC + IB . Suponha a fonte E1 = 5,0 V, a
fonte E2 = 12 V, os resistores sejam R1 = 56 kΩ e R2 = 1 kΩ. Suponha que o
ganho seja β = 100. Na prática, o circuito pode ser representado por
R2 IC
+
VCE
V
R1 IB + D− − +
II E
−2
+
E I
−1
onde o transistor foi substituído por uma fonte de tensão, equivalente a um diodo
de junção, com ddp VD , e por uma fonte de corrente, com ddp VCE . A aplicação
132 CAPÍTULO 7. TRANSISTORES
(I) E1 − R1 IB − VD = 0
(II) E2 − R2 IC − VCE = 0.
5,0 − 0,6
IB = × 10−3 = 0,0786 × 10−3 = 78, 6 µA.
56
corte
0 = E1 − RB IB − VD − RE IE
0 = E1 − RB IB − VD − RE (IB + IC )
0 = E1 − RB IB − VD − RE (IB + βIB )
E1 − VD
IB = .
RB + RE (1 + β)
RC IC
RB
β
IB
E2
E1
RE
IE
Figura 7.7
0 = E2 − RC IC − VCE − RE IC
IC
E2
RE + RC
E2 VCE