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Programa Minha Empresa Rural

Influência das Políticas Governamentais no


Agronegócio

Este curso tem

20 horas
Programa Minha Empresa Rural

Influência das Políticas


Governamentais no Agronegócio

SENAR-GO 2016
Ficha Técnica

2015. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR

Informações e Contato

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO


Rua 87, nº 662, Ed. Faeg,1º Andar – Setor Sul, Goiânia/GO, CEP:74.093-
300 (62) 3412-2700 / 3412-2701 – E-mail: senar@senargo.org.br
http://www.senargo.org.br/
http://ead.senargo.org.br/

Programa Minha Empresa Rural


Presidente do conselho administrativo
José Mário Schreiner

Titulares do conselho administrativo


Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira
Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça.

Suplentes do conselho administrativo


Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da
Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de
Faria.

Superintendente
Eurípedes Bassamurfo da Costa

Gestora
Rosilene Jaber Alves

COORDENAÇÃO
Fernando Couto de Araújo e Stella Miranda Menezes Corrêa
IEA - instituto de estudos avançados s/s
Conteudista: Prof.ª Adriana Vieira Ferreira

Tratamento de linguagem e revisão


IEA – INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S

Diagramação e projeto gráfico


IEA – INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Módulo 3

Instrumentos legais

O que é planejar? Por que é importante que a decisão de produzir e


de comercializar, dentro do negócio agropecuário, seja planejada?
Você acredita que o setor deva ter o “olhar” cuidadoso do Estado?
Você sabia que há uma lei que rege o planejamento do setor?

Módulo 3 - Instrumentos legais // 5


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Fonte: Shutterstock.

Todas essas questões serão discutidas ao longo deste módulo, no


qual você conhecerá a Lei Agrícola, a importância dos planos de safra
e como esses fatores afetam a decisão de produzir e de comercializar
do empresário rural.

Para isso, o módulo conta com duas aulas:


• Aula 1 – Lei Agrícola
• Aula 2 – Seguro Rural

Siga em frente e bom aprendizado!

Módulo 3 - Instrumentos legais // 6


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Aula 1

Lei Agrícola

Vamos voltar no tempo? Imagine a economia brasileira nos anos de


1930. Você se lembra das aulas de história? Você se lembra qual era a
força motriz da economia nesse período? Se você respondeu “o café”,
acertou! Nesta aula você estudará a evolução das políticas agrícolas no
Brasil até a Lei Agrícola que vigora nos dias atuais. Vamos relembrar
um pouco da história?

A década de 1930 ficou conhecida como a época da “agricultura


primitiva” (COELHO, 2001). Foi nesse período, mais exatamente em
1931, que se criou o Conselho Nacional do Café. O Brasil naquela
época era outro: a maior parte da população brasileira ainda vivia no
campo e produzia mais para a subsistência, o que implicava baixo
padrão tecnológico.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 7


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Fonte: Shutterstock.

Além do café, o açúcar e a pecuária também eram considerados


alavancas da renda nacional. As ações governamentais que marcaram
o período foram a criação do Instituto de Açúcar e do Álcool (1933);
da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (Creai) do Banco do Brasil
(1937) (o financiamento da produção agropecuária constituiu aspecto
central da Política Agrícola) e da Companhia de Financiamento da
Produção (CFP) (1943).

A seguir, confira na linha do tempo outras importantes normas legais


que foram sancionadas no período de 1931 a 1964.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 8


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Política Agrícola de 1931 a 1964

Lei n.o
Decreto n.o Lei n.o 1.779/1952
24.548/1934 1.283/1950 (criação do
(defesa (inspeção de Instituto
sanitária produtos de Brasileiro do
animal) origem animal) Café – IBC)

R$

Decreto n.o Lei n.o Lei n.o


24.114/1934 569/1948 1.506/1951
(defesa (inspeção (preços
sanitária sanitária mínimos para o
vegetal) animal) financiamento
ou a aquisição
de cereais e
outros gêneros
de produção
nacional)

A segunda fase da evolução da agricultura, chamada de “modernização


da agricultura” (COELHO, 2001), abrange o período entre 1965 e 1984.
Nesse período o Brasil está evoluindo, a mecanização e a utilização
de novas tecnologias passam a ser incorporadas na produção
agropecuária.

Na fase de “modernização da agricultura”, grandes


culturas de grãos aumentaram a produtividade,
ganharam espaço no mercado e o conceito de
agronegócio passou a fazer sentido.

No entanto, na década de 1980, a economia começou a ter grandes


problemas advindos da inflação e da queda do crescimento econômico.
A Política Agrícola passou, então, a refletir as preocupações do governo
com a inflação e o abastecimento. A seguir, algumas leis voltadas para
o setor rural durante o período de 1965 a 1984.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 9


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Política Agrícola de 1965 a 1984

Decreto-Lei n.o Lei n.o


79/1966 5.969/1973
(reformulação (criação do
da Política de Programa de
Garantia de Garantia da
Preços Produção
Mínimos – Agropecuária –
PGPM) Proagro)

R$ R$ PROAGRO
EMBRATER

Lei n.o Lei n.o Lei n.o


4.829/1965 5.851/1972 6.126/1974
(criação do (criação da (criação da
Sistema Embrapa) Embrater)
Nacional de
Crédito Rural –
SNCR)

Na sua região há algum produtor que chegou na década de 1970 e se


instalou especialmente no cerrado, plantando grãos? Essa é a história
do desbravamento dos cerrados nessa época. Procure conversar com
algum produtor que corrobore o desenvolvimento da agricultura nessa
fase.

A terceira fase é chamada de “transição da agricultura” (COELHO,


2001) e compreende o período de 1985 a 1994. Uma série de planos
de estabilização acabou influenciando também o crédito concedido
ao setor agropecuário, muito endividado na época. A economia
brasileira se abriu para os mercados externos e o setor agropecuário
se influenciou por esse movimento.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 10


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

A promulgação da nova Constituição Federal em 1988


determinou que a Política Agrícola fosse planejada e
executada na forma da lei, conforme art. 189 da Carta
Magna.

Em 1991, o Congresso Nacional aprovou e o presidente da República


sancionou (com vetos) a Lei n.o 8.171, que dispõe sobre a Política
Agrícola. Importantes normas legais foram aprovadas nesse período,
conforme indicado a seguir.

Política Agrícola de 1985 a 1994

Lei n.°
7.827/1989 (re-
gulamenta os
Fundos Constitu- Lei n.°
cionais de De- 8.315/1991 (cria- Lei n.°
senvolvimento ção do Serviço 8.929/1994
do Norte, do Nacional de (Cédula de Pro-
Nordeste e do Aprendizagem duto Rural –
Centro-Oeste) Rural – Senar) CPR)

EMBRATER % R$ CPR

Lei n.° Lei n.° Lei n.°


7.802/1989 (de- 8.029/1990 8.427/1992
fensivos agríco- (extinção da (subvenção
las e afins) Embrater) econômica no
Crédito Rural;
equalização de
preços e de
taxas de juros)

A “fase da agricultura sustentável”, de acordo com Coelho (2001),


engloba os períodos entre 1995 e 2001. A adoção do Plano Real
gerou uma estabilidade relativa, fundamental para a recuperação da
economia, aliada à abertura da economia. Aspectos relacionados à

Módulo 3 - Instrumentos legais // 11


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

sustentabilidade ambiental nas decisões de Política Agrícola começam


a ser notados.

De acordo com Pereira (2013), a aprovação da Lei n.o 9.138/1995,


por meio da qual se buscou equacionar o problema do endividamento
rural (securitização), deu início à criação de instrumentos de Política
Agrícola. Esses novos mecanismos foram mais direcionados para
o mercado e eram menos intervencionistas, como o Prêmio para o
Escoamento de Produtos (PEP) e os contratos de opções.

Siga em frente para aprender sobre a Lei n.o 8.171, conhecida como
Lei Agrícola.

Para entender a Lei Agrícola

A Lei Agrícola brasileira (Lei n.o 8.171, de 17 de janeiro de 1991) foi


aprovada para atender a determinação da Constituição Federal de
1988. O que a Lei Agrícola objetiva, de acordo com Pereira (2013),
é estabelecer os princípios, as metas e os instrumentos de Política
Agrícola. A seguir, confira os artigos 2.º, 3.º e 4.º da referida lei.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 12


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Leitura Complementar

Lei n.º 8.171, de 17 de janeiro de 1991

Dispõe sobre a política agrícola

Art. 2.° A política fundamenta-se nos seguintes pressupostos:

I a atividade agrícola compreende processos físicos, químicos e


biológicos, onde os recursos naturais envolvidos devem ser utilizados
e gerenciados, subordinando-se às normas e princípios de interesse
público, de forma que seja cumprida a função social e econômica da
propriedade;
II o setor agrícola é constituído por segmentos como: produção, insumos,
agroindústria, comércio, abastecimento e afins, os quais respondem
diferenciadamente às políticas públicas e às forças de mercado;
III como atividade econômica, a agricultura deve proporcionar, aos que a
ela se dediquem, rentabilidade compatível com a de outros setores da
economia;
IV o adequado abastecimento alimentar é condição básica para garantir a
tranqüilidade social, a ordem pública e o processo de desenvolvimento
econômico-social;
V a produção agrícola ocorre em estabelecimentos rurais heterogêneos
quanto à estrutura fundiária, condições edafoclimáticas, disponibilidade
de infra-estrutura, capacidade empresarial, níveis tecnológicos e
condições sociais, econômicas e culturais;

Módulo 3 - Instrumentos legais // 13


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

VI o processo de desenvolvimento agrícola deve proporcionar ao homem


do campo o acesso aos serviços essenciais: saúde, educação,
segurança pública, transporte, eletrificação, comunicação, habitação,
saneamento, lazer e outros benefícios sociais.

Art. 3° São objetivos da política agrícola:


I na forma como dispõe o art. 174 da Constituição, o Estado exercerá
função de planejamento, que será determinante para o setor público e
indicativo para o setor privado, destinado a promover, regular, fiscalizar,
controlar, avaliar atividade e suprir necessidades, visando assegurar o
incremento da produção e da produtividade agrícolas, a regularidade
do abastecimento interno, especialmente alimentar, e a redução das
disparidades regionais;
II sistematizar a atuação do Estado para que os diversos segmentos
intervenientes da agricultura possam planejar suas ações e
investimentos numa perspectiva de médio e longo prazos, reduzindo as
incertezas do setor;
III eliminar as distorções que afetam o desempenho das funções
econômica e social da agricultura;
IV proteger o meio ambiente, garantir o seu uso racional e estimular a
recuperação dos recursos naturais;
V (vetado);
VI promover a descentralização da execução dos serviços públicos de
apoio ao setor rural, visando a complementariedade de ações com
Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, cabendo a estes
assumir suas responsabilidades na execução da política agrícola,
adequando os diversos instrumentos às suas necessidades e
realidades;
VII compatibilizar as ações da política agrícola com as de reforma agrária,
assegurando aos beneficiários o apoio à sua integração ao sistema
produtivo;

Módulo 3 - Instrumentos legais // 14


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

VIII promover e estimular o desenvolvimento da ciência e da tecnologia


agrícola pública e privada, em especial aquelas voltadas para a
utilização dos fatores de produção internos;
IX possibilitar a participação efetiva de todos os segmentos atuantes no
setor rural, na definição dos rumos da agricultura brasileira;
X prestar apoio institucional ao produtor rural, com prioridade de
atendimento ao pequeno produtor e sua família;
XI estimular o processo de agroindustrialização junto às respectivas áreas
de produção;
XII (vetado);
XIII promover a saúde animal e a sanidade vegetal;
XIV promover a idoneidade dos insumos e serviços empregados na
agricultura;
XV assegurar a qualidade dos produtos de origem agropecuária, seus
derivados e resíduos de valor econômico;
XVI promover a concorrência leal entre os agentes que atuam nos setores e
a proteção destes em relação a práticas desleais e a riscos de doenças
e pragas exóticas no País;
XVII melhorar a renda e a qualidade de vida no meio rural.

Art. 4° As ações e instrumentos de política agrícola referem-se a:


I planejamento agrícola;
II pesquisa agrícola tecnológica;
III assistência técnica e extensão rural;
IV proteção do meio ambiente, conservação e recuperação dos recursos
naturais;
V defesa da agropecuária;
VI informação agrícola;
VII produção, comercialização, abastecimento e armazenagem;
VIII associativismo e cooperativismo;
IX formação profissional e educação rural;

Módulo 3 - Instrumentos legais // 15


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

X investimentos públicos e privados;


XI crédito rural;
XII garantia da atividade agropecuária;
XIII seguro agrícola;
XIV tributação e incentivos fiscais;
XV irrigação e drenagem;
XVI habitação rural;
XVII eletrificação rural;
XVIII mecanização agrícola;
XIX crédito fundiário.

Parágrafo único. Os instrumentos de política agrícola deverão orientar-se pelos


planos plurianuais.
Fonte: Brasil (1991).

Nota: Alguns desses dispositivos foram alterados por normas legais recentes.

A importância da Lei Agrícola está vinculada à própria definição de


política agrícola e seus objetivos. Essa fase mais moderna da agricultura
inclui a preocupação com o meio ambiente e leva em conta a produção
sustentável. Nesse sentido, Araújo e Valle (2013) afirmam que:

“Em nosso entender, um passo fundamental seria


“esverdear” as políticas agrícolas para, numa realidade
em que o cumprimento estrito da lei é a exceção,
premiar aqueles que o fazem, financiar os que a
querem cumprir e aumentar o ônus sobre aqueles
que não querem se ajustar. Em resumo, fazer com
que a própria Política Agrícola indique claramente, ao
produtor rural, que vale a pena conservar, que essa é
uma atitude que será valorizada.”

Módulo 3 - Instrumentos legais // 16


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Na sua realidade, existe realmente a preocupação ambiental dentro do


setor agropecuário? Você percebe se estão sendo alteradas práticas,
para cumprir o que prevê a Lei Agrícola? Você percebe que as ações
dentro do setor estão se baseando em uma maior consciência “verde”?

Veja como Vieira Filho (2011) analisa essa realidade:

“Produzir com degradação não é uma equação


desejável. O Programa Agricultura de Baixo Carbono
é uma iniciativa que se destaca, pois aproveita o
passivo das emissões de gases do efeito estufa e o
transforma em oportunidade produtiva. Diante dos
padrões ambientais de sustentabilidade, a revisão do
Código Florestal é estratégica. Não se pode reduzir
a área de produção; porém, é importante manter
as áreas de florestas (preservando os biomas e as
matas ciliares). Todavia, o radicalismo pode trazer um
resultado indesejável.”

Por que o autor menciona que os radicalismos podem gerar resultados


indesejáveis? Porque se a produção se reduz para buscar apenas um
objetivo, certamente os preços dos alimentos sofreriam aumentos e os
resultados seriam ainda mais desastrosos se a população, em especial
a mais desprovida de renda, tivesse que pagar por isso.

O plano de safra

Sobre o planejamento agrícola, ou plano de safra, leia o que está


previsto na Lei Agrícola, a seguir.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 17


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Leitura Complementar

Em seu art. 8.º, a Lei n.º 8.171/1991 estabelece que:

Art. 8.º O planejamento agrícola será feito em consonância com o que dispõe
o art. 174 da Constituição, de forma democrática e participativa, através de
planos nacionais de desenvolvimento agrícola plurianuais, planos de safras e
planos operativos anuais, observadas as definições constantes desta lei.

..............................................................

§ 3.º Os planos de safra e os planos plurianuais, elaborados de acordo com os


instrumentos gerais de planejamento, considerarão o tipo de produto, fatores e
ecossistemas homogêneos, o planejamento das ações dos órgãos e entidades
da administração federal direta e indireta, as especificidades regionais e
estaduais, de acordo com a vocação agrícola e as necessidades diferenciadas
de abastecimento, formação de estoque e exportação.

§ 4.º Os planos deverão prever a integração das atividades de produção e de


transformação do setor agrícola, e deste com os demais setores da economia.
Fonte: Brasil (1991).

Módulo 3 - Instrumentos legais // 18


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Entre os planos previstos na lei, os planos de safra têm sido efetivamente


implementados pelo governo federal. Anualmente, o governo federal,
por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), publica o Plano Agrícola e Pecuário (PAP), conhecido como
plano de safra. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que
tem a tutela da agricultura familiar, também publica anualmente o Plano
da Agricultura Familiar.

Esses instrumentos buscam instituir medidas para orientar os


investimentos agropecuários no país no período referente ao calendário
agrícola anual. Basicamente, os planos contemplam (FAESP, 2016):
• Crédito Rural;
• zonamento agrícola;
• Seguro Rural;
• comercialização;
• programas especiais de fomento setorial.

Para o ano de 2016/2017, o plano de safra prevê a ampliação de


recursos, conforme artigo a seguir.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 19


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Leitura Complementar

O Plano Agricultura e Pecuário 2016/2017 destinará R$ 202,88 bilhões de


crédito aos produtores rurais brasileiros, valor recorde que representa aumento
de 8% em relação à safra anterior (R$ 187,7 bilhões). [...] Um dos destaques
é o crescimento de 20% dos recursos para custeio e comercialização a juros
controlados. A modalidade contará com R$ 115,8 bilhões.

Os juros foram ajustados sem comprometer a capacidade de pagamento do


produtor, com taxas que variam de 8,5% a 12,75% ao ano. Os agricultores
de médio porte tiveram prioridade. Os recursos de custeio para o Programa
Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) cresceram 15,4% e
alcançaram R$ 15,7 bilhões, com juros anuais de 8,5%.

A oferta de crédito agrícola tem crescido a cada safra, demonstrando o potencial


e a confiança dos produtores no setor. Somente nos últimos cinco anos, os
recursos do Plano Agrícola aumentaram 89%, somando R$ 905,1 bilhões no
acumulado do período. Saltou de R$ 107,2 bilhões na safra 2011/2012 para
R$ 202,88 bilhões na atual.
Fonte: Brasil (2016b).

Pode-se perceber que os juros foram elevados e, certamente, esse fator


impactará negativamente o acesso do produtor ao crédito ofertado.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 20


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Reflexão

Será que nos outros países as políticas agrícolas são conduzidas da mesma
forma que no Brasil? Será que a política agrícola de outro país é capaz de
influenciar a política agrícola no nosso país?

Feedback da Reflexão: A forma como é conduzida a Política


Agrícola depende das condições macroeconômicas de cada governo
e das especificidades da agricultura, bem como do seu grau de
desenvolvimento.

Os Estados Unidos, por exemplo, eliminaram o subsídio direto para


os produtores de algodão, o que gera uma perspectiva melhor para os
produtores brasileiros que competem pelos mesmos mercados.

Será que basta ter crédito para que a agricultura tenha desenvolvimento?
Quais outros fatores podem ser importantes para que o setor tenha
toda a segurança para crescer? Essa discussão será o foco da nossa
próxima aula.

Siga em frente e bom estudo!

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Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Aula 2

Seguro Rural

Você sabia que, por mais que a tecnologia avançada e a inovação


tenham influenciado o setor agropecuário, ainda há uma ligação da
produção com os fenômenos climáticos e que isso traz um fator de
insegurança à produção do setor? Nesta aula você estudará como a lei
agrícola brasileira tem tratado esse importante instrumento de redução
do risco da produção: o Seguro Rural.

Fonte: Shutterstock.

A importância da agropecuária na economia é mais do que produzir


alimentos e ser matéria-prima com preços reduzidos. Atualmente,
a agricultura deve contemplar aspectos relacionados à segurança
alimentar, qualidade dos alimentos, boas práticas de manejo,
sustentabilidade ambiental, produção de emprego e renda no campo e
até à produção de combustíveis renováveis.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 22


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Você sabia que há grande rigidez relacionada tanto à oferta quanto à


demanda por produtos agropecuários? Isso quer dizer que, diante de
uma oportunidade favorável no mercado, a produção não se ajusta de
forma imediata, assim como acontece num momento de crise, com
preços que não são atrativos (BUAINAIN; VIEIRA FILHO, 2011).

O Seguro Rural é, portanto, um importante instrumento


de Política Agrícola, pois ele minimiza as incertezas do
setor agropecuário.

Como a atividade agrícola envolve processos biológicos, ela depende


de “insumos da natureza” sobre os quais não há controle. Por esse
motivo, a atividade agrícola está sujeita a maiores riscos e incertezas
que as atividades industriais (PEREIRA, 2013).

Entre os objetivos do seguro agrícola, além da facilitação da


modernização tecnológica da agricultura, está a proteção da renda e
do patrimônio do produtor rural. Se o seguro atinge esses objetivos, ele
aumenta a competitividade da agricultura, o que estimula a formação
de capital e facilita a atração da poupança privada para o financiamento
do custeio e da comercialização agrícolas (PEREIRA, 2013). As 8
modalidades do Seguro Rural são:
• Seguro Agrícola;
• Seguro Pecuário;
• Seguro Aquícola;
• Seguro de Benfeitorias e Produtos Agropecuários;
• Seguro Penhor Rural;
• Seguro de Florestas;
• Seguro de Vida do Produtor Rural;
• Seguro de Cédula do Produtor Rural.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 23


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Fonte: Shutterstock.

O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), instituído


em 1973 e regido pela Lei Agrícola 8.171/1991, ambas regulamentadas
pelo Decreto 175/1991, foi um marco importante do Seguro Rural no
Brasil. Na época, ele foi criado em razão da incapacidade da atividade
agropecuária em atrair seguradoras privadas.

Instituído para garantir ao produtor rural um valor complementar para


pagamento do custeio agrícola em casos de ocorrência de fenômenos
naturais que atingissem bens, rebanhos e plantações, o Proagro
deveria indenizar parte dos recursos próprios utilizados pelo produtor
em seu custeio rural. Essa política ainda existe atualmente, mas foi
alterada. A seguir, confira os objetivos atuais do Proagro.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 24


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Exonerar produtores rurais de obrigações financeiras


relativas a operações de Crédito Rural de custeio e de
investimento, em decorrência de perdas de receitas
ocasionadas por fenômenos naturais, pragas e doenças.

Indenizar a parcela de recursos próprios dos produtores


vinculada a operações de custeio rural.

Incentivar a utilização de tecnologia adequada às


atividades agropecuárias, além da assistência técnica.

A Lei n.º 10.823, de 2003, aprovou a subvenção ao prêmio do


seguro agrícola, iniciativa que foi administrada pelo Comitê Gestor
Interministerial do Seguro Rural, nos termos do Decreto n.º 5.121, de
29 de junho de 2004, que regulamenta a matéria. Outra inovação foi a
instituição do Plano Trienal do Seguro Rural. Em 2007, o Congresso
Nacional aprovou a Lei Complementar n.º 126. A seguir, analise o que
diz essa lei.

Dispõe sobre a política de resseguro, retrocessão e


sua intermediação, as operações de cosseguro, as
contratações de seguro no exterior e as operações
em moeda estrangeira do setor securitário; altera o
Decreto-Lei n.º 73, de 21 de novembro de 1966, e
a Lei n.º 8.031, de 12 de abril de 1990; e dá outras
providências.

Fonte: Brasil (2007).

Módulo 3 - Instrumentos legais // 25


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

A subvenção ao prêmio (Lei n.º 10.823/2003) e a quebra do monopólio


do resseguro (Lei Complementar n.º 126/2007) foram decisões
importantes para que o Seguro Rural começasse a prosperar no
Brasil. O marco mais recente foi a aprovação da Lei Complementar n.º
137, de 2010, que, entre outras providências, autoriza a participação
da União em fundo destinado à cobertura suplementar dos riscos do
Seguro Rural.

Acredita-se que, com a vigência dessas normas legais e o apoio


governamental, seguradoras privadas passem a oferecer ao agricultor
brasileiro a necessária cobertura contra intempéries e outros eventos
fortuitos (PEREIRA, 2013).

Fonte: Shutterstock.

Módulo 3 - Instrumentos legais // 26


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Você sabia que, desde 2006, foram gastos R$ 2,8 bilhões com o
pagamento da subvenção ao prêmio do Seguro Rural? Isso permitiu a
aquisição de 617.743 apólices de Seguro Rural por 137.445 produtores,
que garantem capitais da ordem de R$ 85,5 bilhões e proporcionam
cobertura securitária para 52,3 milhões de hectares (MAPA, 2016). A
seguir, confira o gráfico que relaciona as atividades desenvolvidas e o
percentual de apólices que cada atividade retém.

Atividades - Apólices

Soja 43,56%

Uva 10,89%

Trigo 9,35%

Milho (1ª Safra) 7,73%

Milho (2ª Safra) 6,29%

Arroz 5,01%

Café 2,89%

Outros 14,27%

Fonte: Brasil (2016c).

Embora tenha sido um avanço, os produtores entendem que ainda há


necessidade de um seguro de renda, e não só de produção ou custo
de produção. Conclui-se que, historicamente, o seguro agrícola no
Brasil não tem alcançado os objetivos esperados, pois não consegue
proteger os agricultores e pecuaristas e gera efeitos fiscais negativos
(BUAINAIN; VIEIRA, 2011).

Módulo 3 - Instrumentos legais // 27


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Você percebeu como o governo federal vem


priorizando o seguro agrícola? E já começam a
aparecer alguns resultados positivos!

Quanto à agricultura familiar, o Proagro Mais e o


Seguro Safra são instrumentos importantes para
esse setor.

Para a agricultura empresarial, a reformulação do


Proagro e o Programa de Subvenção ao Seguro,
por outro lado, mostram que alterações devem
ser feitas, inclusive em relação à participação de
operadores privados nesse setor.

Chegamos ao final do Módulo 3. Na sequência,


siga para o Módulo 4.

Até logo,

Jorge

Módulo 3 - Instrumentos legais // 74

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