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Saussure
No estudo integrado da linguística e da semiologia subjacente, o suíço Ferdinand de
Saussure é a principal referência nessa articulação, estando ao lado do norte-
americano Charles Sanders Peirce nesse papel. Tamanha relação só poderia ter
repercussões numa série de áreas do saber, como a filosofia, a sociologia e a psicologia.
Entre signos e significados, a organização dos conceitos e de toda a envolvência do saber
é enquadrada nesta perspetiva linguística, capaz de reproduzir uma tessitura ampla de
estruturas conceptuais. O nome do suíço serviria, desta feita, como uma referência na
perceção de um estudo salvaguardado em prol da creditação e investigação das várias
margens do saber.
Ferdinand de Saussure nasceu a 26 de novembro de 1857, em Genebra, na Suíça, país
onde viria a partir no dia 22 de fevereiro de 1913. As reconstruções teóricas pelas quais
sobrevoou levaram a uma série de estudos na estruturação de uma linguística com teor
científico. Assim, não descarta nenhum idioma do seu plano, conforme assume a obra
lançada em 1879, “Mémoire sur le système primitif des voyelles dans les langues
indo-européennes”. Apesar de, atualmente, não representar um dos figurinos mais
atualizados do estudo da gramática, não deixa de ser um nome consensual em ambos os
lados do Atlântico, estimulando as vias de estudar o funcionalismo de cada termo, de
cada som. Entre os mais influenciados, surge o nome de Noam Chomsky, que o estudou
para a sua gramática transformacional.
A semiologia
As noções de signo, significado e significante levaram o suíço a ser reconhecido como um
dos fundadores da semiologia, a ciência que estuda, precisamente, os signos, os
símbolos, e as noções inerentes a estes nos contextos em que atuam. Na linguística, os
eixos sintagmático e paradigmático foram aqueles nos quais a descrição das palavras se
desdobrou. O termo advém do grego semeiotikos, um interpretador de signos.
A ver do suíço, um linguista é capaz de desenvolver uma análise diacrónica de um texto,
mas deve contar com uma forte base histórica daquilo que são as estruturas do idioma
que está a escrutinar. Isto sustenta-se na definição de linguagem, que é um sistema de
signos que expressam ideias, composto e desenvolvido através da atividade social, e
parte componente dos estudos da psicologia. Naquilo que são os signos, estes podem ser
aplicáveis a qualquer contexto onde se possa efetuar uma análise dos símbolos e signos
existentes, chamando a essa prossecução a semiologia.
Para lá da historicidade da língua, o enfoque foi conferido aos padrões e funções desta,
assente na já mencionada arbitrariedade das relações entre o significado e o significante,
assumindo uma análise nesse trilho. A importância do pensamento de Santo Agostinho
de Hipona não é descabida, no sentido em que visualizou o pensamento humano à
imagem da adaptação sausseriana, tendo este filósofo tomado como base uma série de
noções e conceções do conhecimento aristotélico e neoplatónico.
Mesmo não tendo sido formalizada através do suíço, as ciências sociais viram-no a
propor a semiologia aplicada à sociedade, estudada à luz da psicologia, e que investigava
as causas e fundações dos signos, para além das leis subjacentes. Ao olhar do linguista,
e à imagem da ciência na qual trabalhou durante uma vida, via a semiologia somente
passível de ser interiorizada e acomodada após as ciências sociais se ajustarem e
definirem os contextos a estudar e nos quais atuar.
A influência
Ferdinand de Saussure seria alvo de escrutínio pelo que havia escrito e proposto após a
sua morte, considerando, muitos dos seus sucessores no estudo da linguística, novas
ideias, que aprofundaram os passos dados pelo suíço. O papel da cognição seria
explorado, assim como a própria temporalidade do idioma, embora se fossem
sustentando nas estruturas propostas, inicialmente, por Sausurre.
Conforme mencionado, o estruturalismo de Saussure seria uma ferramenta conceptual a
partir da qual muitos desenvolveram profundo trabalho. Neste núcleo, incluem-se vários
franceses, como o antropólogo Claude Lévi-Strauss, o psicanalista Jacques Lacan, o
também linguista, teórico e filósofo Roland Barthes, e o filósofo Jean Baudrillard. A
própria semiologia foi revalorizada, homologada, e adaptada ao estudo da lógica
filosófica, tanto do ponto de vista do discurso comunicativo, como da própria
representação dos agentes protagonistas deste. Para além, também conheceria um novo
cunho, após estudos mais contemporâneos, passando a designar-se, enfim, por
semiótica.
Ferdinand de Saussure tornou-se proeminente na formação e formulação científica e
estruturalista da linguística. O seu papel na construção de um entendimento das línguas e
dos idiomas nacionais e internacionais desdobrou-se numa análise que se repercutiu por
outras áreas do saber, capazes de aplicar, no seu entendimento e explicação da realidade
social, o método científico. Codificando e orquestrando métodos e signos, Saussure
construiu a simbologia de uma falada e mentalizada metodologia.