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- artº 96º / nº 1 da CRM – “A política económica do Estado é dirigida à construção das bases
fundamentais do desenvolvimento, à melhoria das condições de vida do povo, ao reforço da
soberania do Estado e à consolidação da unidade nacional, através da participação dos
cidadãos, bem como da utilização eficiente dos recursos humanos e materiais”.
Ex:
1 - artº 10º CRM 1975 – “Na República Popular de Moçambique, o sector económico do
Estado é o elemento dirigente e impulsionador da economia nacional. A propriedade do
Estado recebe protecção especial sendo o seu desenvolvimento e expansão, responsabilidade
de todos os órgãos do Estado, organizações sociais e cidadãos”.
Segundo Teodoro Waty, o âmbito da Constituição Económica pode ser determinado com
recurso a critérios económicos e a critérios jurídicos. No primeiro caso, seria em função do
próprio sistema económico e das suas mutações. Na segunda opção, a Constituição
Económica emergiria de critérios jurídicos, competindo ao Direito qualificar como
constitucionais as normas que se apresentam como fundamentais.
Para Waty, o âmbito da Constituição Económica deve ser definido através de critérios
jurídicos.
- herdámos uma estrutura económica colonial em que os factores de produção não estavam
ao serviço do nosso país, do nosso povo, mas sim ao serviço da dominação estrangeira
- devemos combater esta situação criando bases de uma economia independente ao serviço
das massas laboriosas…
Segundo Teodoro Waty, apesar de não se extrair do discurso uma orientação clara, e apesar
de não se falar em nacionalizações, nesta fase há uma prática social muito marcada
ideologicamente por intuitos socializantes. Para o autor, devem destacar-se os seguintes
aspectos do discurso:
- a menção à defesa dos interesses das classes trabalhadoras e da prevalência dos interesses
das classes mais desfavorecidas,
Para Waty, este conjunto de medidas influenciou fortemente o futuro texto constitucional de
1975.
2. A Constituição de 1975
Sendo, segundo Waty, uma Constituição com carácter proclamatório, deixa uma certa de
liberdade de meios (não de objectivos) que vai permitir que, a partir de 1977, a prática
política quanto à economia se afirme de índole marxista, apesar de o texto não ter sido
alterado e de conceitos como a nacionalização ou a socialização não estarem previstos na Lei
Fundamental.
A Constituição de 1990
Face a uma crise de fome e pobreza generalizados, em 1987 o Governo declarou a situação
de emergência e pediu assistência à comunidade internacional e lançou o Programa de
Reabilitação Económica (PRE). http://www.bip.gov.mz/econom.htm
No texto constitucional de 1990, o artº 41º/ nº1 estabelece que “a ordem económica assenta
nas forças de mercado, na iniciativa dos agentes económicos, na participação de todos os
tipos de propriedade e na acção do Estado como reguladora e promotora do crescimento…”.
O mesmo artigo no nº 2 estabelece que a “economia nacional compreende…a propriedade
estatal, a propriedade cooperativa, a propriedade mista e a propriedade privada. O artº 42º
proclama o papel fundamental do sector familiar. O artº 45º estabelece que os
empreendimentos estrangeiros são autorizados em todos os sectores económicos, excepto
aqueles que estejam reservados à propriedade ou exploração exclusiva do Estado.
No artigo 11º, na identificação dos objectivos fundamentais, realcemos, desde logo, a alínea
c), a alínea d), a alínea h).
e) na propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo com
o interesse colectivo
O artº 98º determina a propriedade económica do Estado relativamente aos recursos naturais
situados no solo e no subsolo, nas águas interiores, no mar territorial, na plataforma
continental e na zona económica exclusiva. Determina ainda o domínio público do Estado
sobre
a) a zona marítima
b) o espaço aéreo
c) o património arqueológico
e) o potencial hidráulico
f) o potencial energético
No artº 99º garante-se a coexistência de três sectores de propriedade dos meios de produção:
sector público, sector privado e sector cooperativo e social.
O artº 108º - o Estado garante o investimento estrangeiro que opera no quadro da sua política
económica e estabelece as suas restrições no que respeita aos sectores económicos reservados
à propriedade ou exploração exclusiva do Estado.
O artº 109º - mantém a terra como propriedade do Estado acrescentando que a mesma não
pode ser vendida, ou por qualquer outra forma alienada, nem hipotecada nem penhorada.
- artº 90º - declara-se o direito dos cidadãos a viver num ambiente equilibrado
Assim, e depois de termos olhado para a evolução constitucional moçambicana desde a Pré-
Constituição até à actual Constituição, verificamos que o papel do Estado se modificou,
passando de Estador produtor e altamente interventor para um Estado regulador e garantístico
na actual lei fundamental.
- a propriedade privada
- a iniciativa privada
- a livre concorrência
A propriedade privada
Noção e conteúdo
Como já vimos, a actual Constituição, no seu artº 82º / nº 1 reconhece e garante o direito de
propriedade.
Ora, o direito de propriedade não é um direito absoluto podendo ser objecto de limitações ou
restrições, as quais se relacionam, desde logo, com princípios de Direito (ex: a função social
da propriedade), com razões de utilidade pública ou com a necessidade de conferir eficácia a
outros princípios ou normas constitucionais, incluindo os direitos económicos ou sociais e as
disposições da organização económica.
- o direito de a adquirir
Restrições
c) na transmissão inter vivos ou mortis causa – é por vezes limitada por direitos a favor
de terceiros, como o direito de preferência atribuído, por vezes, aos proprietários
confinantes ou aos herdeiros legitimários.
d) Limites constitucionais ao direito de o titular não ser privado da sua propriedade – ao
admitir-se a possibilidade de requisição e expropriação por utilidade pública, sujeita
ao pagamento de justa indemnização. A actual Constituição prevê a expropriação no
seu artº 82º / nº 2.
A expropriação refere-se a bens imóveis, tem carácter definitivo e é de uso frequente, dada a
sua necessidade para a construção de estradas e outras edificações públicas. O facto de se
exigir a existência de interesse público não significa que não possa haver expropriação a
favor de entidades privadas como as associações desportivas, etc.
Além da requisição e da expropriação, a propriedade privada pode também ser limitada pela
figura da nacionalização, também mediante indemnização.
Bibliografia:
António Carlos Santos
Manuel Afonso Vaz, Direito Económico – A ordem económica portuguesa, 4ª ed., Coimbra
Editora, Coimbra, 1998
Luís Cabral Moncada, Direito Económico, 4ª ed., Coimbra Editora, Coimbra, 2003
CRM
A Iniciativa privada
- artº 99º / nº 1 e nº 3
- artº 107º
Por sua vez, a liberdade de organização não impede que a lei configure os tipos de empresas
sob a forma de sociedades comerciais (ex. sociedades por quotas, sociedades anónimas,
sociedades em comandita1, etc.). Existem também regras obrigatórias sobre o modo de
organização interna das empresas, relativas aos órgãos sociais, aos direitos das comissões de
trabalhadores, bem como às condições técnicas de funcionamento do estabelecimento (ex.
medidas de segurança, de protecção da saúde pública, de condições de higiene, etc.) bem
como na relação da empresa com o exterior (ex: actividades perigosas em zonas residenciais,
protecção do ambiente, etc.).
Quanto à liberdade negocial, existem também restrições quer nas relações contratuais com
trabalhadores (ex: contratos de trabalho), consumidores (nulidade de certas cláusulas
contratuais) ou outras empresas (proibição de comportamentos restritivos da concorrência).
São também possíveis outras formas de iniciativa em que a solidariedade entre os seus
membros ou entre estes e a sociedade prevaleça sobre o interesse lucrativo da organização.
Trata-se de formas de “economia social” entre as quais se destaca o sector cooperativo e o
sector social.
A iniciativa cooperativa está contemplada no artº 99º / nº 4 CRM e Lei 9/79 (Lei das
Cooperativas)
- a liberdade de as gerir
1
- a liberdade de contratação ou negocial inerente a essa mesma gestão
De notar que o artº 99º, apesar de falar, desde logo, em sector cooperativo, irá especificar 3
formas de propriedade de meios de produção que, na realidade, pertencem ao sector social:
Esta figura refere-se à autogestão das empresas pelos respectivos trabalhadores e é um direito
que parece pressupor a gestão aos trabalhadores e a propriedade a outrem. Considera-se que
os bens podem ser de titularidade de entidades de entidades privadas ou públicas,
pressupondo-se o assentimento dos titulares da propriedade ou um motivo legal que confira o
direito à autogestão.
Os meios de produção possuídos e geridos por pessoas colectivas, sem carácter lucrativo, que
tenham como principal objectivo a solidariedade social, designadamente, entidades de
natureza mutualista – alínea c) do nº 4 do artº 99º.
Trata-se de estender o sector social às entidades que desenvolvem uma actividade económica
tendo em vista a solidariedade social e, por isso, sem o intuito de apropriação lucrativa
pública ou privada, antes dirigida à ajuda mútua.
1 – “Todo o trabalhador tem direito a justa remuneração, descanso, férias e à reforma nos
termos da lei.
3 – O trabalhador só pode ser despedido nos casos e nos termos estabelecidos na lei”.
A segurança no emprego e a proibição de despedimento sem justa causa visam limitar a plena
disponibilidade da entidade patronal sobre as relações de trabalho. Por esse motivo, a garantia
destes direitos dos trabalhadores implica restrições ao direito de livre iniciativa privada,
pública ou cooperativa.
- liberdade sindical
1 – “Os trabalhadores têm direito à greve, sendo o seu exercício regulado por lei.
3 – É proibido o lock-out”.
Subjacente a esta configuração constitucional parece estar a ideia de que é indispensável à
efectividade dos direitos básicos dos trabalhadores a garantia dos direitos e liberdades das
suas organizações e, desde logo, a possibilidades de se organizarem livremente.
- o direito ao trabalho
Ainda no âmbito dos Direitos Económicos e Sociais, a CRM garante o direito ao trabalho.
Este direito deve ser entendido como um direito a uma prestação positiva por parte do Estado,
consistindo no desenvolvimento de políticas que assegurem o máximo de emprego possível e
a igualdade de oportunidades e de formação específica e genérica, e não como um direito
subjectivo a um concreto posto de trabalho.
1- “Os consumidores têm direito à qualidade dos bens e serviços consumidos, à
formação e à informação, à protecção da saúde, da segurança dos seus interesses
económicos, bem como à reparação de danos.
O direito ao ambiente
1- “Todo o cidadão tem o direito de viver num ambiente equilibrado e o dever de o
defender.
A fisiocracia era uma teoria relativamente recente. A burguesia crescente saída da Revolução
Industrial começa a reclamar contra o Mercantilismo dominado pelo Estado, contra as
políticas proteccionistas alfandegárias. Estes protestos começam em França (laissez-faire,
laissez-passer).
Põe em causa as teses de alguns autores da moda (Hobbes, Descartes, etc.). Dá um corpo
doutrinário à burguesia ascendente, endinheirada, nova-rica, industrial, comercial, da banca,
dos seguros. Locke é o pai da ‘revolução’ burguesa britânica.
É também um filósofo eminente que é o que lhe traz reconhecimento publico. A sua obra
ecoa, sobretudo na América do Norte e, após a independência dos EUA, os americanos
assumem a teoria liberal. Locke é o antepassado cultural de Adam Smith, pai do capitalismo.
Montesquieu - a sua obra mais célebre é ‘O espírito das Leis’ que foi terminada em 1748.
Foi o precursor da Sociologia Política (relações entre a Sociedade e a Política).
Vai aperfeiçoar o conceito de tri-partição de poderes de Locke. Vai separar o poder judicial
do poder executivo a vai juntar a este o poder confederativo.
Inspirou-se na Constituição Britânica mas é a Constituição Americana que ele vai influenciar
directamente. É nesta constituiçao que ficou consagrado este princípio tal como Montesquieu
o tinha idealizado. Representa-se no sistema de ‘checks and balances’ - separação com
interdependência de poderes.
A tri-partição de poderes evitava o Despotismo. O autor dizia que todo o homem tem
apetência crescente pelo poder, logo havia que o limitar.
Estes tratados bem como o espírito liberal nascido na Revolução Francesa colocam agora a
perfeição do sistema no indivíduo livre, isolado e igual e o espaço da sua realização ética
passa pela afirmação da sua auto-suficiência. É o império do individualismo que
fundamentará o liberalismo económico, considerado segundo uma ordem natural e intrínseca
da economia.
Os teóricos do capitalismo liberal foram, essencialmente, Stuart Mill, Adam Smith, David
Ricardo e Jean Baptiste Say.
Os Direitos, Liberdades e Garantias deviam ser dados para proteger a livre iniciativa e a
concorrência.
O ‘laissez-faire, laissez-passer’ vai durar até à Revolução de 1917 e ao crash de 1929. O free
trade nasce com Adam Smits. Hoje tenta-se a lógica do fair trade para evitar o ‘dumping
social’ (abuso dos direitos humanos na produção).
Desde logo, verificamos que uma das condições lógicas será, portanto, a abstenção de
intervenção do Estado na vida económica. A economia funcionaria como uma “mão
invisível” na procura e obtenção da racionalidade. A ordem jurídica comum, abstracta e geral
– sobretudo a propriedade e o contrato – era o suporte legal e único da economia. O
liberalismo entende o contrato de trabalho numa expressão inter individual já que o
empresário e o operário assalariado aparecem, perante a lei, individual e abstractamente
considerados, despidos de qualificação económica, como contratantes equiparáveis.
A sociedade liberal era entendida como uma soma de indivíduos. Era, em primeiro lugar, a
liberdade individual que se pretendia salvaguardar da interferência do poder sendo que a
liberdade era entendida como libertação do Estado, dispensa da tutela estatal.
Em primeiro lugar, não era pelo facto de a teoria apontar para a igualdade de posição e de
iniciativa dos indivíduos que todos, na prática, tinham a mesma capacidade ou as mesmas
condições para a iniciativa económica.
Por outro lado, a concorrência livre e perfeita desejada, aliada ao progresso técnico, acabou
por permitir fenómenos de concentração que o liberalismo não aceitava, em teoria.
- o aparecimento das sociedades por acções (em contraposição à empresa individual) fruto
dos mecanismos de acumulação de capital
2
Ou seja, o sistema jurídico manteve os princípios de neutralidade do Estado liberal frente à
sociedade.
Será correcto afirmar-se não existir no modelo liberal uma ordem jurídica da economia?
Como nos diz Manuel Afonso Vaz, o que acontece é que a pretensão do liberalismo de ver os
poderes públicos fora da órbita do económico vai significar uma opção por uma determinada
ordem jurídica de economia. É neste sentido que já se chamou à ausência de intervenção
positiva do Estado dirigismo negativo. Segundo Mota Pinto, “mesmo nos países onde o
Estado opta por um modelo de liberalismo económico, o Estado faz uma opção – a sua forma
de intervir é ter decidido não intervir na vida económica, retirando-se para uma posição de
observador. Trata-se de uma intervenção por omissão deliberada”.
Cabral Moncada
Como já vimos, os Estados começam por ter a necessidade de reorientar a economia para
aguentar os custos da guerra e confronta-se com fenómenos económicos como a inflação e o
desemprego. Estas realidades obrigam os Estados a intervir procurando minimizar os efeitos
da guerra.
Por fim, segundo Afonso Vaz, a crise de 1929 que parte dos EUA e irá afectar toda a Europa,
contribuiu igualmente, para a modificação da relação entre poderes públicos e poderes
privados. É com ela que se atesta a falência do modelo liberal económico.
Do ponto de vista filosófico, os Estados retomam uma valoração ético-axiológica das suas
próprias tarefas, obrigando-se à criação de condições materiais da realização do indivíduo /
cidadão. Adopta-se uma progressiva preocupação com a dimensão social da economia, com a
consciência de que se está a lidar com bens escassos, com a consciência da necessidade da
intervenção do Estado com vista à realização da justiça social e do bem estar das populações.
Até aos anos 80 do séc. XX, verifica-se, assim, uma progressiva intervenção do Estado na
economia, com três fases distintas:
b) Dirigismo – no espaço entre as duas guerras verificou-se um aumento acentuado das
restrições aos agentes privados e, por outro lado, ao aumento da intervenção dirigista
do Estado, ou seja, à escolha de opções por determinadas políticas económico-sociais.
Aceita-se que o Estado pode intervir na economia em favor da defesa do interesse
público
A partir da década de 80, o modelo de Estado-Providência entra em crise e, com ela, também
o modelo de Estado-planificador. Hoje em dia, discutem-se eventuais novos modelos de
relação entre poderes públicos e privados.
Os Fundamentos da intervenção do Estado
E, segundo Afonso Vaz, apesar das recentes orientações de política económica que aliviam o
papel do Estado na economia, a intervenção do Estado continua a ser uma realidade. Hoje, a
questão coloca-se em termos de maior ou menor intervenção.
Segundo Afonso Vaz, é da “cultura pública democrática” que deve decorrer o equilíbrio
consentido entre poderes públicos e privados.
Tipologia de intervenção
a) Intervencionismo
b) Dirigismo
c) Planificação
Olhemos para o Estado e para a Economia e pensemos num fenómeno global económico, por
exemplo, uma baixa generalizada do investimento. Se o Estado intervém para corrigir este
fenómeno global, através de medidas de encorajamento do investimento, estamos perante
uma intervenção global.
Por outro lado, imaginemos que uma empresa importante para a exportação entra em
dificuldades económicas e o Estado decide encetar uma intervenção que vise a recuperação
da mesma empresa, estaremos neste caso perante uma intervenção pontual ou avulsa.
As medidas imediatas são aquelas que se caracterizam por terem efeito directo dirigido e
intencional na economia, por ex. as nacionalizações ou o apoio a determinadas actividades
económicas.
Mas, o Estado pode tomar outro tipo de medidas que, não sendo especificamente dirigidas a
um sector económico ou à economia na sua globalidade, acabem por afectar a actividade
económica do país, por ex.
No entanto, cada vez mais se acentua a tendência para o Estado intervir ao abrigo de formas
convencionais e contratuais do exercício da autoridade.
Estas formas pressupõem um acordo entre Estado e privados para a determinação de formas
de intervenção.
Se o Estado está dotado de iuus imperii, qual o sentido que tem recorrer à negociação com
privados para determinar formas de intervenção?
Em segundo lugar, assegura um clima de paz social que seria mais difícil se as medidas
fossem de carácter unilateral.
Consideremos como exemplo a oferta, por parte do Estado, de reduções fiscais às empresas
em troca de um aumento de investimento, o que é completamente diferente, em termos de
efeitos esperados, da medida unilateral de reduções fiscais tout court.
Por outro lado, a intervenção directa do Estado tem, crescentemente, fins lucrativos,
tradicionalmente exclusivos da actividade privada. Sendo que a estrutura da empresa privada
é a que melhor se adequa à obtenção do lucro, o Estado procura cada vez mais imitar a
empresa privada.
Assim, só se aceitava legítima a sua actividade como produtor para colmatar eventuais falhas
de mercado, ou seja, suprir incapacidades privadas na produção de bens ou serviços de
interesse geral em quantidade ou condições adequadas (é o caso das infraestruturas), nos
chamados monopólios naturais (os caminhos de ferro ou as telecomunicações), nas
actividades que se constituíssem como extensão natural de um serviço público administrativo
(é o caso das imprensas nacionais e do fabrico de equipamentos para as forças armadas).
Para isso, o Estado do período liberal organizava-se, enquanto produtor, através de duas
figuras:
A partir da I Guerra, a figura do Serviço Público Económico não personalizado, evoluiu para
a figura de serviços dotados de personalidade jurídica.
A partir da II Guerra surge uma nova figura, a da empresa pública, através do movimento de
nacionalização das empresas. Esta nova figura fica a coexistir com os serviços públicos
personalizados e com as concessões a privados de actividades de interesse geral. É ainda a
época em que os Estados criam novos mecanismos de intervenção com o Plano e os auxílios
às empresas privadas.
História das nacionalizações
- a Constituição mexicana
- a Revolução soviética
- a propriedade da terra e das águas interiores é da Nação, a qual tem o direito de a transferir
para pessoas privadas, para seu uso, limitada pelo interesse público.
Daqui decorre que a terra é propriedade da Nação (e não do Estado) e que a sua aquisição
privada é sempre limitada pelo interesse colectivo. Esta disposição constitucional esteve na
base da reforma agrária do México nos anos seguintes.
Também nas democracias populares de Leste que, depois da II Guerra, se inseriram na órbita
soviética, se generalizaram as nacionalizações, abrangendo a quase totalidade dos meios de
produção.
e) tentar um melhor aproveitamento dos meios disponíveis e dos recursos naturais
mediante a utilização de técnicas de planeamento.
A social-democracia aponta para uma economia onde coexistem os três sectores de produção,
já que considera que o colectivismo de Estado é incompatível com a eficiência económica,
com a liberdade e com a democracia.
O sector do pensamento liberal, e mesmo alguns sociais-democratas, são muito mais críticos
em relação à figura da nacionalização, já que acreditam que o colectivismo conduzirá a uma
gestão burocrática e insuficiente, além de, segundo eles, ser incompatível com a liberdade dos
cidadãos. Consideram que, a um aumento do poder do Estado corresponde sempre uma
progressiva diminuição da autonomia do cidadão e, no caso da colectivização integral da
economia, julgam estes elementos liberais e alguns sociais-democratas que, sendo o Estado o
único patrão, lhe será fácil e tentador eliminar a sobrevivência dos adversários do regime.
O conceito de nacionalização
Por nacionalização entende-se o acto político-legislativo que transfere a propriedade dos bens
económicos para a Nação.
No entanto, note-se que o acto de nacionalizar é sempre um acto estatal. A gestão e detenção
útil dos bens é que poderá levar a formas de estatização ou de propriedade social, ou o seu
retorno à propriedade e gestão privadas.
Vamos então olhar para alguns dos modos de constituição de propriedade e/ou gestão
colectivas que, embora com estruturas semelhantes, têm naturezas diversas e até divergem
quanto aos fins:
Uma outra questão é a do destino dos bens nacionalizados no que respeita à sua propriedade e
gestão. Hoje permite-se a reprivatização da titularidade ou do direito de exploração de meios
de produção e outros bens nacionalizados.
A expropriação por utilidade pública não tem por objectivo a transferência de bens de
produção da propriedade privada para a propriedade pública. A nacionalização limita o
direito de empresa (direito de iniciativa) enquanto a expropriação limita o direito de
propriedade.
Os fundamentos ideológicos são bastante diferentes num caso e no outro. A nacionalização é
determinada por razões de ordem política (necessidade de subtrair às entidades privadas
sectores-chave da economia a favor da Nação); a expropriação por utilidade pública é
determinada pela indispensabilidade dos bens à realização de tarefas próprias da
Administração.
A intervenção do Estado é uma intervenção a termo (artº 9º). Competirá à lei definir os
espaços temporais limitativos da intervenção bem como os casos em que a mesma se
justifica.
A cessação da intervenção poderá implicar o retorno da gestão da empresa aos seus titulares
ou a sua nacionalização. O normal é que o titular da propriedade detenha igualmente a gestão,
sendo a figura da intervenção do Estado na gestão da empresa privada de carácter
excepcional e transitório.
e) Requisição
Cabral Moncada
Noção de empresa estatal
Segundo a lei 2/81 de 10 de Setembro, pelo artº 1º (definição) “são empresas estatais as
unidades sócio-económicas, propriedade do Estado que as cria, dirige e afecta os recursos
materiais, financeiros e humanos adequados à aplicação do seu processo de reprodução no
cumprimento do plano, no sentido de consolidar e aumentar um sector estatal que domine e
determine a economia nacional” (…) “As empresas estatais realizam a sua actividade no
quadro do cumprimento do plano”.
As empresas estatais gozam de personalidade jurídica (artº 5º) mas não detêm autonomia
administrativa, financeira ou patrimonial.
No campo financeiro, é-lhes concedida, pelo artº 25º / nº1, a possibilidade de contrair
empréstimos a curto prazo.
Cabral Moncada
Lei 17/91
b) existência de capital estatutário, garantia dos credores e suporte do seu equilíbrio
financeiro;
a) todos os direitos e obrigações necessários à prossecução do seu objecto – lei 17/91,
artº 2º / nº 2
b) representação através do seus órgãos – (Conselho de Administração na lei 17/91, artº
11º / alínea i)
A sua capacidade jurídica não diverge da capacidade das pessoas colectivas previstas no
Código Civil. Também para as empresas públicas vigora o princípio da especialidade, nos
termos do qual, não podem praticar actos contrários as seus fins.
O objecto da empresa pública é sempre definido pela lei e constitui um limite à sua
competência, sendo nulos todos os actos e contratos praticados e celebrados pela empresa, os
quais contrariem ou transcendam o seu objecto.
O orçamento não faz parte integrante do Orçamento de Estado nem incide sobre ele qualquer
acto de aprovação parlamentar.
A fiscalização da execução do orçamento compete ao Conselho Fiscal (lei 17/91, artº 14º/
alínea c).
Para poderem ter um orçamento próprio, as empresas públicas têm competência para cobrar
receitas provenientes das suas actividades ou que lhes sejam facultadas nos termos dos
estatutos ou da lei, bem como realizar as despesas inerentes à prossecução do seu objecto (lei
17/91, artº 19º).
O património da empresa pública é o limite da garantia dos credores. Esta não pode exercer-
se sobre os bens do domínio público administrados pelas empresas, bens esses cuja
titularidade é do Estado ou de outras pessoas colectivas públicas. É o caso dos portos,
aeroportos, linhas férreas, minas, etc.
A liquidação das empresas públicas ocorre por iniciativa do governo (“A fusão, cisão e
liquidação das empresas públicas é da competência do órgão que as criou” – lei 17/91, artº
31).
Os credores só podem ver satisfeitos os seus créditos uma vez declarada a liquidação da
empresa por iniciativa governamental e até ao limite do património desta:
A proibição da execução universal não impede a licitude da execução singular das dívidas
com a ressalva de isenção de penhora dos bens “afectados ou aplicados a fins de utilidade
pública”. O critério para se saber se os bens integrantes do património de uma empresa
pública estão ou não afectos a um fim de utilidade pública, sendo ou não penhoráveis, passa
pela questão de saber se eles têm por função:
O regime da penhorabilidade dos bens da empresa pública e da sua oneração por negócio
jurídico é, pois, um regime restrito, pois só são penhoráveis os bens que podem ser alienados.
Como vimos, só podem ser alienados os bens que não estejam afectos a fins de utilidade
pública. A afectação a fim de utilidade pública é um limite à alienabilidade e
consequentemente à penhorabilidade do património das empresas públicas.
2. O diploma de criação das empresas públicas definirá o órgão do aparelho do Estado a que
se subordinam”.
Quanto à extinção das empresas públicas, nos termos do artº 30º da mesma lei 17/91, ela
opera-se segundo três possibilidades:
a) fusão
b) cisão
c) liquidação
Qualquer destas três formas de extinção é da competência do órgão que criou a empresa em
questão, mediante o competente diploma legal (artº 31º).
Não é aplicável a extinção de uma empresa pública pelas regras aplicáveis à dissolução e
liquidação das sociedades nem pelos estatutos de falência e insolvência (artº 30º / nº 2).
j) coordenar toda a actividade da empresa, dirigir superiormente os seus serviços e gerir tudo
quanto se relaciona com o objectivo da empresa.
Sempre que se revele necessário, (artº 12º / nº 1) o Conselho de Administração poderá
nomear directores executivos fixando-lhes o âmbito da sua actuação.
2. Conselho Fiscal – com 3 a 5 elementos, nomeados por despacho do Ministro das Finanças,
ouvido o ministro da área de subordinação, por períodos de cinco anos, renováveis (artº 14º /
nº 2)
- A intervenção do governo
- artº 1º - “As empresas públicas criadas pelo Estado, com capitais próprios ou fornecidos
por outras entidades públicas, realizam a sua actividade no quadro dos objectivos sócio-
económicos do mesmo”.
- artº 21º
1. “A gestão das empresas públicas deve ser conduzida de acordo com a política económica e
social do Estado…”
- a posteriori – ex: aprovação pelo Ministro das Finanças, sob proposta do ministro da
respectiva área de subordinação, dos orçamentos anuais de exploração e investimento (artº
24º / nº 1, nº 2 e nº 4); apresentação ao Ministro da área de subordinação (que depois remete
para o Ministro das Finanças) de determinados documentos (artº 28º / nº 1), bem como
parecer do Conselho Fiscal sobre os mesmos
- através de poderes de orientação – ex: “As empresas públicas criadas pelo Estado, com
capitais próprios ou fornecidos por outras entidades públicas, realizam a sua actividade no
quadro dos objectivos sócio-económicos do mesmo” (artº 1º); “A gestão das empresas
públicas deve ser conduzida de acordo com a política económica e social do Estado…” (artº
21º / nº 1).
- na nomeação dos membros do Conselho Fiscal por despacho do Ministro das Finanças – artº
14º / nº 3
- nas dotações e outras entradas patrimoniais do Estado e das demais entidades públicas
destinadas a reforçar os capitais próprios – artº 17º / nº 2
- na emissão de obrigações que carecem de autorização do Ministério das Finanças – artº 20º /
nº 1
- subsídios do Estado sempre que as actividades da empresa, por razões de ordem política do
Estado, não sejam rentáveis – artº 21º/ nº 2, alínea b)/ nº 3
- aprovação pelo Ministro das Finanças, sob proposta do ministro da respectiva área de
subordinação, dos orçamentos anuais de exploração e investimento – artº 24º / nº 1, nº 2 e nº
4
- apresentação ao Ministro da área de subordinação (que depois remete para o Ministro das
Finanças) dos documentos constantes no artº 28º / nº 1, bem como parecer do Conselho Fiscal
sobre os mesmos
O lucro tem um destino legal, o de contribuir para a auto-suficiência da empresa (artº 21º / nº
2, alínea b). O auto-financiamento é composto pelo valor das amortizações e dos excedentes
líquidos de exploração e o lucro da empresa é o saldo líquido, diferença entre proveitos e
custos da produção.
No caso de empresas públicas com actividades não lucrativas, isto não significa que a gestão
não respeite o princípio da economicidade. A noção de economicidade é mais ampla do que a
de lucro. Por economicidade deve entender-se a manutenção do equilíbrio financeiro, ou seja,
a cobertura dos custos pelas receitas.
c) O planeamento
Este princípio visa a perspectivação racional da gestão da empresa anual e a médio prazo.
Pretende-se que os seus órgãos se habituem a calcular racionalmente as suas decisões de
acordo com a conjuntura económica nacional e internacional. Requere-se, assim, uma
capacidade de estabelecer estratégias de gestão (artº 22º, alínea b).
As empresas públicas em Moçambique regem-se pela Lei 17/91, pelos estatutos respectivos
e, no que em ambos não estiver regulado, regem-se pelas normas de direito privado (artº 39º /
nº1).
Assim sendo, os actos e contratos das empresas públicas investidas de especiais prerrogativas
de autoridade ao abrigo de um regime de direito público, são actos e contratos
administrativos e são da competência do Tribunal Administrativo para julgamento de litígios
com eles relacionados (artº 40º / nº 2).
No caso das empresas públicas que se regem pelo direito privado, há que notar a excepção
feita quanto ao regime de superintendência, aos órgãos e à inaplicabilidade de falência.
Segundo Cabral Moncada, estas restrições conduzem à atribuição de um estatuto de liberdade
legal em vez de autonomia privada, pelo menos quanto à parte nuclear da respectiva
actividade.
Por outro lado, a posse de acções especiais da empresa podem dar-lhe ainda especiais direitos
enquanto accionista.
ou
- as empresas em que só uma parte das acções, maioritária ou não, pertence ao Estado.
Tema: A privatização
1. O conceito
a) Transferência total ou parcial da propriedade de empresas e/ou bens públicos para
entidades privadas. A natureza pública desses bens ou empresas tanto pode ser
originária como resultar de nacionalizações anteriores (neste caso fala-se de
reprivatização);
e) Desregulação sempre que o Estado alivia a carga normativa reguladora de um sector
de actividade na produção ou distribuição de de um bem ou serviço (ex. o regime de
preços) permitindo o livre funcionamento das regras de mercado;
f) Processo de submissão dos serviços ou das empresas públicas a regras de gestão de
natureza privada – entende-se como privatização formal.
Entende-se, assim, que nem todas as formas de privatização implicam que o Estado abandone
o financiamento e mesmo o planeamento dos respectivos serviços e que, nalguns casos, não
se trata de transferência de propriedade ou de gestão públicas mas de ampliação do papel da
actividade privada ao lado da actividade pública, em concorrência ou conjugação.
2. Fundamentos
Mas, será a Lei 15/91 de 3 de Agosto que irá definir, de forma clara, identificando as
modalidades de alienação a título oneroso de empresas, estabelecimentos, instalações, quotas
e outras formas de participação financeira do Estado. De facto, e mais profundamente, esta lei
veio regular o processo de reestruturação empresarial do Estado (artº 3º). Definiram-se os
sectores de carácter estratégico que obrigavam à permanência nas empresas públicas (artº 4º)
independentemente de posterior alargamento a ser determinado por Decreto do Conselho de
Ministros.
b. Objectivos
Os objectivos para as privatizações são de naturezas diversas: económicos, financeiros,
sociais e políticos.
b) financeiros – diminuição dos encargos com o sector público, utilização das receitas
das privatizações para amortização da dívida pública, da dívida do sector empresarial
do Estado;
c) sociais – intenção de promover uma ampla participação dos trabalhadores das
próprias empresas e dos pequenos subscritores na titularidade do capital das empresas
A alienação total ou parcial das empresas obedece a processos definidos no artº 8º e será
precedida de um diagnóstico do potencial de reestruturação (artº 9º, artº 11º e artº 13º).
d. Participação dos trabalhadores no capital
Exceptua-se a obrigatoriedade de limite máximo de 20 por cento nas condições do artº 16º, nº
3.
O artº 23º chama a atenção para a necessidade de, progressivamente, o Estado ir tomando
medidas tendentes à introdução e desenvolvimento de um clima de real competição bem
como com vista a evitar o aparecimento de monopólios privados em consequência das
privatizações.
g. O fundo de privatizações
O produto gerado pela alienação constituirá receita de um fundo próprio a ser criado pelo
Conselho de Ministros (artº 25º) e essas receitas terão como destino prioritário:
- o Decreto 19/93 de 14 de Setembro – visa criar condições para regular a situação jurídica de
empresas, prática necessária ao processo de reestruturação do sector empresarial do Estado
A entidade concessionária pode ser uma empresa de capital privado, misto ou público.
O concessionário assume o exercício da actividade por sua conta e risco. Determina (sujeita a
um limite máximo contratual) e cobra, como já vimos, os valores de taxas ou preços, naquilo
que constitui, em princípio, um direito seu, mas à autoridade pública reserva-se um poder de
controlo.
No caso da construção de uma obra, o contrato pode prever a atribuição de poderes
necessários à sua execução, nomeadamente o de proceder a expropriações de utilidade
pública.
O conceito de regulação exclui, como é óbvio, a actividade directa do Estado como produtor
de bens ou serviços.
Enquanto regulador, interessa ao Estado alterar o comportamento dos agentes económicos em
relação ao que seriam se esses comportamentos obedecessem apenas às leis do mercado ou a
formas de auto-regulação.
A regulação pública é, desde logo, diferente da regulação do mercado por regras de entidades
privadas dotadas de poder económico suficiente para a tornarem efectiva (ex. regulamentos
internos ou códigos de conduta de associações privadas).
d. a nível mundial – por vias das grandes linhas orientadoras negociadas no
âmbito da OMC.
Em função dos seus objectivos, as medidas de regulação pública podem ser agrupadas em
duas categorias básicas:
a) Com vista à restrição da liberdade de iniciativa económica em qualquer das suas
componentes: acesso, organização ou exercício da actividade económica. Este tipo de
regulação é tradicionalmente designado por polícia económica e opera através de
medidas de carácter preventivo e repressivo. Pode proibir-se ou condicionar-se
(prevenção) o exercício de certas actividades (ex. através da proibição de instalação
de bombas de gasolina ou de vendas de bebidas alcoólicas junto a escolas) ou
reprimir-se (repressão) práticas ilícitas tipificadas na lei. Esta regulação significa
sempre que os destinatários das normas assumem deveres. Como grandes exemplos
deste tipo de regulação, temos o regime de acesso, licenciamento e exercício de uma
actividade, particularmente no que respeita à matéria de concorrência e preços.
b) Com vista ao apoio aos agentes económicos, através de normas de indicações,
incentivos, apoios ou auxílios aos mesmos para que assumam determinados
comportamentos favoráveis ao desenvolvimento de políticas públicas, nomeadamente
económicas e sociais. Os planos de desenvolvimento e os diversos tipos de auxílios
concedidos às empresas enquadram-se nesta categoria. Destas normas advêm
faculdades.
Trata-se de contratos que integram, assim, elementos de direito público e de direito privado,
comprovando-se aqui, claramente, a natureza mista do direito económico.
Tipos de contrato:
A sua autonomia e natureza jurídica não são muito claras. Estão próximos dos contratos
económicos, dos acordos políticos ou de processos de consulta.
Podem ter, por âmbito, políticas globais (controlo da inflação), sectoriais (reestruturação de
um sector em crise) ou aplicar-se mesmo a uma só empresa.
- Concorrência e preços
- Ambiente
- Qualidade
- Informação
O Plano (segundo apontamentos de aulas do regente Dr. Teodoro Waty – anos 2006 e 2007)
O Plano visa alterar o comportamento dos agentes económicos através de um grande quadro
normativo definido pelo Estado. Trata-se de uma orientação global, sistemática e propositada
dos fenómenos económicos por parte do Estado.
O Plano tem uma formalização a partir de um diagnóstico. Ou seja, faz-se uma diagnose e são
fixados os objectivos, ou seja, é definida a prognose (desde que as circunstâncias
supervenientes não sejam contrárias à diagnose). Está sujeito à clausula rebus sic stantibus.
A Planificação deve ser dinâmica, racional, científica, podendo ser de mudança evolutiva ou
radical.
e) sectorial
f) regional
g) global, etc.
Há Planos mistos, como é o caso de Moçambique. Para o averiguarmos, temos que comparar
os Planos desde 1975.
O Plano terá relevância jurídica? Tem, desde logo, legitimidade constitucional. Define
direitos, obrigações e expectativas e é um instrumento privilegiado para a realização imediata
de certos direitos fundamentais com repercussão sócio-económica.
Em termos axiológicos, o Plano não é neutro e gera uma dicotomia que se resolve entre a
protecção dos valores reconhecidos constitucionalmente e o carácter necessário e
imprescindível da execução do Plano por propósitos constitucionais do Estado de Direito.
A Planificação pode exigir uma relativa contracção de certos Direitos Fundamentais. É uma
área de intervenção dos poderes públicos onde se evidencia a vontade e a ideologia dos
agentes administrativos.
e) Agenda 20 – 25
a) super-norma, nos regimes económicos socialistas, com força jurídica especial, com
implicações no Direito Público e Privado. As regras de responsabilidade civil são
amovíveis. As obrigações no âmbito do Direito Privado são subalternizadas perante o
Plano. São consideradas nulas (mesmo que pré-existentes) se contrariam o Plano.
Jurisdicidade do Plano – compete ao Governo propor o Plano Quinquenal. É a partir daí que
se constrói o PES anual.
O Plano, nas economias de mercado, apesar de ter disposições obrigatórias para certos
agentes públicos, é mais político e técnico de política governativa. Apesar de não conter
sanções, não pode deixar de ser qualificado como um instrumento jurídico. Está dotado de
generalidade e de normatividade própria dos actos jurídicos e a sua elaboração corresponde
às exigência democráticas pelos mais qualificados representantes dos administrados.
- acto jurídico
- acto colectivo