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DOMINGO, 14 DE FEVEREIRO DE 2021 11:58

�ltimas not�cias
O que se sabe sobre as primeiras mortes por Ebola na Guin� em 1� ressurgimento

R�PLICA �
Um memorioso formigueiro
mental
AUGUSTO DE CAMPOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
��
15/06/2016 02h50

O poeta Ferreira Gullar abre um par�ntese nas suas PUBLICIDADE

senilidades politicoides para voltar a provocar-me,


invocando suposta conversa que teria tido comigo
h� mais de 60 anos, na qual eu teria falado mal de
Oswald de Andrade. Assim procede para enganar os
leitores, passando-se por grande amigo e conhecedor
da obra de Oswald, quando mal o conheceu e nada
fez pela sua reabilita��o, iniciada pelos poetas
concretos de S�o Paulo. OSCAR 2018

A verdade � que, quando veio a opinar, afirmou que quem estava certo era
M�rio de Andrade e n�o Oswald. S� abre a p�s-boca para autolouvar-se.
Enquanto isso Haroldo, D�cio e eu, desde fins dos anos 1940, enfatiz�vamos
a import�ncia do autor de "Serafim Ponte Grande", livro que Gullar afirma
ter comprado em 1954, mas que Oswald nos ofertou pessoalmente em 1949
com a dedicat�ria: "Aos irm�os Campos, firma de poesia".

Muito antes de Gullar ouvir falar de Oswald, eu assinara com D�cio e


Haroldo, em 1950, um texto subscrito por pequeno grupo de intelectuais,
"Telefonema a Oswald de Andrade", que ressaltava: "Voc�, sexagen�rio, � o
Dram�tica
mais mo�o dos escritores brasileiros" ("Jornal de S�o Paulo", 18/1/1950).
Alem� qu
N�o cola, portanto, a dela��o desprimorosa de Gullar. Fassbinde
oficina em
Em 1954, D�cio inclu�a "O Rei da Vela" no seu Teatro de Cartilha. No
Sem Legen
"Di�rio Popular", de 12/12/1956, Haroldo e eu afirm�vamos: "Contra a Espa�o I
rea��o sufocante, lutou quase sozinha a obra de Oswald de Andrade, que exibe pr�
sofre, de h� muito, um injusto e caviloso processo de olvido sob a pecha de
"clownismo" futurista. Seus poemas ("Poesias Reunidas O. Andrade"), seus Pl�stico
romances-inven��es "Serafim Ponte Grande" e "Mem�rias Sentimentais de Prim�rdi
Jo�o Miramar" (de tiragens h� muito esgotadas, para n�o falar de seus Serpa v�
trabalhos esparsos ou in�ditos), que ainda hoje, por sua inexor�vel ousadia,
continuam a apavorar os editores, s�o uma raridade no desolado panorama
art�stico brasileiro." A pretens�o de Gullar de ter influ�do em nossa
percep��o de Oswald �, pois, mera fanfarronice.

Se alguma vez o seu memorioso formigueiro mental ouviu qualquer


restri��o de minha parte, n�o era � obra de Oswald, mas ao seu
comportamento, que n�o era o de um santo. Por exemplo, nos anos 1950,
Oswald come�ou a proclamar que Cassiano Ricardo, presidente do Clube de
Poesia, mas tamb�m diretor-geral do governador Adhemar de Barros
("rouba, mas faz"), era o nosso Fernando Pessoa. Ora, Cassiano podia nomear
quem indicasse para cargos p�blicos... O verdeamarelista, ridicularizado por
Oswald, passava a ser o g�nio da ra�a, por interesses familiares. Era muito
mais do que uma irresponsabilidade. N�o dava, obviamente, para concordar
em tudo e por tudo com Oswald, a despeito de sua grande obra.

S�o mais do que conhecidos os estudos que publicamos, Haroldo, D�cio e


eu, ressuscitando a obra de Oswald. Fomos n�s que relacionamos o seu
"poema-minuto" � poesia concreta. E que estabelecemos o elenco b�sico de
autores do movimento, Mallarm�/Joyce/Pound/Cummings, que Gullar
secundou em artigo de 1957, mas cuja obra ignorava. De autores franceses,
s� conhecia os surrealistas. N�o sabia e n�o sabe ingl�s.

Em suma, por que sempre insultou os poetas paulistas? Porque sabe que n�o
inventou nada. Que o seu "neo", cercado de uma pequena corte de subpoetas,
hoje esquecidos, foi incapaz de deixar de copiar os nossos poemas concretos.
Por que volta a me provocar, tendo sido j� contestado e desmentido? O surto
vem da repercuss�o da mostra de meus poemas –"REVER"– no Sesc
Pompeia (S�o Paulo), a contrastar com o conformismo dos seus subprodutos
drummondcabralinos. Gullar diz que poesia � espanto. Espanto � o que
sentimos ao ver o autor de "Jo�o Boa-Morte" coroar-se, de fard�o, chap�u
de plumas, colar e espada, na Academia Brasileira de Letras, onde chucha o
seu chazinho bem remunerado com Sarney, FHC, Marco Maciel e at� um
golpista da TV Globo, entre outros espantalhos imortais da nossa literatura... Fotos V�deos
AUGUSTO DE CAMPOS, 85, � poeta, ensa�sta e tradutor, autor de "Viva Vaia - Poesia 1949-1979"
(Ateli�), "N�o", "Outro"(ambos pela Perspectiva) e "Poesia Antipoesia Antropofagia & Cia" (Companhia
das Letras), entre outros livros.
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s�culo 21 em "A Er
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feldade 26/06/2016 16h34 1 4 Denunciar COMPARTILHAR

Há tempos não leio algo tão verdadeiro. Essa maravilha devo isso ao Ferreira Gullar, que se diz
insultado.
O coment�rio n�o representa a opini�o do jornal; a responsabilidade � do autor da mensagem

BADU 16/06/2016 08h38 3 1 Denunciar COMPARTILHAR

Noffa, que babado... Vocês não tem mais o que fazer?

O coment�rio n�o representa a opini�o do jornal; a responsabilidade � do autor da mensagem

gilbert 15/06/2016 22h34 3 1 Denunciar COMPARTILHAR


Li o texto do Gullar e não havia absolutamente nada demais na passagem sobre o Augusto.
Overreaction, e é só isso o que parece. Ademais, quem leu algo recente do Gullar que desabone
os poetas paulistas?? Fiquei então na dúvida sobre quem é de fato o senil da história...
O coment�rio n�o representa a opini�o do jornal; a responsabilidade � do autor da mensagem

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