Você está na página 1de 37

1

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO


DEP. DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

AULA 24
Estrutura de Concreto Armado I

Detalhamento da Armadura
Longitudinal ao Longo da Viga
1 – QUANTIDADE DE ARMADURA LONGITUDINAL AO LONGO DA VIGA

Uma vez detalhada a armadura longitudinal nas seções


transversais mais solicitadas e conhecido o diagrama de
momentos fletores, é possível realizar o detalhamento da mesma
ao longo de toda a viga.

O objetivo final do detalhamento é usar barras com o menor


comprimento possível, não deixando de atender às condições de
segurança do estado-limite último (ruína).

O processo gráfico é o mais utilizado para detalhar a armadura ao


longo da viga, por ser rápido, de fácil visualização e
entendimento, ele permite realizar um detalhamento seguro e
econômico.
2
1 – QUANTIDADE DE ARMADURA LONGITUDINAL AO LONGO DA VIGA

Suponha que sejam necessárias sete barras de  = 12,5mm para


resistir ao momento negativo atuante na seção do apoio B da viga
da Figura 1. Na seção S a quantidade de barras necessária é
menor. Em vez de determinar quantas barras devem ser usadas na
seção S, procura-se, graficamente, a posição da seção na qual
será preciso usar um certo numero inteiro de barras.

Figura 1 – Viga contínua e diagrama de momentos fletores correspondentes

3
1 – QUANTIDADE DE ARMADURA LONGITUDINAL AO LONGO DA VIGA

O segundo passo do procedimento consiste em admitir que exista


linearidade entre o momento fletor e armadura de aço requerida
em uma certa seção. A relação correta entre estas duas variáveis
deve estar de acordo com a expressão:

Md
As 
z  f yd

Essa variação não é linear, pois o braço de alavanca (z) também


varia com Md. Entretanto, a favor da segurança, essa relação pode
ser tomada como linear, desde que sempre se fixe como
referência o momento fletor maior.
4
1 – QUANTIDADE DE ARMADURA LONGITUDINAL AO LONGO DA VIGA

Pode-se então proceder o detalhamento da armadura negativa (Figura


2). Observe que o momento no apoio B foi dividido em 7 partes iguais
(); as divisões devem ser proporcionais à área de cada barra que
compõe a área total. As retas paralelas ao eixo da viga traçadas por
esses pontos determinam, ao encontrar o diagrama de momentos, os
valores dos comprimentos mínimos das barras. Isso equivale a
considerar o diagrama de momentos estratificado (Figura 3).
Figura 2 – Determinação do comprimento das barras negativas

5
1 – QUANTIDADE DE ARMADURA LONGITUDINAL AO LONGO DA VIGA

Figura 3 – Diagrama de momentos estratificado

6
1 – QUANTIDADE DE ARMADURA LONGITUDINAL AO LONGO DA VIGA

Tomando como exemplo uma viga de seção retangular com os dados:


bw = 25 cm, d = 45 cm, aço CA-50 e fck = 20 MPa

Com áreas de aço necessárias para momentos de 100 kN.m e 50 kN.m:


As = 8,3 cm² e As = 3,8 cm², respectivamente.

Considerando a linearidade entre os valores e tomando, inicialmente, o


maior momento (100 kN.m) como referência, obtém-se para o de 50 kN.m
uma área de 4,15 cm² de aço, quando basta 3,8 cm², ou seja, a favor da
segurança.

Se for considerado como referência o menor momento (50 kN.m), tem-se


para o de 100 kN.m uma área de 7,6 cm², quando é necessário 8,3 cm²,
estando, nesta situação, contra a segurança.

Isso mostra que se pode usar a linearidade entre as áreas e os esforços


desde que a referência seja o maior valor do momento. 7
1 – QUANTIDADE DE ARMADURA LONGITUDINAL AO LONGO DA VIGA

Há, também, questões práticas que devem ser consideradas,


como a necessidade de que um número mínimo de barras seja
levado até os apoios extremos para ancorar as bielas de concreto,
além da necessidade de empregar, pelo menos, quatro barras
(duas na face superior e duas na inferior) trabalhando como
"porta estribos".

Finalmente, o procedimento até aqui descrito para as barras


"negativas" deve ser, da mesma forma, empregado para as barras
"positivas".

8
2 – ANCORAGEM POR ADERÊNCIA DA ARMADURA LONGITUDINAL

Ao definir os pontos de interrupção das barras há


necessidade de transferir para o concreto as tensões a que
elas estão submetidas; para isso as barras devem possuir um
comprimento adicional.

A essa transferência se dá o nome de ancoragem, e o


comprimento adicional é chamado de comprimento de
ancoragem reto (b).

Segundo o item 9.4.1 da NBR 6118:2014, todas as barras das


armaduras devem ser ancoradas de modo a garantir que os
esforços a que estejam submetidas sejam integralmente
transmitidos ao concreto, seja por meio de aderência, ou de
dispositivos mecânicos, ou a combinação de ambos. 9
2 – ANCORAGEM POR ADERÊNCIA DA ARMADURA LONGITUDINAL

Conforme a NBR 6118:2014, item 9.4.2.1, as barras tracionadas


podem ser ancoradas com um comprimento retilíneo ou com
grande raio de curvatura em sua extremidade. A ancoragem deve
ocorrer:

a) obrigatoriamente com gancho para barras lisas;


b) sem gancho nas barras que tenham alternância de solicitação
(tração e compressão);
c) com ou sem gancho nos demais casos, não sendo
recomendado o gancho para barras de  > 32 mm ou para feixes
de barras.

As barras comprimidas só poderão ser ancoradas sem


ganchos.
10
2 – ANCORAGEM POR ADERÊNCIA DA ARMADURA LONGITUDINAL

A norma define (item 9.4.2.4) como comprimento reto de ancoragem


básico (b) aquele necessário para ancorar a força limite As  fyd em uma
barra de diâmetro , da armadura passiva, admitindo, ao longo desse
comprimento, tensão de aderência uniforme e igual a fbd. Esse
comprimento pode ser calculado a partir do equilíbrio entre as forças
em ação (Figura 6):
Figura 6 – Determinação do comprimento básico de ancoragem
A s  f yd   b      f bd

 2
 f yd   b      f bd
4

 f yd
b    25  
4 f bd
11
2 – ANCORAGEM POR ADERÊNCIA DA ARMADURA LONGITUDINAL

A resistência de aderência de cálculo entre a armadura passiva e o concreto


f bd deve
1  ser obtida pela expressão (item 9.3.2.1 da norma):
2  3  f ctd  (5.3)
f bd  1  2  3  f ctd
Em que:
onde:

f ctk ,inf 0,7  f ct ,m 0,21  3 f ck


2
 f ctd    é o valor de cálculo da resistência à
c c 1,4
tração do concreto (MPa);
 1  1,0 para barras lisas (CA-25);
 1  1,4 para barras entalhadas (CA-60);
 1  2,25 para barras alta aderência (CA-50);
  2  1,0 para situações de boa aderência;
  2  0,7 para situações de má aderência;
 3  1,0 para  < 32 mm ( é o diâmetro da barra, em mm);
132  
 3  para  > 32 mm.
100 12
2 – ANCORAGEM POR ADERÊNCIA DA ARMADURA LONGITUDINAL
Em situações em que a armadura existente (detalhada) em um determinado
elemento é maior que a necessária calculada, o comprimento de ancoragem
necessário (b,nec) pode ser reduzido, de acordo com o item 9.4.2.5 da norma,
sendo calculado por: A
 b,nec     b  s ,calc
  b,mín
As ,ef
onde:
 = 1,0 (barras sem gancho)
 = 0,7 (barras tracionadas com gancho e cobrimento no plano normal ao do
gancho  3);
 = 0,7 Quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2

 = 0,5 Quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2 e gancho


com cobrimento no plano normal ao do gancho  3

b - comprimento de ancoragem básico;


As,calc - área de armadura calculada para resistir ao esforço solicitante;
As,ef - área de armadura efetiva (existente);
b,mín - maior valor entre 0,3b, 10 e 100mm. 13
2 – ANCORAGEM POR ADERÊNCIA DA ARMADURA LONGITUDINAL

Na norma, são previstos ganchos para ancoragem das barras


tracionadas e estribos; os ganchos possibilitam a redução do
comprimento de ancoragem. Conforme mencionado
anteriormente, as armaduras comprimidas devem ser
ancoradas sem ganchos.

As recomendações para os ganchos da armadura longitudinal de


tração se encontram no item 9.4.2.3 da NBR6118:2014. Os
comprimentos mínimos retos nas extremidades das barras
visam garantir o trabalho do gancho ou a efetiva ancoragem.

14
2 – ANCORAGEM POR ADERÊNCIA DA ARMADURA LONGITUDINAL

De acordo com a NBR 6118:2014, os ganchos podem ser (Figura 7):

a) semicirculares, com ponta reta de comprimento não inferior a 2;


b) em angulo de 45° (interno), com ponta reta de comprimento não inferior a
4;
c) em angulo reto, com ponta reta de comprimento não inferior a 8.
Figura 7 – Geometria dos ganchos de barras tracionadas, em ângulo reto, 45°
interno e semicircular




15
2 – ANCORAGEM POR ADERÊNCIA DA ARMADURA LONGITUDINAL

Conforme a norma, nas barras lisas os ganchos devem ser


semicirculares. O diâmetro interno da curvatura do dobramento
dos ganchos das armadura longitudinais de tração (i na Figura
7), exigido a fim de evitar fissuras no aço, deve ser, pelo menos,
igual aos valores indicados no Quadro 1 (Tabela 9.1 da norma),
dados em função do diâmetro da barra e do tipo de aço.

Quadro 1 – Diâmetro dos pinos de dobramento (D) dos ganchos (valores de i)

Bitola da barra CA25 CA50 CA60

  20 mm 4 5 6

  20 mm 5 8 
16
2 – ANCORAGEM POR ADERÊNCIA DA ARMADURA LONGITUDINAL

De acordo com o item 9.4.6.1, os ganchos dos estribos podem ser:

a) semi circulares ou em ângulo de 45° (interno), com ponta reta de


comprimento igual a 5t, porém não inferior a 5cm;
b) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10t,
porém não inferior a 7cm (este caso não é permitido para barras e fios
lisos).

Os diâmetros internos da curvatura dos estribos deverão ser, no mínimo,


iguais aos do Quadro 2 (Tabela 9.2 da norma), sendo t o diâmetro da
barra do estribo:
Quadro 2 – Diâmetro dos pinos de dobramento para estribos
BITOLA (mm) CA-25 CA-50 CA-60
  3t 3t 3t
10 <  20 4t 5t –
 20 5t 8t – 17
3 – EMENDAS DE BARRAS

Frequentemente, é preciso emendar uma barra de aço, seja pela


necessidade de um comprimento maior que 12m, ou por outro
motivo qualquer.

Conforme a NBR 6118:2014, as emendas das barras podem ser


dos seguintes tipos: por traspasse; por luvas com preenchimento
metálico, rosqueadas ou prensadas; por solda; e por outros
dispositivos, devidamente justificados.

Aqui serão apresentadas apenas as prescrições referentes às


emendas de barras tracionadas e comprimidas por traspasse, que
é a mais usual.
18
3 – EMENDAS DE BARRAS

Há limitações à utilização das emendas por traspasse. De acordo


com a norma esse tipo de emenda não é permitido para barras de
bitola superior a 32mm, nem para tirantes e pendurais (elementos
somente tracionados).

Recomenda-se ainda que em barras tracionadas as emendas


contenham ganchos quando elas forem lisas, e que sejam
evitadas em regiões de altos momentos.

19
3 – EMENDAS DE BARRAS

Existe limitação quanto ao número de emendas em uma mesma seção.


De acordo com o item 9.5.2.1 da norma, consideram-se como na
mesma seção transversal as emendas que se superpõem ou cujas
extremidades mais próximas estejam afastadas de menos que 20% do
comprimento do trecho de traspasse (Figura 8). Quando as barras têm
diâmetros diferentes, o comprimento de traspasse deve ser calculado
pela barra de maior diâmetro.
Figura 8 – Emendas superpostas como na mesma seção transversal

20
21

3 – EMENDAS DE BARRAS

A proporção máxima de barras tracionadas da armadura


principal, emendadas por traspasse na mesma seção transversal
do elemento estrutural, deve ser a indicada no Quadro 3 (Tabela
9.3 da norma). Quando se tratar de armadura
permanentemente comprimida ou de distribuição, todas as
barras podem ser emendadas na mesma seção.

Quadro 3 – Proporção máxima de barras tracionadas emendadas na mesma seção


Tipo de barra Situação Carregamento Carregamento
estático dinâmico
Alta aderência Em uma camada 100% 100%
Em mais de uma camada 50% 50%
Lisa  < 16 mm 50% 25%
  16 mm 25% 25%
3 – EMENDAS DE BARRAS

No caso de barras isoladas, a NBR 6118:2014 estabelece:

a) Barras tracionadas (item 9.5.2.2, NBR 6118)

• Quando a distância livre entre barras emendadas estiver compreendida


entre 0 e 4, o comprimento do trecho de traspasse deve ser:
 0t   0t   b,nec   0t ,min
0,3  α 0t   b
 α0t é o coeficiente função da porcentagem de
 0t,min  15  
200mm barras emendadas na mesma seção ( Quadro 4)

Quadro 4 – Valores do coeficiente α0t ( Tabela 9.4 da NBR 6118:2014)
Barras emendadas na ≤ 20 25 33 50 > 50
mesma seção (%)
Valores de α0t 1,2 1,4 1,6 1,8 2,022
3 – EMENDAS DE BARRAS

a) Barras tracionadas (item 9.5.2.2, NBR 6118) – continuação

• Quando a distância livre entre barras emendadas for maior que 4, ao
comprimento calculado no item anterior deve ser acrescida a distância livre
entre barras emendadas.

b) Barras comprimidas (item 9.5.2.3, NBR 6118)

• Quando as barras estiverem comprimidas, adota-se a seguinte expressão


para cálculo do comprimento de traspasse:

 0c   b,nec   0c,min
0,6   b

em que:  0c,min  15  
200mm
 23
3 – EMENDAS DE BARRAS

Nas emendas de peças de concreto como: estaca-bloco, bloco-pilar, vigas de


sustentação-escada, pilar inferior-pilar superior, etc., é necessário o emprego
de emendas por traspasse, a fim de permitir a transmissão dos esforços de um
elemento para outro (ver Figura 9).
Figura 9 – Utilização de barras de “espera” na ligação de peças de concreto

24
4 – DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES

Conforme visto anteriormente, os comprimentos das barras da


armadura longitudinal em uma viga são determinados por meio
das medidas efetuadas no diagrama de momentos fletores, às
quais devem ser somados o comprimento de ancoragem da cada
uma. Até o momento foi considerado apenas o caso de flexão
simples e pura.

Entretanto, em uma viga de concreto armado há sempre o


efeito do cisalhamento, devido à força cortante, e para levá-lo
em conta é utilizado o modelo de treliça de Mörsch,
desenvolvido no início do século XX.

25
4 – DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES

A partir da configuração da viga na ruptura, Mörsch idealizou um


mecanismo resistente assemelhando a viga a uma treliça de banzos
paralelos, em que os elementos resistentes são as armaduras
longitudinal e transversal e o concreto comprimido (nas bielas e na
região da borda superior da viga), cujas interseções formam os nós da
treliça (Figura 10).
Figura 10 – Modelo de treliça de Mörsch em uma viga simplesmente apoiada

26
4 – DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES
Seccionando a treliça de Mörsch em uma seção SS (Figura 11), e fazendo o
equilíbrio de momentos em torno do ponto K, chega-se a:
Fs  z  R  a  P1  (a 1  a 2 )  P2  a 2
Verifica-se que a parcela da direita é numericamente igual ao valor do
momento fletor de cálculo (Md) atuando na seção que contém o ponto K.
Fazendo as substituições devidas, resulta:

Fs  z  M d   f yd  As  z  M d  As 
Md
z  f yd
Figura 11 – Treliça de Mörsch seccionada na seção SS

27
4 – DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES

A expressão anterior é a mesma obtida quando se calculou a


armadura de flexão. A diferença é que, naquela situação, Md
atuava na seção que continha o ponto J (onde atua Fs), que está
defasada da seção que contém o ponto K da distância a2; como
Md atuante na seção do ponto J é menor que Md na seção do
ponto K, a área da armadura obtida é menor que a necessária.

Em outras palavras, isso significa que a área As da armadura


foi calculada com Fs que atua em J, quando deveria ter sido
calculada com Fs atuante na seção que contém o ponto K, que
é maior.

28
4 – DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES

Uma maneira de considerar esse fato é trasladar o diagrama de


momentos fletores de certa distância a, como indicado na Figura.
Assim, os comprimentos a das barras seriam tirados deste novo
diagrama. Para simplificar, pode-se usar o diagrama normal e
acrescentar aos valores de ai, além do comprimento de
ancoragem b, o valor de a.
Figura 12 – Viga continua com diagrama de momento deslocado

29
4 – DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES

O cálculo da armadura transversal é básico para estabelecer o


valor do deslocamento do diagrama de momentos fletores.
Conforme a NBR 6118:2014, no estudo do cisalhamento é
possível o emprego de dois modelos de cálculo (serão vistos
posteriormente):

modelo I: admite que as diagonais de compressão (bielas


comprimidas) têm inclinação  = 45 em relação ao eixo
longitudinal da peça; este é o modelo mais utilizado na prática
e será o abordado aqui.

modelo II: admite que as diagonais de compressão têm inclinação


diferente de 45, arbitrada livremente no intervalo 30    45.

30
4 – DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES
O deslocamento a do diagrama de momentos fletores de acordo com o
modelo de cálculo I deve ser obtido por meio da expressão (item 17.4.2.2c da
NBR 6118:2014):
al  d , para | Vsd,máx |  | Vc |
 VSd ,máx  
a  d    (1  cot  )  cot    al  0,5  d (caso geral)
 2  (VSd ,máx  Vc )  
al  0,2  d (estribos inclinados a 45º )
onde:
  ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal
da peça, podendo-se tomar 45o    90o;
VSd,máx  força cortante de cálculo na seção mais solicitada;
Vc  parcela da força cortante absorvida por mecanismos adicionais ao de treliça.
No caso de flexão simples, sendo bw e d a largura e a altura útil da seção, e fctd a
resistência de cálculo à tração do concreto, Vc é dado por:

Vc  0,6  f ctd  b w  d f ctd  0,15  f ck2/3 (com f ck em MPa)


31
4 – DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES

No caso da utilização de estribos verticais e, portanto,  = 90º,


resulta para a:

 Vsd,máx 
a  d     0,5  d
 2  (Vsd,máx  Vc ) 

32
5 – ANCORAGEM DA ARMADURA DE TRAÇÃO JUNTO AOS APOIOS

Quando o diagrama de momentos deslocado, em seu ramo


positivo, atingir o apoio, torna-se necessário ancorar a biela de
concreto na região inferior da viga. Na parte superior, o concreto
comprimido é responsável pela ancoragem.

As recomendações a respeito de armadura de tração nas seções


de apoio e sua ancoragem são apresentadas nos itens 18.3.2.4 e
18.3.2.4.1 da NBR 6118:2014.

33
5 – ANCORAGEM DA ARMADURA DE TRAÇÃO JUNTO AOS APOIOS

Conforme a norma, os esforços de tração junto aos apoios de vigas simples ou


contínuas devem ser resistidos por armaduras longitudinais que satisfaçam à
mais severa das seguintes condições:

a) para momentos positivos, as armaduras obtidas através do


dimensionamento da seção;

b) em apoios extremos, para garantir a ancoragem da diagonal de compressão,


armaduras capazes de resistir a uma força de tração obtida por:

a
Fsd  Vd  N d
d
onde Vd é a força cortante no apoio, Nd é a força de tração eventualmente
existente, e a o valor do deslocamento do diagrama de momentos fletores.

34
5 – ANCORAGEM DA ARMADURA DE TRAÇÃO JUNTO AOS APOIOS

c) em apoios extremos e intermediários, por prolongamento de uma parte da


armadura de tração do vão (As,vão), correspondente ao máximo momento
positivo do tramo (Mvão), de modo que:

A s,vão se Mapoio for nulo ou negativo e de valor


A s,apoio  absoluto  0,5Mvão
3

A s,vão se Mapoio for negativo e de valor


A s,apoio  absoluto > 0,5Mvão
4

Na ancoragem da armadura de tração no apoio, quando se tratar de apoio


extremo com momento positivo (caso a), deverão ser obedecidos os critérios
usuais de detalhamento já discutidos.
35
5 – ANCORAGEM DA ARMADURA DE TRAÇÃO JUNTO AOS APOIOS

Para as situações de apoios extremos com momentos negativos ou nulos (casos


b e c), as barras dessas armaduras deverão ser ancoradas a partir da face do
apoio, com comprimentos iguais ou superiores ao maior dos seguintes valores:

  b,nec
 (r  5,5   )
 60mm

Quando se tratar apoios intermediários, nas situações b e c, o comprimento de


ancoragem pode ser igual a 10, desde que não haja qualquer possibilidade da
ocorrência de momentos positivos nessa região, provocados por situações
imprevistas, particularmente por efeitos de vento e eventuais recalques.
Quando essa possibilidade existir, as barras deverão ser contínuas ou
emendadas sobre o apoio.
36
7 – ROTEIRO

1. Traçado do diagrama de momentos fletores;


2. Determinação dos comprimentos iniciais das barras da
armadura longitudinal;
3. Determinação do deslocamento do diagrama de
momentos fletores: cálculo de a;
4. Comprimento de ancoragem reto básico b;
5. Comprimento a acrescentar em cada extremidade das
barras;
6. Ancoragem da armadura junto aos apoios;
7. Cálculo do comprimento das emendas por traspasse;
8. Momento na ligação da viga com o pilar.

37

Você também pode gostar